ozonioterapia no tratamento da Úlcera crÔnica de …...3.4 tipos de participantes • pessoas com...
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OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA
CRÔNICA DE MEMBROS INFERIORES
Revisão Sistemática
CENTRO COCHRANE DO BRASIL
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OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA
CRÔNICA DE MEMBROS INFERIORES
Revisão Sistemática de Literatura
2013
www.centrocochranedobrasil.org
OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA
CRÔNICA DE MEMBROS INFERIORES
e Literatura
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Revisão Sistemática | Centro Cochrane do Brasil
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Sumário
Resumo ..................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 7
3 MÉTODOS ............................................................................................................. 8
3.1 Desenho do estudo ....................................................................................................................... 8
3.2 Local ............................................................................................................................................. 8
3.3 Critérios da seleção dos estudos para a revisão ......................................................................... 8
3.4 Tipos de participantes ................................................................................................................... 8
3.5 Tipos de Intervenção .................................................................................................................... 8
3.6 Tipos de Desfechos ...................................................................................................................... 8
3.7 Estratégia de Busca para identificação dos Estudos ................................................................... 9
3.8 Extração de dados e Avaliação da qualidade metodológica ...................................................... 10
3.9 Análise e apresentação dos resultados ...................................................................................... 12
3.10 Potenciais conflitos de interesses: ........................................................................................... 12
4 RESULTADOS ..................................................................................................... 13
4.1 Resultado da Estratégia de Busca ............................................................................................. 13
4.2 Estudos Incluídos ....................................................................................................................... 14
4.2.1 Di Paolo 2005 ................................................................................................. 14
4.2.2 Martínez-Sánchez 2005 ..................................................................................... 15
4.2.3 Wainstein 2011 ............................................................................................... 16
4.3 Estudos excluídos ....................................................................................................................... 17
4.4 Qualidade dos estudos incluídos ................................................................................................ 17
4.5 Características dos Pacientes estudados .................................................................................. 18
4.6 Tipos de intervenções ................................................................................................................. 18
4.7 Efeito das intervenções .............................................................................................................. 19
4.8 Segurança da intervenção .......................................................................................................... 21
5 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 22
6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 23
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 26
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OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ÚLCERA
CRÔNICA DE MEMBROS INFERIORES
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PERGUNTA
A ozonioterapia é efetiva e segura no tratamento da
úlcera crônica de membros inferiores?
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Resumo
Contexto: As úlceras crônicas de membros inferiores representam um problema
de saúde pública e um desafio para controle e tratamento. Os principais tipos de
úlcera são as venosas, isquêmicas, de pressão e diabetes.
Objetivos: Determinar a efetividade e segurança da ozonioterapia no tratamento
da úlcera crônica de membros inferiores
Métodos: Revisão sistemática, segundo a metodologia da Colaboração Cochrane.
Foram incluídos apenas ensaios clínicos randomizados que testaram a
ozonioterapia isolada ou associada comparada a placebo ou outra opção de
tratamento ativo.
Resultados principais: A busca de literatura localizou 67 referencia, e destas
apenas três estudos preencheram os critérios de inclusão, um de ozonioterapia em
úlcera isquêmica e dois para úlceras diabéticas. Os estudos eram heterogêneos no
modo de aplicação da terapia com ozônio, numero de sessões, duração do
tratamento, e descrição de desfechos, impossibilitando a realização de
metanálises.
Conclusões: Existem evidências de baixa qualidade metodológica que o
tratamento com ozônio pode ser efetivo e seguro no tratamento de úlceras crônicas
de MMII relacionadas à diabetes e a insuficiência arterial periférica. Não foram
localizadas evidências sobre a efetividade da ozonioterapia no tratamento de
úlceras venosas.
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1 INTRODUÇÃO
As úlceras crônicas são definidas como feridas que não conseguiram progredir no
processo reparador para produzir a integridade anatômica e funcional da pele após
um período maior de três meses após o tratamento inicial e em face de cuidado
apropriado. Apresenta alta prevalência, alto custo para o seu cuidado, sendo assim
um problema de saúde pública importante. (Mustoe 2006)
Com o envelhecimento das populações e o aumento da prevalência de sobrepeso e
resultante comorbidades como diabetes e insuficiência venosa, um aumento do
número de pessoas com úlceras crônicas tem sido observado. Estima-se que 1% da
população desenvolverá ulceras de membros inferiores (MMII) no curso de sua vida.
