outubro gestão da água africana em debate · zena e meia estava envolvida directamente com esta...
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CONFERENCIA NO PORTO EM OUTUBRO
Gestão da águaafricana em debate
0 ESPECIALISTA
MUNDIAL INGLÊS
TONY ALLAN
ESTARÁ PRESENTE
A gestão da água no conti-nente africano vai estar emanálise em Outubro, no Por-
to, numa conferência inter-nacional onde participa o
inglês Tony Allan, um dos
maiores especialistas mun-diais na gestão de recursos
hídricos."Vamos procurar colo-
car as questões relacionadas
com a água em África no seu
contexto político, já que elas
são mais de natureza políti-ca e de gestão do que origi-nadas por falta de água", dis-
se à Lusa Ana Cascão,
especialista do Centro de
Estudos Africanos da Uni-versidade do Porto
(CEAUP).A conferência, que de-
corre entre 2 e 3 de Outubro,numa iniciativa do CEAUP,vai reunir académicos, in-
vestigadores e quadros téc-nicos de cerca de uma deze-
na e meia de países, que vãoanalisar o problema dos re-cursos hídricos em África.
Para a especialista, "omaior problema não é saber
se há ou não água, mas o que
se faz com a que existe. Aquestão é como fazê-la che-
gar a quem precisa dela". 'Aconferência, ao chamar a
atenção para esta realidade,
pode ajudar a combater o
pessimismo e o conformis-mo existente no sector e per-mitir passar a acções con-cretas", frisou a especialista.
Nesse sentido, a confe-rência terá como tema cen-tral a água no continente
africano, num confronto en-tre as posições defendidas
pelos hidropessimistas e pe-los hidroptimistas.
Tony Allan, que venceueste ano o Stockholm Water
Prize, o maior prémio inter-nacional dedicado aos re-cursos hídricos, é um dos
principais convidados da ini-
ciativa, que contará com es-
pecialistas oriundos de vá-rios países africanos,nomeadamente Moçambi-
que, Angola, Botsuana, Etió-
pia, Tunísia, Nigéria e Áfri-ca do Sul.
Nos trabalhos vão tam-bém participar especialistas
provenientes de países eu-
ropeus, designadamentePortugal, França, Holanda,
Bélgica, Alemanha e Ingla-terra.
No primeiro dia de tra-balhos, os participantes vãoanalisar questões como as
políticas de água transfron-
teiriças, a importância da
água na agricultura e o aces-
so à água como um direitohumano fundamental.
No dia seguinte, os tra-balhos abordarão temas co-mo a relação entre a água e
as alterações climáticas ou a
descentralização e regiona-lização da gestão dos recur-sos hídricos.
Durante a conferênciavão ser apresentadas comu-
nicações sobre vários casos
concretos, entre os quais os
que se referem ao acesso à
água em Cabo Verde, na ca-
pital angolana, Luanda, e naárea metropolitana de Ma-
puto, capital de Moçambi-
que.O seminário que o Cen-
tro de Estudos Africanos é o
primeiro que se realiza em
Portugal abrangendo todoo continente africano.
Recebeu 75 propostas de
comunicações, metade das
quais relacionadas com ques-tões como o acesso e a dis-
tribuição de água potável, a
privatização dos serviços de
abastecimento e o direito à
água.A construção de barra-
gens em África é tambémum dos assuntos em desta-
que nas propostas de comu-
nicações recebidas pela or-
ganização do seminário,reflectindo a nova realida-de resultante da crescente
presença chinesa no conti-nente africano.
O Centro de EstudosAfricanos da Universidadedo Porto foi fundado emNovembro de 1997, consti-tuindo desde 1999 uma uni-dade de investigação finan-ciada pela Fundação para a
Ciência e Tecnologia, quereúne actualmente 31 inves-
tigadores. |
Escola de Negócios do Porto faz acordo
exclusivo com Fundação Dom CabralA Escola de Gestão do Porto assinouL\ um acordo exclusivo de formação
JL JLpara executivos de empresas portu-guesas com a Fundação Dom Cabral doBrasil. O programa PAEX— Parcerias para a
Excelência pretende formar os gestores paraganhos de competitividade reais nas empre-sas onde operam. O programa nacional terá
a duração de três anos e vai envolver dez
empresas (sectorialmente não concorrentes
entre si) e terá várias edições simultâneas,à semelhança do que sucede no Brasil. Desalientar que das 100 empresas que mais
cresceram naquele país, no ano passado, de-
zena e meia estava envolvida directamente
com esta fórmula de ingteracção, resultanteda ligação entre a escola de negócios e a em-
presa. A Fundação Dom Cabral está listada
no ranking das 20 principais escolas de ne-
gócios mundiais.
PORTO FORMAEXECUTIVOSNACIONAISA Escola de Gestão do Porto -University of Porto Business
School (ECP-UPBS) e a Fundação
Dom Cabral (FDC) assinaram
quarta-feira um acordo exclusivo
de formação para executivos de
PME's portuguesas.
Tintas Barbot, Li por, Adira, APDL,
Jocilma, Grupo Celeste, Sardinha
& Leite, Ferreira Marques & Irmão
e Móveis Viriato serão as primei-
ras empresas portuguesas a es-
trear o programa PAEX - Parcerias
para a Excelência, cujo objectivo
passa por formar os gestores pa-
ra ganhos de competitividade reais
nas empresas onde operam.
O PAEX português terá a dura-
ção de três anos e envolverá 10
empresas (sectorialmente não-
concorrentes entre si), e terá vá-
rias edições simultâneas, à seme-
lhança do que acontece no Brasil.
EGP promove curso de ComércioInternacional no CCB
AEGP-UPBSvai realizar
um Curso de ComércioInternacional no Centro
Cultural de Belém, em Lisboa,nos próximos dias 7, 8, 9, 15, 16e 17 de Outubro. Segundo José
Rijo, coordenador do curso, este
tem como especiais destinatários"as empresas com vocação para as
transacções internacionais de mer-cadorias". Este curso pretende res-
ponder à necessidade de aquisiçãode competências pela generalidadedas empresas em áreas como regi-
mes e procedimentos aduaneiros,fiscalidade e contencioso fiscal naárea aduaneira, financiamento das
operações de comércio externo, lo-
gística do comércio internacional,
marketing internacional e quadronormativo aplicado às relaçõescomerciais externas das empresasportuguesas, tanto em matéria de
importação como de exportação.Os destinatários preferenciais são
quadros médios e superiores queexercem funções na área do co-mércio internacional.
CIÊNCIA SOL relata casos de jovens que conquistaram lugar de destaque na Ciência
Excelência nacionalFOTOS/HELENA GARCIA
® São jovens e dominamtrês áreas científicas
de referência. E são líderesnas respectivas áreas: a bio-
logia, a luta contra a sida e aastronomia.
Ana Sousa Lopes, 32 anos,foi para a Dinamarca, passoupelos EUA e pela Austrália.Agora está no Porto, integra-da na equipa de Mário Sousa,do Instituto de Ciências Mé-dicas Abel Salazar, a estudartécnicas de reprodução hu-mana. Na verdade, Ana co-
meçou por aprender estastécnicas em animais. É vete-rinária de formação e criouum aparelho que conseguemedir a respiração dos em-briões, testado em bovinos. Anova técnica pode servir pa-
ra melhorar a produção deleite e de carne, mas já se es-tuda a hipótese de a poderaplicar a seres humanos nofuturo para auxiliar casais in-férteis a ter filhos.
