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1 PADRE JÚLIO MARIA, A IGREJA DO POVO E A EDUCAÇÃO NO FINAL DO SÉCULO XIX Marco Aurélio Corrêa Martins (UFJF-UNIRIO) Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar o ideário do Padre Júlio Maria de uma “Igreja do povo” através da análise de quatro conferências proferidas por ele na década de 1890 e dois outros textos. Além disso, procuramos compreender o “horizonte de expectativa” (RICOEUR, 2010) projetado pelo sacerdote brasileiro para a Igreja e o Brasil por meio da educação e a união com o povo na democracia. Para este exame estabelecemos um confronto com quatro encíclicas de Leão XIII, com a Carta Pastoral Coletiva do episcopado brasileiro de 1890, e o documento do Concílio Plenário Latino-americano, de 1899. O Concílio Plenário Latino Americano de 1899 propusera a criação de escolas católicas nos diversos níveis e Leão XIII instruía o clero brasileiro a aproveitar a tese do livre ensino no Brasil para tal, fortalecendo a tese da valorização da educação por Júlio Maria. Nossa pesquisa foi produzida em fontes primárias documentais e análise bibliográfica sobre a temática que apresentam as vertentes educacionais católicas na última década do XIX e algumas das questões que fizeram parte da pauta de discussão sobre o tema no início do século XX. Palavras-chave: Pensamento católico; Padre Júlio Maria; Educação popular; Educação católica; Democracia cristã. Abstract: This communication aims to present Father Julio Maria's ideas of a "Church of the people" through the analysis of four conferences made by himself in the 1890s and two other texts. In addition, we seek to understand the "horizon of expectation" (RICOEUR, 2010) designed by the Brazilian priest for the Church and for Brazil through education and union with the people in democracy. For this test we established a confrontation with four encyclicals of Leo XIII, with the Charter Collective Pastoral of the Brazilian episcopate of 1890, and the document of the Latin American Plenary Council of 1899. The Latin American Plenary Council of 1899 proposed the creation of Catholic schools at various levels and Leo XIII instructed the Brazilian clergy to take the thesis of free education in Brazil, strengthening the hypothesis of valuing education by Julio Maria. Our research was produced in documentary primary sources and literature review on the subject having the Catholic educational trends in the last decade of the

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PADRE JÚLIO MARIA, A IGREJA DO POVO E A EDUCAÇÃO NO

FINAL DO SÉCULO XIX

Marco Aurélio Corrêa Martins (UFJF-UNIRIO)

Resumo:

Esta comunicação tem como objetivo apresentar o ideário do Padre Júlio Maria de uma “Igreja

do povo” através da análise de quatro conferências proferidas por ele na década de 1890 e dois

outros textos. Além disso, procuramos compreender o “horizonte de expectativa” (RICOEUR,

2010) projetado pelo sacerdote brasileiro para a Igreja e o Brasil por meio da educação e a

união com o povo na democracia. Para este exame estabelecemos um confronto com quatro

encíclicas de Leão XIII, com a Carta Pastoral Coletiva do episcopado brasileiro de 1890, e o

documento do Concílio Plenário Latino-americano, de 1899. O Concílio Plenário Latino

Americano de 1899 propusera a criação de escolas católicas nos diversos níveis e Leão XIII

instruía o clero brasileiro a aproveitar a tese do livre ensino no Brasil para tal, fortalecendo a

tese da valorização da educação por Júlio Maria. Nossa pesquisa foi produzida em fontes

primárias documentais e análise bibliográfica sobre a temática que apresentam as vertentes

educacionais católicas na última década do XIX e algumas das questões que fizeram parte da

pauta de discussão sobre o tema no início do século XX.

Palavras-chave: Pensamento católico; Padre Júlio Maria; Educação popular; Educação católica;

Democracia cristã.

