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MODELAGEM NUMÉRICA DA FLAMBAGEM DE ELEMENTOS METÁLICOS DE SEÇÕES ABERTAS E PAREDES FINAS Pablo Enio Koike Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Eduardo de Miranda Batista Rio de Janeiro Setembro de 2011

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MODELAGEM NUMÉRICA DA FLAMBAGEM DE ELEMENTOS METÁLICOS

DE SEÇÕES ABERTAS E PAREDES FINAS

Pablo Enio Koike

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Engenharia

Civil.

Orientador: Eduardo de Miranda Batista

Rio de Janeiro

Setembro de 2011

Page 2: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

MODALAGEM NUMÉRICA DA FLAMBAGEM DE ELEMENTOS METÁLICOS

DE SEÇÃO ABERTA E PAREDES FINAS

Pablo Enio Koike

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM

ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

_____________________________________________

Prof. Eduardo de Miranda Batista, D. Sc.

_____________________________________________

Profa. Michèle Schubert Pfeil, D. Sc.

_____________________________________________

Profa. Arlene Maria Sarmanho Freitas, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

SETEMBRO DE 2011

Page 3: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

iii

Koike, Pablo Enio

Modelagem numérica de flambagem de elementos

metálicos de seção aberta e paredes finas / Pablo Enio Koike.

– Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2011.

XVI, 70 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo de Miranda Batista

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Civil, 2011.

Referencias Bibliográficas: p. 63-65

1. Modelagem numérica. 2. Flambagem global,

distorcional e local. 3. Método das faixas finitas. I. Batista,

Eduardo de Miranda. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III. Titulo.

Page 4: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

iv

Aos meus pais, Goretti e Milton, meus maiores exemplos.

À Carolina, meu amor, minha grande incentivadora, que esteve

comigo nos momentos felizes e de privações.

Page 5: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

v

Agradecimentos

Agradeço, em primeiro lugar, ao Pai celestial, que me motivou e me deu forças para que

eu perseverasse nessa caminhada.

À minha mãe, com quem aprendi e continuo aprendendo lições de bondade, humildade,

luta, respeito e amor.

Ao meu pai e minha irmã que me incentivaram nessa caminhada.

Em memória, ao meu tio Francisco Koike, de quem sinto saudades.

Ao meu amor Carolina, que Deus pôs na minha vida. Obrigado pelo incentivo e

compreensão pelos momentos que estive ausente durante esses anos de mestrado.

Aos engenheiros Rodrigo Werneck e Mario Santos, com quem aprendi a ser engenheiro,

além de belas lições de profissionalismo, caráter e honestidade.

À “família EXACTUM” e aos meus amigos, extensões da minha família.

Meus sinceros agradecimentos ao orientador, professor Eduardo Batista, pelos

ensinamentos passados, pelo apoio e orientação irrestritos e por ter acreditado que eu

conseguiria desenvolver este trabalho.

A todos que, de alguma forma, contribuíram e torceram por mim nessa jornada.

Page 6: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

vi

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MODELAGEM NUMÉRICA DE FLAMBAGEM DE ELEMENTOS METÁLICOS

SEÇÃO ABERTA E PAREDES FINAS

Pablo Enio Koike

Setembro/2011

Orientadores: Eduardo de Miranda Batista

Programa: Engenharia Civil

O método das faixas finitas é dirigido à análise de flambagem de elementos

estruturais com paredes finas, com destaque especial para os perfis de aço formados a

frio, PFF. A presente pesquisa foi focada no desenvolvimento de um programa

computacional especialmente dirigido à análise e determinação dos modos de

flambagem e das cargas críticas de PFF. O programa computacional desenvolvido com

base no método das faixas finitas recebeu a designação de Análise de Perfis Formados a

Frio, APFF, e foi concebido para a aplicação prática em dimensionamento de estruturas

constituídas com PFF, a partir dos métodos de resistência direta e das seções efetivas,

ambos incluídos na última edição da norma brasileira ABNT NBR 14762:2010. Essas

metodologias recentemente incorporadas à norma brasileira permitiram importante

simplificação nos procedimentos de cálculo da resistência dos PFF, ao mesmo tempo

em que aprimoraram de forma significativa os resultados, conferindo maior precisão

frente aos resultados experimentais de calibração, se comparado ao tradicional método

das larguras efetivas. Exemplos de análise numérica da flambagem local, distorcional e

global de PFF com variações na geometria e do material são apresentados e comparados

com resultados de programa CUFSM, confirmando a acurácia do programa APFF.

Page 7: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

vii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

NUMERICAL MODELING OF BUCKLING FOR STEEL ELEMENTS OF THIN

WALLED OPEN SECTIONS

Pablo Enio Koike

September/2011

Advisor: Eduardo de Miranda Batista

Department: Civil Engineering

Finite strip method buckling analysis is applied in order to improve the

knowledge of thin-walled steel cold-formed members. The present investigation

proposed the development of a computational program specially addressed to perform

finite strip method analysis of the buckling modes and to calculate the critical elastic

loads of cold-formed steel sections. APFF - Cold Formed Sections Analysis is the

developed software aimed to be very useful for the design of steel structures based on

cold formed sections. The developed finite strip computational program was conceived

to be an important tool for the design of cold-formed members on the bases of both

direct strength and effective section methods as presented in the last edition of the

Brazilian code ABNT NBR 14762:2010, allowing simplification of the design

procedures as well as obtaining improved strength results when compared with the

traditional effective width method. Numerical examples with geometrical and physics

variations are presented and compared with the results from the software CUFSM,

confirming the accuracy of the APFF computational program.

Page 8: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

viii

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

1.1 Motivação ............................................................................................................ 1

1.2 Utilização dos perfis formados a frio na construção civil ................................... 2

1.3 Notícias históricas sobre o Método das Faixas Finitas........................................ 3

1.4 Objetivo ............................................................................................................... 5

2. INCERTEZAS NA DEFINIÇÃO DOS MODOS DE FLAMBAGEM DE PERFIS DE

PAREDES FINAS ................................................................................................ 7

2.1 Barras comprimidas ............................................................................................ 7

2.2 Problemas nas definições dos modos de flambagem ......................................... 8

2.3 Problemas no cálculo dos modos de flambagem ............................................... 9

2.4 Definição dos modos de flambagem ................................................................. 11

2.5 Comparação entre os métodos de cálculo para a análise de flambagem ........ 14

3. A ANÁLISE PELO MÉTODO DAS FAIXAS FINITAS ............................................... 16

3.1 Introdução ......................................................................................................... 16

3.2 Filosofia do Método .......................................................................................... 16

3.3 Flexão de placas retangulares ........................................................................... 19

3.4 Notações gerais ................................................................................................. 20

3.4.1 Sistemas de coordenadas ........................................................................... 20

3.4.2 Classes de nós ............................................................................................. 21

3.5 Classificação das faixas finitas ........................................................................... 21

3.6 Escolha da faixa ................................................................................................. 22

3.6.1 Continuidade .............................................................................................. 22

3.6.2 Condições de Contorno .............................................................................. 23

3.7 Funções de interpolação E Campos de deslocamentos .................................... 25

3.8 Campo de deslocamentos e convergência ....................................................... 27

3.9 Funções deslocamentos típicas ......................................................................... 29

3.10 Funções de forma da faixa finita ....................................................................... 30

3.11 Matriz de rigidez elástica .................................................................................. 31

Page 9: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

ix

3.12 Matriz de rigidez geométrica ............................................................................ 37

3.13 Transformação de matriz local em matriz global .............................................. 41

3.14 Método agrupar ................................................................................................ 42

3.15 Liguagem Computacional .................................................................................. 43

3.16 Descrição das principais funções do programa ................................................ 44

4. ESTUDOS DE CASO .......................................................................................... 47

4.1 Caso 1 ................................................................................................................ 47

4.2 Caso 2 ................................................................................................................ 48

4.3 Caso 3 ................................................................................................................ 51

4.4 Caso 4 ................................................................................................................ 53

4.5 Caso 5 ................................................................................................................ 58

5. CONCLUSÃO ................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 63

ANEXO 1 - MANUAL DO PROGRAMA ................................................................... 66

Page 10: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1 - Perfil modelado em elementos finitos / Perfil modelado em faixas finitas .. 5

Figura 1-2 - Curva de flambagem típica para uma seção transversal particular (ML -

modo local; MD - modo distorcional; MG – modo global) ............................................. 6

Figura 1-3 - Ilustração de flambagem 2D (no plano) / Flambagem 3D (fora do plano) . 6

Figura 2-1 - Deformadas dos modos de flambagem de uma seção U enrijecida ............. 7

Figura 2-2 - Perfil U e deformada - Flambagem Local .................................................... 8

Figura 2-3 - Perfil U enrijecido e deformada - Flambagem Distorcional ........................ 8

Figura 2-4 - Perfil I e deformada ...................................................................................... 9

Figura 2-5 - Curvas dos modos de flambagem .............................................................. 11

Figura 2-6 - Modo de flambagem local de perfil U enrijecido ....................................... 12

Figura 2-7 - Identificação da flambagem local de perfil U enrijecido - CUFSM ......... 12

Figura 2-8 - Modo de flambagem distorcional de perfil U enrijecido .......................... 12

Figura 2-9 - Identificação da flambagem distorcional de perfil U - CUFSM ............... 13

Figura 2-10 - Modo de flambagem global de perfil U enrijecido .................................. 13

Figura 2-11 - Identificação da flambagem global de perfil U enrijecido - CUFSM ...... 13

Figura 3-1- Funções deslocamentos do elemento........................................................... 16

Figura 3-2- Exemplos de discretização de barras ........................................................... 18

Figura 3-3 - Faixa retangular típica para flexão ............................................................ 18

Figura 3-4 - Sistemas de coordenadas global e local..................................................... 20

Figura 3-5 - Classificação dos nós na seção .................................................................. 21

Figura 3-6 - Representação esquemática dos tipos de faixas ........................................ 22

Figura 3-7 - Exemplo básico de placa discretizada em faixas finitas ............................ 25

Figura 3-8 - Deslocamentos das Linhas Nodais ............................................................ 27

Figura 3-9 - Faixa finita padrão ..................................................................................... 28

Page 11: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

xi

Figura 3-10 - Sistema de coordenadas e graus de liberdade da faixa finita .................. 30

Figura 3-11 - Carregamento atuante na faixa finita ....................................................... 37

Figura 3-12 - Orientação dos eixos locais ..................................................................... 41

Figura 4-1 - Perfil U9x5x1x0.1 (in)................................................................................ 47

Figura 4-2 - Perfil Ue 152,4x50,8x15,75x0,88mm ........................................................ 48

Figura 4-3 – Regra de classificação de perfis comerciais de chapa fina americanos ..... 49

Figura 4-4 – Marcação em perfil U enrijecido (stud) 600S162-33 ................................ 49

Figura 4-5 - Resultados gerados para o caso 2 (passo 1) no programa CUFSM ............ 50

Figura 4-6 – Resultados gerados para o caso 2 (passo 2) no programa APFF ............... 50

Figura 4-7 - Perfil U9x5x1x0.1 (in)................................................................................ 51

Figura 4-8 – Resultados gerados para o caso 2 no programa APFF............................... 52

Figura 4-9 - Perfil U9x5x1x0.1 (in)................................................................................ 53

Figura 4-10 - Forma de flambagem local – compressão centrada - APFF ..................... 53

Figura 4-11 - Forma de flambagem distorcional – compressão centrada - APFF .......... 54

Figura 4-12 - Forma de flambagem distorcional – compressão centrada - APFF .......... 54

