p14 p16 plantio de grãos avança indicadores sobre...

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www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br Com o aumento do preço dos grãos, as li- cenças para desmatar estão em alta. Cresce na região a concentração de novas empresas que investem para abrir gran- des extensões de terra de mata nativa. Na Insolo, o presidente Salomão Ioschpe prevê a abertura de 78 mil hectares nos próximos quatro anos para atingir a meta de 120 mil hectares plantados e 400 mil toneladas de grãos. Com infraestrutura precária, produzir nesta área custa mais que em outros estados do Brasil. P4 Plantio de grãos avança sobre fronteira agrícola Crescimento ocorre em terras virgens de cerrado no Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia SEGUNDA-FEIRA, 4 DE ABRIL, 2011 | ANO 3 | Nº 403 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 2,00 TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA JUROS META EFETIVA BOLSAS VAR. % ÍNDICES INDICADORES 1º.4.2011 Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) Selic (a.a.) Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong 1,6186 1,6100 2,3023 1,4224 0,3992 11,75% 0,99 0,46 0,31 0,50 1,71 1,17 1,6194 1,6120 2,3038 1,4226 0,3996 11,67% 69.268,29 12.376,72 2.789,60 1.332,41 6.009,92 23.801,90 Senado, sob o comando de José Sarney, conclui esta semana a análise do texto da reforma política, que emperra na Câmara P14 Panorama/PI Daniel Acker/Bloomberg Papéis de países emergentes em destaque Com cenário externo ainda delicado, analistas de 15 corretoras desenham carteiras mais defensivas para abril. P34 Tigre e Amanco ganham mais concorrentes Corr Plastik e Fortlev chegam ao mercado de tubos de PVC para construção e disputam grandes projetos com as líderes. P18 Governo de Minas Gerais vai criar projeto para revolucionar ensino médio e reverter evasão de 40% entre jovens de 15 a 17 anos P16 SABMiller de olho na Schincariol Cervejaria estuda comprar a empresa brasileira, que detém 15% do mercado local de cerveja e seria avaliada em US$ 2 bilhões. P40 Japão tenta conter radiação nuclear no mar Começa operação para controlar vazamento em Fukushima, após contaminação ficar 4 mil vezes acima do limite. P38 Derivativos agora são definidos por conselheiros Empresas brasileiras revisaram a postura de contratação de instrumentos derivativos e tiraram a decisão da área de tesouraria para levar à mesa do conselho de administração. P32 Investimento em máquinas e armazéns próprios é alto na região agrícola nordestina

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Page 1: P14 P16 Plantio de grãos avança INDICADORES sobre ...brasileconomico.epaper.grupodia.com.br/contents/BE_2011-04-04.pdf · e armazéns próprios é alto ... A geração Y e o empreendedorismo

www.brasileconomico.com.brmobile.brasileconomico.com.br

Com o aumento do preço dos grãos, as li-cenças para desmatar estão em alta.Cresce na região a concentração de novasempresas que investem para abrir gran-

des extensões de terra de mata nativa. NaInsolo, o presidente Salomão Ioschpeprevê a abertura de 78 mil hectares nospróximos quatro anos para atingir a meta

de 120 mil hectares plantados e 400 miltoneladas de grãos. Com infraestruturaprecária, produzir nesta área custa maisque em outros estados do Brasil. ➥ P4

Plantio de grãos avançasobre fronteira agrícolaCrescimento ocorre em terras virgens de cerrado no Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia

SEGUNDA-FEIRA, 4 DE ABRIL, 2011 | ANO 3 | Nº 403 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA R$ 2,00

TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA

JUROS META EFETIVA

BOLSAS VAR. % ÍNDICES

INDICADORES 1º.4.2011

Dólar Ptax (R$/US$)Dólar comercial (R$/US$)Euro (R$/€)Euro (US$/€)Peso argentino (R$/$)

Selic (a.a.)

Bovespa - São PauloDow Jones - Nova YorkNasdaq - Nova YorkS&P 500 - Nova YorkFTSE 100 - LondresHang Seng - Hong Kong

1,61861,6100

2,30231,4224

0,3992

11,75%

0,990,460,31

0,501,711,17

1,61941,6120

2,30381,4226

0,3996

11,67%

69.268,2912.376,722.789,601.332,41

6.009,9223.801,90

Senado, sob o comando de JoséSarney, conclui esta semana aanálise do texto da reforma política,que emperra na Câmara ➥ P14

Panorama/PI

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Papéis de paísesemergentesem destaqueCom cenário externo aindadelicado, analistas de 15corretoras desenham carteirasmais defensivas para abril. ➥ P34

Tigre e Amancoganham maisconcorrentesCorr Plastik e Fortlev chegam aomercado de tubos de PVC paraconstrução e disputam grandesprojetos com as líderes. ➥ P18

Governo de Minas Gerais vai criarprojeto para revolucionar ensinomédio e reverter evasão de 40%entre jovens de 15 a 17 anos ➥ P16

SABMillerde olho naSchincariolCervejaria estuda comprar aempresa brasileira, que detém 15%do mercado local de cerveja e seriaavaliada em US$ 2 bilhões. ➥ P40

Japão tentaconter radiaçãonuclear no marComeça operação para controlarvazamento em Fukushima,após contaminação ficar4 mil vezes acima do limite. ➥ P38

Derivativos agorasão definidospor conselheirosEmpresas brasileiras revisaram a posturade contratação de instrumentos derivativose tiraram a decisão da área de tesouraria paralevar à mesa do conselho de administração. ➥ P32

Investimento em máquinase armazéns próprios é altona região agrícola nordestina

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2 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

NESTA EDIÇÃO

A renúncia do primeiro-ministro de Portugal, JoséSócrates, como reflexo da crise econômica que o paísenfrenta, atrasaram o processo de privatização ea consequente capitalização da companhia aérea.A TAP lidera o tráfego entre Europa e Brasil. ➥ P24

Turbulência política atinge a TAP

David Reck tornou-se empresário aos 23 anos, quando criou aEnken Comunicação Digital. “Comecei no mercado digital aos 16anos, subi de cargo dez vezes e chegou um momento em que euqueria empreender e não havia espaço para crescer”, diz. ➥ P11

A geração Y e o empreendedorismo

Uma das propostas da secretária estadual da Educação,Ana Lúcia Gazolla, é firmar parcerias com o governo federalpara a ampliação de programas de ensino técnico. O meiodigital também deve ganhar destaque nas escolas. ➥ P16

Minas chama alunos de volta à escola

Aumenta o número de contratos com cláusula exigindoque este tipo de operação deve ser aprovado peloconselho de administração, constata Ricardo Mourão,sócio do Velloza e Girotto Advogados Associados. ➥ P32

Derivativo vira assunto do conselho

Redução da expectativa de crescimento do PIB para4%, aumento da projeção de IPCA para 5,6% em 2011e o preço do petróleo, que encerrou o mês com altade 10,1% em Nova York estão entre as principaispreocupações de analistas do mercado de capitais. ➥ P34

Abril começa com mercado apreensivo

Evento será realizado entre 2 e 7 de maio na praça Patriarca,centro de São Paulo. “As pessoas estão representadaspor modelos com cara de pessoas comuns e muitoelegantes”, diz Tony Silveira, idealizador da mostra . ➥ P30

A moda das ruas na Fashion Downtown

Marcela Beltrão

Murillo Constantino

Divulgação

Comissão do Senado conclui esta semana os trabalhos aelaboração de um projeto de lei, enquanto na Câmaraparlamentar apresentará projeto para submeter o assunto aum plebiscito, semelhante ao do desarmamento. ➥ P14

A reforma política sob ângulos diferentes

Acionistas reúnem-se hoje para escolher uma empresa deseleção de pessoal que comporá uma lista tríplice de executivoshabilitados para o cargo de presidente da Vale. O mercado torcepara que o novo executivo mantenha o estilo de Agnelli. ➥ P26

Sucessor de Agnelli será escolhido dia 7

A estatal Natex, que usa látex de seringueira nativa,instalada em Xapuri (AC) terá sua produção duplicadapara 200 milhões de camisinhas anuais. O governo federalliberou R$ 10 milhões para a ampliação da fábrica. ➥ P20

Aumenta a produção de preservativos

De acordo com o Ministério da Fazenda, o endividamentoexterno das empresas não-financeiras aumentou 60%no primeiro trimestre. O governo tenta evitar a excessivaexposição dessas companhias à variação cambial. ➥ P33

Empresas ampliam captação externa

A FRASE

“Não podemos confundir liberdadede expressão com a possibilidadede cometer um crime”

Luiza Bairros, ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção daIgualdade Racial, a propósito das declarações do deputado federal JairBolsonaro (PP-RJ) no programa CQC, da TV Bandeirantes, consideradas racistase homofóbicas. “Racismo é crime previsto na Constituição”, acrescentou.

Ronaldo Silva/Agecom

Em alta

Uma das maiores fabricantes de caixasd’água em polietileno do país, a Fortlevoptou pelos tubos e conexões e PVCpara a construção civil residencial paradiversificar as atividades e está concluindoa primeira fábrica desses itens emSanta Catarina. Outra empresa quedecidiu diversificar nessa direção é aCoor Plastik, fabricante de tubos parasaneamento e irrigação, nas fábricas deCabreúva (SP) e Maceió (AL) e estuda umaterceira no Centro-Oeste. “A construçãopode ser iniciada no final de 2011 ouinício de 2012, afirma Sérgio Monteiro,diretor-geral da empresa. ➥ P18

Tubos e conexões de PVCatraem novos fabricantes

Valéria Gonçalvez

Henrique Manreza

Supergauss busca parceriaspara enfrentar os chinesesPara isso, a empresa, que é lider naprodjção de irmã de ferrite na AméricaLatina, adotou como estratégia ampliaro portfólio e comercializar imãs deneodímio - com maior poder de fixação —em parceria com grandes fabricantesmundiais. Roberto Darth, diretor, afirmaque os preços das empresas chinesas, quecompra a matéria-prima no Brasil, são até30% menores. São cerca de 150 empresasasiáticas que respondem por 30% domercado brasileiro, enquanto a Supergausscontinua respondendo pelos 70%restante. “Só temos mercado significativoporque os clientes prezam a qualidade efornecedores locais”, explica Darth. ➥ P20

TAXAS DE CÂMBIOCotação de fechamento para venda em 1º/4/2011

PAÍS MOEDA R$ US$Argentina PesoCanadá DólarChile PesoChina IuaneCoreia do Sul WonUnião Europeia EuroEstados Unidos DólarÍndia RúpiaJapão IeneMéxico PesoParaguai GuaraniReino Unido LibraUruguai PesoRússia RubloVenezuela Bolívar forteFontes: Banco Central e Brasil Econômico

0,39961,6787

0,00340,24730,00152,30381,6194

0,03630,01930,1368

0,00042,60980,08480,05720,3775

4,05510,9648

476,00006,5479

1.091,40001,42261,0000

44,590084,0900

11,83784.130,000

1,611619,300028,30734,3000

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 3

Diretor de Redação Ricardo GaluppoDiretor Adjunto Costábile Nicoletta

Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales, Jia-ne Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Clara YwataEditores Conrado Mazzoni (On-line), Fabiana Paraja-ra (Destaque), Marcelo Cabral (Brasil), Márcia Pi-nheiro (Finanças), Rita Karam (Empresas)

Subeditores Elaine Cotta (Brasil), Estela Silva, Isa-belle Moreira Lima (Empresas), Luciano Feltrin (Fi-nanças), Micheli Rueda (On-line)

Repórteres Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, AnaPaula Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carolina Alves, CarolinaPereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Daniela Pai-va, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Eva Rodrigues,Fabiana Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, FrançoiseTerzian, João Paulo Freitas, Juliana Rangel, Karen Bu-sic, Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras,Mariana Celle, Mariana Segala, Martha S. J. França, Mi-chele Loureiro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Jus-tus, Pedro Venceslau, Priscila Dadona, Priscila Macha-do, Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego,Vanessa Correia, Weruska Goeking

Brasília Maeli Prado, Simone CavalcantiRio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro

Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor),Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, PauloRoberto Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gas-par, Tania Aquino (Paginadores), Infografia Alex Sil-va (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Foto-grafia Antonio Milena (Editor), Marcela Beltrão (Su-beditora), Henrique Manreza, Murillo Constantino(Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno, ThaisMoreira (Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tra-tamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz CarlosCosta Secretaria/Produção Shizuka Matsuno

Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Exe-cutivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial),Júlio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Ca-rolina Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, Wil-son Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca(Gerente Comercial), Celeste Viveiros, Dervail CabralAlves, Mariana Sayeg, Simone Franco (Executivos deNegócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados),Ana Paula Monção (Assistente Comercial)

Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), Alexandre deVicencio (Coordenador), Daiana Silva Faganelli (Analista)Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade Le-gal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo), Adria-na Araújo, Valério Cardoso, Carlos Flores (Executivos deNegócios), Tatiana Benevides (Assistente Comercial)Departamento de Marketing Evanise Santos (Diretora),Rodrigo Louro (Gerente de Marketing), Giselle Leme,Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing), JoãoFelippe Macerou Barbosa (Coordenadores)Operações Cristiane Perin (Diretora)

Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Di-retor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Direto-ria), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento)Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Mar-cello Miniguini (Gerente de Assinaturas), Helen Tavaresda Silva (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves(Supervisão)

São Paulo e demais localidades 0800 021 0118Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30.Sábados, domingos e feriados - das 7h às [email protected]

Central de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112

Sucursal RJ Leila Garcia (Diretoria Comercial),Cristina Diogo (Gerente Comercial)Rua do Riachuelo, 359 – 5º andar - CEP 20230-902 –Rio de Janeiro – RJ - Tel.: (21) 2222-8151 e 2222-8707

Jornalista Responsável Ricardo Galuppo

Impressão: Editora O Dia S.A. (RJ)Nova Forma (SP)FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO)

[email protected] ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A.

Redação, Administração e PublicidadeAvenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar,CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP),Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158

Presidente do Conselho de AdministraçãoMaria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos

Diretor-Presidente José Mascarenhas

Diretores Executivos Alexandre Freeland, Paulo Fragae Ricardo Galuppo TABELA DE PREÇOS

Assinatura NacionalTrimestral Semestral AnualR$ 165,00 R$ 276,00 R$ 459,00

Condições especiais para pacotes e projetos corporativos e-mail [email protected]: (11) 3320-2015(circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais)

EDITORIAL

Soja migrapara a últimafronteira agrícolaSucesso técnico e científico reconhecidoe, até certo ponto, invejado internacio-nalmente, o cultivo de soja na região doCerrado situa-se entre as grandes reali-zações dos pesquisadores da EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa). A oleaginosa foi durantemuito tempo cultivada em larga escalaapenas no Sul, principalmente Paraná eRio Grande do Sul, e só iniciou a expan-são rumo ao Centro-Oeste no final dosanos 70. A adaptação das novas cultiva-res ao terreno até então tido como inade-quado foi rápida e com um retorno pro-dutivo acima do esperado, contribuindopara alçar o Brasil à condição de segundomaior produtor mundial, superado ape-nas pelos Estados Unidos.

O cultivo não se restringiu às terras deGoiás, Mato Grosso do Sul e Mato Gros-so. Sempre amparado nas pesquisas desementes mais produtivas, continuouem rota de expansão e hoje está presenteem estados do Nordeste e na região Nor-te, que, assim como o Centro-Oeste,também eram tidas como imprópriaspara este tipo de cultura.

Nesta quarta reportagem especial sobreo Agronegócio, o repórter Luiz Silveiraconta como os bons preços no mercadointernacional e os benefícios do real valo-rizado, que tornam os insumos importa-dos menos custosos, incentivam o novoavanço da soja. Ele acontece na regiãoapelidada de Mapitoba, formada pelos es-tados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Ba-hia. Ceagro, do grupo argentino Los Gro-bo, Agrinvest, do fundo americano Rid-gefield Capital, Agrifirma, formada porinvestidores estrangeiros e nacionais e In-solo, do empresário Ivoncy Ioschpe, sãonomes que estão na linha de frente dessaexpansão, caracterizada pela ocupação degrandes extensões de terras virgens.

Eles se juntam a paranaenses, catari-nenses e gaúchos migrantes em busca defazendas maiores e a produtores locais,como é o caso de Adriano Souza de Lima.Presidente da Companhia AgropecuáriaEnergias Vale Próspero, ele prepara umplano ambicioso para captar recursos nomercado de ações e montar sua própriaesmagadora de soja. “Cansamos de en-viar grãos para o porto, queremos subirmais um degrau”, justifica. ■

Preços em alta no mercadointernacional favorecem aexpansão do cultivo emgrandes áreas ainda virgens

A gaúcha Riva, especializada em utensílios domésticos de inox, fecha contratocom a francesa Christofle e expande a colocação de seus produtos no mercadode luxo internacional. Presente na Europa e Estados Unidos, a marca chegarátambém à China, diz Rubens Simões, presidente da Riva. ➥ P22

RUBENS SIMÕES, PRESIDENTE DA RIVA

Divulgação

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4 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

ESPECIAL

Luiz Silveira, de Uruçuí (PI),Balsas (MA) e Campos Lindos (TO)*[email protected]

O ano de 2011 já entrou para ahistória de Jodacir Mariano dosSantos, corretor de terras emCampos Lindos, um dos muni-cípios mais pobres de Tocantins.Nesses três primeiros meses doano, Santos vendeu 18.895 hec-tares de terra, bem acima dos7.304 hectares que ele negocioudurante todo o ano passado. Ga-nhando 5% de comissão, o filhode vaqueiro cearense garantiucerca de R$ 1 milhão no bolso.

A aceleração dos negócios deSantos reflete-se diretamentena economia da pequena cida-de. Com o dinheiro das comis-sões, ele vai construir um hotelde R$ 500 mil em Campos Lin-dos, onde a melhor hospedagematual exige boa vontade para serclassificada como hospedariapelo cliente. “A cidade recebemuita gente de fora em busca deterras ou representando as em-presas de insumos agropecuá-rios”, diz Santos. O restauranteque ele mantém com a esposaserá reformado e a única acade-mia de ginástica da cidade, que

funciona no mesmo espaço, re-cebeu equipamentos novos.

Na carteira de clientes do cor-retor estão investidores de dife-rentes regiões, atrás de terrasbaratas de cerrado virgem. Me-nos de 10% das terras que Santoscomercializou desde o ano pas-sado estavam desmatadas para aagricultura. “Com o preço dasoja, fica muito mais rápido re-cuperar o investimento”, diz. Ocusto de tranformar um hectarede mata em área pronta para alavoura é hoje de R$ 1.750 na re-gião da Insolo Agropecuária, doPiauí, segundo o presidente daempresa, Salomão Ioschpe. Aolado dos preços dos grãos, são osinvestimentos de empresascomo a Insolo que mais acele-ram a expansão da área agrícolada região de fronteira conhecidapela sigla Mapitoba (Maranhão,Piauí, Tocantins e Bahia).

Em Tocantins, o número deautorizações de exploração flo-restal — leia-se desmatamentopara produção agropecuária —emitidas pelo órgão ambientalsubiu de 220 em 2008 para 772no ano passado. Na Bahia, essesprocessos saltaram de 62 para391 no mesmo período. Embora

não hajam dados disponíveispara Maranhão e Piauí, é nessesdois estados que mais se con-centram as novas empresasagrícolas voltadas ao desenvol-vimento de terras virgens. Sãonomes que ganharam vulto nosúltimos três anos, como Ceagro,do grupo argentino Los Grobo;Agrinvest, do fundo americanoRidgefield Capital; Agrifirma,de um grupo de investidores es-trangeiros e nacionais; e Insolo,do empresário Ivoncy Ioschpe.

Só a Insolo tem aberto cerca de20 mil hectares de cerrado porano e vai manter o ritmo. AAgrinvest planeja ampliar a áreaem 7 mil hectares neste ano, apósum período de desaceleração naabertura de terras. No início doano, a Agrifirma abriu 4,2 milhectares na Bahia. Todas aindapossuem muitas áreas virgensque podem ser abertas sem des-respeitar o atual Código Florestal.

“Precisamos abrir 78 milhectares nos próximos quatroanos para atingir nossa meta de120 mil hectares plantados e400 mil toneladas de grãos”, dizo presidente da Insolo, SalomãoIoschpe. O investimento totalserá de US$ 450 milhões.

Grãos avançamsobre a últimafronteira agrícolaCompra de terras que serão preparadas para plantio e licençaspara desmatar estão em alta no Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia

AGRONEGÓCIO

4 BAHIA

391licenças de supressão devegetação (desmatamento legal),foram concedidas no estadono ano passado. Mais de seisvezes o número registradoem 2008, pela Secretaria deMeio Ambiente, que foi de 62.

TOCANTINS

772licenças foram concedidasno ano passado no estado,segundo a Naturatins.Dois anos antes, o órgão haviaconcedido 220 autorizações.

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 5

LEIA MAIS Piauí terá primeira fábricade adubos em Uruçui,

centro do agronegócio noestado, com investimentos deR$ 5 milhões do grupo Ribeirão,do gaúcho José Gorgen.

Como o preço dos insumosnão acompanha a alta

internacional das commodities,a margem dos produtoresestimula a produção e osplanos para a próxima safra.

Vale Próspero templanos de abrir capital

para captar R$ 500 milhões.A companhia, com 100 milhectares plantados, cresceucom investimentos próprios.

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Fotos: Luiz Silveira

Região exige maiscapital para produçãoInvestimento em máquinas earmazéns próprios é maior queem áreas de agricultura madura

As más condições de escoa-mento da produção e as curtasjanelas de tempo para plantar,colher e cuidar das lavouras naregião de fronteira agrícola es-tão forçando uma consolidaçãoda atividade. Há quem calculeque, na maior parte das regiõesprodutoras de Maranhão, Piauí,Tocantins e Bahia (Mapitoba), aescala mínima necessária paramanter a atividade seja de 3 milhectares. “A produção na regiãoexige maior mobilização de ca-pital em máquinas, por exem-plo”, explica o presidente da In-solo Agropecuária, SalomãoIoschpe. Uma fazenda da regiãoexige mais máquinas do queuma de mesmo porte no MatoGrosso porque pode ser neces-sário colher ou plantar mais ra-pidamente, antes que a chuvachegue ou cesse, por exemplo.

