palácio da falcoaria - falcoaria real de salvaterra - 2ª edição.pdf

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COLEÇCÃO DE APONTAMENTOS Nº 45 Documentos para a história De

SALVATERRA DE MAGOS

Séc. XIII – Séc- XXI

FALCOARIA REAL DE SALVATERRA O Autor:

José Gameiro

(José Rodrigues Gameiro)

2ª edição

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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 45

Documentos para a história

de

SALVATERRA DE MAGOS

séc. .XIII – séc. XXI

(UMA ARTE DE CAÇAR NA COUTADA DA VILA)

Património:

Geográfico, Monumental, Cultural, Social, Político,

Económico e Desportivo

2ª EDIÇÃO

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FICHA TECNICA: Titulo: A FALCOARIA REAL DE SALVATERRA

( Uma Arte de Caçar na Coutada da Vila) Tipo de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Data: ABRIL DE 2013 Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Tem. 918905704 Publicado: Programa Scribd – PDF www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt

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O NOSSO CONTRIBUTO

Tinhamos nós, talvez os 10 anos de idade quando entramos pela

primeira vez no Pombal da Falcoaria. Estávamos em tempo de exame da 3ª classe, éramos para aí uns 25 repetentes, de um professor que no ano anterior, só levou uma meia dúzia a passarem de classe. A professora, Natércia Assunção, desdobrava-se todas as tardes a prepara-nos, ensinando-nos juntos à sua turma normal de três dezenas de alunos. A sua casa, era

o local do ajuntamento de tanto rapazio. Naquela tarde de início de verão, a redacção, era sobre história local, e como o local do ensino em situação de prolongamento, era “pegado” ao antigo edifício da Falcoaria e seu Pombal, vá fomos visitar as instalações. Alguém, morador nas pequenas habitações, facultou a chave, e de “ranchada” entramos num grande espaço onde ainda havia vestígios de ter sido armazém de palha. Quanto ao Pombal, estava cheio de mobílias e cadeiras antigas, partidas, à entrada da porta, foram contados, para aí três centenas de buracos, nas paredes do edifício de construção arredondada, espaços que serviram de ninhos para os pombos criarem. Completamos esta visita, com informações que a professora, conseguiu através da ajuda preciosa, das antigas famílias; Lapa, Freire e Roquette. Para o nosso trabalho escolar, visitamos ainda, uns dias depois a Capela da Misericórdia (antiga Capela de Santo António), e a Igreja Matriz.” Por volta de 1970, escreviamos no Jornal Aurora do Ribatejo, fomos procurados por Joaquim Silva Correia, também ele colaborador naquele semanário, para obter alguns dados sobre o Pálacio da Falcoaria de Salvaterra. Os anos passaram, em 2007, uma primeira edição da Colecção “Recordar,Também e Reconstruir”, foi registada. Com as obras concluídas em 2009, verificando-se a necessidade de uma nova edição, saiu este 2º caderno de Apontamentos, em 2013 revisto e actualizado, publicado em PDF, no blogue que abrimos: “historiasalvaterra.blogs.sapo.pt”. Nota: elementos extraídos do meu caderno escolar – ano de 1955

Abril: 2013 JOSE GAMEIRO ( José Rodrigues Gameiro )

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A ORIGEM

Salvaterra, nasceu em terrenos areno-arenosos, fazendo parte da bacia do rio Tejo, que banha a povoação na sua margem sul, a caminho

do mar,

As culturas de produtos frescos, davam-se bem nas terras de aluvião,

a criação de gado e a vinha já aqui conhecida no séc. XVII, é disso

testemunha. As zonas da charneca, além do arvoredo daí dependente,

também produzia culturas de sequeiro. Segundo alguns escritos, o seu

povo sofreu grandes influências culturais quando Portugal recebeu

imigrações, da Flandres, sul de França.

“Salvaterra, em 1295, era um pequeno povoado, com sete ruas, de

pouco mais de uma centena de habitantes, com alguns sitios

determinados no seu mapa, onde recebeu o nome de Magos de um deles.