Figura 4-13 - Forma de flambagem flexão global – compressão centrada - APFF........ 55

Figura 4-14 - Forma de flambagem local – flexão simples - APFF ............................... 56

Figura 4-15 - Forma de flambagem distorcional – flexão simples - APFF .................... 56

Figura 4-16 - Forma de flambagem local – flexão simples - APFF ............................... 57

Figura 4-17 - Forma de flambagem local – flexão simples - APFF ............................... 57

Figura 4-18 – Geometria da placa / comp. 500mm ........................................................ 58

Figura 4-19 – Modelo estrutural da placa / deformada da placa .................................... 58

Figura 4-20 – Carga crítica de flambagem da placa ....................................................... 59

Figura 1 - Tela inicial do programa computacional APFF ............................................. 66

Figura 2 - Barra de menu principal ................................................................................. 67

Figura 3 - Entrada de dados e resultados das propriedades geométricas da seção ......... 67

Page 12: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

xii

Figura 4 - Entrada de dados - propriedades do material ................................................. 68

Figura 5 - Entrada de dados - geometria dos nós ........................................................... 68

Figura 6 - Entrada de dados - geometria dos elementos ................................................. 68

Figura 7 - Resultados da análise ..................................................................................... 69

Figura 8 - Propriedades da seção geométrica ................................................................. 69

Page 13: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3-1 - Número de linhas nodais por faixa ............................................................ 24

Tabela 3-2 - Seção longitudinal da faixa - parte em série da função deslocamento....... 26

Tabela 3-3 - Seção transversal da faixa - parte polinomial da função deslocamento ..... 26

Tabela 3-4 – Faixa finita utilizada no programa computacional .................................... 29

Tabela 4-1 - Propriedades geométricas da seção aberta - Comparativo de resultados ... 48

Tabela 4-2 - Propriedades do material utilizado na análise ............................................ 49

Tabela 4-2 – Comparação entre os resultados utilizados na análise na análise do caso 1

........................................................................................................................................ 51

Tabela 4-3 – Comparação entre os resultados utilizados na análise do caso 2 .............. 52

Tabela 4-4 – Comparação entre os resultados utilizados na análise para compressão ... 55

Tabela 4-5 – Comparação entre os resultados utilizados na análise para flexão simples58

Page 14: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS

AO2 Elemento de Alta Ordem com duas linhas nodais

AO3 Elemento de Alta Ordem com três linhas nodais

BO2 Elemento de Baixa Ordem com duas linhas nodais

GBT Método particular das faixas finitas

GDL Grau de liberdade

LN Linha Nodal

MEF Método dos Elementos Finitos

MFF Método das Faixas Finitas

MLE Método das Larguras Efetivas

MRD Método da Resistência Direta

MSE Método das Seções Efetivas

LISTA DE SÍMBOLOS

Letras Romanas Minúsculas:

a comprimento da placa ou comprimento da semi-onda ou distância do ponto de

aplicação da carga ao apoio mais próximo

b largura da placa ou largura da faixa finita

e excentricidade

f(x) função polinomial na direção transveral

fi parâmetro nodal de uma faixa

m número de semi-ondas

t espessura de placas

tw espessura da alma

tf espessura do flange ou mesa

Page 15: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

xv

x, y, z coordenadas retangulares

u, v, w deslocamento característico na direção x, y e z respectivamente

Letras Romanas Maiúsculas:

A área da seção transversal

Ai constantes indeterminadas das funções polinomiais de deslocamento

[B] matriz de rigidez

Ci funções de forma para um faixa finita

Cw constante de empenamento

[D] matriz de propriedades

E módulo de elasticidade

Ef módulo de elasticidade na flexão

Ex módulo de elasticidade na direção longitudinal

Ey módulo de elasticidade na direção transversal

E11 módulo de elasticidade na direção 1

E22 módulo de elasticidade na direção 2

Gxy módulo de cisalhamento

G módulo de elasticidade transversal

I segundo momento de área

Ixx momento de inércia em torno do eixo x

Iyy momento de inércia em torno do eixo y

Ixy momento polar

I11 carga máxima

I22 carga máxima

J momento polar de inércia

L comprimento do perfil ou vão livre entre apoios

Page 16: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

xvi

Nk funções de forma

P carga concentrada

Pcr carga crítica de flambagem

{P} vetor de carga

[R] matriz de tranformação

[S] matriz de rigidez de uma faixa finita

[SG] matriz de rigidez geométrica de uma faixa finita

U energia de deformação

Xcg centro de gravidade no eixo x

Xs centro de cisalhamento no eixo x

Ycg centro de gravidade no eixo y

Ys centro de cisalhamento no eixo y

W energia potencial das forças externas

Letras Gregas Minúsculas:

ε, εx, εy, γxy deformações

ζ, ζx, ζy, ηxy tensões

{ζ}, {η} vetores para tensões e deformações

{δ} vetor deslocamentos nodais

ν coeficiente de poisson

λ autovalores

θ rotação

Letras Gregas Maiúsculas:

somatório

Φ energia potencial total

Page 17: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

1

1. INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

O presente trabalho apresenta aspectos e procedimentos relativos à implementação

computacional do Método das Faixas Finitas (MFF) para análise linear de problemas de

instabilidade de elementos metálicos formados por placas associadas sujeitas à

compressão centrada.

Perfis formados a frio, com paredes de espessura fina, sujeitos à compressão

desenvolvem flambagem local da seção transveral e global da barra enquanto perfis de

paredes espessas estão sujeitos apenas à flambagem global. Três modos básicos, ou

classes de flambagem, podem ser distinguidos: flambagem local, distorcional e global.

Qualquer um desses modos pode conduzir a deformação excessiva e, finalmente a falha

estrutural. Cada modo de flambagem tem um grau diferente de capacidade pós-

flambagem e formação de mecanismo típico de colapso, sendo indispensável o cálculo

das respectivas cargas de flambagem para cada modo, associado com o objetivo de

identificar a carga crítica (mínima). A importância da flambagem no cálculo do estado

limite último é refletida nas normas, as quais, direta ou indiretamente, usam a carga

crítica para determinar a resistência da barra.

O programa computacional proposto desenvolve análises que envolvem a modelagem

das condições de extremidade das barras, sob compressão uniforme. As condições de

extremidade influenciam de forma distinta o modo flambagem local de placa e o modo

distorcional, com conseqüente alteração tanto das tensões de flambagem (carga crítica

de flambagem) quanto do número de semi-ondas (modo de flambagem). Porém nesse

trabalho será considerada apenas a condição de apoio simples, sendo essa uma restrição

do MFF.

Os resultados numéricos das análises serão comparados com resultados disponíveis na

literatura, permitindo a validação do programa computacional desenvolvido com base

no MFF, com o objetivo de avaliar os fenômenos de flambagem de elementos metálicos

de seção aberta e paredes finas.

Page 18: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

2

1.2 UTILIZAÇÃO DOS PERFIS FORMADOS A

FRIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Os perfis de chapa dobrada alcançaram lugar de destaque entre as estruturas metálicas

dada a grande variedade de formas das seções transversais. Sua utilização é notória

principalmente em obras de menor porte que possuem, em geral, pequenos vãos e

carregamentos de pequena magnitude.

Como estrutura principal, o uso dos perfis de chapa dobrada dá-se em edifícios de

pequena altura, residências, galpões e coberturas leves em geral. Fôrmas para

concretagem, andaimes e escoramentos, terças, longarinas e armações para forros são

outros exemplos que ilustram a versatilidade desses perfis na construção civil.

Podem ser citadas diversas características que diferenciam o comportamento estrutural

desses perfis em relação aos perfis laminados e soldados.

A pequena espessura das chapas utilizadas resulta em elevada relação largura/ espessura

dos elementos planos que compõe a seção transversal. Os perfis assim obtidos estão

sujeitos à flambagem local dos elementos que compõem a sua seção transversal. No

entanto isto não representa, em geral, o esgotamento da capacidade resistente da barra.

A análise de flambagem de chapas permite prever a carga crítica e compreender o

comportamento elástico das placas metálicas associadas, que é o tema de estudo

desenvolvido e apresentado nos capítulos seguintes.

Outra característica da conformação a frio das chapas finas é a alteração das

características mecânicas do aço virgem, com acréscimo na tensão limite de escoamento

e na tensão limite de resistência à tração, sendo esses efeitos mais pronunciados na

região vizinha dos cantos dobrados onde há presença de tensões residuais.

Page 19: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

3

1.3 NOTÍCIAS HISTÓRICAS SOBRE O MÉTODO

DAS FAIXAS FINITAS

A idéia de discretizar estruturas laminares em faixas finitas adjacentes é mais antiga do

que tem sido apontado pelos estudiosos do Método das Faixas Finitas, MFF. Assim é

que o escandinavo Kärrholm (KÄRRHOLM, 1956) na década de 1950 já utilizava tal

conceito, com a preocupação fundamental de resolver, através das diferenças finitas, a

equação geral das placas para cada uma das faixas, individualmente, e compatibilizar

flechas nas fronteiras comuns de faixas contíguas. Embora já tivesse utilizado séries

trigonométricas, não ocorreu a automatização do método, provavelmente devido ao

pouco desenvolvimento dos computadores daquela época.

Em 1963, outro escandinavo, Hellan (HELLAN, 1963) apresentou suas idéias sobre a

aplicação de um procedimento numérico para a análise de placas retangulares

isotrópicas, baseado nas condições de equilíbrio e compatibilidade de deslocamentos

nas fronteiras comuns de faixas vizinhas. Paralelamente, desenvolvia-se o Método dos

Elementos Finitos, MEF, com o grande impulso fornecido pela utilização crescente dos

computadores e implementação das técnicas de programação.

Cheung, envolvido com o estudo do MEF junto ao professor Zienkiewcz, propôs em

1968 uma variante do MEF, para a análise de placas ortotrópicas retangulares

simplesmente apoiadas em seus extremos à qual chamou de Método das Faixas Finitas.

Independentemente Powell e Ogden sugeriram em 1969 (POWELL e OGDEN, 1969) a

mesma solução e desenvolveram um programa de computador para a análise de

tabuleiros de pontes metálicas. Após os primeiros passos, inúmeros estudos foram feitos

com o intuito de generalizar a aplicação do método.

Mais recentemente por Ben Schafer (SHAFER, 2006), nos Estados Unidos,

desenvolveu rotinas computacionais com base no MFF, especialmente dirigidas aos

perfis de aço formados a frio.

Page 20: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

4

Tais estudos abriram horizontes variados e serão sumarizados a seguir, nos aspectos

mais importantes extraídos da bibliografia disponível.

1971 – Cheung (CHEUNG, 1971) adapta a faixa típica de placa para compatibilização

de curvaturas (faixa de alta ordem).

1972 – Cheung e Cheung (CHEUNG M.S. e CHEUNG Y.K., 1972) utiliza faixas de

alta ordem para análise dinâmica de placas.

1972 – Zienkiewicz e Too (ZIENKIEWICZ e TOO, 1972), utilizando o Método dos

Primas Finitos, analisam vigas-caixão espessas simplesmente apoiadas.

1976 – Cheung (CHEUNG, 1976) lança o primeiro livro específico sobre o MFF.

1978 – Loo e Cusens (LOO e CUSENS, 1978) lançam livro sobre a aplicação do MFF à

engenharia de pontes.

1985 – Michèle Pfeil (PFEIL, 1985) apresenta um abordagem analítica da interação

local-global na flambagem de colunas de seção U enrijecida em sua dissertação de

mestrado.

