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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06. REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH UFPA Faculdade de Meteorologia 2º Distrito de Meteorologia Diretoria de Recursos Hídricos SIPAM - CR-BE Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental ANO V Nº 51 MARÇO 2011 Boletim disponível online em: www3.ufpa.br/rpch Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês: A distribuição espacial das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no mês de fevereiro de 2010 é mostrada na FIGURA 1. As anomalias negativas de TSM no Pacífico tropical já perduram pelo nono mês consecutivo, entretanto, observa-se uma redução em sua área de extensão, assim como o surgimento de anomalias positivas ao longo da costa oeste da América do Sul principalmente entre as latitudes de 5ºS e 25ºS. Essa configuração ainda mantém o fenômeno La Niña, porém, com atuação moderada em relação ao favorecimento a ocorrência de chuvas acima do normal em grande parte da Amazônia. No Atlântico tropical norte as anomalias positivas de TSM mais intensas, 2ºC, continuam próximas a costa da África, porém, nota-se redução na intensidade em relação ao mês anterior, assim como a presença de uma área maior com águas dentro da normalidade. Já a porção sul do Atlântico tropical apresenta uma região com águas bastante aquecidas, acima de 3ºC, ao longo do litoral africano, 10ºS e 25ºS, se estendendo até próximo a costa do nordeste Brasileiro. Por outro lado há uma extensa área com anomalias positivas de TSM, entre 35°S e 50°S, chegando até grande parte do litoral entre o Estado da Bahia e o sudeste da Argentina. A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada em fevereiro na alta troposfera, 200 hPa, aproximadamente 12 km de altura. O centro do anticiclone (Alta da Bolívia) aparece bem definido e intenso, entre a Bolívia e o Paraguai, o cavado em altos níveis associado ao mesmo, presente e com eixo alinhado sobre o nordeste do Brasil até o leste da Amazônia. A Alta da Bolívia segue seu ciclo sazonal e nesse período, contribuiu para o transporte de umidade da região Amazônica para o sudeste Brasileiro, alimentando a nebulosidade associada aos sistemas frontais, gerando as chuvas. Padrões climáticos persistentes no último trimestre: A FIGURA 3 representa os padrões médios de anomalias de TSM para o período compreendido entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011, onde se observa grande parte do oceano Pacífico tropical com águas mais frias em relação à média, por outro lado o litoral da costa oeste da América do Sul, apresentou padrões de normalidade. Quanto ao Atlântico tropical, as anomalias positivas de TSM ocorreram especialmente entre 0º e 25ºN e entre 35°S e 50°S, esta, se estendendo pelo litoral Brasileiro, o que favoreceu a permanência dos sistemas frontais sobre as regiões sudeste/centro-oeste, assim como sua interação com a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em fevereiro/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP 1 . FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em fevereiro/2011. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. A letra “A” representa o centro do anticiclone. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP. FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de dezembro/2010 a fevereiro/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP. 1 National Centers for Environmental Prediction

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|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 1 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06.

REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ - RPCH

UFPA

Faculdade de Meteorologia

2º Distrito de Meteorologia

Diretoria de Recursos

Hídricos

SIPAM - CR-BE

Divisão de Meteorologia Divisão de Análise Ambiental

ANO V Nº 51 MARÇO 2011 Boletim disponível online em: www3.ufpa.br/rpch

►Padrões oceânicos e atmosféricos do último mês:

A distribuição espacial das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no mês de fevereiro de 2010 é mostrada na FIGURA 1. As anomalias negativas de TSM no Pacífico tropical já perduram pelo nono mês consecutivo, entretanto, observa-se uma redução em sua área de extensão, assim como o surgimento de anomalias positivas ao longo da costa oeste da América do Sul principalmente entre as latitudes de 5ºS e 25ºS. Essa configuração ainda mantém o fenômeno La Niña, porém, com atuação moderada em relação ao favorecimento a ocorrência de chuvas acima do normal em grande parte da Amazônia.

No Atlântico tropical norte as anomalias positivas de TSM mais intensas, 2ºC, continuam próximas a costa da África, porém, nota-se redução na intensidade em relação ao mês anterior, assim como a presença de uma área maior com águas dentro da normalidade. Já a porção sul do Atlântico tropical apresenta uma região com águas bastante aquecidas, acima de 3ºC, ao longo do litoral africano, 10ºS e 25ºS, se estendendo até próximo a costa do nordeste Brasileiro. Por outro lado há uma extensa área com anomalias positivas de TSM, entre 35°S e 50°S, chegando até grande parte do litoral entre o Estado da Bahia e o sudeste da Argentina.