Do lado logístico, é difícil ima-ginar que um produtor médio —que poderia ser considerado umlatifundiário no Paraná — dispo-nha de motoniveladoras e páscarregadeiras, como a Insolo,para manter sua estrada trafegá-vel durante todo o ano. “Não te-mos estradas, e as dificuldadescomeçam na porta da fazenda”,diz o produtor rural Celito Missio,de Luís Eduardo Magalhães (BA).

As condições das estradasnos quatro estados continuamsofríveis, principalmente nasvias de terra. As rodovias asfal-tadas costumam estar em bomestado, mas por vezes passam amais de 100 quilômetros de dis-tância da fazenda.

Por isso, boa parte da rendagerada pelos bons preços dasoja, do milho e do algodão serádestinada pelos produtores àconstrução ou ampliação dosarmazéns na própria fazenda.“O custo se paga de cinco a seisanos, porque economizamos de8% a 10% com a armazenageme ainda recebemos mais pelasoja depois”, diz o produtor pa-ranaense Lino Ruediger, há 23anos no Oeste Baiano.

Ruediger possui armazénspara 150 mil sacas, que equiva-lem a 50% da sua produção.Quer ampliá-lo para 250 mil sa-cas. Além de reduzir os custoscom armazenagem, a instalaçãominimiza os impactos do picoda safra: a alta dos fretes, a bai-xa dos preços e a piora das es-tradas. “A fila para descarregaro caminhão no armazém chegaa 48 horas”, conta Missio.

O armazém inclui uma seca-dora de grãos, que permite a en-trega da produção a um preçomelhor. A secagem é um pontoestratégico para os produtoresda região, que começam a co-lher a soja ainda verde (como nafoto ao lado), e acima da umida-de comercial. Isso ocorre paragarantir que as chuvas durante acolheita não façam os grãosapodrecerem na lavoura. O grãoúmido tem valor menor.

Uma solução nova que estásendo discutida no Oeste Baia-no é a parceria entre o governoestadual, o município e os pro-dutores rurais para, juntos, ban-carem a recuperação de estra-das. O modelo é similar ao usa-do no Mato Grosso, mas aindanão passa de conversas. ■ L.S., deLuís Eduardo Magalhães (BA)

Os fertilizantesimportados e osgrãos exportadospelos produtoresda fronteira agrícolachegam a passar peloporto de Paranaguá,no Paraná

Se essas empresas seguemplanejamentos rigorosos deabertura e preparação da terrapara a lavoura, produtores me-nores sentem-se motivados aderrubar o cerrado para apro-veitar os bons preços dos grãos.O problema é que a abertura degrandes extensões de área exigeoperações de guerra. Só na Fa-zenda Ipê, em Baixa Grande doRibeiro (PI), a Insolo vai abrirneste ano 17 mil hectares. Acorreção da acidez do solo pe-dirá 120 mil toneladas de calcá-rio, ou 2,4 mil caminhões bi-trem de 50 toneladas cada, fa-zendo o mesmo trajeto divididocom os caminhões de diesel,fertilizantes, agrotóxicos e, ob-viamente, de soja.

É por conta do alto investi-mento que a região de Mapitobaestá se tornando cada vez maisuma terra para gigantes. “Comessas novas empresas, somosobrigados a crescer. Ou arren-dávamos nossas terras para elasou arrendávamos as terras dosvizinhos”, diz o produtor Mar-cos Sandri, de Balsas (MA). Elenegocia a compra de 500 hecta-res de um vizinho.■ *Viajou aconvite do Rally da Safra.

Colheita de soja em BaixaGrande do Ribeiro, no Piauí

Condições das estradas sãoobstáculo para o agronegócio

INICIATIVA

Tocantins agilizaprocessos ambientaisPara reduzir o prazo de análisede processos ambientais, ogoverno de Tocantins tenta porem prática ainda neste semestreo plano Licenciamento AmbientalSimplificado, visando que oprodutor rural garanta suaautorização para expansão agrícolaa partir da adesão a um manualambiental, com nova metodologiade regularização. Segundo opresidente do Instituto Natureza doTocantins (Naturatins), AlexandreTadeu, o projeto está sob avaliaçãodo Conselho Estadual de MeioAmbiente e prevê monitorar asatividades rurais de pequeno porte.Hoje, a espera para conquista delicença para supressão vegetalno Tocantins chega a dois anos.Apenas 3 mil propriedadesrurais, de um total de 78 mil,estão regularizadas nos órgãosambientais, outros 3 mil processosaguardam análise em 2011.“A situação dos órgãos delicenciamento é caótica.Estão sufocados”. Rafael Abrantes

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6 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

ESPECIALAGRONEGÓCIO

4Luiz Silveira, de Loreto (MA)*[email protected]

Considerado a principal frontei-ra agrícola dentro da região co-nhecida como Mapito (Mara-nhão, Piauí e Tocantins), o Piauíganha no mês que vem sua pri-meira unidade misturadora deadubos. Por trás do investimen-to, de R$ 5 milhões, não estáqualquer tradicional nome in-ternacional do setor, e sim a Ri-beirão S.A., do agricultor gaú-cho José Carlos Gorgen.

A nova fábrica fica em Uru-çuí, principal centro do agro-negócio Piauíense, e terá capa-cidade para misturar 100 miltoneladas de adubos por ano. Aunidade será maior do que amisturadora de 70 mil tonela-das da Ribeirão em Balsas(MA), sede do grupo agrope-cuário fundado em 1979.

Gorgen e o pai saíram deNão-me-toque (RS) em buscade terras baratas. “Há terrasaqui que foram compradas aum preço por hectare de meiosaco de soja e que hoje valem120 sacos”, diz o produtor, que

é conhecido e se apresentacomo Zezão. Apenas a título decomparação, uma boa fazendaem Não-me-toque ainda custamuito mais: até 700 sacas porhectare produtivo.

HistóricoA primeira fazenda da famíliano Maranhão, de 1,3 mil hecta-res plantados, foi compradapelo preço de um caminhãomédio. Hoje, Gorgen comandauma empresa rural que faturaR$ 123 milhões, com 38 milhectares plantados, sem contaroutros 9 mil hectares cultivadosnas mesmas terras na safrinha.

Mesmo bem-sucedido, oempresário não perdeu o jeitosimples. Come de colher no re-feitório de suas fazendas, emvez de sujar a cozinha das sedes.São esses hábitos que explicamalgo de seu sucesso, já que aaversão ao luxo permitiu queboa parte dos lucros fosse rein-vestida na empresa.

DiversificaçãoCom o ganho de escala, a deci-são do produtor foi verticalizar

o negócio. Foi em uma decisãoassim que Gorgen criou suaprópria misturadora de adu-bos, em 2000, após ter dificul-dade em garantir seu supri-mento de fertilizantes. No anoseguinte, sua misturadora pas-sou a prestar serviço para aCargill e, no terceiro ano, elecomeçou a vender fertilizantesdiretamente para outros pro-dutores. No ano passado, a Ri-beirão importou 113 mil tone-ladas de matéria-prima parafertilizantes.

Hoje o grupo possui aindauma revenda de agrotóxicos ecomercializa a produção declientes que pagam o adubo comgrãos. O próximo passo, após anova misturadora entrar emoperação no Piauí, é ser sócio deum terminal portuário para ex-portar diretamente a produção.A Ribeirão é sócia em um con-sórcio criado para disputar a lici-tação de um terminal graneleirono porto do Itaqui, ao lado deBunge, Cargill, Ceagro e Algar. Alicitação foi suspensa, mas oconsórcio permanece. ■ *Viajoua convite do Rally da Safra.

Piauí terá primeira fábrica de adubosCriado pelo produtor José Gorgen, grupo Ribeirão vai investir R$ 5 milhões na unidade

A primeira fazendada família noMaranhão, de 1,3 milhectares plantados,foi comprada pelopreço de umcaminhão médio.Hoje, Gorgencomanda umaempresa rural quefatura R$ 123milhões, com 38 milhectares plantados

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 7

ZEZÃO, DE DESBRAVADOR DO CERRADO A EMPRESÁRIO RURAL

Luiz Silveira

José Carlos Gorgen é um nome pouco conhecido em Balsas (MA), mas todossabem quem é Zezão. Ele e o pai foram uns dos primeiros gaúchos a chegarà região, em 1979. Entre os custos do pioneirismo, caminhadas de até três diassem comida, se o caminhão quebrava na estrada. Os benefícios são colhidos hoje.Sua empresa, a Ribeirão S.A., faturou R$ 123 milhões no ano passado.

PERSPECTIVA

Margem alta e preços de insumos contidosmantêm estímulo à produção em 2012

Concluindo a colheita da safra2010/2011, os produtores de grãose algodão da região de Maranhão,Piauí, Tocantins e Bahia começamagora a planejar a próxima safra.Terão boas perspectivas, naavaliação do sócio-diretor daAgroconsult, André Pessoa.Segundo o consultor, a altainternacional das commoditiesnão está sendo acompanhadapelo aumento do preço dosinsumos, como ocorreu em 2008.Por isso, a relação de troca entreos grãos e os insumos tende aser melhor. “O pacote de insumospara a soja deve estar cercade 10% mais caro do queno ano passado, mas o preço dacommodity subiu muito mais”, dizPessoa. Na Bahia, por exemplo, oprodutor terá que gastar 25 sacasde soja por hectare para compraro pacote de adubos, agrotóxicose sementes, segundo os cálculosda Agroconsult. Na safra queestá sendo colhida, esse customédio foi de 35 sacas no estado,e mesmo assim a margem brutafoi extremamente positiva:R$ 835 por hectare, sem contaro custo da terra e a depreciaçãodos ativos. “Neste ano ganhei

mais que o dobro do anopassado”, diz o agricultor MarcosSandri, de Balsas (MA). Em seus2,8 mil hectares de lavoura, elecolheu em média 156 sacas desoja por hectare, para um custode 50 sacas. O preço médio devenda, que na safra colhida em2010 ficou em torno de R$ 16,50por saca, foi de R$ 35 neste ano.“Também nunca ganhei tantodinheiro com o milho”, diz ele,que reserva uma pequena parteda propriedade para o cereal.Diante das perspectivas de que2012 pode ser ainda melhor,o produtor rural decidiu investir.Ele quer instalar um armazémem sua propriedade, com umacapacidade entre 30 mil e 40 milsacas, para ampliar sua margemde lucro. O investimento beiraos R$ 900 mil, mas pode seradiado por um bom motivo.Sandri está negociando a comprade uma área vizinha à sua, queele já arrenda, para ampliar aárea própria de lavoura em 400hectares. “Estamos entrando emum novo ciclo de investimentosdo produtor, com mais capitalpróprio e menos dependentede terceiros”, diz Pessoa. L.S.

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8 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

ESPECIAL

Luiz [email protected]

Em um momento em que compa-nhias de capital aberto e braços defundos de investimento ampliamsua produção e seus domínios so-bre a fronteira agrícola brasileira,um grupo local está fazendo o ca-minho inverso. A CompanhiaAgropecuária Energias Vale Prós-pero do Piauí contratou um escri-tório de advocacia e um banco deinvestimentos para o projeto deestreia de suas ações na BM&FBo-vespa no segundo semestre.

O caso da Vale Próspero é raro,a começar porque uma das coisasmais difíceis de encontrar nasmelhores regiões produtoras degrãos do Piauí é um grande agri-cultor piauiense. O sotaque dopresidente do grupo, AdrianoSousa de Lima, destoa dos de seusvizinhos gaúchos, catarinenses eparanaenses, que começaram achegar à região nos anos 1980.

Ao mesmo tempo, Lima secomunica com muito mais fa-cilidade com os novos investi-dores que aportam na região:os estrangeiros. Mestrando daLondon School of Business & Fi-nance, ele se espelhou no mo-delo de negócios da SLC Agríco-la e da BrasilAgro para decidir

abrir o capital de sua empresa.“Queremos sócios de fora e es-tamos trabalhando para levan-tar pelo menos R$ 500 mi-lhões”, diz o empresário.

Com um modelo de endivi-damento zero e investimentospróprios, Lima levou a empresaaos 100 mil hectares plantados,em cinco fazendas, em dez anosà frente dos negócios. Uma es-cala razoável, segundo ele, paraatrair fundos de investimentopara o bloco de controle dacompanhia e fazer uma ofertapública do restante das ações.“Não temos dívida bancária e omercado de capitais é a melhorfonte de recursos hoje”, avalia.

Com apenas 37 anos, o admi-nistrador de empresas planejadeixar logo a presidência execu-tiva da Vale Próspero. Questãode governança corporativa.

Mas, por enquanto, ele nãopara seus projetos de expansãopara pensar na abertura de ca-pital. Ao contrário, está bus-cando cinco propriedades demais de 10 mil hectares paracomprar ou arrendar. Querdesembolsar de R$ 20 milhõesa R$ 30 milhões com essasaquisições, para chegar à Bolsacom mais fôlego no segundosemestre. “Estamos acima da

faixa de R$ 100 milhões de fa-turamento que a BM&FBoves-pa está buscando”, diz.

Escala e valorAlém de aumentar de tamanhopara manter-se atraente aos in-vestidores e competitivo na pro-dução, o ganho de escala é fun-damental para o sucesso de Limaem sua próxima empreitada. Emparceria com outros produtores ecom o caixa cheio após a aberturade capital, ele quer que a ValePróspero tenha sua própria es-magadora de soja, em vez devender os grãos. “Cansamos deenviar os grãos para o porto, que-remos subir mais um degrau.”

A ideia é que, concentrandoos investimentos em terras noperímetro sul do Piauí e nos mu-nicípios vizinhos do Maranhão,haverá viabilidade para que umadas fazendas centrais receba aesmagadora de 6 milhões de to-neladas de soja por ano. “Nãoconseguiria alimentar essa fábri-ca sozinho, mas já há um grupode trabalho de produtores discu-tindo isso para fazer concorrên-cia com as multinacionais”, dizLima, sem esconder a ousadia.“Aqui tudo vai dar certo. Somosuma aposta promissora para osoutros produtores.” ■

AGRONEGÓCIO

4

Empresa quer liderargrupo de produtores para criaruma esmagadora de soja

Ag. Vale

INDUSTRIALIZAÇÃO

6 milhõesde toneladas anuais seria acapacidade da esmagadora desoja que a Vale Próspero planejaconstruir em parceria com outrosprodutores do sul do Piauí.

AQUISIÇÕES

10 milhectares é o tamanho mínimo decada uma das cinco propriedadesque a Vale Próspero pretendeadquirir ou arrendar antes doprocesso de abertura de capital.

Fazendeiro piauiense vai abrircapital e captar R$ 500 milhõesCom 100 mil hectares de lavoura, Vale Próspero cresce com investimentos próprios e endividamento zero

Empresa pretendeinvestir até R$ 30milhões em maiscinco propriedadespara ampliar fôlegoantes de ir à bolsa,no segundo semestre

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 9

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10 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

OPINIÃO

Na década de 1990, correu o mundo a frase do CEO deuma poderosa multinacional que exortava seus empre-gados a pegar pesado com os concorrentes. “Sabe o quese deve fazer quando um concorrente está se afogan-do?”, perguntava, para em seguida responder: “Pegaruma mangueira e jogar água em sua boca”.

Hoje, na era do politicamente correto, tal demons-tração de hostilidade contra os concorrentes certamentenão seria aplaudida como no passado. A concorrênciaestá exacerbada, mas exige bons modos e cortesia, pelomenos na esfera pública.

Leis e autorregulamentações estabelecem os limites daconcorrência leal, o que ocorre, por exemplo, no caso dapublicidade. Recentemente, aumentou o número de pro-pagandas comparativas no Brasil, bastante comuns nosEstados Unidos. Desde que não denigra a marca concor-rente e não induza o consumidor ao erro, este tipo de pro-paganda é aceito pelo consumidor e vigiado de perto peloConselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária,geralmente de atuação exemplar. Uma marca de automó-veis, por exemplo, chega a citar concorrentes como pa-drão de excelência a que ela também se credencia. Os con-correntes, certamente, odeiam, mas faz parte da regra dojogo. O que não pode é golpe abaixo da linha da cintura.

Os executivos, por sua vez, devem vestir a camisa daempresa para qual trabalham, ter orgulho da organização edefender sua reputação, pois seu sucesso profissional de-pende, entre outros fatores, do sucesso da empresa. Tam-bém devem suar a camisa para capturar market share daconcorrência. Mas isso não significa que devem menos-prezar o concorrente até por um motivo simples: ele podeser seu patrão amanhã.

Num processo seletivo, por exemplo, o candidato podedesistir da vaga se fala mal do antigo empregador, mesmose for concorrente da empresa onde busca colocação. Oprofissional pode achar que estaria agradando o potencialcontratante, mas na realidade esse discurso será interpre-tado como falta de ética e de caráter.

Falar mal da concorrência revela insegurança, ou seja,incapacidade para competir. Para o mercado e os consumi-dores, esse comportamento sinaliza que talvez os produtose serviços da empresa não sejam tão excelentes como elaapregoa, razão pela qual tenta detonar seus concorrentes.

As tentações aumentaram com o uso das redes sociais.Cada vez mais os executivos estão escrevendo blogs,mandando twitter ou colocando posts no Facebook. Al-guns não resistem a veicular críticas contra produtos eserviços de empresas. Cuidado! Essas manifestações po-derão ser questionadas quando você for buscar empregojustamente na empresa que criticou.

As organizações proíbem formalmente seus empre-gados de usar qualquer meio para fazer comentários ecríticas contra os concorrentes. Independentementedas disputas acirradas por fatias de mercado, faz partedas boas práticas de gestão manter um bom relaciona-mento com os competidores.

O benchmarketing é um exemplo de que esse com-portamento pode trazer benefícios tanto para as institui-ções, como para os executivos. ■

Falar mal da concorrência

O benchmarketing é um exemplodo que pode trazer benefíciostanto para as instituições comopara os executivos

Sérgio ValeEconomista-chefe da MB Associados

O atual governo tem insistido em olhar a economiade forma estática. Solucionando parcialmente pro-blemas apenas em 2011 estará tudo resolvido daquipara a frente. Infelizmente, a economia é dinâmica enão estática e o que o governo faz hoje tem repercus-sões de longo prazo, principalmente ações tomadasem inicio de governo. O câmbio fixo no primeiromandato de FHC levou a seu próprio ajuste no iniciodo segundo mandato. O forte ajuste no primeiromandato de Lula permitiu que se abrissem as com-portas dos gastos no segundo mandato. Vale analisara dinâmica do governo Dilma com vistas ao que podeacontecer no inicio do próximo mandato.

Como não há percepção de que se precisa fazer umforte ajuste, dado os desequilíbrios do final do gover-no Lula, e também há a necessidade de ampliaçãodos gastos no futuro por conta de todos os projetosque são caros à presidente Dilma, a dinâmica de gas-tos públicos será essencialmente de crescimento ro-busto. Gastos crescentes e Banco Central mais frágildevem levar à inflação também permanentementeacima da meta. Os riscos da inflação de 6% subir égrande quando existe indexação como no nosso caso.Ao invés de insistir em baixar a meta de inflação gra-dualmente o governo tem flertado com a opção deinflacionar um pouco mais para não deixar de cres-cer. Isso é opção explícita de todo o governo, inclusi-ve do Banco Central, e, infelizmente, isso não é umapercepção de mercado, mas uma constatação.

Isto sendo verdade, são vários desequilíbrios que es-tão sendo montados e que podem levar tempo para serdesarmados. Se toda a equipe econômica está coorde-nada em acreditar na atual trajetória de política econô-mica, difícil imaginar uma mudança drástica no per-curso. Ainda mais num momento em que a presidenteprovavelmente estará mais enfraquecida politicamen-te, já que não estará na lua de mel dos primeiros meses.

Isso tudo leva a crer que algum ajuste mais severopoderá acontecer só no próximo mandato, invertendo ociclo que se iniciou com o governo Lula. Seu inicio foiexitoso, passando por desajustes no segundo mandato,que se aprofundariam no mandato de Dilma e pode-riam eventualmente ser consertados no próximo go-verno. O problema é o tamanho do ajuste que deveráser feito e quem será o próximo presidente. Obviamen-te é muito cedo para pensar em qualquer hipótese, masas bases de um ajuste severo pelo menos estão sendocolocadas para 2015. O dramático disto tudo é que seráentre uma Copa e uma Olimpíada, que joga ainda maispara as dificuldades de manter esse ciclo iniciado agoraao invés de fazer o ajuste nesse momento.

Lula e FHC tiveram a noção histórica e política daimportância de um início de governo muito forte. Istofalta ao governo atual por uma percepção errada de quenão há muito mais a fazer e o que está sendo feito infe-lizmente nos parece muito errado. Cada vez mais o go-verno Dilma se parece com a inoperância do governoDutra e a megalomania do governo Geisel, com os re-sultados desastrosos conhecidos por todos.■

Como será 2015?

Cada vez mais o governo Dilma separece com a inoperância do governoDutra e a megalomania do governoGeisel, com resultados desastrosos

Marcelo MariacaPresidente da Mariaca & Associates

Pensou em Gestão de Riscos? Pensou FBM, expertise em modelagens e gestão de Riscos.

www.grupofbm.com.br

Nas últimas semanas, o Conselho de Segurança daONU aprovou uma resolução que permite a realizaçãode ataques aéreos contra as forças de Muamar Kadhafi,ditador da Líbia. Já havia certa expectativa com rela-ção à resolução, mas o que chama a atenção é a posiçãoque o Brasil adotou: se absteve. Com frágil argumenta-ção, o país mostra que não tem a posição esperada paraum membro efetivo do Conselho de Segurança.

A Embaixadora Maria Luiza Viotti, que representao Brasil no Conselho, afirmou que “não estamos con-vencidos de que o uso da força (...) levará à realizaçãodo nosso objetivo comum — o fim imediato da vio-lência e a proteção de civis”. É possível que não leveao fim imediato, mas é uma chance. Por outro lado,apenas o diálogo, a diplomacia tradicional e o cha-mado ao respeito aos direitos humanos certamentenão levaram ao fim dos conflitos.

O Conselho de Segurança já aprovou resoluçãoanterior urgindo à Líbia que não usasse da violência,e nada foi feito, pelo contrário, o que se vê são açõescada vez mais violentas. Declarações de Kadafi e seusfamiliares em que dizem que não perdoarão nin-guém. O espaço para o diálogo já acabou. Agora é omomento da ação.

A escolha dos membros que devem compor o con-selho, de acordo com o art. 23 da Carta de São Fran-cisco, que funda a ONU, deve considerar “em pri-meiro lugar, a contribuição dos membros das NaçõesUnidas para a manutenção da paz e da segurança in-ternacionais e para os outros propósitos da organiza-ção e também a distribuição geográfica equitativa”.