O rei D. Dinis, deu-lhe o seu primeiro foral, datado, onde lhe foram

atribuídas regalias iguais às de Santarém, passando a município feudal,

também conhecido na idade média, de concelho imperfeito. No reinado de

D. João IV, teve lugar a abertura do Paul, em Magos, para escuar as

àguas que nasciam lá para os lados da Ameixoeira, dando origem à sua

vala real, entregando-as ao rio Tejo, no Bico da Goiva. Com esta

construção deu-se início à cultura do arroz, e a um porto fluvial, de

grande movimentação, em barcos fragateiros e de pesca.

Salvaterra de Magos, povoação muito abalada com o terramoto de

Lisboa, de 1755 e, um outro em 11 de Novembro de 1858, com dois

incêndios no Paço Real, acabou por completo com a sua vida palaciana. Os restos que, ficaram do palácio foram convertidos em pedra e

aproveitados para outros fins, incluindo o pavimento das poucas ruas,

existentes então na vila. Com a fuga da familia real para o Brasil, devido

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às invasões francesas, e a venda de todo o património da casa real, no

séc. XIX, incluindo os terrenos da sua coutada real, que ocupavam quase

todo o território concelhio, a vida social e económica da vila de

Salvaterra de Magos, desde aí aconchegou-se à pacatez de uma vida humilde e despercebida, que teve os seus tempos áureos nos meados do

século XIII. Com o terramoto de 1909, depois do levantamento dos

estragos causados, teve grande influência na sua nova urbanização, a

vila cresceu mais para sul, em zonas de grandes manchas de pinhal.

Dos poucos edifícios da época medieval que ficaram, no dobrar do

séc, XX, a sua existência passou a estar protegida por lei, entre eles

conta-se o edifício que foi da Falcoaria Real e o seu Pombal, as Chaminés,

do antigo Paço Real, e o bonito edifício da Capela Real.

O seu Pelourinho, no jardim em frente ao edificio municipal, foi

destruído em 1893, quando das obras de urbanização daquele local.

***********

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A REAL FALCOARIA EM PORTUGAL

Já em 1210, mais propriamente a 28 de Dezembro daquele ano, D.

Sancho II, despachava correio sobre a arte de caçar com aves de rapina,

pois só a classe nobre os poderia possuir e usar. Se o jogo de pêla, era

antigo no país, as cavalhadas e as justas praticadas no Ribatejo Sul,

também eram animadas, pois mostravam a arte e destreza de montar a

cavalo.

Outros divertimentos, exigiam algum aparato e elegância dos nobres como, os brincos com toiros e as caçadas.

Quanto à caça de altenaria, sabe-se que esta forma de caçar, era

usada pelos Árabes, que viveram aqui nas terras que deram origem a

Portugal, e que transmitiram a sua prática ao povo.

Naquela correspondência real, enviada ao Bispo de Coimbra, isentava

todo o clero de irem ao fossado e a qualquer outras expedições, a não

ser contra os mouros que invadissem o país, se denunciassem quem

tivesse a posse e caça-se com aves de rapina.

Baeta Neves, que se socorreu das pesquisas efectuadas por Rui de Azevedo, P. Avelino de Jesus da Costa e Marcelo Rodrigues Pereira,

publica parte daquele documento na Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, com o título “SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA FALCOARIA

EM PORTUGAL”

“Adhuc concedo ut nunquam teneatis in domibus notris meos aztorarios neque falcoanarios neque blistarios neque detis eciam bestias meis aztoraiis neque falconariis quod ducant illas ad ripariam”

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A tradução para o português actual, seria o seguinte:

“ Ainda determino que nunca retenhais nas nossas casas os meus açoreiros nem

os falcoeiros nem os balistários, nem entregueis também os animais aos meus

açoreiros nem aos falcoeiros para os conduzirem ao rio” (1)

Em outro documento (António Gomes Ramalho, Volume I) a lei de 25 de Dezembro de 1255, de D. Afonso III – Dizendo respeito aos preços de géneros e salários na Província do Minho” faz mais de uma referência, a Açores, Gaviões e Falcões:

