othon moacyr garcia - comunicação em prosa moderna - aprenda a escrever, aprendendo a pensar

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    Moacyr Garcia completa o que j foi escrito sobre o

    problema da comunicao com os resultados da

    sua experincia e meditao, trazendo inmeras

    contribuies de grande alcance prtico. Talvez a

    mais importante delas seja a sua teoria do

    pargrafo, em que v uma unidade mnima de

    composio e cujo manejo certo constitui para ele

    iniciao efetiva na arte de escrever. Ensina, pois,

    ao leitor como planejar, dispor, estofar e equilibrar

    os pargrafos, acabando por arm- los de uma

    eficiente disciplina artesanal.

    E impossvel apontar numa breve resenha todas as

    sugestes aproveitveis deste ' vro fecundo. Mas

    notemos que acessoriamente ee tambm nos

    ensina a ler: nas pginas onde explica a melhor

    maneira de resumir e comentar um livro lido,elabora toda uma doutrina de leitura como auxiliar

    de todo ensino de lngua.

    Oitenta pginas de exerccios de surpreendente

    novidade aumentam mais ainda o valor prtico da

    obra. Quem tiver a pachorra de execut-los ter

    como recompensa no s o aprimoramento do

    prprio estilo mas tambm um desanuviamento da

    sua capacidade de reflexo. (...)"

    Paulo Rnai

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    O T H O N M . G A R C I A

    D A A C A D E M I A B R A S I L E I R A D E F I L O L O G I A

    C O M U N I C A O

    E M P R O S A

    M O D E R N A

    A P R E N D A A E S C R E V E R , A P R E N D E N D O A P E N S A R

    2 6 E D I O

    FGVEDITORA

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    EDITORA

    ISBN 85-225-0296-X

    Copyright Fundao Getulio Vargas

    Direitos desta edio reservados EDITORA FGV

    Praia de Botafogo, 190 14 2andar 22250-900 Rio de

    Jane iro, RJ Brasil Tels.: 0800-21-7777 21-2559-5543 Fax:

    21-2559-5532

    e-mail:[email protected]@fgv.brweb site:

    www.editora.fgv.br

    Impresso no Brasil / Printed in Brazil

    Todos os direitos reservados. A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em

    parte, constitui violao do Copyright (Lei n 9.610/98).

    1-edio 1967 10 aedio 1982 19aedio 20002aedio 1969 11 aedio 1983 20- edio 20013aedio 1975 12 aedio 1985 21aedio 20024aedio 1976 13 aedio 1986 22aedio 20025aedio 1977 14 aedio 1988 23aedio 20036aedio 1977 15 9edio 1992 24aedio 20047aedio 1978 16 aedio 1995 25aedio 20068aedio 1980 17 aedio 1996 263edio 20069aedio 1981 18 aedio 2000

    REVISO: Aleidis de Beltran e Fatima Caroni C APA : Tira

    linhas studio

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

    Garcia, Othon M. (Othon Moacyr), 1912-2002 .Comunicao em prosa moderna : aprenda a escrever,

    aprendendo a pensar / Othon M. Garcia. 26. ed. Rio de

    Jane iro : E dit ora FGY 200 7 5 40p .

    Inclui bibliografia e ndice.

    1. Comunicao. 2. Lngua portuguesa Gramtica. 3.Lngua portuguesa Retrica. I. Fundao Getulio Vargas. II.

    Ttulo.

    CDD 808

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.editora.fgv.br/http://www.editora.fgv.br/http://www.editora.fgv.br/mailto:[email protected]:[email protected]
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    Explicao necessria

    Este livro, devemo-lo aos nossos alunos, aqueles jovens a quem, no decorrer delongos anos, temos procurado ensinar no apenas a escrever mas principalmente apensar a pensar com eficcia e objetividade, e a escrever sem a obsesso do purismogramatical mas com a clareza, a objetividade e a coerncia indispensveis a fazer dalinguagem, oral ou escrita, um veculo de comunicao e no de escainoteao deidias. Estamos convencidos e conosco uma pliade de nomes ilustres de que acorreo gramatical no tudo mesmo porque, no tempo e no espao, seu conceito muito relativo e de que a elegncia oca, a afetao retrica, a exuberncia lxica, ofraseado bonito, em suma, todos os requintes estilsticos preciosistas e estreis commais freqncia falseiam a expresso das idias do que contribuem para a suaficledignidade. principalmente por isso que neste livro insistimos em considerarcomo virtudes primordiais da frase a clarezae a preciso das idias (e no se pode serclaro sem se ser medianamente correto), a coerncia (sem coerncia no hlegitimamente clareza) e a nfase (uma das condies da clareza, que envolve ainda aelegncia sem afetao, o vigor, a expressividade e outros atributos secundrios doestilo).

    A correo no queremos dizer purismo gramatic alno constitui matria de

    nenhuma das lies desta obra, por uma razo bvia: Comunicao em prosa modernano uma gramtica, como no tampouco um manual de estilo em moldes clssicos ouretricos. Pretende-se, isto sim, uma obra cujo principal propsito ensinar a pensar,vale dizer, a encontrar idias, a coorden-las, a concaten-las e a express-las demaneira eficaz, isto , de maneira clara, coerente e enftica. Isto quanto comuni-cao.

    Mas o ttulo do livro Comunicao em... uprosa moderna , moderna e noquinhentista ou barroca. Os padres estudados ou recomendados so os da lngua dosnossos dias ou daqueles autores que, mesmo j seculares ou quase seculares, comoum Alencar, um Azevedo ou um Machado, continuam atuais , da lngua que estnos cronistas do sculo XX e no na dos do sculo XV da dos romancistas, ensastas ejornalis tas de h oje. As a bona es que se faze m co m excer tos d e autores mais recuadosum Viei

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    O T H O N M . G A R C I A 7

    ra. um Bernardes, um Matias Aires devem-se ao fato de serem amostras de

    expresso eficaz e no de requintes estilsticos estreis. Incluem-se tambm trechos dealguns requintados do nosso tempo um Rui Barbosa, _m Euclides da Cunha ,mas as razes da escolha foram as mesmas: so exemplos que se distinguem pelaeficcia da comunicao e no pelo malabarismo estilstico desfigurador de idias.

    Mas por que esse nosso interesse quase obsessivo (esses ss ressonantes, porexemplo, no constituem uma daquelas virtudes de estilo to consagradas pelosmanuais...) pelo teor da comunicao com aparente desprezo pela sua forma? Forma efundo, como sabemos... Bem, no h ne- :essidade de desenvolver isso. Mas a verdade que uma das caractersticas de nossa poca, uma das fontes ou causas das angstias,conflitos e aflies do nosso tempo parece que est na complexidade, na diversidade ena infidedignidade da comunicao oral ou escrita, quer entre indivduos quer entregrupos. Sabemos dos mal-entendidos, dos preconceitos, das rrevenes, das

    incompreenses e dos atritos resultantes da incria da expresso, dos seus sofismas eparalogismos. So as generalizaes apressadas, as declaraes gratuitas, asindiscriminaes, os clichs, os rtulos, os ralsos axiomas, a polissemia, a polarizao,os falsos juzos, as opinies discriminatrias, as afirmaes puras e simples, carentesde prova... Enfim, linguagem falaciosa, por malcia, quando no por incria daatividade mental, ou por ignorncia dos mais comezinhos princpios da lgica. Es- sesbices ou barreiras verbais e mentais impedem ou desfiguram totalmente acomunicao, o entendimento entre os homens e os povos, sendo o raro causa deatritos e conflitos.

    Em face, pois, desse aspecto da linguagem, justo que ns professores nospreocupemos apenas com a lngua, que cuidemos apenas da gramtica, que nosinteressemos tanto pela colocao dos pronomes tonos, reio emprego da crase, pelo

    acento diferencial, pela regncia do verbo assistir? J tempo de zelarmos com maisassiduidade no s pelo polimen- zoda frase, mas tambm, e principalmente, pela suacarga semntica, procurando dar aos jovens uma orientao capaz de lev-los a pensarcom clareza e objetividade para terem o que dizer e poderem expressar-se comeficcia.

    Esse ponto de vista, que nada tem de novo ou de original, norteou aelaborao de Comunicao em prosa moderna. Em todas as suas dez pares torna-seevidente esse propsito de ensinar o estudante a desenvolver 511a capacidade deraciocnio, a servir-se do seu esprito de observao 7?.ra colher impresses, a formarjuzos, a descobr ir idias para ser tanto quanto possvel exato, claro, objetivo e fiel naexpresso do seu pensamento, e tambm correto sem a obsesso do purismogramatical.

    J desde a primeira parte sobre a estrutura sinttica e a feio estilstica dafrase , sente-se que a nossa tomada de posio diversa da iradicional:procuramos ensinar a estruturar a frase, partindo das idias e r.o das palavras (como hbito no ensino estritamente gramatical). Esse

    1

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    8 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    mtodo salienta-se sobretudo nos tpicos referentes indicao das circunstncias. Noque se refere ao vocabulrio, procuramos, acima de tudo, orientar o estudante quanto escolha da palavra exata, de sentido especfico. Tentamos mostrar principalmenteno captulo sobre generalizao e especificao a importncia da linguagemconcreta, no propriamente a necessidade de evitar generalizaes ou abstraes mas aconvenincia de conjug-las com as especificaes, a importncia de apoiar sempre asdeclaraes, os juzos, as opinies, em fatos ou dados concretos, em exemplos,detalhes, razes. Semelhante critrio adota-se tambm no estudo do pargrafo, que uma das partes mais desenvolvidas da obra. Isso porque, considerado como umaunidade de composio, que realmente , ele pode servir como de fato serviu decentro de interesse e de motivao para numerosos ensinamentos sobre a arte deescrever.

    Mas sobretudo nas partes subseqentes do pargrafo 4. Com. Eficcia e falcias da comunicao, 5. Ord. Pondo ordem no caos, 6. Id. Como criar idias, e 7. Pl. Planejamento que mais nos empenhamos emoferecer ao estudante meios e mtodos de desenvolver e disciplinar sua capacidade deraciocnio. Essas quatro partes representam as principais caractersticas da obra. Odesenvolvimento que lhes demos tem, ao que parece, inteira razo de ser, tanto certoe pacificamente reconhecido que os jovens, por carecerem de suficiente experincia >no sabem pensar. E, se no sabem pensar, dificilmente sabero escrevei; por maisgramtica e retrica que se lhes ministrem. Portanto, se se admite que a arte de es-crever pode ser ensinada e pode, at certo ponto pelos menos , o melhor caminhoa seguir ensinar ao estudante mtodos de raciocnio. Da, as noes de lgica e mcerto sentido muito elementares que constituem, ou em que se baseia, a matriadessas quatro partes. Mas o leitor alerta h de perceber que tais noes vm expostascom certa ousadia e at com certa indisciplina formalstica; que se tratava to-somente de aproveitar da Lgica aquilo que pudesse, de maneira prtica, direta,imediata, ajudar o estudante a pr em ordem suas idias. No se surpreendam,portanto, os entendidos na matria com a feio assistemtica dada a essas noes: no

    tnhamos em mente escrever um tratado de Lgica.Essas e outras caractersticas da obra (convm assinalar, de passagem, a oitavaparte, relativa redao tcnica) tornam-na mais indicada a leitores que j disponhamde um mnimo de conhecimentos gramaticais, ao nvel pelo menos da quarta srieginasial. Por isso, acreditamos que Comunicao em prosa moderna venha a ser maisproveitosa aos alunos do segundo ciclo e, sobretudo, das nossas faculdades de letras,de economia, finanas e administrao. Uma das razes dessa crena est na naturezadas informaes relativas preparao de trabalhos de pesquisa teses, ensaios,monografias, relatrios tcnicos , inclusive a documentao bibliogrfica e amecnica do texto, isto , a preparao dos originais.

