palermo v 2000 como se governa

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PALERMO, V. Como se governa o Brasil? O debate sobre instituições políticas e gestão de governo. Dados - Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 43, n. 3, p. 521-558, 2000.

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Page 1: Palermo v 2000 Como Se Governa

PALERMO, V. Como se governa o Brasil? O debate sobre instituições políticas e gestão de governo. Dados - Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 43, n. 3, p. 521-558, 2000.

Page 2: Palermo v 2000 Como Se Governa

Cap. 1) O ponto de partida do debate

� → As variáveis básicas que ele utiliza para mapear a

literatura

� quão concentrado ou disperso está o poder =

concentração ou dispersão do poder [evidenciados

pelas regras do jogo vigentes e pela forma de

organização das instituições políticas];

� a capacidade ou não de se tomar e implementar

decisões [= “base empírica” ou estudos de caso sobre

processos decisórios];

Page 3: Palermo v 2000 Como Se Governa

C-G:

concentrado/governável

(a governabilidade obtém-

se graças à capacidade

de os presidentes

forçarem os outros

atores a cooperar)

C-I:

concentrado/ingovernável

(a governabilidade se

tenta obter excluindo; se

fracassa neste propósito)

Poder decisório

concentrado

C

D-G: disperso/governável

(a governabilidade obtém-

se graças à capacidade

de produção negociada

de decisões)

D-I: disperso/ingovernável

(a governabilidade está fora

do alcance da estrutura

institucional vigente)

Poder decisório

disperso

D

razoável capacidade de

decidir e implementar

G

baixa capacidade de decidir

e implementar

I

a

Page 4: Palermo v 2000 Como Se Governa

Morfologia Político-institucional (PONTOS DE CONSENSO)

� O Presidencialismo brasileiro→ Há um certo consenso na

literatura caracterizando o presidencialismo brasileiro como uma

presidência forte, em termos legislativos, administrativos e

distributivos, de um ponto de vista comparativo [BIB: Mainwaring,

1997; Limongi e Figueiredo, 1997; Peçanha, 1997];

� Um federalismo “consistente” onde as unidades subnacionais

desempenham importante papel em sua morfologia institucional.

[BIB: Abrúcio, 1997; Couto, 1997; Mainwaring, 1997; Celina

Souza, 1998; Alfred Stepan, 1999);

� Sistema partidário fragmentado, com partidos pouco enraizados e

fisiológicos (J. M. Nicolau, 1996; Maria Dalva Kinzo, 1999; Boris

Fausto, 1995);

Page 5: Palermo v 2000 Como Se Governa

Os quatro enfoques:

� (1) Disperso ingovernável (Mainwaring, 1993, Ames, 2001) => reformas políticas profundas;

� (2) Concentrado ingovernável (Diniz, 1997) => aumento do papel dos partidos no processo decisório;

� (3) Concentrado governável (Limongi & Figueiredo, 1999) => não é necessária reforma política substancial;

� (4) Disperso governável (Amorin Neto, 2006; Palermo, 2000) => reformas incrementais e pontuais.

Page 6: Palermo v 2000 Como Se Governa

Elementos fundamentais do enfoque de Palermo autores ele

recorre para fundamentar seu ponto de vista:

� De fato, a morfologia institucional brasileira caracteriza-se, pelo menos em nível nacional, por um grau de “consociacionismo” ou de dispersão do poder, maior do que querem os adeptos dos enfoques (2) e (3);

� Com efeito, trabalhos como de Raquel Meneghello (1998) e Jairo Nicolau (1999), mostram que: a) os partidos políticos têm maior papel na formação e sustentação política dos governos do que geralmente se imagina; b) estes são mais sólidos e disciplinados do que convencionou um certo senso comum euma certa literatura

� Daí se deduz que o presidente tenha que interagir com o parlamento e com os partidos [especialmente com líderes partidários] e negociar sua agenda em várias dimensões, tais como: a) recrutamento ministerial; b) negociação da agenda parlamentar etc.

� Ou seja: essa negociação de faz através da formação de coalizões e negociação com a base parlamentar, que podem ser de diversos tipos, e produzir diferentes resultados, em função de diversos fatores

Page 7: Palermo v 2000 Como Se Governa

Implicações do “quarto enfoque”:

� No que se refere aos poderes pró-ativos do presidente → as MPs são um mecanismo “de monitoramento eficiente e de baixo custo, convenientemente à disposição de um Congresso notoriamente despreparado, do ponto de vista técnico [SSB: ???], para avaliar o impacto das decisões governamentais” (18)

� Quanto aos projetos de lei enviados pelo Executivo → há uma incerteza muito maior em sua aprovação do que presume o enfoque (3); o presidente tem de negociar com deputados não-governistas e da base fisiológica, e não apenas com os líderes partidários que são apoio ao governo;

� Quanto aos efeitos da formação dos gabinetes de coalizão → o processo de formação de coalizões por parte do presidente (“o principal recurso para neutralizar os riscos de paralisia decisória” (19)) implica numa dissociação entre dois campos na “própria estrutura do Executivo”: o presidente e a presidência (19).

Page 8: Palermo v 2000 Como Se Governa

Implicações do “quarto enfoque”:

� Ou seja: a presidência [ou seja: o núcleo duro da coalizão presidencial, que controla os centros decisórios] é um ator mais complexo com veto players em seu próprio interior

� cf. a esse respeito, ele cita os estudos de Almeida e Moya (1997), onde se mostra que os principais obstáculos à agenda de privatizações do Executivo, emergem menos da relação entre Executivo/Legislativo do que dentro da própria presidência

� Isso não significa que o presidente perca a iniciativa, mas que tem de negociar e que “os partidos dispõem, na própria arena presidencial, de canais de acesso e de influência permanentes” (20)].