CONSULTORIA TÉCNICO-CIENTÍFICA EM

TERRENOS DE MARINHA

Dr. Obéde Pereira de Lima – Eng. Cartógrafo

obede@vetorial.net

P A L E S T R A

TERRENOS DE MARINHA: ANTECEDENTES, NECESSIDADE, FUNDAMENTOS DA DEMARCAÇÃO

DA LINHA DA PREAMAR MÉDIA DE 1831

“O PROBLEMA DA CORRETA DEMARCAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS TEM SIDO RECORRENTE NOS DIVERSOS MUNICÍPIOS L ITORÂNEOS DO BRASIL .

LEGALMENTE ESTA DEMARCAÇÃO É DE RESPONSABILIDADE DA SECRETARIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO E DEVE OBEDECER A LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA, QUAL SEJA, O DECRETO-LEI 9 .760 DE 05/06/1946, TRATANDO DA LOCALIZAÇÃO DA L INHA DE PREAMAR MÉDIA DE 1831.

AS DIFICULDADES QUE SE APRESENTAM DECORREM DA FALTA DE CLAREZA QUANTO À METODOLOGIA UTIL IZADA PELA SPU E TAMBÉM DA DISCORDÂNCIA, TALVEZ UNÂNIME, DOS ESPECIALISTAS NO ASSUNTO, SOBRE OS CRITÉRIOS EMPREGADOS POR ESSE ÓRGÃO PARA A LOCALIZAÇÃO DESSA LPM/1831” (ACE/2016 JUSTIFICATIVA) .

INTRODUÇÃO

TERRENOS DE MARINHA: ANTECEDENTES, NECESSIDADE, FUNDAMENTOS DA DEMARCAÇÃO DA LINHA DA PREAMAR MÉDIA DE 1831

“NINGUÉM SERÁ OBRIGADO A FAZER OU DEIXAR DE FAZER ALGUMA COISA SENÃO EM VIRTUDE DE LEI” ( CF/88; ARTIGO 5º INCISO II )

MARINHAS: DE ACORDO COM AS ORDENAÇÕES MANOELINAS, SIGNIFICA

LOCAIS ONDE O SAL É EXTRAÍDO, QUE PODE SER DA ÁGUA DO MAR, JUNTO A

ORLA MARÍTIMA, OU MINERAL DAS ROCHAS SALINAS, NA ÁREA TERRESTRE.

ESTAS ATIVIDADES EXISTEM DESDE A ANTIGUIDADE ATÉ OS TEMPOS ATUAIS.

PELA IMPORTÂNCIA ECONÔMICA AS MARINHAS ERAM CONSIDERADAS EM

PORTUGAL BENS REALENGOS, CUJA PROPRIEDADE NÃO ERA PERMITIDA À

TERCEIROS.

No século XIII, "PORTUGAL FIGURAVA JÁ ENTRE OS PRINCIPAIS PAÍSES

EXPORTADORES DE PEIXE E SAL, SOBRETUDO DESTE ÚLTIMO PRODUTO –

TAMBÉM CHAMADO DE “OURO BRANCO DA IDADE MÉDIA”, PARA OS PAÍSES DO

NORTE DA EUROPA, ONDE, DEVIDO ÀS BAIXAS TEMPERATURAS, AO EXCESSO DE

HUMIDADE NO AR E À FRACA SALINIDADE DAS ÁGUAS MARINHAS, NÃO ERA

POSSÍVEL A SUA PRODUÇÃO”, CONFORME BASTOS E DIAS (2002, PG. 118).

TERRENOS DE MARINHA: ANTECEDENTES

PRODUÇÃO DE SAL (CLORETO DE SÓDIO) MINERAL E MARINHO

MARINHAS DE PORTUGAL – ÁREAS PRODUTORAS DE SAL MARINHO

A HISTÓRIA DO SAL TRATA DO USO E COMÉRCIO QUE SE DEU DURANTE SÉCULOS, DA ÚNICA "ROCHA" COMESTÍVEL PELO SER HUMANO. SEU USO ESTÁ DIFUNDIDO EM TODAS AS GASTRONOMIAS DO MUNDO, COMO CONDIMENTO, BEM COMO CONSERVANTE PARA ALGUNS ALIMENTOS, COMO É O CASO DA CONSERVAÇÃO DE CARNES E DE PESCADO .