Ao contrário do que ocorre na Assembleia Geral,onde prevalece a busca pela construção de diálogos egrandes acordos, o Conselho de Segurança tem amissão de agir rapidamente, de reafirmar continua-mente a importância da estabilidade mundial. Esse éo papel que o Brasil deve estar apto a assumir.

No caso da Líbia, não se trata de simplesmenteusar a violência. É usar de uma violência legítimanecessária para evitar que questões como os direi-tos humanos, o respeito aos civis e a segurança in-ternacional sejam assegurados. Neste momento, aomissão da comunidade internacional, aqui repre-sentada pelo conselho, significa necessariamentepermitir a um ditador declaradamente agressivoque aja de acordo com sua vontade.

Por outro lado, a ação, com efetivo emprego daforça, indica o oposto. Indica que a comunidade in-ternacional não aceitará esses desrespeitos. Mostraque os governos têm limites, que suas ações terãosempre que respeitar um bem maior: a vida. Maisainda, esta resolução do conselho não se limita à Lí-bia, ela é um sinal claro para todo o resto do mundo.

Em alguns momentos, para se alcançar a paz, seránecessário usar a violência, a força. Legítima, sem-pre. E se o Brasil realmente quer uma cadeira perma-nente no Conselho de Segurança da ONU, terá queaprender a se posicionar. Afirmar valores não é ape-nas um exercício verbal, é também agir. ■

O Brasil não está pronto

O Brasil acaba de perder umaimportante oportunidade paramostrar por que mereceria umlugar permanente no conselho

Rodrigo CintraChefe do Departamento de RelaçõesInternacionais da ESPM

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 11

Representante da geração Yconta como se tornouempresário aos 23 anos

Weruska [email protected]

Estudo da consultoria Korn/Ferrymostra que profissionais da ge-ração Y (nascidos entre 1980 e1990) já ocupam 51% dos cargosde chefia no país. David Reck re-presenta essa fatia da população.Com 28 anos ele já comandaduas empresas, tendo fundado a

Enken Comunicação Digitalcom apenas 23 anos. Mas contaque é preciso muito mais do queespírito empreendedor e cora-gem para arriscar. “É preciso terousadia com responsabilidade”.

Por que decidiu montaruma agência em vezde galgar posições emuma grande empresa?Comecei no mercado digital com16 anos e atuei em uma agênciapor sete anos. Mudei de cargodez vezes, passei por várias áreas

e adquiri conhecimento sobre omercado. Chegou um momentoem que eu queria empreenderporque não havia mais espaçopara crescer.

Quais os desafios de chefiarfuncionários mais velhos?Nunca tive problemas. Temosuma equipe mista, das gera-ções X e Y. Um representa a vi-são do risco e do cuidado, en-quanto o profissional mais jo-vem traz a ousadia. Ambos secomplementam.

Qual o perfil dos profissionaisda geração Y?Eles viram os pais ficarem 20anos na mesma empresa e se-rem despedidos sem uma ex-plicação fundamentada. Issoos leva a ter visão mais imedia-tista e não enxergar limites.Eles podem ser ousados, masnão devem perder o foco nem aconsequência. ■

Geração Y, ousadia com consequênciaENTREVISTA DAVID RECK Diretor da Enken Comunicação Digital

Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Milhares de manifestantes se reuniram na última sexta-feira, 1º de abril, na Praça Tahrir, no Cairo, capital do Egito,clamando por punição aos membros do governo deposto de Hosni Mubarak. A manifestação foi chamada de “Sexta-feirado Resgate da Revolução”. Cartazes pediam medidas rápidas para trazer de volta ao país os recursos tomados por Mubarak.Outros se referiam à necessidade de excluir do comando todos os membros do governo do ex-ditador ainda na ativa.

MANIFESTANTES VOLTAM A SE REUNIR NA PRAÇA DE TAHRI, NO CAIRO

“Mudei decargo dezvezes. Chegouo momento emque eu queriaempreenderporque nãohavia espaçopara crescer”

Divulgação

Leia versão completa emwww.brasileconomico.com.br

Berlusconi será julgado nesta quarta-feiraEstá marcado para esta quarta-feira (6) o julgamento do primeiro-ministroitaliano, Silvio Berluconi, acusado de prostituir a menor Karima ElMahroug, conhecida como “Ruby rouba-corações”. O ator George Clooneypoderá fazer parte da lista de testemunhas, segundo fontes ligadasaos advogados. A equipe legal do premiê submeteu uma lista de78 testemunhas que poderiam ser ouvidas na defesa de Berlusconi.A lista inclui quatro ministros e outras personalidades italianas.

Tony Gentile/Reuters

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12 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

BRASIL

Eva [email protected]

O primeiro trimestre do ano sefoi, mas o esperado desaqueci-mento da economia ainda nãodeu as caras. Os indicadoresmais recentes sinalizam para umnível de atividade ainda forte,como apontam dados de produ-ção industrial, vendas de veícu-los e de crédito, divulgados aolongo da semana passada. Comprojeções para o crescimentonos três primeiros meses do anoultrapassando a casa do 1%, omovimento de desaceleraçãodeve ser sentido de forma maisefetiva somente mais perto doterceiro trimestre do ano.

A produção industrial de fe-vereiro registrou alta de 1,9%ante janeiro e superou as esti-mativas da maior parte dosagentes de mercado. O dado ésignificativo, já que entre abrildo ano passado e janeiro a pro-dução na indústria acumulaqueda de 2,2%.

“Os números de fevereirosurpreenderam sim, mas eu nãovia nenhuma razão para a in-dústria continuar parada tendoem vista que a taxa de desem-prego continua baixa, a rendareal ainda sobe e os dados de co-mércio continuam bons. Tudoisso dá sustentabilidade para aindústria e é compatível com

um nível de atividade forte”, diza sócia da Galanto Consultoria,Mônica de Bolle.

A comparação dos dados de2011 com os números robustosde 2010 podem trazer somenteuma desaceleração estatística,avalia o estrategista do bancoWestLB, Roberto Padovani, paraquem uma percepção clara dedesaquecimento deve aparecermais na direção do terceiro tri-mestre. “Hoje, a maioria dos in-dicadores antecedentes de curtoprazo sugerem uma economiaainda muito aquecida”. O eco-nomista projeta alta de 1,3% noPIB dos três primeiros meses doano, “com viés de alta”.

Ajuste mais forteEm relatório, o economista-chefe da MB Associados, SérgioVale, avalia que a economiabrasileira continua em ritmo deexpansão semelhante ao de2010 e estima expansão do PIBno primeiro trimestre de 1,2%.“A média diária de vendas deautomóveis caiu 39% em janei-ro em relação a dezembro, masjá subiu também 39% entre ja-neiro e março. Ou seja, as me-didas macroprudenciais de de-zembro parecem ter tido de fatopouco efeito no segmento”, diz.

Mônica de Bolle também es-tima crescimento de 1,2% noprimeiro trimestre e acredita

que a desaceleração — se vier —será embalada por medidasmais drásticas por parte do go-verno e do Banco Central. “Sedeixar a economia rodar semajuste fiscal, sem novas medidasmacroprudenciais e sem jurosmais altos, o nível de atividadecontinuará aquecido”.

Da mesma forma, a econo-mista é cética em relação àconvergência da inflação paraa meta em 2012. “Hoje, nãovejo convergência e, na melhordas hipóteses, a inflação ficaentre 5,5% e 6% em 2011, 2012e 2013. O fato é que crescimen-to de 4% é incompatível comconvergência da inflação paraa meta de 4,5%, porque umajuste mais forte implica emum PIB menor”.

Padovani lembra que osefeitos da alta de dois pontospercentuais nos juros básicosem 2010 — esse ciclo demoraem torno de seis meses parachegar à atividade econômica— deveriam ter contribuídopara alguma desaceleraçãoneste início de ano. “Não vimosisso porque a política fiscal foimuito frouxa em 2010. En-quanto o Banco Central tentavasegurar a inflação, o governoestimulava a economia. Dessaforma, a política fiscal cance-lou os efeitos da política mone-tária na atividade”. ■

Desaquecimento aindapassa longe da economiaCom nível de atividade intenso, apostas para crescimento no trimestre superam 1%

Expectativa é queuma redução no nívelde aquecimento sóseja sentido de formamais efetiva noterceiro trimestre

INDÚSTRIA

1,9%foi o crescimento da produçãoindustrial em fevereiro ante omês de janeiro. Na comparaçãocom fevereiro de 2010, aalta registrada foi de 6,9%.

...ROBERTO PADOVANI

Estrategista do banco WestLB

TRÊS PERGUNTAS A...

“BC dá ênfase demaisao uso de medidasmacroprudenciais”

Para o estrategista do bancoWestLB, Roberto Padovani, oBanco Central tem um bom

Andre Pennerdiagnóstico de cenário para opaís, mas tem dado excessivaênfase às medidasmacroprudenciais, que nãodispõem de parâmetros históricospara verificação exata deimpactos sobre a economia.

O Banco Central está erradona estratégia de ação?O diagnóstico e a estratégia doBC estão corretos, mas há umproblema grave de comunicaçãoque está ligado a uma herançaruim dos últimos anos: o fato deque ninguém acredita na políticaeconômica, especialmente dolado fiscal. Assim, as pressõesrecaem em cima das ações do BC.Aliada a essa baixa credibilidade,temos um novo governo queainda não teve tempo deconstruir sua reputação.

As medidas macroprudenciaissão um bom aliado na políticamonetária?O problema é que o Banco Centralestá dando ênfase demais nessasmedidas, usando-as como oprincipal instrumento de políticamonetária. Mas essas medidasnão têm transparência — não sesabe quando nem como serãoimplementadas — e não há sériehistórica para se avaliar os efeitosexatos que elas têm. Tudo issoimplica em dificuldade deconvencimento da sociedade deque a inflação ficará mais baixa.

Esse novo leque de opçõestem como objetivo evitar altamuito forte de juros?O uso dessas medidas numcenário já cheio de dúvidas temlevado analistas a se perguntar

porque o BC está usando essesinstrumentos. Há suspeitas derestrição política à atuação daautoridade monetária. Ou seja, ogoverno não quer juros altos epressiona o BC a usar medidasmacroprudenciais. Isso leva omercado a ficar pouco convencidode que o BC está fazendo opossível para trazer a inflação devolta à meta. Outro ponto dizrespeito à tentativa de controlar ocâmbio. Novamente, fica aimpressão de que o BC temmúltiplos objetivos — e quando setem muitos objetivos é como nãoter nenhum. Além do fato de queo governo não tem comocontrolar câmbio, mas apenassuavizar os movimentos externos.Isso é mais um ponto deinterferência na percepção deautonomia do BC. E.R.

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 13

Congresso cria comissão para Copa esta semanaAs obras da Copa do Mundo de 2014 serão fiscalizadas por uma comissão deparlamentares que será criada esta semana, segundo o presidente da Câmara,Marco Maia. “O importante é fiscalizar obras que vão ficar como legadopara os brasileiros, em transportes, e saneamento básico”, disse. Dois dos12 estádios — em São Paulo e Natal — ainda não saíram do papel, e as obrasdo Maracanã saíram do orçamento original de R$ 705 milhões para maisde R$ 1 bilhão devido aos problemas na cobertura, que precisará ser refeita.

● Saem os números docusto de vida medidopelo IPC da Fipe.● Banco Central divulgao relatório semanal Focus,com a expectativa dosagentes financeiros paraa economia brasileira.

AGENDA DO DIAFernando Souza /O Dia

BENS DE CAPITAL

0,9%foi a alta registrada em fevereiropara a categoria bens de capital,que reflete parte do investimentona economia. O número sinalizaretomada da atividade industrial.

BENS INTERMEDIÁRIOS

1,3%É o quanto subiu a produção debens intermediários em fevereiroante o período de janeiro. Acategoria está ligada à compra dematéria-prima pela indústria.

FENABRAVE

11,3%foi a alta registrada em março nacomparação com fevereiro nasvendas do setor automotivo, queincluem automóveis, comerciaisleves, caminhões e ônibus.

CRÉDITO

1,3%de alta foi apurada nas operaçõesde crédito do sistema financeironacional em fevereiro, também nacomparação com janeiro. Em 12meses, o crescimento é de 21%.

Comércio exterior

Puxada pela valorização do preçodas commodities, o saldo dabalança comercial no primeirotrimestre de 2011 cresceu 259,8%em relação a igual período doano passado. De janeiro a março,o superávit comercial brasileirofoi de US$ 3,17 bilhões, comUS$ 51,2 bilhões em exportaçõese US$ 48,06 bilhões emimportações. “Esse aumentodo superávit ocorre porqueestamos comparando com oinício do ano passado, quandoo movimento de valorizaçãodas commodities não haviacomeçado”, diz José Augustode Castro, vice-presidenteda Associação de ComércioExterior do Brasil (AEB).Segundo ele, por esse motivo,o forte crescimento anualizadodos saldos comerciais devecontinuar até o final do primeirosemestre. A partir do segundosemestre, esse efeito ficamenor porque passa a compararcom o período de valorizaçãodas commodities. A AEBprojeta um superávit comercialde US$ 26 bilhões, graçasao desempenho dos produtosbásicos. “Esse desempenhocomercial deve continuarpressionar o câmbio”, dizo analista da consultoriaTendências, Bruno Lavier.A projeção da Tendênciaspara a cotação do dólar nofim do ano, considerandouma perspectiva de atuaçãopreventiva do Banco Central,é de R$ 1,70. A consultoriatambém projeta que 2011 fechecom um superávit comercial deUS$ 28 bilhões. Paulo Justus

Balança deve registrar saldoselevados no primeiro semestre

Rich Press/Bloomberg

Reação da atividadeindustrial em fevereirosurpreendeu analistas

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14 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

BRASIL

Pedro [email protected]

O debate sobrea reforma polí-tica está an-dando em rit-mos diametral-mente opostosnas duas co-missõesdoCon-gresso Nacional

que tratam do tema. Enquanto oSenado deve concluir seus traba-lhos até quinta-feira — quandosistematiza as decisões para for-matar um projeto de lei — a Câ-mara optou por estender o debatepara além dos muros do parla-mento. No dialeto político, issosignifica que não há pressa.

No entanto, esse aparente zelodemocrático esbarra numa ques-tão prática. Se não forem decidi-das até outubro, as novas regras

não valerão para as eleições de2012. “As regras eleitorais não po-dem ser mudadas há menos deum ano da eleição. Essa é umacláusula pétrea da Constituiçãoque é levada em conta pelo Su-premo Tribunal Federal (STF)”,explica o deputado federal Ro-berto Freire, presidente do PPS.

O deputado avalia que, devidoao ritmo acelerado, a tendência éque o Senado norteie o debate.“A Câmara vai se pronunciar peloque vier de lá. É mais difícil haverconsenso na Câmara”, diz. Ins-talada oficialmente no dia 1º demarço, a comissão da Câmaraestipulou um prazo de 180 diaspara formatar um projeto.

Embora já existam parlamen-tares pressionando por uma an-tecipação, poucos acreditam queo cronograma será encurtado, oupelo menos seguido. Ganha cadavez mais força entre os congres-

sistas a ideia de disseminar a dis-cussão da reforma por meio deaudiências públicas e eventos nasassembleias legislativas. Foi ins-talada na semana passada umabancada parlamentar específicapara esse fim, a Frente Parla-mentar Mista de Reforma Políti-ca com Participação Popular.

Um dos coordenadores dogrupo, o senador RodrigoRollemberg (PSB-DF), apresen-tará essa semana um projeto delei radical: que depois de elabo-rado o projeto de lei, ele passepor um referendo popular nosmoldes do plebiscito do desar-mamento. “O debate da reformanão pode ficar só no âmbito doCongresso”, diz Rollemberg. Adeputada federal Luiza Erundina(PSB-SP), coordenadora dafrente na Câmara, defende que odebate seja “itinerante”. “Isso dáoutra dinâmica e acumula força

política. A Frente quer mobilizara sociedade” (veja entrevista aolado). Para dar mais peso à ban-cada, entidades como CUT, UNE,CNBB e MST foram convidadas epassaram a integrar o grupo.

AgendaA Comissão de Reforma Políticado Senado se reúne amanhã paraexaminar os últimos cinco tópi-cos: filiação partidária e domicí-lio eleitoral; fidelidade partidá-ria, financiamento de campa-nha, candidatura avulsa e cláu-sula de barreira. Entre quarta equinta, os senadores esperamsistematizar o trabalho.

Diante da repercussão daproposta, o Senado deflagrouuma pesquisa de opinião a res-peito dos 11 temas discutidospela comissão. A sondagem seráfeita com 900 pessoas maioresde 16 anos, em 111 cidades. ■

Senado e Câmara andam emritmos opostos na Reforma PolíticaSenado deve concluir seus trabalhos na quinta-feira, enquanto Câmara leva debate “para a sociedade”

Será apresentadoesta semanaprojeto de lei paraa realização de umreferendo popularsobre a reforma

COMITIVA PRESIDENCIAL

Empresários vão à China cobrar aberturado mercado local para produtos brasileirosA comitiva de empresários que acompanhará a visita da presidente Dilmaà China no próximo dia 12 irá levar a mensagem de que o setor não querapenas importar manufaturados. Segundo o presidente da ConfederaçãoNacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, “se eles falarem queo mercado deles é aberto, isso não é verdade. As empresas brasileirasnão conseguem vender no mercado chinês, a não ser commodities”.

LEGISLATIVO

Governo quer votar logo empréstimode R$ 20 bilhões para o trem-balaO líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmouque o Executivo pretende colocar em votação esta semana a MedidaProvisória que autoriza a União a conceder empréstimo de R$ 20 bilhõesvia BNDES ao consórcio vencedor da licitação para construir o trem-bala.A votação deve acontecer mesmo com o anúncio da Agência Nacional deTransportes Terrestre (ANTT) de que pretende adiar o leilão do projeto.

Chris Ratcliffe/Bloomberg

REFORMASESSENCIAIS

Marcello Casal Jr/ABr

José Sarney eMarco Maia, líderes doSenado e da Câmara:velocidades diferentes

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 15

JUSTIÇA

Novo Pacto Republicano terá menosprojetos para facilitar andamentoO projeto do Terceiro Pacto Republicano terá uma pauta menor e maissimples para que possa ser cumprida pelos Três Poderes no menor tempopossível. O último pacto, assinado em 2009, tinha mais de 100 projetos epelo menos metade não andou. Agora, a ideia é que os dois eixos do novoacordo — simplificação do acesso à Justiça e redução da impunidade parao combate à violência e ao crime — se desdobrem em poucos projetos.

TRANSPORTE

Feira de infraestrutura rodoviáriaprevê faturamento de R$ 500 milhõesA Brazil Road Expo, feira de negócios focada na infraestrutura viáriae rodoviária, prevê faturamento na casa dos R$ 500 milhões. O eventoque começa hoje no Expo Center Norte, em São Paulo, vai contar com 170expositores nacionais e internacionais. A feira vai apresentar as novastecnologias em equipamentos, produtos e serviços como pavimentação,construção de pontes, túneis e viadutos e controle de tráfego.

Henrique Manreza

nº145

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2010

ESTÁ FICANDO PARA TRÁS O TEMPO EM O MERCADO DE CAPITAIS E

A BOLSA DE VALORES ERAM REDUTOS IDENTIFICADOS COM O GÊNERO

MASCULINO. HOJE ESSE ESPAÇO JÁ É AMPLAMENTE OCUPADO PELAS

MULHERES QUE, PELO ANDAR DA CARRUAGEM, MUITO EM BREVE

DEVERÃO ESTAR PARA A PAR COM OS HOMENS NAS ESTATÍSTICAS DE

INVESTIDORES DA BOLSA E ALTOS EXECUTIVOS DE INVESTIMENTOS.

NESTA EDIÇÃO, APRESENTAMOS O PERFIL DE ALGUMAS DELAS,

QUE SE DESTACAM EM SUAS FUNÇÕES NO COMANDO DO MERCADO

EM AÇÃOMULHERES

ANIVERSÁRIO13ANOS

EM AÇÃOMULHERES

EDIÇÃO DEENTREVISTA EXCLUSIVA: MARIA HELENA SANTANA PRESIDENTE DA CVM

RELAÇÕES COM INVESTIDORESRI

nº 151

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TAMBÉM NESTA EDIÇÃO:

MUDANÇAS EMPRESARIAISCOMUNICAÇÃO

E SUA COMUNICAÇÃO

BRANDING

VALOR DOS ATIVOSINTANGÍVEIS DAS EMPRESAS

COMO A CULTURA INFLUENCIAGOVERNANÇA & MERCADO

AS RELAÇÕES DE PODER?

A SUSTENTABILIDADE NA ESTRATÉGIA, OPINIÃO

AGREGA VALOR?

Como avalia o trabalho dascomissões de reforma políticado Senado e da Câmara?A Comissão de Reforma Políticado Senado não tem legitimida-de. Ela não representa as ban-cadas e seus integrantes foramescolhidos a dedo. São os notá-veis: ex-governadores, ex-pre-sidentes etc. Eles estão precipi-tando o debate. Já a Comissãoda Câmara dos Deputados temlegitimidade porque respeitou oprincípio da proporcionalidade.

Não acha que o ritmo do debatena Câmara está lento?

“A Comissão do Senado não tem legitimidade”Para coordenadora da Frente Mista de Reforma Política com Participação Popular, só a Câmara respeitou proporcionalidade

ENTREVISTA LUIZA ERUNDINA Deputada federal PSB-SP

São ritmos e métodos diferen-tes. Na Câmara vamos fazer au-diências públicas e ouvir a so-ciedade. Há décadas o Congres-so espera essas reformas. Não épreciso essa urgência toda.

Qual a meta da FrenteParlamentar Mistade Reforma Política comparticipação popular?É ter uma experiência itineran-te de interlocução com a socie-dade. A Frente não conta ape-nas com parlamentares, mastambém com representantes dasociedade civil. Estão nela enti-

dades como OAB, CNBB, Diap,as centrais sindicais e a UNE.Isso dá outra dinâmica e acu-mula força política. A ideia émobilizar a sociedade. Quere-mos fazer audiências públicasnas assembleias legislativas.

Quais os principaispontos da reforma quea sra. defende?O voto em lista pré-ordenada comalternância de gênero, que garan-tiria uma participação feminina.O financiamento público de cam-panha exclusivo, fim das coliga-ções e a federação de partidos.