Nos Estados Unidos a úlcera crônica afeta de 3 a 6 milhões de pacientes com custos
aproximados de 5 a 10 bilhões de dólares a cada ano para o seu cuidado (Werdin
2009).
As úlceras crônicas são frequentemente identificadas pela presença de margem
sobrelevada, hiperproliferativa. O ambiente local da ferida é rico em produtos
inflamatórios, que representa fator significante influenciando e adiando o processo de
cura.
As úlceras crônicas são tradicionalmente divididas etiologicamente e identificar e tratar
a etiologia subjacente são a chave para o seu tratamento. Cerca de 98% das úlceras
crônicas de MMII são de etiologia diabética ou vascular:
• Úlceras isquêmicas – são resultantes de inadequada perfusão devido à obstrução
arterial, causada por aterosclerose (doença arterial periférica) afetando artérias
médias ou grandes ou por uma variedade de outras doenças que afetam os
pequenos vasos (vasculite, escleroderma, tromboangeíte obliterante).
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• Úlceras venosas - são as mais frequentes e múltiplos fatores podem levar ao
desenvolvimento de insuficiência venosa crônica e úlceras venosas, incluindo
trombose de veias profundas e incompetência valvar venosa.
• Úlceras de pressão – são áreas de necrose e ulceração onde os tecidos moles são
comprimidos entre proeminências ósseas e superfície externa dura. Os fatores de
risco incluem idade avançada, circulação alterada, imobilidade e incontinência.
• Úlceras diabéticas – as úlceras crônicas de pacientes com diabetes são
multifatoriais devido à combinação de neuropatia diabética, disfunção autonômica
e insuficiência vascular.
O ozônio obtido artificialmente é usado principalmente como esterilizante em múltiplas
aplicações industriais, tais como conservação de alimentos, branqueamento de tecidos
e ceras. O ozônio de fins terapêuticos (ozonioterapia) é na verdade um mistura de no
máximo 95% de oxigênio e 5% de ozônio.
O uso de ozônio no tratamento de feridas e úlceras remonta da Primeira Guerra
Mundial, quando se aplicou em feridas de guerra sépticas e em abscessos. Os
benefícios relatados envolvem o efeito antibacteriano local e sistêmico pela formação
de peróxidos, aumento da produção de 2,3 difosfoglicerato responsável pela liberação
de oxigênio aos tecidos e melhorando o metabolismo celular com aumento de
consumo de glicose, ácidos graxos e aminoácidos e ativação de enzimas antirradicais
livres.
O ozônio para uso médico é produzido por dispositivo chamado geradores de ozônio.
A molécula de ozônio (O3) é formada pela união de uma molécula de oxigénio (O2)
com um átomo oxigênio livre. Estes dispositivos produzem concentrações de ozônio
entre 1 e 100 mcg por ml e na União Europeia são considerados como equipamento
médicos. O ozônio pode ser administrado por diferentes vias e técnicas, dependendo
da doença para a qual ela é utilizada. Os principais são seguir:
• Autohemoterapia – consiste na extração de 50 a 250 ml de sangue venoso, que
é misturado com ozônio fora do organismo e transfundido de novo, ou injetado
via intramuscular.
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• Ozonização e oxigenação extracorpórea do sangue, consistindo em mesclar o
sangue com ozônio em um circuito fechado em técnica semelhante a
hemodiálise.
• Infiltrações – o ozônio é injetado via intra ou periarticular, subcutâneo,
intramuscular, disco intravertebral, etc.
• Insuflações – o gás é introduzido mediante sonda a nível retal, vaginal, vesical,
pleural, peritoneal, etc. Também é possível administrar insuflações a pressão
em banhos de água.
• Tópico – aplicação com bolsa de plástico insuflado de gás e colocado no local a
ser tratado, creme, óleos e banhos.
