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XXIII ENTMME – Gramado - RS, Setembro/Outubro 2009. PANORAMA E DESAFIOS DA ATIVIDADE MINERAL NA ECORREGIÃO AQUÁTICA XINGU-TAPAJÓS Ricardo S. V. Silva, Silvia M. de Castro, Zuleica C. Castilhos, Silvia G. Egler Centro de Tecnologia Mineral, Av. Pedro Calmon, 900. Cidade Universitária. Rio de Janeiro. RJ. Brasil. CEP: 21941-908 E-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho faz parte da pesquisa Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós CNPq/CT-HIDRO, coordenado pelo CETEM e executado também por diversas instituições de pesquisa brasileiras. A Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós localiza-se, integralmente, na Amazônia Legal e inclui as bacias de drenagem do alto a médio Tapajós e Xingu, afluentes do rio Amazonas pela sua margem direita. A Ecorregião é caracterizada por um impressionante nível de biodiversidade e geodiversidade. Ocorrendo uma grande diversidade de depósitos e jazidas, que tem sido explotadas de forma regular, concomitante a um grande número de garimpos, principalmente de ouro, que vem atuando de forma irregular. Existem 23.766 processos minerários na Ecorregião (DNPM 2008), sendo o ouro a substância mais requerida, com 13.686 processos. Compreender a vulnerabilidade natural, o potencial social e o panorama de atuação da mineração, as possibilidades de planejamento, os limites de intervenção, são alguns desafios para uma mineração sustentável na Ecorregião. A compreensão da vulnerabilidade natural, da potencialidade social, do mapeamento dos recursos naturais e da monitoração dos impactos ambientais são fundamentais para a proteção ambiental e recuperação de áreas naturais. A relação da mineração com o meio ambiente amazônico tem como principais conflitos a desordenada expansão urbana, a construção de sistemas viários para o escoamento da produção, o assoreamento dos rios, a contaminação das águas com mercúrio, a exposição dos solos etc. Muitos autores têm discutido a questão dos impactos causados pela atividade mineradora sobre a biodiversidade amazônica. Por isto o desenvolvimento de um SIG possibilitará o aumento do conhecimento dos aspectos sociais, naturais e das características ambientais, servindo como subsídio para uma gestão da atividade mineral em harmonia com o meio ambiente nesta região amazônica. PALAVRAS-CHAVE: Mineração; Meio Ambiente; Ecorregião; Amazônia. ABSTRACT This work makes reference to a project from CNPq/CT-Hidro called Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós, which is coordinated by the Centro de Tecnologia Mineral. The Xingu-Tapajós aquatic ecoregion is whole situated in the Legal Amazonia. It involves the catchments from high to median Tapajós and Xingu rivers; both are tributary of Amazon River by its right side. This ecoregion is characterized by an impressing level of biodiversity and geodiversity and it is used to consider that have few environmental protected areas there. It is very important to understand the natural vulnerability, the social potentiality, the charts of natural resources and the control of environmental impacts in order to protect the environmental and to recover the areas affected by human intervention. KEY-WORDS: Mining; Environmental; Ecorregion; Amazonia.

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XXIII ENTMME – Gramado - RS, Setembro/Outubro 2009.

PANORAMA E DESAFIOS DA ATIVIDADE MINERAL NA ECORREGIÃO AQUÁTICA

XINGU-TAPAJÓS

Ricardo S. V. Silva, Silvia M. de Castro, Zuleica C. Castilhos, Silvia G. Egler Centro de Tecnologia Mineral, Av. Pedro Calmon, 900. Cidade Universitária. Rio de Janeiro. RJ. Brasil. CEP: 21941-908

E-mail: [email protected]