Como funcionariaa federação?Os partidos poderiam se unirpara disputar eleições, masdepois teriam que passar trêsanos atuando juntos no Con-gresso Nacional.

A sra. defende aeleição majoritáriapara parlamentares,o chamado “distritão”?Acho essa ideia inaceitável.Um atraso que reduziria o nú-mero de partidos para dois outrês e fortaleceria o poder eco-nômicos nas eleições. ■ P.V

Erundinanão tempressa paradefinirum projetode reforma

Divulgação

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16 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

Taxa de evasão em Minasé de 40% no ensino médio:desafio é convencer jovens de15 a 17 anos a ficar na escola

Regiane de [email protected]

“Os jovens passam oito horas numa lanhouse, mas não querem ficar quatrohoras na escola.” A constatação de AnaLúcia Gazzola, secretária de Educaçãodo governo Minas Gerais, retrata o ce-nário, ainda sem solução, do ensinomédio no país. Mais do que oferecervagas e infraestrutura nas escolas, go-vernos, educadores e famílias precisamconvencer os estudantes de 15 a 17 anosa permanecerem na escola. A preocu-pação de Ana Lúcia é reverter a taxa deevasão de 40% nos alunos da rede es-tadual de Minas. “Estamos fazendo umdiagnóstico do ensino médio para tor-nar a escola mais atrativa para os jo-vens, em contato com as novas lingua-gens e as novas ferramentas.”

A rede estadual de Minas melhorousua performance no Índice de Desen-volvimento da Educação Básica (Ideb),que mete a proficiência dos alunos emmatemática e língua portuguesa emrelação com a frequência escolar. “Te-mos notado uma melhoria no ensinomédio em todo o estado na rede esta-dual, mas na proficiência e não na fre-quência”, afirma. Isto significa que,apesar de os alunos estarem apren-dendo, eles não vão à escola.

As escolas da rede estadual tiveramum Ideb de 3.6 na última avaliação fei-ta pelo governo federal em 2009. O in-dicador está em cima da meta projeta-da para o ano, mas mostra uma quedamuito grande em relação aos resulta-dos dos alunos do ensino fundamen-tal. A avaliação de estudantes do 5º a9º período mostram, respectivamente,performance de 5,8 e 4,1 na prova. Re-sultados acima da média esperada parao estado de 5,3 e 3,8, respectivamente.E acima da média do país, 3,4 em2009. Mas nada dentro do padrão deexigência da ex-reitora da UFMG, queassumiu a secretaria neste ano.

Com o objetivo de tornar o ensinomédio mais significativo para a vida fu-tura do jovem, Ana Lúcia prevê realizarparcerias com o governo federal para aampliação de programas de ensino téc-nico. O estado de Minas Gerais contadesde 2007 com o Programa de Educa-ção Profissional (PEP), voltado para aformação de alunos do 2º e 3º ano do en-sino médio, e também jovens já forma-dos, no qual o governo paga a entidadeque oferece vagas para os alunos.

Meio digitalO meio digital também vai ganhardestaque no projeto de educação dogoverno de Minas Gerais. A secretáriaconvidou José Luiz Goldfarb, professore coordenador do Twitter da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo(PUC) e um dos gestores do Twitter dasecretaria municipal do Rio de Janeiro,para desenvolver um projeto de inser-ção digital dos educadores, que ajude arevolucionar o ensino médio. “Temos

de fortalecer o contato dos professorescom estas mídias porque isto vai favo-recer o contato com os alunos”, afirmaAna Lúcia Gazzola.

Goldfarb afirma que para atingir ameta, o primeiro passo é incentivar todaa rede de ensino a participar do am-biente digital, com a criação de ferra-mentas como a Educopedia, uma plata-forma on-line colaborativa de aulas di-gitais, onde alunos e professores podemacessar atividades autoexplicativas,desenvolvida pela secretaria municipalde Educação do Rio de Janeiro em par-ceria com a Oi Futuro. “Oferecemos aosnossos jovens salas de aula do séculos19; professores formados no século 20,mas com alunos que são do século 21”,afirma Goldfarb, citando a educadoraespanhola Pilar Pérez. “Trazer os pro-fessores para o ambiente virtual é umaforma de particularizar o atendimentoao aluno e participar do diálogo”, afir-ma. Na prefeitura do Rio de Janeiro, asecretária de Educação, Claudia Costin,aproveita o ambiente virtual do Twitterpara responder questões de educadorese alunos. São 12,4 mil seguidores. “Mui-tos são professores que entraram noTwitter só para seguir a secretária”,conta. Já é um começo. ■

Minas Gerais quer atrair alunosAna Lucia Gazolla, secretária estadualde Educação, inicia plano para atrair alunosde 15 a 17 anos de volta à sala de aula

QUARTA-FEIRA

GESTÃOTERÇA-FEIRA

EMPREENDEDORISMOINOVAÇÃO & EDUCAÇÃO

TRÊS PERGUNTAS A...

O “Sempre um papo”, criado pelo jornalistaAfonso Borges, é um dos programas culturaismais antigos do país, exibido semanalmente— aos sábados, às 19h, e aos domingos,às 16h — pela TV Câmara. A iniciativa detransformar as entrevistas em materialdidático tem como objetivo diminuira linha que separa educação e cultura.

Qual sua avaliação sobrea educação do país?Desde que a Educação foi separada daCultura no governo federal temos uma

...AFONSO BORGES

Gestor cultural e idealizadordo programa Sempre um papo

País precisa criar ferramentaspara integrar melhor açõesculturais com a educação

“Temos de fortalecer o contatodos professores com estasmídias porque isso vai favorecero contato com os alunos”

Ana Lúcia GazzolaSecretáriade Educaçãode Minas

Fotos: Bruno Cantini

“Valor da educação não estáenraizado na cultura brasileira.Mas descobrimos que asredes estão mudando isso.O Twitter, por exemplo, tornou-seuma ferramenta para gestão deinformações dentro da internet”

José Luiz GoldfarbProfessor e tuiteiro

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 17

do ensino médioFelipe O’Neill

A chegada do Enem digitale da escola nas nuvensO Ministério da Educação planeja ter um Enem informatizadoem dois ou três anos. Na semana passada, o Inep, responsávelpela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio, abriu umedital para universidades públicas e institutos federais de educa-ção profissional participarem da ampliação do banco de questõesda prova. O objetivo é ter um número suficiente de questões paraduas edições do exame ao ano. Hoje são cerca de 10 mil questõesno Banco Nacional de Itens (BNI) do Enem. O Inep quer chegar a100 mil para lançar o Enem digital, quando os candidatos farão aprova em computadores.

Um desafio e tanto. Do lado do Inep, dá para imaginar o tama-nho da encrenca tecnológica e logística capaz de assegurar condi-

ções de segurança ao exame. Dolado dos estudantes, a provapassa a exigir habilidades míni-mas em tecnologias da informa-ção para mostrar o domínio dosconteúdos do ensino médio.Consideradas as realidades edu-cacionais brasileiras, não seriaexagero pensar em complica-ções com tarefas iniciais comoacessar a prova eletrônica comum login e senha. Help desk!!!

Mas o futuro é esse e os estu-dantes têm de ser preparadospara ele. Até o ex-presidente dosEstados Unidos Bill Clinton, queveio ao Brasil participar do Fó-rum Mundial de Sustentabilida-de, quer ver o ensino médio uni-versalizado no país para que seampliem o acesso e o número dematrículas nas universidades,

além dos negócios com educação, é claro. O diploma superiorajuda a desenvolver cidadania, ressaltou ele, mesmo que essa gra-duação não seja decisiva para muitos empregos do século 21. Paraentrar no mercado de trabalho pode não ser mesmo, mas paracrescer profissionalmente a história é outra. Nas duas situações,no entanto, essencial nestes tempos é a educação digital. De pro-fessores e alunos, dentro e fora da escola.

O uso de tecnologias na educação para melhorar a aprendizagemtem sido alvo de várias iniciativas — governamentais, de ONGs,universidades, institutos e fundações empresariais. Uma delas é oPrêmio Educadores Inovadores, projeto educacional da Microsoftdesenvolvido desde 2006 com parceiros como Instituto AyrtonSenna, Universidade Estadual de Londrina e PUC-SP, entre outros.Na última edição, de 2010, dois professores de uma escola estadualde Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, chegaram à etapamundial do concurso e conquistaram o segundo lugar com o proje-to Escola nas Nuvens, criado depois que a escola enfrentou proble-mas com a perda de dados informatizados arquivados em pen-dri-vers, CDs ou DVDs. Todo o material didático e também dos alunosfoi então armazenado na internet a partir do conceito de computa-ção em nuvem, base da proposta. A tecnologia melhorou o ensino eo ambiente escolar, diz a professora Adriana Silva de Oliveira, por-que também envolveu a criação de um blog e uso de redes como Fa-cebook e Twitter, gerenciados pelos alunos com a participação dosprofessores. Todos, incluindo a família dos estudantes, podemacompanhar, “nas nuvens”, as atividades da escola. ■

Para osestudantes,a prova passaa exigirhabilidadesmínimas emtecnologias dainformaçãopara mostraro domínio dosconteúdos doensino médio

SEXTA-FEIRA

TECNOLOGIAQUINTA-FEIRA

SUSTENTABILIDADE

COMPANHIA INDUSTRIAL CATAGUASES

CNPJ (MF) nº 19.526.748/0001-50COMPANHIA ABERTA

AVISO AOS ACIONISTASEncontram-se à disposição dos senhores acionistas, na sede social desta empresa, na Praça José Inácio Peixoto, 28, em Cataguases (MG), os documentos a que se refere o Artigo 133 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, relativos ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2010. Cataguases, 30 de Março de 2011. a) Eduardo Peixoto Ferreira Leite - Presidente do Conselho de Administração.

tendência de abandonar o ensino humanistaem função de cursos técnicos. São rarosos produtos culturais que convergem paraa educação brasileira. Imagine um paíscom o potencial do Brasil que só no finaldo ano passado teve aprovado o primeiroPlano Nacional de Cultura. Temos de criarferramentas para integrar melhor estas ações.

O projeto Sempre um papo játeve mais de 100 encontros comescritores. Por que apenas 15entrevistas chegarão às escolas?O “Sempre um papo” está comemorandooito anos como o programa de literaturamais antigo da televisão brasileira,mas na consolidação do materialconseguimos espaço para 15 entrevistas.

É pouco, visto que o alunos aprendem comas palavras inspiradoras dos autores.

Quais as formas para divulgaressas ações?A internet é um ótimo caminho. Passeium ano tentando convencer o Google eo Youtube a autorizarem a publicação devídeos com mais de 10 minutos. E consegui.Hoje é possível encontrar toda a série“Sempre um papo” na internet. São vídeoscom mais de uma hora, resultado deentrevistas feitas para a TV Câmara.A parceria com a secretária de educaçãode Minas Gerais é outra forma. Poderíamosmandar as seis mil caixas pelos Correios paraas escolas, mas é melhor quando o materialchega recomendado pela secretaria.

Cultura na escola

A Associação Cultural Sempre UmPapo lançou na quinta-feirapassada, em Belo Horizonte (MG),a quarta edição da série de DVDs“Cultura para a Educação II”, umconjunto de vídeos educativosfeitos para serem distribuídosgratuitamente para escolas darede pública de todo o Brasil. Asecretária de Educação de MinasGerais será responsável peladistribuição do material, quedesde 2006, conta com apoio doMinistério da Cultura, por meio daLei Rouanet com o patrocínio daFiat, Cemig, Estado de Minas, Itaú,Iveco, Casa Fiat de Cultura eUsiminas. São 6 mil caixas, queserão distribuídas gratuitamente,com entrevistas com autoresconsagrados como Leonardo Boff,Nilton Bonder, Içami Tiba e NelsonMotta. O objetivo do material éincentivar o hábito da leitura e odesenvolvimento cultural.

Série de DVD’s “Sempre umpapo” à disposição da rede

LÉLIA CHACONJornalista e editora do site e revistaOnda Jovem, do Instituto Votorantim

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18 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

EMPRESAS

Dubes Sô[email protected]

A Tigre e a Amanco vão ganharcompanhia no mercado de tu-bos e conexões de PVC para aconstrução civil residencial.Uma das maiores fabricantes decaixas d’água em polietileno dopaís, a Fortlev escolheu o seg-mento para diversificar suaatuação e está terminando deconstruir a primeira fábrica emSanta Catarina, berço da ativi-dade no país. Com experiênciaem tubos técnicos para áreascomo saneamento e irrigação, aCorr Plastik colocou em opera-ção a primeira linha de produ-ção voltada à construção pre-dial no final do ano passado. E,agora, faz planos de ir à mídia econstruir a uma nova fábrica.

A escolha do foco de investi-mentos pelas duas empresasteve o mesmo pano de fundo: aforte expansão da construçãocivil e a perspectiva de que con-tinue a crescer com os financia-mentos para moradias popula-res e as obras para a Copa e aOlimpíada. As estratégias dasduas entrantes para aproveitar oboom, porém, são distintas.

Ao contrário da Fortlev, aCorr Plastik pretende investirsignificativamente em marke-ting já neste ano. Para coorde-nar o projeto, contratou em ja-neiro Natal Garrafoli, veteranoda indústria, com passagenspela Tigre e pela Amanco.

A publicidade, segundo Na-tal, é importante porque prati-camente não há diferença tec-nológica entre os produtos queseguem as normas técnicasbrasileiras, o que faz com que adiferenciação pela marca ganhepeso. É o que explica a presençaconstante das duas líderes namídia. E o que garante a elasmargens melhores no varejo.

Além da marca, contam nacompetição fatores como efi-ciência logística. Por isso, geo-graficamente, o foco inicial deatuação da Corr Plastik serão os

mercados do Nordeste e Sudes-te, num raio de até 500 quilô-metros de suas fábricas e centrode distribuição. “A partir destadistância, o transporte começaa comer margens”, diz Natal.

Hoje, a empresa tem fábricasem Maceió (AL) e Cabreúva(SP), e estuda uma terceira, noCentro-Oeste. “Falta definir oinício da obra: no final desteano ou início de 2012”, afirmaSérgio Monteiro, diretor geralda empresa. Maceió, inaugura-da no ano passado, custou R$ 31milhões e é a referência.

No ano passado, a empresafaturou cerca de R$ 200 mi-lhões, com crescimento de 40%sobre 2009. Para este ano, a ex-pectativa é de alta de 20% nasvendas, puxadas pelas novas li-nhas de produtos, diz Monteiro.

Direto na fonteSem abrir números, AntônioTorres, sócio-proprietário daFortlev, diz que a ideia é colo-car a primeira fábrica de tubospara rodar em Araquari (SC) e,a partir daí, abrir linhas deprodução nas outras três fábri-cas que a empresa tem no país:Serra (ES), Camaçari (BA) e Ca-jamar (SP). “Queremos apro-veitar a mão de obra especiali-zada que existe no Sul para ga-nhar experiência”, afirma oempresário. Santa Catarina é aorigem da Tigre, hoje compa-nhia líder do setor.

Antes de ir para a mídia, Tor-res diz que quer também afinar adistribuição e garantir presençano varejo. Um dos diferenciaisdeclarados da Fortlev é a entregadireta dos produtos aos varejis-tas, sem distribuidores. ■

LÍDER

US$ 2,6 biFoi a receita bruta da Tigre noano passado. A receita líquidaficou em R$ 2,1 bilhão e o lucroconsolidado em R$ 165 milhões.

Corr Plastike Fortlev entramna briga do PVCMercado de tubos para construção, no qual as companhiasvão atuar, é dominado pelas gigantes Tigre e Amancoe cresce com Copa, Olimpíada e “Minha Casa, Minha Vida”

“Queremos aproveitara mão de obra especializadaque existe no Sul paraganhar experiência”

Antônio TorresSócio-proprietárioda Fortlev

Divulgação

PRODUÇÃO

390 miltoneladas tem o mercado detubos de PVC no Brasil, incluindoos segmentos de construçãopredial e infraestrutura.

VICE-LÍDER

R$ 702 mifoi o faturamento da Amanco noano passado, que foi responsávelpor mais de 70% das vendasdo grupo Mexichem no Brasil.

CONSUMO

48 miltoneladas é o volume de conexõesem PVC comercializado no Brasilem 2010. A alta em relação aoano anterior, 2009, foi de 4,3%.

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 19

Petrobras adquire petroquímica InnovaA Petrobras comprou a Innova, empresa petroquímica que era controladapela Petrobras Energia Internacional, subsidiária sob o comando daPetrobras Argentina (Pesa). A transação custou US$ 332 milhões.A aquisição dará autonomia para a estatal realizar novos investimentosna Innova e permitirá à Pesa concentrar suas atividades na Argentina.Localizada em Triunfo (RS), a Innova produz estireno, poliestireno eetilbenzeno, utilizados na fabricação de produtos como isopor e pneu.

Ag. Petrobras

Investimentos deTigre e Amancoem 2011 devemsomar R$ 400 miValor inclui aplicação eminovação e novas fábricas

Roubar espaço de mercado nãoserá uma tarefa simples paraFortlev e Corr Plastik. Somados,os investimentos programadospara este ano pela Tigre e pelaAmanco, respectivamente lídere vice-líder do ramo de tubos dePVC, beiram R$ 400 milhões.

A Tigre, sozinha, pretendedesembolsar cerca de R$ 250milhões. Depois de divulgar umbalanço com vendas de R$ 2,6bilhões no ano passado, a com-panhia anunciou que vai dividiro montante em inovação,marketing e na abertura de no-vas fábricas, tanto no Brasilquanto no exterior ainda esteano. Em 2010, já havia aumen-tado a produção em cerca de25%, para 350 mil toneladas /ano, por meio de aquisições e daampliação de fabricas.

Por sua vez, a filial brasileirado grupo mexicano Mexichem,controlador da Amanco e da Plas-tubos, divulgou para o país umplano de investimento de R$ 148milhões para este ano. Ele incluiaumento de 20% na capacidadede produção nas nove fábricasdo grupo no país, marketing,capacitação profissional e des-envolvimento de novos produ-tos, conforme publicado peloBRASIL ECONÔMICO em março. Opacote não inclui possíveisaquisições pelo grupo.

A meta é superar R$ 1 bilhãoem vendas. No ano passado, ofaturamento bateu em R$ 946milhões. A Amanco, maior em-presa do Mexichem no Brasil,respondeu por R$ 702 milhõesdo total. Além da Plastubos, queatua no mesmo mercado, masem um nicho de preços maisbaixos, completaram o resulta-do do grupo a Bidim, de geotêx-teis e não-tecidos, e a Doutoresda Construção, especializada naformação de mão de obra paraconstrução civil. Até 2010 atua-vam como empresas separadas,mas a partir deste ano estãofuncionando sob a mesma ges-tão, para gerar sinergias.

“Não é uma disputa fácil”,admite Natal Garrafoli, diretorde marketing e novos negóciosda Corr Plastik. “O mercadocresceu em volume no ano pas-sado. Mas não em ritmo sufi-ciente para absorver a entrada

de outros competidores. É ine-vitável que haja disputa porclientes. Mas não acho que serãoperdas que vão abalar as estru-turas das líderes”, afirma.

No ano passado, o mercadode tubos de PVC cresceu 8,3%no Brasil, para 390 mil tonela-das, segundo a Associação Bra-sileira dos Fabricantes de Mate-riais para Saneamento (Asfa-mas). O mercado predial repre-senta 290 mil toneladas e, o desaneamento, outras 100 mil. Emconexões, a alta em 2010 foi de4,3%, para 48 mil toneladas.

Como referência, a maior fá-brica de tubos e conexões da Ti-gre no país tem capacidade deprodução de 140 mil toneladaspor ano. E a produção total daCorr Plastik, hoje operando pelametade, é de cerca de 90 mil to-neladas/ano, em duas fábricas.

Disputam o mercado cerca de60 empresas. A maior parte, porvolta de 50, têm atuação regio-nal, são focadas em nichos oubrigam por preços. ■

Sérgio Monteiro, da Corr Plastik:campanha de marketing para

brigar com as líderes

● Uma das pioneiras nafabricação de caixas d’água empolietileno no Brasil, a Fortlev édona de quatro fábricas no país:Camaçari (BA), Araquari (SC),Serra (ES) e Cajamar (SP).

CONCORRENTES

Mercado de tubosde PVC cresceu8,3% no ano passadoe o de conexõesteve alta de 4,3%no mesmo período

Valéria Gonçalvez

● A Corr Plastik tem hojecapacidade para produzir 90 miltoneladas de tubos e conexõespor ano, para os segmentospredial e de infraestrutura. Fazplanos para abrir nova fábrica.

● A empresa teve como umdos fundadores William Chohfi,ex-superintendente da Tupyfort(junção de Tupy e Fortilit), quevirou Amanco. Ele desligou-see hoje vive em Portugal.

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20 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

EMPRESAS

VEÍCULOS

Vendas de automóveis e comerciais levescrescem 3,63% no primeiro trimestreNo total, foram licenciados 777.923 unidades no período. Em março,a comercialização de 288.829 veículos representou um recuo de 14,4%em relação ao mesmo mês do ano passado. A queda foi influenciadapor diferenças de calendário, mais dias úteis no ano passado, e emdecorrência de uma grande venda de carros em março de 2010,último mês em que vigorou o desconto de impostos nas compras.

Murillo Constantino

Supergauss amplia linha de produtosConcorrência asiática faz companhiaimportar imãs de neodímio e estudarinvestimentos em ampliação da produção

Michele [email protected]

A brasileira Supergauss Produ-tos Magnéticos, que informa sera maior fabricante de ímã deferrite da América Latina, estámudando sua estratégia paraenfrentar a concorrência chine-sa. A companhia amplia seuportfólio com a comercializaçãode imãs de neodímio, que pos-suem poder de fixação maior.Em um primeiro momento, osnovos produtos serão importa-dos. Os nomes dos fornecedoresnão foram informados. Mas Ro-berto Darth, diretor da Super-gaus, diz que, em um futuro nãomuito distante, a companhiapoderá iniciar a produção localda nova linha de imã.

A Supergauss informa manteruma participação de 70% nomercado nacional de produtosmagnéticos, mas vem enfrentan-do a concorrência de cerca de 150empresas asiáticas que oferecempreços mais baixos e já conquista-ram 30% do mercado brasileiro.

