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O direito humano à comunicação e a necessidade de democratização da mídia Profº. Michel Carvalho Jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação pela USP

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O direito humano à comunicação e a

necessidade de democratização da mídia

Profº. Michel Carvalho

Jornalista e Mestre em Ciências da Comunicação pela USP

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Comunicação é um direito de todos

• No Brasil, os meios de comunicação estão concentrados nas mãos de poucas empresas familiares que têm a mesma concessão há décadas.

• A legislação para o setor tem 50 anos. Está ultrapassada.

• Normas da Constituição de 1988 ainda não foram regulamentadas.

• A comunicação no Brasil virou uma oligarquia em consequência da ausência de limite legal à propriedade cruzada (concentração de mídias).

• O setor está direta ou indiretamente ligado a políticos, que têm concessões de canais de rádio, TV, além de outras mídias.

• Grande parte dos recursos que sustentam esse sistema é proveniente de verbas oficiais de publicidade, dificultando o surgimento e consolidação de sistemas alternativos de comunicação.

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Monopólio impede a diversidade

• Menos de dez famílias-empresas controlam 70% da mídia no Brasil

• Três têm maior peso: a família Marinho (Rede Globo) tem 38,7% do

mercado, o bispo da Igreja Universal Edir Macedo (maior acionista da Rede

Record), tem16,2% e Silvio Santos (SBT) 13,4%.

• A família Marinho também é proprietária de emissoras de rádio, jornais e

revistas (propriedade cruzada)

• Há 33 redes de TV identificadas no País, 24 delas estão sediadas em São

Paulo

• Famílias ligadas a políticos estão no comando de grupos de mídia.

Levantamento mostra que 271 políticos são ligados direta ou indiretamente a

redes de TV e suas afiliadas

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Democracia X Comunicação

O grau de democracia existente em uma sociedade pode ser medido sob

diferentes aspectos. No caso da comunicação, quanto maior for a

concentração nas mãos de poucos, menor será a democracia para todos. Isso

está relacionado ao número de grupos que controlam as fontes de informação

e os meios de comunicação e o papel que estes veículos e pessoas exercem

sobre a política, a economia e a cultura de um país ou, mesmo, de uma cidade.

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Pesquisa Democratização da Mídia

Fonte: Pesquisa sobre “Democratização da Mídia” da Fundação Perseu Abramo

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Pesquisa “Democratização da Mídia”

A pesquisa da Fundação Perseu Abramo mostra que :

• Para 60% dos entrevistados, as concessões são empresas de propriedade

privada, como qualquer outro negócio.

• 61% consideram que a TV costuma dar mais espaço para os empresários

que para os trabalhadores.

• 54% acha que a TV não mostra muito a variedade do povo.

• 88% apoia mudanças na legislação para a publicidade de bebidas alcoólicas.

Mais informações em: http://novo.fpabramo.org.br/sites/default/files/fpa_pesquisa_democratizacao_da_midia_0.pdf

Page 7: Palestra UNIP Serviço Social.pdf

Projeto de Lei da Mídia Democrática

Proposta se baseia no debate e na reflexão que uma grande parcela da

sociedade vem fazendo nos últimos 30 sobre a urgência de o Brasil ter um

novo marco regulatório para a comunicação

Principal sistematização na Conferência Nacional de Comunicação, em 2009

Ações e campanhas como a Para Expressar a Liberdade, que lançou o projeto

de lei, surgiram no vácuo deixado pela falta de legislação e de regulamentação

de itens da Constituição de 1988

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Projeto de Lei da Mídia Democrática

O projeto de lei de iniciativa popular contempla amplo debate da sociedade civil

que resultou em propostas elaboradas por representantes dos movimentos

sociais para a regulamentação do setor da comunicação, em especial rádio e

televisão

O texto do projeto foi construído por militantes da área, de movimentos sociais

diversos, técnicos e acadêmicos, aprovado em Plenária realizada em abril

deste ano por entidades civis, como o Fórum Nacional pela Democratização da

Comunicação (FNDC).

O projeto de lei de iniciativa popular é um instrumento legítimo previsto na

Constituição Federal de 1988, que exige o apoio de 1% da população eleitoral

por meio de assinaturas, o que no caso do Brasil representa cerca de 1,3

milhão de adesões.