Já Hugo Gomes da Silva,médico, optou por ir tambémpara o laboratório. Masdeixou-o para se tornar di-rector científico da Merck -um dos mais importantes la-boratórios farmacêuticos domundo - para a área de viro-
logia (estudo dos vírus). Co-ordena agora um programaambicioso de luta contra o
VIH/sida e 'tem a seu cargo'meio mundo e 2/3 dos infec-tados que precisam de as-sistência, na Europa, MédioOriente, África e Canadá.
Aos 33 anos, é um dos maisnovos no cargo.
Zita Martins é a caçula do
grupo, com 29 anos. Mal aca-bou o curso de Química noTécnico, em Lisboa, foi para aHolanda dedicar-se ao estudode meteoritos. É que estas ro-chas espaciais escondiam umsegredo surpreendente, reve-lado pela equipa de Zita - queestá agora no Imperial College,em Londres - num artigo pu-blicado em Junho. Os meteori-tos têm vestígios de compostosna base da formação do ADN.Conclusão: o início da vida naTerra teve contribuição de mo-léculas vindas do espaço, quan-do o nosso planeta foi muito'bombardeado' por meteoritos,há milhões de anos. ®
Querela judicial Câmara do Porto e TCN trocam exigências de indemnização
Especialistas divididossobre indemnizaçõesno processo do BolhãoHá quem esteja mais próximo da posição da Câmarado Porto, quem seja sensível aos argumentos daTramCroNe e quem não avance desfecho
Mariana Oliveira
• O caso é intrincado e, talvez porisso, as opiniões de vários especia-listas em direito administrativo nãosejam unânimes. Há quem estejamais próximo da posição da Câma-ra Municipal do Porto, que conside-rou sem efeito a adjudicação feitaà TramCroNe (TCN) para reabilitaro Mercado do Bolhão e reteve umacaução da firma no valor de 250 mileuros, depois de a empresa se recu-sar a assinar o contrato. E quem sesinta mais sensível aos argumentosda TCN, que se queixa do cadernode encargos do concurso, que omitiu
que o Mercado do Bolhão é um edifí-cio classificados. Há, contudo, quemsaliente a complexidade do caso e
não arrisque desfechos.O advogado e autor de várias publi-
cações na área do direito administra-tivo Robin de Andrade não considera
legítimo que uma entidade venha ale-
gar que não sabia que um edifício eraclassificado. "A empresa não fez os
trabalhos de casa, nem se informoudevidamente", argumenta. O proble-ma é que a TCN rubricou uma minutaa comprometer-se a obter as autori-zações e pareceres das entidades res-
ponsáveis e, mais tarde, veio a saber,através de reuniões com Instituto deGestão do Património Arquitectónicoe Arqueológico, que o seu projectonão era concretizável.
É neste contexto que a TramCroNese recusa a assinar o contrato para a
concepção e reabilitação do Merca-do do Bolhão. "À partida, um com-portamento deste género é ilícito, jáque existe uma obrigação de assinaro contrato", afirma Robin de Andra-de. O especialista nota, contudo, quenão conhece os elementos do caso,falando, por isso, em abstracto.
Colaço Antunes, professor univer-sitário, também insiste que não co-nhece os pormenores do caso, masadianta ser mais sensível aos argu-mentos apresentados pela TCN. Su-blinhando que cabe à autarquia doPorto zelar pelo património da cida-
de, questiona: "Será legítimo pensarque o município do Porto não temconsciência da viabilidade da pro-posta apresentada por uma empre-sa?" O docente, com vários livros pu-blicados, admite que, ao transferirpara a TCN toda a responsabilidadepelas autorizações necessárias paraa obra, a Câmara do Porto pode terrenunciado ilegalmente a competên-cias que eram suas. Quanto ao cader-no de encargos, entende que deveriaincluir as características do imóvel.Apesar de tudo, o especialista enten-de que este é um conflito complexode "desfecho imprevisível".
Posição diferente tem PachecoAmorim, professor de Direito Admi-nistrativo na Faculdade de Direito daUniversidade do Porto, que resumenuma frase a sua posição: "O concur-so acabou e ninguém tem base sólida
para pedir uma indemnização." O
jurista entende que a constatação,a posteriori, que não é possível cum-prir o projecto vencedor justifica anão assinatura do contrato pela Tra-mCroNe, mas não lhe dá direito de
2.° concorrente não vai ser chamadoCâmara extingue concurso para a semana
A proposta que o vereador do
Urbanismo, Lino Ferreira, vailevar à reunião do executivoda próxima terça- feira prevêque seja declarada "sem efeito"a adjudicação feita à TCN,enquanto é dado "como extintoo procedimento do concursopúblico". 0 vereador esclareceainda que não será ouvido o
segundo concorrente, porque "a
sua proposta já não se mostraválida" e "o interesse públicoque presidiu ao lançamentodo concurso (...) não reclama o
seu chamamento, desde logoporque não foi possível chegar aacordo com ele sobre a minuta docontrato a celebrar", pode ler-se nodocumento a que o PÚBLICO teveacesso.
Após um resumo do processoque envolveu o concurso públicopara a reabilitação do Mercado do
Bolhão, é, de novo, explanado o
alegado incumprimento da TCN dediversas obrigações. Lino Ferreirarefere que, ao comparecer, a 11 deJulho, no Paços do Concelho paraassinar o contrato, a empresa se
recusou a fazê-10,não apresentandotambém osdocumentosnecessários. "Com arecusa expressa da
outorga do contrato,a adjudicatária praticou um actogerador de incumprimento gravedas obrigações para si decorrentesdo programa de concurso e daadjudicação", diz.
Cinco dias depois, a TCNapresentou à autarquia"propostas de alteração dostermos do contrato posto aconcurso", acrescenta LinoFerreira, esclarecendo que "no
seu conjunto representavam umtal agravamento das obrigaçõescontratuais do município e umatal desoneração das obrigaçõescontratuais do adjudicatárioque não poderiam nunca serlegalmente equacionados". Apósrejeitar estas propostas, a 25de Julho, a câmara ainda deu àTCN 30 dias para pagar a cauçãocontratual, entretanto caducada,mas, até hoje, ela não foi paga. P.C.
reivindicar uma indemnização. "Mui-to menos tem a câmara direito a reterqualquer caução", sustenta. PachecoAmorim nota que este tipo de situ-
ação não é comum, já que, quandoestão em causa edifícios classifica-
dos, os projectos são normalmenteda responsabilidade das entidadespúblicas que levam a concurso ape-nas a concepção das obras.
João Correia, advogado com maisde 20 anos de experiência na áreaadministrativa, reforça a complexi-dade do caso e afirma que o seu des-fecho depende da prova que vier aser feita em tribunal. "Se se chegarà conclusão que os elementos quenão estão no caderno de encargosseriam ou deveriam ser conhecidosda empresa vencedora, ela não terárazão. Se se concluir que estes nãoseriam nem deveriam ser conheci-dos da firma, então ela terá razão",avalia. E exemplifica: "O facto de umedifício ser classificado é do conheci-mento público, porque é publicadono Diário da República. Mas tambémé um facto que condiciona o próprioprojecto; por isso, também deveriaestar no caderno de encargos."