Abstract:

This communication aims to present Father Julio Maria's ideas of a "Church of the people"

through the analysis of four conferences made by himself in the 1890s and two other texts. In

addition, we seek to understand the "horizon of expectation" (RICOEUR, 2010) designed by

the Brazilian priest for the Church and for Brazil through education and union with the people

in democracy. For this test we established a confrontation with four encyclicals of Leo XIII,

with the Charter Collective Pastoral of the Brazilian episcopate of 1890, and the document of

the Latin American Plenary Council of 1899. The Latin American Plenary Council of 1899

proposed the creation of Catholic schools at various levels and Leo XIII instructed the Brazilian

clergy to take the thesis of free education in Brazil, strengthening the hypothesis of valuing

education by Julio Maria. Our research was produced in documentary primary sources and

literature review on the subject having the Catholic educational trends in the last decade of the

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nineteenth and some of the issues that were part of the discussion agenda on the topic in the

early twentieth century.

Keywords: Catholic thinking; Father Julio Maria; Popular education; Catholic education;

Christian democracy

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Introdução

Essa é uma pesquisa bibliográfica e documental na qual o principal recurso foram os

textos de conferências do Padre Júlio Maria Moraes Carneiro (Júlio César de Moraes

Carneiro), o qual viveu em Juiz de Fora entre 1891 e 1905 e foi célebre orador católico.

Utilizava o recurso das “conferências” como era voga na Europa e atraía, segundo os

periódicos da época, pessoas de todas as classes. Tornou-se sacerdote já na maturidade e após

ficar viúvo pela segunda vez. Em Minas Gerais foi promotor público e exerceu a função em

Mar de Espanha e Rio Novo.

A pesquisa buscou confrontar as ideias e o autor com o movimento político, social e

eclesial da época, sobretudo nos documentos da Igreja (Encíclicas de Leão XIII, Pastoral

Coletiva dos Bispos do Brasil de 1890 e documentos do Concílio Plenário Latino-americano,

de 1899). A exposição à filosofia da história de Paul Ricoeur (2010) exigiu que assim fosse,

uma vez que o tempo da existência é o tempo presente. Portanto, é necessário entender o

tempo em que os fatos se deram. No entanto, nossa perspectiva é hermenêutica, ou seja, de

nosso tempo presente abrimos o passado à interpretação. Desse modo, nosso tempo interroga

o passado sobre questões que nos dizem respeito, mas, ao mesmo tempo, procura entender

como lá se deu os fenômenos que buscamos interpretar.

Qual seriam as possibilidades da educação católica na perspectiva da democracia

católica visualizada pelo Padre Júlio Maria? Como ele conjugava o direito político e a

necessidade do direito social em formação? Essas duas questões podem indicar uma

temporalidade nova esboçada para o papel da Igreja no final do século XIX e início do século

XX. Nesse sentido, o pensamento do sacerdote pode ser entendido como projeção do futuro,

ou como nos diria Ricoeur (2010) baseado em Koselleck, um “horizonte de expectativa”.

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Crítica à educação do período imperial

O catolicismo no Brasil foi profundamente marcado pelos eventos da chamada

“questão religiosa” da década de 1870, na qual se opõe o interdito à maçonaria lançado pelo

papado e a obediência às leis do Império pelos bispos do Brasil: os católicos se tornaram

críticos ao trono e ao liberalismo1 dos políticos do Império. A questão religiosa culminou com

a prisão de dois bispos (D. Antônio Macedo Costa, bispo do Pará e D. Frei Vital, bispo de

Pernambuco), após um processo que envolveu a administração do império e a justiça no

Brasil e a diplomacia brasileira em Roma.

Em 1885, Júlio Maria publicou um livro chamado Apóstrofes (JÚLIO MARIA, 1935)

no qual, dentre outras coisas, apontava o afastamento do Império da religião e, sobretudo, do

catolicismo, religião oficial do regime. Seus argumentos passavam pela crítica pós “questão

religiosa”2. Para o então leigo, as escolas do Império pregavam a impiedade e o resultado não

seria esperançoso.

A fé também se ensina. Como o fruto sai da árvore, a fé sai da educação

religiosa. Se, de preferência aos autores gregos e romanos, se desse ingresso

nas nossas escolas e colégios aos clássicos; se, de preferência a Rousseau e

Voltaire, dois malfeitores do gênero humano, cujo cérebro eles encheram de

mil princípios subversivos e anárquicos, se fizesse a mocidade ler os grandes

expositores da doutrina católicas nas suas múltiplas aplicações religiosas,

sociais e políticas, veríamos a todo o momento sair dos malfadados

laboratórios intelectuais do Brasil tantos alquimistas de nova espécie que

buscam transformar o ouro em metal, isto é, a fé que sai das entranhas da

nossa tradição no ceticismo que sai das superfícies da nossa educação?!