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2 OBJETIVOS
• Determinar a efetividade e segurança da ozonioterapia no tratamento da úlcera
crônica de membros inferiores.
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3 MÉTODOS
3.1 Desenho do estudo
Revisão Sistemática de ensaios clínicos controlados randomizados.
3.2 Local
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3.3 Critérios da seleção dos estudos para a revisão
Apenas ensaios clínicos controlados e randomizados serão incluídos nessa revisão.
3.4 Tipos de participantes
• Pessoas com mais de 18 anos de idade com diagnóstico de úlcera crônica de
membros inferiores
3.5 Tipos de Intervenção
• Ozonioterapia comparada a placebo
• Ozonioterapia comparada a outras intervenções.
3.6 Tipos de Desfechos
• Cura e melhora da lesão
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• Qualidade de vida
• Satisfação do paciente
• Efeitos adversos
3.7 Estratégia de Busca para identificação dos Estudos
A Estratégia de Busca utilizada nas bases bibliográficas para a identificação dos
estudos foi realizada por meio de busca sensibilizada onde utilizamos palavras e
descritores oficiais do assunto buscado que permitiu uma busca abrangente e a
identificação de um grande número de estudos.
As bases de dados pesquisadas foram: Medline e Embase via Elsevier, CENTRAL -
Cochrane Library via OVID, LILACS – Literatura Latino Americana em Ciências da
Saúde e do Caribe via Biblioteca Virtual em Saúde.
Os termos oficiais utilizados para a busca do Medline e Embase foi os seguintes:
EMTREE - ozone therapy; 'oxygen therapy'/exp
A descrição das estratégias de busca por bases de dados estão na Tabela 1.
Tabela 1. Descrição das Estratégias de Busca por bases de dados.
Bases de
dados Estratégias
Medline e
Embase
via Elsevier
OZONONIO TERAPIA
#1 'ozone therapy'/exp OR 'oxygen therapy'/exp
#2 'leg ulcer'/exp OR 'skin ulcer'
Cochrane
#1 (ozone therapy or oxygen therapy).af.
#2 (leg ulcer or skin ulcer).af.
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Library
(CENTRAL)
#1 AND #2
Lilacs
ozonio/uso terapêutico OR "OZONIOTERAPIA" OR
"OZONIO TERAPIA" OR "OZONIO USO
TERAPÊUTICO"
Filtro para Humanos
*Data de acesso as bases: 31/05/2013
3.8 Extração de dados e Avaliação da qualidade metodológica
A estratégia de busca identificou os artigos relevantes. Cada um dos artigos foi
revisado por dois revisores independentes. Todos os dados foram extraídos pelos dois
revisores. Detalhes relacionados à população, períodos de tratamento, base
demográficos, foram extraídos independentemente. Um terceiro revisor foi consultado
para ajudar a resolver diferenças quanto à classificação da qualidade dos artigos. A
qualidade de cada ensaio foi realizada independentemente pelos dois revisores
usando The Cochrane Collaboration’s tool for assessing risk of bias (Higgins, 2011)
(Tabela 2).
Tabela 2: Avaliação da Colaboração Cochrane para risco de viés
Baixo risco de erro sistemático ou viés: todos os critérios apropriadamente
aplicados;
Moderado risco de erro sistemático ou viés: um ou mais critérios com métodos
desconhecidos quanto à aplicação;
Alto risco de erro sistemático ou viés: um ou mais critérios inapropriadamente
aplicados ou não aplicados.
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Domínio Descrição Julgamento
Randomização Descrição do método utilizado para gerar
a sequencia de alocação com detalhes
suficientes para permitir avaliação se
resultará em grupos comparáveis
A sequencia de alocação
foi gerada de maneira
adequada?
Alocação
Descreve o método utilizado para
ocultação da sequencia de alocação com
detalhes suficientes para determinar se a
alocação da intervenção poderia ser
conhecida antes ou durante o
acompanhamento?
A ocultação da alocação
foi adequada?
Participantes e
pesquisadores
cegos quanto a
intervenção?