No fundo, todos reconhecem quehá argumento válidos dos dois lados,agora falta saber se algum se vai so-
brepor. Mas isso dependerá dos fac-tos que as duas partes conseguiremprovar em tribunal.
Associação de comerciantes do mercado
Novo adiamento das obras "pre ocupa" e "consterna"
• A Associação dos Comerciantes doMercado do Bolhão (ACMB) recebeucom "preocupação e consternação"a notícia da anulação - decidida pelaCâmara do Porto - da adjudicação docontrato de reabilitação do merca-do à multinacional TramCroNe (TCN)por, no seu entender, esta configurar"mais um adiamento das obras".
Em comunicado, a ACMB insiste
que o que "pretende é uma soluçãorápida e eficaz para as obras inadiá-veis no edifício, não sendo relevante
qual a empresa, seja ela pública ouprivada, que as venha a desenvolver".Conforme o documento emitido pelaassociação presidida por Alcino Sou-
sa, "o que é realmente importanteneste processo é o património hu-mano existente no mercado". "Será
sempre por esse que lutaremos, ga-rantindo aos comerciantes as condi-
ções necessárias ao exercício pleno e
condigno das suas actividades", podeler-se no comunicado.
Quanto ao património histórico
Quase centenário
Ano em que foi construído oactual edifício do Mercadodo Bolhão, uma obra doarquitecto Correia da Silva
que o Mercado do Bolhão encerra, aACMB sublinha a sua confiança nas
instituições que actuam nesta área,"que assegurarão a defesa intransi-gente do mesmo".
Por último, a associação avançaque irá aguardar pelas futuras deci-sões da Câmara do Porto em relaçãoao mercado, disponibilizando-se pa-ra colaborar com esta, "como parteda solução para o futuro mercado e
não como um entrave à realizaçãodas obras do edifício". A.R.
Rui Rio sofreu"derrota pessoal"BE temeconsequênciasfinanceiras paraa câmara
0 Bloco de Esquerda (BE)teme que "os contribuintesse arrisquem a ter que pagarum erro político", por causado processo do Mercado doBolhão. Em conferência deimprensa, João Teixeira Lopese o deputado municipal JoséCastro confessaram ter "algumreceio" de que a autarquia não
vença um processo judicial coma TCN, por considerarem queo contrato "é uma aberração"."Mas não desejamos que acâmara perca e queremos queutilize os melhores recursosjudiciais nesta questão ao
serviço da cidade, para que os
contribuintes não paguem estedesastre", ressalvou TeixeiraLopes.
Para o BE, a "solução óbvia"
para o mercado seria executaro projecto do arquitectoJoaquim Massena ("Paraquê procurarmos outra, seestá pronto, pago e pode serimplementado amanhã?",defendeu Teixeira Lopes), pondofim a um processo que classificacomo "uma derrota profundada câmara, uma derrota políticado PSD e uma derrota pessoalde Rui Rio". A ausência do
presidente da autarquia nomomento de anunciar o pedidode nulidade da adjudicação àTCN também não passou embranco aos elementos do Bloco,
que a classificaram como "umacobardia". "Só prova que é fortecom os fracos e, acima de tudo,fraco com os fortes", disse JoãoTeixeira Lopes.
História
Contra obranquea-mento dahistóriaManuel Loff levou dezanos a investigar o seudoutoramento, feito contra o
branqueamento da história.São José Almeida
O Nosso Século é Fascista!- O Mundo Visto por Salazare Franco (1936-1945)Manuel LoffCampo de Letras, 36 €
A frase de Salazar,"O Nosso Século é
Fascista!", queserve de título àobra de ManuelLoff, é
seguramente umtítulo de choque,provocante, parauma obra
importante e que mais não é do quea versão depurada e aliviada de
alguns capítulos da tese dedoutoramento de Manuel Loff.
A obra, repetimos, é importante.E é importante não só pelo queapresenta de forma documentada e
provada para chegar à conclusão de
que Salazar e Franco foram, entre1936 e 1945, partidários dos regimesfascistas e que o salazarismo foi umfascismo. Mas também pelopropósito jã assumido varias vezes
pelo autor de combater o
branqueamento da História eassumido na contracapa do livro:"Este livro, apresentando umavariedade de provas documentaismuito rara, ajuda a perceber anatureza intrinsecamente fascistadas duas ditaduras ibéricas, comoelas se deixaram arrastar pela maismortífera ilusão do século XX - ecomo no Portugal e na Espanha dosnossos dias se tornou essencial
reagir à vaga branqueadora das
ditaduras e das experiênciasautoritárias, cuja recuperação morale política significa uma muito séria
ameaça à democracia."Nascido no Porto, em 1965,
Manuel Loff licenciou-se em Históriano Porto, cidade onde ainda hojevive leccionando HistóriaContemporânea na Faculdade deLetras da Universidade do Porto. O
seu doutoramento foi no InstitutoUniversitário Europeu (Florença) eresultou de um vasto trabalho de
pesquisa ao longo de dez anos emarquivos e bibliotecas de PortugalEspanha, Itália, Grã-Bretanha eEstados Unidos feita ao longo de
uma década - começou em 1993 eacabou de redigir o texto em Marçode 2003, defendendo-o em Janeirode 2004.
Com a expressão Nova Ordem asubstituir o nome fascismo, Salazar e
Franco adoptaram regimes idênticose acreditaram nos princípiosinformadores dos fascismos da
primeira metade do século XX.
"Enquanto projecto, enquantopraxis política a partir das estruturasdo Estado moderno, enquantopressuposto da legitimidade e danecessidade de uma engenhariasocial programada a partir de cima,a Nova Ordem que o fascismointernacional quis impor entre 1936
e 1945 é um evidente produto da
capacidade efectiva de acção ao
dispor dos sectores mais violentos eressentidos das elites europeias do
período", afirma Manuel Loff numaobra vasta mas que é um marcoincontornável no estudo da Históriado século XX na Península Ibérica.
PORTO. Património cultural
Estudo da AboboreiraA Associação de Municípios do
Baixo Tâmega, AMBT, adjudicoua execução de um estudo para ca-
talogar e cartografar o patrimóniocultural e natural da serra da Abo-boreira.
Os primeiros vestígios de ocu-
pação humana conhecidos são do
período neolítico mas as escavaçõesrevelaram a existência de uma vasta
necrópole megalítica, sendo o túmu-lo mais conhecido por Chã de Parada,monumento nacional desde 1910.
Segundo a AMBT, o estudo pre-tende avaliar "o interesse estra-tégico da criação de uma área
classificada, enquanto factor de
competitividade territorial". Fonteda AMBT disse à Lusa que o estudodo património cultural da Abobo-reira fòi adjudicado à empresa Ar-queologia e Património, enquanto avertente natural será elaborada porequipas multidisciplinares de três
instituições de ensino superior donorte do país.
Foram celebrados protocolos coma Faculdade de Ciências da Univer-sidade do Porto, com o Instituto Po-litécnico de Viana do Castelo e coma Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro.
o negócio da minha vicia
Alexandre Neto.Há meio século,o pai compreendeuque o futuro estavana motorizada, emprejuízo da bicicleta.