“ Et mando firmiter et defendo, quod nullus sit ausus filiare ova de azores, nec de gavianis, neque de falconibus, et ille qui filiaverit pectabit mihi pró quolibet ovo decem libras, et corpus et habere suum remanebit in meã protestare. Et nullus sit ausus filiare azorem nisi quindecim diebus ante festum saneti Johanis baptiste: Et quicumque filiaverit pertabit mihi pró quolibet azore decem morabitinos, et remanebit corpus et havere suum in meã protestate: Et nullus sit ausus filiare gavianum nec falconem nisi de tribus unum et quicumque filiaverit pectabit mihi pro quolibet centum sólidos…” Este texto corresponde à seguinte tradução livre: ( Proíbo firmemente que se apanhem ovos de açores, de gaviões ou de falcões e quem os apanhar, pagar-me-á dez libras por cada ovo e a sua aprensão. Ninguém pode apanhar açores senão 15 dias antes da festa de S. João Batista, mas se alguém o fizer pagar-me-á por cada açor dez morabitinos e a sua apreensão. ***************

(1) – Tradução para o português actual – Pe. Prof. Doutor: Manuel Naia

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Ninguém pode apanhar gaviões ou falcões a ser de três um e o que o apanhar pagar-me-á cem soldos ).

E mais adiante “ … Et luva de meliori corzo, vel meliori gamo de azor valeat viginrt denários: Et melhor luva de gaviano valeat quindecim denários: Et luva de azor vel gaviano de carnario scodado valeat decem denários, et si fuerit carnario, qui non fuerit scudado, valeat sex denários, et melhor cascavel de azor valeat unum solidum: Et melor cascavel de gaviano valeat octo denários: Et meliores peyos de azor sin.sírico valeat três denários. Et meliores peyos de gaviano valeat duos denários…” a que

corresponde da mesma forma; ( E a melhor luva de gavião custe quinze dinheiros. A luva de açor ou de gavião de carneira endurecida (?) custe 10 dinheiros e se for de carneira, não endurecida custe 6 dinheiros e a melhor cascavel de açor custe um soldo. O melhor cascavel de de gavião custe 8 dinheiros. E as melhores piós de açor sin. sirico (?) custem 3 dinheiros. E as melhores piós de gavião custem 2 dinheiros ) A primeira lei sobre Coutadas, que atinge o espaço entre o Tejo e o Guadiana, data de 1 de Março de 1362, e tem a ordem de D. Pedro I (1)

Com o decorrer dos séculos cada vez era mais forte o gosto pela caça de Altanaria em Portugal, onde os monarcas vão assinando leis, de protecção às aves de rapina, dando novas regalias a quem delas tratava ou possuía, especialmente os fidalgos da corte. ************** (1) – Livro único da Chancelaria do rei D. Pedro I, fls..68-v (Torre do Tombo)

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PALACIO DA FALCOARIA EM SALVATERRA DE MAGOS

No lado Poente de Salvaterra de Magos, nas extremas com o concelho

de Benavente, o infante D. Luiz, irmão do rei D. João III, mandou construir

um edifício apalaçado para a Falcoaria da vila, onde anexava as

habitações dos falcoeiros, que lhe custou mil 50 cruzados

Todo este conjunto de construções chegou aos nossos dias mesmo, que em grande parte adulteradas na sua traça original.

. Diogo Fernandez Ferreira, falcoeiro, na sua edição de 1616, “ARTE DA

CAÇA DE ALTENARIA” dá conta da sua estadia e de de pai, nestas instalações.

Nuno Sepulveda Veloso, considerado o único caçador, ou antes o único praticante em Portugal, na nobre arte de caçar com Gaviões, Açores e

Falcões. utiliza os seus escritos nalgumas publicações.

Nas suas recolhas de informações, Joaquim Silva Correia, em 1960,

faz referencia na revista “Caça e Pesca” ao estado degradante deste

património. Também o Prof. José Hermno Saraiva, num programa da

RTP, sobre Salvaterra intitulado “OS TRÊS D”, faz graves acusações pelo

mau estado em que se encontrava este património local.