Veríamos tantos falsos sábios, que vão ser deputados, senadores, ministros,

lentes, magistrados, escritores; que vão de fato dominar o país, dando-lhe o

alimento do século e o vestuário das suas teorias. (JM, 1935, p. 21)

Para ele, era preciso “catolizar o Brasil” para que a herdeira do trono, Princesa Isabel,

pudesse reinar e consolar a própria dinastia. Os erros estavam em todo lado, afirmou,

inclusive na educação. O liberalismo não seria a solução: era preciso voltar à cruz! Os livres

1 Pio IX havia transformado o seu papado em combate ao liberalismo na Europa e proclamado vários princípios

liberais como erros modernos no Syllabus, anexo da Encíclica Quanta cura de 1864. 2 Para um bom resumo dessas críticas, leia-se a Carta Pastoral Coletiva dos Bispos do Brasil de 1890, logo após

a Proclamação da República, dada como redigida por D. Macedo Costa, bispo do Pará.

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pensadores falavam contra a Igreja, os padres, a religião e Júlio Maria perguntava se foram os

religiosos que corromperam a política, sensualizaram a literatura ou anarquizaram a

sociedade.

Júlio Maria repercutia algumas ideias da filosofia tradicionalista3, claramente

antirrevolucionária, notada no anátema a Voltaire e a Rousseau na citação acima e na crítica

ao positivismo que julgava a sociedade anarquizada.

Nem o voto indireto, nem o direto, nem o ensino leigo e livre, nem a

imunidade da imprensa, nem a prerrogativa dos cultos, nem a libertação do

ventre, nem a secularização do ensino, - nada disto tem regenerado no país

os costumes, tranquilizado a ordem civil, fortalecido a moral pública. (JM,

1935, p. 45)

A solução estava na doutrina católica! Para ele, “educação leiga, secularização da

escola, ensino livre” e outros manjares da cozinha positivista já não mais agradavam: “[...]

Secularizar a escola pode não ser satanizá-la; a liberdade do ensino tanto comporta a doutrina

de Cristo, como a de Lutero; o mestre católico, como o professor positivista.” (JM, 1935, p.

48). A educação religiosa, do sentimento, do pensamento, da ação moral, era apontada como

solução para a crise, a qual se instalou, exatamente, pela degeneração desses sentimentos,

afirmava.

Para Júlio Maria (1935, p. 57-8), faltava à política e ao parlamento o “[...] sentimento

íntimo e profundo que só a educação social católica produz e mantém na vida pública: a fé”.

O Estado, esclarecia adiante, mudava como “a serpente” em formas sedutoras e atraentes,

para aquele tempo o Estado era a ciência: “[...] Quem hoje morde o Cristo, babuja a Cruz e

insulta a Igreja não é diretamente o poder público, mas a escola que ele funda, o ensino que

ele organiza, a educação que ele prescreve. As formas são atraentes, as cores sedutoras; a

serpente é a mesma.” (JM, 1935, p. 133). Para ele, a reforma eleitoral não salvou o sistema

3 Após a Revolução Francesa algumas filosofias antirrevolucionárias surgem na Europa. A filosofia

tradicionalista sugere um apego à tradição para que haja as mudanças necessárias na sociedade sem, contudo,

transformar as relações sociais e políticas em guerra ou desordens. Como foi condenada pela Igreja, essa

filosofia vai influir no Brasil como ideologia política e corrente filosófica. Também é uma clara oposição ao

pensamento liberal. Alguns representantes do Tradicionalismo: Edmund Burke, De Maistre, De Bonald, Donoso

Cortés e outros. (PAIM, 1999). Esses três últimos foram exaustivamente citados por Júlio Maria.