A FIGURA 2 mostra a circulação atmosférica média observada em fevereiro na alta troposfera, 200 hPa, aproximadamente 12 km de altura. O centro do anticiclone (Alta da Bolívia) aparece bem definido e intenso, entre a Bolívia e o Paraguai, o cavado em altos níveis associado ao mesmo, presente e com eixo alinhado sobre o nordeste do Brasil até o leste da Amazônia. A Alta da Bolívia segue seu ciclo sazonal e nesse período, contribuiu para o transporte de umidade da região Amazônica para o sudeste Brasileiro, alimentando a nebulosidade associada aos sistemas frontais, gerando as chuvas. ►Padrões climáticos persistentes no último trimestre:

A FIGURA 3 representa os padrões médios de anomalias de TSM para o período compreendido entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2011, onde se observa grande parte do oceano Pacífico tropical com águas mais frias em relação à média, por outro lado o litoral da costa oeste da América do Sul, apresentou padrões de normalidade.

Quanto ao Atlântico tropical, as anomalias positivas de TSM ocorreram especialmente entre 0º e 25ºN e entre 35°S e 50°S, esta, se estendendo pelo litoral Brasileiro, o que favoreceu a permanência dos sistemas frontais sobre as regiões sudeste/centro-oeste, assim como sua interação com a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

FIGURA 1: Anomalia mensal de Temperatura da Superfície do Mar em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico em fevereiro/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP1.

FIGURA 2: Precipitação mensal CPC/NCEP e vento (linhas de corrente em preto) em altitude (200 hPa) observados em fevereiro/2011. A escala de cores ao lado da figura indica a intensidade da precipitação em mm. A letra “A” representa o centro do anticiclone. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

FIGURA 3: Anomalia trimestral de TSM em ºC observada sobre os oceanos Pacífico e Atlântico no período de dezembro/2010 a fevereiro/2011. Produto gerado pela RPCH com dados do NCEP.

1 National Centers for Environmental Prediction

|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 2 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06.

►Características Regionais da Chuva observada em fevereiro de 2011:

A FIGURA 4A mostra os volumes mensais de chuva registrados nas estações meteorológicas de superfície. Grandes acumulados pluviométricos foram observados sobre grande parte do Estado do Pará, com destaque para as regiões nordeste, com exceção o litoral, e a porção sudoeste do Estado, nas estações de Itaituba e Cajueiro em Altamira. Os valores mais elevados de chuva ocorreram na região nordeste, com destaque para as estações de Capanema e Tomé Açu, que atingiram 471 mm e 527 mm, respectivamente e Soure no Marajó com 493 mm. A distribuição espacial da precipitação pode ser visualizada na FIGURA 4B, onde, destaca-se a porção norte da ilha do Marajó, parte do nordeste, e o sul do Estado, com tons em azul, ou seja, valores oscilando entre 400 e 600 mm. A categorização das anomalias de precipitação é observada na FIGURA 4C, onde, as classes de chuva na categoria acima e muito acima do normal foram predominantes nas porções sudoeste e sudeste do Estado, assim como parte do nordeste e uma estreita área no baixo Amazonas, e resultam da interação entre sistemas precipitantes de diferentes escalas meteorológicas, como as Linhas de Instabilidade, ZCIT e os sistemas frontais que se aproximaram da região Amazônica, intensificando e organizando a nebulosidade, gerando as chuvas no Estado do Pará. O extremo norte do Baixo Amazonas, sul da região do Marajó e parte do nordeste, incluindo o litoral, ficaram com chuvas nas categorias abaixo e muito abaixo do normal.

FIGURA 4A: Precipitação mensal observada nas estações pluviométricas do INMET, ANA/CPRM e SEMA. Os valores indicam o total mensal em mm.

FIGURA 4B: Precipitação interpolada espacialmente sobre o Estado do Pará. A escala de cores indica o volume de chuva acumulado em mm.

FIGURA 4C: Anomalia categorizada da precipitação pelo método dos percentis para as categorias MUITO

ACIMA, ACIMA, NORMAL, ABAIXO e MUITO ABAIXO.

►Características Persistentes da Chuva no Último Trimestre: A FIGURA 5 mostra a anomalia de precipitação categorizada

para o trimestre: dezembro/2010 e janeiro/fevereiro de 2011. Os municípios situados entre a porção sul da região do Baixo Amazonas e parte do sudoeste do Estado, tiveram maior influência de fenômenos de grande escala e mesoescala, o que intensificou as chuvas na região, aumentando os índices pluviométricos, ficando assim, um padrão de chuvas acima e muito acima do normal. Nas demais regiões, houve predomínio do padrão de normalidade na distribuição das chuvas, com pontos isolados abaixo do normal.

FIGURA 5: Anomalia categorizada da precipitação no trimestre

dezembro/2010 janeiro-fevereiro de 2011.

A climatologia mensal da precipitação foi obtida com base no

método dos percentis aplicado aos dados das estações pluviométricas contendo séries temporais com mais de 30 anos de registros de chuva. Esta metodologia estatística indica os valores mais freqüentes de precipitação da categoria normal em um intervalo entre o mínimo climatológico (painel inferior da Fig. 6) e o máximo climatológico (painel superior da Fig. 6) esperado para cada mês.