    Foi talvez essa orientao referente aos problemas da comunicao eficaz quelevou a Escola Brasileira de Administrao Pblica da Fundao Ge-

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    O T H O N M . G A R C I A 9

    -1J.0 Vargas a encomendar-nos a elaborao definitiva do livro, quando dele lheapresentamos algumas partes acompanhadas do plano geral, no qual se zeramposteriormente algumas alteraes de comum acordo com os diretores do Servio dePublicaes daquela instituio.

    Seria falsa modstia negar que h neste livro uma considervel con- mbuiopessoal, quer no seu planejamento quer no desenvolvimento da matria. Mas, comono temos o hbito de pavonear-nos com plumagem alheia, de justia reconhecerque a melhor parte destas quinhentas e poucas pginas resultado do queaprendemos ou das sugestes que colhemos em abundante bibliografia especializada.Dois ou trs dos mais ex- rressivos exemplos dessa influncia revelam-se notratamento dado a alguns tpicos sobre a estrutura da frase (especialmente o captulo

    quarto), r.os exerccios de vocabulrio por reas semnticas duas lies de algunsautores franceses na importncia atribuda ao estudo do pargra- :o e no querespeita, em linhas gerais, redao tcnica duas lies de autores americanos. Asdemais influncias ou fontes de sugesto vm devidamente apontadas nos lugarescompetentes.

    A esto os esclarecimentos considerados indispensveis: muitos at :ertoponto explicam, mas nenhum desculpa os defeitos reais ou aparentes da obra.Defeitos graves, de que somos os primeiros a ter, de muitos neles pelo menos, plenaconscincia, mas que procuraremos corrigir na hi- rtese de uma outra edio,principalmente se contarmos com as bem-vindas sugestes do leitor.

    Rio de Janeiro, 10 de julho de 1967 Othon

    M. Garcia

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    Agrad ecimentos

    Quero deixar aqui meus agradecimentos aos amigos que, de uma forma ou deoutra, me prestaram inestimvel ajuda no preparo desta obra: a Dlio Maranho, peloempenho em v-la publicada; a Rocha Lima, pelas ju- diciosas e proveitosasobservaes feitas margem da Primeira Parte; a Jorge Ribeiro, pela leitura atenta eperspicaz que fez da quase-totalidade dos originais; a Maria Jos Cunha de Amorim,pelo precioso e gracioso trabalho das cpias datilografadas; e aos meus alunos,candidatos ao Instituto Rio Branco, pelo interesse com que assistiram s minhas aulase pela disposio de servirem de cobaia dos mtodos com eles ensaiados e agora aquipostos em letra de forma.

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    Nota sob re a 1 1 ed c oM

    Nesta nova edio de Comunicao em prosa moderna, graas ines- rznvelajuda de meu querido amigo e colega Antnio de Pdua, me foi possvel corrigirrecalcitrantes erros que sobreviveram a expurgos anterio res. impunha-se a suacorreo, apesar de serem suponho irrelevan- *15 e de, por isso, noprejudicarem as caractersticas fundamentais da :'rra. que tem tido uma gratificanteacolhida do pblico leitor.

    O.M.G.

    15/9/83

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    Nota sobre a 3- edio

    J decorrera m sete anos desde que saiu publ icada a 1 - ed io desta Comunicaoem prosa moderna.A imprevista aceitao da obra, que levou, entre outubro de 1969 ejunh o de 1974 , a cinco tiragens da 2-edio, estava a impor uma terceira, em que noapenas se corrigissem falhas e erros das anteriores mas tambm se atualizassem e seampliassem vrios tpicos, se refundissem alguns e se acrescentassem outros, pois,nesses ltimos oito ou dez anos, muitas novidades surgiram no campo da lingstica eda comunicao. Entretanto, se, em relao a certos aspectos particulares, se tornavamnecessrias algumas adaptaes a essas novas tendncias, em linhas gerais, esta 3-edio de Comunicao em prosa modernamantm inalteradas as caractersticas originaisda obra, que continua fiel ao seu modesto propsito de ensinar a escrever, ensinando

    a pensar.

    Othon M. Garcia

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    Nota sobre a 2- edio

    A presente edio sai um pouco mais saneada do que a primeira, se o quantoa falhas intrnsecas, pelo menos quanto aos desesperadores er- :s de reviso (mais decem!). Quanto estrutura da obra, entretanto, esta edio em nada difere daprecedente, salvo no que respeita aos acrscimos de alguns tpicos, aodesenvolvimento de outros e adjuno de maior nmero de notas de rodap sobrefontes bibliogrficas.

    Dos acrscimos, limitados ao mnimo indispensvel para que a obra no seavolumasse ainda mais, merecem destaque sobretudo os que se re- rerem Generalizao e Especificao (2. Voc. 2.0), a meu ver um los fatores maisimportantes da eficcia da comunicao, Anlise e Classificao (5. Ord. Pondo ordem no caos), matria igualmente re levante para a objetividade eorganicidade do planejamento e ordenao le idias e, por fim, o tpico 1.5.2.1 Exemplo de pargrafo com estru - ~ira silogstica dedutiva, in: 6. Id. aparentemente deslocado da parte referente ao pargrafo (3. Par.), mas assim situado

    em obedincia ao pla- no da obra, j que seria impossvel ensinar a desenvolver idiaspor deduo ou induo sem ter previamente esclarecido o leitor a respeito de m-:odos de raciocnio, de que trato na 4 9 Parte (4. Com.). Os demais acrscimos somenos relevantes e mais reduzidos.

    Entre outras inovaes que, embora muito me tentassem, no pude fazer parano aumentar demasiadamente o nmero de pginas, inclui-se a de um ndiceremissivo por ordem alfabtica e a traduo de alguns trechos citados em lnguaestrangeira ambas sugestes de Paulo Rnai, a quem peo desculpas por no terpodido lev-las em considerao pelos motivos expostos.

    Quanto aos erros tipogrficos da 1- edio, corrigidos (espero) nesta, cumprocom prazer o dever de deixar aqui bem claros os meus agradecimentos a OlavoNascentes, que me mostrou, bem presto, muitos deles, alm de erros meus, e a PauloRnai, que, alm de me distinguir sobremodo com um magnnimo artigo sobre aprimeira edio, teve a pachorra de ler com ateno, zelo e beneditina pacincia noapenas o texto e os exerccios mas tambm e isso de espantar e de me deixarperdidamente grato at mesmo a lista bibliogrfica final. A ele devo a maiorcoleo

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    1 4 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    de erros de reviso e de descuidos meus. Ora, como eu mesmo no tive essabeneditina pacincia de reler pela n vez, e prontamente, estas quinhentas e tantaspginas, no pude preparar a tempo a necessria errata. Quando pude faz-lo, graassobretudo contribuio daqueles prestimo- sos amigos, j uma grande parte daedio tinha sido vendida ou distribuda. Para no lograr alguns leitores, logrei atodos, deixando de incluir a errata nos exemplares remanescentes na Editora.

    Muito agradeo igualmente no s aos que, por escrito ou de viva voz, semanifestaram sobre a primeira edio, mas tambm aos leitores que me distinguirame que espero tenham tirado algum proveito da leitura. Fiz quanto pude no sentido delhes oferecer um livro que lhes fosse til de alguma forma.

    O.M.G.

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    Plano sucinto da obra

    Dedicatria Explicao

    necessria

    Agradecimentos Nota

    sobre a 11 edio Nota

    sobre a 3 edio Nota

    sobre a 2 edio Plano

    sucinto da obra Sumrio

    Primeira Parte 1. Fr. A frase SegundaParte 2. Voc. O vocabulrio

    Terceira Parte 3. Par. O pargrafo Quarta Parte 4. Com.

    Eficcia e falcias da comunicao Quinta Parte 5. Ord. Pondo

    ordem no caos Sexta Parte 6. Id. Como criar idias Setima Parte

    7. PI. Planejamento Oitava Parte 8. Red. Tc. Redao tcnica

    Nona Parte 9. Pr. Or. Preparao dos originais Dcima Parte 10.Ex. Exerccios Bibliografia ndice de assuntos ndice onomstico

    5

    510

    1 1

    12

    13

    15

    17

    27

    17

    1

    21

    729

    9

    32

    5

    33

    7

    36

    1

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    Sumrio

    P R I M E I R A PA R T E - I . F R . - A F R A S E 2

    Advertncia 29

    CA P T U L O I

    1.0 Estrutura sinttica da frase 32

    1.1 Frase, perodo, orao 32

    1.1.1 Frase, gramaticalidade e inteligibilidade . 33

    1.2 Frases de situao 37

    1.3 Frases nominais 38

    1.4.0 Processos sintticos 42

    1.4.1 Coordenao e subordinao: encadeamento e hierarquizao 42

    1.4.2 Falsa coordenao: coordenao gramatical e subordinao psicolgica 461.4.3 Outros casos de falsa coordenao 49

    1.4.4 Coordenao e nfase 51

    1.4.5 Coordenao, correlao e paralelismo 52

    1.4.5.1 Paralelismo rtmico ou similicadncia 59

    1.4.5.2 Paralelismo semntico 601.4.5.3 Implicaes didticas do paralelismo 62

    1.5.0 Organizao do perodo 63

    1.5.1 Relevncia da orao principal: o ponto de vista 63

    1.5.2 Da coordenao para a subordinao: escolha da orao principal 66

    1.5.3 Posio da orao principal: perodo tenso e perodo frouxo 71

    1.6.0 Como indicar as circunstncias e outras relaes entreas idias 75

    1.6.1 A anlise sinttica e a indicao das circunstncias 751.6.2 Circunstncias 76

    1.6.3 Causa 77

    1.6.3.1 rea semntica 771.6.3.2 Vocabulrio da rea semntica de causa 78

    1.6.3.3 Modalidades das circunstncias de causa 78

    1.6.4 Conseqncia, fim, concluso 81

    1.6.4.1 Vocabulrio da rea semntica de conseqncia, fim e concluso 86

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    1.6.4.2 Causa, conseqncia e raciocnio dedutivo 87

