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Catarina Ramos [email protected] Lisboa, 8 de novembro de 2014 Água: desafios para a sustentabilidade energética Água Energia

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Page 1: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Catarina Ramos

[email protected]

Lisboa, 8 de novembro de 2014

Água: desafios para a

sustentabilidade energética

Água Energia

Page 2: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Água e energia são fundamentais para o bem-estar

humano e para o desenvolvimento socioeconómico.

Água Energia

Em todo o mundo, estima-se que:

• 768 milhões de pessoas permanecem sem acesso a uma fonte de água potável

• 2,5 mil milhões continuam sem acesso a saneamento básico

• mais de 1,3 mil milhões ainda não têm acesso a eletricidade

As necessidades de água e energia continuarão a aumentar, significativamente,

ao longo das próximas décadas, para satisfazer economias em crescimento,

mudança de estilos de vida e a evolução dos padrões de consumo.

Page 3: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Esta pressão sobre recursos e sistemas

naturais pode:

• ser um fator limitante ao desenvolvimento

sustentável de determinadas sociedades,

• agravar as desigualdades e os conflitos

regionais pela partilha de recursos hídricos

e energéticos.

Água Energia

Page 4: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Stress

Hídrico

severo >40%

elevado 20-40%

baixo 10–20%

s/ stress < 10%

Fonte: UNEP

A questão do acesso à água

Escassez crónica de água

Page 5: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

As mudanças de estado a que a água é submetida, durante as fases do ciclo

hidrológico, dão-se a temperaturas bem definidas, o que quer dizer que uma

pequena variação da temperatura do Globo pode modificar substancialmente

as condições do ciclo hidrológico, retardando-o ou acelerando-o.

• Aumento de T: aceleração do ciclo

aumento da evaporação e da

quantidade de água na atmosfera

• Descida de T: retardamento do ciclo

aumento das calotes de gelo e glaciares

Alterações climáticas Diferentes impactes regionais

http://www.gfdl.noaa.gov/

A questão do acesso à água

Page 6: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

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secas

tem

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tura

s

extr

em

as

outr

os

%

eventos

mortos

afectados

Catástrofe natural se provocar, pelo menos, uma de quatro consequências

possíveis:

(i) dez ou mais vítimas mortais,

(ii) cem ou mais pessoas afectadas no imediato,

(iii) se existir um pedido de ajuda internacional;

(iv) se existir a declaração do estado de emergência.

A água enquanto Risco

Fonte: EM-DAT.

Catástrofes naturais no Planeta

nos últimos 40 anos do século XX

> 40% dos eventos

> 80% dos afetados

> 50% dos mortos

Page 7: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

• 48% dos países considera a importância da água para a energia,

nos seus processos de planeamento, como prioridade

elevada a muito elevada

• essa % eleva-se à medida que o índice de

desenvolvimento humano baixa

(67% para os países de IDH baixo e

54% de IDH médio)

A Água para a produção de energia

Fonte: WWDR, 2014

Page 8: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

O “elo água-energia" advém do facto destes dois fatores

do desenvolvimento estarem fortemente ligados e serem interdependentes:

(i) a água é necessária para produzir, transportar e utilizar, em algum grau,

todas as formas de energia;

(ii) a energia é essencial para a extração, tratamento e distribuição de água,

bem como a sua recolha e tratamento após o uso.

Entre 2010 e 2035,

• a procura global de energia deve crescer mais de um terço, com a China,

Índia e os países do Médio Oriente a representarem 60% desse aumento

• o consumo de eletricidade terá um crescimento de aproximadamente 70%,

com a China e a Índia respondendo por mais da metade desse crescimento

Água Energia

Fonte: WWDR, 2014

Page 9: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

A utilização da Água

As captações de água irão aumentar, entre

2000 e 2050, cerca de 55%,

principalmente por causa da produção

industrial (400%), produção de eletricidade

a partir de energia térmica (140%) e para

uso doméstico (130%).

Captações de água doce por setor,

entre 2000 e 2050

(mantendo o cenário atual)

irrigação uso doméstico pecuária

eletricidade indústria

Page 10: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Fonte: WEO, 2012

Água utilizada para a produção de energia primária

Litros de água por tonelada equivalente de petróleo (tep)

gás natural (convencional)

carvão

gás de xisto

refinação de petróleo (convencional)

refinação de petróleo (areias betuminosas)

gás natural liquefeito

carvão liquefeito

refinação de petróleo (recuperação avançada de petróleo)

etanol celulósico

biodiesel de óleo de palma

biodiesel de colza

biodiesel de soja

etanol de milho

etanol de cana de açúcar

Captações

Consumos

A água é necessária para a produção de quase todas as formas de energia:

extração de recursos energéticos, irrigação de culturas para biocombustíveis,

refinação, processamento e transporte de combustíveis.

Page 11: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

A Agência Internacional de Energia calcula que, ao ritmo atual, a água utilizada

para a produção de energia aumentará de 66 mil milhões de m3/ano, em 2012,

para 135 mil milhões de m3/ano até 2035.

Esta duplicação deve-se aos aumentos da produção de eletricidade a partir das

centrais a carvão e dos biocombustíveis.