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O POMBAL

É uma bonita e original construção, suporta nas paredes do seu

interior cerca de 310 “buracos”, onde os pombos criavam, para servirem

de alimentação e treino às aves de caça, como: Falcões, Açores e

Gaviões.

Nos últimos anos do séc. XIX, foi todo o

património da casa real, aqui existente,

vendido em haste pública, levando

praticamente ao seu desaparecimento, e o que

ficou foi adulterado na sua riqueza

arquitectural, como é o caso da Falcoaria, que

chegou aos nossos dias em estado lastimoso. Os responsáveis que durante todos esses anos, estiveram na

governação da câmara municipal, devem merecer a crítica das gerações

presentes e futuras, mais ainda se foi a tempo da sua recuperação,

mesmo com as necessárias adaptações aos tempos modernos.

A Falcoaria em Salvaterra, era um

desejo em aberto para o turismo

local, que muito teria a lucrar com tal

concretização.

No Inverno de 2004, mais uma vez

a desatenção do poder local, que

teimava em não reparar o que os

nossos antepassados nos deixaram, levou a que o telhado daquele

património acabou por cair (*)

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********** (*) – Notícia publicada no Jornal Vale do Tejo – edição de 26 de Fevereiro de 2004 Nota: Maqueta feita nos mandatos de António Moreira e Gameiro dos Santos, Para a recuperação do palácio da falcoaria – Aguardando subsídios, para dar início às obras

DESCRIÇÃO DE UMA CAÇADA REAL

“ Começaram no dia 19 de Fevereiro de 1755, as memoráveis caçadas no sítio de Paredes, na coutada de Salvaterra, e no dia 20 a batida efectuou-se no sítio da Mesa dos Negros, entre o Monte do Conde e o terreno das Figueiras, onde apareceram alguns Javalis, que Suas Majestades e Altezas correram. Houve caçada, 1940 – Foto do edificio do Monteiro-Mor, no Largo da Igreja Matrz

no dia 21 às Adens e aos Patos, no Paul de Trezoito,; e no dia 22 no Paul de Magos, em que se abateram muitas daquelas aves, após o que a família real foi de passeio à grande Tapada das Rezes, propriedade de D. Pedro. No dia 23, em Escaroupim, com luzida pompa teve lugar uma caçada às lebres, onde trabalharam Falcões e Açores. Saíram primeiro doze Falcoeiros, vestidos de pano

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carmesim, com muitos galões de ouro, vestias azuis e canhões com galões de prata e todos de cabelos atados na nuca debaixo do chapéu tricórnio. Outros Falcoeiros, também a cavalo, iam com os Falcões no pulso enluvado, e dois levavam duas galgas cada um atada pela coleira, com seus cordões de seda. Os Falcões que, já tinham trabalhado, metiam-se a descansar em magnifica liteira de veludo forrada a carmesim, com galões de ouro

Um conjunto de músicos a cavalo, vestidos de veludo verde, com galões de prata., tocava os seus instrumentos de metal. A encerrar, o cortejo, um outro coro de músicos, era chamado o “Coro do Monteiro-Mor” – Francisco de Melo, o qual também envergava vestimenta principesca, tocando suas trompas e trombetas. “ Fechavam o brilhante cortejo, os infantes D. Pedro e D. António, a Corte, os Criados, Moços da Estribaria e alguns estrangeiros convidados, atraídos pelo fausto das caçadas reais em Salvaterra “ **************************** Nota: Da autoria de Baeta Neves, nos “SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA FALCOARIA EM PORTUGAL”, publicado na separata do boletim, da Sociedade de Geografia de Lisboa – 1983, retiramos do seu conteúdo:

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* Documento Nº 4 * Real Falcoaria de Salvaterra de Magos

