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PADRÕES PARA INFRA-ESTRUTURA E MOBILIÁRIO DE BIBLIOTECAS Samile Andréa de Souza Vanz, CRB 10/1398 1 RESUMO O trabalho destina-se a profissionais envolvidos em projetos de reforma ou construção de bibliotecas, reunindo recomendações acerca de iluminação, acústica, insolação, ventilação, temperatura e umidade, bem como apresenta soluções ao nível de mobiliário e layout de bibliotecas. 1 INTRODUÇÃO Seguindo uma linha tradicional ou moderna, a biblioteca pretende cativar e sensibilizar seu usuário, e tornar-se espaço para leitura, pesquisa e cultura, rompendo com a velha imagem de templos de silêncio e rabugice. Para isso, um certo número de acontecimentos é necessário, com o objetivo de chamar a atenção daqueles que não tem necessidade de freqüentar a biblioteca, mas o fazem em busca de uma leitura agradável, o fazem porque sentem prazer em freqüentar e preencher seu tempo livre no ambiente da biblioteca. Para receber estes usuários é preciso que a biblioteca ofereça um acervo rico e bons serviços, além de dispor de um espaço físico adequado, com condições confortáveis para leitura e pesquisa. O planejamento de uma biblioteca sempre inicia com a análise do espaço físico disponível. Quando o prédio é projetado especialmente para uma biblioteca consegue-se prever e atender os requisitos mínimos. Já os prédios reformados ou adaptados nem sempre atendem as condições mínimas, mas, tendo-se algum conhecimento destas condições, é possível chegar muito perto do ideal. O objetivo deste trabalho é estabelecer diretrizes e recomendações para melhorar as condições de conforto, segurança, estabilidade, 1 Bibliotecária formada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Comunicação e Informação pelo PPGCOM-UFRGS. www.biccateca.com.br

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PADRÕES PARA INFRA-ESTRUTURA E MOBILIÁRIO DE BIBLIOTECAS

Samile Andréa de Souza Vanz, CRB 10/13981

RESUMOO trabalho destina-se a profissionais envolvidos em projetos de reforma ou construção de bibliotecas, reunindo recomendações acerca de iluminação, acústica, insolação, ventilação, temperatura e umidade, bem como apresenta soluções ao nível de mobiliário e layout de bibliotecas.

1 INTRODUÇÃO

Seguindo uma linha tradicional ou moderna, a biblioteca pretende

cativar e sensibilizar seu usuário, e tornar-se espaço para leitura, pesquisa e

cultura, rompendo com a velha imagem de templos de silêncio e rabugice.

Para isso, um certo número de acontecimentos é necessário, com o objetivo

de chamar a atenção daqueles que não tem necessidade de freqüentar a

biblioteca, mas o fazem em busca de uma leitura agradável, o fazem porque

sentem prazer em freqüentar e preencher seu tempo livre no ambiente da

biblioteca. Para receber estes usuários é preciso que a biblioteca ofereça um

acervo rico e bons serviços, além de dispor de um espaço físico adequado,

com condições confortáveis para leitura e pesquisa.

O planejamento de uma biblioteca sempre inicia com a análise do

espaço físico disponível. Quando o prédio é projetado especialmente para

uma biblioteca consegue-se prever e atender os requisitos mínimos. Já os

prédios reformados ou adaptados nem sempre atendem as condições

mínimas, mas, tendo-se algum conhecimento destas condições, é possível

chegar muito perto do ideal.

O objetivo deste trabalho é estabelecer diretrizes e recomendações

para melhorar as condições de conforto, segurança, estabilidade,

1 Bibliotecária formada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestre em Comunicação e Informação pelo PPGCOM-UFRGS.

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funcionalidade e salubridade das bibliotecas. Não se pretende constituir um

regulamento, mas transmitir algumas orientações aos profissionais envolvidos

em projetos e execução de bibliotecas, enumerando itens que devem ser

priorizados nos novos projetos ou nas reformulações de bibliotecas já

existentes.

Obras de qualidade não são necessariamente onerosas, luxuosas e

bonitas, mas devem atender a necessidade dos usuários – clientes de uma

biblioteca. Não se pode esquecer do usuário interno: funcionários, auxiliares,

técnicos e bibliotecários, pessoas que convivem dentro do espaço da

biblioteca por pelo menos oito horas diárias, transitando por meio de estantes

e de documentos, atendendo usuários por meio do telefone ou e-mail,

catalogando, restaurando e desenvolvendo outras atividades.

Num segundo momento, o usuário externo da biblioteca deve ser

pensado: idade dos freqüentadores, necessidades para leitura e recreação,

espaços alternativos para exposições, sessões de autógrafos, palestras e

mini-cursos, necessidades especiais para deficientes físicos, auditivos e

visuais. Conhecer o usuário e suas demandas é ponto chave para o sucesso

de um projeto de um novo prédio ou da reformulação da antiga biblioteca.

De forma global é necessário conhecer as características do local onde

se instala a biblioteca: clima, temperatura, umidade, posição solar do prédio

ou sala, peculiaridades do terreno. Além de conhecer estas características

locais e os usuários interno e externo, um projeto para biblioteca deve

considerar os recursos financeiros existentes.

Após definição dos recursos e público a que se destina, os espaços

necessários na biblioteca devem ser definidos, e assim, além do estudo da

funcionalidade, torna-se necessário, segundo Mambrini (1997), uma boa

solução a nível de iluminação, ventilação, acústica, insolação, temperatura e

umidade, tanto para conservação do acervo quanto para sua consulta.

Segundo o autor, são necessárias reflexões sobre as condições climáticas,

econômicas, culturais e locais do ambiente onde vai ser instalada a

biblioteca.