Hoje, o grupo Masac,de Cantanhede,sucessor daMarcelino dos
Santos, na épocainovadora empresa,voLta a apostarno futuro: veículosde duas rodas,sim, mas com altas
prestaçõese emissões zero
§
8
Em duas rodas, com emissões zero'Maxi-scooters' eléctricastestadas por políciasem Portugal e Espanha
JOÃO FONSECA
Há meio século, "o futuro do ramo do
ciclismo estava nas motorizadas", pers-
pectivava, em conversa de café com o
amigo Jasmim da Silva Neto, Renato,filho de Marcelino dos Santos, então jáestabelecido no sector.
As conversas entre os dois amigossucederam-se e, como que para de-
monstrarem a sipróprios a convicção,Jasmim e Renato investiram 10 contos
(cercadesOeuros) cada um, para im-
portarem cinco motorizadas da Ale-manha. E tinham razão: as cinco mo-tos foram vendidas em menos de três
semanas,gerandoumlucrodaordemdos 7,5 contos. A motorizada era mes-
mo o futuro, ficava demonstrado. E,
pouco depois, em 1957, Jasmim, Rena-
to e o seu pai Marcelino abriam emPoutena (Anadia) a firma MarcelinodosSantos&C. 3,Lda.
Hoje, o futuro está nas emissões
zero de C0 2 , na defesa do ambiente,
noregressoàbicicletaapedal(auxilia-da ou não por um motor eléctrico) ouàícooíereléctrica e com altas presta-ções, acredita Alexandre Neto, admi-nistrador do Masac & MSC - gruposucessor da Marcelino dos Santos e
propriedade de Jasmim e dos dois fi-lhos, Carlos Manuel e Alexandre.
A bicicleta convencional continua
nas montras e salões da Masac, mas ca-
da vez mais em disputa de espaço e
clientes com a Locomotion, uma bici-cleta assistida electricamente por umabateria. E as motorizadas começam
também a dar lugar às scooters eléctri-
cas. A Locomotion, fabricada na Chi-
na, custa cerca de mil euros e vai serum sucesso, como jáé, por exemplo, na
Alemanha e Holanda, acredita Ale-xandre Neto, administrador do gru-po. Além disso, para quem quer man-ter a bicicleta convencional, há umarodaerespectivabateria-AcftambémLocomotion e igualmente comercia-lizado por pouco mais de 400 euros,
por este grupo de Cantanhede.Maiores são ainda aapostaeaex-
pectativa na Vectrix, scooteràe "altas
prestações e zero emissões". Projectonorte-americano produzido na Poló-
nia, aVectrix, representada em Portu-
gal pela Masac, no modelo maxxi-scoo-
não ultrapassa os 100 km/h (ape-
sar de ter capacidade para chegar aos
240 km/h) para poder garantir cemquilómetros de autonomia da bateria,
que pode ser carregada em qualquer
altura, por um espaço de tempo qual-
quer, sem a viciar.
A/naxz-jcooíerVectrixestá,aliás,aser testada pelaPSP,emLisboa,eviráa ser ensaiada por outras forças poli-ciais, à semelhança do que está a suce-
der em Espanha. Ejáhá polícias a usá-
-las, designadamente, em Nova lor-que, RomaeParis.
Esta maxicusta mais de 8000 eu-
ros, mas hámodelos abaixo dos mil eu-ros. É um investimento elevado, mastambém rapidamente recuperável -não usa velas, pistons, correntes, óleos
e filtros e, sobretudo, a carga de uma
bateria (cem quilómetros percorri-dos) representa 50 cernimos em ener-
gia eléctrica. Por isso, o futuro é, de fac-
to, emissões zero. iBicicletas e 'scooters'eléctricas são o grandesucesso do momento.Têm altas prestaçõese emissões zero
perfil
•Alexandre Neto, proprietárioe administrador da Masac,com o pai e o irmão
• Solteiro, 38 anos, residenteemCantanhede
• Licenciado em Gestão pela
Universidade do Porto
Ainda era miúdo e AlexandreNeto já vivia no meio das bici-cletas e motorizadas, comer-cializadas pela firma do pai.Mais tarde e antes de concluiro curso já trabalhava na em-presa "sem nunca pensar emfazer outra coisa". E, entretan-to, ia fazendo (e continua a fa-zer) BTT e, sobretudo, pilotarmotorizadas em provas oficiaise outras. Um acidente obrigou--o a deixar as corridas de mo-tos, mas a paixão por elas epelos veículos de duas rodas
permanece.
Breves
CIÊNCIA © Universidade de Coimbra
desenvolve robot-cirurgião
Investigadores da Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade de Coimbra
(FCTUC) esperam colocar um robot-cirurgião
no mercado dentro de poucos anos. Os es-
tudos decorrem na expectativa de que, den-
tro de 5 a 7 anos, o robot, baptizado de
WAM (Whole arm manipulation) possa rea-
lizar cirurgias minimamente invasivas nos
hospitais, constituindo-se como uma ex-
tensão do braço do médico, com vários sen-
sores com contacto de alta qualidade.
As inovações do robot permitem mais conforto
para o cirurgião, permitindo-lhe, por exemplo,
guiar-se por imagem e controlar a força dos
movimentos, resultando numa operação me-
nos dolorosa para o paciente, proporcionan-
do assim uma recuperação mais rápida.
De acordo com o coordenador do projec-
to, o doutor Rui Cortesão, este é um ins-
trumento que pode «aumentara destreza
do cirurgião», além de proporcionara te-
le-ecografia, ou seja, permite que um mé-
dico em Coimbra possa apreciar exames
realizados em Lisboa ou na Guarda.
Estudo. 0 tabaco matou três vezes mais portuguesesdo que o álcool, em 2005, e teve uma factura na saúde 2,6vezes superior. Os dados revelados ontem alertam para anecessidade de dar mais visibilidade à epidemia do fumo,apesar de os dois vícios se reforçarem mutuamente.
Álcool e tabacomataram16 mil pessoasnum ano
DIANA MENDES
Despesa em 2005ascendeu a 700milhões de eurosO tabaco e o álcool provocaram 16059mortes a portugueses em 2005, deacordo com dados de um estudo apre-sentado ontem pelo economista Mi-guel Gouveia. Isto significa que 15%das mortes registadas nesse ano fo-ram associadas a estas duas causas. Ainvestigação permitiu ainda concluir
que o consumo do tabaco foi tripla-mente mais fatal para os portuguesesdo que o álcool. Um indicador de queo tabagismo deve ser uma prioridadepara o sistema de saúde nacional.
Miguel Gouveia, investigador daUniversidade Católica, demonstroucom dados objectivos que o consumode cigarros foi responsável por 11,7%
dos 108 mil óbitos registados em 2005(dados do INE), neste caso, 12615. Aestes juntam-se os causados pelo con-sumo abusivo de álcool, 4054 ao todo.
Os cigarros são ainda responsáveispela perda de 73 675 anos de vida(DALY), por morte prematura, maisdo dobro dos relacionados com as be-bidas alcoólicas. As incapacidadesmensuradas no estudo não se relacio-naram apenas com a morte. Na verda-
de, os estragos podem ser medidos
pelo número de anos de vida perdidos
por incapacidade, "perdas de saúdedevido a doença não fatal", segundoMiguel Gouveia. O tabaco gerou 146mil anos de vida perdidos contra 43mil relativos ao álcool.