Segundo Darth, os preços dasempresas chinesas, que com-pram a matéria-prima no Brasil,são até 30% menores. Vários fa-tores contribuem para isso, en-tre eles estão a questão cambiale a mão de obra mais barata naChina. “Só temos mercado si-gnificativo porque os clientesprezam a qualidade e fornece-dores locais”, afirma.

A empresa brasileira, que játeve 60% de seus produtos ex-portados na década de 1980,atualmente viu este índice serreduzido a zero. “A concorrênciachinesa não é fácil, mas não te-mos medo dela. O Brasil já che-gou a ser o país do imã e estamostrabalhando para que nosso pro-duto se torne competitivo nova-mente”, diz Darth.

Por ora, o empresário, vaipara o ataque no terreno diplo-mático. Ele acusa as empresaschinesas de dumping — queconsiste em vender produtos noexterior a preços inconsistente-mente baixos para eliminarconcorrentes estrangeiros.

Enquanto o problema decompetitividade entre os doispaíses é pauta do Ministério doDesenvolvimento, Indústria eComércio Exterior e não tem

Henrique Manreza

“A concorrência chinesa nãoé fácil, mas não temos medodela. O Brasil já foi o paísdo imã e estamos trabalhandopara que nosso produto setorne competitivo novamente”

Roberto DarthDiretor daSupergauss

data para uma solução efetiva, aSupergauss, que atua neste mer-cado há 40 anos, adota a estra-tégia de variar seus produtospara tentar amenizar o proble-ma a curto prazo.

Pressionada pela mesma con-corrência chinesa que já tirou docenário inúmeras empresas na-cionais do ramo magnético, háalguns anos a empresa familiarpassou a atuar no mercado debrindes publicitários, quandolançou sua linha de mantasmagnéticas em rolos. Agora,com o lançamento do novo pro-duto, feito a partir de uma com-binação de neodímio, ferro eboro, a empresa prevê fatura-mento 20% maior neste ano, emrelação ao ano passado.

O novo imã apresenta alto flu-xo magnético em diferentes in-tensidades e em variados forma-tos, como discos, anéis ou blocos,e podem ser utilizados comocomponentes para óculos, emportas de geladeiras e brindespara festas, até como partes depeças de automóveis.

Produção localRoberto Darth informa que até ofim deste ano vai avaliar a possi-bilidade de expandir a unidadefabril de Itapevi (SP) e começar aproduzir o neodímio localmente,o que deve consumir investi-mento inicial de US$ 2 milhões. ■

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 21

AÇÚCAR E ETANOL

Grupo São Martinho contratou empréstimosde R$ 329 milhões junto ao BNDESSegundo comunicado da companhia, o empréstimo do Banco Nacionalde Desenvolvimento Econômico e Social será empregado na implantaçãode uma usina termelétrica e na modernização da usina São Martinho, umadas unidades da empresa, localizada no interior de São Paulo. A maiorparte dos recursos, R$ 155,7 milhões, são do Programa de Sustentaçãodo Investimento, com prazo de 10 anos e juros de 5,72% ao ano.

PETRÓLEO

Chinesa Sinopec pode entrar nos negóciosde refino e distribuição no BrasilA China Petrochemical Corp. (Sinopec) estaria interessada em realizarinvestimentos em países da América Latina e Caribe, segundo aconsultoria Facts Global Energy, mas principalmente no Brasil, paísque tem carência de investimentos nessa área. No Brasil, a Sinopeccomprou recentemente uma participação de 40% nas operaçõesde exploração e produção da Repsol YPF, por US$ 7,1 bilhões.

Bernardo De Niz/Bloomberg

Pirataria de peçasatinge 10% domercado nacionalSelo do Inmetro começa avigorar neste mês e visa inibir avenda de produtos irregulares

Cerca de 10% das autopeças co-mercializadas pelo mercado dereposição no país são piratea-das. De acordo com o diretorexecutivo do Sindicato Nacionalda Indústria de Componentespara Veículos Automotores(Sindipeças) e coordenador doGrupo de Manutenção Automo-tiva (GMA), Antonio CarlosBento, o preço menor atrai osconsumidores. “As peças en-tram no país burlando a fiscali-zação e sem pagar impostos,grande parte vem da China.Além do déficit comercial queeste movimento provoca na in-dústria, o risco de acidentespara os consumidores é muitoalto”, afirma o executivo.

Com um déficit comercialque deve superar os US$ 4 bi-lhões neste ano, o segmento deautopeças enfrenta problemascom o câmbio — o real mais va-lorizado incentiva as importa-ções — e com a concorrência depaíses como a China. “Lidarcom a pirataria em um cenáriocomo este, no qual todos os ele-mentos são dificultadores, écomplicado”, diz o diretor.

Segundo Bento, a maioria dosconsumidores que opta por pe-ças pirateadas desconhece aprocedência dos produtos e só ofaz por uma questão de econo-

mia. Por isso, para inibir o fenô-meno da pirataria, a partir destemês, o Inmetro (Instituto Nacio-nal de Metrologia, Normalizaçãoe Qualidade Industrial) passa aexigir dos fabricantes de catali-sadores automotivos, nacionaise importados, o selo de qualida-de. Os vidros também foramcertificados e as rodas de aço ealumínio já tiveram suas normasde conformidade aprovadas emnovembro do ano passado — osfabricantes tem 12 meses para seadaptar as novas normas. ■ M.L.

A partir deste mês,os fabricantes decatalisadores devemse adequar às normasde conformidadepara conquistaremo selo de qualidadedo Inmetro

Irregularidades abrangem 10%das autopeças de reposição

comercializadas no paíspara driblar chineses

Henrique Manreza

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22 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

EMPRESAS

MUDANÇA DE COMANDO

Ações da Acer caem 3% após a demissãodo presidente Gianfranco LanciAs ações da segunda maior fornecedora mundial de computadorespessoais caíram 3% depois da demissão repentina de seupresidente-executivo, que causou incerteza quanto a possíveismudanças de estratégia. A companhia também anunciou a recompra de54 milhões de ações nos dois próximos meses, a preços de entre US$ 55e US$ 100 de Taiwan por ação. Mas isso não bastou para deter a queda.

Qilai Shen/Bloomberg

Amanda Vidigal [email protected]

Concorrer com grandes marcasmundo afora não é tarefa fácilpara as industrias brasileiras.Driblando os obstáculos, agaúcha Riva é uma das primei-ras empresas de utensílios do-mésticos a conseguir espaçono mercado de luxo interna-cional. Para isso, a companhiainveste pesado em design.Com 12 prêmios no currículo,sendo dez deles internacio-nais, a Riva, controlada porRubens Simões, acaba de fe-char um contrato que expan-dirá sua presença no exterior.

Escolhida pela francesaChristofle, marca mundial-mente conhecida por suas pe-ças de luxo produzidas em pra-ta, a empresa de Simões será aresponsável por fabricar as pri-meiras peças da francesa emaço inox. “Há dois anos eles meprocuraram pedindo que euproduzisse para eles algumaspeças em aço inox. Relutei mui-to, pois eu nunca produzi nadaque não fosse com a marca Riva.Até que decidi aceitar”, afirmaSimões que credita a mudança

de opinião ao nome e importân-cia da empresa francesa.

Exportações na miraApesar das peças que produziránão levarem o nome Riva, aparceria vai alavancar as ex-portações de Simões. “Estavarelutante, mas sei que foi a de-cisão acertada. Não podemosignorar uma parceria comoessa. Vai ser positivo para aimagem da Riva e também traráresultados econômicos.” Osdetalhes do contrato não foramrevelados, mas Simões afirmaque inicialmente serão terceiri-zados apenas dois modelos. Umbalde de gelo e uma pinça.

Para mensurar o requinte daspeças Christofle, baste dizer queum balde de gelo da marca, aquino Brasil, não sai por menos deR$ 2,6 mil. Mas isso para as pe-ças em prata, até agora o únicometal utilizado pela francesa. Éexatamente pela falta de exper-tise na produção de outros me-tais que a Christofle veio buscarna Riva uma parceira para a en-trada em novos mercados. Comuma produção mensal de 20 milpeças por mês, a empresa de Si-mões trabalha quase que exclu-

sivamente com o aço inox. Al-guns poucos itens podem serencontrados em prata.

“O maquinário é diferente enós temos um processo de pro-dução artesanal para dar o bri-lho das peças. Isso faz a dife-rença na durabilidade e apre-sentação do produto”, afirmaRubens. Uma única bandeja dalinha desenhada pelos renoma-dos designers Fernando eHumberto Campana leva umdia e meio só para ser dobrada eter os mais de 50 pontos na fitade aço inox soldados.

Tamanha dedicação existeum preço. Um faqueiro com ba-nho de titanium, processo des-envolvido pela própria fábricapara diferenciar seus produtos,custa em média R$ 6 mil.

Além de Brasil, Estados Uni-dos, Oriente Médio, Turquia,Inglaterra, Itália, França, Suiçae Portugal, a partir de agosto aspeças da Riva poderão ser en-contradas em Hong Kong, Pe-quim e Xangai. “Entramos ago-ra no mercado asiático. A prin-cipal loja de luxo para utensíliosdomésticos e presente, a LaneCrawford, passa a vender nossascoleções”, diz o empresário. ■

Gaúcha Riva produzirápeças em inox paraa sofisticada ChristofleCompanhia brasileira aproveita contrato com os franceses especializados em produtosde utilidade doméstica em prata para ampliar presença no mercado internacional

Os produtos da Riva,que já estão presentesna Europa e nosEstados Unidos,serão comercializadosem Pequim,Xangai e Hong Konga partir de agosto

POR DENTRO DA CHRISTOFLE

Companhia francesa que fez a Jules Rimetproduz baldes, talheres e baixelas e até joias

A marca francesa de peçasde luxo para mesa e decoração,há 181 anos no mercado, oferecea seus clientes variados itensluxuosos, feitos principalmentede prata ou produzidos comuma liga especial do material.Atualmente, a Christofledesenvolve desde joias, talherese louças, até peças paradecoração e outros produtoscomo isqueiros e abridoresde cartas. Há mais de 20 anosa companhia mantém umafábrica instalada no Brasil, maispropriamente em São Paulo,

onde as peças são produzidascom o mesmo rigor das duasoutras fábricas instaladasna França. Entre as diversascriações da Christofle, uma peçaganhou fama por sua históriainusitada: a taça Jules Rimet.Confeccionada a pedido daFederação Internacional deFutebol, em 1928, foi conquistadaem definitivo pela seleçãobrasileira de futebol na Copade 70, no México. Mas a taçafoi roubada dos cofres daConfederação Brasileira deFutebol e derretida em 1983.

Rubens Simões, presidente daRiva: contrato com a Christofletrará prestígio internacionale aumento do faturamento

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 23

FUSÃO

Comissão de Comunicações devedificultar a compra da T-Mobile pela AT&TA fusão entre a AT&T e a T-Mobile será difícil de aprovar, disse o principalmembro democrata na Comissão Federal de Comunicações dos EstadosUnidos (FCC). Michael Copps afirmou que a oferta de US$ 39 bilhõesapresentada pela AT&T para a aquisição da T-Mobile USA, subsidiáriada Deutsche Telekom, “pode ter aprovação ainda mais complicada” quea da fusão entre Comcast e NBCU, para a qual seu voto foi negativo.

TECNOLOGIA

Acionistas da Hynix, fabricante de chips,retomam iniciativa de venda da operaçãoOs principais acionistas da fabricante de chips sul-coreana Hynix planejamretomar a venda de suas participações, disse um acionista da empresa.Credores transformados em acionistas detêm 15% da segunda maiorfabricante mundial de chips de memória e planejam discutir opçõesde venda já na semana que vem. “Um processo público de venda vaicomeçar o mais rápido possível”, anunciou a estatal Korea Finance Corp .

Seokyong Lee/Bloomberg

RAIO X DA RIVA

Vidros são produzidosem Veneza

Exportações deverãoquintuplicar em 2011

O vidro encontrado nas peçasda Riva são produzidos em umapequena vidraçaria em Veneza,na Itália. Segundo RubensSimões, dono da Riva, além desair mais barato do que se fossefeito no Brasil, lá o vidro tem umacabamento especial. Apesarde não ser temperado, o quepoderia deixá-lo mais resistente,ele tem uma espessura larga.Além disso recebe um tratamentopara ficar mais transparente.

Com a parceria com a francesaChristofle, a Riva faz previsões deobter 10% de seu faturamentocom exportações em 2011. No anoanterior foram exportados apenas2% do faturamento total daempresa. Para melhorar tambémo atendimento a seus clientesinternacionais, a empresa abriuum depósito alfandegário emMilão. Algumas coleções serãodesenvolvidas exclusivamentepara atender o mercado europeu.

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Design diferenciadonas coleções

Meta é ampliar em40% vendas externas

Além das peças desenvolvidaspor Rubens Simões, a Rivatambém conta com coleçõesassinadas por designers.A artista plástica brasileiraJaqueline Terpins e o arquitetoArthur Casas já desenharamobjetos para a marca. As duplasde designers Fernando eHumberto Campana e os italianosDavide e Gabriele Adriano tambémdeixam sua assinatura em peçasexclusivas para a companhia.

Com o plano de ampliar suaexportação para 40% nospróximos cinco anos, RubensSimões espera equilibrar suacarga tributária. “Com essaporcentagem da minha produçãosendo exportada eu consigocobrir os custos de impostosque eu pago aqui no Brasil.Mesmo com a baixa do dólara exportação consegue equilibrara minha carga tributária. Fazendocom que produzir valha a pena.”

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PRODUÇÃO

20 milpeças por mês são produzidasna fábrica da Riva no Rio Grandedo Sul. Além de faqueirose baldes de gelo, a empresatambém produz peças dedecoração como porta-retratos,castiçais e vasos.

PRINCIPAL MERCADO

Oriente MédioPaíses como Dubai, Egito eEmirados Árabes Unidos são osprincipais consumidores da Rivano exterior. A entrada em agostono mercado Chinês, na opiniãode Rubens Simões, podefortalecer as vendas externas.

Fotos: divulgação

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24 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

EMPRESAS

Ana Paula [email protected]

A crise econômica e políticaem Portugal que levou à re-núncia do primeiro-ministro,José Sócrates, podem tambémadiar a capitalização da com-panhia aérea TAP Portugal.Isso porque, a privatização daempresa aérea, que hoje é líderdo tráfego entre Europa e Bra-sil, está parada. O vice-presi-dente da TAP, o brasileiro LuizMór, em entrevista ao BRASILECONÔMICO, disse que com asnovas eleições programadaspara o dia cinco de junho, vaiatrasar o processo de privati-zação e consequentemente acapitalização da empresa.

“O problema é que não pode-mos receber ajuda do estado,pois a legislação europeia é bemrígida sobre isso. Então, temosum acionista que não pode fa-zer aumento de capital. E avia-ção é um negócio que precisamuito de recursos”, disse Mór.

A TAP é uma das empresasque despertam o interesse demuitas companhias que queremaumentar seu poderio no mer-cado internacional. Entre aque-las que já informaram a inten-ção de entrar na empresa é aIberia, que recentemente fun-diu-se à Britsh Airways. Com aTAP, a espanhola vai aumentarsua presença no mercado brasi-leiro, hoje a vedete no mundo.

“Esse é um setor muito sen-sível. Tamanho é documento. Epara isso é preciso ter escalas.O que impediu anter de ocorreressas consolidações foram asbarreiras impostas pelos paí-ses, como a composição socie-tária. Só que essa regulaçãotem caído ao longo do tempo,facilitando as associações”, ex-plicou o executivo. “A privati-zação é a única solução dentroda lei para capitalizar a empre-sa, pois precisamos de dinheiropara competir nesse mercado”,acrescentou Mór.

Para driblar a falta de inves-timentos do principal acionista,a TAP busca o crescimento emoutros mercados. Tanto é que51% dos passageiros transpor-tados pela companhia aérea foina rota entre Brasil e Portugal e33% para outros países euro-peus. E, segundo o executivo, ataxa de ocupação que maiscresceu no ano passado foi jus-tamente nos voos intraeuro-peus, principalmente em cida-des médias da região.

“Queremos captar passa-geiros fora de grandes centrosem países de alta demanda.Para isso inauguramos há al-gum tempo rotas entre cidadescomo Nice e Toulouse na Fran-ça e Barcelona na Espanha.Agora, estamos aumentandoesta rede em mais seis novosdestinos dentro da Europa”,disse o executivo.

A TAP tem planos de abrir ro-tas para as cidades de Dussel-dorf, na Alemanha, Bordeauxna França, Manchester na In-glaterra e Dubrovnik, na Croá-cia, além das capitais da Aús-tria, Viena e da Grécia, Atenas.“A segunda parte de nosso pla-nejamento é expandir nossasfronteiras para o Leste Europeu ,principalmente a Rússia. Preci-samos ir para os mercados ondea demanda por passageiros estácrescente e assim diminuir bas-tante a dependência de Portu-gal. Além disso, nestas cidadeshá demanda por destinos turís-ticos, principalmente brasilei-ros”, afirmou Mór.

No Brasil, a TAP opera rotasem 10 cidades brasileiras com 75frequências semanais. Além dis-so, a companhia também voapara a África em 13 destinos.“Agora, vamos voar para os Es-tados Unidos. Em junho, iremospara Miami e já temos muitas re-servas para esta rota. A demandaneste destino é, em sua maioria,aposentados ricos e aficcionadospor golfe, já que Portugal temtradição nesse esporte.” ■

Turbulência políticaadia privatização ecapitalização da TAPCaptação de recursos pela companhia aérea será postergadaem função das eleições portuguesas. Alternativa é ampliar voos

PESQUISA

Relatório da Oracle destaca influênciacrescente dos dispositivos móveisSegundo resultados do estudo “Mobile Trends: Consumer Views ofMobile Shopping and Mobile Service Providers”, os consumidores estãousando os celulares para comparar preços, pesquisar produtos e buscardescontos. Hoje, 48% dos consumidores usam os aparelhos parapesquisar preços ou procurar produtos e serviços e o número decompras por meio de dispositivos móveis duplicou com relação a 2009.

Andre Penner

RESULTADOS

€ 62,5 miFoi o lucro alcançado pela TAPno ano passado, conseguindoaumentar sua posição de caixa eterminou 2010 com € 52 milhões.O lucro em 2010 foi 8,7%superior com relação aosresultados apurados em 2009.

FATURAMENTO

€ 2,2 biForam as vendas da TAP no anopassado incluindo as receitascom passageiros, carga emanutenção. Para este resultado,o crescimento das vendas nomercado brasileiro contribuiumuito, segundo a companhia.

“À medida queo setor fordesregulamentando,a consolidaçãoem grandes gruposserá mais fácil.Mas acredito quehaverá ainda espaçopara pequenasempresas atuaremem nichos de mercado

Luiz Mór

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 25

EDUCAÇÃO

Anhanguera compra Instituto GrandeABC e Novatec por R$ 74,8 milhõesAs empresas adquiridas são mantenedoras das instituições de ensinosuperior Faculdade Anchieta e Faculdade de Tecnologia Anchieta,ambas em São Bernardo do Campo e somam um total de 12.276 alunosmatriculados, segundo o comunicado enviado à Comissão deValores Mobiliários. A Anhanguera opera três redes de ensino,sendo 54 campus, e 650 centros de ensino profissionalizante.

CAPITALIZAÇÃO

Conjuntura desfavorável do mercadoleva Liz Cimentos a interromper IPOA Liz Cimentos cancelou sua planejada oferta inicial de ações (IPO,na sigla em inglês), mas não desistiu da operação. A Liz solicitou asuspensão da oferta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por até60 dias, “em decorrência da atual conjuntura de mercado”. Segundoa empresa, os termos e as condições da oferta poderão ser revistose a empresa deverá avisar ao mercado as eventuais modificações.

Divulgação

TRANSPORTE

9 mihõesÉ o número de passageirostransportados em 2010, O volumefoi 7,7% maior no comparativocom 2009. Além disso, a empresaregistrou alta de 6 pontospercentuais na taxa de ocupaçãodas aeronaves, chegando a 74,5%.

Luiz Mór, vice-presidenteda TAP: Brasil é o maior

mercado para a companhia

Marcela Beltrão

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EMPRESAS

26 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

Rick Scuteri/Reuters

Southwest Airlines retira 81 aviões Boeing737 de circulação após incidente nos EUAA companhia americana anunciou que as aeronaves serão inspecionadasapós um buraco na fuselagem ter forçado o pouso de emergência deum de seus Boeing 737 na base militar de Yuma, no Arizona, estadono sudoeste dos EUA, na sexta-feira (1º). A parada ocorreu depois que os118 passageiros e cinco tripulantes ouviram um barulho e o surgimento deburaco no teto da cabine do voo 812, que ia de Phoenix para Sacramento.

VAREJO

Mudança na legislação europeia pode causarperda de € 10 bi no comércio eletrônicoAs propostas para a legislação que trata dos impostos sobre produtospode custar às varejistas europeias que vendem pela internet € 10 bilhões(US$ 14 bilhões) por ano, limitando sua expansão e conduzindo a uma altanos preços, segundo a IMRG, que representa a categoria. A entidade dizque o custo de projetos de alterações na Diretiva de Direitos do Consumidorequivale a 4% do valor estimado para o comércio eletrônico em 2012.

Nivaldo Souza e Daniel [email protected]

Responsável pela estratégia querendeu à Vale saltos financeiro eprodutivo na última década, Ro-ger Agnelli assiste nesta semanaa escolha de seu sucessor — emmeio a um processo de sucessãopolêmico, envolvendo embatescom o ex-presidente Lula e oPartido dos Trabalhadores (PT),ao qual acusou de querer tirá-lode sua cadeira no 19º da AvenidaGraça Aranha, nº 26, centro doRio de Janeiro.

Os acionistas se reúnem hojepara definir a empresa de seleçãode executivos que comporá umalista com três nomes para o postode presidente da maior compa-nhia privada do país. E, na próxi-ma quinta-feira, dia 7, o conse-lho de administração elegerá osubstituto de Agnelli, que terá odesafio de superar o executivofocado em metas e resultados queelevaram o lucro líquido da Valede R$ 3 bilhões, em 2001, paraR$ 30 bilhões, em 2010. “Não háo que discutir, com o Agnelli aVale mudou de patamar”, diz Da-niela Maia, da Ativa Corretora.

Entre os lances mais ousadosdo executivo esteve, no auge dacrise financeira de 2008/2009, adefinição de um novo padrão in-ternacional de precificação dominério de ferro, que passou deanual para trimestral. E inclui ainvestida da ex-estatal em zonasde produção fora do Brasil, comoÁfrica, América do Sul e do Norte— com destaque para a comprada canadense Inco, em 2006, porUS$ 18,2 bilhões.