Utilizar-se da experiência de outras bibliotecas é uma fonte importante

de informações, bem como a Internet, que disponibiliza as mais diferentes

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informações sobre empresas e produtos. A busca por produtos,

equipamentos e empresas que possuem certificação de qualidade, que

atuam de acordo com normas da ABNT, ISO e outras instituições

regulamentadoras, garantem a melhor relação custo-benefício no momento

da aquisição. É necessário priorizar a segurança e durabilidade, tanto da

construção quando dos equipamentos de uma biblioteca.

Convém analisar a facilidade de reposição de peças e manutenção

dos equipamentos, assim como a compatibilidade dos mesmos com

diferentes fornecedores. Evitar a aquisição de produtos e serviços

monopolizados por um único fornecedor é uma forma de prevenir transtornos

com empresas que praticam preços abusivos e até mesmo deixem de atuar

no segmento por motivo de falência.

O presente trabalho incorpora uma orientação simples elaborada por

um profissional bibliotecário interessado na temática. A Biccateca objetiva

colaborar com os profissionais no planejamento, organização, racionalização

do seu espaço e acervo, auxiliando na rápida e eficaz transmissão da

informação ao usuário, fornecendo móveis adequados e ergonômicos para o

melhor aproveitamento dos espaços.

2 O AMBIENTE BIBLIOTECA

A localização geográfica da biblioteca pode ser considerada um fator

que define a freqüência de uso da mesma, independente da relevância e

qualidade do acervo, dos bons profissionais e serviços prestados. Por isso é

fundamental que a biblioteca situe-se bem dentro de um prédio, ou em um

quarteirão, no caso das bibliotecas públicas, ou mesmo dentro de um campus

universitário. A biblioteca deve ser visível, ocupando posição de centralidade,

tornando-se ponto de referência dentro da instituição, do campus, ou mesmo

da cidade onde está instalada. A facilidade de acesso define o movimento

que a biblioteca tem, portanto, o acesso tanto do interior quanto do exterior

deve ser fácil, com percursos bem sinalizados.

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Segundo o documento para Apoio Técnico para as Bibliotecas

Escolares do Ministério da Educação de Portugal, a biblioteca deve ser local

de convergência, cuja localização convide a entrada e o seu interior convide a

permanência. A facilidade de acesso do exterior permite a cooperação com

outras escolas do bairro e também a participação dos pais dos alunos.

É necessário prever o acesso para deficientes, bem como linhas de

ônibus para acesso ao local da biblioteca e estacionamento para veículos.

Uma biblioteca pode dispor de inúmeros setores,dependendo do

público, espaço físico e missão da instituição. Atualmente, além dos

tradicionais setores de leitura e guarda do acervo estão surgindo os espaços

para multimídia e acesso a bases de dados, setor de documentos em braile,

documentos sonoros e audiovisuais, balcões para auto atendimento (auto

empréstimo e devolução). Para Mambrini (1997) as novas exigências em

relação a terminais de computador para acesso a bancos de dados e

informação eletrônica são realidade nas bibliotecas nacionais. Assim, o

espaço para consulta e leitura está sendo modificado, e as novas instalações

demandam conforto ambiental para sua utilização.

Um espaço situado na entrada da biblioteca, reservado aos usuários

que utilizam materiais próprios para leitura facilita a entrada e saída das

pessoas que desejam apenas um local adequado para leitura, mas não

querem se submeter à vistoria dos pertences ou ter que deixá-los nos

armários individuais. Um espaço deste tipo não exige recursos humanos

disponíveis em tempo integral, e destaca-se como um serviço que a

Biblioteca disponibiliza ao usuário.

Próximo à área de entrada também poderá funcionar um setor para

leitura informal dos jornais diários e revistas de atualidades. Este setor serve

como um convite à utilização da biblioteca, e deve ser planejado de forma

criativa e aconchegante.

Ainda sobre o hall de entrada da biblioteca, Figueiredo (1990)

apresenta idéias que podem sistematizar o trabalho:

A adoção de comunicação visual ou de amplasinalização facilita o auto-serviço e diminui a demanda de orientação, deixando o usuário mais à vontade e

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com possibilidade de se locomover e encontrar o que busca na biblioteca. Uma planta do edifício com alocalização das coleções deve estar visível, logo àentrada, para facilitar o fluxo. Indicações com cores e legendas de fácil visualização para cada uma das áreas de assunto existentes, bem como instruções sobre o manejo dos catálogos, devem ser implementadas. Um folheto (guia da biblioteca) explicando o uso epossibilidades de serviços e materiais deve estardisponível à entrada da biblioteca. (FIGUEIREDO,1990, p. 102-103).

A sinalização da biblioteca deve ser criada por bibliotecários,

arquitetos e artistas gráficos, com base nos padrões de tráfego dos usuários

e funcionários. De acordo com Figueiredo (1990, p.109), a finalidade da

sinalização é oferecer a possibilidade de:

a) identificar e localizar a biblioteca;

b) orientar os usuários para acesso e uso dos recursos materiais;

c) melhorar a acessibilidade pelo direcionamento dos usuários para estes

recursos tão eficientemente quanto possível;

d) identificar recursos, áreas de serviços, acomodações, de tal maneira

que sejam imediatamente reconhecidos;

e) informar sobre regulamentos, horários, fatos especiais;

f) prover informação institucional, quando necessária;

g) notificar mudanças ou condições temporárias.