1988 – Eduardo Batista (BATISTA, 1988) desenvolve um programa com base no MFF

em sua tese de doutorado, para análise de seções de paredes finas.

1997 – Ben Schafer (SCHAFER, 1997) publica seu primeiro artigo sobre o

comportamento e dimensionamento de elementos enrijecidos formados por placas

associadas de paredes finas, desde então, como professor do departamento de

engenharia civil, ele desenvolve trabalhos com um grupo de pesquisa na Johns Hopkins

University em Baltimore, Estados Unidos. Adicionalmente ele mantém o

desenvolvimento do programa CUFSM, um programa para análise elástica de

flambagem de barras de paredes finas utilizando o MFF.

Indubitavelmente muito mais se fez em relação ao MFF. O presente resumo tem como

objetivo maior tão somente um breve delineamento histórico que permita ao leitor

absorver a espinha dorsal do andamento das pesquisas ao longo do tempo.

Page 21: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

5

1.4 OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho consiste em desenvolver um aplicativo computacional

para a análise numérica da flambagem local, distorcional e global de perfis de paredes

finas e seção aberta formados por placas metálicas associadas.

No caso da flambagem por distorção, em função da complexidade analítica, as normas

tratam essa forma de flambagem por métodos simplificados, como prescreve a norma

brasileira NBR 14762 (ABNT, 2001), ou por meio de limitações geométricas a serem

aplicadas nos perfis, liberando, então, a necessidade de se abordar esse modo de

flambagem.

Pretende-se abordar o problema da flambagem através da análise linear de estabilidade,

solução de autovalor, o que permite identificar os modos de flambagem que influenciam

no comportamento do elemento estrutural (autovetor), e calcular a carga crítica de

flambagem (autovalor). Matematicamente, a análise linear de estabilidade através do

Método das Faixas Finitas, ou de qualquer outro método de discretização, envolve a

resolução de um problema de autovalores, definido pelas matrizes de rigidez do perfil

discretizado.

O programa computacional realiza a análise de elementos metálicos formados por

placas associadas, facilita a decomposição das soluções de estabilidade e apresenta as

curvas dos modos de deformação local, distorcional e global da seção transversal.

Figura 1-1 - Perfil modelado em elementos finitos / Perfil modelado em faixas finitas

No Método das Faixas Finitas, as funções de forma do elemento são polinômios na

direção transversal e funções trigonométricas na direção longitudinal. A curva de

flambagem é o resultado principal de uma análise do Método de Faixas Finitas. A típica

curva de flambagem para uma dada seção está mostrada na figura 1-2, sendo também

Page 22: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

6

denominada como a “assinatura do perfil” dadas suas características intrinsecamente

associadas àquela seção transversal. Os valores mínimos dessa curva são de interesse

especial porque indicam as cargas críticas associadas a cada modo de flambagem, como

mostra a figura 1-2.

carg

a cr

ític

a

Figura 1-2 - Curva de flambagem típica para uma seção transversal particular (ML -

modo local; MD - modo distorcional; MG – modo global)

O modo de flambagem é a forma como um perfil se deforma no processo de

flambagem. A figura 1-3, por exemplo, ilustra o modo de flambagem de um perfil Z em

flexão gerado pelo programa CUFSM no plano transversal da seção e em terceira

dimensão mostrando o desenvolvimento dos comprimentos de semi-onda.

Figura 1-3 - Ilustração de flambagem 2D (no plano) / Flambagem 3D (fora do plano)

A figura tridimensional, figura 1-3, ilustra o modo de flambagem local para flexão

simples. A flambagem local se desenvolve em comprimentos de semi-onda a, repetidos

de forma mono tônica, com comprimentos múltiplos da ordem das dimensões da seção

transversal. Admite-se que as deformações referentes ao modo de flambagem se

desenvolvem com um número inteiro de semi-ondas senoidais ao longo do

comprimento da barra.

a

Page 23: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

7

2. INCERTEZAS NA DEFINIÇÃO DOS MODOS DE

FLAMBAGEM DE PERFIS DE PAREDES FINAS

2.1 BARRAS COMPRIMIDAS

É interessante que se discuta o comportamento e a resistência de uma placa dobrada

comprimida, porque o procedimento de verificação adotado nas normas, incluindo a

norma brasileira, com base no tradicional método das larguras efetivas, é o de

considerar, de forma aproximada, o perfil formado por uma série de placas isoladas

entre si, servindo cada uma como vinculação com a placa vizinha na região da fronteira

entre ambas. Tal concepção encontra-se ultrapassada após a disponibilização de

programas computacionais de análise da flambagem elástica, em especial com base no

método das faixas finitas. Um perfil formado a frio pode entrar em colapso de duas

formas ou pela interação entre ambas:

1) Por escoamento;

O colapso por escoamento puro se dá em placas muito espessas, onde a relação largura

da placa/ espessura é menor do que 10 e seu comprimento também é pequeno.

2) Por flambagem;

a) Flambagem local L da seção;

b) Flambagem global G da barra por flexão, torção pura ou flexo-torção;

c) Flambagem distorcional D;

d) Pela interação entre modos de flambagem: LG, LD, DG ou ainda LDG.

A figura a seguir, a figura 2-1, apresenta os diferentes modos de flambagem, puros e

combinados.

Seção Flexão menor Torção Flexo Local Distorcional

transversal inércia pura Torção

Figura 2-1 - Deformadas dos modos de flambagem de uma seção U enrijecida

Page 24: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

8

O colapso por esmagamento da seção se dá em perfis muito curtos (com índice de

esbeltez global KL/r < 20) e com paredes espessas.

O colapso por flambagem local ocorre em um ou mais elementos de placas associadas

que formam o perfil. A flambagem local pura só se dará em perfis curtos (com índice de

esbeltez KL/r < 20) e com paredes muito finas.

Já a flambagem global pode apresentar-se de três modos distintos:

Flambagem por flexão

Flambagem por torção

Flambagem por flexo-torção

2.2 PROBLEMAS NAS DEFINIÇÕES DOS MODOS

DE FLAMBAGEM

As definições apresentadas no capítulo anterior funcionam bem para um grupo de

problemas práticos; entretanto, não são suficientemente precisas para muitos outros

casos. Dois casos típicos devem ser mencionados nas figuras 2-2 e 2-3.

Figura 2-2 - Perfil U e deformada - Flambagem Local

Figura 2-3 - Perfil U enrijecido e deformada - Flambagem Distorcional

Page 25: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

9

A figura 2-3 apresenta a seção de um perfil U formado a frio com um pequeno

enrijecedor de borda. O modo de flambagem apresentado e a carga crítica associada são

quase idênticos àqueles de perfis U que não apresentam enrijecedor, figura 2-2.

Entretanto, enquanto a forma da flambagem de um perfil U sem enrijecedor é

classificado como flambagem local, para o caso da seção U enrijecida, o modo de

flambagem aparentemente análogo é classificado como distorcional. Note que mesmo

no caso de um perfil U sem enrijecedor há razões (comprimento no modo de

flambagem, mecanismo da falha) para classificar o presente modo como distorcional em

vez de local. Nesse caso, a classificação do modo pode ser estudada em um programa de

faixas finitas onde é apresentada a deformada da seção transversal.

Figura 2-4 - Perfil I e deformada

A figura 2-4 apresenta a seção de um perfil I simétrico e uma possível forma de

flambagem, a qual pode ocorrer caso o perfil seja carregado em flexão. Está claro que o

presente modo de flambagem não pode ser classificado nem como puramente local nem

puramente global, uma vez que a seção transversal está distorcida e ao menos uma das

linhas de interseção entre as placas estão deslocadas. A partir deste último aspecto, a

deformada apresentada na figura 2-4 deve ser classificada como modo de flambagem

distorcional (SCHAFER, 2006).

2.3 PROBLEMAS NO CÁLCULO DOS MODOS DE

FLAMBAGEM

A formulação analítica para o cálculo da carga crítica de flambagem em todos os modos

(global, distorcional, e local) é muito trabalhosa ou não existe. Existem três métodos

reconhecidos para executar o cálculo da carga crítica, são eles: o Métodos dos

Elementos Finitos MEF, o Método das Faixas Finitas MFF e o General Beam Theory

Page 26: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

10

GBT. Enquanto esses métodos podem ser considerados como eficientes e amplamente

utilizados como maneira de determinar as cargas críticas, cada método numérico tem

suas limitações.

O Métodos dos Elementos Finitos é de longe o método numérico mais geral e mais

utilizado. O MEF é aplicável a praticamente qualquer tipo de elemento estrutural,

qualquer carregamento e qualquer condição de contorno. Adicionalmente existe um

grande número programas disponíveis no mercado. O valor desses aplicativos gerais é a

grande quantidade de elementos finitos, os quais demandam resultados em um grande

número de possíveis modos de flambagem, os quais o MEF não consegue distinguir.

Dessa maneira, é o usuário quem deve classificar os modos calculados. Basicamente ele

deve fazer uma análise visual do modo de flambagem, o que pode levar a equívocos na

interpretação de resultados.

O programa CUFSM (SCHAFER, 2006) utiliza o Métodos das Faixas Finitas e tenta

superar o problema de identificação do MEF fazendo a determinação automática da

carga crítica de flambagem como uma função do comprimento de flambagem. Isso

ajuda o usuário a identificar as características do modo de flambagem, desde que, em

muitos casos, o primeiro ponto de mínimo da curva identifica a flambagem local,

enquanto o segundo mínimo é geralmente associado ao modo de flambagem

distorcional.

A figura 2-5 (SCHAFER, 2006) apresenta um exemplo para perfil U enrijecido (curva

superior), onde a carga crítica de flambagem (Pcr) é apresentada de forma adimensional

pela divisão da carga de escoamento (Py=A.fy). Existem exemplos para os quais o MFF

não identifica automaticamente o ponto de mínimo (curva inferior), novamente para

perfil U enrijecido, onde somente um ponto de mínimo existe. Finalmente, como

normalmente utilizado, o MFF é limitado a aplicação de perfis de seção aberta e

condições de extremidade simplesmente apoiadas e empenamento livre.

Page 27: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

11

Figura 2-5 - Curvas dos modos de flambagem

A GBT também é aplicada com grande sucesso na análise de flambagem de perfis

formados a frio. A característica atraente da GBT é a capacidade de classificar a

composição do modo de flambagem, com base na consideração da participação modal.

Assim, seria útil desenvolver um procedimento geral orientado para o cálculo das cargas

críticas de flambagem e identificação dos modos, sem abrir margem às interpretações

equivocadas como se apresentam no MFF e MEF. Entretanto, isso requer definições

mais exatas para os modos de flambagem.

2.4 DEFINIÇÃO DOS MODOS DE FLAMBAGEM

Esse capítulo apresenta definições dos modos de flambagem a partir da interpretação da

curva de flambagem. A caracterização do modo é feita com base na identificação dos

pontos de mínimo da curva. Para isso foi utilizado o programa CUFSM para a análise de

uma seção U enrijecida 600S200-33 (perfil comercial americano). A barra foi analisada

variando o comprimento de 10 mm até 23000mm com incrementos de 100 mm.Esse

curto incremento refina a curva de maneira que a região de interesse tenha uma curva

suave, facilitando a leitura dos resultados. As figuras 2-7, 2-9 e 2-11 apresentadas nesse

capítulo foram geradas pelo programa CUFSM (SCHAFER, 2006).

O primeiro modo de flambagem, para barras curtas é a flambagem local. A figura 3-1

apresenta a geometria não deformada e placas deformadas, com flexão fora do seu

plano, sem translação das arestas, caracterizando o modo local.