Apneumologista Margarida Bor-
ges lembra que a Doença PulmonarObstrutiva Crónica (DPOC) é umadas grandes razões para o facto de o
peso do tabaco ser aqui 8,7 vezes su-
perior ao das bebidas alcoólicas. "Éuma doença que ainda não se valori-za, mas que não é totalmente reversí-
vel mesmo quando se deixa de fumar.Com o tempo, a pessoa vai tendo maisdificuldade em respirar", o que é alta-mente incapacitante até para desem-
penhar as tarefas mais simples do dia-a-dia. Somando os anos perdidos porincapacidade ou por morte, o tabagis-mo tem um valor 3^ vezes superior aodo álcool: 145 mil DALYcontra 41 mil.
Apenas um quarto desta "carga" é as-sociada às mulheres.
Carga de 700 milhões de eurosJá no ano passado, por altura da apre-sentação do estudo apenas relativo ao
tabaco, se conheceu a dimensão e o
peso económico assustador que a epi-demia do tabaco tem no País. Os cus-tos do tratamento ascendem a 490 mi-
lhões de euros, incluindo as despesasde internamento hospitalar, medica-
mentos, exames ou consultas, entreoutros gastos.
Ontem, o grupo de investigadoressomou a esta despesa uma factura de189 milhões de euros associados, des-
ta vez, ao consumo abusivo do álcool.São 700 milhões de euros gastos peloServiço Nacional de Saúde em doen-tes com complicações associadas adoenças atribuíveis ao tabaco. O valorsobe a 2,7 mil milhões de euros, se se
englobar outras doenças associadasao tabaco e ao álcool, mas não apenasderivadas do consumo em si.
Miguel Gouveia sublinha que é ne-
cessário lembrar que "não há nenhumnível moderado de consumo de taba-co que seja benéfico", ao contrário doálcool. Perante o peso do tabaco emrelação ao álcool, recorda que "os pro-blemas ligados ao álcool tiveram mais
visibilidade, além de que há mais ins-
tituições a combater os males do ál-cool". Dar visibilidade aos problemasdo tabaco é urgente. 1
Estudos baseadosem dados de 2oos0 estudo resultou de uma parceriaentre o Centro de Estudos Aplicadosda Universidade Católica Portuguesa,o Centro de Estudos de Medicina
Baseada na Evidência e a Unidade de
Nutrição e Metabolismo da Faculdadede Medicina de Lisboa. Cruzou umestudo de 2007, relativo ao tabaco
com um sobre o álcool, realizado este
ano. Miguel Gouveia diz que foramutilizados dados de 2005 do InquéritoNacional de Saúde, relativamente ao
tabaco e álcool. Os dados relaciona-dos com as causas de morte são das
estatísticas de saúde do INE.
IO milI L* mortes
O TABACO provocou problemasde saúde que foram fatais
a 12 615 portugueses em 2005
T 1mortes
O ÁLCOOL em excesso é asso-ciado sobretudo a doenças dofígado e acientes de viação
PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE EM 2005
107839 mortos*
Em 2007, registaram-se 103 512 óbitos em Portugal
36723aparelho circulatório
aparelho respiratório
4570"diabetes^
242CTacidentes
23232tumores
1464
T
aparelho digestivo_____
Í2564^i sistema nervoso
Í4o2^I acidentes de transportes
De acordo com os
dados de 2005 do
INE.asdoençasdoaparelho circulató-rio foram as quevitimaram mais
portugueses. Entre
elas, destacam-se
os acidentes vascu-
lares cerebrais, quecausaram 16280
óbitos. Os cancrosforam a segunda
principal causa de
morte.
Lei pode ser apertada ou aligeirada3 perguntas a... Francisco George
A regra de criar consultas anti-ta-bágicas em todos os centros desaúde pode ser alterada?Vou propor essa alteração à lei. Con-sidero que este foi um dos erros dalei do tabaco , porque nenhum médi-
co é especialista nesta área. No en-tanto, todos os médicos devem acon-selhar o doente a deixar de fumarsempre que possível. As consultas
especializadas devem existir paragrandes fumadores. Por isso, vamos
definir critérios para essas consultas.Ao mesmo tempo temos de desenvol-
ver campanhas educativas, porquehá pessoas que fumam mais em casa
depois da leL Há crianças que fumamdois cigarros por dia passivamente.Faz sentido comparticipar os me-dicamentos para deixar de fumar,como os peritos recomendaram?Na minha opinião, há ganhos imedia-tos para quem deixa de fumar, mashá muitos especialistas a defenderem
essa medida. No entanto, ainda não
houve propostas relacionadas comesses apoios.Referiu que poderá ser feita umaproposta de alteração à lei do ta-baco. Em que circunstâncias éque isso pode suceder?A lei vai ser avaliada ao fim de trêsanos. Vamos verificar se as medidas
que limitaram a liberdade das pes-soas foram ou não justificadas e se ti-veram ganhos para a saúde. Depoisde uma avaliação, vamos ver se pode-mos aligeirar ou apertar a lei. i
DIRECTOR-GERAL DA SAÚDE
P&R
Há uma relação forte en-tre o consumo de álcool edo tabaco?Sim, especialmente na po-pulação masculina. Segun-do Miguel Gouveia, a per-centagem de fumadorestorna-se cada vez maior à
medida que o consumo de
álcool vai sendo mais abusi-
vo. Veja-se: entre os homens
que bebem excessivamente,neste caso mais de seis co-
pos de álcool por dia (61,75
gramas), 40% eram fuma-dores. A percentagem des-
ce aos 24,28% nos homens
que não bebem. Nas mulhe-
res, essa relação não é tão vi-
sível, até porque há mais fu-
madores entre as consumi-
doras moderadas do queentre as excessivas.
Por que razão o álcool éuma causa de morte tãofrequente nas camadasmais jovens?Na população acima dos 15
anos já se começam a verifi-
car vários casos de morte,geralmente associados aacidentes de viação . A cur-va é mais acentuada no caso
do tabaco, visto que os da-
nos à saúde demoram mui-to mais tempo a registar-se.Quais as doenças maisassociadas a cada factorde risco?As doenças respiratórias e
os cancros são as principaiscausas de morte e incapaci-dade ligadas ao tabaco; no
álcool, dominam as doençasdo fígado, acidentes de via-
ção e cancros.
Consumo de tabaco deverácair entre 5% a 6% este anoSaúde. Pais estão a fumar maisem casa, prejudicando as crianças,
apesar de reduzirem noutros Locais.
O consumo de cigarros deverá cair entre 5%
a 6% neste primeiro ano de vigência da novalei do tabaco. De acordo com Francisco Geor-
ge, director-geral da Saúde, os dados já reco-lhidos no âmbito do sistema Infotabaco, "evi-
denciam já uma redução da prevalência do ta-
bagismo, em parte devido à redução das
vendas de cigarros. A quebra será de 5% a 6%,
esperamos, o que seria óptimo", diz ao DN.Os dados avançados pela Direcção-Geral
da Saúde estão ligeiramente abaixo dos reve-lados pelos grossistas de tabaco. Jorge Duar-
te, presidente da Associação Nacional de
Grossistas de Tabaco, avança que a reduçãomédia das vendas "tem rondado os 10% em
média, apesar de ter tido uma quebra maisacentuada em Janeiro (cerca de 17%).
Um dos aspectos que tem de ser trabalhoé o da fiscalização, em restaurantes, bares ou
discotecas. O director-geral da saúde admite
existirem muitos casos em que os equipamen-tos existentes nos espaços abertos ao fumo
não são adequados.Francisco George refere que o verdadei-
ro balanço será conhecido daqui a três anos."Vamos verificar se as restrições impostas fo-
ram compensadas em ganhos em termos de
saúde pública. Depois faremos uma propos-ta mais ou menos tolerante em relação à lei".