Quanto ao espaço físico, grandes mudanças têm sido necessárias

para atender as solicitações das comissões verificadoras do MEC no contexto

das bibliotecas universitárias:

Tradicionalmente, as bibliotecas convivem com osproblemas da necessidade de instalações físicassuficientes para o acervo e para prover serviços aos usuários. Com a automação, os bibliotecários tiveram de repensar as instalações e o espaço necessário e, com o advento das redes de informação e da biblioteca digital, também há que se repensar o espaço e aorganização, questão esta que deve ser bem planejada. O prédio deve funcionar em um ambiente que permita rápida mudança, com tecnologia que facilite o acesso à informação, e o espaço, tradicionalmente ocupado pelo catálogo em ficha ou por algumas coleções já

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disponíveis em CDs ou via Internet, será ocupado por computadores e pontos de acesso para notebooks.(OLIVEIRA, 2002, p. 218).

Na análise do espaço físico, a avaliação dos espaços para leitura

individual e em grupo é constante nas comissões de diversas áreas do MEC.

2.1 Acervo da biblioteca

A boa organização do acervo é fundamental para o seu adequado

funcionamento. O planejamento desta seção da biblioteca deve observar:

a) que suportes de informação existem na biblioteca;

b) quantidade de documentos existentes em cada suporte;

c) previsão de crescimento para cada suporte (para os periódicos é

possível um cálculo simples de acordo com a periodicidade das

assinaturas);

d) definição dos documentos que serão de acesso aberto e restrito ao

usuário;

e) a necessidade da divisão dos documentos de acordo com cada

suporte;

f) a necessidade da divisão de documentos de acordo com a área, por

exemplo, literatura técnica e de lazer, obras de referência, etc.

Atualmente o acesso aberto à área do acervo é fundamental, sendo um

dos itens avaliado pelo MEC durante as visitas as bibliotecas universitárias,

conforme o Manual Geral das Condições de Ensino:

[. . .] visitar as instalações da(s) biblioteca(s) utilizadas pelo curso – instalações para o acervo, considerando a área física, condições de armazenagem (comoiluminação, extintor de incêndio, sistema anti-furto,sinalização), condições de preservação (manutençãopreventiva e corretiva, umidade correta, sistema anti-mofo), de acesso ao acervo por parte dos usuários e de funcionamento; instalações para estudos individuais e salas para estudo em grupo (áreas reservadas paraconsultas e estudo individual de professores e alunos e para consulta à biblioteca local e remota, bem como

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instalação elétrica para uso de computadores dopróprio usuário, acesso a usuários com necessidadesespeciais[. . .] (MEC, 2002, p.74).

Também em Portugal observa-se esta tendência, segundo o

documento para Apoio Técnico para as Bibliotecas Escolares do Ministério da

Educação, que sugere que todos os documentos existentes na biblioteca

sejam de livre e fácil acesso a todos os usuários, devendo os mesmos estar

expostos e sinalizados, para serem facilmente procurados e encontrados. Da

mesma forma, os aparelhos para consulta a microfilmes, vídeos, cds, etc,

devem ser disponibilizados e a utilização autônoma entre os usuários deve

ser facilitada.

Mambrini (1997) sugere que à medida que a informação torna-se

disponível eletronicamente, documentos em suporte papel usados com

menor freqüência podem ser armazenados em arquivos deslizantes, com o

objetivo de reduzir o espaço necessário para estantes, possibilitando maior

espaço para circulação do público ou área de leitura. As estantes deslizantes

permanecem aninhadas e podem ser movimentadas quando necessário pelo

próprio usuário.

O documento de Apoio Técnico para as Bibliotecas Escolares do

Ministério da Educação de Portugal, apresenta valores de referência para

ocupação das estantes. A indicação é de que a capacidade média de uma

prateleira de 1,00m de largura é de 40 livros. Trata-se de um valor de

referência que pode ser adotado aqui no Brasil para acervos de literatura,

ciências humanas e sociais, ciências exatas entre outros, ou seja, acervos

que contemplem livros de espessura média. Nestes casos, a média em torno

de 45 livros por prateleira de 1,00m já prevê os 25% da prateleira indicados

para crescimento do acervo. Percebe-se que a realidade do acervo de cada

biblioteca é fundamental neste tipo de cálculo. Um acervo de referência, da

área de direito ou da saúde, cujos livros são em geral mais espessos,

apresenta um índice menor de ocupação, em torno de 34 livros por prateleira

de 1,00m, com ocupação de 75% da mesma.

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Cabe observar que se trata de valores de referência, deve-se buscar a

adaptação de cada índice a realidade da biblioteca, dos usuários e das

rotinas de trabalho.

2.2 Setor de empréstimo

O setor de empréstimo contempla os serviços de empréstimo e

devolução dos documentos, e não raras vezes, o setor de referência da

biblioteca. Por isso deve ser espaçoso e confortável, de forma que todos os

funcionários e usuários atendidos se sintam à vontade neste setor. Para

planejá-lo, é necessário pensar em alguns detalhes:

a) número de funcionários que trabalham no setor (no horário de maior

concentração);

b) serviços prestados;

c) número de usuários atendidos (no horário de maior concentração);

d) média de empréstimos diários;

e) uso de fichários ou empréstimo automatizado, necessidade de

impressoras de cupom de empréstimo e devolução;

f) uso de aparelhos para desativação e reativação de etiquetas

magnéticas anti furto;

g) espaço destinado aos livros devolvidos, até que estes sejam

recolocados nas estantes;

h) espaço destinado aos livros que precisam de reparos e encadernação.

Considerando a racionalização dos recursos humanos, o setor de

empréstimo deve se constituir em um posto de observação e apoio ao

funcionamento geral da biblioteca.

Anexo ao setor de empréstimo é conveniente instalar armários ou

escaninhos para que os usuários deixem seus pertences, evitando a entrada

de usuários portadores de pastas, mochilas e bolsas.