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CAPÍTULO 1

PARA QUE SERVE A LEI

Artigo 1 – Regulamentar os artigos 5, 21, 220, 221, 222 e 223

da Constituição Federal Brasileira.

Artigo 2 – Escopo e conceitos. Só vale para comunicação

social eletrônica (canais abertos de TV e rádio, TV por

assinatura e TV de internet). Não vale para comunicação

individual, como canais de internet feitos por cidadãos

(YouTube, blogs e etc.), e nem impressa, como jornais e

revistas de papel.

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Capítulo 2

PRINCIPAIS REGRAS DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

ELETRÔNICA

Artigo 4 - Princípios e objetivos:

• ampliar a liberdade de expressão e opinião,

• promover a cultura nacional;

• promover a diversidade regional.

• Combater a discriminação e o preconceito principalmente

contra mulheres, homossexuais, negros e indígenas;

• garantir os direitos de quem assiste TV e ouve rádio e não

só de quem faz;

Page 11: Palestra UNIP Serviço Social.pdf

• garantir que exista uma quantidade equilibrada de canais

privados, públicos e estatais; dividindo da melhor forma possível

os canais em benefício da diversidade e da pluralidade;

• estimular a concorrência entre as empresas privadas de

comunicação;

• proteger as crianças e adolescentes de programas e

propagandas nocivos a eles;

• garantir que os serviços essenciais de comunicação possam ser

usados por todos;

• proteger a privacidade dos cidadãos quando a informação não

forem de interesse público;

• garantir que pessoas com deficiência também consigam

entender o que está passando no rádio e na TV;

• promover a participação popular na política de comunicação.

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Artigo 5 – O espaço para canais de TV e rádio abertos serão

divididos em 3 tipos de sistema:

• Sistema público: para canais públicos e comunitários

• Sistema privado: para canais de empresas privadas de

finalidade lucrativa

• Sistema estatal: para canais dos poderes do Estado

Nessa nova divisão do espaço, fica definido que:

• 33% serão destinados ao sistema público, sendo metade para

os canais comunitários.

• Garantir que os canais públicos não comunitários cheguem a

pelo menos 80% das cidades brasileiras.

• Os canais públicos não comunitários deverão ser

independentes dos governos.

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Artigo 6 – Para financiar o Sistema Público será criado o Fundo

Nacional de Comunicação Pública, constituído de 25% de um

imposto que já existe pela lei 11.652, verbas dos governos

federais e estaduais, 3% do dinheiro da propaganda dos canais

privados, do pagamento das licenças para se usar um canal

privado e por doações de pessoas ou empresas. Pelo menos 25%

deste Fundo serão para os canais comunitários.

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CAPÍTULO 3

ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS E REGRAS PARA

LICENÇAS DE TV E RÁDIO

Artigo 7 – Da mesma forma que em alguns países da Europa,

aqui também as emissoras de TV e rádio não vão mais ter antenas

próprias.

Quem ocupar um canal de TV ou rádio vai apenas fazer os

programas, outras empresas vão ser responsáveis por transmitir o

sinal pelas antenas. Esse novo tipo de empresa vai se chamar

operador de rede.

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Artigo 10 – Define os critérios para renovação das outorgas,

incluindo a realização de consultas públicas abertas à

participação de qualquer cidadão e amplamente divulgadas

Artigos 11 e 12 – Proíbe o arrendamento de horários e a

transferência de concessão

Artigo 13 – Não poderão ter canais de rádio ou TV igrejas e

políticos eleitos, nem sua família mais próxima (esposo, esposa,

pais, irmãos e filhos)

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CAPÍTULO 4

MECANISMOS PARA IMPEDIR CONCENTRAÇÃO E

MONOPÓLIO

Artigo 14 – Ninguém pode ter mais do que 5 canais no Brasil.

Artigo 15 – Ninguém pode ter licenças do mesmo tipo (TV ou

rádio) que ocupem mais de 3% do espaço reservado a esse

serviço na mesma localidade.

Artigo 16 – Em cidades com mais de 100 mil habitantes ninguém

pode ter canais de TV, Rádio e jornal impresso ao mesmo tempo.

Nas cidades de até 100 mil habitantes isso só é permitido se

nenhum dos veículos estiver entre os 3 de maior audiência ou

maior tiragem.