Anno de 1821 “Relação dos Empregados na Real Falcoaria da Villa de Salvaterra

de Magos, dos ordemnados, que percebem, dos títulos porque

recebem , e dos annos de Serviço, de cada hum dos mesmos,

formalizada na conformidade da Portaria da Regência do Reyno, de

31 de Março, e ordem da Montaria-Mór, de 2 de Abril, ambas do

corrente anno; pelo Doutor Juiz de Fora, e Coutadas da sobreditta

Villa

MESTRES * Henrique Waymans, de setenta e sette annos de idade, de sessenta

annos de serviço, serve por Portaria do Excelentíssimo Monteiro-

Mór do Reyno, de 15 de Maio de 1801, com o ordenado annual de

duzentos e outtenta e outto mil reis” * Jacome Grima, de sessenta e

cinco annos de idade. Não tem tempo algum de serviço; foi elevado

ao dito emprego, por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, de 5 de Março de1802, referida ao Aviso Régio de 24 de Fevereiro do ditto

anno, com o ordenado annual de duzentos e outenta e outto mil reis”

OFFECIAIS

* João Guilherme, de sesenta e três annos de idade, com trinta e

nove annos de serviço; serve por Portaria de 15 de Maio de 1801,

com o ordenado annual de duzentos trinta mil e quatro centos reis”

* Joze Huberto Verúven, de cincoenta e três annos de idade, com

trinta e hum annos de serviço; serve por Portaria do Exllmº

Monteiro-Mór, de 13 de Abril de 1804, com o ordemnado annual de

duzentos trinta mil e quatro centos reis” * Manoel Faria, de

quarenta annos de idade, sem tempo de serviço; foi elevado ao ditto

Emprego, por avizo de S.M.F., de 12 de 7brº de 1803, com o

ordemnado annual de duzentos trinta mil, e quatro centos reis”

AJUDANTES

* Manoel Nogueira, de sesenta annos de idade, com trinta e dois

annos de serviço, serve por Avizo Régio de 15 de Março de 1794,

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com 0rdemnado annual de cento quarenta e quatro annos, digo e

quatro mil reis” * Eloi Joaquim , de cincoenta e cinco annos de

idade, com vinte e outto annos de serviço; serve por Portaria do

Exllmº Monteiro-Mór, de 10 de Janeiro de 1797, com o ordemnado

annual de cento quarenta e quatro mil reis” * João Hertrois, de

trinta e nove annos de idade, com dezoutto annos de serviço, serve

por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não apresentou; por estar

auzente desta Villa com o ordemnado annual de cento e quarenta e

quatro mil reis” * António Ricardo, de quarenta annos de idade, com

vinte e hum annos de serviço; serve por Portaria de 21 de Março de

1806; com ordemnado annual de cento quarenta e quatro mil reis”

APRENDIZES

* Francisco Guilherme, de trinta e hum annos de idade, com

dezenove annos de serviço, serve por Portaria do Exllmº Monteiro-

Mór, de 10 de 9brº de 1802, com o ordemnado annual de setenta e

dois mil reis” * Joze Joaquim Moraes, de vinte e outto annos de

idade, com quatorze annos de serviço, serve por Portaria do Exllmº

Monteiro-Mór, de 22 de Abril de 1807, com o ordemnado annual de

setenta e dois mil reis”

TENÇAS DE VIUVAS E FILHAS DE FALCOEIROS

* Anna Maria da Conceição, viúva de offecial, vence a tença annual

de cento quinze mil e duzentos reis; por Portaria do Exllmº

Monteiro-Mór, que não aprezentou; por estar ausente da Villa”*

Anna Joaquina Barbosa, viúva de Ajudante, vence por Portaria do

Exllmº Monteiro-Mór, que não apresentou por estar auzente da

Villa, a tença annual de seenta e dois mil reis” * Gertrudes Roza

Nogueira, filha de Ajudante, vence por Avizo Régio de 21 de Junho

de 1794 a tença annual de trinta e seis mil reis” * Maria dos Anjos,

filha de Mestre, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que

não aprezentou, a tença annual de setenta e dois mil reis” *

Margarida Isabel, filha de Mestre, vence por Portaria do Exllmº

Monteiro-Mór, que não aprezentou por estar auzente desta Villa, a

tença annual de setenta e dois mil reis”* Joanna Isabel, filha de

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Mestre, vence por Portaria do Exllmº Monteiro-Mór, que não

aprezentou por estar auzente desta Villa, a tença annual de cento

quarenta e quatro mil reis” * Anna Patronilha, Maria Fortunatta, e

Ritta Catharina, todas três filhas de Mestre, vencem por Portaria do

Exllmº Monteiro-Mór, de 5 de 7br.º de 1806, referida ao Avizo

Régio de 3 de 7br.º do ditto anno, a tença annual de cento quarenta e

quatro mil reis”