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2.3 Setor de leitura

Para planejar este setor é necessário considerar a quantidade de

usuários, principalmente nos horários de maior concentração. O MEC (2002),

conforme já visto, considera pertinente que a biblioteca universitária ofereça

salas de estudo em grupo e individuais, recomendação que pode ser

estendida a outros tipos de bibliotecas.

O documento de Apoio Técnico para as Bibliotecas Escolares do

Ministério da Educação de Portugal, oferece alguns cálculos que podem

servir como referência no estudo da organização e instalação de uma

biblioteca. O documento indica que para bibliotecas escolares portuguesas,

deve-se usar o percentual de 10% da população total da escola para prever

capacidade de usuários sentados, e mais 5% de capacidade circulante.

Assim, em uma instituição com 100 alunos matriculados, deve-se prever 10

cadeiras/mesas para leitura e espaço físico para 5 usuários circulando

permanentemente na biblioteca. Os índices apresentados pelo estudo podem

auxiliar no planejamento das bibliotecas nacionais, desde que analisadas as

características locais de cada instituição.

Considera-se pertinente e adequada a disponibilização dos

equipamentos para leitura dos diversos suportes de informação contidos no

acervo, como computadores com drive de CD Rom, DVD e disquete,

televisões, vídeos cassete, aparelhos de DVD e leitores de microfilme.

O piso deste setor pode diferenciar-se do restante da biblioteca pela

necessidade de silêncio para concentração dos usuários leitores. Por isso, é

indicado a instalação de piso com maior capacidade de absorção acústica.

2.4 Coleções especiais

A biblioteca deve prever um espaço físico para guarda e utilização de

coleções especiais e obras raras, projetado para atender as necessidades

deste tipo de documento.

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3 CONFORTO AMBIENTAL

É necessário fazer da biblioteca um ambiente tranqüilizante, criando

uma atmosfera que favoreça a leitura e pesquisa, mas que ao mesmo tempo

instigue a discussão de idéias e a criatividade de seus freqüentadores.

Em prédios ou salas já existentes eventualmente não é possível

proporcionar mudanças substantivas quanto ao conforto ambiental. Porém, a

adoção de alguns cuidados poderão minimizar as condições desfavoráveis de

conforto que existirem:

a) isolamento acústico ou utilização de mecanismos para redução de

ruídos;

b) utilização de quebra sol para proteção de aberturas e evitar a

incidência de raios solares sobre o acervo e usuários;

c) manutenção de temperatura e umidade estáveis, agradáveis ao

usuário;

d) renovação natural ou mecânica do ar;

e) controle do peso, altura e qualidade dos equipamentos e mobiliário, a

fim de preservar a saúde e bem estar dos funcionários e usuários.

No projeto da Biblioteca Municipal de Alpiarça, em Portugal, preservaram-

se as condições que garantem o melhor comportamento térmico e de

iluminação natural, porém todos os aspectos foram complementados com as

instalações técnicas adequadas e necessárias ao conforto dos usuários e à

conservação de todos os documentos.

A temperatura seca elevada ou o ar saturado de umidade provocam

fadiga humana. Por isso a importância de se controlar a temperatura e a

umidade de um ambiente de trabalho. De acordo com Mambrini (1997), o ser

humano responde as condições do ambiente de duas maneiras: uma

fisiológica, através do suor e dos batimentos cardíacos; e outra

comportamental, através do sono, cansaço e redução na capacidade de

trabalho.

A relação de conforto térmico é difícil de ser obtida em algumas

regiões do Brasil, como por exemplo a região sul. As soluções previstas para

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o período de frio se contrapõem ao período de calor, sendo necessário a

busca de uma solução mecânica. Nestas regiões, trabalha-se com as

condições de verão, já que é mais econômico aquecer um ambiente do que

refrigerá-lo. (MAMBRINI, 1997).

3.1 Temperatura, umidade e ventilação

Além de provocar desconforto nos funcionários e usuários, as

variações na temperatura e umidade de uma biblioteca podem provocar o

aparecimento de fungos e bactérias nos documentos, além do ressecamento

do papel. Desta forma deve-se tentar ao máximo manter temperatura e

umidade constantes. Em regiões tropicais como o Brasil é muito difícil manter

a estabilidade da temperatura e da umidade de forma natural, sendo o

controle mecânico a solução ideal.

Segundo Ogden (2001b), a recomendação para bibliotecas é

temperatura estável em torno de 21°C, e uma umidade relativa do ar estável

entre um mínimo de 30% e um máximo de 50%. Para a autora, a instituição

deve escolher temperatura e umidade e mantê-las estáveis, mesmo à noite e

nos finais de semana. Os custos adicionais para manter um sistema

mecânico em operação são menores do que os custos para tratamento do

acervo deteriorado pelo clima inadequado. Ogden (2001) relembra, no

entanto, que os padrões adequados para acervos em papel diferem dos

padrões ideais para outros suportes documentais, bem como para a própria

manutenção do edifício da biblioteca. Por isso, escolhas e concessões

difíceis são inevitáveis.

De acordo com o levantamento feito por Mambrini (1997), diversas

bibliotecas mantém temperatura e umidade constantes, como a Biblioteca

Nacional da França, que mantém as mesmas em 18° C e 55%,

respectivamente.

A umidade pode resultar de água adicionada ao ambiente

intencionalmente (por exemplo, através de umidificadores, nas regiões muito

secas) ou acidentalmente (através de vazamentos ou inundações); ou

gradualmente (por meio de materiais que absorvem a umidade, como os

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livros e a madeira); ou devido as mudanças na temperatura (aquecimento e

refrigeração). (OGDEN, 2001b).