    1.6.5 Tempo e aspecto 87

    1.6.5.1 Aspecto 88

    1.6.5.2 Perfrases verbais denotadoras de aspecto 89

    1.6.5.3 Tonalidades aspectuais nos tempos simples e compostos 92

    1.6.5.4 Partculas denotadoras de tempo 95

    1.6.5.5 Tempo, progresso e oposio 95

    1.6.5.5.1 Vocabulrio da rea semntica de tempo 96

    1.6.6 Condio 97

    1.6.7 Oposio e concesso 991.6.7.1 Anttese 99

    1.6.7.2 Estruturas: sintticas opositivas ou concessivas 102

    1.6.7.3 Vocabulrio da rea semntica de oposio 104

    1.6.8 Comparao e smile 105

    1.6.8.1 Metfora 106

    1.6.8.1.1 Metfora e imagem 110

    1.6.8.2 Catacrese 111

    1.6.8.3 Catacrese e metfora naturais da lngua corrente 111

    1.6.8.4 Parbola 112

    1.6.8.5 nimismo ou personificao 113

    1.6.8.6 Clichs 113

    1.6.8.7 Sinestesia 114

    1.6.8.8 Metonmia e sindoque 114

    1.6.8.8.1 Metonmia 115

    1.6.8.8.2 Sindoque 116

    1.6.8.9 Smbolos e signos-smbolos: didtica de alguns smbolos usuais 117

    1.6.8.10 Antonomsia 121

    CA P T U L O I I

    2.0 Feio estilstica da frase 123

    2.1 Estilo 123

    2.2 Frase de arrasto 123

    2.3 Frase entrecortada 125

    2.4 Frase de ladainha 129

    2.5 Frase labirntica ou centopeica 131

    2.6 Frase fragmentria 134

    2.7 Frase catica e fluxo de conscincia: monlogo e solilquio 138

    2.8 Frases parentticas ou intercaladas 143

    C A P T U L O I I I

    3.0 Discursos direto e indireto 147

    3.1 Tcnica do dilogo 147

    3.2 Verbos dicendiou de elocuo 1493.3 Omisso dos verbos dicendi 151

    3.4 Os verbos e os pronomes nos discursos direto e indireto 1533.5 Posio do verbo dicendi 158

    3.6 A pontuao no discurso direto 161

    UFPj

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    UFPE Bib l io teca Centra l

    Captulo IV

    4.0 Discurso indireto livre ou semi-indireto 164

    Segunda Parte - 2. VOC. - 0 Vocabulrio 171

    Captulo I

    1.0 Os sentidos das palavras 173

    1.1 Palavras e idias 173

    1.2 Vocabulrio e nvel mental 174

    1.3 Polissemia e contexto 175

    Denorao e conotao: sentido refere ncial e sentido afetivo 178

    Sentido intensional e sentido extensional 181

    Polarizao e polissemia 183

    Captulo II

    Generalizao e especificao O concreto e o abstrato 185

    Captulo III

    Famlias de palavras e tipos de vocabulrio 195

    3.1 Famlias etimolgicas 195

    3.2 Famlias ideolgicas e campo associativo 196

    33 Quatro tipos de vocabulrio 198

    Captulo IV

    4.0 Como enriquecer o vocabulrio 200

    4.1 Parfrase e resumo 201

    4.2 Amplificao 203

    Outros exerccios para enriquecer o vocabulrio 206

    Captulo V

    5.0 Dicionrios 2085.1 Dicionrios analgicos ou de idias afins 2095.2 Dicionrios de sinnimos 214

    5.3 Lexicologia e lexicografia Dicionrio e lxico 215

    5.4 Dicionrios da lngua portuguesa mais recomendveis (e tambm mais acessveis) 215

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    Terceira Parte - 3. PAR. - 0 Pargrafo 217

    C A P T U L O I

    1.0 O pargrafo como unidade de composio 219

    1.1 Pargrafo-padro 219

    1.2 Importncia do pargrafo 220

    1.3 Extenso do pargrafo 220

    1.4 Tpico frasal 222

    1.4.1 Diferentes feies do tpico frasal 224

    1.5 Outros modos de iniciar o pargrafo 226

    1.5.1 Aluso histrica 226

    1.5.2 Omisso de dados identificadores numtexto narrativo 227

    1.5.3 Interrogao 228

    1.6 Tpico frasal implcito ou diludo no pargrafo 228

    C A P T U L O I I

    2.0 Como desenvolver o pargrafo 230

    2.1 Enumerao ou descrio de detalhes 230

    2.2 Confronto 231

    2.3 Analogia e comparao 232

    2.4 Citao de exemplos 234

    2.5 Causao e motivao 237

    2.5.1 Razes e conseqncias 238

    2.5.2 Causa e efeito 240

    2.6 Diviso e explanao de idias em cadeia 241

    2.7 Definio 243

    C a p t u l o I I I

    3.0 Pargrafo de descrio e pargrafo de narrao 246

    3.1 Descrio literria 246

    3.1.1 Ponto de vista 247

    3.1.2 Ponto de vista fsico: ordem dos detalhes 247

    3.1.3 Ponto de vista mental: descrio subjetiva e objetiva ou expressionista

    e impressionista 248

    5.1.4 Descrio de personagens 249

    3.1.5 Descrio de paisagem 2513.1.6 Descrio de ambiente (interior) 253

    5.2 Narrao 254

    $.2.1 A matria e as circunstncias 254

    5.2.2 Ordem e ponto de vista 256

    J.2 .3 Enr ed o o u in tri ga 256

    1.2.4 Tema e assunto 258

    3.2.5 Situaes dramticas 258

    J.2 .6 Var ie dad es de nar rao 259

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    3.2.6.1 Anedota 259

    3.2.6.2 Incidente 259

    3.2.6.3 Biografia 259

    3.2.6.4 Autobiografia 259

    3.2.6.5 Perfil 259

    3.2.7 Dois exemplos de pargrafos de narrao 260

    Roteiro para anlise literria de obras de fico 262

    CA P T U L O I V

    4.0 Qualidades do pargrafo e da frase em geral 267

    4.1 Unidade, coerncia e nfase 2674.2 Como conseguir unidade 270

    4.2.1 Use sempre que possvel tpico frasal explcito 270

    -.2.2 Evite pormenores impertinentes, acumulaes e redundncias 270

    -.2.3 Frases entrecortadas (ver 1. Fr, 2.3) freqentemente prejudicam aunidade do pargrafo; selecione as mais importantes e transforme-asem oraes principais de perodos menos curtos 272

    4.2.4 Ponha em pargrafos diferentes idias igualmente relevantes,relacionando-as por meio de expresses adequadas transio 272

    4.2.5 O desenvolvimento da mesma idia-ncleo no deve fragmentar-se em

    vrios pargrafos 273

    4.3 Como conseguir nfase 276

    4.3.1 Ordem de colocao e nfase 276

    4.3.2 Ordem gradativa 2834.3.3 Outros meios de conseguir nfase 284

    4.3.3.1 Repeties intencionais 284

    4.3.3.2 Pleonasmos intencionais 285

    4.3.3.3 Anacolutos 285

    4.3.3.4 Interrupes intencionais 286

    4.3.3.5 Parnteses de correo 286

    4.3.3.6 Paralelismo rtmico e sinttico 286

    4.4 Como obter coerncia 2874.4.1 Ordem cronolgica 287

    4.4.2 Ordem espacial 288

    4.4.3 Ordem lgica 289

    4.4.4 Partculas de transio e palavras de referncia 290

    4.4.5 Outros artifcios estilsticos de que depende a coerncia e,em certoscasos, tambm a clareza 295

    4.4.5.1 Omisso do sujeito de uma subordinada reduzida gerundial ou infinitiva,quando ele no o mesmo da principal 295

    4.4.5.2 Falta de paralelismo sinttico 295

    4.4.5.3 Falta de paralelismo semntico 296

    4.4.5.4 Falta de conciso 297

    4.4.5.5 Falta de unidade 298

    4.4.5.6 Certas estruturas de frase difceis de bem caracterizar 298

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    iuarta Parte - 4. COM. - Eficcia e Falcias da Comunicao 299

    C A P T U L O I

    .0 Eficcia 301

    .1 Aprender a escrever aprender a pensar 301

    .2 Da validade das declaraes 302

    .3 Fatos e indcios observaes e inferncia 303

    .4 Da validade dos fatos 304

    .5 Mtodos 305

    .5.1 Mtodo indutivo 306

    .5.1.1 Testemunho autorizado 308

    .5.2 Mtodo dedutivo 309

    .5.2.1 Silogismo 309

    .5.2.2 Silogismo do tipo non seqnitur 311

    .5.2.3 Epiquirema: premissas munidas de prova 312

    .5.2.4 O raciocnio dedutivo e o cotidiano o entimema 313

    C a p t u l o II

    .0 Falcias 316

    .1 A natureza do erro 316

    .2 Sofisrnas 316

    .2.1 Falsos axiomas 317

    .2.2 Ignorncia da questo 317

    .2.3 Petio de princpio 318

    .2.4 Obseivao inexata 319

    .2.5 Ignorncia da causa ou falsa causa 319

    .2.6 Erro de acidente 321

    2.7 Falsa analogia e probabilidade 321

    uinta Parte - 5. ORD. - Pondo Ordem no Caos 325

    0 Mod us s ciendi 327

    1 Anlise e sntese 327

    1.1 Anlise formal e anlise informal 328

    1.2 Exemplo de anlise de um tema especfico 328

    2 Classificao 329

    2.1 Coordenao e subordinao lgicas 331

    2.2 Classificao e esboo de plano 331

    3 Definio 332

    3.1 Estrutura formal da definio denotativa 334

    3.1.1 Requisitos da definio denotativa 334

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    Sexta Parte - 6 . ID. - Como Criar Id ias 337

    1.0 A experinci a e a pesquisa 339

    1.1 Experincia e observao 339

    1.2 Leitura 341

    1.3.0 Pesquisa bibliogrfica 342

    1.3.1 Classificao bibliogrfica 342

    1.3.2 Obras de referncia 341.3.3 Catalogao 344

    1.4.0 Como tomar notas 346

    1.4.1 O primeiro contato com o livro 346

    1.4.2 Notas 346

    1.4.3 Fichas 346

    1.4.3.1 Ficha de assunto 341.4.3.2 Fichas de resumo 348

    1.5.0 Outros artifcios para criar idias 350

    1.5.1 Plano-padro passe-partoutou plano-piloto 352

    1.5.2 Silogismo dedutivo, criao, planejamento e desenvolvimento de idias 353

    1.5.2.1 Exemplo de pargrafos com estruturasilogstica dedutiva 35

    S T I M A PAR TE - 7 . P L. - P L A N E J A M E N T O 3 6 i

    CA P T U L O I

    1. 0 Descrio 363

    O Ginsio Mineiro de Barbacena", deDaniel de Carvalho 368

    CA P TU LO I I

    2.0 Narrao 370

    2.1 O c a j u e i r o , d e R u b e m B r a g a 3 7 0

    2.2 Anlise das partes 371

    2.3 Funo das partes 373

    2.3.1 O que a 'histria ou estr ia proporciona 373

    2.4 Plano de O cajueiro 374

    CA P T U L O I I I

    3.0 Dissertao 376

    3.1 'Meditaes, de Gilberto Amado 376

    3.2 Anlise das partes e plano de 'Meditaes 378

    CA P T U L O I V

    4.0 Argumentao 3804.1 Condies de argumentao 380

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    4.2 Consistncia dos argumentos 381

