REVISTA CANAMIX | MARO | 201098 REVISTA CANAMIX | MARO | 201098

Tecnologia Industrial

Palha energticaAvana a adeso por tecnologias

que proporcionam a limpeza a secoda cana e o aproveitamento da palhapara a produo de bioeletricidade

Sistema de ventilao que remove as impurezas vegetais

Jaqueline Stamato Taube

Com o avano da colheita de cana crua mecanizada aumentou, con-sideravelmente, a quantidade de palha da cana para produzir bioeletricidade e, por sua vez, aumentou tambm a quanti-dade de impurezas minerais e vegetais que acompanham a cana at a indstria. Uma das tecnologias que est se tornando uma tendncia promissora no setor o sistema de aproveitamento do palhio sem que car-regue terra e impurezas que estragam as caldeiras na usina. So equipamentos in-dustriais evoludos que recolhe e aproveita o mximo da palha para co-gerar.

Um desses sistemas revolucionrios de limpeza a seco, estudado desde a dca-da de 90, foi desenvolvido pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) de Piracicaba,

com o nome Estao de Limpeza a Seco. Ele possui uma tecnologia de limpeza de cana-de-acar cujo princpio de funcio-namento um processo a seco, ou seja, dispensa o uso de gua e outros insumos. O projeto resultou em prottipo, depois sofreu alteraes e aprimoramentos em 2003 at alcanar uma tecnologia eficiente e, atualmente, est em funcionamento em algumas unidades.

Segundo o engenheiro Suleiman Jos Hassuani, coordenador de pesquisa tecnolgica do Centro de Tecnologia Ca-

navieira (CTC), de Piracicaba, SP, os prin-cipais benefcios do sistema de limpeza a seco so que reduz as impurezas minerais em at 80% sem uso da gua; remove as impurezas vegetais de 40% (mesas) at 70% (entre transportadores); aumenta a capacidade de moagem; reduz o desgaste dos equipamentos e custos de manuten-o; possibilita gerar adicionais de energia e possibilita fornecer biomassa para outros processos como hidrlise e gaseificao.

As impurezas minerais (argila e areia) causam desgastes, abraso, entupimentos

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e inclusive reduz o ndice de percolao nos difusores de cana, reduzindo sua capa-cidade e eficincia. J as impurezas vege-tais (palhas, folhas, pontas e raiz), causam aumento de potncia nos equipamentos de preparo de cana e moendas. Alm disso, ocupam espao da cana nas moendas e difusores reduzindo a capacidade e a efi-cincia de extrao. De acordo com espe-cialistas, cada quilo de impureza vegetal ocupa o espao correspondente a mais de seis quilos de cana nesses equipamentos de extrao.

Exemplo em prtica - o Grupo Equi-pav, com sede em Promisso, SP, utiliza do equipamento para limpeza de cana a seco com triturao da palha efetivamen-

te desde agosto de 2008. O sistema um dos exemplos desenvolvido pelo CTC, em parceria com o Instituto Tecnolgico da Ae-ronutica (ITA), de So Jos dos Campos, tendo como a Equipav primeira unidade a fazer o carregamento simultneo da palha junto com a cana que ser moda. Segundo o diretor industrial, Luiz Paulo SantAnna, a Equipav consegue retirar aproximadamente 6% a 12% de palha da lavoura e a Biopav abaixo de 4% porque no tem esse sistema de separao de palha. A melhor manei-ra que encontramos para trazer palha para produzir bioeletricidade foi pelo sistema de ventilao de limpeza a seco onde o venti-lador joga as palhas e a terra em direo a uma tela vertical de grande porte. Depois

a palha segue para a peneira rotativa que separa as impurezas minerais e a terra re-torna lavoura. Conseguimos atingir com esse processo, ao trmino da ltima safra, um estoque de bagao de cana de 250.000 toneladas para gerar bioeletricidade no pe-rodo de entressafra. Com exceo deste ano, devido s chuvas, estamos com um estoque de 20.000 toneladas, contou Luiz Paulo.