A ÁG UA SALG ADA P ROVÉM D E UMA EX TENSA E

PROFUNDA MINA D E SAL -G EMA , QUE É ATRAV ESSADA

P OR UMA CORRENTE SUBTERRÂNEA D E ÁG UA

D OCE, QUE SE TORNA D EP OIS SALG ADA . TRATA - SE

D E SAL P URO ( 97 , 94% D E CLORETO D E SÓD IO) , QUE É

RECOLH ID O NOS TALH OS P ELOS MARINH EIROS

( D ES IGNAÇÃO DADA AOS SALINEIROS ) .

“Todas as marinhas do reino se compõem de differentes ordens de reservatorios

destinados para facilitar a evaporação da água salgada; mudando-se esta de huns para outros concentra-se cada vez mais, até que, entrando nos últimos, se cristallisa o sal em mais, ou menos tempo, segundo o estado, em que entra para

os ditos reservatorios, e as·circunstancias, que favorecem, ou retardão á criatallisação.

O numero de reservatorios em cada marinha eh diverso nas diferentes marinhas

do reino; porque a cega rotina, comunicada por tradição nas diferentes localidades sem principios, e sem as luzes da observação, faz dispor os reservatórios de fórma que nenhuma proporção guardão nas superfícies

evaporadas de huns a respeito de outros, não havendo huma só marinha, onde esta seja observada.”.

REFERÊNCIA: CRUZ, A.J.C. da. ARCHIVO POPULAR, Leituras de Instrução e Recreio. SEMANÁRIO PINTURESCO. Volume 1 – 1837. Lisboa, Portugal. E-LIVRO editado por Google. Disponível em: https://books.google.pt/books/about/O_Archivo_popular.html?hl=pt-PT&id=520-AAAAYAAJ Acessado em 27/dez2015.

SOBRE AS MARINHAS DE PORTUGAL (Tirado d'hiuma das memorias

economicas da academia das Sciencias de Lisboa, publicada em 1812.).

AS “MARINHAS” CITADAS NA LITERATURA PORTUGUESA, DESDE OS TEMPOS DA IDADE MÉDIA ATÉ OS TEMPOS ATUAIS, REFEREM-SE ÀS ÁREAS SALINEIRAS ONDE SEMPRE SE PRODUZIRAM O SAL.

“SALINAS NATURAIS DE RIO MAIOR – DESDE 1177 - PROPRIEDADE PRIVADA E COOPERATIVA”

PRODUÇÃO DO SAL A PARTIR DA ÁGUA DO MAR

PRODUÇÃO DO SAL MINERAL A PARTIR DA ROCHA DO “SAL GEMA”

8

1672: ( 10 D E MAIO) D E P ELO ALVARÁ DA COROA P ORTUG UESA FOI D ETERMINAD O QUE AS “MARINH AS D E SAL”, ERAM D E US O COMUM A TODAS AS P ES S OAS E ANIMAIS , P ORÉM, S UA P ROP RIEDAD E P ERTENCIA AO PATRIMÔNIO REAL ; ( Z IMERMMAN, 1993) ;

1534: INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DAS TERRAS DE VERA CRUZ - CRIAÇÃO DAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

1557 (04 DE FEVEREIRO): O REI DE PORTUGAL ESTABELECEU UM REGIMENTO PARA REGULAR O USO DAS MARINHAS DE SAL (BEIRAS DE MAR, PAUIS, MANGUES, OU O NOME MAIS COMUM DA PENÍNSULA IBÉRICA – LEZÍRIAS) – QUE SEMPRE FORAM CONSIDERADAS BENS REGUENGOS OU REALENGOS.

PELO DECRETO DE 05 DE MARÇO DE 1664, PROIBIA-SE A CONCESSÃO DE TERRAS NAS LEZÍRIAS E PAUIS.

CRONOLOGIA DE ALGUNS ASPECTOS NOTÁVEIS NO INÍCIO DA COLONIZAÇÃO

TERRENOS DE MARINHA – ANTECEDENTES - CRONOLÓGICOS

1675: PROCURARAM ALGUNS PODEROSOS NO RIO DE JANEIRO, ATRAVÉS DA CHICANA E AO ARREPIO DA LEI , APODERAR -SE DA PROPRIEDADE PLENA DAS MARINHAS DE SAL , E QUE O ASSALTO AO PATRIMÔNIO RÉGIO FOI CHEFIADO, PELAS ORDENS RELIGIOSAS, QUE INTENTARAM APOSSAR -SE DOS MANGUES.