    4.2.1 Evidncia (fatos, exemplos, dados estatsticos, testemunhos) 381

    4.3 Argumenta o informal 383

    4.3.1 Estrutura tpica da argumentao informal em lngua escrita

    ou falada 38

    4.4 Normas ou sugestes para refutar argumentos 38

    4.5 Argumenta o formal 388

    4.5.1 Proposio 38

    4.5.2 Anlise da proposio 389

    4.5.3 Formulao dos argumentos 389

    4.5.4 Concluso 39

    4.5.5 Plano-padro da argumentao formal 390

    Oitava Parte - 8. RED. TC. - Redao Tcnica 39

    C A P T U L O I

    1.0 Descrio tcnica 393

    1.1 Redao literria e redao tcnica 39

    1.2 O que redao tcnica 39

    1.2.1 Tipos de redao tcnica ou cientfica 395

    1.3 Descrio de objeto 011ser 39

    1.4 Descrio de processo 39

    1.5 Plano-padro de descrio de objeto e de processo 399

    C A P T U L O I I

    2.0 Relatrio administrativo 4012.1 Estrutura do relatrio administrativo 402

    CA P T U L O I I I

    3.0 Dissertaes cientficas: teses e monografias 405

    3.1 Nomenclatura das dissertaes cientficas 405

    3.2 Estrutura tpica das dissertaes cientficas 406

    3.3 Amostras de sumrio de dissertaes cientficas 414

    Nona Parte - 9. PR. 0R. - Preparao dos Originais 419

    1.0 Normalizao datilogrfica e bibliogrfica 421

    1.1 Normalizao da documentao 421

    1.2 Uniformizao datilogrfica 422

    1.2.1 Papel 422

    1.2.2 Margens 422

    1.2.3 Linhas e batidas 423

    1.2.4 Espaos de entrelinhas 423

    1.2.5 Numerao das pginas 423

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    i. Fr. A frase (100 a 11 5) 433

    Trzsede situao, frases nominais e fragmentrias (101) 433

    rfe2lelismo gramatical (102) 435

    T 2coordenao para a subordinao organizao de perodos (103 a 105) 436

    Scbordinao enfadonha (106) 442

    sdkao das circunstncias (107 e 108) 443

    Causa, conseqncia, concluso (109 a 11 1 ) 444

    Oposio (contrastes ou antteses) (1 12 ) 447

    Frzsecentopeica (desdobramento de perodos) (114) 447

    feodos curtos e intensidade dramtica (1 15 ) 449

    2 Vc. O vocabulrio (200 a 252) 451

    O geral e o especfico O concreto e o abstrato (201 a 208) 451

    Conotao (209 a 217) 453

    Famlias etimolgicas (218 e 219) 457reas semnticas (220 a 249) 460

    Vocabulrio mediocrizado (250 a 252) 471

    3. Par. O pargrafo (300 a 314) 473

    ~:?ico frasal, desenvolvimento, resumo, titulao e imitao de pargrafos (301) 473

    Reestruturao de pargrafos para confronto (302) 477Redao de pargrafos baseada em modelos (303) 479

    Tipos(retratos) 481Paisagem urbana 481

    Paisagem provinciana 481

    Ambiente co m figuras (festa) 481

    Ambiente sem figuras (fimde festa) 482Cenas dramticas 482

    Paisagem campestre(floresta tropical) 482

    Dissertaes 482 7:?icos frasais (descrio, narrao e dissertao) para desenvolvimento e confronto com o original (304 a

    307) 482Transio e coerncia (308 e 309) 484

    Pargrafos incoerentes (310) 486

    Unidade e coerncia: paralelismo semntico (311) 487

    Clareza e coerncia (312) 488Ordem de colocao, nfase e clareza (313) 489

    Pleonasmo enftico (314) 491

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    . Com. Eficcia e falcias do raciocnio (400 a 408)Fatos e inferncia (401)

    Identificao de sofismas (402)

    Identificao de falcias (403 e 404)

    Induo, deduo e leste de silogismo (405 e 406)'Inveno' de premissa maior para desenvolvimento de idias pelo mtodosilogsrico (407 e 408)

    5. Ord. Pondo ordem no caos (500 a 509)Anlise e classificao (501 a 504)

    Definio denotativa ou didtica (505 a 507)

    Definio conotativa ou metafrica (508 e 509)

    6. Exerccios de redao: ternas e roteiros (600-606)Bibliografiandice de assuntos

    ndice onomstico

    493

    493

    494

    495

    496

    497

    499

    499

    500

    501

    499

    512

    522

    535

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    P R I M E I R A P A R T E

    1. FR. - A fraseEstrutura sinttica e feio estilstica

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    Advert nc ia

    Nesta primeira parte (1. Fr.) estuda-se a frase sob o ponto de vista da suaestrutura sinttica (1.0 a 1.6.8.10) e da sua feio estil stica (2.0 a 4.0), com ocasionaisinterpolaes.

    Quanto ao primeiro aspecto, convm advertir, de sada, que a inteno doAutor foi evitar se transformasse o captulo em mais um manual de anlise sinttica, oque no significa seja esta intil ou execrvel. Tanto no intil, que muitasapreciaes sobre a estrutura da frase no puderam dela prescindir, pelo menos emcerta medida.

    A anlise sinttica tem sido causa de crnicas e incmodas enxaquecas nosalunos de ensino mdio. que muitos professores, por tradio ou por comodismo, atm transformado no prprio contedo do aprendizado da lngua, como se aprenderportugus fosse exclusivamente aprender anlise sinttica. O que deveria ser uminstrumento de trabalho, um meio eficaz de aprendizagem, passou a ser um fim em simesmo. Ora, ningum estuda a lngua s para saber o nome, quase semprerebarbativo, de todos os componentes da frase.

    Vrios autores e mestres tm condenado at mesmo com veemncia o abuso noensino da anlise sinttica. No obstante, o assunto continua a ser, salvo ascostumeiras excees, o prato de substncia da cadeira de Portugus no ensinofundamental. Apesar disso, ao chegar ao fim do curso, o estudante, em geral, continuaa no saber escrever, mesmo que seja capaz de destrinchar qualquer estrofecamoniana ou qualquer perodo barroco de Vieira, nomenclaturando devidamentetodos os seus termos. Ento, pra que anlise sinttica? perguntam aflitos alunos emestres por esse Brasil afora.

    J em 1916, ao responder consulta de um padre pernambucano, Mrio

    Barreto fazia, com a lucidez que lhe era habitual, uma clara censura ao abuso e ao mauaproveitamento da anlise lgica:

    Leva-me, pois, o senhor padre para essas regies nevoentas da anliselgica a que tanto gostam de guindar-se os professores brasileiros. um dosdefeitos do nosso ensino gramatical a importncia excessiva que se d nasclasses a isso que se chama anlise lgica. Certo que necessrio saberem osalunos o que um sujeito, um atributo, um complemento; certo que tambm

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    3 0 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    bom que eles saibam distinguir proposies principais e subordinadas, e ve-jam que estas aces sria s ou subor dinadas no so mais que o desdo brame ntode um dos membros de outra proposio e se apresentam como equivalente deum substantivo, de um adjetivo ou de um advrbio: proposies substantivas , adjetivas,adverbiais nomenclatura que tem a duplicada vantagem de evitar termos novose de lazer da anlise lgica uma continuao natural da anlise gramatical.Qualquer outra terminologia que se adote para a classificao das proposiesdependentes levanta discusses entre os professores (...).

    Passar da ser nos embrenharmos no intrincado labirinto das sutilezasda anlise. A anlise lgica pode ser de muito prstimo, se a praticarmos como aprendizado dei estilstica,como meio de conhecermos a fundo os recursos da linguagem e de nos familiarizarmos com todas as suas

    variedades .2

    A lio das melhores e das mais oportunas, apesar de longeva; pena quenem todos a tenham aprendido, principalmente aquela parte contida no ltimoperodo, por ns grifado. Pois bem, este captulo sobre a estrutura da frase, que novisa, de forma alguma, ao ensino da anlise sinttica ou lgica, embora a se assentemalgumas das suas lies, leva muito em conta a sbia advertncia de Mrio Barreto,por mostrar os recursos da linguagem a fim de permitir ao estudante familiarizar-secom todas as suas variedades.

    No que respeita feio estilstic a da frase, ver-se- que nosso propsito foi,acima de tudo, mostrar e comentar alguns padres vlidos no Portugus moderno.Ver-se- tambm que no nos moveu nenhum preconceito de purismo gramatical:alguns dos modelos comentados apresentam at mesmo deslizes gramaticais quetalvez repugnem a muitos entendidos; mas s quando a falha grave, ou se tornaoportuno, que fazemos a necessria adver tncia. E que a nossa tomada de posio digamos assim em face dos textos apresentados, comentados, censurados oulouvados, foge inteiramente ao mbito restrito da gramtica, para cair no daestilstica, mas de uma estilstica sem pretenses, em moldes exclusivamentedidticos. No se trata assim de crtica literria mais ou menos hedonista e parasitriacomo temos feito em outros lugares. No; aqui nos propomos humildemente ser teisaos estudantes de ensino fundamental, aos alunos das faculdades e a todos aquelesque, dispondo j de alguns conhecimentos bsicos, ao nvel da oitava srie doprimeiro grau, queiram no apenas melhorar sua habilidade de redigir mas tambmapurar o senso crtico, familiarizando-se com alguns moldes frasais da lngua escritado nosso tempo. Mas o prprio leitor notar que alguns desses moldes se caracterizampor certas singularidades (/rase de ladainha, /rase de airasto, frase entrecor tada, frasecatica...),o que talvez o leve a indagar: Mas, e os padres normais? Com os padresnormais o leitor se familiarizar ao longo de outras pginas desta obra,principalmente na parte que trata do pargrafo.

    1 FACTOS da lngua portuguesa.Rio, Organizao Simes, 1954, p. 61.

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    O T H O N M . G A R C I A 3 1

    Por outro lado, ao correr os olhos pelo sumrio desta primeira parte, o ex:talvez se surpreenda por ver tratados em Estrutura sinttica alguns pecos da fraseque, na realidade, so de natureza estilstica (os tpicos re- jzrzT-zess figuras: anttese,metfora, metonmia, etc.). Ao chegai; entretan- ~ 2: :exto, verificar que essainterpolao encontra sua justificativa no cri- tr_: que adotamos de desenvolvertodas as idias relacionadas por associa- :3i I assim que a idia de oposio, implcitanas oraes concessivas, nos ierou anttese; a de comparao e de oraes

    comparativas, de metfo- esta, por sua vez, a outros tropos e figuras (ver 1. Fr. 1.6.8). O mesas : ~iodo, a um s tempo associativo e estrutural, orientou, na medida do m . e'.. aexposio da matria das outras partes.