Carga políticaO secretário-executivo do Minis-tério da Fazenda, Nelson Barbosa,reconheceu na última sexta-feira(1º) que houve muita “carga polí-tica” nos assuntos administrati-vos da Vale. Barbosa, que partici-pou na sexta-feira do encontrodo Conselho Nacional de PolíticaFazendária (Confaz), no Rio, de-verá ser eleito conselheiro daPrevi no conselho de administra-ção da Vale no dia 19 de abril.

O diretor para América Latinada consultoria Eurasia, Chris-topher Garman, critica o excessode expectativa do governo ao

Vale escolhe novo presidenteapós 10 anos de Roger AgnelliA expectativa é que sucessor combine busca por resultados com a habilidade política que faltou ao executivo

“A escolha dealguém alinhadoao governopode ditar oestilo da Vale

Daniela Maia,analista da Ativa Corretora

Roger Agnelli, presidenteda Vale: sucessor deve ser

definido nesta semana

apostar na Vale como fomenta-dora de uma política industrial. Oex-presidente Lula criticou emdiversos momento a demora daVale em investir na produção deaço. “O governo sempre teve umdesejo de evitar a dependência daexportação de minério e desen-volver a siderurgia. Mas talvez osinstrumentos é que podem serquestionados”, observa Garman.

O economista Sergio Lazzari-ni, professor de estratégia em-presarial do Insper, critica a faltade preparação para a troca de Ag-nelli. “Acho o processo de substi-tuição preocupante, porque hámovimentações de bastidorespouco transparentes.”

Carta marcadaO atual diretor de operaçõesem metais básicos, Tito Bote-lho Martins, é apontado comoum sucessor capacitado paraequilibrar os interesses de umaempresa privada com uma for-te presença de órgãos ligadosao governo entre seus acionis-tas — o BNDEPar e o fundo depensão dos funcionários doBranco Brasil (Previ) somam67,6% da Valepar (bloco con-trolador da Vale, com 33,6%do capital total e 52,3% do ca-pital votante), ao lado de Bra-desco (17,4%) e Mitsui (15%).“O mercado ficaria mais tran-quilo com o Tito, que tem his-

tórico na empresa e pode terum bom relacionamento com ogoverno”, diz Pedro Galdi, daSLW Corretora.

A escolha de Martins seriaideal para a Valepar não passara imagem de ingerência porparte da Previ e BNDESPar,considerando que cabe ao Bra-desco e à Mitsui indicar o pre-sidente da Vale. “A escolha dealguém alinhado ao governopode ditar o estilo da Vale”,pontua Daniela.

A preferência por Martins,contudo, pode ser um proble-ma para um processo de suces-são que exige uma lista comtrês executivos — conforme

prevê o acordo de acionistas damineradora. Em um jogo decartas marcadas, executivos depeso como o presidente doconselho do Santander, FábioBarbosa, cotado para o posto,poderiam se recusar a partici-par com receio de repercussãonegativa. “Essa lista pode cau-sar uma saia justa. Pode pegarmal para quem não for escolhi-do”, diz a analista da Ativa.

Em meio às especulações,as ações ordinárias da Vale caíram0,64% na sexta-feira, indo aR$ 53,01 a unidade. Enquanto ospapéis preferenciais, os mais ne-gociados, recuaram 0,55%, pon-tuando R$ 47,13 a ação. ■

Luciana Tancredo/Ag. Vale

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28 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

ENCONTRO DE CONTAS

LURDETE ERTEL

Invasão brasileira

Cresceu 34,4% no anopassado o número debrasileiros que visitaramos Estados Unidos.Pelas planilhas oficiais dogoverno americano, o TioSam recebeu 1,197 milhãode turistas do Brasil.A evolução dos gastosfoi ainda maior:os brasileiros deixarampor lá US$ 5,9 bilhões, 45%mais do que em 2009.O Brasil já é o sétimomaior emissor de visitantesaos Estados Unidos.

“Não achoque JustinBieber estarápor aí daquia 40 anos”Ozzy Osbourne,o Príncipe das Trevas,em turnê pelo Brasil.

EsticadaÚnica fábrica do mundo queproduz preservativos masculinoscom látex de seringueira nativa eprimeira estatal do segmentono Brasil, a Natex será esticada.Localizada em Xapuri (Acre),a unidade terá sua produçãoduplicada, para 200 milhõesde camisinhas por ano.O governo federal já liberouR$ 10 milhões para a ampliação.

Expansão plástica

O estado do Alagoas prepara grandefesta para o lançamento, no próximo dia 6,da pedra fundamental da nova fábricade PVC da gigante Braskem nomunicípio de Marechal Deodoro.A unidade, que já está em construção,vai duplicar a capacidade de produçãode PVC do grupo no Alagoas, consolidando aposição da Braskem como uma das maioresfabricantes da matéria-prima das Américas.Segundo o governo alagoano,o investimento beira R$ 1 bilhão.

Carlos Alvarez/AFP

A princesa Letizia (Espanha) e a duquesaCamilla (Inglaterra) angariam holofotes parauma causa pouco comentada na visita oficialda realeza inglesa a Madri, na última semana.As duas foram conhecer uma fundaçãoespecializada em treinar cães-guias para cegos —

quase uma raridade, considerando a demanda.Apesar de haver cerca de 45 milhões decegos no mundo, poucos têm acesso a umcão que lhes empreste os olhos. No Brasil, amédia é de um cão-guia para cada 23 mil cegos.Há apenas uma escola de adestramento no país.

Os melhores olhos do homem

Cabelos e pernas,hits do escurinhoFoi, mais uma vez, um filme de animaçãoo título que levou maior número de espectadoresàs salas de cinema do Brasil neste início de ano.Enrolados (foto), produção dos estúdios Disney,atraiu 3,9 milhões de pessoas para oescurinho entre janeiro e meados de março.Mas o cinema nacional também barbarizouna telona: a segunda posição ficou coma comédia brasileira De Pernas pro Ar,vista por mais de 3 milhões de espectadores.Segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine),5,6 milhões de pessoas foram ao cinemaassistir a nove títulos brasileiros no período,gerando uma bilheteria de R$ 50,6 milhões.Os números são bem maiores do que osregistrados no mesmo período do ano passado,quando os 13 títulos brasileiros em cartazno país atraíram 2,1 milhões de espectadorese acumularam renda de R$ 16 milhões.

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 29

[email protected]

GIRO RÁPIDO

No céu e na terra

Os músicos da banda IronMaiden, que viajam emjato particular, escolheramo Flight Center da Swissportpara coordenar todos osvoos do grupo pelo Brasil.A empresa está dandosuporte no agendamentodos pousos e decolagense todo apoio necessáriopara Bruce Dickinson e suaturma no rasante ao país.O Iron Maiden fará seu últimoshow amanhã, em Curitiba.

Academia em casa

A Metacorpus Studio Pilatesalavancou as vendas emcondomínios residenciais.Esse mês, além da Gafisa, oscondomínios Villagio Dei Fiori,de Niterói, e o Mirante,de Pernambuco entraramno catálogo de clientes.

Compactando

A Telasul vai desenvolveruma cozinha exclusiva paraas lojas do Magazine Luiza.A proposta é oferecer umambiente compacto.

Presente sob medida

A Pandora Experiênciasestá lançando um presentesob medida para as mulheres.Trata-se da consultoria deestilo e edição de looksrealizada pela estilistaRenata Cabrino, quedisponibiliza duas horasde styling na casa dapresenteada.A experiência custa R$ 200.

Com Karen [email protected]

CheirandomalA pop star BritneySpears está sendo alvode um processo demais de US$ 10 milhões.A Brand Sense Partnersestá acusando a cantora eseu pai (responsável pelagestão do patrimônio deBritney) de não ter pago35 % de comissão acordadapelo contrato que a empresaconseguiu com a marcade cosméticos ElizabethArden Inc., em 2004.Os perfumes Radiance,Midnight Fantasy eCurious foram alguns dosprodutos, endossados pelaloira, lançados no mercado.A Brand Sense acusa aindaa artista de ter assinadoum contrato separado coma Elizabeth Arden Inc.,deixando totalmente de foraa empresa intermediária.

Prato autoral

A incensada chef AndreaKaufmann está de voltaao fogão em São Paulo.Depois de comandar portrês anos a cozinha do AKDelicatessen (de comida judaica),no bairro Higienópolis, a chefretorna às panelas agora na VilaMadalena, com outra proposta.Localizado na Rua FradiqueCoutinho, o novo restauranteatende por AK Vila e temmenu autoral rotativo.No andar superior vai funcionaro AKasa, espaço para eventos.

Uma Ferrari tão especialquanto linda vai para o martelono Hemisfério Norte em maio.A empresa inglesa Hitorics at

Brooklands, especializadano leilão de veículos clássicose esportivos, vai vender uma Ferrari365 GTB/4 Daytona, de 1973, que

pertenceu ao Príncipe Charles.A máquina azul faz parte de uma fornadaque teve apenas 158 unidades produzidas— com a direção do lado direito.

Agulha de ouroO ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno e sua esposa,Bia Antony, prestigiaram o estrelado desfile do alfaiateJoão Camargo, no Credicard Hall, em São Paulo.Camargo apresentou as tendências da alfaiataria masculina para oinverno 2011 com um time de peso na passarela: Frejat, Cafú, Maurício deSouza, Amaury Jr., Fernando Pavão, Luciano Szafir, Milhem Cortaz, MiroMoreira, Rodrigo Lombardi e Paulo Zulu encantaram a ilustre plateia.

● Amanhã será a vez deo governador de Pernambuco,Eduardo Campos, assumir omicrofone em seminário do Lideno hotel Caesar Park Faria Lima,em São Paulo. Campos vaidebater com empresários osnovos polos industriais do país.

MARCADOFotos: divulgação

Divulgação

Divulgação

PRÍNCIPE AO VOLANTE

Fila em movimento

Reforço de peso no polode varejo de luxo da RuaOscar Freire, em São Paulo.O badalado eixo comercialfoi escolhido para hospedara primeira loja conceitoda Fila na América Latina.A Fila Store de São Paulo éa sétima da marca esportivaitaliana no mundo. A próximaserá aberta em Buenos Aires.

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30 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

CONSUMO POPULAR

PAULO VIEIRA LIMA

Moda e inclusão social atraempúblico para as ruas de São PauloCidade segue grandes capitaisdo mundo, vai gradativamenterecuperando o seu velho ehistórico centro e valoriza acultura e elegância do povo

Em 1919, na Praça do Patriarca,centro histórico da capital deSão Paulo, funcionava o MappinStore. Era uma loja com muitaelegância que atraía a fina flor dasociedade paulistana. A empresamudou de lugar, fechou, a cida-de cresceu, ficou mais rica, po-rém andou perdendo a elegânciaestampada no visual de quemcircula por suas ruas.

Os bons tempos estão voltan-do, comenta o economista An-tonio (Tony) Carlos Silveira,idealizador do Fashion Down-town, evento realizado há seisanos na mesma Praça do Pa-triarca. Desta vez, não é somen-te a elite da cidade o público-alvo. Muitos dirigentes de em-presas e bancos ainda frequen-tam aquele espaço, mas a grandeatração é a moda ostentada pelaspessoas comuns que trabalhamou visitam o comércio local.

Entre os dias 2 e 7 de maio rea-liza-se o Fashion Downtown, noqual, como Tony Silveira esclare-

ce, grifes consagradas e lojas comprodutos excelentes e preçosacessíveis se encontram com osconsumidores em plena praça.

Depois de cada evento, asse-gura Silveira, há aumento de 15vezes no volume de vendas deroupas apresentadas nos desfilese que não são produtos-concei-tos, pois as pessoas usam mes-mo. As novidades atendem o pú-blico infanto-juvenil e adultos detodas as classes sociais. Existe apreocupação também de incluiras pessoas com necessidades es-peciais e são mostrados produtoscriados para elas. ■

EXPRESSAS

...ANTONIO CARLOS SILVEIRA

Idealizador do Fashion Downtown

TRÊS PERGUNTAS A...

Evento igual ocorre em Milãoe Vancouver. Em São Paulo, aideia ajuda a revitalizar a regiãocom melhor infraestruturaurbana do estado.

Quem participa no apoioao Fashion Downtown?Além da Prefeitura, todas asentidades incentivadoras darevitalização do centro dacidade. E, claro, estão conoscotodas as lojas e marcas dosetor de moda em vários

segmentos. Noivas, eventos eprincipalmente quem trabalhacom produtos usados pelaspessoas comuns no dia a dia.

Você acredita, de fato, que umevento econômico e culturalpossa mudar uma cidade?O evento integra um conjuntode ações visando a revitalização.Até os garis estão no processo.Você perguntaria: o que os garistêm a ver com isto? Sem limpezada cidade não há revitalização.

A grande massa é quem faz amoda das ruas. Que influênciao desfile traz para a relaçãocomércio/cliente?As pessoas comuns estãorepresentadas por modelos comgente e cara de pessoas comuns emuito elegantes. Também criamoscondições para empresáriose vendedores das lojas paraaprimorar o atendimento,respeitando o cliente. De queadianta uma loja bonita e com boasmarcas sem a presença do público?

Paulistanos fazem uma parada no corre-corre e prestigiam o Fashion Downtown na passarela ao ar livre

“Evento não apresentatendências. É a modadas ruas, a modaque as pessoasvestem, mesmo

Paladar do brasileiroestá mais apurado

Walter Leone, gerentede marketing da importadoraLa Rioja, observa queo aumento do poder de compraampliou o público consumidorde azeite de oliva. “Os esforçospara aumentar a procurapor azeite, nos últimos anos,juntamente com a ofertade novas marcas, tornameste produto mais atrativo”,diz Leone. Além disso,completa ele, “o paladardo consumidor brasileiroestá mais apuradoe exigente por qualidadee novidades comoos azeites saborizados”,por exemplo.

Fundador da Bombrildá nome a instituto

Quase no início dos anos50, no Brasil, as mulheresprecisavam importar lãde aço para dar brilho aosutensílios domésticos.Roberto Sampaio Ferreirapercebeu a dimensãodeste mercado e fundoua Bombril. Seu o nomehoje identifica o InstitutoRoberto Sampaio Ferreiraque, segundo Alice SampaioFerreira, presidente do conselhodeliberativo da entidade,é focado na ética, crençanos valores femininosde solidariedade e respeitoaos recursos naturais.

Um calçado para amulher que dirige

Não está na lei, portantonão é proibido dirigir com saltoalto, chinelos do tipo rasteirinha.Só que existe a hipótesede multa, caso o sapato nãose firme nos pés ou prejudiqueo uso dos pedais. É uma situaçãoque acende o sinal vermelhopara as mulheres que usamestes calçados enquantoestão ao volante. Em Franca,interior de São Paulo, a Impecidealizou o No Shoes, calçadoespecial para a mulherque dirige e não quercorrer risco de multaou acidente.

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 31

Attiva coloca o mate no mercadoMarca conhecida de água mineral e sucos na região sul fluminense,a Attiva lança outro produto. Está no mercado do Rio, Minas, EspíritoSanto e Paraná o Mate Attiva. Bruno Marini, presidente da empresa,diz que a diversificação é estratégica para que, até o final deste ano,o atendimento seja nacional. Sua fábrica na divisa entre o Rio eSão Paulo tem capacidade para produzir, por mês , até 10 milhõesde copos e 3,6 milhões de garrafas de mate.

Fotos: divulgação

[email protected]

No sudoeste paulista há quase310 mil habitantes e mais de30% da população é rural. Ali, apartir desta quarta-feira e atésábado, na cidade de Itapeva, oempresariado se reúne na Agro-via, a feira de negócios e tecno-logia agrícola e pecuária. Umdos alvos do evento são os 7 milagricultores familiares dos mu-nicípios na região. Valdir Biasini,o “Caipira”, é um destes em-preendedores. Há 15 anos ele saiuda sociedade com os irmãos,

aproveitou a popularidade ehoje, apoiado pelas filhas, dirigeo Carvão do Caipira. DanielaBiasini, bióloga e gestora am-biental, é uma das diretoras e naAgrovia busca a troca de expe-riências e conquista de consu-midores finais e distribuidores.Ela enfatiza que a empresa —produtora de 70 toneladas decarvão vegetal por mês — temcomo diferencial o cuidado como meio ambiente e a própriaplantação de eucalipto.

Carvão do Caipirana feira de tecnologia

Spa não é caro nem sempre éfrequentado somente por quemprecisa perder peso. Eles são lo-cais para tratar do bem-estar,decreta Gustavo Albanesi, presi-dente da Associação Brasileirade Clínicas e Spas (ABC Spas).Apenas 5% a 10% dos spas sãodirecionados ao emagrecimentoe a maioria tem custos suportá-veis por quem não é milionário.Defensor da democratização dosserviços prestados na área da es-

Atacarejo ou cash carry — comoalguns preferem — é um setoronde não haverá retração na de-manda, segundo avaliação dosatacadistas e distribuidores deprodutos industrializados. NaAbad, associação que representa osetor, o presidente Carlos Eduar-do Severini acha que o aperto nocrédito terá pouca influência. Estaconfiança está baseada tanto na

estabilidade econômica do com-prador profissional que abastece ovarejista quanto nas famílias queeventualmente compram direta-mente do atacado. Quanto a aná-lises que projetam mudanças noperfil de atendimento, Severinitambém não prevê alteração.Ainda que haja diferença de pre-ços entre 10% e 20% em compa-ração com super e hipermerca-

dos, no atacado a grande procurapermanecerá por parte de quemadquire os produtos para distri-buir aos bares, restaurantes, ho-téis ou pequenos mercados nosbairros. Para o presidente da Abadas visitas que os empresários bra-sileiros fazem ao exterior têm co-locado a entidade em sintoniacom os avanços e ajudam a aper-feiçoar o setor no Brasil.

Alteração no Código Florestalesquenta a polêmica em tornodo relatório do deputado AldoRebelo. Mudança reduz a áreade proteção ambiental a favorda agropecuária. Rebelo, do PCdo B, é apoiado pela SociedadeRural Brasileira e tem oposiçãode ONGs ambientalistas. Ama-nhã, em Brasília, tem ato a fa-vor da atualização e, na inter-net, a SOS Mata Atlântica dis-cute o risco de devastação flo-restal. Falta saber a opinião dequem, recentemente, passou acomprar alimentos em maiorvolume e qualidade.

Enigma doCódigo Florestal

Produção de carvão exige plantio próprio e ecológico

Modalidade de atacado mantém o perfil de atendimento. Principal alvo não é o consumidor final

Manter a mata ou produzir?

tética e beleza, Albanesi está nocomando da Spa Week, compromoções até o dia 16 ofereci-das ao público de Santa Catari-na, São Paulo e Paraná. Comparte da renda revertida para aONG Operação Sorriso — de am-paro a crianças carentes comproblema de lábios leporinos — aABC Spas tem uma lista de esta-belecimentos onde o clientepaga R$ 70,00 por um pacote detrês serviços de estética e beleza.

Estética, beleza e preço acessível

Antonio Milena

Spa não é coisaexclusiva para gente rica

Aperto no crédito não afeta oatacarejo. Setor está crescendo

“Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São PauloEdital de Convocação

O Conselho de Administração da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo, em conformida-de com as disposições estatuárias, convoca todos os associados em pleno gozo de seus direitos sociais, para as Assembléias Gerais Ordinária e Extraordinária, a serem realizadas cumulativamente, na Rua do Rócio, nº 423, conjunto 801, Bairro Vila Olímpia, nesta Capital, no dia 14 de abril de 2011, em primeira convocação às 17h30 horas com a presença da maioria absoluta dos associados com direito a voto, ou, em segunda convocação, às 18h00 horas do mesmo dia, com qualquer número de assistentes, para deliberarem sobre a seguinte Ordem do Dia: Balanço Patrimonial e Demonstração Financeira dos exercícios de 2009 e 2010 e respectivas contas de resultado; Relatório da Diretoria sobre as atividades da Entidade no Biênio 2009/2010; Eleição dos membros para compor o Conselho de Administração, a Direto-ria e o Conselho Fiscal da Entidade para o Biênio 2011/2012; Outros assuntos de interesse social.

São Paulo, 05 de abril de 2011Gabriel Ricardo Kuznietz

Presidente do Conselho de Administração”

Murillo Constantino

Câmara Municipal de São José dos Campos - ABERTURA DE LICITAÇÃO - Pre-gão Presencial n° 07/2011 - Objeto: Formação de Ata de Registro de preços visan-do a possível aquisição de papel sulfite - Abertura: 18/04/2011 - Horário: 09h - Edi-tal e Informações: O Edital completo poderá ser baixado do site www.camarasjc.sp.gov.br – Em 1º/4/11 - Vereador Juvenil Silvério - Presidente

Os recursos da internet, confor-me análise de Lutti Colauto, pre-cisam agregar conteúdo e atuali-zação. Colauto, diretor da Led-id,especializada no gerenciamentode relacionamento social, reco-nhece que, mesmo sendo umaobservação óbvia, o uso da inteli-gência é primordial para o sucessodas postagens de informações.Responsável pelas ações de mídiaeletrônica que renderam votos à

cantora/deputada Leci Brandão,o empresário recomenda agilida-de na atualização, forte conteúdo,indexação e identificação das re-des sociais adequadas para divul-gar mensagens a um determinadogrupo. Com definição das neces-sidades do negócio da empresa esabendo onde e como encontrar opúblico-alvo, estará, na opiniãodo diretor da Lê-id, assegurado oêxito da empresa.

Uso da internetexige inteligência

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32 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

FINANÇAS

Maria Luíza [email protected]

Depois da crise de derivativoscambiais em 2008 e da revisão demodelos e criação de comitês em2009, o ano passado foi o pri-meiro exercício em que de fatoboa parte das empresas brasilei-ras implementaram uma novaestrutura de contratação de ins-trumentos de proteção (hedge)para exposições à variação demoedas, juros e commodities. Oresultado foi o envolvimentomuito maior das diretorias na to-mada de decisão e a migração deuma política antes restrita à Te-souraria para o Conselho de Ad-ministração, instância máximadas companhias em termos dediretrizes e responsabilidades.