MEDICOS E CIRURGIÕES DA FALCOARIA

* O Bacharel João António de Leão, médico, vence por Portaria do

Exllmº Monteiro-Mór, o partido de quarenta mil reis, annual,

“datada de a Portaria em 10 de Abril de 1805”

* Joaquim António da Fonseca, cirurgião, vence por hum despacho

do Exllmº Monteiro-Mór ,proferido em hum requerimento, em o anno

de 1805; o partido annual, de dezanove mil e duzentos reis”

Somando os sobreditos Ordemnados, e Tenças, a total quantia de

dois contos sette centos, hum mil e seis centos reis”. Além dos

sobredittos vencimentos, vencem os mesmos Empregados também

quando estão doentes, duzentos reis diários, para galinha, e

remédios, pago tudo pela Real Fazenda.

E por não haver mais, que declarar ouve o sobreditto Ministro

esta relação por concluída; e Eu Joze Joaquim Sabinno Lucas

Escrivão do Judicial, e Coutadas, a escrevi e asignei aos cinco de

Abril de mil outto centos, e vinte e hum”

O Juiz de Fora

Thomaz de Freitas Coelho Machado Torres

Joze Joaquim Sabinno Lucas ***********

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2009 - Fachada do edificio da Falcoaria

Bertel Roijers, Joachin HendriK Verbruggen e Frans BecKers – Falcoeiros Holandeses (cerca de 1764/65) que posteriormente trabalharam na

Falcoaria Real de Salvaterra de Magos (Museu Schoss Fasanerie – RFA)

- do livro: O Paço Real de Salvaterra de Magos -

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2008 – Várias fases do decorrer das obras de recuperação do edificio

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O Paço Real de Salvaterra de Magos (reconstituição) – Lado Esq. Capela

* Desenho : M. Arriaga – 1989 *

Edição em Azulejo pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

1989 - Foto do Interior da antiga Capela Real -

Livro “O Paço real de Salvaterra” edição Câmara Municipal de Salvaterra de Magos Livros Horizonte

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A FALCOARIA DO SÉC. XX

Nos últimos anos do séc. XX,, em 1985, o grande entusiasmo manifestado pelos então autarcas, o presidente da câmara municipal;

António Moreira e o vereador da cultura; Joaquim Mário Antão, em

recuperar o conjunto dos edificios que compunham a antiga Falcoaria

Real de Salvaterra, para que estivessem ao serviço do turismo local,

levou-os a encetar contactos com o seu proprietário, Conde de Monte

Real, com vista à sua cedência. Este foi muito receptivo à ideia, e anuiu à

sua venda em valor simbolico, acto que teve lugar, numa cerimónia

pública, na Capela Real. Os contactos,com diversas entidades oficiais,

para as necessárias ajudas não se fizeram esperar, onde numa primeira

fase foram feitas diversas demonstrações de caça com falcões, e

mostrada uma maqueta do que seria a recuperação daqueles edificios.

Em 1989, juntou-se a este projecto a directora do Museu dos Coches,

Nátália Brito Correia Guedes, que tinha na sua posse escritos sobre a

vida palaciana ocorrida em Salvaterra de Magos, uma recolha de seu pai,

Joaquim Manuel da Silva Correia, que aquela completou, socorrendo-se

de outras fontes. A câmara municipal, deu o seu contributo, e foi

publicado o livro “Paço Real de Salvaterra de Magos” - A Corte * A

Ópera * A Falcoaria.