Page 28: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

12

Figura 2-6 - Modo de flambagem local de perfil U enrijecido

O primeiro ponto de mínimo da curva indica a flambagem local para o comprimento da

primeira semi-onda de 100mm . O fator de carga é 0,74, isso quer dizer que a carga

crítica de flambagem local (Pcrl) é igual a 0,74Py. A identificação de Pcrl do primeiro

modo de flambagem, nesse caso local, é apresentada na figura 3-2.

Figura 2-7 - Identificação da flambagem local de perfil U enrijecido - CUFSM

A segunda forma de flambagem é a distorcional, que ocorre com valor mínimo para o

comprimento de semi-onda de 700mm. É importante observar que não há ocorrência de

um mínimo absoluto para esse caso. Verifique que para a deformada, figura 3-3, houve

uma rotação nas abas superiores e inferiores comprovando a distorção nas paredes do

perfil. O fator de carga é 2,30 e isso quer significa que a carga crítica de flambagem

distorcional (Pcrd) é igual a 2,30Py.

Figura 2-8 - Modo de flambagem distorcional de perfil U enrijecido

Local

Page 29: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

13

Figura 2-9 - Identificação da flambagem distorcional de perfil U - CUFSM

Para o comprimento de semi-onda 10000mm, a flambagem é global, de flexão e em

torno do eixo de menor inércia, verificada pelo deslocamento da seção na direção do

eixo x, conforme apresentado na figura 3-5. Nesse caso, o fator de carga é 0,153 e a

carga crítica de flambagem para flexão é igual a 0,153Py.

Figura 2-10 - Modo de flambagem global de perfil U enrijecido

Figura 2-11 - Identificação da flambagem global de perfil U enrijecido - CUFSM

Distorção

Global

Page 30: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

14

2.5 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE

CÁLCULO PARA A ANÁLISE DE FLAMBAGEM

A tensão na flambagem elástica e os modos de flambagem podem ser calculados de

várias maneiras. As duas maneiras clássicas são o MEF e MFF. O método de elementos

finitos permite soluções elásticas de flambagem para todos os tipos de geometrias e

várias condições de contorno. O método das faixas finitas é aplicável somente aos

problemas com maior complexidade geométrica na seção transversal, e na direção do

comprimento não há discretização dos elementos. Apesar de o método de elementos

finitos ser amplamente utilizado na análise de problemas de engenharia, o método de

faixas finitas pelas vantagens na determinação e classificação dos modos de flambagem

é amplamente utilizado nas estruturas de perfis formados a frio.

Dentro de seu campo de aplicação o MFF tem se apresentado como alternativa

importante em comparação com o MEF, pois permite a redução de esforço

computacional.

Enquanto o MEF apresenta solução geral, com auxílio de elementos finitos de casca,

para qualquer tipo de elemento estrutural de paredes finas, incluindo análise elástica e

inelástica e quaisquer condição de extremidade, o MFF só se aplica a análise elástica,

elementos de paredes finas com apoios simples nos extremos, simplesmente apoiados na

flexão global e na flexão local das placas e com empenamento livre.

O número de graus de liberdade e de equações envolvidas na análise pelo MFF é bem

menor do que no caso do MEF, exigindo um esforço computacional menor. Como

consequência, a largura da banda da matriz do sistema de equações é significativamente

menor, o que faz com que o tempo de processamento seja bastante reduzido.

O MFF requer uma ocupação de memória consideravelmente reduzida em relação ao

MEF, tendo inclusive a vantagem de ser de programação mais simplificada, permitindo

a utilização de técnicas matriciais de uso corrente, evitando a recorrência de técnicas

avançadas e sofisticadas que visam a diminuição de área de memória ocupada.

A quantidade de dados de entrada é muito pequena, diminuindo a possibilidade de erros

e não requerendo a geração automática de carregamentos e sistemas de combinações.

Page 31: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

15

A manipulação de dados de saída no MFF é bem mais simples e menos trabalhosa do

que no MEF, onde a sua quantidade é, via de regra, muito grande.

Page 32: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

16

3. A ANÁLISE PELO MÉTODO DAS FAIXAS FINITAS

3.1 INTRODUÇÃO

O objetivo desse capítulo é apresentar a completa descrição do MFF (CHEUNG, 1976)

para soluções de estabilidade aplicada a perfis de paredes finas com seção aberta e

condição de contorno bi-apoiada nas extremidades da barra.

As funções de forma de membrana são assumidas por polinômios na direção

transversal, enquanto na direção longitudinal são empregadas funções trigonométricas,

as quais satisfazem às condições de contorno empregadas. A estrutura básica do MFF é

similar a qualquer outro método estudado na análise matricial de estruturas.

Figura 3-1- Funções deslocamentos do elemento

As matrizes essenciais de rigidez elástica e geométrica estão deduzidas e apresentadas

nos itens 3.11 e 3.12.

3.2 FILOSOFIA DO MÉTODO

O MFF apresenta-se como um procedimento híbrido. Associa algumas vantagens da

solução de estruturas em séries trigonométricas ao Método dos Elementos Finitos.

Sua filosofia é semelhante ao Método de Kantorovich (TIMOSHENKO, 1959), uma

generalização do Método de Ritz, que reduz a solução de uma equação diferencial

parcial à solução de sistemas de equações diferenciais ordinárias adotando funções

contínuas que satisfazem às condições de contorno em uma dada direção. Tal adoção

Page 33: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

17

guarda semelhança com os procedimentos adotados por Matier e por Levy

(SEGENREICH, 1972) no cálculo de chapas e placas, respectivamente.

O MFF pode ser encarado com um subproduto do MEF, com a diferença básica

caracterizada pela discretização do contínuo que se faz através de faixas longitudinais

ao invés de elementos finitos bidimensionais, sendo que na direção longitudinal são

previamente incluídas as condições de contorno na aproximação do campo de

deslocamentos.

A análise com base no MFF efetua, sistematicamente, acréscimos de semi-ondas

senoidais para determinar o comportamento da flambagem de um perfil. A montagem

da solução matricial de autovalores resulta na identificação da carga crítica e a solução

de autovetores no modo de flambagem.

Os resultados da análise pelo MFF podem ser utilizados no Método da Resistência

Direta para o cálculo da resistência dos perfis em compressão com flambagem. Este

método requer que seja conhecida a carga crítica de flambagem (Pcr) ou o momento

crítico de flambagem (Mcr) para um determinado perfil. O programa computacional

desenvolvido na presente pesquisa permitirá que o usuário calcule esses valores para

uma seção transversal arbitrária.

O resumo a seguir apresenta o procedimento adotado no MFF, utilizando o método dos

deslocamentos. Os comentários intercalados visam a explicação de cada um dos passos

apontados.

(1) Divisão da seção transversal em faixas longitudinais através das linhas fictícias,

apresentada na figura 3-2.

As linhas divisórias são chamadas linhas nodais, sendo que nas extremidades laterais da

estrutura elas se confundem com as fronteiras físicas da mesma.

As propriedades geométricas e as elásticas de cada faixa são consideradas constantes

mas podem diferir entre faixas adjacentes, permitindo a simulação de situações em que

as propriedades variem transversalmente.

Page 34: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

18

Figura 3-2- Exemplos de discretização de barras

(2) Conexão das faixas através das linhas nodais comuns (fronteiras longitudinais).

A conexão é feita de maneira semelhante à que se produz na junção de barras de

estruturas reticulares planas, bastando fazer analogia entre linhas nodais e nós.

(3) Fixação dos graus de liberdade nodais de deslocamento em cada linha nodal

como está representado na figura 3-3. Tais parâmetros são, em geral,

deslocamentos (u, v, w) e suas derivadas até uma ordem previamente escolhida,

permitindo incluir na análise, deformações axiais, transversais, curvaturas de

flexão, etc.

Figura 3-3 - Faixa retangular típica para flexão

(4) Escolha de funções-deslocamento, em termos dos parâmetros nodais que

representem o campo de deslocamentos em cada faixa.

Essas funções representam o campo de deslocamentos e consequentemente os campos

de deformações e tensões em cada faixa.

(5) Geração da matriz de rigidez e dos vetores de cargas nodais para cada faixa.

Page 35: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

19

Adota-se o procedimento clássico do método dos deslocamentos, utilizando-se o

princípio da mínima energia potencial. A matriz de rigidez e os vetores de cargas são

gerados, para cada faixa, em relação a um sistema local de coordenadas.

(6) Montagem de matriz de rigidez e do vetor de cargas nodais para toda a estrutura.

Levando-se em conta a contribuição de cada uma das faixas e promovendo-se as

necessárias transformações de coordenadas, monta-se a matriz de rigidez e o vetor de

cargas em relação a um sistemas global de referência. Cabe observar que a matriz de

rigidez (em banda) possui ordem e semi-largura da banda, em geral, bem menores do

que as presentes na solução do mesmo problema através do MEF, com precisão

semelhante.

(7) Solução do sistema de equações lineares, determinando-se os parâmetros nodais

incógnitos.

Ao resolver o sistema de equações lineares, determinam-se os parâmetros nodais

referidos ao sistema global de coordenadas.

(8) Retorno aos sistemas locais do coordenadas e cálculo doas incógnitas procuradas

(esforços, tensões, deslocamentos, etc.).

Retorna-se a cada um dos sistemas locais encontrando os parâmetros nodais para cada

faixa, o que possibilita a determinação de tensões, deformações, deslocamentos, etc., em

qualquer ponto do perfil.

3.3 FLEXÃO DE PLACAS RETANGULARES

Dentro do escopo deste trabalho são adotadas as mesmas aproximações da teoria

clássica das placas finas que permitem simplificar o problema, tornando-o

bidimensional.

O estado de deformação pode ser inteiramente descrito pelos deslocamentos w dos

pontos pertencentes ao plano médio da placa na direção ortogonal a esse plano.

Condições de continuidade entre as faixas são impostas não apenas nos deslocamentos

w, mas também nas suas derivadas em relação à coordenada transversal x.

Page 36: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

20

Escolhida a função deslocamento, são estabelecidas as características da faixa utilizada

de acordo com o procedimento apresentado no item 3.11.

3.4 NOTAÇÕES GERAIS

3.4.1 Sistemas de coordenadas

Existem basicamente dois sistemas de coordenadas utilizados nesse documento: um

global e outro local, veja a figura 3-4, ambos baseados na regra da mão-direita. O

sistema de coordenadas global é denotado como: X-Y-Z, e assume-se que o eixo Y está

paralelo com o eixo longitudinal do perfil. O sistema de coordenadas local é denotado

como x-y-z. O sistema local é sempre associado com um elemento de placa do perfil tal

que o eixo x seja paralelo ao elemento de placa e perpendicular ao eixo longitudinal do

perfil, o eixo y seria paralelo ao eixo longitudinal do perfil (em outras palavras: Y e y

devem coincidir), enquanto o eixo z é perpendicular ao plano local x-y.

Figura 3-4 - Sistemas de coordenadas global e local

Page 37: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

21

3.4.2 Classes de nós

A fim de criar uma formulação geral, foi necessário classificar os nós de alguma

maneira, ou seja, as seções transversais multi-facetadas devem ter placas subdivididas.

Os sub-nós são nós utilizados para subdividir as placas. Assim, as características básicas

de um sub-nó são:

- Ter somente dois elementos conectados a ele;

- Os dois elementos conectados devem estar no mesmo plano.

Todos os outros nós são chamados de nós principais, assim existem dois tipos de nós.