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representativo, assim como a abolição, não iria salvar a sociedade se não houvesse

regeneração nos brancos (sic): “[...] Sem costumes, as melhores leis são tiras de papel; sem

educação religiosa, a melhor e mais completa instrução não passa daquela boneca que a

menina de Punch se admira de ser tão bonita e dentro só ter farelo!” (JM, 1935, p. 139).

Na década seguinte, Júlio Maria vai fazer outro tipo de crítica à ciência. Já não mais à

ciência em si, que passará a defender como cristã, mas à ciência positiva e negadora dos

valores da fé. Nas Conferências da Assunção (JM, 1986) esse tema foi bastante explorado.

Quanto ao sistema político, os tradicionalistas defendiam a monarquia. No entanto, Júlio

Maria passou posteriormente a ser um defensor da república. Essa é uma marca do

afastamento do pensador católico da filosofia tradicionalista. Isso não quer dizer que ele tenha

abandonado completamente essa vertente do pensamento político cristão, mas, atualizado suas

reflexões à medida que as amadureceu. Por exemplo, após a encíclica Au milieu des

sollicitudes de Leão XIII (1892), Júlio Maria passou a defender que não importava o sistema

político, mas as leis. Seria no combate pelas leis justas que se garantiria a liberdade da

religião. É especialmente intrigante o fato de que essa encíclica foi dedicada exclusivamente

ao clero francês e Júlio Maria se apropriou dela como orientações para a Igreja no Brasil.

As Apóstrofes (JM, 1935) apontavam na crise da sociedade, do Estado e da política, a

deficiência do sentimento religioso, o fundamento principal da vida. Assim, a crise política e

social era uma crise de civilização agravada pelo abandono da tradição dos fundadores da

nação. A defesa da tradição era o que dava nome à filosofia tradicionalista. Ensino leigo

significava ensino sem religião, e a liberdade de ensino era a liberdade de errar. Mas no erro,

não existe liberdade, ensinava.

Passado o período tradicionalista do pensamento juliomariano, o tema da liberdade de

ensino não foi abandonado. Mesmo porque a política do livre ensino, como livre oferta,

vigorou ainda até a década de 1920. Cerca de dez anos após as Apóstrofes, Júlio Maria ainda

condenava a falta de orientação religiosa nas reformas da educação.

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Quanto ao livre ensino, em 1894, o Papa Leão XIII escreveu aos bispos do Brasil

instigando-os a aproveitar da livre oferta permitida pela lei e criar escolas católicas (EGREJA

brazileira. O Pharol, Juiz de Fora, 23 set. 1894). Essa orientação foi especialmente

importante num momento em que a Igreja no Brasil se abriu, prodigamente, para a entrada de

sacerdotes e religiosos europeus e diante da perda das côngruas, pagas pelo Império aos

padres, no decreto de separação entre Igreja e Estado no Brasil.

O papel da Igreja na Educação do novo regime segundo Júlio Maria

A diagnose da situação nacional foi bem explorada por D. Macedo Costa na Carta

Pastoral Coletiva dos bispos brasileiros de 1890. Júlio Maria já havia se aproximado das

ideias do bispo anos antes quando esse publicou uma pastoral no Pará sobre a construção de

um navio-igreja chamado “Cristóforo” (ver MARTINS, 2005). Em 1897, nas Conferências da

Assunção (JM, 1988), Júlio Maria repetia as mesmas críticas à educação recebida do Império:

a educação literária e filosófica era a responsável pela revolução na França e, no Brasil, pela

péssima educação cívica e o ceticismo político. Alguns anos depois, dizia “[...] educação

racionalista, política liberalista, materialismo literário, entorpeceu o sentimento católico e

obliterou o mesmo senso religioso em tantas gerações brasileiras” (JM, 1950, p. 220). No

entanto, embora os males fossem os mesmos, Júlio Maria já propunha, em 1892, outras

soluções.

Nas conferências pronunciadas na capela de São Sebastião em Juiz de Fora, 1892,

Júlio Maria acreditava que o povo era ignorante da religião e os culpados por isso eram os

sacerdotes que não evangelizavam. O padre, afirmou, deveria ser o exemplo de amor a Jesus

Cristo, mas, em muitos casos, eles eram caso de escândalo. O desprezo pelos sacramentos era

apontado por Júlio Maria como o principal indício da falta de doutrinação do povo. O

verdadeiro sacerdote deveria se preparar para a prática religiosa (o sermão), devia ser

exemplo de santidade e dignidade cristã. O sacerdote precisava estudar e orar para sua

principal missão: pregar ao povo.