Maria do Céu Machado, a Alta Comissária
da Saúde, salientou a importância de reforçar
Proibições já reduziram o consumo
a informação dirigida aos mais jovens, sobre-
tudo às mulheres. "Houve um aumento de
40% do consumo nas mulheres dos 15 aos 24anos", alerta.
Outro aspecto menos positivo decorrenteda nova lei foi assumido pelos vários respon-sáveis A contenção durante todo o dia, no lo-
cal de trabalho, por exemplo, está a aumentaros níveis de consumo em casa. "É humano,mas as crianças são as principais prejudica-das. Por isso temos de fazer campanhas de in-
formação neste sentido", refere. 1
Havia na CUF uma "aristocraciaoperária" dos filhos do BarreiroFez da CUF e seus operários a base para tese de doutoramento. E ficouimpressionada como é que esta experiência gigantesca, até pelos padrõeseuropeus, viveu tão discretamente no Portugal de Salazar
Luís Villalobos
• Ana Nunes de Almeida, investiga-dora do Instituto de Ciências Sociais,estudou a a CUF e o Barreiro entre1985 e 1990, no âmbito da sua tesede doutoramento. O resultado foi otrabalho "CUF, a Fábrica e a Família,numa altura em que pouco ou nadase tinha estudado antes sobre os ope-rários em geral e suas famílias.Para a investigadora, o Barreiro écaso único no contexto português,com exemplo de uma concentraçãoindustrial que nasce a partir quasedo nada. O projecto, diz, destoa com-
pletamente da imagem que Salazarqueria dar de Portugal.Sobre a relação dos trabalhadorescom o empresário, diz que operá-rios e grande patrão partilhavamuma grande aposta no progressoindustrial. "Eles são muito orgulho-sos da sua obra, e reconhecem neleuma pessoa com um poder imenso,mas há muitos que o vêem como umenorme explorador, um capitalista.Há uma visão ambígua do patrão".
Quais foram os principais impac-tos da implementação da CUF noBarreiro?
O Barreiro passou a ser a CUF. O
impacto foi de tal maneira grande quea CUF invadiu a comunidade e a vidadas pessoas que lá viviam. Houve cla-ramente um Barreiro antes e depoisda CUF. E como investigadora fez-me
impressão verificar como é que aque-la experiência gigantesca, até pelos
padrões europeus, vive tão discreta-mente no Portugal de Salazar.
Alfredo da Silva também nesse
aspecto jogou muito bem, porquea instalação das fábricas de aduboscoincide com a Campanha do Trigo,com a ideia de semear o Alentejo de
trigo, etc. E isso convinha a Salazar.Mas a partir daí começa a desenvol-ver-se a indústria têxtil, porque eramprecisas sacas para o adubo, etc, edá-se toda a expansão.Mas a implementação no Barreiroé muito anterior ao Estado Novo.O que é que o fez escolher estaregião?
Acho que ele teve uma visão estra-tégica. Tinha a fábrica em Alcântara, e
precisava de espaço para se expandir.O Barreiro beneficiava, por um lado,da vinda de trabalhadores de todo opaís por causa do caminho-de-ferro,e, por outro lado, o estuário do Tejoera uma fantástica via de comunica-ção para o exterior. E foi comprando
antigas fábricas de cortiça e terrenos
que ali estavam disponíveis.
De onde vieram os trabalhadoresda CUF?
Eram pessoas vindas da Beira,Alentejo e Algarve. Mas não pode-mos esquecer os filhos do Barreiro.Há uma espécie de sedimentação devárias condições operárias.
Temos os filhos do Barreiro, queeram filhos de antigos corticeiros,pescadores, etc. Sobretudo no ca-so de filhos de antigos corticeiros,
são eles que são chamados para asindústrias de ponta, principalmen-te a metalurgia. E vão dar origem à
aristocracia operária. Porque os quesurgem de fora vêm para os trabalhosmais desqualificados, em determina-das zonas de produção da química,tecelagem ou mesmo da metalurgia,ou vêm encher a enorme massa anó-nima que se colocava diariamente à
frente do portão da CUF à espera deserem empregues por um dia. Eramchamados os "trabalhadores". Eu,enquanto investigadora, não podiausar a palavra "trabalhador" quandome referia aos operários...Era quase um insulto?
Era. O trabalhador faz qualquercoisa, não tem uma obra. Um operá-rio tem uma obra. O trabalhador é oindivíduo completamente desqualifi-cado, que está descalço em frente ao
portão. É quem entra e sai nos "ba-lões" [os grandes despedimentos] e
quem é escolhido pelo encarregadoao início da manhã.Esse tipo de mão-de-obraé absorvido?
É. Não tive conhecimento de inci-dentes, até porque eles não vêm tiraro lugar aos operários, que estavam li-
gados à ideia de progresso industrial.Eles têm um orgulho extraordinário
por terem trabalhado naquelas má-quinas. Até as desgraçadas das tece-deiras, que trabalhavam com dois e
quatro teares ao mesmo tempo, têmorgulho em falar do seu trabalho ope-rário. Havia de facto um fosso entre
os operários e os trabalhadores. E es-tes últimos é que tinham uma vida de
exploração total. Imagine o que eraestar a fazer a safra dos adubos, a en-cher os sacos, a mexer nos químicoscom as mãos e a entrar-lhes para os
olhos, sem roupas adequadas, e coma angústia permanente de saber seficavam ou não empregados.
A entrada de um operário na CUFera sempre uma entrada com referên-cia. Porque é alguém do local, numaespécie de segunda etapa de condi-
ção operária, porque os pais já eramcorticeiros.
Depois, na CUF, dava-se prioridadeaos filhos dos operários. Não quer di-zer que fossem para a mesma oficinaou que fossem iniciados pelos pais,mas tinham acesso a essa condiçãoprivilegiada porque o pai trabalhavalá. Havia uma divisão sexual muitogrande do trabalho, com os têxteis aserem universos femininos e as meta-lúrgicas universos masculinos.
Havia uma gestão algopaternalista...
Alfredo da Silva dava ênfase aorecrutamento a filhos da pessoas daCUF - o que aumentava os laços de
dependência em relação à fábrica --,e diversas infra-estruturas de apoio,para enquadrar totalmente o quoti-diano dos seus operários. Mas acho
que esse enquadramento total nuncaocorreu, porque no Barreiro houveimensas sociedades recreativas com-pletamente autónomas, e que eramfrequentadas por operários da CUF,havendo assim locais alternativos desociabilidade.
O que é que resta hoje da CUF noBarreiro?
A memória. Uma das coisas que mechocou imenso foi que, sendo aquelaexperiência industrial única, nuncase tivesse aproveitado alguns dos edi-fícios fabris para se fazer um museuda indústria em Portugal.
Também acho que se poderia fa-zer um arquivo de memórias ope-rárias, como há em outros países.Porque a história de vida destas
pessoas é extremamente rica, masvai-se perder.