Descreve todas as medidas utilizadas
para cegar os participantes do estudo e
pesquisadores de qual intervenção o
participante recebeu. Fornece alguma
informação se o ocultamento foi efetivo?
O conhecimento da
alocação da intervenção foi
adequadamente prevenida
durante o estudo?
Dados de
desfecho
incompletos
Descreve todos os dados dos desfechos,
incluindo perdas e exclusões na analise?
Quando há perdas e exclusões,
descreve o número em cada grupo de
intervenção e razões?
As perdas no seguimento
foram adequadamente
relatadas e analisadas?
Desfecho
seletivo
Estabelecer qual a possibilidade da
utilização de desfecho seletivo
Os resultados do estudo
são livres de sugestão de
desfecho seletivo?
Outras fontes de
viés
Descrição de qualquer dúvida sobre
possíveis vieses não analisados
anteriormente
O estudo é aparentemente
livre de outros problemas
que pode levar a alto risco
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de viés?
3.9 Análise e apresentação dos resultados
A análise quantitativa foi feita pelo princípio de “intenção de tratar”. Quando possível,
os dados foram sumarizados em metanálises, utilizando-se o software Review
Manager 5.2, desenvolvido pela Colaboração Cochrane. Para dados dicotômicos,
calculou-se o Odds Ratio (OR) e seu respectivo Intervalo de Confiança de 95% (IC
95%). Para resultados estatisticamente significativos calculou-se também o NNT
(número necessário para tratar). NNT é o número de pacientes que necessita ser
tratado com o objetivo de prevenir um evento em relação ao grupo controle, sendo
calculado como o inverso da diferença de risco.
Para análise de variáveis contínuas foi calculada a diferença de médias com intervalo
de confiança de 95%.
A heterogeneidade entre os resultados dos estudos é avaliada pelo cálculo do teste de
Qui-quadrado (p50% representa
heterogeneidade). Possíveis causas de heterogeneidade são diferenças na população,
intervenções e avaliações dos desfechos.
3.10 Potenciais conflitos de interesses:
Não existiram conflitos de interesses conhecidos na realização dessa revisão
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4 RESULTADOS
4.1 Resultado da Estratégia de Busca
A busca nos banco de dados localizou 67 referências, cujos resumos foram avaliados.
Após aplicação dos critérios de inclusão dessa revisão sistemática 15 estudos foram
selecionados como potencialmente incluídos. Esses 15 estudos foram obtidos na
íntegra e após segunda avaliação doze estudos foram excluídos restando assim três
ensaios clínicos randomizados (ECRs) que foram incluídos nessa revisão (Figura 1).
Figura 1: Fluxograma do resultado da busca e seleção de estudos
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4.2 Estudos Incluídos
4.2.1 Di Paolo 2005
Estudo controlado randomizado realizado em centro único na Itália. Foram
randomizados 28 pacientes com úlcera por doença arterial periférica foram
randomizados para receber oxigenação e ozonização sanguínea extracorpórea ou
prostacilina intravenosa. O desfecho primário foi a regressão das lesões, dor,
qualidade de vida e vascularização. Os pacientes foram submetidos a dois
tratamentos por semana por sete semanas. As lesões foram fotografadas a cada 10
dias por três meses. A avaliação primária do estudo foi realizada na sétima semana.
Avaliação da qualidade
Domínio Julgamento Descrição
Randomização adequada?
Incerto Descrito como randomizado, não há informação do método utilizado.
Ocultação de alocamento?
Incerto Informação não disponível
Cego? Não Estudo aberto
Dados de desfechos incompletos?
Não Perdas de três pacientes
Livre de desfecho seletivo
Sim Todos os desfechos importantes considerados
Livre de outros vieses
Sim
Risco de viés Moderado
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4.2.2 Martínez-Sánchez 2005
Ensaio clínico controlado randomizado realizado em Cuba que incluiu 101
participantes com diabetes tipo 2 e úlcera diabética randomizados em dois grupos:
experimental (n=52) tratado com ozônio por insuflação local e retal do gás e grupo
controle (n=49) tratado com antibióticos tópicos e sistêmicos. A eficácia do tratamento
foi avaliada pela comparação de índice glicêmico, área e perímetro da lesão e
marcadores bioquímicos de estresse oxidativo e dano endotelial após 20 dias de
tratamento.