Devem existir alguns nós principais os quais conectam somente a um elemento de placa,

por exemplo, o primeiro e o último nó de uma seção transveral aberta, esses nós são

conhecidos como nós externos. Todos os outros nós principais podem ser chamados de

nós principais internos, ou simplesmente: nós de quina, como mostra a figura 3-5.

Classes dos nós:

nós principais: 1, 2, 4, 6, 8 e 9.

sub-nós: 3, 5 e 7.

Sub-classes dos nós:

- nós principais externos: 1 e 9.

- nós principais internos: 2, 4, 6 e 8.

Figura 3-5 - Classificação dos nós na seção

3.5 CLASSIFICAÇÃO DAS FAIXAS FINITAS

São vários os tipos de faixas utilizadas nos estudos de flexão de placas retangulares.

Page 38: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

22

Figura 3-6 - Representação esquemática dos tipos de faixas

Basicamente as faixas podem ser diferenciadas com relação ao número de linhas nodais,

número de graus de liberdade por linha nodal e às condições de contorno longitudinais.

A tabela 3-5 apresenta as seções transversais das faixas, caracterizando-as em três tipos,

de acordo com o número de linhas nodais e os parâmetros nodais de deslocamento em

cada linha nodal. A nomenclatura das faixas deve representar o número de graus de

liberdade GDL por linha nodal LN, por exemplo:

- BO, baixa ordem é a faixa que contém dois graus de liberdade por linha nodal;

- AO, alta ordem é a faixa que contém três graus de liberdade por linha nodal.

O sufixo 2 ou 3, identifica o número de linhas nodais existentes em uma determinada

faixa finita.

Note que a faixa BO2 é chamada de baixa ordem por incorporar um total de 4 graus de

liberdade, enquanto as demais, AO2 e BO3, agrupam um total de 6 graus de liberdade.

3.6 ESCOLHA DA FAIXA

A difícil escolha da faixa a ser utilizada liga-se a dois aspectos básicos: continuidade e

contorno, que serão analisados separadamente.

3.6.1 Continuidade

Dentre as faixas apresentas na tabela 3-1, a primeira delas (BO2) admite a continuidade

de deslocamentos w e rotação elástica transversal em cada linha nodal. Os

resultados alcançados na análise de placas, ao se utilizar tal faixa, têm apresentado

valores precisos para os deslocamentos w, descontinuidade de momento fletor Mx nas

fronteiras comuns de faixas adjacentes por causa da dependência em relação às

Page 39: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

23

curvaturas e resíduos de momentos fletores Mx em bordas livres. Os problemas citados

(descontinuidade e resíduos) diminuem ao se aumentar gradativamente o número de

faixas em que se discretiza a placa.

As outras duas faixas, mostradas na tabela 3-1, incorporam técnicas que permitem obter

soluções mais eficientes para o problemas da flexão de placas.

Para a faixa AO2 há o estabelecimento de continuidade de alta ordem nas fronteiras da

faixa – em particular, curvatura, além de deslocamento e rotação na direção transversal.

Este procedimento conduz a soluções mais acuradas do problema e, apesar da

introdução de mais um grau de liberdade por linha nodal (em comparação a BO2), a

mesma precisão de resultados pode ser alcançada com um menor esforço

computacional, por ser possível a redução do número de faixas utilizadas, o que conduz

a um sistema de equações lineares de menor orem. Entretanto a imposição de curvaturas

iguais nas linhas nodais comuns a faixas contíguas é inconveniente para as placas em

que ocorre variação brusca de rigidez na direção transversal.

A faixa AO3 apresenta uma linha nodal auxiliar entre as duas periféricas. Esta técnica

também possibilita uma solução refinada de aplicação geral e sem o inconveniente de

introduzir condições de compatibilidade estranhas ao problema considerado, nas linhas

nodais pertencentes a duas faixas vizinhas. A introdução de dois parâmetros adicionais

(em relação a BO2) é contornada eliminando-os, antes de montagem das equações de

rigidez para a estrutura global, o que reduz significativamente, a ordem do sistema de

equações lineares.

3.6.2 Condições de Contorno

Dentre as faixas cujas seções longitudinais estão apresentadas na tabela 3-1, as três

primeiras (A-A, A-E, E-E) têm sido utilizadas para a análise estática, detacando-se a

faixa A-A por possibilitar o tratamento individual de cada harmônico da série. Na

análise dinâmica todos os seis tipos têm sido utilizados pelos diversos pesquisadores do

MFF.

Optou-se, neste trabalho, pela faixa AO3 na condição de apoio simples nos dois

extremos longitudinais (A-A) pelos motivos relacionados a seguir.

Page 40: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

24

Seção transversal AO3 porque produz soluções mais acuradas do que BO2, sem os

inconvenientes relacionados no item anterior e devido à vantagem de que AO3 acopla

duas faixas BO2, sem o incômodo de dobrar o número de parâmetros nodais a serem

utilizados nas equações de rigidez da estrutura global.

Seção longitudinal A-A por causa da vantagem de análise individual para cada

harmônico da série e a opção de simular a continuidade da estrutura através de um

procedimento simples, exposto no item 3.14.

Tabela 3-1 - Número de linhas nodais por faixa

Tipo Nº de LN GDL por LN Continuidade Representação esquemática

BO2 2 2 Baixa Ordem

AO2 2 3 Alta Ordem

AO3 3 2 Alta Ordem

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25

3.7 FUNÇÕES DE INTERPOLAÇÃO E CAMPOS DE

DESLOCAMENTOS

Cada problema a ser analisado contém, em si mesmo, propriedades que lhe são

peculiares. Portanto, o tipo da faixa a ser utilizada, bem como a função de forma,

dependem da estrutura a ser estudada e do tipo de análise que se deseja fazer (estática

ou dinâmica).

Admita-se que o problema analisado seja o da flexão de uma placa retangular

simplesmente apoiada em dois lados.

Uma possível discretização seria a indicada na figura abaixo, o que leva naturalmente a

se conceber cada faixa como simplesmente apoiada nos dois extremos.

Figura 3-7 - Exemplo básico de placa discretizada em faixas finitas

Três translações e uma rotação são consideradas como deslocamentos globais. As

translações são denotados por U-V-W e elas são correspondentes às coordenadas do

eixo global X-Y-Z apresentadas na figura 3-4. A rotação em torno do eixo longitudinal

é denotada por θ, figura 3-3.

Deslocamentos nodais são associados com as deformações de um único elemento de

placa. Por similaridade aos deslocamentos globais são consideradas três translações (u-

v-w) e uma rotação (θ). De acordo com a premissa básica do MFF a deformação do

elemento é expressa em função dos deslocamentos nodais.

Uma vez que a função deslocamento é constituída de duas partes, uma

polinomial, , e outra em série, , cabe determiná-las com o intuito de encontrar

as primeiras pistas para a resolução genérica do problema. As componentes e

Page 42: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

26

são as funções de interpolação dos graus de liberdade nodais em duas direções e devem

ser descritas a seguir.

A função de forma é um polinômio associado com os parâmetros nodais de

deslocamento que podem ser, neste caso, a flecha w e a rotação elástica em

cada uma das linhas nodais (LN), totalizando quatro graus liberdade por faixa: dois na

LNi e dois na LNj.

A parte em série deve satisfazer às condições de contorno no extremos y = 0 e

y = a. Por exemplo, uma possível adoção para a função deslocamento da placa é dada

por:

3 2− 2 2 (3.1)

Tabela 3-2 - Seção longitudinal da faixa - parte em série da função deslocamento

Tipo Condições de Contorno Longitudinais

y = 0 y = a

A-A

Y(0) = 0

Y(a) = 0

Tabela 3-3 - Seção transversal da faixa - parte polinomial da função deslocamento

Tipo Condições de Contorno Transversais

x = 0 x = b

A-A

X(0) = =

X(b) =

O que garante a compatibilidade até as rotações elásticas (na direção transversal x) e o

atendimento às condições de contorno nos extremos longitudinais (direção y).

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27

Figura 3-8 - Deslocamentos das Linhas Nodais

3.8 CAMPO DE DESLOCAMENTOS E

CONVERGÊNCIA

Convergência

Ao se adotar o método de rigidez é necessário admitir um campo de deslocamentos

virtuais que possibilite a análise de estrutura através do estabelecimento da energia

potencial e sua conseqüente minimização. A escolha de tal campo de deslocamentos é

de extrema importância, pois feita de maneira descuidada pode levar às seguintes

situações desastrosas: respostas estranhas que não refletem os deslocamentos possíveis

dos pontos que constituem a estrutura; convergência muito lenta, tornando a aplicação

do MFF inviável em termos de esforço computacional mobilizado e, até mesmo, a não

convergência.

Campo de deslocamentos

A figura 3-9 apresenta as dimensões e o sistema de coordenadas correspondentes a uma

faixa retangular padrão.

Page 44: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

28

Figura 3-9 - Faixa finita padrão

A forma geral da função deslocamento é dado por um produto de polinômios e séries

trigonométricas. Polinômios que dependem de uma coordenada ao longo da direção

transversal (x) e séries que dependem de uma coordenada ao longo da direção

longitudinal (y). O problema bidimensional a ser resolvido d = d (x,y) é concebido

como o produto de dois problemas unidimensionais .

Conceitualmente corresponde a admitir-se uma solução da equação diferencial básica

tendo uma forma particular , onde e são funções apenas

de x e y, respectivamente. Esta separação de variáveis traz conseqüências apreciáveis na

resolução do problema, conforme será mostrado no desenvolvimento teórico que segue.

Com o objetivo de garantir a convergência a resultados corretos, algumas

recomendações simples encontram-se nos parágrafos seguintes.

A parte em série da função deslocamento, além de ser regular, deve satisfazer às

condições de contorno nas extremidades das faixas.

Ao longo de fronteiras longitudinais comuns às faixas vizinhas, a função deve

satisfazer à compatibilidade de deslocamentos. Isto se faz necessário para que as

deformações requeridas nas formulações energéticas permaneçam finitas na interfaces

das faixas.

A idéia geral que se deve ter em mente é a de possibilitar o aparecimento dos

deslocamentos e deformações típicos do problema analisado, bem como garantir que a

soma das energias potenciais das várias faixas constitua uma aproximação da energia

Page 45: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

29

potencial total, aproximação essa crescente ao se aumentar o número de divisões da

estrutura e o número de harmônicos da série.

3.9 FUNÇÕES DESLOCAMENTOS TÍPICAS

Considere a faixa BO2 a qual cada linha nodal é livre para mover-se para cima e para

baixo na direção z e rotacionar em torno do eixo y, com o resultado que são dois GDLs

por linha nodal e um total de quatro GDLs para a faixa inteira. A função deslocamento

pode ser reescrita da seguinte maneira:

(3.2)

onde; (3.3)

- é o vetor dos parâmetros de deslocamentos da , correspondentes ao m-ésimo

termo da série.

- funções de forma associadas com .

s - é o número de linhas nodais (LN) da faixa.

Os vetores dependem dos parâmetros nodais adotados e da utilização de uma ou

mais linhas nodais auxiliares entre as linhas nodais que delimitam a faixa.

- é a parte em série, normalmente uma das soluções da equação diferencial da

vibração de vigas, cuja forma geral é

(3.4)

com os coeficientes , , e a serem determinados a partir das condições de

contorno longitudinais.

Tabela 3-4 – Faixa finita utilizada no programa computacional

Tipo Nº L.N. GDL por L.N. Continuidade Representação esquemática

BO2 2 2 Baixa Ordem

Page 46: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

30

(3.5)

(3.6)

Com , , e :

(3.7)

(3.8)

Apenas como ilustração são apresentadas as funções de forma polinomiais para uma

linha com dois nós, deslocamentos e primeira derivada correspondentes a faixa tipo A-

A, como é apresentado na tabela 3-2 e 3-3. As funções de forma polinomiais utilizadas

retratam bem a deformada da barra para a condição de contorno A-A, porém o mesmo

não ocorre para as demais condições de contorno.