1710 : ORDEM RÉGIA DE 21 DE OUTUBRO, DETERMINANDO

QUE “AS SESMARIAS NUNCA COMPREENDERIAM A MARINHA, QUE SEMPRE DEVERIA ESTAR DESIMPEDIDA PARA QUALQUER INCIDENTE DO SERVIÇO DO REI , E DEFESA DO PAÍS” - CONCESSÃO DE SESMARIA FOI A FORMA PRIMITIVA DE DOAÇÃO CONDICIONADA DE TERRAS PÚBLICAS PARA CULTIVO E TRATO PARTICULAR, FEITA PELOS GOVERNADORES GERAIS E PROVINCIAIS (MEIRELLES, 2000, P.494).

TERRENOS DE MARINHA – ANTECEDENTES - CRONOLÓGICOS

ORDEM RÉGIA DE 10 DE DEZEMBRO DE 1726, “PROIBINDO EDIF ICAR OU AVANÇAR, SEQUER UM PALMO PARA O MAR, POR ASSIM EXIGIR O BEM PÚBLICO ” . NA SEQUÊNCIA EM 10 DE JANEIRO DE 1732 , VEM A ORDEM RÉGIA DECLARANDO QUE “AS PRAIAS E MAR SÃO DE USO PÚBLICO, E NÃO PODEREM OS PROPRIETÁRIOS NAS SUAS TESTADAS IMPEDIR QUE SE LANCEM REDES PARA PESCAR” . PELO DECRETO DE 21 DE JANEIRO DE 1809 FOI MANDADO AFORAR OS TERRENOS DAS PRAIAS DA GAMBOA E SACO DO ALFERES, PRÓPRIOS PARA ARMAZÉNS E TRAPICHES (SANTOS, 1985) . ORDEM RÉGIA DE 18 DE NOVEMBRO DE 1818, DETERMINOU QUE: “ TUDO O QUE TOCA A ÁGUA DO MAR E ACRESCE SOBRE ELA É DA COROA , NA FORMA DA ORDENAÇÃO DO REINO ”; E QUE “DA L INHA D`ÁGUA PARA DENTRO SEMPRE SÃO RESERVADAS 15 BRAÇAS CRAVEIRAS PELA BORDA DO MAR PARA SERVIÇO PÚBLICO ”

TERRENOS DE MARINHA – ANTECEDENTES - CRONOLÓGICOS

NECESSIDADE DO CONHECIMENTO DO REGIME DE MARÉS NO RIO DE JANEIRO

MAPA DO CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO (1812-2007) - CENTRO Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro in purl.pt/879

PONTOS EXTRAS: 1 - PRAÇA QUINZE DE NOVEMBRO 2 - CALABOUÇO 3 - FRANCA 4 - MOSTEIRO SÃO BENTO 5 - FORTALEZA CONCEIÇÃO 6 - ILHA DAS COBRAS 7 - CAMPO SANTANA 8 - CASA BANHOS 9 - PASSEIO PÚBLICO 10 - ARCOS DA LAPA 11 - IGREJA N.S. DA GLÓRIA 12 - QUINTA DA BOA VISTA 13 - RIO CARIOCA 14 - CARLOTA JOAQUINA 15 - BICA DA RAINHA 16 - JARDIM BOTÂNICO 17 - SOLAR GRAJEAN 18 - FORTALEZA SANTA CRUZ 19 - PAQUETÁ

O CRESCIMENTO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E DA MOVIMENTAÇÃO DE NAVIOS MERCANTES QUE DEMANDAVAM AO PORTO NO SÉCULO XIX, EXIGIAM MELHORES CONDIÇÕES DE INFRAESTRUTURA PORTUÁRIA PARA ATENDER AS DEMANDAS OPERACIONAIS NAS ATIVIDADES DE CARGAS E DESCARGAS. A CONSTRUÇÃO DAS EDIFICAÇÕES PORTUÁRIAS, COMO AS DE CAIS ACOSTÁVEL, INSTALAÇÕES DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRANSBORDOS DE CARGAS E A CONSTRUÇÃO DE ARMAZÉNS, EXIGIAM O PERFEITO CONHECIMENTO DO REGIME DAS MARÉS . PARA ISTO FOI ADQUIRIDO NA INGLATERRA UM SISTEMA DE UMA ESTAÇÃO DE REGISTRO CONTÍNUO DAS ALTURAS DAS MARÉS (MARÉGRAFO) QUE FOI INSTALADO E COLOCADO EM OPERAÇÃO A PARTIR DO FINAL DO ANO DE 1830. OS ENGENHEIROS ENCARREGADO DOS ESTUDOS DA CONSTRUÇÃO DO PORTO TOMARAM OS DADOS DAS ALTURAS REGISTRADAS ENTRE O DIA 1º DE JANEIRO A 31 DE DEZEMBRO DE 1831. COM ESTES DADOS CALCULARAM OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA CONDUZIR COM SEGURANÇA A CONSTRUÇÃO DO PORTO DO RIO DE JANEIRO.