Avaliação da qualidade
Domínio Julgamento Descrição
Randomização adequada?
Incerto Descrito como randomizado, não há informação do método utilizado.
Ocultação de alocamento?
Incerto Informação não disponível
Cego? Não Estudo aberto
Dados de desfechos incompletos?
Não Não relata perdas
Livre de desfecho seletivo
Sim Todos os desfechos importantes considerados
Livre de outros vieses
Sim Não foram detectados outros vieses.
Risco de viés Moderado
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4.2.3 Wainstein 2011
Ensaio clínico multicêntrico randomizado placebo controlado duplo cego realizado na
Finlândia e Israel. Foram randomizados 61 pacientes com diabetes melito tipo 1 ou 2
e com úlceras nos pés grau 2,3 ou 4 após debridamento, menor que 40cm2 com
tempo de evolução de mais de 8 semanas. Todos pacientes receberam tratamento
padrão que consistia em curativo diário com debridamento se necessário. A
ozonioterapia foi aplicada localmente na úlcera por meio de insuflação através de
bolsa de plástico, dividida em duas fases com inicialmente quatro sessões por
semana de ozonioterapia por 4 semanas com concentração de ozônio a 4% (80
mcg/ml). A segunda fase as sessões foram reduzidas para duas vezes por semana
com concentração de gás a 2% (40 mcg/ml). O grupo controle recebeu terapia
simulada.
Avaliação da qualidade
Domínio Julgamento Descrição
Randomização adequada?
Incerto Descrito como randomizado, não há informação do método utilizado.
Ocultação de alocamento?
Incerto Informação não disponível
Cego? Sim Duplo cego
Dados de desfechos incompletos?
Sim Grandes perdas no seguimento (44,3%)
Livre de desfecho seletivo
Sim Todos os desfechos importantes considerados
Livre de outros vieses
Sim
Risco de viés Alto
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4.3 Estudos excluídos
Dos 12 estudos excluídos, a maior parte são estudos relato de casos e série de
casos. Os outros motivos de exclusão foram estudos comparativos não
randomizados ou estudos que utilizaram ozônio nos dois grupos de
intervenção.
Tabela 3: Estudos excluídos
Artigo Motivo de Exclusão
Anupunpisit 2004 Relato serie de casos
De Monte 2005 Relato de caso
Días Hernández 2001 Relato de caso
Dupláa 1991 Série de casos
Fathi 2012 Série de casos
Kulikov 2002 Série de casos
Luongo 2003 Ozônio nos dois grupos
Marfella 2010 Sem desfecho adequado
Quelard 1985 Não randomizado
Shah 2011 Relato de caso
Zagiroc 2008 Ozônio nos dois grupos
Zubarev 2011 Não randomizado
4.4 Qualidade dos estudos incluídos
Os três estudos incluídos apresentavam problemas metodológicos. Apesar de
todos relatarem randomização o método utilizado não foi relatado em nenhum
deles, assim como o método utilizado para alocação cega. Apenas um dos
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estudos era duplo cego, mas este apresentou perdas importantes no
seguimento (Wainstein 2011) (Figura 2).
Figura 2: Gráfico de risco de viés dos estudos incluídos
4.5 Características dos Pacientes estudados
Todos os estudos apresentavam pequeno tamanho amostral. Dois estudos (Martinez-
Sánches 2005, Wainstein 2011) incluíam pacientes diabéticos com úlceras em
membros inferiores. Apenas um estudo (Di Paolo 2005) avaliou pacientes com doença
arterial periférica.
