palestra consumo contemporâneo e a potencia do design, por marcos beccari

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CONSUMO CONTEMPORÂNEO E A POTÊNCIA DO DESIGN POR MARCOS BECCARI

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Education


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Slides da palestra ministrada por Marcos Beccari no Instituto Volusiano em 28 de agosto de 2013. A palestra foi um convite ao curso de Introdução aos estudos sobre Consumo, cujo programa está disponível aqui: http://filosofiadodesign.com/wp-content/uploads/2013/06/caderno_consumo.pdf. Este conteúdo é parte do site Filosofia do Design. Confira nossos próximos cursos: http://filosofiadodesign.com/cursos/.

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Page 1: Palestra Consumo contemporâneo e a potencia do Design, por Marcos Beccari

consumocontemporâneoe a potência do design

por marcos beccari

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1. apresentaçãomarcos beccaridesigner gráfico / mestre em design - ufprdoutorando em educação - uspcoord. do site filosofia do design

educação não é ensino! é itinerário de formação.

na academia, o campo da educação tornou-se o lugar para pesquisar aquilo para o qual não há espaço em outras áreas.

a profissão do professor não é um processo seriado, feito “em massa”. no entanto, neste país é pago r$ 11 hora-aula ao professor de ensino médio da rede pública, que faz em média de 60 horas por semana e possui mais de 500 alunos por semestre.

logo, consumo é entendido pelos professores como parte dos problemas sociais. só que muitos concordam que o problema da educação é a própria escola enquanto dispositivo disciplinar.

neste sentido, é através do consumo que muitas pessoas tem se tornado autodidatas. resta saber de que maneira o design interfere no itinerário de formação dos indivíduos contemporâneos.

cultura?design educação

consumo!

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2. contextualização

Como foi que o modo de vida pautado pelo consumo tornou-se dominante no ocidente?

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transformação ética: do foco na produção (ascetismo leigo) ao foco no consumo (hedonismo psicológico)

transformação do espaço público:

antes do século XiX, as cidades europeias eram basicamente um acumulado de casas e o espaço público era sujo. o consumo como a gente entende hoje era mais privilégio da aristocracia, o comércio se dava no espaço privado, os nobres tinham antesalas etc.

a partir do século XiX, sobretudo com as exposições universais, o espaço público começa a ser reformado, sendo o exemplo paradigmático o advento das vitrines em paris. surgem lojas, exposição de mercadorias, a figura do “flaneur” e, enfim, uma nova cultura do espaço público.

o espaço urbano torna-se um ambiente para ser frequentado e não apenas um espaço de passagem.

a relação do indivíduo anônimo com outros anônimos se constrói em grande parte pela sua aparência, de modo que é possível compreender como ganham relevância, por exemplo, a publicidade, a moda e o próprio “design” de objetos.

transformação do comprador em consumidor:

com o aumento da produção industrial, alterou-se o sentido do ato de fabricar e do ato de comprar: objetos de uso tornam-se bens de consumo.

a “utilidade” dos objetos é submetida ao princípio da “felicidade” (Bentham): a soma total dos prazeres menos as dores é a medida útil de alguma coisa.

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3. abordagens teóricas

O consumo então se torna uma atividade sociocultural que interfere diretamente na construção de subjetividades, o que também implica afirmação de identidades, estra-tégias de visibilidade, aceitação social e distinção individual etc. Mas a que custo?

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a ética protestante e o espírito do capitalismo (max Weber)

a austeridade do asceta burguês protestante estaria associada à do produtor/acumulador, já que ações garantiriam a salvação da alma.

a ética romântica e o espírito do consumismo moderno (colin campbell)

Boa parte da burguesia nascente era puritana e não protestante, o que explica o consumo de frivolidades a partir do “sentimentalismo” inicialmente religioso e depois romanticamente leigo.

o hedonista contemporâneo aprendeu a fazer da frustração/insatisfação fonte principal de prazer.

o declínio do homem público (richard sennet)

a burguesia encontrou na compra de objetos um vínculo similar ao que a nobreza encontrara nos vínculos de sangue, com a diferença que os prazeres são assim materializados (e não apenas fantasiados).

associar esta conduta à insatisfação é pressupor que existe uma forma mais nobre de satisfação emocional.

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indústria cultural (adorno e horkheimer)

expressão mais totalitária do sistema capitalista: uma ordem baseada na disseminação e achatamento da “multiplicidade”.

numa cultura direcionada às massas, toda a multiplicidade de conteúdos e interpretações é reduzida a uma única forma de enunciação para consumo imediato, de modo que condutas e mediações sociais são igualadas em uma gestão das “diferenças”.

trata-se de um sistema maior que impõe sua predominância não mais a partir da produção, mas sim da circulação de mercadorias.

a condição humana (hannah arendt)

Quanto mais os indivíduos se liberam das fadigas e penas do trabalho para usar o tempo livre consumindo, mais insatisfeitos eles se tornam.

a lógica é: o produto se torna supérfluo pelo fato de ter sido comprado simplesmente por ter sido produzido.

sociedade de consumo (jean baudrillard)

a insatisfação é o motor do consumo. “[...] a melhor prova de que o princípio e a finalidade do consumo não são o gozo, é que o gozo, hoje, é obrigatório e institucionalizado, não como direito ou como prazer, mas como dever do cidadão [...] o homem-consumidor se considera como devendo-gozar, como um empreendimento de gozo e satisfação”.

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4. a potência do design

Em que medida o design sustenta ou desconstrói o consumo contemporâneo?

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assim como o casamento ou a formatura, o consumo pode ser entendido como um tipo de “ritual” em que uma personalidade é “magicamente” transferida ao consumidor (como uma espécie de máscara).

então o que basicamente diferencia o consumo contemporâneo dos rituais ancestrais que envolviam totens, máscaras e magias?

design x projeto (análogo à produção x consumo?)

Questões pertinentes

como compreender o fato de que atribuímos ao design um papel superficial, efêmero e irrelevante na sociedade, ao mesmo tempo em que, contudo, ele nunca foi tão valorizado antes por esta mesma sociedade?

o que significa “real” e “ilusão” em meio a uma conduta de consumo que reorganiza o conjunto das relações sociais a partir das aparências?

por conseguinte, como se reorganizam, neste contexto, as clássicas dicotomias: natureza e artifício, corpo e espírito, alienação e emanciapação, prazer e performance, vício e virtude, crítica e cinismo?

de que maneira podemos descrever o itinerário de formação de um sujeito na contemporaneidade? hipóteses: lógica oracular / potência do esquecimento.

“Man is least himself when he talks in his own person. Give him a mask and he will tell you the truth.” – oscar Wilde

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