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CAPÍTULO 5

INCENTIVAR A DIVERSIDADE E PLURALIDADE

Artigo 19 – Para promover a diversidade regional, as emissoras de

TV deverão respeitar as seguintes regras:

• As afiliadas a uma rede deverão ocupar no mínimo 30% de sua

grade transmitida entre 7h e 0h com produção cultural, artística e

jornalística regional, sendo pelo menos 7 horas por semana em

horário nobre.

• As emissoras consideradas locais devem ocupar no mínimo 70%

de sua grade com produção regional.

Artigo 20 – Os canais de TV deverão veicular no horário nobre pelo

menos 10% de programação feita por produtora brasileira

independente, sendo no mínimo a metade desse tipo de conteúdo

feito na própria região.

Page 18: Palestra UNIP Serviço Social.pdf

CAPÍTULO 5

INCENTIVAR A DIVERSIDADE E PLURALIDADE

Artigo 21 – Direito de antena:

Garantir 1 hora por semestre para cada um de 15 grupos

sociais relevantes (associações, sindicatos, movimentos sociais

etc.), definidos pelo governo por meio de edital com critérios

transparentes, que estimulem a diversidade de manifestações.

Page 19: Palestra UNIP Serviço Social.pdf

Artigo 22 – Conteúdo Nacional

Os canais de TV têm que passar no mínimo 70% de programas

brasileiros e 2 horas de programas jornalísticos. Limites de

tempo para propaganda de partidos ou de igrejas ficam para ser

definidos depois, pelas autoridades competentes.

Artigo 23 - Pelo menos a metade dos canais de rádio em cada

cidade deve ser de canais que passem no mínimo 70% de

programas brasileiros.

Page 20: Palestra UNIP Serviço Social.pdf

Artigo 24 - Não pode haver censura prévia e ponto final. Mas

também não pode ficar provocando o ódio nacional, racial,

religioso, sexual etc por nenhum motivo. Se alguém fizer isso, os

canais podem ser responsabilizados depois.

Artigo 25 – Direito de resposta em caso de ofensas ou

inverdades. O canal abrirá um espaço gratuito, do mesmo

tamanho da notícia, para quem foi afetado. Isso deve ser feito até

48hs após a reclamação de quem se sentiu ofendido.

Artigo 26 – Protege as crianças e os adolescentes. Obriga

classificação etária horária nos programas. Veta publicidade

direcionada a crianças de até 12 anos.

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CAPÍTULO 6

DOS ÓRGÃOS REGULADORES

Artigo 29 – Cria o Conselho Nacional de Políticas de

Comunicação, que fiscalizará e ajudará o governo a criar

políticas para a comunicação democrática. Fará parte do

Conselho um Defensor dos Direitos do Público para defender

os direitos de quem assiste TV e ouve rádio, além de

representantes do governo, do Ministério Público, dos

empresários, dos trabalhadores, das universidades e da

população em geral. Também define o papel da Anatel, que

regulará a parte relativa a infraestrutura e transmissão de sinais;

E da Ancine, que ficará responsável pelo credenciamento e

fiscalização das programadoras de conteúdo.

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•Educomunicação: campo de intervenção social que trabalha

a inter-relação comunicação/educação.

•Os grandes veículos cumprem determinado papel, mas não

permitem dar vazão a todas as necessidades da sociedade.

•A comunicação comunitária contribui para a ampliar o

espectro educativo em torno do exercício da cidadania.

•A educomunicação forjada nas ONGs, movimentos

populares e entidades do terceiro setor contribui para a

formação de sujeitos críticos e emancipados.

•A educomunicação faz valer o direito à liberdade de

expressão.

•Além da leitura qualificada da mídia, a educomunicação

possibilita a produção de conteúdo.

Educomunicação e Cidadania

Page 23: Palestra UNIP Serviço Social.pdf

Educomunicação e Cidadania

COMUNICAÇÃO EDUCAÇÃO

CIDADÃ

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Construir um país mais democrático, desenvolvido e

socialmente justo e, para isso, é imprescindível garantir que

todos os brasileiros tenham direito à comunicação, o que

significa ampliar a liberdade de expressão e assegurar

diversidade e pluralidade nos meios audiovisuais (TV e

rádio).

Mais informações em:

http://www.paraexpressaraliberdade.org.br/

Resumindo

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Contatos

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