NECESSIDADE DO CONHECIMENTO DO REGIME DE MARÉS NO RIO DE JANEIRO

FOTOGRAFIA DO MAREGRAMA DO PORTO DO RIO DE JANEIRO, REFERENTE AO

ANO DE 1831, GUARDADO NO "ESPAÇO DA MEMÓRIA HISTÓRICA" DA DHN. O

REGISTRO COMPLETO ESTÁ CONTIDO EM UM FORMULÁRIO CONTÍNUO DE 0,38cm

DE LARGURA POR 65m DE COMPRIMENTO.

LPM REFERIDA AO ANO DE 1831

FOTOGRAFIA DE UM TRECHO DO MAREGRAMA DO RIO DE

JANEIRO, MOSTRANDO EM DETALHE O REGISTRO DO DIA

27/10/1831, COM ANOTAÇÕES DO OPERADOR DO MARÉGRAFO:

DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS

FUNDAMENTOS DA DEMARCAÇÃO DA LINHA DA PREAMAR MÉDIA DE 1831

TEND O O AD MINISTRADOR LUSITANO TOMAD O CONH ECIMENTO SOBRE O REG IME DAS MARÉS NO RIO D E JANEIRO, REFERENTE A TOD O O ANO D E 1831, TEV E ACESSO AO VALOR D O CÁLCULO DA P REAMAR MÉD IA D O ANO D E 1831 E P ROP ÔS AO IMP ERAD OR UMA ALTERAÇÃO NA ORD EM REG IA D E 18 D E NOV EMBRO D E 1818.

EM 14 DE NOVEMBRO DE 1832 : PELO ARTIG O 4 O DAS

INSTRUÇÕES D O MINISTÉRIO DA FAZ ENDA , F ICAVA ESTABELECIDO QUE: “SÃO TERRENOS D E MARINH A TOD OS OS Q UE, BANH AD OS P ELAS ÁG UAS D O MAR, VÃO ATÉ A D ISTÂNCIA D E Q UINZ E BRAÇAS PARA A PARTE DA TERRA , CONTAD OS D ES D E O P ONTO A Q UE CH EG A O P REAMAR MÉD IO D E 1831 ”.

ESTA D ETERMINAÇÃO DA FAZ ENDA IMP ERIAL É EX TEND IDA A TOD O O L ITORAL DA ORLA MARÍT IMA BRASILE IRA E P ERMANECE VÁLIDA ATÉ OS D IAS ATUAIS, SEND O AD OTADA P ELO D ECRETO - LE I Nº 9 .760/1946, QUE REG ULAMENTA OS TERRENOS D E MARINH A E SEUS ACRESCID OS.

ADOÇÃO DA LPM/1831 NAS DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS

Decreto-Lei Nº 9.760, de 05 de setembro de 1946:

“Art.2º - São terrenos de marinha, em uma profundidade de trinta e três

metros, medidos horizontalmente para a parte da terra, da posição da Linha

do Preamar Médio de 1831 - grifei:

a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e

lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés - grifei;

b) os que contornam as ilhas situadas em zonas onde se faça sentir a

influência das marés.

Parágrafo - único. Para esse efeito, a influência das marés é caracterizada

pela oscilação periódica de 5 cm, pelo menos, - grifei - do nível das águas,

que ocorra em qualquer época do ano”.

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2) O QUE SÃO TERRENOS DE MARINHA NA ATUALIDADE?

DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS

“Art. 9º - É da competência do Serviço do Patrimônio da União (SPU) a determinação da posição das linhas do preamar médio do ano de 1831 e da média das enchentes ordinárias.