RESUMO Este trabalho faz parte da pesquisa Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós CNPq/CT-HIDRO, coordenado pelo CETEM e executado também por diversas instituições de pesquisa brasileiras. A Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós localiza-se, integralmente, na Amazônia Legal e inclui as bacias de drenagem do alto a médio Tapajós e Xingu, afluentes do rio Amazonas pela sua margem direita. A Ecorregião é caracterizada por um impressionante nível de biodiversidade e geodiversidade. Ocorrendo uma grande diversidade de depósitos e jazidas, que tem sido explotadas de forma regular, concomitante a um grande número de garimpos, principalmente de ouro, que vem atuando de forma irregular. Existem 23.766 processos minerários na Ecorregião (DNPM 2008), sendo o ouro a substância mais requerida, com 13.686 processos. Compreender a vulnerabilidade natural, o potencial social e o panorama de atuação da mineração, as possibilidades de planejamento, os limites de intervenção, são alguns desafios para uma mineração sustentável na Ecorregião. A compreensão da vulnerabilidade natural, da potencialidade social, do mapeamento dos recursos naturais e da monitoração dos impactos ambientais são fundamentais para a proteção ambiental e recuperação de áreas naturais. A relação da mineração com o meio ambiente amazônico tem como principais conflitos a desordenada expansão urbana, a construção de sistemas viários para o escoamento da produção, o assoreamento dos rios, a contaminação das águas com mercúrio, a exposição dos solos etc. Muitos autores têm discutido a questão dos impactos causados pela atividade mineradora sobre a biodiversidade amazônica. Por isto o desenvolvimento de um SIG possibilitará o aumento do conhecimento dos aspectos sociais, naturais e das características ambientais, servindo como subsídio para uma gestão da atividade mineral em harmonia com o meio ambiente nesta região amazônica. PALAVRAS-CHAVE: Mineração; Meio Ambiente; Ecorregião; Amazônia.

ABSTRACT This work makes reference to a project from CNPq/CT-Hidro called Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós, which is coordinated by the Centro de Tecnologia Mineral. The Xingu-Tapajós aquatic ecoregion is whole situated in the Legal Amazonia. It involves the catchments from high to median Tapajós and Xingu rivers; both are tributary of Amazon River by its right side. This ecoregion is characterized by an impressing level of biodiversity and geodiversity and it is used to consider that have few environmental protected areas there. It is very important to understand the natural vulnerability, the social potentiality, the charts of natural resources and the control of environmental impacts in order to protect the environmental and to recover the areas affected by human intervention. KEY-WORDS: Mining; Environmental; Ecorregion; Amazonia.

Ricardo S. V. Silva, Silvia M. de Castro, Zuleica C. Castilhos, Silvia G. Egler

1. MINERAÇÃO 1.1 Panorama Geral A História do Brasil relaciona-se intimamente com a procura e o aproveitamento dos recursos natural e mineral, tendo este último contribuído com importantes insumos para a economia, representando um papel fundamental na história da ocupação territorial do país. Seguramente a mineração é um dos setores básicos da economia nacional, pois nosso subsolo possui importantes depósitos minerais1. Farias (2002) registra que o Brasil produz cerca de 70 substâncias sendo 21 do grupo dos minerais metálicos, 45 do grupo dos não-metálicos e 4 dos energéticos, estando em segundo lugar na produção de minério de ferro do mundo, com 20% da participação do mercado mundial em 2000. As empresas mínero-metalúrgicas da Amazônia Oriental, do estado do Pará em particular, destinam quase toda sua produção ao mercado externo, desencadeando um forte fator de pressão para que as empresas adotem uma gestão ambiental responsável, especialmente o meio ambiente amazônico, que está no centro dos interesses internacionais (SILVA, 2008). No estado paraense, a produção mineral de larga escala está concentrada em duas empresas, Vale e Mineração Rio do Norte - MRN, que respondem por 94% do valor da produção e, na transformação, as empresas Albrás e Alunorte, que respondem por 90% do valor. Dois grandes pólos de extração destacam-se nesse cenário de exploração mineral na Amazônia Oriental: Serra dos Carajás e Reserva Garimpeira do Tapajós. O primeiro deles foi implantado pelo governo federal, no âmbito do Programa Grande Carajás, em 1980, no sudoeste paraense, atualmente município de Parauapebas. O projeto está sob a condução da Vale (antiga Companhia Vale do Rio Doce – CVRD), tendo registrado a marca de 69,5 milhões de toneladas em 2004, de mercantilização de minério de ferro, traduzidos em US$ 1,21 bilhão em vendas (MONTEIRO, 2005). A Província Aurífera do Tapajós é uma reserva garimpeira com 28 mil Km2, área semelhante ao estado de Alagoas, abrigando em seu subsolo as maiores reservas de ouro do Brasil e a maior província em extensão do mundo (BRASILIENSE, 2006). 1.2 Relação com o Meio Ambiente No que concerne ao papel da mineração na Amazônia, ou seja, sua relação com o meio ambiente, diversos fatores de interação podem ser apontados, dentre eles a estabilidade da produção agrícola em face da atividade mineradora, a desordenada expansão urbana (assentamentos), a construção de sistemas viários, o assoreamento dos rios, a contaminação das águas com mercúrio, a exposição dos solos pela ausência de vegetação e sua conseqüente erosão. Muitos autores, além de Organizações Não Governamentais comprometidas com a região, têm discutido a questão dos impactos causados pela atividade mineradora sobre a biodiversidade amazônica (MONTEIRO & TEIXEIRA, 2006; SILVA, 2008; AZEVEDO & DELGADO, 2002). Azevedo & Delgado (2002) ressaltam que a mineração exerce maior impacto sobre os ecossistemas de Cerrado e Amazônia, onde se originam as maiores bacias hidrográficas do país, por eles serem “mais frágeis e relativamente conservados”. Eles destacam ainda que, nos garimpos de Alta Floresta e Peixoto de Azevedo, no Mato Grosso, os conflitos entre garimpeiros e empresas mineradoras, além da colonização desordenada pela descoberta de ouro nesses lugares, são características marcantes. 2. ECORREGIÃO AQUÁTICA XINGU-TAPAJÓS 2.1 Caracterização e Localização A Ecoregião Aquática Xingu-Tapajós esta localizada integralmente na Amazônia Legal (Figura 1) e engloba parcialmente os estados do Pará e do Mato Grosso, totalizando mais de 100 municípios. É caracterizada por um impressionante nível de biodiversidade, tendo poucas áreas de proteção ambiental. Segundo o IBGE, encontram-se, nesta região, vários tipos de florestas, entre elas, a floresta ombrofólia, estacional semidecidual e decidual, de terra firme, floresta de galeria, sendo que ao sul encontra-se uma sazonal transição entre floresta e savana. É por sua vez atravessada pela rodovia Transamazônica, e em conseqüência disto esta área tem tido um crescente grau de urbanização, de exploração madeireira e de recursos minerais. Desta forma, verificam-se nesta Ecoregião duas temáticas de difícil conciliação: a vulnerabilidade natural (necessitando de ações de preservação ambiental) e a potencialidade social (utilização dos recursos naturais).