4.6 Tipos de intervenções
Di Paolo 2005 comparou oxigenação e ozonização sanguínea extracorpórea a
prostacilina intravenosa por sete semanas. Em cada sessão o participante do
grupo ozônio em uma hora tinha 4.500 ml de sangue tratado com ozônio e
oxigênio, duas sessões por semana. O grupo controle recebeu 0,5 ng/m2 de
prostacilcina por 28 dias endovenosa diluída em 500 ml de solução salina,
infusão em 6 horas
Em Martinez-Sánchez 2005 os participantes do grupo ozônio receberam 20
sessões de insuflação retal com 10 mg de ozônio e tratamento com ozônio
Baixo risco de viés
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local, aplicado envolvendo o membro com a lesão em saco plástico selado que
era insuflado com ozônio em concentração de 60 m g/l. Cada sessão tinha a
duração de uma hora. Após esse período a lesão era coberta com óleo de
girassol ozonizado. O grupo controle recebeu antibiótico sistêmico e local
segundo cepa identificada.
Em Wainstein 2011 todos pacientes recebiam o tratamento habitual com
curativo e debridamento diários. O grupo ozônio recebeu quatro sessões por
semana por quatro semanas com bota selada de plástico e ozônio a 4% e
oxigênio 96% com duração de 26 minutos. Após quatro semanas os pacientes
compleraram 12 semanas com sessões duas vezes por semana com
concentração de ozônio a 2% e oxigênio a 98%.
4.7 Efeito das intervenções
Os três estudos apresentavam grande heterogeneidade no modo de aplicação
da terapia com ozônio, numero de sessões, duração do tratamento, e descrição
de desfechos, impossibilitando a realização de metanálises. Realizaremos
assim uma descrição narrativa dos resultados.
Di Paolo 2005 apresenta todos os resultados relevantes em gráficos de barra
de baixa qualidade gráfica. No texto os autores referem melhora significante da
área da ferida no grupo ozonioterapia comparado a prostaciclina (p
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a -1,67) e no tempo de hospitalização, DM=-8,00 (IC 95%: -14,17 a -1,83)
(Figura 4).
Figura 3: Ozonioterapia vs antibióticos em úlceras diabéticas. Desfecho cura
total.
Figura 4: Ozonioterapia vs antibióticos em úlceras diabéticas. Desfecho área e
perímetro da úlcera (cm2) e tempo de hospitalização.
No estudo de Wainstein 2011 ocorreram perdas significantes no seguimento (44%).
Na análise com intenção de tratar, ou seja, analisando-se todos os participantes
randomizados independentemente das perdas, não foi observada diferença na
proporção de pacientes com cura da lesão (41% vs 33%, p=0,34). Entre os 34
pacientes que completaram o estudo, ignorando as perdas (16 do grupo ozônio e 18
do grupo placebo), houve uma significante maior taxa de cura completa observada no
grupo ozônio (81% vs 44%, p=0,03).
Study or Subgroup
Martinez-Sánches 2005
Total (95% CI)
Total eventsHeterogeneity: Not applicableTest for overall effect: Z = 0.80 (P = 0.43)
Events
39
39
Total
51
51
Events
34
34
Total
49
49
Weight
100.0%
100.0%
M-H, Fixed, 95% CI
1.43 [0.59, 3.48]
1.43 [0.59, 3.48]
Ozonioterapia Antibiotico Odds Ratio Odds RatioM-H, Fixed, 95% CI
0.01 0.1 1 10 100Favorável antibiotico Favorável ozonioterapia
Study or Subgroup2.2.1 Melhora de área da ferida (cm2)
Martinez-Sánches 2005
2.2.2 Melhora de perímetro de ferida (cm2)
Martinez-Sánches 2005
2.2.3 Tempo de hospitalização
Martinez-Sánches 2005
Mean
-34.66
-5.87
26
SD
0.44
0.12
13
Total
51
51
51
Mean
-14.12
-4.15
34
SD
0.37
0.12
18
Total
49
49
49
IV, Fixed, 95% CI
-20.54 [-20.70, -20.38]
-1.72 [-1.77, -1.67]
-8.00 [-14.17, -1.83]
Ozonioterapia Antibiotico Mean Difference Mean DifferenceIV, Fixed, 95% CI
-50 -25 0 25 50Favorável ozônio Favorável antibiótico
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Apenas de forma ilustrativa, uma vez que os estudos são demasiado heterogêneos
para metanálise, apresentados o resultado de cura das lesões com ozonioterapia nos
dois estudos de úlceras diabéticas (Figura 5).