“Mais contratos estão in-cluindo cláusula de que o deriva-tivo deve ser aprovado pelo con-selho de administração já que eleé responsável por orientar os ne-gócios da companhia”, diz Ri-cardo Mourão, sócio do Velloza eGirotto Advogados Associados,especialista em derivativos. “E adecisão sobre até que ponto davariação do preço do petróleo,do dólar ou do cobre, se o custode proteção vale a pena, é estra-tegicamente relevante.”

As chamadas de depósito demargens de garantia de opera-ções de derivativo podem criarimpacto negativo sobre o fluxode caixa da empresa, atrapa-lhando o negócio, exemplifica oespecialista. Uma das compa-nhias que sofreu com exposiçãoe especulação nos chamados de-rivativos exóticos na virada dodólar em 2008 foi a Aracruz e oresultado operacional foi a união

com a VCP, para formar a Fibria.Pelo episódio, a companhia teveque arcar com custos mais altosde captação, já que investidorese bancos ficaram ressabiadoscom as perdas financeiras.

“Desde 2008, a companhiainvestiu fortemente na melho-ria de processos, com a criaçãode uma área de gestão de risco edando mais transparência asoperações. Isso se traduz emcerca de 45 páginas de notasexplicativas no balanço dedica-das a instrumentos financei-ros”, diz Samuel Saldanha, ge-rente de Tesouraria da Fibria,que falou da experiência dacompanhia em evento sobrederivativos realizado em SãoPaulo na última semana.

A variação cambial é umapreocupação na rotina da em-presa, já que tem receitas em

dólar e investimentos em reais,por exemplo. “Nosso desafio égerenciar descasamento entrereal e dólar, com hedge de fluxode caixa, não de balanço”, ex-plica. A empresa monitora jane-las de 12 meses do fluxo de ex-posição em moeda estrangeira edá preferência a instrumentosde menor complexidade, comescala decrescente do hedge.Nos primeiros três meses, pro-tege até 90% da exposição lí-quida e vai reduzindo esse per-centual até chegar a 60%.

Quem aprova a política fi-nanceira são os conselheiros deadministração, que fazem umarevisão anual dessa política, ocomitê financeiro gerencia orisco e à tesouraria cabe apenasa execução. Além disso, a em-presa presta contas detalhadasaos bancos que são sua contra-

parte em derivativos, para ir re-duzindo o custo de captação.

Na política de hedge da em-presa de telecomunicações OIGroup, o indicador para oscontratos é o desvio máximoem relação à despesa financeiraorçada, e há limite máximo decontratação por contraparte.“O mercado inteiro está exi-gindo mais transparência des-sas políticas e exposições”, dizTarso Rebello, diretor financei-ro do Oi Group.

O assunto ganhou tanta im-portância no país devido aohistórico recente que uma daspoucas exigências da Temasekiao entrar como acionista naOdebrecht Óleo e Gás foi terpoder de veto na contrataçãode novos derivativos, contaHeloísa Ramos, gerente de fi-nanças estruturadas da empre-

Política dehedge sai datesouraria evai para osconselheiros

Em 2008, a exposiçãoem derivativosexóticos afetouempresas comoa Aracruz, queapós o episódiose uniu à VCPpara formar a Fibria

Mourão, especialistaem derivativos:“Hoje decisão nãoestá só nas mãosdos tesoureiros”

Depois da crise de derivativos e revisãode processos, companhias experimentamprimeiro ano de novo modelo de proteção

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 33

sa. Hoje a companhia protegecerca de 95% da exposição emtaxa de juros (Libor) e a defini-ção de políticas de hedge é feitapelos conselheiros.

Na Whirpool, o hedge é defi-nido para os próximos três anos,até o máximo de 20% de prote-ção da exposição. Isso vale, porexemplo, para cobre, matéria-prima relevante para a produçãoda empresa. A faixa de exposi-ção protegida e a que preço sãodefinidas por um comitê men-sal, composto de vice-presi-dentes. Na TAM, segundo Fer-nando Andrade, gerente de Te-souraria, a política é aprovadapelo conselho, que estabelece oslimites de exposição, com hori-zonte de cinco anos para o preçodo petróleo e níveis mínimos deproteção já definidos para osdois primeiros anos. ■

Nasdaq faz oferta rival de US$ 11 bi pela Nyse

A Nasdaq OMX e a IntercontinentalExchange (ICE) anunciaram naúltima sexta-feira uma oferta rival para comprar a Nyse Euronext porcerca de US$ 11,3 bilhões em dinheiro e ações. A proposta representaum prêmio de 27% sobre a apresentada em fevereiro pela bolsaalemã Deutsche Boerse de US$ 10,2 bilhões. O anúncio pode levantarquestionamentos antitruste, já que combinaria as duas maioresoperadoras de bolsas de valores para negociação de ações dos EUA.

● às 6h, sai o índice de preçosao produtor na Zona do Euro (fev).● Às 7h, a Fipe divulgao IPC de março.● Às 8h30, o Banco Centraldivulga o boletim semanal Focus.● Às 21h15, o presidente doFed, Ben Bernanke, discursa.

AGENDA DO DIALucas Jackson/Reuters

Além de se preocupar com ofluxo de entrada de dólares queestimula a valorização do real ecom a liquidez desses recursosno momento em que tenta en-xugar o mercado, o Ministérioda Fazenda também está de olhona exposição das empresas bra-sileiras que estão tomando dívi-da em moeda estrangeira. Se-gundo o ministro Guido Mante-ga,a captação externa de em-presas não-financeiras aumen-tou 60% no primeiro trimestre(até 25 de março) e o governonão quer as companhias expos-tas demais à variação cambial.

Motivo não falta para cautelaextra: na última onda de crençana força da moeda nacionalcontra a americana, em 2008, areversão de tendência pegoumuita empresa de calça curta.Na época, além de não contaremcom a virada cambial, compa-nhias brasileiras tinham extra-polado suas posições em deriva-tivos relacionados a moeda paraganhar com a especulação.

“Não foram as captações ex-ternas que causaram transtornopara as companhias em 2008,elas podem e devem lançar mãodesse recurso. O que houve foi omau uso de instrumentos dehedge”, destaca Ricardo Torres,professor da Brazilian BusinessSchool (BBS). “Não dá ainda paraafirmar que as empresas apren-deram a fazer proteção e a dife-renciá-la de especulação. Aindaexistem grande desinformação

sobre os instrumentos financei-ros nas empresas e também napreparação dos bancos paraofertar o produto adequado”.

Para o advogado , RicardoMourão, sócio do Velloza e Gi-rotto Advogados Associados,entretanto, a relação entre em-presas e bancos avançou desde2008. “Os dois grandes pilaresde mudança no procedimentointerno da instituição financeiraforam no processo de negocia-ção de venda e o suitability(adequação do produto ao con-tratante). É um produto bancá-rio que tem que ser vendidoadequadamente, o banco falacom vários comitês da empresa,fazer com que entendam pormeio de diferenciação de cená-rios e compreensão maior derisco”, afirma. Ele pondera, en-tretanto, que fazer hedge não énecessariamente contratar deri-vativos, já que este é apenas umdos instrumentos de proteção.

“Também pode ser usadocomo especulação, desde que acompanhia tenha essa noçãoclara, bem como de seus efeitos.Muita gente confundia hedgecom derivativo e isso está fican-do mais claro hoje”, avalia.

A exposição atual das empre-sas a derivativos cambiais não épública. Procurada, a Cetip, quecustodia a maior parte das ope-rações de derivativos cambiaisno país, informou que não di-vulga mais a exposição de em-presas não-financeiras. ■ M.L.F.

Murillo Constantino

VARIAÇÃO DA MOEDA

Oscilação cambial é preocupação do governo e das empresas com dívidas em dólar

DÓLAR COMERCIAL, EM R$/US$

1,500

1,775

2,050

2,325

2,600

1/ABR/1101.MA/.111/ABR/ABR01.M.M1/A1/A1/A1/A01.F.F01.01.01.01.03.JA.J01010101DEZD03.03.03.03.01.NOV01.01.1/OUT/101/OUTO01.01.01.01.01.S01.S1/O1/O1/O1/O02.AG.A01010101.JUL.J02.02.02.02.JUN01.01.3/MAI/1001.AB/.103/MAIMA01.J01.01.J01.M01.A.A3/M3/M3/M/01.MM01.01.01.01..01.M01.M01.M01.M04.JA01.011/DEZ/091/DEZ//D04.J04.J04.J04.J03.N03.N1/D1/D1/D/D03.N03.N03.N03.N.SET..S01.O01.O01.O01.O000000003.AG01.01.1/JUL/0903.A03.A03.A03.AM //J01.J1/JU1/J1/J1/J0000001.J01.J01.J01.JM M0 .04.M04.04.04.0000000M01.A01.A01.A01.A000000002.M02.M00002/JAN/0902020202000000001.D1.D2/JA2/J2/J2/J000000003.NOV03.N01.D01.D01.D01.D01.SET.0801.OUT01.O03.03.03.03.1/AGO/08

Fontes: Banco Central e Brasil Econômico

21/ago/08 = 1,611

4/dez/08 = 2,512

1/abr/11 = 1,612

Governo está deolho na exposiçãocambial dascompanhias

DECLARAÇÃO DE PROPÓSITODenominação: Aporte Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. CNPJ/MF 62.090.873/0001-90. A pessoa jurídica controladora abaixo identifi cada, por intermédio do presente instrumento, declara sua intenção de adquirir o controle societário da Aporte Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda., a qual passará a funcionar com as características abaixo especifi cadas, negócio cuja concretização depende da aprovação do Banco Central do Brasil, conforme previsto no Contrato Particular de Alienação de Quotas fi rmado entre (i) Sra. Rita de Cássia Neves Mundim e (ii) Sr. Fernando de Farias Resende, como Cedentes, e como Cessionários, (iii) International Assets Holding Corporation, atualmente denominada INTL FCStone Inc. (abaixo qualifi cada), que cedeu seus direitos e obrigações previstos no Contrato Particular de Alienação de Quotas, em 21 de dezembro de 2010, para a INTL Participações Ltda., sociedade constituída de acordo com as leis da República Federativa do Brasil, com sede na cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Santo Amaro, 48 - 5º andar, conjunto 52 (parte), Bairro Itaim Bibi, Cep. 04506-000 e inscrita no CPNJ/MF sob o nº 13.042.022/0001-66, e (iv) FCStone do Brasil Consultoria em Futuros e Commodities Ltda., sociedade constituída de acordo com as leis da República Federativa do Brasil, com sede na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, na Avenida José Bonifácio Coutinho Nogueira, 150, Ala Oeste, Salas 203, 205, 207 e 209, Bairro Jardim Madalena, Cep. 13090-611 e inscrita no CNPJ/MF sob o nº 07.335.928/0001-76: Denominaçnao Social: Aporte Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda. Local da Sede: Rua Pernambuco, 353 - Sala 1207, Bairro Funcionários, Cep. 30130-150, cidade de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais. Nova Composição Societária: INTL Participações Ltda. (CNPJ/MF nº 13.042.022/0001-66): 1.500.435 quotas (99,99993%); FCStone do Brasil Consultoria em Futuros e Commodities Ltda. (CNPJ/MF nº 07.335.928/0001-76): 1 quota (0,00007%). Composição societária, até controlador fi nal, da INTL Participações Ltda.: A INTL Participações Ltda. é 99,99% detida pela INTL FCStone Inc., sociedade anônima de capital aberto constituída sob as leis do estado de Delaware, Estados Unidos da América, negociada na bolsa NASDAQ sob o código de negociação “INTL”, com sede em Nova Iorque - NY, na 708 Third Avenue, Suite 1500, NY 10017, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 08.816.705/0001-93; e 0,01% detida pela FCStone do Brasil Consultoria em Futuros e Commodities Ltda., sociedade constituída de acordo com as leis da República Federativa do Brasil, com sede na cidade de Campinas, Estado de São Paulo, na Avenida José Bonifácio Coutinho Nogueira, 150, Ala Oeste, Salas 203, 205, 207 e 209, Bairro Jardim Madalena, Cep. 13090-611 e devidamente inscrita no CNPJ/MF sob o nº 07.335.928/0001-76. Esclarecem que, nos termos da regulamentação em vigor, eventuais objeções à presente declaração devem ser comunicadas diretamente ao Banco Central do Brasil, no endereço abaixo, no prazo de trinta dias contados da data da publicação desta, por meio formal em que os autores estejam devidamente identifi cados, acompanhado da documentação comprobatória, observado que os declarantes podem, na forma da legislação em vigor, ter direito a vistas do processo respectivo. Banco Central do Brasil. Deorf - Departamento de Organização do Sistema Financeiro. Gerência Técnica de Belo Horizonte, Avenida Álvares Cabral, 1605, 2º andar - Bairro Santo Agostinho - Belo Horizonte - MG - Cep 30170-001 - Processo nº 1001485333.

Belo Horizonte, 04 de abril de 2011

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34 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

INVESTIMENTOS

Natália [email protected]

Por mais que possa parecer estranho à pri-meira vista, março poderia ter sido bempior. Mesmo com os conflitos do mundoárabe e o desastre no Japão tendo desequili-brado as bolsas diversas vezes, o Ibovespaconseguiu encerrar o mês com alta de1,79%. Segundo Mônica Araújo, estrategis-ta da Ativa, a elevação do índice se explicapela escolha de ativos mais defensivos e li-gados a energia. A notícia parece ter ani-mado os investidores com aplicações naBovespa, que encerrou o pregão de sexta-feira com valorização de 0,99%. No entan-to, isso não significa que o pior já passou.Pelo contrário, o cenário permanece bas-tante delicado. “Excluindo a continuidadeda recuperação da economia americana,poderemos ter fluxo negativo de notíciasvindas de várias fontes: Europa, Ásia oumesmo Brasil”, escreve a especialista.

A situação brasileira merece atenção re-dobrada. Entre as preocupações das corre-toras consultadas pelo BRASIL ECONÔMICO,destacam-se a redução da expectativa decrescimento do Produto Interno Bruto (PIB)para 4% e o aumento da projeção do IPCApara 5,6%, em 2011. Soma-se a isso, se-gundo relatório da Planner, a decepçãocom as medidas macroprudenciais que nãovieram como o mercado esperava. Outroponto de interrogação fica por conta dopreço do petróleo. No mercado futuro deNova York, a commodity encerrou o mêscotada a US$106,72/barril, o que represen-ta uma alta de 10,1%. “Ou seja, a pressãoinflacionária mundial parece tender a con-tinuar no curto prazo”, escreve a analista-chefe da corretora Spinelli, Kelly Trentin.

Por incrível que pareça, todos esse fatorespodem ter construído um cenário propíciopara os investimentos olharem com maisatenção para os papéis de mercados emer-gentes. “Tivemos entrada de US$2,6 bilhõesnos fundos de mercados emergentes na últi-ma semana, a maior entrada desde a primei-ra semana do ano. Trata-se de uma sinaliza-ção robusta de retomada do interesse dos in-vestidores estrangeiros por essas ações”, es-creve Fernando Siqueira e Hugo Rosa, ana-listas da Citi Corretora.

Usando essa linha de raciocínio, a Spinelliconstrói a sua carteira com nomes do merca-do doméstico que a corretora considera“fortes”. Entre eles, está a Loja Renner, que,aliás, aparece em terceiro lugar no rankingde recomendações de abril (não foi citada nomês anterior). A Walpires Corretora explica:a segunda maior rede de lojas de departa-mentos de vestuário do Brasil, além de ofer-tar serviços financeiros aos clientes, deve serbeneficiada pela conjuntura macroeconômi-ca brasileira. Em março, os papéis da com-panhia registraram valorização de 6,74%.

Já as ações da Vale foram penalizadas nomês passado por três razões: receio de quedade demanda após o tsunami no Japão, notíciasobre uma dívida de cerca de R$ 4 bilhões emroyalties não pagos e o conturbado processode sucessão da presidência da companhia.“Esses fatos foram suficientes para minimizaro impacto postivo do lucro recorde de 2010 e ocenário positivo para o mercado de minériode ferro no mundo”, escreve Ricardo TadeuMartins, analista de Mineração e Siderurgiada Planner. A corretora acredita no potencialde valorização de 38% para o ano. ■

Com cenário externo indefinido, analistasapostam em ações de países emergentes

AS PREFERIDAS DO MERCADO PARA ABRIL

Lojas Renner passa a integrar a carteira devido à conjuntura macroeconômica brasileira

EMPRESA SETOR Nº DE RECOMENDAÇÕES

Fontes: Ágora, Ativa, Banif, Banco do Brasil, Citi, Geral Mercado, HSBC, Link, Spinelli, Socopa, Souza Barros, Planner, Um Investimentos, XP, Walpires

DESEMPENHO DA CARTEIRA RENT. EM MARÇO (%) RENT. ANO (%)

As especulações sobre a mudança no comandoda Vale, no mês passado, fizeram com que as ações caíssem ainda mais do que em fevereiro. Os papéis da companhia encerraram marçocom queda de 2,99%

BM&F Bovespa (BVMF3),CCR (CCRO3), CSN (CSNA3),Ez Tec (EZTC3), Tractebel (TBLE3) também tiveram3 recomendações

10

9

7

7

6

6

5

4

4

3

Mineração Petróleo Comércio Petróleo Bebidas Finanças

Veículos e peças Comércio

Telecomunicações Finanças

Vale (VALE5) OGX (OGXP3) Lojas Renner (LREN3) Petrobras (PETR4) Ambev (AMBV4) Itaú Unibanco (ITUB4) Randon PN (RAPT44) Pão de Açúcar (PCAR5) Vivo (VIVO4) Banco do Brasil (BBAS3)

Vale (VALE5) OGX (OGXP3) Lojas Renner (LREN3) Petrobras (PETR4) Ambev (AMBV4) Itaú Unibanco (ITUB4) Randon PN (RAPT44) Pão de Açúcar (PCAR5) Vivo (VIVO4) Banco do Brasil (BBAS3)

-2,991,71

6,741,331,81

8,570,63

10,098,322,97

-1,69-1,75

-5,965,04-8,81-0,59-9,28-3,15

22,47-4,11

0 2 4 6 888 101010

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI 31/MAR 9,79 2,49 1,00 50.000BB R FIXA LP PLUS ESTILO FIC FI 31/MAR 9,78 2,48 1,00 50.000ITAU PERS MAXIME RF FICFI 1/ABR 9,76 2,57 1,00 80.000CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO 31/MAR 9,34 2,39 1,10 30.000CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO 31/MAR 8,76 2,25 1,50 5.000BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI 1/ABR 8,58 2,26 2,00 5.000BB RENDA FIXA 200 FIC FI 1/ABR 7,40 1,99 3,00 200BB RENDA FIXA 50 FIC FI 1/ABR 6,91 1,86 3,50 50ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 1/ABR 6,44 1,79 4,00 300BB RENDA FIXA LP 100 FICFI 31/MAR 6,32 1,69 4,00 100

RENDA FIXA

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

BB REF DI LP PREMIUM ESTILO FIC FI 31/MAR 9,98 2,54 0,70 100.000BB REF DI PLUS ESTILO FIC FI 1/ABR 9,58 2,49 1,00 50.000ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI 1/ABR 9,55 2,49 1,00 80.000BB REFERENCIADO DI 5 MIL FIC FI 1/ABR 7,93 2,10 2,50 5.000BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI 31/MAR 7,65 2,01 2,47 100BB REFERENCIADO DI 200 FIC FI 1/ABR 7,34 1,97 3,00 200HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS 1/ABR 7,28 1,98 3,00 30ITAU PREMIO REF DI FICFI 1/ABR 6,26 1,72 4,00 1.000BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER 1/ABR 5,85 1,62 4,50 100SANT FIC FI CLAS REF DI 1/ABR 5,48 1,51 5,00 100

DI

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

BRADESCO FIC DE FIA 31/MAR (5,25) (1,86) 4,00 -BRADESCO FIC DE FIA MAXI 31/MAR (5,47) (1,93) 4,00 -BRADESCO FIC DE FIA IV 31/MAR (5,54) (1,95) ND -BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI 31/MAR (5,72) (3,28) 2,00 200CAIXA FMP FGTS VALE I 31/MAR (6,28) (3,54) 1,90 -MB FUNDO DE INV EM ACOES 31/MAR (6,70) (0,58) 7,00 100SANTANDER FIC FI ONIX ACOES 31/MAR (7,25) (3,06) 2,50 100ALFA FIC DE FI EM ACOES 31/MAR (9,98) (3,71) 8,50 -CAIXA FI ACOES PETROBRAS 31/MAR (16,22) 6,77 1,50 1.000BB ACOES PETROBRAS FIA 31/MAR (16,58) 6,02 2,00 200

AÇÕES

Fundo Data Rent. (%) Taxa Aplic. mín.12 meses No ano adm. (%) (R$)

ITAU EQUITY HEDGE ADV MULT FI 31/MAR 14,21 3,35 2,00 10.000ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI 31/MAR 11,32 2,06 2,00 5.000BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI 31/MAR 9,86 2,54 1,50 -CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC 31/MAR 9,78 2,47 1,50 20.000SANTANDER CAP PROT 3 FI MULT 31/MAR 9,65 3,51 2,30 5.000ITAU PERS MULTIE MULT FICFI 31/MAR 9,51 2,39 1,25 5.000SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM 31/MAR 7,35 1,45 2,00 10.000ITAU PERS MULT MODERADO FICFI 31/MAR 6,07 1,84 2,00 5.000ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI 31/MAR 5,09 1,68 2,00 5.000SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT 31/MAR 2,65 0,67 2,50 5.000

MULTIMERCADOS

*Taxa de performance. Ranking por número de cotistasFonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico

Atuação irregular da Intrader Corretora

A Comissão de Valores Mobiliáriosdeterminou que a IntraderCorretora de Mercadorias deixede usar a denominação “IntraderCorretora” para oferecerprodutos relativos ao mercadode valores mobiliários, no qual nãoé autorizada a atuar. A autarquiaconstatou que a corretorae a Trust Partners Análise de

Investimentos estão divulgandona internet um vídeo comercialcom informações que podeminduzir o público a “conclusõesequivocadas” sobre os serviçosque estão, de fato, autorizadasa prestar. Investidoresabordados pelas companhiasdevem comunicar o fato àCVM, no site www.cvm.gov.br.

CVM determina que a casa deixe de oferecer produtos do mercadode valores mobiliários, no qual não está autorizada a atuar

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 35

patrocínio bronze

patrocínio institucional patrocínio platinum

patrocínio prata

patrocínio ouro

BOLSASobe e desce na semana

11,46%foi a valorização registrada pelas ações ordinárias da LLX (LLXL3) naúltima semana, a maior entre os papéis que compõem o Ibovespa. Naponta oposta, as ordinárias da Usiminas (USIM3) caíram 5,56%.