1 Os artigos “Gestão de Processos e Tecnologia para Mineração” e “Quem pesquisa o quê?”, publicados na revista In the Mine, Ano II, Nº 12, de novembro/dezembro de 2007, apresentam um ranking dos principais minérios pesquisados e as respectivas empresas mineradoras. Disponível também em: www.inthemine.com.br.

XXIII ENTMME – Gramado - RS, Setembro/Outubro 2009.

Figura 1 – Mapa de localização da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós. Portanto faz-se necessária à compreensão da vulnerabilidade natural, da potencialidade social e o mapeamento dos recursos naturais das regiões observadas para monitorar impactos ambientais, visando o planejamento para a proteção ambiental e a recuperação de áreas afetadas pela intervenção humana. Para tal planejamento é necessário que os profissionais, que monitoram o ambiente, tenham em mãos um sistema de informação com os vários tipos de dados das áreas em estudo que dê suporte à tomada de decisões em ocasiões de acidentes ambientais ou mesmo a identificação de áreas suscetíveis a exploração ou ocupação indevidas. 2.2 Atividade Mineral na Ecorregião Nesta Ecorregião ocorre uma grande diversidade de minerais, muitas jazidas tem sido explotadas de forma regular, concomitante a um grande número de garimpos, principalmente de ouro, que vem atuando de forma irregular na Ecorregião.

Ricardo S. V. Silva, Silvia M. de Castro, Zuleica C. Castilhos, Silvia G. Egler

Segundo informações georreferenciadas obtidas junto ao DNPM existem 23.766 processos na Ecorregião sendo o ouro a substância mais requerida com 13.686 processos (Figura 2). Compreender o panorama de atuação da mineração, as possibilidades de planejamento, os limites de intervenção são os desafios para uma mineração sustentável na Ecorregião. O desenvolvimento de um SIG irá possibilitar o aumento do conhecimento dos aspectos humanos e das características ambientais, servindo como subsídio para a gestão e gerenciamento da mineração e sua relação com o meio ambiente nesta região amazônica.

Figura 2 – Substâncias dos Processos Minerários na Ecorregião Xingu-Tapajós

Foram reunidos dados oficiais do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2006) e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM, 2007) e construída uma tabela com indicadores econômicos. Dentre os cento e onze municípios desta Ecorregião, apenas vinte e oito registram valor oficial de produção mineral (Tabela 1), evidenciado pelo pagamento de Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Naturais, CFEM.

XXIII ENTMME – Gramado - RS, Setembro/Outubro 2009.