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    1.0 Es trutura s int tica da fra se

    1. 1 F ra se , pe r o do , or a o

    Frase todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicao.Pode expressar um juzo, indicar uma ao, estado ou fenmeno, transmitir um apelo,uma ordem ou exteriorizar emoes. Seu arcabouo lingstico encerra normalmenteum mnimo de dois termos o sujeito eo predicado normalmente, mas no obrigatoriamente, pois, em Portugus pelomenos, h, como se sabe, oraes ou frases sem sujeito: H muito tempo que no chove (em que he choveno tm sujeito).2

    Orao, s vezes, sinnimo de frase ou de perodo (simples) quando encerra

    um pensamento completo e vem limitada por ponto-final, pon- to-de-interrogao, de-exclamao e, em certos casos, por reticncias. O perodo que contm mais de umaorao composto.

    Um vulto cresce na escurido. Clarissa se encolhe. Vasco.(E. Verssimo, Msica ao longe, p. 118)3

    Nesse trecho h trs oraes correspondentes a trs perodos simples ou a trsfrases. Cada uma delas encerra um enunciado expresso num arcabouo lingstico emque entram um sujeito (vulto,claro na primeira, mas oculto na ltima, e Clarissa) e umpredicado (cresce, se encolhe, Vasco).

    Mas nem sempre orao (diz-se tambmproposio) frase. Em convm que te

    apresses h duas oraes mas uma s frase, pois somen -

    2 Segundo Jean Cohen (Structure dit langage polique, p. 73), a frase pode ser definida em dois nveis: osemntico e o fnico. O nvel semntico, nico que nos interessa aqui, desdobra- se em dois planos: o

    psicolgico e o gramatical. No primeiro, a frase a unidade que apre senta um sentido completo". Quanto

    ao segundo, o gramatical, ela o conjunto de palavras que esto sintaticamente solidrias. A seguir, cita oAutor a definio de A. Martinet: um enunciado cujos elementos se prendem a um ou a vrios predicadoscoordenados (p. 73).

    3 Os trechos citados como exemplos vm geralmente com referncia bibliogrfica sumria. Para indicaescompletas sobre as fontes, consulte-se a Bibliografia no fim do volume.

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    O T H O N M . G A R C I A 3 3

    fe : conjunto das duas que traduz um pensamento completo; isoladas, CEEsdniemsimples fragmentos de frase (ver 1. Fr., 2.6), pois uma parte b : _33.: "que teapresses o sujeito de convm.

    Quanto sua estrutura sinttica, t.e., quanto caracterstica da inte- r gramaticalexplcita (existncia de um sujeito e um predicado), a rsse r: ie ser simples(uma s

    orao independente) ou complexa(vrias oracionais). Esse agrupamento de oraes que merece legitima- o nome de perodo(do gregoperodos, circuito). o ambitus verbo-

    segundo Ccero, isto , o circuito de palavras encadeadas para formar - 3- sentidocompleto. Entretanto, pela nomenclatura gramatical (brasileira e no vigente e

    tradicional, tambm a frase simples se diz perodo sim--fc- e a complexa, perodo composto. Mas alguns professores distinguem 0 xrszocomposto} constitudo s por oraes coordenadas, do perodo com- j formado por

    oraes coordenadas e subordinadas.

    1.1.1 Frase, gramaticalidade e inteligibilidade

    Dentro da liberdade de combinaes que prpria da fala ou discur- sz liberdade que permite a cada qual expressar seu pensamento de ma- re ra pessoal,sem ter de repetir sempre, servilmente, frases j feitas, j es- r-:ripadas h certoslimites impostos pela gramtica, limites que impedem a inveno de uma nova lnguacada vez que se fala. Nossa _:e:dade de construir frases est, assim, condicionada aum mnimo de gramaticalidade que no significa apenas nem necessariamentecorre- :ij (h frases que, apesar de, at certo ponto, incorretas, so plenamenteineligveis). Carentes da articulao sinttica necessria, as palavras se 2:7: pelam, nofazem sentido e, quando no h nenhum sentido poss- el, no h frase mas apenasum ajuntamento de palavras. Cada qual li - re para dizer 0 que quer, mas sob acondio de ser compreendido por quele a quem se dirija. A linguagem comunicao, e nada comunica- :: se 0discurso no compreendido. Toda mensagemdeve ser inteligveF, diz Jean Cohen (Structure du langage potique, p. 105-6).

    O seguinte agrupamento, por ser totalmente catico, isto , totalmenteagramatical, totalmente ininteligvel: de maus tranqilos se nunca ~s::ntos os jovenssentem. S reagrupadas segundo as normas gramaticais vigentes na lngua, podemessas palavras tomar-se fala ou discurso, assumindo ento feio de frase: Os jovens demaus instintos nunca se sentem rranqilos.

    No obstante, um conjunto de palavras pode ter aparncia de frase, zorapresentar certo grau de gramaticalidade e ser dificilmente inteligvel, como 0seguinte exemplo de Oswald de Andrade: Romarias escadais de ho- ras bureausassinadores do conhecimento tomado e lavrado dos vencimentos invencveis (Memriassentimentais de Joo Miramar; p. 153). Apesar dos tnues vestgios de gramaticalidade ou justamente por serem muito t-

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    3 4 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    nu es esses vestgios a frase de O. de A. depende quase que exclusivamente dainterpretao que lhe possa dar o leitor. Ela no auto-suficiente, no pode serclaramente entendida, mesmo que situada no seu contex to (captulo 145. Criao depapagaios, em que o Autor faz a crnica mordaz da sala verde das audincias noFrum Cvel Paulista), a menos que o leitor se encarregue de mentalizar ospossveis enlaces lgicos, sintticos e semnticos entre os seus componentes.4

    Portanto, ausncia de gramaticalidade ou gramaticalidade muito precria significamausncia de inteligibilidade. Mas a simples gramaticalidade,

    o simples fato de algumas palavras se entrosarem segundo a sintaxe de uma lnguapara tentar comunicao no condio suficiente para lhes garantir inteligibilidade.A clebre e assaz citada e comentada frase de Chomsky Colorless green ideas sleep

    furiously (incolores idias verdes dormem furiosamente) apresenta os traos degramaticalidade integral; no entanto, constitui (fora, evidentemente, do planometafrico, onde todas as interpretaes so possveis) um enunciado incompreensvelno plano referencial-deno- tativo, pois h incompatibilidade lgica entre os seuscomponentes, que se isoladamente tm sentido, no conjunto no tm: idiasno podemser verdesnem incolores, e muito menos ser uma coisa e outra ao mesmo tempo. claroque metaforicamente poderiam ser isso ou algo muito diverso; mas, ento, um dessesadjetivos ou ambos estariam desvinculados do seu trao semntico habitual, isto , doseu sentido prprio; denotando cor ou ausncia de cor, um exclui o outro, e nenhumdeles se ajusta a idiasyentidade abstrata. E se idiasno podem, no plano da realidade,se verdes nem incolores, tampouco podem dormir (a menos que este verbometaforicamente signifique algo diferente). Furiosamente, por sua vez, tem umsignificado tal que s se aplica, denotativamente, a ser animado, da mesma forma queo verbo dormir? Assim, por razes de impertinncia semntica entre os seuscomponentes, esse conjunto de palavras s frase na sua estrutura gramati-

    4 Predominante no apenas em Memrias sentimentais de Joo Miramar (1924) mas tambm cm Serafim PonteGrande (1933), essa estrutura de frase reflete aquele experimentalismo estilstico rebelde e irreverente dasegunda e da terceira dcadas deste sculo (impressionismo, que, alis, vem de muito antes, dadasmo,surrealismo, escrita automtica). Fragmentada e intencionalmente antidiscursiva, pictrica e visual maneira da tcnica cinematogrfica pela sua justaposio de pianos, essa frase revela o propsito deromper com os moldes tradicionais, de investir ironicamente, desdenhosamente at, contra a verbosidadeoca, elitista, e engravatada que, no apenas entre ns mas tambm alhures (ou sobretudo alhures), acabaraestiolando o estilo daquela prosa (e tambm daquele verso) cuidada, pomposa, apolnea, preciosista eelegante, purista e cannica herana parnasiana que precedeu a revoluo estilstica desencadea dapelo advento dos vrios ismos gerados pelo futurismo marinetiano. Se vlida como expe rincia, vlidasobretudo por ter rompido os grilhes rigidamente gramaticais e retricos do passado imediato ou remoto,no constitui, em virtude dos seus excessos, nem padro nem modelo. Tendo rompido com um passado,est hoje sepultada em outro. Mas deixou as suas pegadas, por onde outros seguiram e tm seguido commenos radicalismo.

    5 Cf. o comentrio que, a prposito dessa frase de Chomsky, faz R. Jakobson em Lingstica e comunicao,p.94-5.

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    O T H O N M . G A R C I A 3 5

    mas s mensagem no plano metafrico (ver 1. Fr., 1.6.8 e 2. Voc., 1.4), :: roder serentendida como um contexto potico, que depende fundamen-

    - .mente, predominantemente, da cultura e da subjetividade do leitor ou ou- ~e. pois,como diz I. I. Revzin (citado por T. Todorov no seu estudo Les zn _naliessmantiques, na revista Langages, nQ1, p. 119), le pote cre un zrJvers dans lequelse trouvent justifies des phrases qui navaient pas de seus dans sa langue.

    Em suma: fora desse universo a que se refere Revzin, no basta a frase sejagramatical para ser inteligvel; importa, ainda, que ela preencha outras condies,

    apresente outras caractersticas, entre as quais so- ::efsaem as que apontamos a seguircom propsito exclusivamente didti- importa, enfim, que ela, alm da condio de

    gramaticalidade:

    1. exclua duplicidade de informao (ambigidades lxicas homofonias e homografiase sintticas, .e., anfibologias propriamente ditas): O ci me da mulher levou-oao suicdio (quem tinha cimes? a mulher ou o suicida?). Conheci -o quandoainda criana (quem era criana? o sujei to (eu) ou o objeto (o) de conheci?).