Natália Correia Guedes, sendo descendente de antigos falcoeiros, que

vieram de Valkenswuaard (Holanda), para Salvaterra, e estiveram ao seriço da corte portuguesa, nesta vila, não mais deixou o projecto e

associou-se com uma exposição sobre Falcoaria em Salvaterra, realizada no Museu dos Coches. Na inauguração deste evento, esteve presente o

Dr. Mário Soares, então Primeiro.Ministro. Aqueles autarcas, em 1992,

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ainda conseguiram a colaboração da direcão do Arquivo Nacional da

Torre do Tombo, para a edição com tradução para o português actual, do

FORAL DE SALVATERRA DE MAGOS, ,uma cópia do Foral Velho de Santarém,

assinado pelo rei D. Dinis. que também insere o Foral doado por D. Manuel I.

Já com José Gameiro dos Santos, em 1995, na presidência da câmara,

outros passos foram dados, foram feitos contactos com a municipalidade

holandesa de Valkenswuaard, aqui existe um museu que guarda e mostra

a prática desta arte de falcoaria, na Europa. Um tratado de boa amizade,

foi celebrado, com festejos nas duas terras. Gameiro dos Santos,

também teve tempo de editar algumas revistas intituladas “ O Foral”,

publicações que mostravam o património existente em Salvaterra de

Magos, com o seu potencial religioso, à guarda da Paróquia local.

Nuno Sepulvada, grande entusiasta desta arte, junta-se com alguns

amigos e promove algumas demostrações de caça com os seus falcões,

sendo criada em 1991, a Associação Portuguesa de Falcoaria,(APF), com

instenções de um dia poder ocupar aquelas instalações já recuperadas.

Com Ana Cristina Ribeiro, eleita em

1997, para gerir os destidos

municipais, o percurso da reabilitação

do Palácio da Falcoaria, passou por

algumas dificuldades. O presidente da

vila Holandesa, deslocou-se a

Salvaterra, no âmbito da colaboração

que estava programada, na assinatura do protocolo anterior, mas devido a alguns impedimentos, não foi recebido pela edil desta vila. A

comunicação social regional, da época, disso deu conta. Com o

falecimento, daquele presidente de Valkenswauard, entretanto ocorrida,

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os contactos tornaram-se mais tenús. Alguns anos depois, em Setembro

de 2009, com algumas alterações ao projecto inicial, Ana Ribeiro, dá por

concluídas as obras de recuperação daquele espaço da Falcoaria em

Salvaterra. Com pompa de outros tempos, foram realizados festejos, que mostraram aquela construção do século XVIII, uma arquitectura

pombalina, segundo alguns do Arquitecto Carlos Mardel.

Assim, aquele edificio, com o seu Pombal, construção única na

Peninsula Ibérica, passaram a estar ao serviço da Falcoaria e do turismo

local, com utilidades assistidas aos tempos modernos como; Exposição e

demonstração de voo das aves de rapina, cerca de duas dezenas,

mostrando toda a sua “perícia”, nos treinos diários e adestramento. Nas

salas, preparadas para receber os visitantes, encontram-se exposições

de acessórios inerentes à arte de falcoaria, multimédia através de

interactividade, com conteúdos convidando a participação dos visitantes,

em jogos virtuais com aquelas aves.

****************

Pintura de um Falcoeiro séc. XVIII a cavalo,

com um Falcão “encapuçado”

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BIBLIOGRAFIA USADA: * Subsídios para a história da Falcoaria em Portugal (Separata do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa * Baeta Neves)-1983 * A Propósito de Caça * (A Real Falcoaria de Salvaterra de Magos) - João Maria Bravo, Dr. * O Paço Real de Salvaterra de Magos * Joaquim M. Correia Silva, e Natália Brito Correia Guedes * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo – José Gameiro * Francisco Câncio – Instituto de Coimbra e do Instituto Português de Arqueologia, Histórico e Etnográfico “ Síntese fotográfica e Documental – Exposição em Salvaterra de Magos – 1983 * Comunicação Social – Jornal Vale do Tejo – Edição de 24/2/2004 FOTOS USADAS: * Pág.10 – Ano 1983, Exterior e Interior (lado Norte) do Palácio da Falcoaria – Do Autor * Pág.11 Ano 2004, Pombal, edifício único na Península Ibérica, em estado de degradação – Edificio com o telhado, caído - Do Autor (publicado Jornal Vale do Tejo) * Pág. 21 – Nuno Sepúlveda, Amante da Falcoaria, treinando em Salvaterra, o seu Falcão de nome: “Walkiria” –Do autor