RGBO-CmURGfAO ESTA A SER DESENVOLVIDO POR
INVESTIGADORES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Robô luso criado para fazer cirurgiaInvestigadores consideram que "é um passo
DECISIVO PARA A CIRURGIA MINIMAMENTE INVASIVA"
Investigadores da Universi-
dade de Coimbra estão a
desenvolver um robô quepoderá estar apto, dentrode alguns anos, a realizar
cirurgias minimamente in-
vasivas nos hospitais, com
grande inovação relativa-mente às soluções existen-
tes. Dentro de um ou dois
anos poderá ser utilizado jáem situações reais na tele-
ecografia, por ser uma apli-cação não invasiva, e umano depois poderá ser tes-tado em cirurgia de cadáve-
res, antes de humanos vi-
ves, explicou Rui Cortesão,coordenador do projecto.
JOÃO PINHEIRO DA COSTA
A iNVEsncAçÃo científica de-
monstra-nos, uma vez mais,
que filmes como os do reali-zador Gene Roddenberry,onde podemos ver sofistica-dos robôs nos blocos opera-tórios, estão a deixar de ser
ficção, para passar a ser rea-lidade. Portugal não deixou
o comboio passar e umaequipa de sete investigadoresda Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidadede Coimbra (FCTUC), fi-nanciada da Fundação para aCiência e Tecnologia (FCT)
e liderada pelo professor Rui
Cortesão, está a desenvolver
um robô manipulador paracirurgia minimamente inva-
siva, ou seja, para a cirurgia
que se realiza através de pe-quenos orifícios abertos no.
corpo humano, ou pelos ori-fícios naturais, permitindoo telecontrolo com sensa-
ções de contacto de alta qua-
lidade.
As inovações do robô mé-dko designado deWAM, quepoderá estar no mercado den-
tro de cinco a sete anos, são
muitas, tais como "o melhorconfqrto para o cirurgião, a
integração em tempo real dos
dados intra-operatívos, porexemplo, o movimento guia-do por imagem e movimen-
to controlado por força, a ti*rurgia menos dolorosa e trau-matízante para o paciente e
tempo de recuperação mais
curto, entre outras caracterís-
ticas" refere uma nota do ga-binete de imprensa daFCTUC. Este robô, "cujos
primeiros resultados são alta-
mente promissores, tem um'coração' recheado de umsòftware altamente sofisti-cado composto por inúmeros
algoritmos de controlo e di-
versos sensores, dotando-o
de uma inteligência superiore de graus de liberdade extra
que estão ao dispor do
cirurgião' acrescenta o co-municado. Este robô em de-
senvolvimento pesará ape-nas 27 quilogramas e será"bastante mais barato" do
que um similar existente no
mercado, o Da Vinci. "O DaVinci custa um milhão de eu-
ros, tem uma dimensão ele-
vada, ocupando uma sala, e
não transmite ao cirurgião a
sensação de contacto, a in-
formação de força, ao con-trário do sistema em desen-
volvimento" afirma RuiCortesão.
OWAM tem uma preci-são intrínseca para garantir amáxima segurança: "As ques-tões de segurança não pedemser desprezadas, uma vez quehá seres humanos no espaçode trabalho. Assim, a arqui-tectura de controlo globaltem que garantir tolerância afalhas sensoriais e robustez 1
a erros nos modelos^ Serão
feitos testes experimentaisem objectos orgânicos, abrin-do o caminho para aplica-ções cirúrgicas reais", expli-ca o coordenador doprojecto.
"Um sistema como oWAM não existe no merca-
do" e, de acordo com o líderdo projecto, irá potenciar o
desempenho do cirurgião e
permitir o treino, aprendiza-
gem e ensino em ambientesvirtuais. "Introduzindo as res-
trições cinemáticas cirúrgi-cas no projecto de controlo,as técnicas de manipulaçãopodem focar-se apenas no es-
paço da tarefa, aumentado a
destreza do cirurgião. Aesta-bilidade de todo o sistema
tem que ser garantida parasituações críticas de contac-to rígido, por exemplo, tocarnoutro instrumento médico
ou num osso, exigindo técni-
cas de controlo avançadas",assevera Rui Cortesão. Outra
potencialidade deste robômédico que contará, numafase final, com a colaboraçãodos hospitais da Universida-de de Coimbra, é a tele-eco-
grafia, Com o encerramentodas maternidades este robô"será uma boa opção. O gine-cologista pode estar emCoimbra e examinar ecogra-fias em, Bragança, Viseu,Guarda ou Castelo Branco.
Paratal,bastaráapresençadeum técnico no hospital", con-sidera o também docente da
FCTUCI
Revisores oficiaisde contas vão ternovo Estatuto
O Governo vai proceder a al-
terações ao Estatuto da Ordemdos Revisores Oficiais de Contas
(OROC), bem como adaptar o
regime geral das contra-ordena-
ções, de modo a criar um qua-dro sancionatório no âmbito doexercício de funções do Conse-lho Nacional de Supervisão daAuditoria.
Quanto à revisão do Estatutoda OROC, o sentido e a exten-são da legislação a aprovar são os
seguintes:- alteração das atribuições da
OROC no sentido de permitira sua participação no âmbito daentidade responsável pela super-visão pública dos ROC e das so-ciedades de ROC e de assegurara inscrição dos ROC e das so-ciedades em registo público e de
promover as condições que per-mitam a divulgação pública;
- revisão do conceito de audi-toria, passando este a incluir os
exames e outros serviços relacio-nados com as contas de empresasou de outras entidades efectua-dos de acordo com as normas de
auditoria em vigor, compreen-dendo:- a revisão legal de contas exer-
cida em cumprimento de dis-
posição legal e no contexto dos
mecanismos de fiscalização das
entidades ou empresas objectode revisão em que se exige a de-
signação de um revisor oficial de
contas;- a auditoria às contas exercida
em cumprimento de disposiçãolegal, estatutária ou contratual;
- os serviços relacionadoscom os anteriormente referidos,
quando tenham uma finalidadeou um âmbito específicos ou li-mitados.
- alteração do regime da for-
mação dos ROC, de modo a
adequá-lo ao regime da Directivan° 2006/43/ CE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 17-5,prevendo que estes devem fre-
quentar cursos de formação pro-fissional a promover pela OROCou por esta reconhecidos;
- clarificação de algumas in-compatibilidades e impedimen-tos decorrentes do exercício das
funções de ROC;- modificação das regras de
acesso à profissão, passando a
exigir-se licenciatura em Audito-ria, Contabilidade, Direito, Eco-
nomia, Gestão de Empresas oucursos equiparados ou quaisqueroutras licenciaturas que para o
efeito venham a ser reconhecidas
por portaria do ministro que tu-tela o ensino superior, com pré-via audição da OROC.
BIC e associações académicas
reforçam parceriaRealizou-se
em Coimbra o 2o
Encontro Nacional de As-
sociação de Centros de Em-
presa e Inovação
portugueses (BIC)e das AssociaçõesAcadémicas do
Ensino SuperiorPúblico, que reu-niu naquela cida-de dirigentes querepresentam mais
de oito dezenas de
associações acadé-
micas. O empre-endedorismo, as
saídas profissio-nais e a qualificação dos dirigen-
Existe um grandedesconhecimento
sobre como se
poderem ajudar os
recém-licenciados a
entrar no mercado
de trabalho
tes académicos foram as questõesdebatidas na reunião de trabalho
que contou ainda com a presençade Victor Sá Car-neiro, presidenteda Associação de
BIC Portuguesese de Guerreiro de
Sousa, da EspíritoSanto Ventures.
