palestra carmen sanches parte1
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1ª parte da palestra da professora Carmen Sarches da Unirio. Dia 31/03/2011Sesc São João de MeritiProfissionais do Ciclo de AlfabetizaçãoTRANSCRIPT
Alfabetização e cotidiano escolar: práticas e concepções mais favoráveis às
crianças de classes populares
Carmen Sanches Sampaio Escola de Educação/UniRio
“Como aprendi a alfabetizar”?
• Necessidade de preparar a criança para aprender a ler e a escrever.
• Exercícios com letras e sílabas soltas; palavras-chave; textos acartilhados como referência e eixo do trabalho. Ausência de sentido.
• Aprender como sinônimo de repetir para decorar e a transmissão da professora como eixo da prática pedagógica.
• O erro como evidência do não-saber; do desconhecimento.• Avaliação como sinônimo de medição. (Ana Paula, profª
alfabetizadora/ISERJ)
O ensino da escrita tem se reduzido a uma simples técnica, enquanto a própria escrita é reduzida e
apresentada como uma técnica, que serve e funciona num sistema de reprodução cultural e produção em massa. Os efeitos desse ensino são
tragicamente evidentes, não apenas nos índices de evasão e repetência, mas nos resultados de uma
alfabetização sem sentido que produz uma atividade sem consciência: desvinculada da práxis e desprovida de sentido, a escrita se transforma
num instrumento de seleção, dominação e alienação.
(Ana Luiza B.SMOLKA, 1988)
Anos de 1980: questionamento dos métodos e das cartilhas de
alfabetização
Intensa divulgação dos pensamentos construtivista e interacionista sobre alfabetização.
Pensamento construtivista – pesquisas sobre a Psicogênese da Língua Escrita (Ferreiro & Teberosky, 1985). Há um deslocamento
do como se ensina para o como se aprende a língua escrita.
Pensamento interacionista – decorre das proposições de Geraldi (1984) – baseada em uma concepção interacionista de linguagem. Smolka (1988) retoma essa concepção e a torna mais conhecida
no campo da alfabetização.
Alfabetização e Letramento?O que muda quando muda o nome?
Letramento – palavra recém-chegada ao vocabulário da Educação e Ciências Lingüísticas: segunda metade dos anos 80.
Letramento – o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.
Pesquisas que avaliam o nível de letramento – não basta apenas saber ler e escrever – é preciso saber fazer uso de diferentes tipos de material escrito, compreendê-los, interpretá-los e extrair deles
informações. (Soares, 1996)
Alfabetização e Letramento?O que muda quando muda o nome?
Alfabetização como um processo discursivo: a criança aprende a ouvir, a entender o outro pela leitura; aprende a falar, a dizer o que quer pela escrita. (Esse aprender significa fazer, usar, praticar, conhecer. Enquanto escreve, a criança aprende a escrever e aprende sobre a
escrita). (Smolka, 1988)
Aprender a ler é ampliar as possibilidades de interlocução com pessoas que jamais encontraremos frente a frente e, por
interagirmos com elas, sermos capazes de compreender, criticar e avaliar seus modos de compreender o mundo, as coisas, as gentes e
suas relações. Isto é ler. E escrever é ser capaz de colocar-se na posição daquele que registra suas compreensões para ser lido por
outros e, portanto, com eles interagir. (Geraldi, 1998 )
A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a
leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.
(Paulo Freire)
O que compreendemos por alfabetizar? Por ensinar? Por aprender?
Como compreendemos o processo de ensino/aprendizagem? Quem ensina a
quem? Quem aprende com quem?
Como compreendemos os estudantes com os quais trabalhamos?
As crianças podem falar o que pensam na escola?
Podem escrever o que falam?
Podem escrever como falam?
Quando? Por quê?
(Ana Luiza B. Smolka)
Qual o papel do/a professor/a?
Chegar mais perto, se colocar disponível para ouvir os alunos e alunas com mais atenção, procurando compreender como aprendem, o que aprendem, o que sabem e o que ainda não sabem.
Chegar mais perto, se colocar disponível para ouvir os alunos e alunas com mais atenção, procurando compreender como aprendem, o que aprendem, o que sabem e o que ainda não sabem.
• Intervir deliberadamente fornecendo instruções, demonstrações, pistas, indicações, sinalizações.
• Investir nos ainda não saberes dos estudantes – conhecimentos prospectivos, ainda inexpressivos, mas potencialmente presentes.
• É preciso criar um clima de confiança na capacidade de aprendizagem de todos e não apenas de alguns ou da maioria dos alunos e alunas.
ERRO – Como aprendemos a compreendê-lo?Como a evidência do não saber. Como falta, incapacidade, ausência. Mas... Podemos (e precisamos) aprender a lidar
com o erro de um outro modo. O ERRO...
ERRO
• Pode sinalizar o movimento vivenciado pelos alunos e alunas no processo de aprendizagem.
• Pode indicar as aprendizagens já realizadas, os saberes consolidados e, também, novos saberes ainda em elaboração – espaços privilegiados para a intervenção/mediação pedagógica.
• Pode iluminar as diferenças ocultadas pela igualdade das respostas certas.