Para ser confortável, um ambiente precisa de renovação de ar

constante, tanto para a higiene, quanto para a dissipação de calor e a

desconcentração de vapores, fumaça e poeiras (MAMBRINI, 1997). Assim,

são recomendadas aberturas móveis e reguláveis, colocadas em paredes

opostas, posicionadas na parte superior e inferior, permitindo a ventilação

cruzada. O ar quente sai através das aberturas próximas ao teto, e o ar novo

entra pelas aberturas mais próximas ao piso da biblioteca. Portanto, a

ventilação para climas temperados, que serve basicamente para

higienização, deveria ser feita pelas aberturas superiores.

Em locais muito úmidos, é válido lembrar a necessidade de manter

portas e janelas fechadas, evitando a entrada de mais umidade para dentro

da biblioteca. Nestes casos, a ventilação pode ser feita artificialmente,

evitando, além da entrada de umidade, também a entrada de poeira e pó.

Segundo Ogden (2001b):

Várias medidas adicionais podem ser tomadas paracontrolar a qualidade do ar. Uma delas é fornecer uma boa troca de ar nos espaços onde as coleções sãoarmazenadas ou utilizadas, desde que se mantenha o mais limpo possível o ar que entra. Deve-se tomarcuidado para que as aberturas de entrada de ar não sejam localizadas perto das fontes de poluição pesada, como, por exemplo, uma área de carga e descargaonde caminhões fiquem com o motor ligado em ponto morto. Outra medida é manter fechadas as janelasexteriores. [. . .] Por fim, as fontes de poluiçãoatmosférica devem ser eliminadas, na medida dopossível. Os automóveis e a indústria, as maioresfontes de poluição, provavelmente ficarão fora docontrole da instituição. Entretanto, outras fontes podem ser reduzidas: os cigarros, as máquinas fotocopiadoras, certos tipos de materiais de construção, tintas,vedadores, materiais de madeira para armazenagem ou exposição, produtos químicos para limpeza, móveis e carpetes. (OGDEN, 2001b, p. 10).

Observa-se que o bom senso e a criteriosa análise e monitoração do

ambiente e fatores que influem sobre ele devem prevalecer no momento da

decisão acerca da temperatura, umidade e ventilação.

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3.2 Iluminação

Segundo Ogden (2001), os níveis de luz são medidos por lux (lumens

por metro quadrado). As recomendações para materiais sensíveis são níveis

inferiores a 55 lux, e para materiais menos sensíveis a luz permite-se um

máximo de 165 lux. Os níveis de lux podem ser medidos com um medidor de

luz ou com uma máquina fotográfica reflexiva com medidor embutido2.

Não é possível definir um padrão absoluto para uma iluminação

correta, pode-se indicar alguns níveis de intensidade aproximados e alguns

critérios para um resultado satisfatório. Sabe-se que a lâmpada fluorescente

é mais econômica e oferece maior facilidade de manutenção. Segundo o

Ministério da Educação (2001), os parâmetros para iluminação artificial é de

uma luminária fluorescente 2 X 40W a cada 8m2 , procurando gerar

iluminação uniforme em todos os pontos de trabalho, como as salas de

pesquisa e leitura, salas de trabalho interno (catalogação, classificação e

indexação e restauração) bem como o espaço destinado ao acervo. Os

espaços de circulação, empréstimo e referência podem dispor de menos

iluminação já que, na biblioteca, a luz pode definir e modelar espaços de

acordo com os setores.

A iluminação fluorescente é desaconselhada por Ogden (2001b), visto

que este tipo de lâmpada emite energia ultravioleta. As lâmpadas

incandescentes (lâmpada doméstica comum) são as mais indicadas por

emitirem pouca luz ultravioleta, porém, por emitirem calor, deve-se ter a

precaução de instalá-las a certa distância dos documentos. A autora lembra

que os danos causados pela luz são cumulativos, e os níveis mais baixos de

iluminação significam menos danos, a longo prazo.

Para iluminação do acervo, as lâmpadas são melhores aproveitadas

quando posicionadas na mesma direção das estantes, ou seja, para cada

corredor de estante uma fileira de lâmpadas. Deve-se observar a altura das

2 Para maiores detalhes deste procedimento acesse http://siarq02.siarq.unicamp.br/cpba/pdf_cadtec/14_17.pdf

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estantes, evitando a proximidade dos livros ao calor dos reatores. As últimas

prateleiras são geralmente mais difíceis de iluminar, o que pode ser

minimizado com um piso claro, que refletirá a luz melhorando a qualidade de

iluminação mais próxima ao chão.

Quanto à iluminação natural, alguns cuidados são fundamentais,

principalmente quando a mesma incide no acervo. Embora todos os

comprimentos de luz sejam nocivos, os raios ultravioleta são especialmente

prejudiciais a acervos documentais. Os raios solares alteram o papel e outros

suportes da informação, portanto, é necessário usar cortinas e persianas que

filtrem os mesmos. Já existem no mercado diversos fornecedores de

persianas com esta finalidade.

A iluminação natural de uma biblioteca é tida por arquivistas,

conservadores e restauradores como extremamente prejudicial ao acervo de

documentos. Porém, na opinião de um arquiteto:

Recentemente duas questões têm sido causa depreocupação. Primeiramente, a conscientização de que o uso de energia envolvida na provisão de luz artificial contribui significativamente para a poluição ambiental global; e em segundo lugar, que a falta de luz do dia pode determinar efeitos fisiológicos e psicológicosprejudiciais aos usuários dos edifícios. Essas questões, juntamente com as questões estéticas e arquitetônicas, depõem a favor do uso da luz natural. (MAMBRINI,1997, p. 115).

Portanto, podemos concluir que o uso de luz natural nas bibliotecas

deve ser muito bem projetado. Conforme atesta o levantamento feito por

Mambrini (1997) em projetos de biblioteca situadas em diferentes paises, o

uso de janelas, vidros e clarabóias propicia grande perda de calor no inverno,

além da incidência direta dos raios solares. Portanto, a escolha de soluções

para a eficiente iluminação natural deve levar em consideração todos os

aspectos climáticos locais.