Figura 5: Ozonioterapia vs controle em úlceras diabéticas. Desfecho cura total.
4.8 Segurança da intervenção
Todos os estudos incluídos relataram ausência de efeitos adversos tanto com as
injeções de ozônio quanto com as intervenções de controle.
Study or Subgroup1.1.1 Ozônio vs Antibiótico: 20 dias
Martinez-Sánches 2005Subtotal (95% CI)
Total eventsHeterogeneity: Not applicableTest for overall effect: Z = 0.80 (P = 0.43)
1.1.2 Ozônio vs Placebo: 3 meses
Wainstein 2011Subtotal (95% CI)
Total eventsHeterogeneity: Not applicableTest for overall effect: Z = 2.12 (P = 0.03)
Total (95% CI)
Total eventsHeterogeneity: Chi² = 2.10, df = 1 (P = 0.15); I² = 52%Test for overall effect: Z = 1.83 (P = 0.07)Test for subgroup differences: Chi² = 2.10, df = 1 (P = 0.15), I² = 52.4%
Events
39
39
13
13
52
Total
5151
1616
67
Events
34
34
8
8
42
Total
4949
1818
67
Weight
85.3%85.3%
14.7%14.7%
100.0%
M-H, Fixed, 95% CI
1.43 [0.59, 3.48]1.43 [0.59, 3.48]
5.42 [1.14, 25.83]5.42 [1.14, 25.83]
2.02 [0.95, 4.30]
Ozonio Controle Odds Ratio Odds RatioM-H, Fixed, 95% CI
0.01 0.1 1 10 100Favorável a controle Favorável a ozonioterapia
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5 DISCUSSÃO
Atribui-se ao ozônio diversas propriedades biológicas como sua capacidade anti-
inflamatória, antisséptica e imunomoduladora. Na área médica as doenças em que se
aplicam as terapias com ozônio são múltiplas e diversas, e incluem doenças
infecciosas, ortopédicas e traumatológicas, doenças degenerativas e enfermidades
vasculares. A terapia com ozônio está sendo utilizada há anos em diferentes países
do mundo, principalmente na Itália, Rússia, Alemanha e Cuba.
Essa revisão sistemática foi realizada para levantar as melhores evidências da
efetividade e segurança da ozonioterapia no tratamento de úlceras crônicas de MMII.
Apesar da localização de extensa bibliografia, apenas três ensaios clínicos
randomizados foram localizados. Os estudos apresentavam pequeno tamanho
amostral e falhas metodológicas que aumentam o risco de viés. Além disso, os
estudos eram heterogêneos nos critérios de inclusão de pacientes, métodos de
aplicação de ozônio e tempo de acompanhamento, tornando impossível uma síntese
quantitativa (metanálise).
Os três estudos relatam efeitos favoráveis da aplicação de ozonioterapia, tanto em
aplicação tópica do gás como em auto-hemoterapia, mas esses resultados devem ser
analisados com cautela em vista do pequeno tamanho amostral e das limitações
metodológicas dos estudos.
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6 CONCLUSÕES
Implicações para a Prática
• Há algumas evidências de baixa qualidade metodológica que o tratamento com
ozônio pode ser efetivo e seguro no tratamento de úlceras crônicas de MMII
relacionadas à diabetes e a insuficiência arterial periférica.
• Não foram localizadas evidências sobre a efetividade da ozonioterapia no
tratamento de úlceras venosas e de pressão.
Implicações para pesquisa
• São necessários mais estudos controlados randomizados com metodologia
adequada, com critérios de inclusão e exclusão explícitos e com padronização
da mensuração do desfecho. É necessário comparar a ozonioterapia com
procedimento placebo, assim como comparar as diversas doses e os diversos
métodos de aplicação disponíveis.