3.10 FUNÇÕES DE FORMA DA FAIXA FINITA

No MFF, um perfil de paredes finas do tipo U é discretizado abaixo somente na seção

transversal. Isso difere o MFF do MEF porque o último método também discretiza o

perfil na direção longitudinal. Na figura abaixo uma simples faixa finita é assinalada

para que sejam apresentados os graus de liberdade (GDL) da faixa, assim como as

dimensões e carregamentos.

Figura 3-10 - Sistema de coordenadas e graus de liberdade da faixa finita

Page 47: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

31

(3.9)

(3.10)

(3.11)

onde , e p é o número de semi-ondas, a qual para certo comprimento de semi-

ondas ao longo da direção longitudinal m é o máximo número de meia onda empregado

na análise, que é um inteiro positivo finito. é a função de forma na direção

longitudinal para representar o deslocamento longitudinal e para a

condição de contorno rótula-rótula.

As expressões de u, v e w podem ser apresentados na forma geral de vetor como:

(3.12)

(3.13)

(3.14)

(3.15)

3.11 MATRIZ DE RIGIDEZ ELÁSTICA

A rigidez da faixa consiste de duas partes: membrana e flexão como é apresentado

abaixo. A deformação da membrana, , ocorre no meio da faixa e é governada pelas

premissas de tensões no plano. A deformação na flexão, , segue a teoria de placas

final de Kirchoff e zera no meio da faixa.

(3.16)

Page 48: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

32

= (3.17)

(3.18)

Como está apresentado acima, as deformações e podem ser escritas em termos

apropriados das derivadas das funções de forma, e , e deslocamentos nodais,

com respeito a cada número de semi-onda p. Além disso, a relação geral rigidez-

deslocamento pode ser usada no lugar da rigidez à flexão como:

= (3.19)

A energia de deformação interna durante a flambagem consiste na composição de duas

parcelas:

(3.20)

Para uma espessura constante t, aplicando a relação constitutiva da membrana,

, e as tensões generalizadas da relação de rigidez;

, a energia de deformação pode ser reescrita como segue abaixo:

(3.21)

Onde:

(3.22)

(3.23)

, , (3.24)

Page 49: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

33

, , (3.25)

, (3.26)

(3.27)

A matriz de rigidez elástica pode ser derivada da energia de deformação interna:

(3.28)

Ou de uma forma simplifcada:

(3.29)

Onde , e é a matriz de rigidez elástica correspondente aos

números p e q de meia-onda a qual pode ser separada por membrana e flexão,

(3.30)

Matriz de rigidez elástica de membrana da faixa retangular na condição A-A:

(3.31)

Os termos I1, I2, I3, I4 e I5 da matriz de rigidez elástica de flexão para uma faixa finita com

condição de contorno qualquer:

; (3.32)

; (3.33)

; (3.34)

; (3.35)

(3.36)

(3.37)

Page 50: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

34

É apresentada abaixo a matriz de rigidez elástica de flexão para a faixa finita retangular para uma condição de contorno qualquer:

(3.38)

Page 51: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

35

A substituição e integração leva a seguinte solução para a matriz de rigidez de

membrana, , e flexão, :

(3.39)

(3.40)

É apresentada abaixo a matriz de rigidez elástica de membrana da faixa finita retangular

na condição A-A (apoio-apoio):

(3.41)

Onde , e

(3.42)

Page 52: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

36

É apresentada abaixo a matriz de rigidez elástica de flexão para a faixa finita retangular na condição A-A (apoio-apoio):

(3.43)

Onde , , , , e .

(3.44)

Page 53: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

37

A matriz de rigidez elástica local é composta de uma parcela de membrana e flexão, como

mostra a matriz abaixo:

(3.45)

(3.46)

3.12 MATRIZ DE RIGIDEZ GEOMÉTRICA

O carregamento apresentado na figura 3-11 do elemento de faixa pressiona linearmente as

bordas extremas. O método utilizado para se determinar a matriz de rigidez geométrica,

emprega a energia potencial Vp dada por essas tensões (T1, T2) durante a flambagem, e é

expressa por:

(3.47)

Figura 3-11 - Carregamento atuante na faixa finita

Page 54: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

38

As derivadas dos deslocamentos podem ser escritas em função das derivadas de funções de

forma, Nuv e Nw e os deslocamentos nodais com relação a cada número p de semi-ondas, de

forma análoga a solução de rigidez elastica. Para ilustrar o caso da flexão, as derivadas de w

podem ser expressas por:

(3.48)

Para ilustrar o caso da membrana, as derivadas de u e v podem ser expressas por:

(3.49)

A energia potencial pode ser reescrita como:

(3.50)

Onde , e é a matriz de rigidez geométrica

correspondente aos números de semi-ondas p e q as quais podem ser separada por membrana

e flexão:

(3.51)

(3.52)

Page 55: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

39

(3.53)

As expressões e da matriz de rigidez geométrica correspondentes aos números p e q

de semi-ondas podem ser obtidas pela substituição e integração.

(3.54)

(3.55)

Onde:

; (3.56)

; (3.57)

; (3.58)

; (3.59)

; (3.60)

. (3.61)

Segue abaixo a matriz de rigidez geométrica de membrana após resolvida as devidas

substituições:

(3.62)

Page 56: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

40

Para simplificar a apresentação da constituição da matriz completa, serão utilizadas as

variáveis k1, k2, k3, k4, k5, k6, k7, k8, k9, k10, k11, k12 e k13 no lugar dos termos descritos

na matriz anterior.

(3.63)

É apresentada abaixo a matriz de rigidez geométrica de flexão:

(3.64)

Representada por:

(3.65)

A matriz de rigidez geométrica local composta da parcela membrana e flexão é apresentada

abaixo:

(3.66)

Onde . (3.67)

Page 57: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

41

3.13 TRANSFORMAÇÃO DE MATRIZ LOCAL EM

MATRIZ GLOBAL

As matrizes de rigidez para vários tipos de faixas são derivadas em termos de uma

configuração de eixos locais, dos quais dois normalmente coincidem com o meio da espessura

da faixa. Tais matrizes de rigidez podem ser usadas diretamente em problemas de flexão de

placas ou tensões no plano porque todas as faixas são coplanares.

Figura 3-12 - Orientação dos eixos locais

Em estruturas de placas associadas, entretanto, quaisquer duas placas se encontrarão em um

ângulo, e para estabilizar o equilíbrio nodal de forças em linhas nodais comuns para faixas

não coplanares, um sistema de coordenadas comum é necessário.

Na figura anterior as coordenadas individuais de uma faixa são representadas por x’, y’, z’ e

as coordenadas comuns x, y, z. y e y’ são coincidentes entre si e também com a linha de

interseção entre duas faixas adjacentes.

Uma vez que a matriz de rigidez da faixa foi transformada no sistema de coordenadas global,

essa está pronta para ser agrupada em uma matriz de rigidez completa da estrutura da forma

convencional.

Nesse processo de transformação, o MFF leva vantagem quando comparado ao MEF. O

primeiro se preocupa em compatibilizar os deslocamentos após a transformação. No MFF, as

funções deslocamentos foram escolhidas de tal maneira que u e w, os dois componentes que

estão envolvidos na transformação, têm a mesma variação na direção longitudinal (y), e uma

rotação das coordenadas x e z conseqüentemente não afeta a compatibilidade de

deslocamentos nas linhas nodais.

Page 58: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

42

A matriz de rotação faz a correlação entre as matrizes locais e globais. O objetivo dessa

função é obter as matrizes elásticas e geométricas globais a partir das matrizes locais.

α é o ângulo de inclinação do elemento em relação ao eixo global.

(5.1)

kglobal = gama . k . gama’ (5.2)

kgglobal = gama . kg . gamma’ (5.3)

3.14 MÉTODO AGRUPAR

O processo de agrupar para obter a matriz de rigidez K da estrutura é simbolicamente

representada por , onde a matriz é a matriz de rigidez do iésimo elemento e o

somatório percorre todos os elementos do agrupamento.

No MFF a discretização dos elementos é elaborada apenas na seção transversal, diferente do

MEF que adicionalmente discretiza os elementos na seção longitudinal. As condições de

contorno das extremidades carregadas podem ser definidas tanto por cada faixa

separadamente ou pelas seção transversal como um todo. Uma vez especificada a condição de

contorno de cada faixa, as matrizes elástica e geométrica podem ser calculadas definido o

máximo número m de semi-ondas. Deve-se fazer um somatório adequado das matrizes de

rigidez global com todos os GDLs nas coordenadas globais. O assembler é um método para

juntar a matriz global elástica e geométrica e assim depois de agregados resolver o problema

de flambagem elástica que é um típico problema de autovalor.

Page 59: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

43

3.15 LINGUAGEM COMPUTACIONAL

A escolha da linguagem de programação se consolidou pelas vantagens em resolver

problemas técnicos, facilidade de uso, funções predefinidas, interface gráfica de usuário e

pelo compilador. MATLAB é uma linguagem computacional altamente técnica e

especializada em cálculos científicos e de engenharia, com suporte em diferentes sistemas

computacionais, o que proporciona independência de plataforma. MATLAB tem muitas

vantagens em comparação com linguagens computacionais convencionais para resolver

problemas técnicos. Dentre elas temos:

Facilidade de uso: MATLAB é uma linguagem interpretada e de fácil utilização. O

programa pode ser usado como prancheta de rascunhos para avaliar expressões

digitadas em linha de comando, ou pode ser utilizado para executar programas escritos

previamente. Os programas podem ser facilmente escritos e modificados na ambiente

integrado de desenvolvimento, e depois depurados por meio do depurador MATLAB.

É o ambiente ideal para o desenvolvimento rápido de protótipos para novos

programas, como é o caso do APFF.

Funções predefinidas: O MATLAB vem completo, com uma grande biblioteca de

funções predefinidas, que representam soluções testadas e empacotadas para diversas

técnicas básicas. Essas funções são os métodos numéricos que ajudam a resolver

problemas complexos em áreas específicas.

Desenhos independentes de dispositivos: Diferente da maioria das linguagens de

computador, MATLAB tem muitos comandos de desenhos e imagens. Os desenhos e

imagens podem ser apresentados em qualquer dispositivo de saída gráfica suportado

pelo computador que executa o MATLAB. Esse recurso torna o MATLAB uma

ferramenta excepcional para visualização de dados técnicos.

Interface gráfica de usuário: MATLAB tem ferramentas que permitem a um usuário

construir interativamente uma plataforma gráfica de usuário (GUI, do inglês Graphical

User Interface) para seus programas. Com esse recurso, o programador pode projetar

programa sofisticados de análise de dados, os quais podem ser operados por usuários

relativamente inexperientes.

Page 60: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

44

O compilador MATLAB: A flexibilidade e a independência de plataforma do

MATLAB resultam da compilação de programas MATLAB em um código

independente de dispositivo denominado pcode. Essa abordagem é similar à adotada

pela linguagem Visual Basic da Microsoft. Infelizmente, os programas resultantes

podem às vezes se tornar lentos, pois o código MATLAB é interpretado em vez de

compilado. Existe um compilador MATLAB separado. Ele pode compilar um

programa MATLAB como um programa efetivamente executável, que é mais rápido

que o código interpretado. Ao final do desenvolvimento do APFF o protótipo do

programa deve ser convertido para um programa executável que pode ser distribuído a

usuários e alunos de engenharia civil.