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Estudo do assunto quer dizer a conscienciosa exploração da matéria; a

conveniente adaptação do ensino às necessidades espirituais que se trata de

prover; a analogia do estilo com a qualidade do assunto; o decoro e a

conveniente dignidade da exposição; a imprescindível clareza do discurso

sagrado; o método, a concatenação e o nexo de suas partes; o plano geral do

que se vai dizer; tudo isso precedido do recolhimento, da suplica, da oração.

(JM, 1934b, p. 89)

Se no período de leigo, Júlio Maria aproximava-se da filosofia tradicionalista, nesse

período ele se voltava para o discurso ultramontano4. Exortava a que o clero se unisse em

torno de seu bispo e se respeitasse: repetia um discurso que remontava à encíclica Inscrutabili

Dei consilio, do primeiro ano do pontificado de Leão XIII, 1878. Segundo o Papa, a união do

clero em torno de seus bispos era necessária para o combate dos erros modernos.

Mas era no ensino, segundo Júlio Maria, que estava a mais poderosa arma do clero ou

o “grande remédio” para os males modernos. As novenas, romarias, devoções, festividades

eram boas, mas a maior obra de caridade era o ensino: era tempo de estudar e ensinar para dar

opção da inteligência aos meninos, às donzelas, aos casados, aos pobres e aos ricos. Os padres

deviam contribuir para que o fiel tivesse uma fé esclarecida e inteligente.

Um pouco mais de uma década adiante, em 1905, Júlio Maria recupera essa tese em

novas bases. Ao discursar para os jovens da Associação dos Empregados do Comércio de Juiz

de Fora ele pretendia que os jovens se dedicassem aos estudos, pois não era possível pensar

em mudar o mundo sem se centrar nisso. Dava como exemplo o próprio Jesus recolhido em

Nazaré como carpinteiro e depois em quarentena no deserto. Segundo resumiu o Jornal do

Comércio, o caráter do homem era composto por razão esclarecida e por vontade firme e o

jovem deveria ter vontade firme de estudar e de trabalhar. Para ele, o estudo era um modo de

trabalho. Os erros ele enumerou: plágio, fraude, “crimes a sangue frio”, ou seja, com plena

4 O Ultramontanismo foi um termo utilizado para se referir ao poder do Papa (ultra montes) e se tornou

referência à política da Igreja no século XIX e grande parte do século XX. O ultramontanismo propunha uma

maior coesão da Igreja em torno do Papa e de sua ascensão sobre as igrejas locais (bispados). Uma de suas

expressões era a afirmação de um clericalismo, representado na liturgia pelos sacramentos e por isso, procurava,

também, controle sobre as práticas religiosas populares, as quais, no Brasil, estavam desvinculadas do

sacramento e mesmo da hierarquia católica.

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consciência do erro a ser cometido. (CONFERÊNCIA. Jornal do Comércio, Juiz de Fora, 21

fev. 1905).

A definição do fundamento da vida é necessária para a educação:

Se a vida é apenas um gozo, a sensação animal, o apetite ou fascinação dos

sentidos, ela é para o bacanal, é para a orgia e o moço deve dizer como a

samaritana: gozemos, porque a vida é um gozo e um prazer.

Se a vida não é isso que se ensina aos moços, se ela tem uma transcendência

que vai além dos sentidos da humanidade, é ela para a virtude, para o

sacrifício, para os grandes heroísmos em prol da humanidade, da pátria e da

família; a vida é para tudo que engrandecer a humanidade, dignificando-a,

como o exemplo que nos dá o oficial mecânico de Nazaré!

(CONFERÊNCIA. Jornal do Comércio, Juiz de Fora, 01 mar. 1905.

BMMM)

Não se podia encontrar esse fundamento nas ciências já que ela poderia descrever a

vida com riqueza de detalhes, mas não lhes indicar o princípio, concluiu.