    1. xclua tautologias nulificadoras de significado, quer as que resultam da ijnorncia dasignificao de determinada palavra, em frases do tipo "os oculistas so maiscompetentes do que os oftalmologistas, 6quer as que se configuram como crculovicioso ou petio de princpio (ver 4. Com., 2.2.3): Fulano morreu pobre porqueno deixou um vintm, o jmo faz mal sade porque prejudica o organismo.No primeiro ca- 53. s no haver nulificao total do significado, se, por hiptese,o ztrmooftalmologistas se revestir de certa conotao irnica, a traduzir possvelrepugnncia a termos tcnicos menos pedestres. No segundo. s h comunicaona orao principal: a causai, ou explicativa, nada diz porque nada acrescenta ao

    que se declara antes; pura tauto- logia.

    exclua incongruncias (incompatibilidades, impertinncia, incoerncia) semnticas,configuradas em ou resultantes de:

    i contradio lgica literal: os quadrpedes so bpedes, esta mesa redonda quadrada, seus olhos azuis so negros. certo que frases desse tipo s socontraditrias se tomadas ao p da letra, desprezan do-se toda possibilidade deum subentendimento quer de uma declarada contestao (esta mesa, que sesupe ser redonda, , na verdade, quadrada, seus olhos, que parecem azuis, so,na verdade, negros), quer de um sentido metafrico subjacente em algum oualguns dos seus termos: os quadrpedes, isto , as pessoas estpidas, so b -

    -xtrmplo inspirado por CHOMSKY, Aspects de Ia thorie syn taxi que.trad. f r ., p . 111 .

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    pedes. o subentendimento do sentido metafrico subjacente que d validadeaos paradoxos do tipo falo melhor quando emudeo, aos ox - moros, ou alianade contrrios (obscura claridade, triste contentamento. deliciosa desventura, doceamargura) e s sinestesias (rubras clari- nadas, voz acetinada, cor berrante).

    b) improprieda.de ou ausncia de partculas ou locues de transio entre os segmentos de umafrase: A paz mundial tem estado constantemente ameaada, posto que ahumanidade se v dividida por ideologias anta gnicas. Posto que no porque nem visto que, mas embora, se bem que. O progresso da

    cincia e da tecnologia tem resultado em extraordinrio desenvolvimento dosmeios de comunicao; os homens se desentendem cada vez mais. O que o autorda frase pretendia era mostrar o contraste entre o desenvolvimento dos meios decomunicao e o desentendimento entre os homens, contraste que deveria virexplicitamente indicado por partcula de transio adequada, como no entanto,por exemplo; o simples ponto-e-vrgula no suficiente para estabelecer essarelao, de forma que os dois segmentos do texto no chegam a constituir umaunidade frasal, mas apenas duas declaraes desconexas (ver 3. Par., 4.0).

    c) omisso de idias de transio lgica: O progresso tecnolgico apresenta tambm seulado negativo: a incidncia de doenas das vias respiratrias torna-se cada vezmaior em cidades como Tquio, Nov York e So Paulo. A omisso de referncia poluio do ambiente, provocada pelos gases venenosos expelidos por veculos,fbricas, incineradores, etc. das grandes cidades, torna as duas declaraes,contidas nas duas oraes justapostas, se no incompatveis, pelos menos descone-xas ou dissociadas. A omisso de certas idias, de certos estgios do raciocniopode levar a estabelecer falsas relaes: Verdadeira revoluo na rea dostransportes e das comunicaes levou ao desenvolvimento de novas fontes de

    energia, e recentes conquistas da eletrnica e da fsica nuclear modificaramprofundamente o conceito de guerra. certo que a revoluo na rea dostransportes e das comunicaes levou ao desenvolvimento de novas fontes deenergia, mas preciso explicar como,o que o autor no fez por ter omitido certasidias de transio, certos estgios da seguinte relao de causa-e-efeito: revoluonos transportes > aumento do consumo de combustveis > possvel escassez ouexausto deles > necessidade de novas fontes de energia (combustveis, etc.).Difcil ainda de perceber a relao entre revoluo nos meios de transportes erecentes conquistas da eletrnica e da fsica nuclear que modificaram o conceitode guerra. No caso, uma locuo como por outro lado, em vez de um simplese, correlacionaria mais adequadamente as duas declaraes, mostrando que elascorrem paralelas e vo ser desenvolvidas a seguir.

    d) subverso na ordem das idias : Apesar dos conflitos ideolgicos, raciais e religiososque marcam inconfundivelmente as relaes entre os indiv

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    O T H O N M . G A R C I A 3 7

    duos nos dias de hoje, extraordinrio o progresso alcanado pelos meios decomunicao. A ordem das idias parece subvertida, do que resulta umainadequada relao de oposio entre elas : o que o autor queria dizer que apesardo extraordinrio progresso dos meios de comunicao as relaes entre osindivduos se caracterizam por conflitos ideolgicos, raciais e religiosos.

    4. revele conformidade com a experincia geral de uma dada comunidade cultural: O Sol glido, A Lua quadrada, A Terra cbica, Os rpteis so mamferos

    constituem enunciados de gramaticalidade integral e indiscutvel mas designificado absurdo ou falso, porque contrrios a toda a nossa experincia culturale lingstica.

    5. constitua um enunciado que, no plano denotativa frise-s e bem encerre um mnimo deprobabilidade: A guia conhece a mecnica dos corpos. Ser que conhece?

    6. seja estruturada de tal forma que no exija a remanipulao dos seus componentes para setornar inteligvel:Creio que j lhe disse que a ao de despejo que o advogado queo proprietrio do apartamento que eu desconheo mandou me procurar me disseque me vai mover uma causa perdida. Apesar dos seus enlaces sintticosindiscutveis ( possvel, com algum esforo, destrinchar, classificar e analisar asoraes que compem o perodo), essa frase se enleia e se embaralha nas artima-nhas das suas mltiplas incidncias, tornando-se catica e extremamente confusa.*

    (Para outros aspectos sintticos e estilsticos da frase, ver, a seguir, 1.2, 1.3 e2.5 a 2.8. Quanto a gramaticalidade e incongruncia, ver tam bm 1.4.5.2, Paralelismosemntico.)

    1. 0 Frases de situao

    Do ponto de vista da integridade gramatical, a frase , como vimos, umaunidade do discurso em que entram sujeito e predicado. Mas nem sempre assim. Jvimos, de passagem, que h oraes ou frases sem sujeito. Existem tambm as que notm ou parecem no ter nem um nem outro desses termos, ou os tm de maneirapuramente mentalizada.

    s vezes, no contexto da lngua escrita .e., no ambiente lingstico onde seacha a frase ou na situao da lngua falada i.e., no ambiente fsico e socialonde enunciada Jum desses termos ou am

    * Quanto essencia dos itens 4, 5 e 6, cf. DUBOIS, Jean, el al., Dictionnaire de linguistique, verbete

    granunaticalit.7CMARA JNIOR, J. Matoso. Princpios de lingstica geral, p. 103.

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    3 8 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    bos esto subentendidos. Uma advertncia ou aviso (Fogo! Perigo de vida, Contramo), um anncio (Leilo de obra de arte ,Apartamentos venda), uma ordem (Silncio!), um juzo(Ladro, Le.fVoc um ladro),um apelo (Socorro!, Uma esmolinha pelo amor de Deus!), a indicao de um fenmeno (Chuva!i.e., Est chovendo), um simples advrbio ou locuo adverbial (Sim, No, Sem dvida,Com licena), uma exclamao (Que bom!), uma interjeio (Psiu!) so ou podem serconsiderados como frases, embora lhes falte a caracterstica material da integridadegramatical explcita. S mentalmente integralizados, com. o auxlio do contexto ou dasituao, que adquirem legtima feio de frase.

    A esse tipo de frase chamam alguns autores frase de situao, 8 e outrosfrases inarticuladas,9 entre as quais se podem ainda incluir, alm das acimaindicadas, as saudaes (Bom dia), as despedidas (At logo), as chamadas ouinterpelaes, isto , vocativos desacompanhados (Joaquim!) e fragmentos de perguntasou respostas. No discurso direto (dilogo), se algum nos diz Ele chegou, provvelque peamos um esclarecimento sob a forma de um fragmento de perguntarepresentado por um simples pronome interrogativo Quem? em que sesubentende Quem chegou? ou um advrbio interrogativo Quando? i.e.yQuando chegou? So frases de situao ou de contexto, insubsistentes por si mes -mas, se destacadas do ambiente lingstico ou fsico e social em que so enunciadas.

    1.3 Frases nominais

    H outro tipo de frase que tambm prescinde de verbo, constituda que

    apenas por nomes (substantivo, adjetivo, pronome): Cada louco com sua mania, Cadamacaco no seu galho, Dia de muito, vspera de nada. Nessas frases, chamadas nominais etambm, mas indevidamente, elpticas na realidade no existe verbo, o qual, entretanto, pode ser mentado: cada louco(tem, revela, age de acordo) com sua mania:, cada macaco(deve ficar) no seu galho, dia demuito(, sempre foi), vspera de nada. A frase, em si mesma, no elptica; o mximoque se poderia dizer que o verbo talvez o seja.

    Caracterstica de muitos provrbios e mximas, comum na lngua falada,ocorre com freqncia na lngua escrita, em prosa ou em verso. E uma frasegeralmente curta, incisiva, direta, que tanto indica de maneira breve, sumria, asperipcias de uma ao quanto aponta os elementos essenciais de um quadrodescritivo, quer em prosa:

    * Cf. FRANCIS, W. Nelson. The structure of American English,p. 374. yCf. MROUZEAU. J. Prcis de stylistique franaise,p. 146. Cf. ainda Saicl Ali, Meios de e x

    presso e alter aes sema nticas,p. 48 e ss.

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    O t h o n M . G a r c i a 39

    D dois passos e abre de leve um postigo. A luz salta para dentro. Eo quarto de Vasco se revela aos olhos dela [Clarissa].

    No disse? No h mistrio.

    A cama de ferr o, a colc ha branc a, o trav essei ro com fro nha de mo - rim. Olavatrio esmaltado, a bacia e o jarro. Unia mesa de pau, uma cadeira de pau, o tinteironiquelado, papis, uma caneta. Quadros nas paredes.

    (E. Verssimo, op. cit.,p. 220)

    uer em verso:

    Sangue coalhado, congelado, frio Espalmado nas veias... Pesadelo sinistro de algum rioDe sinistras sereias.

    (Cruz e Souza, T dio, Faris)

    Sobre o capim orvalhado e cheiroso...Maciez das boninas,espinho de rosetas,cricris sutis nesse mundo imenso,to pequenino...

    (Augusto Meyer, Sombra verde, Poesia)

    ...E as minhas unhas polidas Idia de

    olhos pintados... Meus sentidosmaquilados A tintas desconhecidas...

    Fitas de cor; vozearia Os automveis repletos:Seus chauffeurs os meus afetosCom librs de fantasia!

    (M rio de S -Carneiro, Sete can es de decl nio, Poesias)

    No primeiro exemplo, a enumerao relativamente longa, se bem que nocatica, pois arrola apenas os elementos afiliados por contigida- de no conjunto doquadro (o quarto de Vasco), poderia vir enfiada num ou mais verbos, mas verbos,por assim dizer, andinos, verbos de existncia, de estado ou repouso, facilmentementveis: havia, existia, estava e seus associados semnticos ocasionais (encontrava-se,

    via-se, estendia-se). Trabalhada maneira tradicional, a frase ficaria mais ou menosassim: Ha

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    4 0 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    via uma cama de ferro (sobre a qual se estendia) uma colcha branca e (onde repousava)um travesseiro com fronha de morim... etc. com um s verbo (haver) a servir demadrinha a toda a tropa de nomes, ou um para cada unidade do trecho (repousava,estendia-se, etc.). Mas, qualquer que fosse ele ou eles, seriam verbos de encher, e aconscincia ou prescincia de que seriam desse teor levou o autor a evit-los, porpresumveis, contribuindo assim para a economia da frase, j que no era seupropsito deter-se na descrio detalhada do quarto, nem lhe interessava fantasiar ouanimizar os seus componentes. Tratava-se apenas de uma viso inicial rpida, de umsimples correr dolhos sem mais detena.