UF Municípios CFEM Total 2007

(R$) Substâncias

1 PA Parauapebas 85.004.148,73 Ferro, Granito 2 PA Marabá 1.213.942,50 Manganês, Seixos, Água Mineral, Areia, Argila, Argila,

P/Cer. Vermelha 3 PA Itaituba 784.658,03 Minérios de Ouro, Prata, Calcário e Cobre. Argila, Tufo

Vulcânico 4 MT Nobres 607.253,27 Calcário, Argila 5 MT Rosário Oeste 204.748,91 Calcário, Dolomito, Areia 6 MT Tangará da Serra 150.366,32 Calcário Dolomítico, Basalto, Gabro, Areia 7 PA Tucumã 78.059,40 Brita de Granito 8 PA Santarém 25.790,92 Arenito, Saibro, Areia, Argila, Seixos 9 MT Água Boa 24.745,23 Quartzito 10 MT Sorriso 23.770,71 Areia, Cascalho 11 MT Primavera do Leste 20.076,76 Calcário, Argila 12 MT Paranatinga 18.542,86 Calcário Dolomítico, Calcário 13 MT Matupá 15.535,77 Calcário 14 PA Rio Maria 12.239,25 Ilmenita 15 MT Juína 9.083,62 Diamante 16 MT Alta Floresta 7.742,60 Granito, Areia 17 MT Diamantino 6.649,62 Basalto 18 RO Vilhena 5.849,07 Areia, Seixos, Granito 19 PA Santana do Araguaia 5.692,74 Calcário 20 MT Peixoto de Azevedo 3.463,82 Ouro 21 PA Redenção 3.115,61 Granito, Argila 22 MT Canarana 1.394,12 Areia, Cascalho 23 MT Juara 1.259, 81 Areia, Cascalho 24 MT Terra Nova do Norte 707,89 Granito 25 MT Sinop 611,87 Areia, Cascalho 26 PA Aveiro 203,36 Gipsita 27 MT Nortelândia 104,2 Diamante 28 MT Pontes e Lacerda 66,07 Areia

Tabela 1 – CFEM Total de 2007 dos municípios da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós. Fonte: DNPM, 2007 apud (VILLA

VERDE, 2008) 2.3 Desafios da Atividade Mineral na Ecorregião A Gestão Territorial constitui um verdadeiro desafio às autoridades políticas nas diversas esferas administrativas do Estado brasileiro. Para um país como o Brasil a busca por melhores formas de governabilidade deve ter com base um bom planejamento. Portanto, é de crucial importância para o estudo e a prática da gestão e do planejamento territorial a existência de uma ferramenta a qual facilite e maximize de forma eficiente, eficaz e efetiva esse processo. O papel do Estado na gestão do território, face ao processo de globalização das últimas décadas e no que tange a conjuntura política e econômica atual, faz com que uma nova territorialidade esteja surgindo com o fortalecimento das forças produtivas e das forças sociais cujas estratégias fomentariam o rompimento com a exclusividade do poder do Estado no território. O fato é que as estratégias de valoração do território por parte das empresas e de movimentos e organizações de cunho popular acarretariam a diminuição do poder de controle do Estado sobre a dinâmica do processo produtivo e da sociedade na nação.

Ricardo S. V. Silva, Silvia M. de Castro, Zuleica C. Castilhos, Silvia G. Egler

Figura 3 – Mapa dos Processos Minerários e das Áreas Protegidas na Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós

Seguindo a tendência globalizante e desenvolvimentista, o Estado brasileiro, por meio de subsídios e créditos, favoreceu a ocupação da Amazônia Legal por meio da atuação de fazendeiros individuais e de grupos econômicos. Alguns resultados destes processos foram de grande importância para a região, sobretudo os que produziram redes de transporte, comunicação e redes de energia elétrica possibilitando assim uma diminuição significativa na situação de isolamento em que esta região apresenta. Se por um lado foram gerados benefícios, por outro lado, foram geradas sérias contradições sociais, econômicas e ambientais traduzidas pela exploração inadequada de recursos minerais, desflorestamento acentuado e graves conflitos com as populações tradicionais da região. Desta forma, verificam-se nessa região duas temáticas de difícil conciliação: a vulnerabilidade natural, necessitando de ações de preservação ambiental e a potencialidade social, que demanda a utilização dos recursos naturais de forma planejada e racional conforme pode ser mostrada na (Figura 3).

XXIII ENTMME – Gramado - RS, Setembro/Outubro 2009.