Alguns anos depois, com A Igreja e o povo (JM, 1983) de 1898, é possível notar a

diferença de abordagem ultramontana de seis anos antes. Júlio Maria desvia-se da questão

institucional, para a qual a Igreja se dedicava desde a “questão religiosa” e acirrada após a

separação entre Igreja e Estado; seu foco passou a ser as questões nacionais (políticas e

sociais) como também se pode perceber nas conferências aos moços acima descrita. Aqui há

um divisor entre as perspectivas católicas ultramontanas, voltadas para suas questões

institucionais, e a visão de Júlio Maria, mais voltada para as situações sócio-políticas. A

minha tese é que o sacerdote, coerente com as perspectivas teóricas nas quais o catolicismo

possuía o argumento da civilização, conjugava as principais ideias de seu tempo na busca de

soluções aos problemas que apontava. A perspectiva política era originária de sua adesão

anterior á filosofia tradicionalista enquanto a questão social vinha da encíclica Rerum

Novarum de Leão XIII que o levava ao reencontro com a filosofia tomista também

incentivada pelo mesmo papa.

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Roque Spencer Maciel de Barros (1986, p. 9-10) afirmou que houve uma

sobrevalorização da educação pelos chamados “ilustrados brasileiros”. Para esses, o país era o

que a sua educação o fazia ser e a escola era o lugar das ideias por excelência, onde através da

instrução nasceria uma mentalidade nova. Júlio Maria não enxergava no país um atraso

cultural, e propunha revigorar a tradição com um percurso novo. Para ele, como para os

católicos em geral, crise social e política do Brasil era responsabilidade dos liberais,

positivistas ou “ilustrados5”. Quando Júlio Maria propôs uma Igreja para o povo, havia

percebido aspectos perniciosos na cultura a serem enterrados, como o regalismo e o

padroado6, o liberalismo e o positivismo7, mas, também, aspectos a se manter e avivar, como

o catolicismo, as instituições cristãs, etc. Se estava propondo unir a Igreja ao povo não era

possível desvalorizar seus traços específicos. Anteriormente, Júlio Maria queria recatolizar o

Brasil, agora admitia que o povo brasileiro era tradicionalmente católico e necessitava de

ensino: era preciso que o clero lhe ensinasse a verdadeira doutrina.

O Concílio Plenário Latino Americano de 1899 propôs a criação de escolas

secundárias católicas e um currículo com estudos de letras humanas, matemática e ciências

naturais. Propunha ainda os colégios de comércio. Tais colégios deveriam ser aprovados pelos

respectivos bispos quanto aos livros e os métodos.

Dois anos após o Concílio, os padres da Congregação do Verbo Divino em Juiz de

Fora, em 1901, assumiram a Academia de Comércio e procuravam mostrar uma boa relação

com a ciência. A Academia de Comércio já existia há alguns anos, criada sob a liderança do

comerciante Batista de Oliveira que tinha forte convicção católica tendo participado de várias

iniciativas de cunho religioso na cidade. Nesse sentido, é possível indicar no Concílio Latino

Americano não a criação de novas perspectivas, mas a organização de práticas adotadas pelos

5 Barros (1986) aponta na geração da década de 1870, os quais ele chama de “ilustrados”, o embate de ideias

entre liberais, positivistas e o “catolicismo conservador”; abertos às filosofias de seu tempo, esses intelectuais

procuravam vê-las à luz das questões brasileiras. 6 O regalismo era uma fórmula derivada do padroado régio recebido pelo rei de Portugal que lhe dava poderes

para administrar a Igreja nas novas terras descobertas e conquistadas por ele. O Regalismo tornava a relação

entre Igreja e Estado como legais e a submissão da Igreja ao poder politico e à burocracia do Estado. 7 A penetração da filosofia positivista (de base comtiana) foi fortemente combatida por Júlio Maria em suas

Conferências da Assunção.