A Água para a produção de energia

Fonte: WEO, 2012

Page 12: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Fonte: http://environment.nationalgeographic.com/environment/energy/great-energy-challenge/world-electricity-mix/

Produção de eletricidade (em TWh) por fonte energética em 2008

Page 13: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Fonte: http://environment.nationalgeographic.com/environment/energy/great-energy-challenge/world-electricity-mix/

Produção de eletricidade (em TWh) por fonte energética em 2035

Page 14: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

A Água para a produção de energia

TWh

Fonte: WWDR, 2014

Fonte: http://environment.nationalgeographic.com/environment/energy/

great-energy-challenge/world-electricity-mix/

Page 15: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Água para a produção de energia: a resposta tecnológica

B. Pedrogão

B. Alqueva

B. Alqueva

B. Pedrogão

Sistemas integrados em regime reversível:

Pedrogão: albufeira de contra-embalse

Alqueva: operação em regime reversível de

turbinamento e bombagem da central hidroelétrica

possibilita a recuperação dos caudais utilizados na

produção de energia

Page 16: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Fonte: WWDR, 2014

A energia para o fornecimento

de água

Atualmente existem mais de 16 000 centrais de

dessalinização em todo o mundo, com uma

capacidade de produção de cerca de 70 milhões

de m3/dia.

Rios ou lagos: 0,37 KWh/m3

Toalhas aquíferas: 0,48 KWh/m3

Tratamento de águas residuais: 0,62–0,87 KWh/m3

Reutilização de águas residuais: 1,0-2,5 KWh/m3

Água do mar: 2,58-8,5 KWh/m3

Quantidade de energia necessária

para fornecer 1 m3 de água potável

para consumo humano

Page 17: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

• Grande crescimento demográfico:

Em 2010: 45 milhões de habitantes

Em 2050 estima-se que atinjam 70 milhões de habitantes

• Desenvolvimento socioeconómico acelerado

• Aumento substancial da procura da água

Aumenta o stress especialmente sobre recursos hídricos não renováveis

• Aumento dos gastos de energia para ir buscar a água a maior profundidade e a

maior distância e para tratar água de baixa qualidade para abastecimento

doméstico e produção de alimentos

• A interdependência entre água e energia tem levado a um aumento da emissão de

gases de efeito de estufa que, mantendo a tendência atual, duplicará em 2035

• Feedback de deterioração ambiental

O caso dos GCC (Gulf Cooperation Council Countries)

A energia para o fornecimento de água

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Centrais de Dessalinização:

• cerca de 50% da capacidade mundial está

instalada nos GCC

• em 2005, cerca de 55% da água para

abastecimento doméstico provinha da

dessalinização

• continuação do aumento da água da

dessalinização devido à degradação dos aquíferos

• países ricos em combustíveis fósseis (petróleo,

gás natural), a dessalinização utiliza de forma

intensiva e crescente esses combustíveis

• Arábia Saudita: 25% da produção de petróleo e gás natural é utilizado nas centrais

de dessalinização.

Se se mantiverem as atuais tendências essa % chegará a 50% em 2030

• Kuwait: em 2035 a energia requerida para as centrais de dessalinização igualará a

produção de petróleo em 2011-12 (2,5 milhões de barris /dia)

A energia para o fornecimento de água

Page 19: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

• Estas projeções são alarmantes:

não sustentabilidade energética, emissão de gases de efeito de estufa e

poluição marinha pelas descargas do subproduto (salmoura)

• Ainda não se conhecem os impactes a nível térmico sobre os frágeis

ecossistemas marinhos da região

• Que energia para as centrais de dessalinização?

Em 2010, os GCC assinalaram a Declaração de Abu Dhabi: visão estratégica

a médio e longo prazo para a interligação entre água-energia-agricultura,

efeitos das alterações climáticas, impactes ambientais da dessalinização, com

especial destaque para a procura e conservação da água. A Declaração inclui

instrumentos económicos, tecnológicos, legislativos e sociais.

A energia para o fornecimento de água

Page 20: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

A mudança do paradigma energético:

“Solar Water Desalination”, iniciativa do Rei

Abdullah (Arábia Saudita), lançada em 2010.

Objetivo: construção de centrais solares

para dessalinização, de modo a que toda a

água proveniente da dessalinização utilize

apenas energia solar em 2019, a custos

muito mais baixos do que os atuais dos

combustíveis fósseis:

Energia solar:

2010: 0,52 a 1,13 euros / m3 de água

2019: 0,31 euros / m3 de água

A energia para o fornecimento de água

Fonte: WWDR, 2014

Page 21: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Água Energia

• Aproximadamente 90% da geração de energia é intensiva em água.

Não é mais possível pensar o planeamento e gestão de recursos hídricos

sem a avaliação das questões energéticas e vice-versa

• A mudança do paradigma energético deve incluir obrigatoriamente a

avaliação dos recursos hídricos existentes

• O desenvolvimento tecnológico deve ser apoiado por políticas

específicas a fim de minimizar os impactes da utilização crescente de água

e da energia

Page 22: Painel IV - A água e a energia: Água: desafios para a sustentabilidade energética– Catarina Ramos (IGOT/CEG /SLIF, Univ. Lisboa)

Catarina Ramos

[email protected]

Lisboa, 8 de novembro de 2014

Água: desafios para a

sustentabilidade energética

Água Energia