3.16 DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES DO

PROGRAMA

Tendo como base os fundamentos teóricos apresentados nos capítulos anteriores, foi

elaborado um programa na linguagem MATLAB denominado APFF – Perfis Formados a

Frio, para cálculo da carga crítica de flambagem e representação da deformada do modo. O

programa performa a análise estática de perfis formados por placas associadas de seção aberta

e constante, biapoiados nas seções extremas utilizando o MFF

Nesse capítulo são apresentadas algumas principais funções do programa, não atentando para

detalhes de funcionamento, métodos numéricos ou ainda a diagramação do código.

Comandos – esse arquivo contém os principais comandos do programa. As demais funções

apresentadas são ativadas através dele.

Resultados – esse arquivo contém os principais elementos do layout da tela de resultados,

por exemplo: caixas de texto, botões, tabelas e gráficos.

Pré-processador – esse arquivo contém os principais elementos do layout da tela de entrada

de dados, por exemplo: caixas de texto, botões, tabelas e gráficos.

Propriedades – esse arquivo contém os comandos que ativam as funções de cálculo das

propriedades geométricas da seção transversal aberta.

Page 61: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

45

Assemble – Roteiro para encontrar a solução do problema de autovalores. Essa função

agrupa as matrizes global elástica e geométrica e assim, depois de aglutinadas são

encaminhados para resolução do problema de autovalor.

Este item apresenta sucintamente o passo-a-passo das funções chave de solução do método

assembler ao problema de autovalores.

Solicita-se um loop em todos os elementos de faixas que compõe a seção transversal. Nesse

loop são formadas as matrizes de rigidez elástica e geométrica nas coordenadas locais (ke_local

e kg_local).

Para as matrizes de rigidez elástica locais é necessário colecionar as seguintes variáveis:

[ke_local]=kelocal (t, a, b, material, Ex, Ey, vx, vy, G)

Para as matrizes de rigidez elástica globais é necessário colecionar as seguintes variáveis:

[kg_local]=kglocal (t, a, b, material, Ex, Ey, vx, vy, G)

Transformar as matrizes de rigidez elástica e geométrica locais em globais.

[ke, kg]=trans (alpha, ke_local , kg_local)

Adicionar as contribuições dos elementos de ke e kg à matriz completa Ke e Kg.

[Ke, Kg]=assemble (Ke, Kg, ke, kg, nói, nój, nnós )

Introduzir as restrições e reduzir as matrizes Ke e Kg às partes livres somente.

Keff = R’ . Ke . R (8.1)

Kgff = R’ . Kg . R (8.2)

Resolver o problema de autovalores e dar tratamento adequado aos dados da solução.

Encontrar todos os autovalores positivos que estão na diagonal da matriz solução e os vetores

correspondentes;

Renumerar os resultados em ordem crescente;

Reduzir a um número razoável a quantidade de modos encontrados.

Gerar os valores de saída para formação das curvas de flambagem.

Page 62: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

46

Propriedade_elem - Essa função constitui a matriz dos elementos e propriedades, por

exemplo: nó inicial, nó final, espessura e ângulo alpha.

Trans_gl - Essa função transforma coordenadas globais em coordenadas locais;

Trans_lg - Essa função transforma deslocamentos locais em deslocamentos globais;

Kglobal - Essa função constitui a matriz de rigidez geométrica local;

Klocal - Essa função constitui a matriz de rigidez elástica local;

Partições - Essa função particiona a matriz de rigidez em pedaços de tal maneira para

facilitar a eliminação dos graus de liberdade dos nós fixos e manter os graus de liberdades

dos demais nós;

Faixas_finitas - Essa função faz a análise de rigidez pelo método das faixas finitas;

Trans - Essa função transforma as matrizes locais geométricas e elásticas do elemento em

matrizes globais.

Page 63: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

47

4. ESTUDOS DE CASO

Perfis de diferentes geometrias foram analisados pelo programa desenvolvido no presente

trabalho, porém alguns casos merecem destaque e devem ser apresentados nesse capítulo pela

singularidade no comportamento. Esses estudos têm por finalidade comparar os resultados

gerados pelo programa computacional APFF com os resultados conhecidos do programa

CUFSM.

A seguir um resumo dos cinco casos de estudo:

Caso 1: Comparar as propriedades geométricas geradas pelo APFF vs CUFSM.

Caso 2: Comparar os resultados gerados de um perfil U enrijecido pelo APFF vs

CUFSM.

Caso 3: Mostrar que o fator de carga é múltiplo do carregamento aplicado ao perfil.

Caso 4: Comparar os resultados gerados de um perfil cartola pelo APFF vs CUFSM.

Caso 5: Comparar os resultados gerados pelo APFF vs formulação analítica.

4.1 CASO 1

É apresentada uma comparação de propriedades geométricas do perfil cartola enrijecido

geradas pelo APFF vs CUFSM. O perfil tem a geometria apresentada na figura 4-1.

Figura 4-1 - Perfil U9x5x1x0.1 (in)

Page 64: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

48

Tabela 4-1 - Propriedades geométricas da seção aberta - Comparativo de resultados

PFF CUFSM dif. percentual

A 1700.0 mm² 1700.0 mm² 0.0%

J 2266.7 mm4 2266.7 mm4 0.0%

Xcg 105.9 mm 105.9 mm 0.0%

Ycg 102.6 mm 102.6 mm 0.0%

Ixx 9951421.6 mm4 9951421.6 mm4 0.0%

Iyy 12524509.8 mm4 12524509.8 mm4 0.0%

Ixy 648529.4 mm4 648529.4 mm4 0.0%

θ -76.6 ° -76.6 ° 0.0%

I11 12678724.5 mm4 12678724.5 mm4 0.0%

I22 9797206.8 mm4 9797206.8 mm4 0.0%

Xs -137.5 mm -137.5 mm 0.0%

Ys 107.5 mm 107.5 mm 0.0%

Cw 230722551.3 mm 230722551.3 mm 0.0%

Pode se dizer que os resultados atestam que as propriedades calculadas pelo programa

computacional APFF são equivalentes as propriedades calculadas pelo programa CUFSM.

4.2 CASO 2

Modelar um típico perfil U enrijecido 600S200-33 submetido à compressão centrada e

verificar a equivalência entre os resultados gerados para os modos de flambagem pelo

programa computacional desenvolvido APFF e o CUFSM. A geometria do perfil e entrada de

dados dos material utilizado são apresentadas nas tabela 4-2 e figura 4-2 respectivamente.

Figura 4-2 - Perfil Ue 152,4x50,8x15,75x0,88mm

Page 65: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

49

Tabela 4-2 - Propriedades do material utilizado na análise

Material aço

Módulo de elasticidade (Ex = Ey) 29500.0 ksi 20500.0 N/mm2

Coeficiente de Poisson (νx = νy) 0.3 0.3

Módulo de seção (G) 11346.0ksi 78846.0 N/mm2

A figura 9-2 apresenta a regra de classificação dos perfis comerciais americanos utilizados

nos estudos de caso do presente trabalho.

Figura 4-3 – Regra de classificação de perfis comerciais de chapa fina americanos

Figura 4-4 – Marcação em perfil U enrijecido (stud) 600S162-33

Passo 1 - Analisar os comprimentos de semi-onda de 1in a 1000in de um perfil U 600S200-33

submetido à compressão centrada e = 50ksi no programa CUFSM.

Passo 2 - Analisar os comprimentos de semi-onda de 1in a 1000in de um perfil U 600S200-33

submetido à compressão centrada e = 50ksi no programa APFF.

Page 66: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

50

Figura 4-5 - Resultados gerados para o caso 2 (passo 1) no programa CUFSM

Passo 3) Modelo numérico gerado no APFF, nas unidades do sistema americano, ksi e in.

Figura 4-6 – Resultados gerados para o caso 2 (passo 2) no programa APFF

Page 67: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

51

O fator de carga (fc) é fornecido pela equação:

fc = ζcrl/ ζy

Na figura 9-5, o primeiro ponto mínimo representa o comportamento da flambagem local e o

segundo ponto de mínimo representa o comportamento da flambagem distorcional.

Tabela 4-3 – Comparação entre os resultados utilizados na análise na análise do caso 1

Passo 1 - CUFSM Passo 2 - APFF

Forma de flambagem Comp. semi-onda fy fc σcrl Fy fc σcrl

Local 5 in 50.0 ksi 0.1 5.0 ksi 50.0 ksi 0.1 5.0 ksi

Distorcional 25 in 50.0 ksi 0.3 16.5 ksi 50.0 ksi 0.3 16.5 ksi

A tabela 9-3 apresenta uma equivalência entre os resultados gerados pelos dois programas

mencionados anteriormente.

4.3 CASO 3

Figura 4-7 - Perfil U9x5x1x0.1 (in)

O presente caso apresenta um típico perfil U9x5x1x0.1 (in), figura 4-7, enrijecido submetido

à compressão centrada de 1,0ksi e os comprimentos das semi-ondas analisados variando de

1in a 1000in. O objetivo é mostrar o conceito de fator de carga e que esse é múltiplo do

carregamento aplicado, o que pode ser observado na tabela 4-3.

Page 68: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

52

Figura 4-8 – Resultados gerados para o caso 2 no programa APFF

Os fatores de carga (fc) correspondentes ao gráfico acima de compressão pura são:

- O primeiro ponto mínimo representa o comportamento da flambagem local e ocorre com um

comprimento de semi-onda de 6,0in;

- O segundo ponto de mínimo representa o comportamento da flambagem distorcional e

ocorre com um comprimento de semi-onda de 40,0in.

Tabela 4-4 – Comparação entre os resultados utilizados na análise do caso 2

APFF – Passo 1 APFF – Passo 2

Forma de flambagem Comp. semi-onda Fy fc σcrl Fy fc σcrl

Local 6 in 1.0 ksi 23.1 23.1 ksi 50.0 ksi 0.5 23.0 ksi

Distorcional 40 in 1.0 ksi 28.8 28.8 ksi 50.0 ksi 0.6 29.0 ksi

No presente estudo de caso, o perfil de fy= 1,0ksi possui o mesmo comportamento que o perfil

de fy= 50,0ksi. O fator de carga mostra que os resultados do perfil de tensão admissível

qualquer são proporcionais ao perfil que possua mesma geometria e que contenha tensão

admissível fy= 1,0ksi.

Global

Distorcional

Local

Page 69: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

53

4.4 CASO 4

Figura 4-9 - Perfil U9x5x1x0.1 (in)

O presente caso apresenta um perfil cartola enrijecido, figura 4-9, submetido à compressão

centrada e flexão simples de fy=345 MPa. Os comprimentos das semi-ondas analisadas

variando de 1mm a 6000mm. O objetivo é comparar os resultados do APFF com um

programa consagrado na comunidade acadêmica, nesse caso, o CUFSM.

Resultados da análise do perfil sob compressão centrada:

Figura 4-10 - Forma de flambagem local – compressão centrada - APFF

Page 70: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

54

Figura 4-11 - Forma de flambagem distorcional – compressão centrada - APFF

Figura 4-12 - Forma de flambagem distorcional – compressão centrada - APFF

Page 71: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

55

Figura 4-13 - Forma de flambagem flexão global – compressão centrada - APFF

Tabela 4-5 – Comparação entre os resultados utilizados na análise para compressão

APFF CUFSM

Forma de flambagem Comp. semi-onda Fy Fcr Fcr

Local 175 mm 345 MPa 0.3 0.3

Distorcional 500 mm 345 MPa 0.6 0.6

Distorcional 2750 mm 345 MPa 0.3 0.3

Global 5000 mm 345 MPa 0.3 0.3

Não existe diferença significativa entre os resultados da análise para o presente caso.