    Nos exemplos em verso, mais ainda do que no anterior, a presena do verbo

    praticamente perdoem-nos o adjetivo e a grafia inment- vel. O que os trspoetas queriam expressar eram puras sensaes de asco e tdio, em Cruz e Souza,de volpia sensorial, em Augusto Meyer, e de imagens que se gravaram na r etina e namemria do poeta, em S-Car- neiro. Neste, alis, como nos simbolistas eimpressionistas de um modo geral, so muito freqentes as frases nominais: no poemade que extramos o exemplo h vinte e duas estrofes assim constitudas.

    No caso dos provrbios, o verbo facilmente mentvel. Num exame rpido decerca de trezentos deles, dos mais comuns, verificou-se que vinte e seis eramconstitudos por frases nominais do tipo cada macaco no seu galho (uma unidade)ou dia de muito, vspera de nada (duas unidades em paralelismo). Desses vinte eseis, dezesseis mais de 60% poderiam admitir o verbo ser ou correlatos; oito cerca de 30% , haverou correlatos, e somente dois admitiriam verbos de outras reas(um ir, o outro, ter).

    Ora, nos provrbios de estrutura frsica no nominal, a variedade dos verbos inumervel, o que nos leva a presumir que nominais so, na quase-totalidade doscasos, aquelas frases cujo verbo, mentvel, .e., pensvel serou da rea de ser,excepcionalmente havere rarissimamen- te outros.

    A tradio das frases sem verbo data do prprio latim (Ars longa, vitabrevis), particularmente na linguagem familiar, como nas comdias de Plauto.Entretanto, mesmo os clssicos puristas como Csar e Ccero, para no citar outros,delas se serviam habitualmente.

    Todavia, ao classicismo dos sculos XVI a XVIII, principalmente na literaturafrancesa, parecia repugnar esse tipo de construo, que, em certa medida, s segeneralizou no decurso do sculo XIX, a partir do romantismo, ou mais exatamente, apartir de Victor Hugo: Dans les lettres com - me dans la socit, point d'tiquette,point danarchie des lois. Ni talons rouges, ni bonnet rouge. 10

    10 ApudCOHEN, Marcel. Grammairc et style,p. 93.

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    Na literatura brasileira contempornea, quase todos os novelistas e cronistasdelas se servem em maior ou menor grau mas preciso frisar bem: de prefernciaou quase exclusivamente no estilo descritivo. Veja-se o exemplo de um cronista muitoem voga, um daqueles cinco ou seis contemporneos que manipulam a crnica comhabilidade e senso artstico inexcedveis:

    Um calor danado em Roma, N poles em farrapos.

    Abismos em Cosenza; primeiras notcias de Giuliano: os banditdacabamde explodir um caminho com oito carabinieri.

    (Paulo Mendes Campos, in: Quadrante 2,p. 170)

    O segundo trecho (Abismos em Cosenza...) constitui um perodo h brido:parte com verbo (acabam de explodir), e parte sem ele. o processo talvez maiscomum: s algumas oraes, quase sempre as primeiras do perodo, so nominais,seguindo-se-lhes outra ou outras (subordinadas) com verbo claro. Veja-se o exemploque nos oferece Ceclia Meireles:

    Chuvas de viagens: tempestades na Mantiqueira, quando nem osponteiros dos pra-brisas do vencimento gua; quando apenas se avista,recortada na noite, a paisagem sbita e fosfrea mostrada pelos relmpagos.Catadupas despenhando sobre Veneza, misturando os cus e os canais numagua nica, e transformando o Palcio dos Doges num imenso barco mgico(...)

    Chuvas antigas, nesta cidade nossa, de perptuas enchentes: a de 1811,que, com o desabamento de uma parte do morro do Castelo, soterrou vriaspessoas (...)

    Chuvas modernas, sem trovoada, sem igrejas em prece mas com as ruasigualmente transformadas em rios, os barracos a escorregarem pelos morros(...)

    (Chuva com lembranas, in: Quadrante2, p. 59)

    As subordinadas que se seguem s nominais so na sua maioria oraesreduzidas de gerndio; mas Ceclia Meireles nos d exemplos de ou tras: quando osponteiros... nem do vencimento gua, quando ape nas se avista... (a de 1811)que... soterrou vrias pessoas, os barracos a escorregarem..., alm das gemndiais

    despenhando sobre Veneza e transformando o Palcio dos Doges...

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    . . rocessos s nt t cos

    14.1 Coordenao e subordinao: encadeamentoehierarquizao

    Num perodo composto, normalmente estruturado isto , no constitudopor frases de situao ou de contexto , as oraes se interligam mediante doisprocessos sintticos universais: a coordenaoe a subordinao.A justapos io, apesar delegitimamente abranger uma e outra, ensinada no Brasil como variante da primeira,e a correlao, como variante da segunda.11

    Na coordenao (tambm dita parataxe), que um paralelismo de funes ouvalores sintticos idnticos, as oraes se dizem da mesma natureza (ou categoria) efuno,12devem ter a mesma estrutura sinttico- gramatical (estrutura interna) e seinterligam por meio de conectivos chamados conjunes coordenadvas. E, em essncia,um processo de encadeamentode idias (ver, a seguir, 1.4.5.2).

    As conjunes coordenativas (algumas das quais ligam tambm palavras ougrupos de palavras sintagmas e no apenas oraes) relacionam idias oupensamentos com um grau de travamento sinttico por assim dizer mais frouxo doque o das subordinativas. E e nem (= e no) so a s mais tpicas das conjunes etambm as mais vazias de sentido ou teor semntico, pois sua funo precpua 13

    juntar o u aproximar pala vras ou

    11 A Nomenclatura gramatical brasileira, ao tratar cia composio do perodo, ignorou tanto a justaposioquanto a correlao. que, segundo orientao lingstica mais atualizada, a justaposio, como processosinttico, consiste em encadear frases sem explicitar por meio cie partculas coordenativas ousubordinativas a relao de dependncia entre elas. Nesse sentido, d-se-lhe tambm o nome de parataxe. Acorrelao uma construo sinttica de duas partes relacionadas entre si de tal modo que a enunciaaoda primeira prepara a enunciao da segunda (ver 1. Fr., 1.5.3). No Brasil, seguindo-se a orientao de JosOiticica (cf. Teoria da correlao, passim) e de outros autores, considera-se a correlao ora como um processoautnomo ora como uma variante da subordinao.

    12 F.sse o conceito tradicional e ortodoxo, entretanto j sujeito a reviso (ver, a seguir, 1.4.2).

    13 Em alguns contextos ou situaes, a partcula eparece imantar-se do significado dos membros da frasepor ela interligados, insinuando assim idias de distino, discriminao, oposio ou contraste, incluso,simultaneidade, realce e, ocasionalmente, outras. Em H estudan tes e estudantes ..e contagia-se da

    distino implcita (sugerida no apenas pelo contexto em que se insira a frase mas tambm pelasreticncias ou pelo rom rericencioso da sua enunciao} entre os atributos de duas categorias deestudantes': os verdadeiros, i.e.,assduos, estudiosos, e os outros, que se dizem tais. Nesse caso, e indicaadio com discriminao ou distino e, mesmo, oposio. Em frases semelhantes, o segundo elemento dacoordenao (palavra ou sintagma) geralmente se reveste de certo matiz pejorativo: h mulheres emulheres... significa "h mulheres boas, dedicadas, honestas, e mulheres que no se distinguem por essas

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    oraes da mesma natureza e funo. So conjunes de adioou de aproximao; da,o nome de aditivas(ou aproximativas, denominao adotada no Brasil at certa poca).

    A alternativa tpica oa relaciona idias que se excluem ou se alternam,podendo repetir-se antes de cada um dos elementos por ela en cadeados: Ou vai ouracha. As outras alternativas vm obrigatoriamente repetidas, em pares: ora... ora,quer... quer, j... j, seja... seja. s vezes o par quer... quer se interpola com seja... seja,dando lugar a uma estrutura aparentemente hbrida alternativa-concessiva, pois,nesse caso, seja mesmo o verbo ser, tanto assim que no s concorda com o nome(sujeito ou predicativo) que se lhe posponha como tambm pode ser substitudo poroutro verbo: Ho de pagar o prejuzo, quer sejam (culpados) quer no sejamculpados. Ho de pagar o prejuzo, quer lhes caiba (a culpa) quer no lhes caiba aculpa. (Quanto ao valor concessivo de quer... quer; ver, a seguir, 1.4.2.)

    As adversativas (mas, porm , contudo, todavia, no entanto, entretanto) marcamoposio (s vezes com um maiz semntico de restrio ou de ressalva). Por seremetimologicamente advrbios trao j muito esmaecido em mas e porm, mas aindavivo nas restantes , as adversativas, como tambm as explicativas e as conclusivas,so menos gramaticaliza- das, quer dizer, menos despojadas de teor semntico, do quee, neme ou. Sua funo de conjuno , alis, fato relativamente recente na lngua por-tuguesa, fato de ocorrncia posterior ao sc. XVIII. Ainda hoje, os dicionrios,registram entretanto, (no) entanto e todavia como advrbios, embora lhes anotemigualmente a funo de conjunes. No Dicionrio da lngua portuguesa, de Antnio deMoraes Silva, quer na 1- ed. (1789) quer na 6-

    virtudes. Assim tambm em h jovens e jovens..., h velhos e velhos..., sente -se, ntida, a distinoentre duas espcies da mesma classe (de jovensou de velhos). Contaminada pelos plos semnticos entre osquais se situe, a conjuno e traduz freqentemente a idia de contradio, oposio ou contraste,equivalente a mas ou porm,a e no obstante ou a mas, apesar disso:Ficou de vir e (= mas) no veio; Faloumuito e (- rnas) no disse nada q ue se aproveite; F.m mais forte do que o adversrio e (= eno obstante,mas, apesar disso) foi derrotado. (E comum pr no obstante entre vrgulas.) Entre palavras antitticas ouque expressem idias mutuamente excludentes, epode exprimir simultaneidade: um escritor clssico e(ao mesmo tempo) romntico. Km outros casos, quando entre palavras de sentido relativo (como, porexemplo, certos nomes de parentesco em linha colateral), sugere reciprocidade: Pedro e Paulo soprimos (entre si): Esa e Jac era m gm eos e riv ais (um do out ro, reci proc ame nte ); A e B so lin hasparalelas (entre si). Ocasionalmente, indica incluso e realce, como no conhecido verso de Cames Os doze de Inglaterra e o seu Magrio (Lus.,I, 12) que se entende como os doze de Inglaterra e (= inclusive, principalmente) o seu Magri- o". Sedenotasse apenas adio, seriam treze os doze de Inglaterra, pois Magrio era um deles, o que mais serealava pela bravura e feitos. Em agrupamentos tais como Joaquim Nabu- co e a abolio, Rui llarbosa e aRepblica, Castro Alves e o Romantismo, e eqivale, em essncia, locuo prepositiva em face de. (Algumas

    dessas observaes, devo-as a troca de idias com o Prol'. Rocha Lima.)