HOME BROKER

INDICADORES E EVENTOS DA SEMANA

SEGUNDA-FEIRA (4/4)

8h30 | (Brasil) Boletim Focus11h | (Brasil) Balança comercial semanal21h15 | (EUA) Discurso de Ben Bernanke

TERÇA-FEIRA (5) 11h | (EUA) ISM de serviços15h | (EUA) Ata do Fomc

QUARTA-FEIRA (6)

5h30 | (Reino Unido) PIB do 4º trimestre 6h | (Zona do Euro) PIB do 4º trimestre

QUINTA-FEIRA (7)

8h | (Brasil) IGP-DI8h | (Reino Unido) Reunião do BoE8h45 | (Zona do Euro) Reunião do BCE9h | (Brasil) IPCA

SEXTA-FEIRA (8)

8h | (Brasil) IPC-S9h | (Brasil) Pesquisa Industrial de Emprego e Salário11h | (EUA) Estoques no Atacado

Fontes: Concórdia, Máxima Asset Management e Gradual Investimentos

Agenda externa determina mercado

A agenda externa de indicadores econômicos deve sobressair-seà interna na primeira semana de abril. Nos Estados Unidosestá prevista a divulgação da ata do Comitê de Mercado Aberto,do Federal Reserve. O mercado espera pistas de quando aautoridade monetária americana elevará a taxa básica de juros —atualmente em um patamar entre 0% e 0,25%. “Recentementediversos presidentes dos Feds regionais têm feito discursosmencionando discussões sobre a retirada dos estímulosmonetários da economia americana”, lembrou José Franciscode Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Corretora, emrelatório. Na Europa, a atenção também recaíra sobre possíveiselevação das taxas de juros, tanto pelo Banco Central Europeu(BCE), quanto pelo Banco da Inglaterra (BoE). “Na últimareunião, Jean-Claude Trichet deu sinais de que poderia aumentara taxa de juros básica na Zona do Euro, após 23 meses estáveisem 1% ao ano. Caso isso ocorra, será o primeiro Banco Centraldo G3 (EUA, Japão e Zona do Euro) a elevar os juros apósa crise de 2008-2009, podendo ter impacto em diversosmercados”, ressaltou. No âmbito doméstico, o destaquefica para a divulgação dos índices de inflação IPCA e IGP-DI.A projeção do Banco Fator para o IPCA é de desaceleraçãoem relação ao apresentado em fevereiro (0,8%), com variaçãode 0,68% em março. Para o IGP-DI, é de 0,56% em março.

“A questão não ése o Agnelli é o melhoradministrador domundo. A questãoé que a administraçãopública é tendenciosae corrupta!”

@chrinvestor, Christian Cayre,consultor financeiro

NA REDEO que vem por aí

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36 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

INVESTIMENTOS

Não é preciso ser um especialista para notar a reper-cussão do setor imobiliário na mídia. As preocupaçõesestão claras: a hipótese de um subprime brasileiro e omedo de uma bolha imobiliária. Mas há grandes dife-renças: o déficit habitacional e as nossas exorbitantestaxas de juros. Quando a economia vai bem, o setorimobiliário tende a se destacar. Com esse crescimen-to, aumentaram as alternativas de financiamento einvestimento. Letras de Crédito Imobiliárias (LCI),Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Fundosde Investimento Imobiliários, entre outros, ganharamespaço nas carteiras de investidores.

O que gera desconfiança ao investir nesses ativos éo receio de que se repita no Brasil o famoso subprimeamericano, que foi a compra de “títulos podres” vin-culados ao setor imobiliário. Após o 11 de setembro de2001, o governo dos EUA reduziu muito suas taxas dejuros para estimular a economia e permitiu que maispessoas tomassem crédito. Já aqui fica clara uma dife-rença em relação ao cotidiano brasileiro, que convivecom altas taxas de juros.

Muitos americanos compraram novos imóveis bus-cando a valorização. Pressionando os preços de talforma que, em pouco tempo, trouxe lucros a esses to-madores de crédito. No início, o “bom negócio” deucerto e conquistou mais adeptos que, muitas vezesnão podiam arcar com os riscos da operação, e quenão desfrutaram da mesma realidade.

Por aqui, a história é outra, pois há o déficit habi-tacional, resultado da escassez de recursos que, atépouco tempo, vinham somente da poupança e doFGTS. O crédito imobiliário brasileiro é cerca de 5%do PIB, enquanto nos EUA representa 68% do PIB.Além disso, o valor do empréstimo nos EUA, em rela-ção à garantia colocada (os imóveis), passava de100%. No Brasil, é uma média de 50%.

Outra diferença pouco conhecida é que, nos EUA, assecuritizadoras só repassavam os riscos, sem se com-prometer em analisar se os devedores realmente cum-pririam os contratos. No Brasil, é comum no mercadover as empresas “encarteirarem” os próprios títulosemitidos, mostrando que estão afinadas com o investi-dor na busca por retorno e na fuga do default (calote).Portanto, corroborando com os ratings das agências esendo mais fidedigna a estrutura da operação. Não éinteresse da securitizadora que você compre o título eleve prejuízo porque ela também terá perdas. No Brasil,a postura é “se não fosse bom, eu não compraria”.

Portanto, olhando o mercado hoje, não se vê possi-bilidade de replicar o movimento dos EUA. Entretan-to, qualquer economista que se preze sabe que previ-sões de prazo muito longo não têm valor científico al-gum. Esses títulos de renda fixa são boa opção no mo-mento atual, mas como qualquer portfólio, de temposem tempos, deve ser revisado. ■

Subprime brasileiro?Nem pensar!

O crédito imobiliário brasileirorepresenta cerca de 5% do PIB,enquanto nos EUA é de 68%,uma diferença considerávelentre os dois mercados

Bruno CarvalhoEspecialista de Renda Fixa da XP

Investimentos “Muitos americanoscompraram novos imóveisbuscando a valorização.Por aqui, a história éoutra, pois há o déficithabitacional, resultadoda escassez de recursosque, até pouco tempoatrás, vinham somenteda poupança e do FGTS

BOLSAS INTERNACIONAIS (COMPORTAMENTO NA SEMANA)

1,30

1,31

1,32

1,33

1,34

1/ABR28/MAR

S&P 500

Fonte: Rosenberg Consultores Associados (www.rosenberg.com.br)

5,86

5,90

5,94

5,98

6,02

1/ABR28/MAR

FTSE-100

6,8

6,9

7,0

7,1

7,2

1/ABR28/MAR

DAX

12,10

12,18

12,26

12,34

12,42

1/ABR28/MAR

DOW JONES

(EM MIL PONTOS)

2,70

2,72

2,74

2,76

2,78

2,80

1/ABR28/MAR

NASDAQ

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 37

JURO FUTURO

11,5

12,0

12,5

13,0

,,

,

2

3

,,

,

,

3600d1800d960d840d720d360d330d300d270d240d210d180d150d120d90d60d30d

1,600

1,612

1,624

1,636

1,648

1,660

1/ABR28/MAR

1,360

1,372

1,383

1,395

1,407

1,418

1,430

1/ABR28/MAR

DÓLAR (R$/US$) EURO (US$/€)

Fonte: Rosenberg Consultores Associados (www.rosenberg.com.br)

COMMODITIES METÁLICAS(Índices – Base: 25/mar=100)

Fonte: FSP. Elaboração: Rosenberg & Associados

31/MAR/11

28/FEV/11

R$US$

(CDI em % ao ano)

97,5

98,0

98,5

99,0

99,5

100,0

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0

9,

31/MAR30/MAR29/MAR28/MAR25/MAR

MOEDAS (COTAÇÕES DE FECHAMENTO)

POUPANÇARendimento

0,54%este é o ganho das cadernetas com aniversário hoje. Até o dia 28de março, as captações líquidas (depósitos menos resgates) ficaramnegativas em R$ 2,7 bilhões, totalizando saldo de R$ 381,8 bilhões.

ÍNDICES 2007 2008 2009 2010CDI 12,38 9,88 9,75 2,56Ibovespa -41,22 82,66 1,04 -2,72IBrX -41,77 72,84 2,62 -1,35Dólar 31,94 -25,49 -4,31 -0,70

RENTABILIDADE HISTÓRICA

Categorias PL Semana No AnoAplicações Resgates Captação líquida Aplicações Resgates Captação líquida

CURTO PRAZO 73.620,27 8.766,34 10.314,26 -1.547,92 139.910,09 125.933,14 13.976,95REFERENCIADO DI 216.282,99 9.130,24 8.698,56 431,69 103.650,67 99.999,80 3.650,87RENDA FIXA 514.973,31 9.211,15 9.761,40 -550,25 181.095,69 139.003,44 42.092,25MULTIMERCADOS 391.847,13 4.353,19 7.106,16 -2.752,98 80.479,49 103.349,12 -22.869,63CAMBIAL 852,63 2,42 12,54 -10,13 104,77 117,60 -12,83DÍVIDA EXTERNA 509,42 30,90 0,05 30,85 32,31 1,06 31,25AÇÕES 188.128,03 415,18 632,06 -216,88 9.914,42 11.468,40 -1.553,98PREVIDÊNCIA 195.468,09 1.180,07 746,20 433,87 16.566,61 9.431,34 7.135,27FIDC 60.288,64 1.246,90 1.236,74 10,16 33.657,62 33.084,62 572,99IMOBILIÁRIO 3.082,93 NB NB NB 0,00 0,00 0,00PARTICIPAÇÕES 64.164,83 58,69 9,35 49,34 802,37 111,37 691,00EXCLUSIVO FECHADO 1.732,83 0,50 0,00 0,50 289,40 0,00 289,40OFF-SHORE 53.222,92 NB NB NB 0,00 0,00 0,00TOTAL GERAL 1.764.174,04 34.395,57 38.517,33 -4.121,75 566.503,44 522.499,88 44.003,55

CAPTAÇÃO POR CATEGORIA

TRIMESTRE 2007 2008 2009 20101 30.883,14 9.455,78 29.796,79 44.003,552 -17.892,58 17.529,98 27.728,96 0,003 -36.409,83 52.028,15 37.620,79 0,004 -32.489,28 12.965,28 22.573,23 0,00

CAPTAÇÃO LÍQUIDA HISTÓRICA

Balanço da indústria brasileira de fundos

(em %) (em R$ milhões)

(em R$ milhões)(Patrimônio líquido)DISTRIBUIÇÃO POR CATEGORIA

Curto prazo4,17%

Referenciado DI12,26%

Renda fixa 29,19%

Multimercados 22,21%

Ações10,66%

Previdência11,08%

Demais10,42%

Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br)

2.020

2.080

2.140

2.200

2.260

MAR/11OUT/10

1.900

1.958

2.016

2.074

2.132

MAR/11OUT/10

FUNDOS DE INVESTIMENTOS

APLICAÇÕES RESGATES CAPTAÇÃO LÍQUIDA

112

118

124

130

136

MAR/11OUT/10

(EM R$ BILHÕES)

Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br)

Tipos Semana Mês Ano 12 MesesAÇÕESIBOVESPA Ativo 0,52 -1,35 -2,79 -3,33Dividendos 0,67 2,34 0,21 8,08IBrX Ativo -0,09 -0,31 -2,23 -1,22Livre 0,62 1,03 -1,48 8,19Sustent/Governança 0,54 0,89 -2,41 3,99RENDA FIXACurto Prazo 0,22 0,82 2,54 10,33Referenciado DI 0,22 0,84 2,60 10,57Renda Fixa 0,25 0,93 2,87 11,95Renda Fixa Índices 0,22 1,01 1,88 3,77MULTIMERCADOSMacro 0,29 0,83 2,15 10,51Multiestrategia 0,20 0,76 2,50 12,01Juros e Moedas 0,26 0,94 2,60 10,90

RENTABILIDADE ACUMULADA(em %)

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38 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

MUNDO

O parlamentar Goshi Hosono,assessor do primeiro-ministrodo Japão, Naoto Kan, disse on-tem que “muitos meses pode seruma boa meta” para pôr fim aovazamento de radiação no com-plexo nuclear de Fukushima. Aafirmação foi feito após o resga-te de 77 corpos, depois de trêsdias de busca aérea e marítimapor forças americanos e japone-sas no nordeste do país, sacudi-do por um terremoto de demagnitude 9,0 na escala Richtere um tsunami há três semanas.

A prioridade agora é acabarcom os vazamentos de radiaçãoque atrapalha a refrigeração debarras de combustível nuclearsuperaquecidas. “Não escapa-mos de uma situação de crise,mas ela está de certa forma es-tabilizada”, diz Hosono.

O primeiro-ministro é alvode pressão para guiar o Japão nacrise, considerada a pior do paísdesde a Segunda Guerra Mun-dial. Os japoneses criticam ogoverno por ter deixado o de-sastre humanitário em segundoplano ante a crise nuclear deFukushima. O Japão soma quase28 mil mortos e desaparecidosem um desastre com prejuízosestimados em US$ 300 bilhões.

Radiação no marO esforço agora é para estancar ofluxo da água radioativa da usinapara o Oceano Pacífico, que járegistra um índice de contami-nação 4 mil vezes acima do limi-te. Os japoneses decidiram con-cretar a área do poço da usinaonde polímeros haviam sido jo-gados para absorver o material

radioativo da água. “Esperáva-mos que os polímeros funcionas-sem como fraldas, mas ainda nãopercebemos nenhum efeito visí-vel”, diz o diretor-adjunto daAgência de Segurança Nuclear eIndustrial, Hidehiko Nishiyama.

Os funcionários da TokyoElectric Power (Tepco), operadorada usina, encontraram rachaduraem uma parede de concreto dopoço do reator número 2 do com-plexo. A falha gerou a leitura demil miliserviets de radioatividadepor hora no ar dentro do reator. Oque confirma que o vazamentonão parou após despejarem con-creto no poço, o que levou a Tepcoa utilizar polímeros que absorvemlíquido para evitar que mais águacontaminada saísse.

O novo esforço para estancaro fluxo de água radioativa co-

meçou ontem à tarde, com ospolímeros sendo cobertos commais concreto.

A rachadura pode ser umafonte do vazamento de radiaçãoque tem atrasado o controle docomplexo de seis reatores. Atentativa de resfriá-los e evitar afusão de barras de combustívelradioativas já fez com que aTepco jogasse água salgada,inundando a instalação e impe-dindo o acesso aos reatores.

Segundo Nishiyama, águadoce estava sendo bombeadaagora para os reatores 1, 2 e 3,usando energia externa, maisestável que os geradores a dieselde emergência usados até então.Neste momento, de acordo como diretor da Agência de Segu-rança Nuclear, os três reatoresestão estáveis. ■ Reuters

Japão prevê “muitos meses”para conter radiação em usinaVazamento em Fukushima eleva em 4 mil vezes a contaminação do mar; mais 77 corpos foram resgatados

Em meio à crisepolítica, Japão tentacontrolar vazamentode radiação parao Oceano Pacífico.Governo é acusadopelos japonesesde não dar assistênciahumanitária àsvítimas da tragédia.

Atentado suicida mata 41 no PaquistãoPelo menos 41 pessoas morreram e 70 ficaram feridas em um duploatentado suicida ontem, em um santuário muçulmano na província dePunjab, no Paquistão. As explosões aconteceram do lado de fora dosantuário popularmente conhecido como Saji Sarwar, no distrito de DeraGhazi Khan. Centenas de fiéis estavam reunidos lá para uma cerimôniareligiosa. “Eram dois homens-bomba que chegaram caminhandoe detonaram os explosivos”, disse o oficial de polícia Zahid Husain Shah.

Rizwan Tabassum/AFP

Operários tentam contervazamento de radiaçãono complexo nuclear japonês

Jiji Press/AFP

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Segunda-feira, 4 de abril, 2011 Brasil Econômico 39

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40 Brasil Econômico Segunda-feira, 4 de abril, 2011

BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida dasNações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 -Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - [email protected]É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A.

Na última campanha eleitoral, uma figura cômica —no sentido puro da palavra — chamou a atenção detodos. Tiririca ganhou visibilidade com bordões pro-vocativos e muito humor na tentativa de conquistaruma cadeira na Câmara dos Deputados. Eleito demo-craticamente, teve ainda que provar ser alfabetizadopara assumir o posto. As roupas coloridas e alegresdo palhaço de ofício abriram espaço para o deputadoFrancisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP). Mas pou-ca coisa mudou. Tiririca ainda carrega sobre si todasorte de desconfiança.

Para inconformismo de muitos, o deputado pas-sou a integrar a Comissão de Educação e Cultura daCâmara. Embora Tiririca tenha pouca instrução for-mal — condição que para muitos o impediria deacompanhar as discussões — sua presença na Co-missão já teve um efeito prático ao jogar os holofotessobre um assunto fundamental para o Brasil, a edu-cação, por vezes relegada a um segundo plano.

A nova investida dos patrulhadores de plantãocontra o deputado foi motivada pela contratação dedois humoristas do programa “A Praça é Nossa”, doSBT, como secretários parlamentares. José AméricoNiccolini e Ivan de Oliveira já tinham trabalhadocom Tiririca durante a campanha, sendo os respon-sáveis pela criação dos slogans do deputado mais vo-tado do país. Mas afinal, qual o problema em um de-putado contratar dois humoristas ?

Segundo a assessoria do deputado, os novos as-sessores parlamentares irão colaborar na elaboraçãode projetos na área cultural. Imagino que seja normale até desejável que um deputado interessado em pro-por projetos de infraestrutura contrate engenheiroscomo assessores; ou médicos para projetos de saúdee assim por diante. De antemão, não há o que criti-car. É preciso sim cobrar que o deputado Tiriricacumpra sua função, elabore bons projetos e participedas discussões propostas. Por ora só cabe esperar.Mas patrulha é patrulha e a que recai sobre o deputa-do parece não ter fim. ■

Tiririca e apatrulha sem fim

Os humoristas contratados ajudarãoem projetos culturais. E qual oproblema ? Engenheiros nãoajudamem projetos de infraestrutura?

Jiane [email protected] Executiva

A SABMiller está considerando fazer uma oferta pelaSchincariol, segunda maior cervejaria do Brasil, que te-ria sido colocada à venda por cerca de US$ 2 bilhões(equivalente a R$ 3,24 bilhões), segundo publicou o jor-nal inglês The Sunday Times. A cervejaria holandesaHeineken também poderia estar interessada na compa-nhia, informou a publicação.

De origem inglesa, a SABMiller tem atuação na Euro-pa, África, Ásia e América — na América Latina, está emseis países, dentre os quais Peru e Colômbia. Pertencemà empresa marcas globais de cerveja, como Miller Ge-nuine, Pilsner Urquell, Peroni Nastro Azzurro e Grolsch.Já a pretendida brasileira detém no portfólio marcas lo-cais como Cintra, Baden Baden, Devassa e Eisenbahn.

“A SAB Miller precisa de um mercado grande para semanter no tabuleiro mundial das cervejarias e o Brasil éa opção inevitável”, avalia o consultor da Comcept,Adalberto Viviani. “A empresa chegou a cogitar entrarno país sem aquisições, mas o custo de montar um redeprópria de distribuição nacional é alto demais. A Schin-cariol seria o melhor negócio justamente porque temuma grande rede de distribuição”, diz o especialista.

A Schincariol, em 2010, obteve receita bruta de R$ 5,7bilhões, o que representou um incremento de 11,8%, re-flexo do crescimento de 6,4% do volume de vendas e doslançamentos do ano passado. Depois de realizar investi-

mento recorde de R$ 1 bilhão em 2010, a empresa pro-mete investir outros R$ 600 milhões em produção nesteano. A companhia já detém participação de mercado deaproximadamente 15% no segmento de cervejas, se-gundo dados do Sistema de Controle de Produção de Be-bidas (Sicobe), da Secretaria da Receita Federal, e dequase 6% em refrigerantes. ■ Reuters e redação

SABMiller estuda comprar Schincariol

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DESTAQUE

Bancos lideram maiores lucros em 2009 e 2010

A Austin Rating contabilizou os maiores lucros deempresas de capital aberto nos anos de 2009 e 2010.O setor bancário se destaca entre os dez melhoresresultados, além de Vale e Petrobras. Nas dez primeirascolocações há poucas variações. No topo do rankingde 2010 estão Petrobras e Vale.

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É positivaa substituiçãode Roger Agnellina presidênciada Vale?

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Fonte: BrasilEconomico.com.br

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O Banco do Brasil anunciará, nesta semana, a compra deum banco de pequeno porte na Costa Leste dos EstadosUnidos, segundo o presidente da instituição Aldemir Ben-dini. O projeto é, a partir da aquisição, desenvolver obanco organicamente no país, em cidades com muitosbrasileiros. “A ideia é ter uma expansão forte num perío-do de dois a três anos”, disse Bendine no Reuters LatinAmerican Investment Summit. No plano de internacio-nalização, iniciado com a compra do argentino Patago-nia, o BB também passou a considerar aquisições na Eu-ropa. “Daqui a pouco pode ter oportunidade na Euro-pa”, disse o executivo. ■ Reuters

BB comprará banconos EUA nesta semana

Divulgação

Murillo Constantino

ÚLTIMA HORA

Aviões de guerra sobrevoaram Brega ontem, enquanto re-beldes combatiam tropas leais ao líder Muammar Kadafina disputa pelo controle da cidade petrolífera no leste daLíbia. Aeronaves, explosões e metralhadoras eram ouvi-dos nas proximidades do portão oriental da cidade. Fu-maça preta chegou a ser vista a oeste, assim como cente-nas de carros carregando rebeldes voluntários.

Na sexta-feira, um ataque aéreo da coalizão ocidentalmatou 13 rebeldes perto do portão oriental de Brega. A li-derança rebelde chamou o ataque de um erro infeliz e dis-

se que ataques aéreos ainda eram necessários contra uni-dades mais bem armadas de Kadafi.

Comentários feitos por rebeldes voluntários na re-gião do portão que marca o limite de Brega a leste su-geriram que as unidades anti-Kadafi continuam com-batendo as forças do governo nos arredores da univer-sidade da cidade, 15 quilômetros a oeste, sem qualquerresultado claro. “Nós precisamos de armas que possamcombater os tanques e foguetes que Kadafi tem”, disseum dos rebeldes. ■ Reuters

Rebeldes combatem forças de Kadafi em Brega