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bispos ou dentro de suas dioceses. Juiz de Fora possuía, antes do Concílio, uma escola

secundária para meninos pobres criada por D. Silvério na zona rural do município: o Colégio

do Patrocínio. Arnaldo Jansen, fundador dos verbitas, teve o cuidado de formar dois padres na

Academia de Altos Estudos Comerciais de Viena para lecionarem em Juiz de Fora. Em três

anos a Academia de Comércio de Juiz de Fora tinha um ginásio equiparado ao Ginásio

Nacional com gabinetes de física eletrônica, química e história natural, além do famoso

aparelho de Raios X. Em 1909 criaram um Instituto Politécnico além dos cursos secundários e

o superior em comércio. Esse instituto teve vida efêmera e se dedicava aos estudos de

eletricidade ou eletrotécnica, arquitetura e agrimensura. Havia na Academia padres-

professores especializados em ciências físicas (VV.AA, s/d). Conforme notou Caes (2002),

não havia oposição entre pensamento religioso e científico e sim uma composição entre eles e,

portanto, não uma negação pura e simples da modernidade. O padre Júlio Maria não só

defendeu essa relação do catolicismo com a ciência, sobretudo em suas Conferências da

Assunção, a partir de 1897, como defendeu o papel cristianizador do comércio.

O Concílio Plenário Latino Americano arregimentava os bispos no combate ao papel

educativo proposto ao Estado. Neste caso, fazia coro aos chamados “ilustrados”.

Por tanto, en aquellos lugares en que, merced a las maquinaciones y engaños

de los heterodoxos y demás enemigos de la Iglesia, se estiman y frecuentan

las escuelas llamadas neutrales, mixtas o laicas, con el fin de que los

alumnos crezcan en la más perfecta ignorancia de todo lo bueno y sin

preocuparse de la religión, debe procurarse con todo empeño persuadir a los

padres de familia que no pueden hacer peor servicio a su prole, a su patria y

al catolicismo, que el poner a sus hijos en peligro tan grande. (CPLA, 1899)

Para os bispos, a educação era função dos pais e esses deviam ensinar a doutrina tão

logo as crianças tivessem o “uso da razão”. Contra o ensino obrigatório ensinavam que os pais

deviam exigir o seu direito de educar os próprios filhos. Para combater as escolas neutras ou

laicas, os bispos sugeriam a criação de escolas católicas, inclusive as paroquiais para os

meninos pobres e colégios nas sedes de diocese. A Juiz de Fora de Júlio Maria possuía ambas.

E a questão da pobreza e dos operários foi uma das preocupações do sacerdote no período em

que viveu nessa cidade. Do mesmo modo que Júlio Maria pregava os estudos e a preparação

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para o clero atuar junto ao povo, os bispos indicavam a criação de escolas para a formação de

professores para as escolas católicas.

Acredito que a impossibilidade da universalização proposta pelos bispos latino-

americanos leva-os, a defender a volta do ensino religioso às escolas públicas. Sobretudo na

medida em que a tese da universalização da escola primária ganhava força. Era uma forma de

combater a laicização da sociedade. Júlio Maria exorbita esses aspectos por sua visão política

do papel da Igreja frente à sociedade em união com o povo. A defesa da democracia e a

identificação com a república levava Júlio Maria para a ponta oposta ao processo

ultramontano. Para o sacerdote, o clero não devia estar acima do povo, mas ao teu lado. O

padre deveria ser um membro do povo e, através da instrução religiosa, contribuir para a

participação política. Um povo católico teria líderes católicos e assim, teríamos leis e

governos católicos. Assim, a Igreja se vinculava à base do poder democrático, ou seja, o povo,

e não aos políticos.

Há vinculações a serem exploradas entre o direito social e a necessidade política de

participação. Esse aspecto ainda não foi suficientemente explorado nessa pesquisa. A base

crítica vem de Marshall (1967) em conferência na qual aponta o desdobramento do direito

político para o direito social na Inglaterra do século XIX. Júlio Maria se ocupou bastante da

situação da pobreza e foi possível fazer uma relação entre povo e pobre em algumas de suas

conferências, sendo que povo é um componente da política e pobre, numa visão teológica,

membro do corpo social. Mas na relação entre eles, é possível vislumbrar a temporalidade

nova, como apontara por Marshall na Inglaterra, na aproximação entre ambos os direitos

mencionados. Uma relação necessária entre direito social e político, a educação foi, para esse

novo tempo, transformando-se em um direito social básico.