Art. 10 - A determinação será feita à vista de documentos e plantas de autenticidade irrecusável, relativos àquele ano, ou quando não obtidos, à época que do mesmo se aproxime.”

“ART. 2º - SÃO TERRENOS DE

MARINHA, EM UMA PROFUN -

DIDADE DE TRINTA E TRÊS

METROS , MEDIDOS HORIZON -

TALMENTE PARA A PARTE DA

TERRA, DA POSIÇÃO DA L INHA

DO PREAMAR MÉDIO DE 1831 “.

“ART. 10 – A DETERMINAÇÃO

SERÁ FEITA À VISTA DE

DOCUMENTOS E PLANTAS DE

AUTENTICIDADE IRRECUSÁVEL,

RELATIVOS ÀQUELE ANO, OU

QUANDO NÃO OBTIDOS, À

ÉPOCA QUE DO MESMO SE

APROXIME.”

DECRETO-LEI Nº 9.760, DE 05 DE SETEMBRO DE 1946

COMPARAÇÃO ENTRE OS ARTIGOS 2º E 10 DESTE DISPOSITIVO LEGAL:

MED IR S IG NIF ICA COMPARAR A QUANTIDADE D E UMA G RAND EZA F ÍS ICA CONH ECIDA COM OUTRA D E MESMA NATUREZA A SER D ETERMINADA ,

“ART. 9º - É DA COMPETÊNCIA DO SERVIÇO DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO (SPU) A DETERMINAÇÃO DA POSIÇÃO DAS LINHAS DO PREAMAR MÉDIO DO ANO DE 1831 E DA MÉDIA DAS ENCHENTES ORDINÁRIAS.

ANÁLISE CONTEXTUAL DOS CONCEITOS CONTIDOS NOS ARTIGOS 2º E 10:

a ) M E D I R S I G N I F I C A C O M PA R A R A Q UA N T I DA D E D E U M A G R A N D E Z A F Í S I C A C O N H EC I DA C O M O U T R A D E M E S M A N AT U R E Z A A S E R D E T E R M I N A DA ;

b ) A P O S I Ç Ã O DA L I N H A D O P R EA M A R M É D I O D E 1 8 3 1 E S TA B E L EC I DA N O A R T I G O 2 º É V I ÁV E L E E X EQ U Í V E L D E S D E A D ÉC A DA D E 1 9 9 0 , G R A Ç A S A O D E S E N VO LV I M E N TO D O S C O M P U TA D O R E S E A O AVA N Ç O DA I N F O R M ÁT I C A ;

c ) A AT R I B U I Ç Ã O DA “ C O M P E T Ê N C I A” A S P U PA R A D E T E R M I N Ç Ã O DA L P M / 1 8 3 1 , C O N T I DA N O A R T I G O 9 º , D E V E S E R E N T E N D I DA , A P E N A S , C O M O “AU TO R I DA D E A D M I N I S T R AT I VA”, E N Q UA N TO Ó R G Ã O G E S TO R D O PAT R I M Ô N I O DA U N I Ã O. A C O P E T Ê N C I A T ÉC N I C A C A B E A O S P R O F I S S I O N A I S DA S Á R EA S DA S C I Ê N C I A S E X ATA S E DA T E R R A ;

d ) A U T I L I Z A Ç Ã O D E D O C U M E N TO S E P L A N TA S D E A U T E N T I C I DA D E I R R EC U SÁV E L E S TA B E L EC I DA N O A R T I G O 1 0 , N Ã O P O S S I B I L I TA A D E T E R M I N A Ç Ã O DA L P M / 1 8 3 1 , C O N S I D E R A N D O Q U E A S FA I X A S D E T E R R E N O S D E M A R I N H A N Ã O SÃ O F E I Ç Õ E S G EO G R Á F I C A S V I S Í V E I S ;

e) O TEXTO DO ARTIGO 10 CONSTITUI UMA “VÁLVULA DE ESCAPE”, POR MEIO DA QUAL O AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DÁ ASAS À SUA FÉRTIL IMAGINAÇÃO E CRIA CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS SOFISMÁTICOS, COMO OS CONTIDOS NA ON -GEADE-002-2001 APRESENTADOS A SEGUIR, A PARTIR DOS QUAIS LOCALIZA A SUA “LPM/1831” E FAZ AS DEMARCAÇÕES DAS RESPECTIVAS FAIXAS DE “ TERRENOS DE MARINHA”. ISTO REVELA UMA CLARA E GRAVE IN SEGURANÇA JURÍDICA.