Em artigo publicado na revista In the Mine, Ano II, Nº 9, Hugh Thompson e Éder Franco da Silva (2007) salientam que “a mineração tem historicamente um grande poder de mudança e adaptação. Então temos que mudar novamente, agora considerando as questões ambientais”. Eles questionam o porquê das empresas mineradoras no Brasil estarem atrasadas em cumprir normas de licenciamento ambiental, haja vista o franco crescimento da mineração no país. Advogam também que “há vontade por parte das mineradoras brasileiras de obedecer às exigências [para licenciamento]”, porque elas estão com dificuldades “de entender o que precisam fazer”. Esta mesma revista fez uma pesquisa junto às mineradoras sobre quais os maiores desafios ambientais e quais as soluções adotadas para enfrentá-los. Em suma, foram ressaltados, dentre outros, o desafio da dispersão aérea de material particulado, a ocupação urbana no entorno da mineradora, o equilíbrio ambiental e a busca do desenvolvimento sustentável, evitar a contaminação do solo e dos corpos d’água, mineração em áreas de florestas nativas e unidades de conservação. Registre-se, portanto, que as práticas convencionais de mineração, processamento e transporte dos minérios, marcam a paisagem e poluem as águas, prejudicando pessoas e ecossistemas. As técnicas mais destrutivas derrubam florestas e removem montanhas, seu entulho é despejado em vales próximos, muitas vezes soterrando rios e cursos d’água. Embora os regulamentos exijam a recuperação da terra, ela costuma ser deixada abandonada. Á medida que florestas são substituídas por campos gramados não-nativos, os solos se tornam compactados e os cursos d’água são contaminados. A drenagem ácida das minas pode causar lixiviação, liberando metais pesados que poluem o lençol freático (HAWKINS; LASHOF & WILLIAM, 2006). Nesse atual contexto a utilização de tecnologias relacionadas à Geoinformação vem se despontando como umas das principais estratégias de monitoramento ambiental. Esse conceito de Geoinformação diz respeito principalmente as mais modernas técnicas de inferir localização espacial a um atributo geográfico. Isso significa que este atributo passa a conter uma informação espacial, ou seja, ele tem um endereço, carrega consigo as coordenadas (longitude, altitude e latitude) do local a que se refere. Em face deste procedimento são promovidos meios pra a aquisição, processamento, interpretação ou análise de dados ou informações espacialmente referenciadas. Portanto neste trabalho o termo Geotecnologia refere-se a um grupo de tecnologias de informação geograficamente referenciada, onde podemos situar o GPS, GIS, fotogrametria, levantamentos aéreos ou orbitais, topologia, cartografia, geodésia e outros como seus principais instrumentos. Portanto quando aplicado em estudos de avaliação ambiental, o SIG é uma ferramenta eficiente e eficaz contribuindo, não somente para um melhor entendimento do uso do solo e da água em áreas impactadas, quanto em áreas não impactadas, podendo contribuir para análises e também para auxiliar no planejamento decisório de ação e intervenção ou para incentivar ação ou a preservação. O uso dessa tecnologia permite, portanto, um estudo contínuo e evolutivo de determinada situação, integrando diferentes dados e transformando-os em informações atualizadas e integradas. Neste caso particular, o Sistema de Informação Geográfica será utilizado para mapear, identificar e analisar as áreas onde existam distúrbios no meio aquático em áreas comparativas observadas pelo grau de similaridade, para subsidiar uma tomada de decisão, com vistas à melhoria contínua da gestão ambiental na Amazônia brasileira e principalmente na Ecorregião Aquática Xingu – Tapajós. REFERÊNCIAS AZEVEDO, A. M. M.; DELGADO, C. C.. Mineração, Meio Ambiente e Mobilidade Populacional: um levantamento nos estados do Centro-Oeste expandido. XIII Encontro da Associação Brasileiro de Estudos Populacionais; Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de Nov de 2002. BECKER, B. K. Revisão das Políticas de Ocupação da Amazônia: é possível identificar modelos para projetar cenários? Parcerias Estratégicas. Nº 12. Setembro 2001. BRASIL. CPRM. Dicionário de dados de planos de informações. Banco de Dados do programa ArcGis 9,0 do Projeto AQUARIOS (CETEM), 2006. BRASIL. DNPM. Compensação Financeira pela Exploração Mineral. Portal eletrônico do Departamento Nacional de Produção Mineral. Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br/conteudo.asp?IDSecao=555> Acesso em: 15.mai.2008.

Ricardo S. V. Silva, Silvia M. de Castro, Zuleica C. Castilhos, Silvia G. Egler

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