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Tabela 3: Resumo dos principais achados segundo graus de evidência
do GRADE Working Group*
Desfecho Resultado Número de participantes
e estudos
Qualidade da evidência
Comentário
Úlcera diabética Cura total
Sem evidência de efetividade
134 2 estudos
⊕⊝⊝⊝ Muito baixa
Pequeno tamanho de
amostra e falhas metodológicas
Melhora da área da ferida
Favorável a ozônio
DM=-20,54 (IC 95%: -20,70 a -
20,38)
100 1 estudo
⊕⊝⊝⊝ Muito baixa
Pequeno tamanho de
amostra e falhas metodológicas
Melhora de perímetro de ferida
Favorável a ozônio DM= -1,72 (IC 95%: -1,77 a -
1,67)
100 1 estudo
⊕⊝⊝⊝ Muito baixa
Pequeno tamanho de
amostra e falhas metodológicas
Tempo de hospitalização
Favorável a ozônio DM= -8,00 (IC 95%: -14,17 a
-1,87)
38 1 estudo
⊕⊝⊝⊝ Muito baixa
Pequeno tamanho de
amostra e falhas metodológicas
Ulcera por insuficiência arterial periférica Melhora da área da ferida
? 28 1 estudo
⊕⊝⊝⊝ Muito baixa
Pequeno tamanho de
amostra e falhas metodológicas
Alta qualidade: É muito improvável que mais pesquisas mudem a confiança na
estimativa do efeito
Qualidade moderada: Mais pesquisas podem ter um impacto importante sobre
a confiança na estimativa do efeito e pode alterar a estimativa.
Baixa qualidade: Mais pesquisas muito provavelmente terão um impacto
importante sobre a confiança na estimativa do efeito e é susceptível de alterar a
estimativa de efeito
Muito baixa qualidade: Muita incerteza sobre a estimativa de efeito.
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* Disponível em: http://www.gradeworkinggroup.org/index.htm. Acessado em
julho de 2013
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7 REFERÊNCIAS
Estudos Incluídos
• Di Paolo N, Bocci V, Salvo DP, Palasciano G, Biagioli M, Meini S, Galli F, Ciari I,
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Int J Artif Organs. 2005 Oct;28(10):1039-50.
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patients with diabetic foot. Eur J Pharmacol. 2005 Oct 31;523(1-3):151-61. Epub
2005 Sep 29.
• Wainstein J., Feldbrin Z., Boaz M., Harman-Boehm I. Efficacy of ozone-oxygen
therapy for the treatment of diabetic foot ulcers. Diabetes Technology and
Therapeutics 2011 13:12 (1255-1260)
Estudos excluídos
• Anupunpisit, Vipavee; Sudawee Chuanchaiyakul; Hattya Petchpiboolthai;
Sumon Jungudomjaroen & Waigoon Stapanavatr, Characterization of Infected
Diabetic Wound after Ozonated Water Therapy.Journal of Medicine and Health
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• de Monte A, van der Zee H, Bocci V. Major ozonated autohemotherapy in
chronic limb ischemia with ulcerations. J Altern Complement Med. 2005
Apr;11(2):363-7.
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flebostáticas. Rev. cuba. cir;40(2):123-129, abr.-jun. 2001.
• Dupláa RG, Galindo Planas N. La Ozonoterapia en el tratamiento de las úlceras
crónicas de las extremidades inferiores. Angiología 43(2): 47-50, 1991.
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• Fathi AM, Mawsouf MN, Viebahn-Hänsler R. Ozone Therapy in Diabetic Foot
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• Marfella R, Luongo C, Coppola A, Luongo M, Capodanno P, Ruggiero R,
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Outras referências
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current treatment strategies: a unifying hypothesis. J Plast Reconstr Surg.
2006;117:35–41.
• Werdin F, Tennenhaus M, Schaller HE, Rennekampff HO. Evidence-based
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4;9:e19.
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Tabela 1: Ensaios randomizados incluídos
Estudo Participantes Intervenção e controle Desfecho e duração Resultado
Di Paolo 2005
Incluídos 28 participantes úlcera por doença arterial periférica.
- Intervenção: auto-hemoterapia com ozônio
- Controle: prostaciclina
- Avaliação em 3 meses
- Regressão das lesões, dor, qualidade de vida.
Resultados em gráficos de baixa qualidade gráfica
Melhora significante da área da ferida no grupo ozonioterapia (p