TODA A ATUAÇÃO ESTATAL DEVE SER COERENTE, COESA, NUNCA CONTRADITÓRIA.

EQUÍVOCOS E I LEGALIDADES CONTIDAS NA ORIENTAÇÃO NORMATIVA ON -G EADE - 02 - 2001 ( APROVADA PELA P ORTARIA N º 162, DE 21 .09. 2001, P UBLICADA N O BOLETIM D E PESSOAL E SERVIÇO, D O MINISTÉRIO D O P LANEJAMENTO, ORÇAMENTO E G ESTÃO, N º 9 .15 , D E 21 /09 /2001 ) : .................................................

"4.6.1.1. TERRENOS DE MARINHA SÃO TERRENOS ENXUTOS.

4.8.2. A COTA DA PREAMAR MÉDIA É A MÉDIA ARITMÉTICA DAS MÁXIMAS MARÉS MENSAIS, OCORRIDA NO ANO DE 1831 OU NO ANO QUE MAIS SE APROXIME DE 1831.”

“4.8.9. EM LOCAIS ONDE, POR AÇÃO DA DINÂMICA DAS ONDAS, AS ÁGUAS ATINGIREM NÍVEL SUPERIOR AO DA COTA BÁSICA, ADOTAR-SE-Á ESSE NÍVEL COMO QUANTIFICADOR DA COTA BÁSICA EFETIVA.

4.8.10. A AÇÃO DA DINÂMICA DAS ONDAS DEVE SER DETERMINADA POR OBSERVAÇÕES DE PREAMARES CUJA AMPLITUDE MAIS SE APROXIME DO VALOR DA MÁXIMA MARÉ MENSAL, EXCLUINDO-SE A INFLUÊNCIA DE OUTROS FATORES QUE NÃO SEJAM OS GRAVITACIONAIS.

4.8.11. NA CONSTATAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE ACRESCIDOS NATURAIS OU ARTIFICIAIS (ATERROS) OCORRIDOS APÓS 1831, TOMA-SE COMO LINHA BÁSICA PARA A DEMARCAÇÃO DA LPM A LINHA QUE COINCIDIR COM O ALCANCE DAS ONDAS NA MAIOR MARÉ MENSAL ATUAL, FEITA A ABSTRAÇÃO DOS REFERIDOS ACRESCIDOS.

4.8.12. NA CONSTATAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE AVANÇO DOS MARES OCORRIDO APÓS 1831, TOMAR-SE-Á COMO LINHA BÁSICA PARA A DEMARCAÇÃO DA LPM A LINHA QUE COINCIDIR COM O BATENTE DAS ONDAS, ABSTRAINDO-SE OS REFERIDOS AVANÇOS.”

OS TERRENOS DE MARINHA, CUJA ORIGEM QUE REMONTA À ÉPOCA DO BRASIL-COLÔNIA, SÃO BENS PÚBLICOS DOMINICAIS DE PROPRIEDADE DA UNIÃO E ESTÃO PREVISTOS NO DECRETO-LEI 9.760/46.

O PROCEDIMENTO DE DEMARCAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA PRODUZ EFEITO MERAMENTE DECLARATÓRIO DA PROPRIEDADE DA UNIÃO SOBRE AS ÁREAS DEMARCADAS.

A PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO INCUMBE AO OCUPANTE O ÔNUS DA PROVA DE QUE O IMÓVEL NÃO SE SITUA EM ÁREA DE TERRENO DE MARINHA.

SEGUNDO MEIRELLES (2000, P.148): “OS ATOS ADMINISTRATIVOS, QUALQUER QUE SEJA SUA CATEGORIA OU ESPÉCIE, NASCEM COM A PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE, INDEPENDENTEMENTE DE NORMA LEGAL QUE A ESTABELEÇA. A PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS RESPONDE AS EXIGÊNCIAS DE CELERIDADE E SEGURANÇA DAS ATIVIDADES DO PODER PÚBLICO, QUE NÃO PODEM FICAR NA DEPENDÊNCIA DA SOLUÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DOS ADMINISTRADOS, QUANTO À LEGITIMIDADE DE SEUS ATOS, PARA SÓ APÓS DAR-LHES EXECUÇÃO”.

(MEIRELLES, HELY LOPES. DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO. 25A ED., SÃO PAULO: MALHEIROS, 2000.)