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    4 4 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    (1858), at mesmo o porm aparece como advrbio, com a ressalva, entretanto, de quehoje usa-se como conjuno restritiva, dando -a o Autor como sinnimo de contudoetodavia(mas no averba contudoe registra todavia como advrbio).

    Por isso, i.e., por serem essencial e etimologicamente advrbios, que 7ientanto, entretanto, contudo e todavia vm freqentemente precedidos pela conjuno e:Vive hoje na maior misria e (,) no entanto (,) j possuiu uma das maiores fortunasdeste pas. A ser no entanto simples conjuno, simples utenslio gramatical(conectivo), toma-se difcil a classificao da orao: coordenada aditiva, em funodo e, ou adversativa, em funo do no entanto? evidente que no poder ser umacoisa e outra. A ortodoxia gramatical aconselharia a supresso do e, em virtude de,

    modernamente, se atribuir a no entanto valor de conjuno. Mas, se se aceita oagrupamento, a orao ser aditiva, e no entanto, advrbio, caso em que costuma (oudeve) vir entre vrgulas. 0 que se diz para no entantoserve para entretanto, todavia, noobstante. Tambm masaparece s vezes junto a contudoe todavia, dando como resultadouma construo que os cnones gramaticais vigentes condenam por pleonstica, comoo fazem com o exemplo clssico (ainda comum em certa camada social) mas porm.certo que, quando, por descuido ou no, mas e contudo, mas e todavia (e at mas eentretanto e mas e no entanto) ocorrem na mesma orao, costumam vir distanciadospela intercalao de outro(s) termo(s) da orao, por sentir o emissor que se trata departculas mutuamente excludentes, sinnimas ou equivalentes que so.

    As explicativas {pois, porque) relacionam oraes de tal sorte que a segundaencerra o motivo ou explicao (razo, justificativa) do que se declara na primeira. Emvirtude de afinidade semntica entre motivo e causa, porque, explicativa, confunde-secom porque , subordinativa causai (ver, a propsito, 3. Par., 2.5). Quanto opo entrepoise porque , ver 1. Fr., 1.6.3.3, letra c, in fine.

    As conclusivas (logo, pois, portanto) entrosam oraes de tal modo que aquilo

    que se afirma na segunda conseqncia ou concluso (resultado, efeito) do que sedeclara na primeira: Penso, logo existo. Ouviste a advertncia; trata, portanto (oupois), de acautelar-te. Cumpriste o dever; portanto, no h motivo para que tecensurem. As locues adverbiais por conseqncia, por consegui nte, por isso funcionamtambm como conjunes conclusivas: Penso, logo (por conseqncia, por conseguinte,por isso) existo. (Ver 1. Fr., 1.6.4.)

    As explicativas e conclusivas, mais at do que as adversativas, estabelecem toestreitas relaes de mtua dependncia entre as oraes por elas interligadas, que aestrutura sinttica do perodo assume caractersticas de verdadeira subordinao (ver,a seguir, 1.4.2).

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    O T H O N M . G A R C I A 4 5

    Na subordinao (tambm chamada hipotaxe), no h paralelismo masdesigualdade de funes e de valores sintticos. um processo de hierarquizao,em queo enlace entre as oraes muito mais estreito do que na coordenao. Nesta, asoraes se dizem sinttica mas nem sempre semanticamente independentes; naquela, asoraes so sempre dependentes de outra, quer quanto ao sentido quer quanto aotravamento sinttico. Nenhuma orao subordinada subsiste por si mesma, i.e., sem oapoio da sua principal (que tambm pode ser outra subordinada) ou da principal doperodo, da qual, por sua vez, todas as demais dependem. Portanto, se no podemsubsistir por si mesmas, se no so independentes, porque fazem parte de outra,

    exercem funo nessa outra. Isto quer dizer que qualquer orao subordinada , narealidade, um fragment o de frase , mas fragmento diverso daquele que estudamos nasfrases de situao ou de contex to e em 1. Fr., 2.6. Se achassem gua por ali perto uma orao, mas no uma frase, pois nada nos diz de maneira completa e definida; apenas uma parte, um termo de outra (beberiam muito) na qual exerce a funo deadjunto adverbial de condio.14

    14 So vrias as funes que as oraes subordinadas exercem em outra (sujeito, complemento, adjuntoadnominal, adjunto adverbial). guisa de reviso, at certo ponto necessria ao desenvolvimento destecaptulo, damos a seguir amostras dessas funes, manipulando sempre que possvel o mesmoagrupamento de idias. As trs famlias de oraes subordinadas (A substantivas, B adjetivas, C adverbiais) podem ser desenvolvidas (exemplos de letra a), quando tm conectivo, ou reduzidas , quando overbo est numa das suas formas nominais: infinitivo (exemplos de letra b), gerndio(exemplos de letra c) eparticipio (exemplo de letra d).

    A Substantivas(valor de substantivo):

    1. FUNO DE SUJEITO:a) preciso que digamos a verdade.b) F. preciso dizermos a verdade.

    2. FUNO D F . O BJETO D I RETO:

    a) Peo-te que digas a verdade.No sei se ele disse a verdade.Quero saber quemdiz a verdade.

    b) Peo-te dizer a verdade.

    3. FU N O D E O BJETO I ND I RF.TO :

    a) T\ido depende ti

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    4 6 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    1.4.2 Falso coordenao: coordenao gramatical e subordinao

    psico lgica

    Segundo a doutrina tradicional e ortodoxa como j assinalamos , asoraes coordenadas se dizem independentes, e as subordinadas, dependentes.Modernamente, entretanto, a questo tem sido encarada de modo

    B Adjetivas(valor de adjetivo):

    FUNO: ADJUNTO A D NO MIN Al.

    a) H verdades que no se dizetn.

    b) H muita gente a passar fome.

    c) H muita gente passando fo me.

    d) H verdades ditas de tal modoque parecem mentiras.

    C Adverbiais (valor de advrbio):

    FUNO: ADJUNTO ADVERBIAL

    1. Concessivas (ou de oposio, pois marcam um contraste semelhante ao que, em grau diverso, seexpressa com a coordenada adversativa):

    a) Embora diga a verdade, ningum lhe d crdito.

    b) Apesar de dizer a ver dade,ningum lhe d crdito.

    c) Mesmo dizendo a. verdade,ningum lhe d crdito.

    2. Temporais (indicam tempo simultneo, anterior ou posterior):

    I Fatos simultneos:a) Enquanto disser o verdade,todos o respeitaro.

    b) Ao dizera verdade, todos o respeitaro.

    c) Dizendo a verdade,saberemos o que houve.N.B.: O sentido das reduzidas de gerndio depende muito do seu contexto: no caso da letra c, di zendo"tanto pode expressar causa quanto condio (porque disse", como disse" ou se disse).

    II Fato posterior a outro:a) Depois que disse a verdade,arrependeu-se.

    b) Depoisde dizer a verdade, arrependeu-se.

    c) Tendo dito a verdade, arrependeu-se.

    III Fato anterior a outro:a) Antes que digas a ver dade, pensa nas conseqncias.

    b) Antes de dizer es a verdade,pensa nas conseqncias.

    3. Causais;

    a) Conto disseste a verdade,nada te acontecer.

    Nada re acontecer, porque disses te a verdad e.

    b) Por teres dito a verdade,nada te acontecer.

    c) Tendo dito a verdade(dizendo), nada te acontecer.

    d) Interrogado habilmente, ele confessou a verdade.

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    O T H O N M . G A R C I A 4 7

    diverso.15 Dependncia semntica mais do que sinttica observa-se tambm nacoordenao, salvo, apenas, talvez, no que diz respeito s conjun es e, ou enem. Que independncia existe, por exemplo, nas oraes portanto, nosairemos? e mas ningum o encontrou? Independn cia significa autonomia,autonomia no apenas de funo mas tambm de sentido. Que autonomia de sentidoh em qualquer desses dois exemplos? Nenhuma, por certo. A comunicao de umsentido completo s se far com o auxlio de outro enunciado: Est chovendo;portanto, no sairemos; Todos o procuraram, mas ningum o encontrou.

    O par alternativo quer... quer, includo nas conjunes coordenativas, tem

    legtimo valor subordinativo-concessivo quando se lhe segue verbo no sub- juntivo:Irei, quer chova, quer faa sol corresponde a irei, mesmo que cho va, mesmo quefaa sol. At a vrgula que se impe antes do primeiro quer (mas facultativa antesdo segundo) insinua a idia de subordinao, uma subordinao concessivo-condicional, como se pode sentir melhor no seguinte exemplo, de nota aposta aosoriginais desta parte pelo Prof. Rocha Lima.

    Irei, quer queiras, quer no queiras.

    eqivale a

    Irei, sequiseres ou (e) mesmo queno queiras.

    4. Finais(conseqncia desejada ou preconcebida):

    a) Para que dissessea verdade, foi preciso amea-lo.

    b) Para dizeres a verdade, preciso ameaar-te.

    5. Condicionais (condio ou suposio):

    a) Se no podes dizer a verdade, prefervel que le cales.

    b) A no dizer esa verdade, prefervel que te cales.

    c) No dizendo a verdade,nada conseguirs.

    6. Consecutivas (efeito ou conseqncia de fato expresso em orao precedente): a) Disse

    tantas verdades, que muitos ficaram constrangidos.N.B.: A respeito das reduzidas de infinitivo com valor consecutivo, ver 1.6.4.

    7. Conformativas:a) Disse a verdade, conforme lhe recomendaram.

    8. Proporcionais :a) medida que cresce, menos verdades diz.

    Quanto mais velho fica,menos verdades diz.

    9. Comparativas:a) Disse mais verdades do que mentiras.

    Mente como ningum. Mente tanto quanto voc.

    Obs.: A nomenclatura gramatical brasileira no reconhece a existncia de oraes modais. Mas como

    classificar chorando no seguinte perodo: Saiu chorando ? Ou rnodal ou tem valor de predicativo,equivalente a saiu choroso.(Cf. ALI. Said. Gramtica histrica, 5 aed., p. 354 e ss.)

    IS Cf. ANTOINE, Grald. La coordination en franais, passimmas principalmente v. 1, p. 144 e ss.

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    4 8 C O M U N I C A O E M P R O S A M O D E R N A

    Portanto, quando se diz que as oraes coordenadas so da mesma natureza,cumpre indagar: que natureza? lgica ou gramatical? As conjunes coordenat