Resultados da análise do perfil sob flexão simples:

Page 72: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

56

Figura 4-14 - Forma de flambagem local – flexão simples - APFF

Figura 4-15 - Forma de flambagem distorcional – flexão simples - APFF

Page 73: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

57

Figura 4-16 - Forma de flambagem local – flexão simples - APFF

Figura 4-17 - Forma de flambagem local – flexão simples - APFF

Page 74: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

58

Tabela 4-6 – Comparação entre os resultados utilizados na análise para flexão simples

APFF CUFSM

Forma de flambagem Comp. semi-onda Fy fcr fcr

Local 125 mm 345 MPa 0.6 0.6

Distorcional 425 mm 345 MPa 1.3 1.2

Distorcional 2650 mm 345 MPa 0.6 0.6

Global 6000 mm 345 MPa 0.9 0.9

Em termos percentuais existe um diferença entre os resultados da análise para o presente caso

porém essa diferença pode ser considerada aceitável.

4.5 CASO 5

No presente caso deve ser modelada uma placa retangular submetida à compressão uniforme e

determinada a tensão crítica de flambagem elástica (fcr). O objetivo desse caso é comparar os

resultados do APFF com os resultados analíticos e assim validar os resultados do programa.

Figura 4-18 – Geometria da placa / comp. 500mm

As figuras abaixo foram retiradas da saída gráfica do programa APFF. A figura da esquerda

apresenta a geometria não deformada e a da direita apresenta a placa deformada sem

translação das extremidades da placa.

Figura 4-19 – Modelo estrutural da placa / deformada da placa

O gráfico com o modo de flambagem apresenta a relação tensão x comprimento de semi-onda

e um fator de carga de 76,15. Esse fator é a relação entre .

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59

Figura 4-20 – Carga crítica de flambagem da placa

Cálculo da tensão crítica de uma placa retangular comprimida é dado por:

Onde o valor teórico do coeficiente de flambagem k para a placa retangular apoiada é k=4.

A tensão amissível de referência na entrada de dados do programa é de 1,0 N/mm2. Então

para esse caso, o fator de carga é equivalente a tensão crítica de flambagem em N/mm2.

Portanto, encontramos o resultado numérico de fcr = 76,15N/mm2 a ser comparado com o

valor teórico de fcr = 74,14N/mm2. A diferença encontrada, de 2,7% pode ser considerada

aceitável para fins de dimensionamento prático de estruturas de aço.

Local

Page 76: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

60

5. CONCLUSÃO

A implementação do MFF é uma poderosa ferramenta para examinar o comportamento de

perfis formados a frio à compressão centrada e flexão. Essa solução, agregada a um programa

computacional, torna-se um método eficiente e fornece os parâmetros de estudo necessários

para examinar o comportamento dos modos de flambagem elástica.

O MFF manipula uma quantidade de dados de entrada e de equações menor que o MEF e por

conseqüência tem um custo computacional bem inferior e, ainda assim, os resultados

alcançados são satisfatórios. Entretanto o MEF permite uma variedade de condições de

contorno nas extremidades e ao longo da barra e uma variação da seção ao longo da barra que

não pode ser contemplado pelo MFF.

A primeira conclusão dos resultados obtidos com o programa computacional desenvolvido no

presente trabalho, APFF, é que os métodos numéricos que executam a análise do MFF estão

adequados para caracterizar as curvas referentes aos modos de flambagem. O gráfico da

deformada da seção em um determinado comprimento reflete com fidelidade o

comportamento de uma faixa finita isolada ou de uma composição de faixas finitas mostrando

a interação entre almas, flanges e reforços da seção transversal.

Em geral os exemplos apresentados demonstram que a determinação das forças críticas local e

distorcional não é tão óbvia, mesmo para seções simples. Da análise dos resultados

apresentados em forma gráfica, representando a curva de flambagem, é verificado que:

Os pontos de mínimo da curva das forças críticas nem sempre pertencem ao modo

puro (local, distorcional ou global).

Existem casos em que apenas um ponto de mínimo é identificado, representando um

único modo de flambagem.

Existem casos que não há um ponto de mínimo bem definido para a flambagem

distorcional, indicando que esse modo representa uma interação com o modo local.

Apesar da análise visual das deformadas ajudar na classificação do modo, isso não é

garantia de um método preciso pois envolve a interpretação humana.

Embora a interpretação e classificação dos modos de flambagem calculados pelo

programa computacional apresentem possíveis dúvidas, como aquelas citadas

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61

anteriormente, os resultados numéricos das forças críticas podem ser tomados com

suficiente precisão e confiabilidade.

Pode-se dizer que o programa computacional APFF é de fácil utilização pois possui uma

interface gráfica amigável que permita o usuário escolher o tipo de seção a ser analisada,

alterar a geometria, os dados de entrada e realizar uma análise completa de uma barra com

seção aberta qualquer em um período de tempo muito curto.

Conforme foi apresentado nesse trabalho, os resultados também são de fácil entendimento e

manipulação, ambos apresentados graficamente. O usuário pode navegar entre os diferentes

modos de flambagem e diferentes comprimentos analisados para a mesma barra de maneira

simples e intuitiva.

O programa computacional APFF é um projeto antigo do orientando e do orientador e não

tem como atividade fim apenas a defesa e aprovação da dissertação. Esse projeto tem como

atividade fim o desenvolvimento de uma ferramenta computacional desenvolvida no Brasil

que atenda às demandas de pesquisa no tema análise de flambagem de perfis formados a frio e

de dimensionamento prático de perfis formados a frio.

O programa computacional desenvolvido no presente trabalho deve ser disponibilizado no site

www.hiperestatica.com como forma de disseminar a utilização de MFF orientado para análise

de perfis formados a frio. A diagramação do código será explicitada em uma seção específica

no site, assim como os exemplos de casos, manual e aplicações utilizando a NBR 14762

(ABNT, 2010).

A idéia desse projeto é compartilhar o conhecimento, pois além de uma atitude altruísta,

estamos contribuindo para o crescimento do outro, estamos expandindo nossos próprios

limites, articulando redes de relacionamentos cada vez mais interessantes e profícuas.

O ideal não é apenas repassar uma avalanche de informação, mas abrir espaço para troca da

informação filtrada, com conteúdo trabalhado, isto é, agregar mais conhecimento, seu e do

outro.

A era do conhecimento, ao contrário da era industrial, onde o trabalho se dava pela simples

execução manual de tarefas, é caracterizada pelo predomínio do trabalho intelectual e criativo.

Ora, se o conhecimento permanece limitado às paredes da empresa ou aos limites da

Page 78: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

62

universidade, o intelecto, assim como a criatividade não se desenvolvem plenamente, pois não

encontram novas demandas, novos insights possibilitando a reavaliação de pressupostos.

Como proposição para a continuidade do presente trabalho, destacamos a revisão do código

do programa computacional, a qual deve incluir os seguintes itens:

Testes envolvendo análises de perfis sob compressão excêntrica e flexão pura.

Exportação de resultados formatados.

Exportação das propriedades geométricas de uma seção aberta qualquer para arquivo

de input do programa de análise estrutural Gtstrudl 30. O programa computacional

Gtstrudl 30 não executa o cálculo de uma seção geométrica qualquer. Esse

procedimento auxilia a análise e verificação de perfis não comerciais que tenham uma

geometria diferenciada.

Automatização do input de comprimentos de barra a serem analisados. Esse input no

programa é manual.

A versão 1.0 do programa refina todas as faixas de uma determinada seção duplicando

os elementos de uma só vez. Deve ser adicionada uma função para discretização de

cada elemento separadamente.

Alocação de mais de uma curva de diferentes perfis analisados na mesma apresentação

gráfica da curva de flambagem.

Page 79: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

63

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perfis formados a frio – Procedimento. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio

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New York.

Page 82: Pablo Enio Koike - dissertação de Mestrado.PDF

66

ANEXO 1 - MANUAL DO PROGRAMA

Esse capítulo é dedicado à apresentação do manual do programa computacional APFF. Uma

breve explicação sobre todos os campos do programa deve ser desenvolvida nas próximas

páginas. Comecemos pela figura 1 referente à tela inicial do programa. Nessa primeira tela

deve ser escolhido o tipo de perfil a ser analisado. Existem alguns tipos padronizados, entre

eles temos perfis U, U enrijecido, T, L, rack, rack enrijecido, Z, Z enrijecido e I.

Figura 1 - Tela inicial do programa computacional APFF

A barra no menu superior, figura 2, contém todos os comandos existentes no programa e é

subdividida pelos menus principais conforme mostra a figura 2, são eles:

-Arquivo. Abre, salva, imprime arquivos e reseta as veriáveis do programa.

-Editar. Esse comando faz uma discretização maior dos elementos da seção transversal,

duplicando a quantidade de elementos.

-Perfis. Seleciona o tipo de perfil a ser utilizado, funciona do mesmo modo que os botões

inferiores na tela inicial.

Tela inicial, escolha o perfil

que deve ser analisado pelo programa.

Menu superior contém todos os

comandos do programa.

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67

-Resultados. Esse é o menu mais importante pois nele estão os comandos de calcular as

propriedades da seção e elaborar a análise pelo MFF.

-Etiquetas. As etiquetas fazem as marcações dos nós, elementos, coordenadas e materiais na

seção transversal.

-Gráficos. O usuário pode atualizar a curva de flambagem, deformada do modo e apresentas

as coordenadas de centro de cisalhamento.

-Ajuda. O menu ajuda contém explicações sobre o programa.

Figura 2 - Barra de menu principal

Figura 3 - Entrada de dados e resultados das propriedades geométricas da seção

Os itens 1 a 4 marcados na figura 3 são referentes a entrada de dados e devem ser explicados

logo abaixo:

1- Na caixa de entrada superior, são digitados itens correspondents as propriedades do

material do perfil analisado, por exemplo:

Ex - módulo de deformação na direção longitudinal

1

2

3

4

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Ey - módulo de deformação na direção transversal

Vx - módulo de deformação na direção transversal

Vy - módulo de deformação na direção transversal

Gxy - módulo de cisalhamento

Figura 4 - Entrada de dados - propriedades do material

2- Na caixa de entrada intermediária, são inseridos dados como os nós que formam a seção

transversal do perfil, coordenadas x, y e graus de liberdade dos nós.

Figura 5 - Entrada de dados - geometria dos nós

3- Na caixa de entrada inferior, são inseridos dados como:

elem# - número do elemento

nói - nó inicial do elemento

nój - nó final do elemento

espess - espessura do elemento

mat# - número do material do elemento

Figura 6 - Entrada de dados - geometria dos elementos

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69

Figura 7 - Resultados da análise

4 - Propriedades

Figura 8 - Propriedades da seção geométrica

1

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70

1- Na caixa de saída de propriedades são calculadas as propriedades geométricas da seção

transveral:

A - área da seção transversal

J - momento de Inércia

xcg - centro de gravidade em relação ao eixo x

ycg - centro de gravidade em relação ao eixo y

Ixx - momento de inércia em relação ao eixo x

Iyy - momento de inércia em relação ao eixo y

Ixy - momento polar de inércia

θ - ângulo de rotação dos eixos principais

I11 - momento de inércia principal 11

I22 - momento de inércia principal 11

Cw - constante de empenamento

Xs - centro de cisalhamento em relação ao eixo x

Ys - centro de cisalhamento em relação ao eixo y