ATRAVÉS DA “NOTA TECNICA Nº 260/2015/CGIPA/DECAP/SPU-MP" (PROC.JUD.JAMIM/SPU-SC) A SPU DECLARA DISCORDAR DA TESE DE DOUTORADO QUE TRATA DA METODOLOGIA TÉCNIC0-CIENTÍFICA NA DEMARCAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA. DENTRE OS ARGUMENTOS APRESENTADOS DESTACAM-SE OS SEGUINTES:

"5. DE ACORDO COM A ORIENTAÇÃO NORMATIVA ONGEADE 02 DE 2001, QUE DISCIPLINA A DEMARCAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA E ACRESCIDOS, TEMOS:

"4.6.1.2. TERRENOS DE MARINHA SÃO DEMARCADOS A PARTIR DA CONFIGURAÇÃO DO LITORAL NO ANO DE 1831;

4.6.1.3. NA DETERMINAÇÃO DA LINHA DE PREAMAR MÉDIA DE 1831 - LPM E, DA LINHA LIMITE DE TERRENOS DE MARINHA - LTM, DEVEM SER REALIZADOS OS SEGUINTES PROCEDIMENTOS:

I - PESQUISA EM DOCUMENTOS ANTIGOS; II - DETERMINAÇÃO DA COTA BÁSICA;

III - VISTORIAS NO TERRENO".

"40. SOBRE O ASSUNTO "DEMARCAÇÃO DE TERRENOS DE MARINHA E ACRESCIDOS", REPISAMOS A NECESSIDADE DOS TRABALHOS DE DEMARCAÇÃO ATEREM -SE AO PRECONIZADO PELA ON GEADE 02/2001, POIS A METODOLOGIA OFICIAL POSSIBILITA AO TÉCNICO ATUAR EM DEMARCAÇÕES EM QUALQUER TIPO DE REALIDA DE FÍSICA, NÃO APENAS EM SITUAÇÃO OBSERVADA NO LOCAL E COM AS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NO TERRITÓRIO QUE REFLITAM DIRETAMENTE NA CONFORMAÇÃO DA LINHA DE COSTA. ESSAS INFORMAÇÕES INTER -RELACIONADAS FORMAM OS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO PARA O POSICIONAMENTO DA LPM DE 1831".

TEMA PARA REFLEXÃO:

QUAL A SENSAÇÃO QUE ACOMETE UMA PESSOA AO TOMAR

CONHECIMENTO DE QUE SUA PROPRIEDADE FOI TOMADA

PELO GOVERNO?

DEPOIS DE “HOMOLOGADA”

A "LPM/1831": "ATO

ADMINISTRATIVO PERFEITO E

ACABADO” ... ? ...? ...?

DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS PELA SPU

100 METROS

“LLM/SPU”

“LLM/SPU”

“LPM/SPU”=178cm

“LPM/SPU” =178cm

DEMARCAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA PELA SPU/SC. FONTE: RELATÓRIO FINAL DO PROCESSO NO 10983.009305/89-20, FOLHAS 170-181, DATADO DE 28/08/1990, DA DPU/SC,

CONTENDO 346 FOLHAS NUMERADAS E RUBRICADAS. MÉDIA DAS MAX. PM: 177,65CM. (LPM/1831= -15,99cm)

FL-SC749096_SFS-SC

5

4 5

5 4

A “LPM/1831” SPU/SC INTERCEPTA NA SUA TRAJETÓRIA ISOÍPSAS DIFERENTES: 5m; 4m.

DEMARCAÇÃO DOS TERRENOS DE MARINHA PELA SPU/BA NA PRAIA DA BUSCA VIDA. FONTE: FOLHA TOPOGRÁFICA SPU/BA Nº 581-578 (ALTITUDE DA LPM/1831= 21,5 cm)

5

4

3

A “LPM/1831” SPU-BA INTERCEPTA NA SUA TRAJETÓRIA 3 ISOÍPSAS DIFERENTES: 5m; 4m; E 3m.