Embora a abrangência da escolarização não fosse um direito de todos, nem tinha a

pretensão de universalidade, o final do século XIX, no Brasil, foi um tempo de mobilização

da sociedade por acesso à escola e conviveu com o nascimento de teses de uma educação

pública estatal. A democracia defendida por Júlio Maria em suas conferências se articulava

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com a ideia de uma Igreja não mais centrada em si mesma, ultramontana, mas preocupada e

engajada nas causas sociais, políticas e civis da sociedade brasileira: uma Igreja que

dialogasse com seu tempo para a solução dos problemas, não para negação e condenação

desses problemas. A perspectiva de união da Igreja com o povo invertia a situação na qual,

desde a reforma eleitoral de 1881, retirava do povo a relação entre sociedade civil e sociedade

política, conforme indicado por Rocha (2010) em sua análise sobre a legislação educacional

do mesmo período. Não é possível entender, na justificativa juliomariana de união com o

povo, a tese de “insuficiência cívica”, mas a tese pela qual, através da educação, do ensino, as

teses católicas, apreendidas pela sociedade, tornar-se-iam ação civilizatória. Júlio Maria

propôs um tornar-se cidadão em conjunto, na sociedade, na união entre a Igreja e o povo.

Considerações finais

A historiografia da educação e a historiografia da Igreja católica têm-se utilizado do

modelo eclesial ultramontano para propor estudos e discussões acerca de seus temas. No

entanto, considerando a filosofia tradicionalista, é possível perceber uma vertente de

pensamento que vincula o pensamento católico às questões políticas e sociais, sobretudo

quando se trata das duas décadas finais do século XIX e vai impactar a atuação da igreja mais

adiante, a partir de D. Leme, no Rio de Janeiro. Em geral, há identificação, entre os

historiadores, entre o ultramontanismo e o tradicionalismo, postura que tentamos destacar na

tese de doutoramento na qual o presente texto se inspirou (MARTINS, 2013).

A ligação do Padre Júlio Maria com as questões políticas e teológicas as quais ele

propõe, não serão compreendidas apenas com o olhar sobre o ultramontanismo. A presença da

filosofia tradicionalista em sua trajetória torna-se fundamental para compreender sua atuação,

quando teve aspecto ultramontano, ou quando se afasta desse ultramontanismo ao propor

soluções sociais, políticas e culturais, num período no qual a Igreja estava fechando-se em si

mesma em busca de defesas contra as perdas institucionais que vinha sofrendo. No caso

brasileiro, com a separação entre igreja e Estado, buscou-se, durante boa parte do início do

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período republicano, reorganizar-se institucionalmente, inclusive na busca de reaver os

chamados “bens eclesiásticos”. Essa questão está ligada ao sustento financeiro da instituição.

Júlio Maria se referiu a isso ao propor a pobreza do clero como uma aproximação com o povo

e com o próprio pobre (aquele como representante político e esse como modelo evangélico).

A historiografia da educação prioriza os debates sobre a influência católica a partir das

escolas religiosas confessionais e o ensino religioso como forma de influenciar a sociedade.

Mas ainda há poucos estudos sobre essas instituições religiosas no século XIX. A perspectiva

de Paul Ricoeur nos levou a perceber um horizonte de expectativa distinto em Júlio Maria.

Ainda que possamos apontar como uma perspectiva “derrotada” ou uma via na qual a Igreja

não se envolveu, podemos perceber que havia uma proposta antenada com o seu próprio

tempo, na qual Júlio Maria tentou indicar um caminho para a Igreja no Brasil num período em

que o próprio episcopado carecia de liderança. Essa temporalidade projetada como

expectativa por Júlio Maria, talvez não se tenha realizado, mas impactou outros atores nos

anos subsequentes.

O papel da educação, em sentido lato, ou seja, não exclusivamente escolar, é apontado

por Júlio Maria como evangelização e pastoral. Apesar de ainda conter um projeto de

cristandade, ou seja, da grande civilização cristã, Júlio Maria tem uma visão do processo

político, vislumbrando na república um sistema democrático à semelhança do americano, no

qual a educação ligaria o povo, detentor do poder na democracia, à Igreja, via participação

política balizada pela doutrina católica.

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