A iluminação artificial pode ter seu custo reduzido quando instaladas

luminárias individualizadas nas mesas de leitura, de forma que as mesmas só

são acionadas quando em uso, minimizando o consumo de energia elétrica.

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Devem ser previstos pontos elétricos para uso de aparelhos

eletrônicos, como laptopts, notebooks e carregadores de bateria de telefone

celular, principalmente nos espaços de maior convivência, como a sala de

leitura.

3.3 Acústica

O conforto acústico pode ser favorecido através dos revestimentos

usados no forro da biblioteca, no piso e nas paredes, que devem propiciar a

absorção acústica. Outra boa opção é utilizar a área do acervo como uma

barreira de som, dividindo espaços de maior ruído, como o setor de

empréstimo, com outros onde o silêncio é necessário. Segundo Mambrini:

Para a eliminação de ecos ou reverberações, umrecurso eficiente é o de substituir uma grande sala de leitura, em várias salas menores. Isso dá apossibilidade de se minimizar os ruídos, ao mesmotempo de criar espaços mais individualizados.(MAMBRINI, 1997, p. 111).

Quando o prédio é projetado especialmente para abrigar a biblioteca,

engenheiros e arquitetos podem beneficiar a acústica através de um bom

projeto, com medidas proporcionais, diminuição ou proteção das

canalizações, tubulações de ar condicionado ou elevadores.

A opção pelo uso do carpete com o objetivo de absorção acústica foi

pesquisada por Mambrini (1997), que indica que tanto a Biblioteca Nacional

da França, bem como o British Museum, em sua sala de leitura, utilizam

carpete, apesar das inúmeras dificuldades em relação a limpeza deste

material.

O piso a ser aplicado deve ser de alta resistência, para suportar o

acervo da biblioteca. Este é um item a ser priorizado, já que o piso influi

diretamente no barulho, ou seja, pode contribuir para absorver os ruídos

existentes na biblioteca, como os pisos emborrachados, porcelanato ou

carpete, ou, ao contrário, pisos que não contribuem para absorção acústica,

como as cerâmicas e laminados em madeira.

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4 SEGURANÇA E PROTEÇÃO

O projeto arquitetônico deve prever, tanto para o prédio novo quanto

para a adaptação de um já existente, extintores, alarmes de incêndio e saídas

de emergência, bem como segurança para inundações, ventos fortes e

temporais.

De acordo com o Ministério da Educação, em seu Manual para

Adequação de Prédios Escolares (2001, p.8), o aspecto da segurança deve

ser considerado em toda a extensão que o termo possa implicar:

a) adequar os ambientes da edificação para uso por portadores de

deficiência (construção de rampas, colocação de corrimãos, sanitários

adequados, etc.);

b) segurança contra furtos, vandalismo, etc;

c) riscos para os usuários pela utilização de materiais inadequados (pisos

derrapantes, degraus desnecessários, quinas);

d) eliminação de reentrâncias e saliências em piso, paredes e

esquadrias;

e) estabilidade do prédio e dos equipamentos;

f) previsão de equipamentos de combate a incêndio.

Quanto a segurança do acervo, podem ser utilizados circuitos internos

de televisão, inibindo a ação dos predadores. Os sistemas anti furto para

biblioteca estão sendo utilizados com grande êxito. Através de dispositivos

implantados dentro da cada livro, e das antenas instaladas na entrada e

saída da biblioteca, reduzem o furto de livros, permitindo que os funcionários

trabalhem tranqüilamente na biblioteca, sem ter que se preocupar em vigiar o

usuário no setor de acervo.

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5 CONSERVAÇÃO E PRESERVAÇÃO

De acordo com Ogden (2001) os livros devem ficar no mínimo a 7cm

de distância de paredes, para facilitar a circulação de ar ao seu redor e evitar

bolsões de ar úmido, especialmente quando a parede é uma parede externa

do prédio:

Os livros devem estar em posição vertical sobre as prateleiras, sem inclinação para um lado ou outro, pois isso força a encadernação. Devem ser colocados de forma a encher as prateleiras, a fim de evitar que se inclinem; entretanto, não se deve aperta-los de forma a provocar danos ao retira-los da estante. Caso asprateleiras não estejam cheias, devem ser utilizadosbibliocantos para manter os livros de pé. Estes suportes devem ser a prova de danos, com superfícies lisas e cantos arredondados, para evitar o risco de arranhar as encadernações, rasgar ou amassar as folhas. (OGDEN, 2001, p.7).

A mobília de aço com revestimento a pó evita os problemas de

emissão de gases relacionados à mobília com revestimento em esmalte.

Segundo Ogden (2001), os testes realizados com o mobiliário de aço com

revestimento a pó indicam que o revestimento é quimicamente estável,

evitando problemas de emissão de gases associados ao esmalte.

As prateleiras de arame de aço constituem uma alternativa, já que

proporcionam boa circulação de ar e tem boa durabilidade. Porém, o arame

deixa marcas permanentes em documentos não protegidos, tornando-se

necessária a utilização de caixas para acondicionamento dos documentos.

O mobiliário em madeira é tido como uma boa opção estética para a

biblioteca, porém, o mesmo não pode ser dito em relação à infestação de

pragas como o cupim e a preservação dos documentos:

[. . .] a madeira, os seus compostos e alguns seladores e adesivos emitem ácidos e outras substânciasdanosas. Embora os níveis das emissões sejam mais altos no inicio, os voláteis estão presentes ao longo da

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vida dos materiais na maioria dos casos. Visando-se a prevenção contra potenciais danos às coleções, deve-se evitar a mobília de armazenagem de madeira ou de seus subprodutos. (OGDEN, 2001, p.40).