CONCLUSÃO

NESTA EX P OSIÇÃO COMP ROVA - SE QUE:

a ) O TERMO “MARINH AS” NA CULTURA P ORTUG UESA SIGNIFICA OS LOCAIS ONDE O SAL É EXTRAÍDO, QUE PODE SER DA ÁGUA DO MAR JUNTO A ORLA MARÍTIMA, OU MINERAL DAS ROCHAS SALINAS, NA ÁREA TERRESTRE;

b) AS “MARINHAS DE SAL” CITADA NA ORDEM RÉGIA DE 10 DE MAIO DE 1672, FORAM ÁREAS RESERVADAS EM TERRAS BRASILEIRAS, COMO PROPRIEDADE DO PATRIMÔNIO REAL;

c) OS TERRENOS DAS PRAIAS DA GAMBOA E SACO DO ALFERES, NO RIO DE JANEIRO, ERAM DE PROPRIEDADE DA COROA REAL E FORAM AFORADOS/ARRENDADOS EM 1809, PARA ACONSTRUÇÃO DE ARMAZÉNS PORTUÁRIOS;

d) OS TERRENOS DE MARINHA FORAM CONCEITUAD OS, ORIG INARIAMENTE EM 18 D E NOV EMBRO D E 181 8 E TINHAM COMO REFERÊNCIA O PONTO AONDE CHEGAMVAM AS PREAMARES DE ÁGUAS VIVAS;

e) OS TERRENOS DE MARINHA TIVERAM SUA CONCEITUAÇÃO ALTERADA EM 1832, COM VIGÊNCIA A PARTIR DE 1831,E PREVALECENDO ATÉ OS DIAS ATUAIS, QUANDO A REFERÊNCIA DA MEDIÇÃO DA FAIXA PASSOU A SER A PARTIR DO PONTO CORRESPONDENTE À PREAMAR MÉDIA DO ANO DE 1831.

f) CONSIDERANDO QUE O NÍVEL MÉDIO RELATIVO DO MAR ENCONTRA-SE EM FRANCA ASCENSÃO LENTA E GRADUAL DE 38 cm/SÉCULO, EM MUITOS LOCAIS DA COSTA MARÍTIMA BRASILEIRA OS TERRENOS DE MARINHA ENCONTRAM-SE SOBRE AS PRAIAS OU SUBMERSOS, PERDENDO SUA EFICÁCIA COMO DE BENS DOMINICAIS DA UNIÃO;

CONCLUSÃO - CONTINUAÇÃO

A METODOLOGIA TÉCNICO-CIENTÍFICA SOBRE A LOCALIZAÇÃO GEODÉSICA DA LINHA DA PREAMAR MÉDIA DE 1831 E AS DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS SERÁ DEMONSTRADA NA PALESTRA SEGUINTE.

OBRIGADO PELA ATENÇÃO E INTERESSE

DISPONIBILIZAÇÃO EM CD CONTENDO OS ARQUIVOS REFERENTES À METODOLOGIA TÉCNICO-CIENTÍFICA SOBRE A LOCALIZAÇÃO GEODÉSICA DA LPM/1831 DESTINADAS ÀS DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS, MAIS 13 ARQUIVOS SOBRE O TEMA.

CONTEÚDO DO CD (29,6 MB):

LAUDO_JOS_HEI_PJINT_FINAL_ALT023092013.protected.pdf

LAUDO_PER_USUCAP_FPOLIS_ROD-SC405_SC.protected.pdf

METOD_CIENT_LOC_LPM-1831.protected.pdf

PALESTRA_DEMARC_TER_MAR_RESUMO5.protected.pdf

PALESTRA_LOC-GEOD-LPM1831_DEMARC_TER_MAR_.protected.pdf

PARECER-TEC-UNIAO_CAPRI-SFS.protected.pdf

PLANTA_TER_MAR_JUINT_21102011.protected.pdf

PROP_PEC-39-2011_APRECI_OBEDE_JUN2016.protected.pdf

Proposta de Substitutivo à PEC 39 de 2011.pdf

QUES_LPM1831_TM_RTAVARES_SC_12SET2016.protected.pdf

RESP_QUES-COMPLEMENT_SPU-SC.protected.pdf

SPU-SC_FL131_RTAVARES_LOTE-USOCAP_ZOOM-247.protected.pdf

OS CDs SERÃO FORNECIDOS, AO PREÇO DE R$ 120,00

(CENTO E VINTE REAIS) POR UNIDADE. QUANDO POR ENCOMENDA, COM PAGAMENTO NA CONTA CORRENTE:

BANCO DO BRASIL (001); AGÊNCIA: RIO GRANDE (084-1); CONTA CORRENTE Nº: 44250-X;

E-MAIL: obede@vetorial.net

DEMARCAÇÕES DOS TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS