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Avaliação da Sustentabilidade: uma ferramenta para a tomada de decisão Miguel Coutinho

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Avaliação da Sustentabilidade: uma ferramenta para a tomada de decisão

Miguel Coutinho

Avaliação da Sustentabilidade: uma ferramenta para a tomada de decisão

Miguel Coutinho

A velha sustentabilidade� Exemplos de culturas sustentáveis� Aborígenes australianos: ~30.000 anos� Adaptar-se à natureza

� Civilização egípcia: ~3.000 anos� Adaptar a natureza: civilização!

� Principal objectivo da maioria das comunidades humanas ao longo da História:� CONTINUAR!

� Melhor estratégia:� Limitar-se ao que funciona� Práticas tradicionais garantem soluções viáveis

� Sociedades duradouras são conservadoras� Mitos fundadores e tabus� O respeito pelo conhecimento dos anciãos� Fazer “como de costume”

� Trabalhar a terra� Educar as crianças� Lidar com familiares� Tratar dos mortos

� Eficácia testada ao longo de muitas gerações (>10)

A velha sustentabilidade� De tempos a tempos é necessário (e desejável) introduzir alterações� Estas mudanças vão alterar conhecimentos, tradições e crenças� Sempre ARRISCADO!

� Stress provoca:� Evolução civilizacional� O fim

� O principal desafio das sociedades é gerir o seu sucesso� Crescimento demográfico implica crescimento de consumo de recursos

� Sociedades complexas podem colapsar� Os Maias

A nova sustentabilidade

� A ideia de Progresso é recente� Visões mais comuns:

� Ciclo repetitivo� Declínio gradual desde um passado perfeito

� Iluminismo: coincidente com a “morte” de Deus…� Positivismo

� Motores para o progresso:� A natureza está sujeita a leis científicas e pode e deve ser manipulada

� O Homem é um ser de desejos motivado para a maximização da sua satisfação

� Este novo mundo é inevitavelmente dinâmico!� Crescimento, mudança contínua, inovação, empreendedorismo

Afinal o que é a sustentabilidade?

� Como é que podemos “reconhecer” a sustentabilidade?

� Como é que podemos operacionalizar este conceito?

7 princípios da sustentabilidade

� Princípio 1: Precaução� Princípio 2: Equidade Inter-geracional� Princípio 3: Integridade ecológica e diversidade biológica

� Princípio 4: Equidade e qualidade de vida� Princípio 5: Eficiência� Princípio 6: Democracia e governança� Princípio 7: Integração imediata e a longo prazo

1 - Precaução

� Respeitar a incerteza� Evitar riscos pouco estudados e danos irreversíveis

� Planear para estudar� Estar preparado para surpresas

� Gerir a adaptação

� Projecto:� Ficar do lado da precaução em tópicos menos conhecidos

� Encarar a opção zero de forma séria quando há demasiadas incertezas

� Demonstrar de forma clara como se podem gerir impactes negativos

2 – Equidade inter-geracional

� Favorecer as acções e opções presentes que sejam mais susceptíveis de preservar e melhorar as oportunidades e capacidades das gerações futuras de viverem de forma sustentável

� Um projecto deve:� Demonstrar o seu valor para as gerações futuras� Definir de forma clara os impactes negativo futuros e o modo como e por quem serão geridos

� Garantir que os proponentes fiquem comprometidos� Demonstrar que não tem impactes a longo prazo sobre as actividades pré-existentes

3 – Integridade ecológica e diversidade biológica

� Proteger a diversidade biológica e manter os processo ecológicos essenciais e os sistemas de suporte à vida

� Dar prioridade à protecção ambiental e integridade ecológica de modo a que qualquer alteração resulta em benefícios ambientais líquidos

� Obriga à implementação de medidas de compensação sempre que houver impactes residuais não minimizáveis sobre espécies e ecossistemas importantes

4 – Equidade e qualidade de vida

� Garantir equidade de oportunidades para todos, em particular aos membros mais pobres e mais vulneráveis de uma comunidade tendo em vista a criação de uma boa qualidade de vida para todos

� Equidade intra-geracional

� Um projecto deve:� Fornecer um leque de amenidades e serviços disponíveis para toda a comunidade

� Garantir que são criadas condições para a habitação social, envolvendo os proponentes nesse processo

� Demonstrar que o projecto contribui para uma comunidade mais coesa� Exemplos: implicações sociais da construção de arranha-céus, transportes colectivos, equipamentos colectivos

5 – Eficiência� Reduzir as necessidades de energia e de bens materiais sobre os sistemas sociais e ecológicos

� Aumentar a eficiência e reduzir a produção de resíduos

� Normalmente, para um promotor, a sustentabilidade limita-se a isto!

� Um projecto deve demonstrar:� Que segue as regras da eficiência energética

� Como é que promove o emprego local

� Como é que incorpora a geração de energias renováveis e de outros recursos sustentáveis

� Que incorpora todas as medidas existentes para minimizar a produção de resíduos e a sua descarga para o ambiente

� Aplica os princípios da análise de ciclo de vida

6 – Democracia e governância� Garantir que as propostas são desenvolvidas através de processos de participação pública e de tomadas de decisão transparentes

� O processo é importante!� Não pode ser:

� Decidir – Anunciar – Defender

� As pessoas afectadas por um projecto devem participar na tomada de decisão

� Como lidar com a fadiga do público?...

� Um projecto deve� Envolver de forma genuína a comunidade envolvida (local, regional, nacional) na visão de futuro, planeamento e desenvolvimento de um projecto

� Promover um processo de envolvimento do público independente

� Honrar os resultados dos processos de consulta anteriores

7 – Integração imediata e a longo-prazo

� O processo de tomada de decisão deve reflectir de modo equivalente a importância de cada princípio da sustentabilidade

� Não pode haver compromissos relativamente a nenhum dos princípios

� Os 7 princípios devem ser aplicados em simultâneo

� Um projecto deve� Demonstrar que:

� todos os 7 princípios são seguidos

� Há um benefício líquido

Na prática…

� É muito difícil cumprir isto tudo!� Há sempre trade-offs (compromissos) em cima da mesa…

� Os trade-offs devem:� Obter ganho líquido máximo, evitando efeitos adversos significativos� Cabe ao proponente a justificação das opções feitas e não aos seus opositores

� Evitar efeitos adversos significativos a não ser que alternativa seja ainda mais negativa

� Evitar a deslocação do presente para o futuro dos efeitos adversos� Todos os trade-offs devem ser acompanhados de uma justificação explícita

� Todos os trade-offs devem resultar do envolvimento efectivo de todos os interessados

Principais contributos

� A velha sustentabilidade dá pistas mas não será a solução� É necessário “industrializar” a sustentabilidade (paradoxo aparente)

� Consumo sustentável em massa� Procurar novos modelos culturais e de consumo

� É possível operacionalizar a sustentabilidade� Não criar novos instrumentos legais� Quase sempre haverá que fazer compromissos

� Sustentabilidade não deve replicar o discurso da caridade