Ogden (2001) nos lembra que a mobília, independente do material

escolhido, deve ter um acabamento liso e não abrasivo, resistente a

aranhões, beiradas cortantes e saliências, devem ser fortes para não dobrar

ou empenar, devem ser ajustáveis, para acomodar documentos de vários

tamanhos, e a prateleira mais baixa deve ficar a uma altura mínima de 10 a

15 cm do piso, a fim de proteger as coleções dos danos provenientes da

água, no caso de inundações, ou mesmo danos provocados durante a

limpeza da biblioteca.

Para acondicionamento de materiais de grandes dimensões, sugere-se

o uso de mapotecas com gavetas largas e rasas. Segundo Ogden (2001), é

importante evitar arquivos feitos em material que pode contribuir com a

deterioração do papel, sendo o metal menos danoso do que a madeira.

Recomenda-se que as gavetas das mapotecas planas não tenham

mais de duas polegadas (5,08cm) de profundidade. Quanto mais funda a

gaveta, maior o peso sobre os itens nela guardados e maior a tensão por eles

sofrida ao retirá-los.

A autora recomenda que a biblioteca possua uma grande superfície vazia

(como uma mesa) próxima da mapoteca para o exame dos materiais ali

acondicionados. A própria mapoteca, em sua parte superior, presta-se a essa

finalidade. Grande área livre também é necessária para abertura das gavetas

e remoção dos documentos ali acondicionados.

6 LINHA BICCATECA

A linha de estantes e complementos Biccateca responde às

necessidades de uma biblioteca. Projetadas para durar, as peças são

confeccionadas em aço SAE 1010/1020, atendendo as exigências de

resistência e segurança. Todos os produtos recebem tratamento anticorrosivo

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e pintura pelo sistema eletrostático a pó, garantindo a durabilidade,

resistência à abrasão e a umidade, promovendo a facilidade de limpeza e a

preservação dos documentos de uma biblioteca.

6.1 Estantes

A Biccateca escolheu o aço para produzir sua linha de estantes por ser

um material de difícil combustão, de fácil manutenção e limpeza e excelente

resistência. Além disso, o aço evita a proliferação de cupins e outros insetos

comuns no ambiente onde os documentos são predominantemente em

suporte papel, favorecendo um layout moderno e informal à biblioteca. O

conceito de ambiente informal constitui uma tentativa de interpretar

arquitetonicamente a idéia de biblioteca como suporte de contradições,

dinamismo e pluralidade, características intrínsecas à essência do seu

conteúdo – a informação.

As estantes projetadas para uso específico no ambiente da biblioteca

são desenvolvidas para suportar o peso dos documentos em papel. Objetiva-

se também atender à ergonomia, e desta forma as estantes são projetadas

para o uso de um jovem e adulto com altura média do brasileiro, observando-

se as relações entre estatura e alcance com as mãos. Todos os itens

relativos a ergonomia no trabalho tem respaldo na Norma Regulamentadora

(NR) número 17, do Ministério do Trabalho. Esta NR visa estabelecer

parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às

característica psico-fisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar

um máximo de conforto, desempenho e segurança.

A capacidade de cada estante é um dos fatores considerados, e por

este motivo, toda a linha de estantes está disponível em alturas de 2,00m e

2,30m. A estante de 2,00m permite o alcance confortável até a última

prateleira, que pode ser colocada a 1,75m de altura, sendo este um dos

fatores humanos considerados pela Biccateca. Já a estante de 2,30m não

permite o alcance confortável, principalmente em bibliotecas escolares, que

atendem ao público infanto-juvenil, porém, permite o maior aproveitamento do

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espaço, já que apresentam uma prateleira a mais, quando face simples, ou

duas, quando face dupla.

As prateleiras são reguláveis, já que são apoiadas nas colunas,

facilmente colocadas e retiradas. De acordo com testes realizados na

indústria, o peso suportado por cada prateleira é 100 kg. A capacidade de

cada prateleira varia em função da área do conhecimento: livros técnicos da

área médica contêm em geral um maior número de páginas, o que torna o

livro mais espesso. Se considerarmos livros de literatura geral, estes não são

tão espessos, o que possibilita um maior número de livros por prateleira.

Sugere-se que as prateleiras nunca estejam totalmente ocupadas para não

atrapalhar o manuseio dos livros e sua ventilação, além de permitir a

ampliação do acervo.

A altura entre as prateleiras das estantes Biccateca é variável, já que

as mesmas são reguláveis. Porém, as prateleiras forem colocadas

proporcionalmente na coluna a altura obtida é 36cm, permitindo a guarda de

documentos mais altos, como atlas e enciclopédias.

Recomenda-se que as estantes sejam instaladas com espaço mínimo

de 0,90cm de corredor, já que esta é a medida adequada para uma abertura

interna (por exemplo, uma porta) portanto, permite uma boa circulação de

pessoas, inclusive a passagem de cadeira de rodas.

6.2 Linha Kids

A preocupação com o estímulo ao desenvolvimento do hábito da

leitura torna-se visível e constante entre educadores, pais e pessoas ligadas

à área educacional. A leitura e a descoberta têm sido substituídas pela

facilidade da Internet, do videogame, da televisão e pelos brinquedos prontos

que realizam tudo, impossibilitando o exercício do criar, do inventar e do faz-

de-conta. Entretanto, não há processo educativo que se possa realizar sem a

convivência com os livros: são eles os responsáveis pela maioridade cultural

do homem.