O trimestre apresenta variação de chuvoso a menos chuvoso/seco principalmente na porção sul do Estado, em especial os meses de maio e junho, onde, torna-se mais rara a aproximação dos sistemas frontais, principal responsável pelas chuvas nessa região. Já no norte do Estado às chuvas são geradas ainda devido à interação entre sistemas meteorológicos de diferentes escalas como a ZCIT e linhas de instabilidade entre outros, favorecidos pela circulação de brisa.

FIGURA 6: Climatologia mensal da precipitação sobre o estado do Pará referente aos meses de abril, maio e junho.

|| Boletim de Análise e Previsão Climática da RPCH || página - 3 - O uso das informações contidas neste boletim é de completa responsabilidade do usuário. O projeto RPCH é financiado pela MCT, através do convênio 3641/06.

CONSIDERAÇÕES COMPLEMENTARES: Este boletim é resultado da 51ª Reunião de Análise e Previsão Climática organizada pela RPCH no dia 23/03/2011 na Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Belém-PA.

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS E DE APOIO TÉCNICO-CIENTÍFICO:

DEFESA CIVIL

PARÁ

►Prognóstico Climático Mensal: Na FIGURA 7, apresentam-se as previsões de consenso da precipitação para cada mês do próximo trimestre para o Estado do Pará,

sendo que no painel superior tem-se o mapa da previsão da precipitação em anomalias categorizadas e no painel inferior, o volume de chuva correspondente a categoria prevista. Devido ao enfraquecimento do fenômeno climático La Niña, as condições favoráveis à intensificação dos movimentos ascendentes, ou seja, favorecimento a formação de nuvens e a conseqüente ocorrência de chuvas ocorrerão de forma mais amena, sendo assim, os totais mensais de precipitação de uma forma geral, devem ficar dentro da categoria normal em grande parte do Estado do Pará no trimestre abril/maio/junho, com exceção o mês de abril, em que o posicionamento da ZCIT assim como a sua interação com sistemas meteorológicos de escala menor, ainda influenciaram para o predomínio da categoria acima do normal em diversas regiões do Estado. A partir de maio a ZCIT segue sua marcha rumo ao Hemisfério norte o que de certa forma reduzirá a formação de áreas de instabilidade sobre o norte paraense.

Abril/2011: Precipitação acima do normal nas regiões do Baixo Amazonas, sudoeste do Estado, porção central, Marajó e parte do nordeste, incluindo a Região Metropolitana de Belém (RMB). Nas demais regiões as chuvas ficarão dentro da categoria normal, sujeito a pontos isolados abaixo do normal.

FIGURA 7A: Prognóstico mensal para Abril/2011.

Maio/2011: Predomínio de chuvas acima do normal apenas nas regiões do Baixo Amazonas, parte do sudoeste do estado, até o município de Itaituba, e oeste da Ilha do Marajó. Nas demais áreas as chuvas ficarão dentro da normalidade, com alguns pontos isolados abaixo do normal.

FIGURA 7B: Prognóstico mensal para maio/2011.

Junho/2011: Chuvas na categoria abaixo do normal em parte do nordeste Paraense, incluindo o litoral, porções oeste e sul da região do Marajó, assim como o leste do Baixo Amazonas. No restante do Estado, predomínio da categoria normal sujeito a pontos isolados abaixo do normal.

FIGURA 7C: Prognóstico mensal para junho/2011.

►Prognóstico Climático Sazonal da Precipitação: A previsão para o trimestre abril, maio e junho é representada pela FIGURA

8, onde, o mapa acima é demonstrativo da anomalia categorizada de chuvas e a figura abaixo, os totais de chuva em milímetros. Predomínio da categoria normal em grande parte do Estado, a exceção fica para o Baixo Amazonas e parte do sudoeste, com chuvas na categoria acima do normal desde o município de Oriximiná se estendendo até a sede do município de Itaituba, evidenciando assim, o favorecimento nessa região, à interação entre a ZCIT, Linhas de Instabilidade, e os sistemas meteorológicos de escala menor. As regiões com precipitações dentro da normalidade ocorrerão, sobretudo, devido ao enfraquecimento do fenômeno La Niña, que perdurando, influenciará diretamente nos totais mensais de chuva. Deste modo, as chuvas deverão ficar dentro da categoria normal, sujeito a pontos isolados acima e abaixo do normal.

►Prognóstico de Temperatura: As temperaturas de modo geral ficarão dentro da média em todo o Estado

do Pará no trimestre abril, maio e junho ocorrendo alguns pontos isolados com temperaturas variando em torno de 1°C, tanto acima quanto abaixo da média.

FIGURA 8: Prognóstico sazonal para o trimestre abril/maio/junho de 2011.