Após o suces-
so da I a edição,realizado no ano
passado na Uni-versidade do Mi-nho, coube este
ano à AssociaçãoAcadémica de Coimbra (AAC)
Victor Sá Carneiro, presidente da Asso-
ciação de BICS Portugueses)
promover esta iniciativa, que per-mite "discutir o problema das saí-das profissionais e a integração domercado de trabalho dos estudan-
tes universitários", refere AndréOliveira, presidente da AAC. "Ac-
tualmente, existe um grande des-
conhecimento sobre aquilo queé o empreendedorismo e a formacomo pode ajudar os recém-licen-ciados a entrarem no mercado de
trabalho", sublinhou.
Importante mentor do empre-endedorismo em Portugal, VictorSá Carneiro congratulou-se pelofacto de esta matéria estar actual-
mente na agenda do ENDA (En-contro Nacional dos Dirigentes
Associativos), sinal inequívoco"de que existe uma sensibilizaçãocrescente dos dirigentes associati-
vos para o empreendedorismo e as
saídas profissionais." Na sua inter-
venção, o presidente da BIC falousobre o papel dos BIC e de comoestas entidades, que ostentam o
selo da Comissão Europeia, po-dem ajudar os recém-licenciados
a entrar no mercado de trabalho,
ajudando-os não só na criação do
próprio emprego mas orientando-os e disponibilizando informaçõessobre os mecanismos, financia-mentos e procedimentos a adoptarpara se avançar com um projectode sucesso.
Garantia mútuaviabiliza investimentosde 3,3 mil milhõesAS SOCIEDADES OPERACIONAIS vão aumentaros seus capitais para fazer face à procura das PME.
António Freitas de [email protected]
O sistema de garantia mú-tua, concentrado na Socie-dade Portuguesa de Garan-tia Mútua (SPGM, da esfe-ra do lAPMEI), vai viabili-zar, até ao final do ano e emacumulado, investimentosdas pequenas e médias em-
presas (PME) da ordemdos 3,3 mil milhões de eu-ros, a que corresponde umvalor acumulado das ga-rantias contratadas a ron-dar os 1,7 mil milhões. A in-
tervenção da SPGM - oumais propriamente das
operacionais regionais ousectoriais, Norgarante,Garval, Lisgarante e Agro-garante - já permitiu man-ter ou criar mais de 100 milpostos de trabalho.José Fernando Figueiredo,o novo presidente do gru-po - desde que, há cerca dedois meses, José AntónioBarros saiu para liderar a
Associação Empresarial de
Portugal (AEP) -, adiantouao Diário Económico que,face à procura manifestada
pelas PME junto do siste-
ma, as sociedades vão en-trar em processo de au-mento de capital.Dado que um dos requisi-tos da garantia mútua é queas empresas que queiramaderir ao sistema entremno capital de uma das so-ciedades operacionais, es-tas já se encontram em difi-
culdade para dar respostaàs solicitações.Norgarante, Garval e Lisga-rante têm capitais sociaisde 12 milhões de euros -com a Agrogarante a res-
ponder por seis milhões e aficar eventualmente defora do processo de au-mento dos capitais dada a
sua especificidade secto-rial. O montante do au-mento ainda não está fe-chado, uma vez que a deci-são recente do Ministérioda Economia de lançaruma nova linha de apoio às
PME, dotada de 400 mi-lhões de euros, vai obrigara refazer as contas - o gru-po prevê um crescimento
acentuado da procura porparte das PME que quei-ram concorrer a essa novalinha.Por outro lado, e ainda se-
gundo José Fernando Fi-gueiredo, o grupo está emcontacto com vários orga-nismos para aumentar a ca-pacidade de intervenção daSPGM na partilha do riscode investimento. Assim,com o Ministério da Soli-dariedade Social, a SPGM
quer fechar um acordopara apoiar o auto-empre-go; e com o Ministério doAmbiente e o Instituto de
Conservação da Naturezaquer criar linhas de apoioao turismo de aventura eaos projectos que com-preendam a conservação
da natureza.O sistema de garantia mú-tua é enquadrado pelo Fun-do de Contragarantia Mú-tuo (dotado integralmentepor capitais públicos e geri-do pela SPGM), que resse-
gura automaticamente os
contratos de garantia fecha-dos entre as sociedadesoperacionais e as PME. Estefundo vai ser dotado commais 37,5 milhões de eurosvindos do QREN, depois de
já ter agregado 136 milhõesdesde a sua criação, em1998. Desde o ano passado,o fundo passou a contarcom financiamento da par-te do Ministério do Ensino
Superior, o que permitiu a
criação de uma linha deapoio aos estudantes quequeiram financiar o seucurso superior. ¦A intervençãoda Sociedade
Portuguesa deGarantia Mútuajá permitiu manterou criar maisde 100 mil postosde trabalho.
SPGM lidera associação europeia do sistema
a Além de presidente da SPGM, JoséFernando Figueiredo é também o actual
dirigente máximo da Associação Europeiade Caucionamento Mútuo (AECM),
organismo internacional de representaçãodo sistema com sede em Bruxelas. Os 34membros associados daAECM viabilizavam, no final
de 2007, o acesso aofinanciamento de mais de
2,5 milhões de PME em todaa Europa, com valores de
garantias em curso superiores aos 55 mil
milhões de euros. Em Portugal, e apesarde o sistema de garantia mútua ser abertoa todos os operadores, o certo é que a
SPGM - e por isso o Estado - é a únicaentidade com interesses no sector. Do
currículo do novo presidenteda SPGM constamigualmente passagens pelaadministração do lAPMEI,da Inter-Risco SCR e da PMEInvestimentos.
Acção tentatravar negócioda Moderna
Dinensino. Providênciacautelar dá hoje entrada nasvaras cíveis de Lisboa
Um grupo de cooperadores da Uni-versidade Moderna (Dinensino) vai
interpor, hoje, nas Varas Cíveis de
Lisboa, uma providência cautelar vi-sando a suspensão da Assembleia-ge-ral de 31 de Agosto da instituição,cuja consequência poderá ser a sus-
pensão do negócio imobiliário com o
qual a cooperativa pretende resolver
os seus problemas financeiros.A informação foi dada ao DN por
João Ferreira Araújo, advogado dos
autores da acção. Segundo explicou,este passo foi desencadeado pela ale-
gada recusa da instituição em forne-
cer antecipadamente a estes coope-radores documentos que viriam a ser
discutidas na referida reunião. Mas
entretanto, acrescentou, "foram le-
vantadas outras questões, nomeada-
mente em relação ao valor de imobi-
lizados que a Dinensino declara - di-
zem ter 330 mil euros em veículos e
só têm duas carrinhas com 10 anos,de valor zero", ilustrou.
Na assembleia-geral, a Dinensino
apresentou um plano tendo em vista
o saneamento de um passivo da or-dem dos 32 milhões de euros, quecontemplava a venda à Incentinves-te de um edifício em Lisboa, o "Pólo
das Artes", a troco de uma verba emdinheiro e de um terreno em Setúbal
para as futuras instalações. Mas com
a providência, disse o advogado, "o
negócio fica suspenso".A acção pode complicar as espe-
ranças da Dinensino, que apresentouesta "solução" como um dos argu-mentos para tentar convencer o mi-nistro do Ensino Superior, Mariano
Gago, a recuar na ordem de fecho
compulsivo da instituição. A decisão
final do ministro deverá ser conheci-
da em breve. 1 PEDRO SOUSA tavares