Nesta prxima safra, a Equipav ter 67% de corte de cana crua enquanto que a Biopav ter 95%. O Grupo espera produzir 652.488 MWh na Equipav e 329.981 MWh na Biopav, durante 12 meses. A Unidade de Promisso tem atingido uma evolu-o de produo, consumo e exportao de energia. Nosso potencial de venda de energia pode chegar a 453.500 MWh na Equipav e 196.095 MWh na Biopav, totali-zando 649.595 MWh, contra um consumo de 198.988 MWh na Equipav e 133.886 MWh na Biopav, totalizando um consumo de 332.874 MWh, salientou o diretor in-dustrial.

Limpeza e picagem de palha - ou-tro equipamento desenvolvido em prol da palha o Sistema de Limpeza de Cana a Seco, Separao e Picagem de Palha de-senvolvido pela Simisa/Empral, com sede em Sertozinho, SP. O sistema permite a separao de grande parte das impurezas

Na Equipav: esteira que leva a palha para se integrar ao bagao

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do das instalaes existentes) e aumenta de forma surpreendente o payback deste sistema, comenta. Na concepo dele, com as redues previstas nos custos de manuteno provocados pelas impurezas minerais em equipamentos mecnicos, aumento da eficincia de recuperao de acar e aumento do potencial de gerao de energia, estima-se que o payback deste

investimento ocorra de um a dois anos da aquisio.

Alta tendncia - mas quanto pre-ciso desembolsar para implantar uma tec-nologia como essa? Murilo Teixeira explica que o levantamento dos custos de investi-mento deste sistema varia muito conforme as instalaes do cliente, ou seja, carac-tersticas do sistema de alimentao de cana existente (mesa ou esteira metlica), comprimento e elevao dos condutores de palha picada, etc. A demanda por or-amentos tanto no mercado interno como externo so numerosas, pois a tendncia da mecanizao da colheita est muito for-te e presente na maioria das usinas, bem como h a conscincia de que no se deve lavar a cana picada nem a cana inteira por questes ambientais. J temos pratica-mente uma dezena de sistemas vendidos e

alimentadores das caldeiras. Com isto, a capacidade de co-gerao de energia eltrica pode at ser dobrada (dependen-

Palha a caminho da esteira rotativa em operao na Estiva

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dentre os principais clientes deste sistema esto: Usina So Jos da Estiva, Usinas da ETH/Odebrecht (Rio Claro, Santa Luzia e Conquista do Pontal), Usina So Fernando (Grupo Bertin) e Usina Cevasa (Cargill), declarou. As perspectivas de vendas para este ano, segundo o engenheiro de vendas, so extremamente ambiciosas, pois nos-so sistema j est funcionando com bons resultados em algumas usinas, o que au-menta a confiana dos clientes em nossa tecnologia, conclui.

minerais (argila e areia) e vegetais (folhas, palha, ponta, raiz) que so prejudiciais ao rendimento do processo de extrao e tra-tamento de caldo, fabricao de acar e lcool e co-gerao energtica. A eficincia de remoo das impurezas varia em fun-o das condies da cana e situa-se entre 70% e 80%, quando possvel aproveitar o palhio separado como combustvel para as caldeiras. O sistema de limpeza a seco permite operao com qualquer regulagem de ventilao das mquinas de corte de cana, podendo operar inclusive com cana integral. Opera somente com insuflao de ar transferindo as impurezas para uma cmara inercial onde so removidas. No usa gua e no causa nenhuma poluio ou agresso ao ambiente.

De acordo com o engenheiro de ven-das da Simisa, Murilo Teixeira, o sistema separa de forma eficiente a terra da palha e, em seguida, pica a palha e a conduz at os

Na So Jos da Estiva o bagao ganha o reforo da palha para produzir bioeletricidade

Esteira que separa as impurezas minerais na So Jos da Estiva

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