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Índice dos títulos desta Colecção:

* 0 – O porquê desta Edição ! * 1 – Monumentos e Edifícios de Interesse Público * 2 – Foros de Salvaterra – Uma terra, que já foi Coutada Real! * 3 – A Propósito de Toiros em Salvaterra ! * 4 – O Restaurante Típico Ribatejano ( Uma Referência no Turismo Local e Regional ) * 5 – A Misericórdia de Salvaterra de Magos “ Uma Instituição de caridade, Através dos Tempos !” * 6 – Os Teatros, e os Cinemas, que Existiram na vila * 7 – A Escola Obrigatória ( Um Marco na mudança da cultura do povo! ” * 8 – Honra ao Mérito ! “ Servir para além da coisa pública” * 9 – Quando Vindimar, era uma festa ! *10 – Uma zona Industrial “ Um desejo do passado ! ” 11 – Cagaréus, Fragateiros e Avieiros (Gente que veio do mar) * 12 – O Parque Infantil e as suas Piscinas - Um sonho, que se tornou realidade ! * 13 – Os Transportes Públicos de Passageiros (Da Diligência ao Automóvel, viagens até ao Cabo !) * 14 – As Festas Religiosas E Romarias Populares ! * 15 – Contos e Lendas “ Uma riqueza da terra !“ * 16 – Fontes e Fontanários ( o Antigo abastecimento da vila) * 17 – Os Dias que se seguiram ao Terramoto de 1909 *18 – Homenagens e Inaugurações * 19 – As Chaminés das Cozinhas do Antigo Paço Real * 20 – As suas Geminações “ Uma Aliança dos Novos Tempos ! “ * 21– Chesal – Cooperativa de Habitação Económica * 22 – O Convento de Jericó * 23 – A Origem da população do concelho - Suas Raízes ! “ * 24 – Jogos e Provérbios Populares ( Uma cultura que se perdeu !) * 25 – Ser Autarca “ Servir a Coisa Pública! “ * 26 – Datas Memoráveis ! Uma consciência do passado ) * 27 – Os dias que se seguiram ao 25 de Abril de 1974 * 28 – A Origem da Casa do Povo e o seu Rancho Folclórico * 29 – A Origem da Sociedade Columbófila Salvaterrense – * 30 – A Origem dos Brasões do Concelho* 31 – Os Cemitérios da Freguesia, ao longo dos Tempos ! * 32 – Artesãos, Pintores e Escritores – Uma riqueza cultural da terra ! * 33 – A Origem do Clube Ornitológico de Salvaterra de Magos – COSM * 34 – A Origem do Clube Desportivo Salvaterrense – (Os seus Desportos) * 35– A Vala Real – “ Uma via para o seu desenvolvimento Demográfico e Sócio- económico” * 36 – A Urbanização e Toponímia da vila (Suas Ruas, Largos e Jardins) * 37 – A Dinastia Roberto (s) – “ Uma família de toureiros ! * 38 – Os Parodiantes de Lisboa – 50 Anos na Rádio ! * 39- A Morte do Conde Arcos em Salvaterra de Magos “ Uma certeza nesta terra” * 40 – Os Cocheiros de Muge ( O Congresso realizado em Portugal) * 41 – A Origem das Festas do Foral dos Toiros e do Fandango * 42 – Os Escuteiros de Salvaterra de Magos (Uma escola de solidariedade) * 43 – A origem dos Bombeiros Voluntários e da sua Banda de Música * 44 - As Nobres Casas Brasonadas de Vila * 45 - A Falcoaria Real de Salvaterra (Uma arte de caçar na Coutada da vila)