Diversos autores afirmam que nos primeiros anos de vida a criança

deve receber estímulos de leitura, sendo a exposição de livros e revistas

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ilustradas uma das formas de incentivo à leitura. Neste contexto, as

Bibliotecas Infantis e Escolares assumem um papel fundamental no

desenvolvimento da criança, que muitas vezes é de apresentá-las ao mundo

dos livros e incentivar o hábito da leitura.

De acordo com Panet (1988), a Biblioteca Infantil tem como usuários

todas as crianças de uma comunidade, ou seja, seu raio de ação é bem

abrangente. Já a Biblioteca Escolar fica situada na escola e se destina

basicamente aos que a integram. Possui um caráter privativo e deve

proporcionar materiais básicos e necessários ao processo ensino-

aprendizagem.

Para usuários tão especiais a Biccateca desenvolveu uma linha

específica que atende as necessidades deste público. A linha Kids tem 1,42m

como altura padrão, e foi desenvolvida para crianças que freqüentam até a

quarta série do ensino fundamental. Estas crianças têm em média 10 anos e

são as que geralmente ainda freqüentam a Biblioteca Infantil e participam da

Hora do Conto. A linha possui estante face simples e dupla para livros, e

também estante expositora. Nesta idade, a capa do livro chama muito a

atenção da criança, e por isso é fundamental que se deixe exposto parte do

acervo de livros, como por exemplo, as novas aquisições.

6.3 Expositores

As estantes expositoras estão disponíveis com 2m e 2,30m de altura e

também na Linha Kids. Servem para exposição de livros e revistas, sendo

que cada prateleira comporta quatro revistas com a capa inteiramente

exposta.

O modelo articulável permite a utilização da prateleira para guarda de

materiais, como por exemplo, os fascículos anteriores do periódico exposto

na prateleira inclinada.

6.4 Estantes VHS, Cds e Dvds

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A Linha de estantes para fitas VHS, Cds e Dvds foi projetada para a

guarda específica destes suportes, pensando na economia de espaço na

biblioteca, já que a profundidade das mesmas é 0,315m, menor que uma

estante comum. Além de racionalização do espaço, as estantes possuem

divisórias para cada documento, o que possibilita a maior proteção dos

mesmos, evitando a queda com efeito dominó.

Em relação às fitas VHS, o risco de desmagnetização foi

especialmente considerado pela Biccateca. Através de um estudo

encomendado, realizado no Centro Tecnológico da Universidade Regional

Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Erechim, constatou-se

valores máximos de 4oe para a estante para fitas VHS produzidas pela

Biccateca, não interferindo na magnetização das fitas VHS e S-VHS, cujos

valores de coercitividade vão de 800 a 1650 oe. Portanto, não há influencia

prejudicial à gravação da fita, já que existe uma diferença muito grande entre

a intensidade de campo presente e a coercitividade da fita.

6.5 Bibliocantos

São suportes para manter os livros unidos na posição vertical. Para

atender as necessidades específicas de cada biblioteca, a Biccateca

apresenta a linha de bibliocantos em tamanhos e espessuras diversos,

específicos para cada tipo de documento. Para livros mais pesados, os

bibliocantos com chapa reforçada (chapas 1,5mm e 2mm) são os ideais pela

resistência apresentada. Os bibliocantos feitos em chapa 0,90 e 1,2mm são

indicados para bibliotecas infantis, cujo acervo é mais leve e damanda menos

resistência do bibliocanto.

6.6 Mapoteca

A mapoteca está disponível em duas larguras e profundidades

diferentes, possibilitando a guarda de impressos de diferentes tamanhos. As

gavetas medem 5 cm de altura, podendo variar a quantidade de impressos

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que cabem dentro de cada gaveta de acordo com o tipo, por exemplo, mapas

com suporte em madeira ocupam mais espaço do que os cartazes.

6.7 Carrinho para transporte de livros

O carrinho para transporte de livros é ideal para otimizar o

recolhimento e distribuição de livros, evitando que o funcionário se desloque

diversas vezes à mesma estante. Pode ser útil também como suporte auxiliar

durante os procedimentos de limpeza e manutenção dos livros e estantes. O

uso do carrinho propicia maior conforto ao funcionário, dispensando que ele

carregue os livros até a estante.

6.8 Caixas para periódicos

Em duas versões, com fundo aberto e semi-fechado, a caixa para

periódico Biccateca promove a melhor organização e armazenamento da

coleção de periódicos. Produzidas em chapa 0,90mm, são leves para

manusear e fáceis de retirar da estante.

A capacidade de cada caixa é em torno de 12 fascículos. Portanto, um

ano inteiro de uma assinatura mensal cabem em uma caixa. Para guarda de

periódicos semanais, calcula-se quatro caixas por ano.

6.9 Porta Etiqueta

O porta etiqueta Biccateca é produzido na espessura de uma

prateleira, inclusive das estantes específicas para uso em biblioteca

produzidas por outros fornecedores. Desta forma, deve ser fixado na

prateleira sem parafusos, mantendo-se firme com o peso dos livros ali

colocados.

O porta etiqueta apresenta-se com 20cm de largura e abas que

sustentam a lâmina de sinalização que permitem que a mesma tenha uma

altura de 2cm, proporcionando excelente visualização dos assuntos

sinalizados.

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6.10 Indicador Topográfico

O indicador topográfico projetado pela Biccateca atende as

necessidades de sinalização dos corredores de estante de uma biblioteca.

Deve ser parafusado no alto da coluna da estante, possibilitando que o

usuário conheça os assuntos contemplados em cada corredor.

6.11 Escada

Desenvolvida para uso nas bibliotecas, a escada em aço apresenta-se

com 41cm de altura e dois degraus, permitindo o alcance com segurança de

documentos posicionados nas prateleiras superiores.

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