oskar lange – ensaios sobre planificação econômica

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  • 7/22/2019 Oskar Lange Ensaios Sobre Planificao Econmica

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    Oskar LangeEnsaios Sobre Planificao Econmica

    IModelos de desenvolvimento econmico

    O desenvolvimento segundo Lange no tinha muita importncia para muitoseconomistas, os estudos de alguns deles estava centrado no equilbrio econmico e essedesenvolvimento ocorreria espontaneamente.

    O autor faz um breve comentrio sobre a primeira guerra mundial abordando quehouve desenvolvimento nos pases socialistas quando teve inicio a Revoluo Russa,surgindo assim pases como China e Unio Sovitica. Outro exemplo que ele cita foramos movimentos denominados por ele de movimentos revolucionrios nacionalistas,revolues que foram feitas por pases que eram colnias. Com esse levantamento os

    pases que no eram desenvolvidos tinham problemas de progresso econmica e queforam fatores centrais para estudar o tema de planificao.

    Lange enumera trs modelos:

    IModelo Capitalista (Europa Ocidental e EUA).

    IIModelo Socialista (Unio Sovitica, Europa Oriental/Central, China e outros pasesasiticos).III Modelo NacionalistaRevolucionrio (Pases/Dependentes coloniais esemicoloniais)

    Segundo Lange o fator essencial do desenvolvimento econmico o aumento daprodutividade do trabalho. Isso ser possvel de trs maneiras, acumulao de parte doproduto para investimento, progresso da tcnica e uma melhor organizao nasatividades da economia. Economias estagnadas tem baixo ndice de recursos para seinvestir gerando uma baixa produtividade do trabalho e pequenos ndices de excedentesno so suficientes para o motor econmico trabalhar, sendo que parte do excedentedeve ser para investimento. Para alguns economistas o modelo capitalista essencial aodesenvolvimento da economia, mas porque o sistema em si gera tantas desigualdadessociais econmicas? Simplesmente por suas falhas sistemticas, como ressaltou

    Schumpeter em seus ciclos econmicos.

    Lange enumera algumas caractersticas do capitalismo, so elas: acumulao docapital, investimento produtivo e explorao. Isso acelera o desenvolvimento. Sendoque o Estado subsidia muitas empresas privadas e essas aceleram. Acelerar odesenvolvimento no sinnimo de que o sistema permanea constante para sempre.Para Lange pases que eram menos desenvolvidos, taxas de lucros que so maioresajudam a se desenvolver. O capitalismo dos pases desenvolvidos estavam se tornandomonopolistas e imperialistas, dessa forma era impraticvel em pases subdesenvolvidosessa forma dinmica de capitalismo.

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    O capital das economias subdesenvolvidas de carter muitas vezes unilateral,grande parte desses investimentos no vai para o pas que utiliza essa forma dinmica dese desenvolver, mas para o pas sugador. Esse capital implementado no tem foramotora para desenvolver-se, nisto Lange preciso. Pases que sofriam disso tomamoutro rumo.

    Dentro desse aspecto Lange diz que os agentes principais da revoluo social forama estatizao dos setores de indstrias, comrcio, finanas e transportes. Fazendo umareforma agrria adequada e assim abolindo elementos feudais e dividindo a terra. Sevoltarmos no tempo e analisar a situao da Amrica do Norte e Amrico do Sul

    percebemos que so bem distintas e h uma diferena na colonizao de ambos, EUA eBrasil. Se no Brasil em tempos passados fosse criado sistemas de estatizao isso iriafornecer lucros para novos investimentos industriais, assim iria gerar reinvestimentossobre os prprios lucros, mas isso era invivel, pois no existia estado e muito menos

    indstria. A indstria que existia todo seu lucro iria para a capital sugadora.Em alguns pases parte dos camponeses, que receberam terras, contribua com um

    pequeno imposto, o Estado recolhia esse imposto para novos investimentos, mas oBrasil na situao que vivia era invivel tal prtica, pois era uma sociedade na base daescravido e cobrar imposto de escravo muito contraditrio, muitos at pagaramimposto s que esse foi com sua prpria vida.

    O modelo nacionalista-revolucionrio, segundo Lange, organizado nos mesmosmoldes que o modelo socialista, investimentos estatais e pblicos. O investimento

    pblico ser a fora motora. Nos pases nacionalistas-revolucionrios a estatizao limitada no quesito, capital estrangeiro. Nota-se que o Estado tem em parte totalautonomia. O modelo de desenvolvimento para Lange : o desenvolvimentoeconmico no espontneo como no modelo capitalista clssico; ele conseguidoconscientemente atravs de planificao (p.12). Fica claro que o modelo nacionalista-revolucionrio e o socialismo tinham em comum, coisa que no capitalismo pode at ter,mas no duradouro.

    2Desenvolvimento Econmico Planificado

    A planificao econmica tem sua origem nas economias socialistas, e essa mesmaplanificao tem o objetivo de promover o desenvolvimento econmico. Odesenvolvimento no ocorre do Big Bang, mas de planificao econmica. O fatorestratgico da planificao o investimento produtivo, havendo esse investimento eledeve ser canalizado para setores da economia que iram aumentar o produto da economianacional.

    Segundo Lange a planificao tem dois problemas, mobilizar os recursos parainvestimento e encaminhar os investimentos. Existe os estmulo aos poupadores

    privados para que eles canalizem seus recursos para o desenvolvimento e uma

    tributao dos usos improdutivos da riqueza que no levam ao investimento produtivo.

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    O problema do desenvolvimento planificado assegurar os recursos e direcion-los. Lange subintitula o direcionamento do investimento em trs problemas que so:alocar investimentos tentando assegurar o crescimento da produo, assegurar odesenvolvimento equilibrado e, a eficcia dos recursos para o desenvolvimento daeconomia. Esses so os problemas enfrentados pela planificao ressaltados por ele. s pelo desenvolvimento das indstrias que produzem meios de produo que acapacidade produtiva da economia pode ser elevada (p.14).

    O investimento nos meios de produo no so nicos, para Lange necessriomais dois tipos de investimentos, na agricultura aumentando a produo de alimentos,com parte da populao empregada na rea industrial necessrio aumentar o nvel de

    produo alimentcia, pois o padro da vida aumenta. O outro tipo de investimento nainfraestrutura, sistema de transporte, estradas etc. Lange diz: um dos problemas demuitos, se no da maioria dos pases subdesenvolvidos era e isso fazia parte do

    sistema colonial ou imperialista que ocorria uma significativa construo dessainfraestrutura econmica puramente para atender s necessidades de exploraocolonial, no para o desenvolvimento do poderio produtivo do pas (p.15). Vendo essaafirmativa pensamos no caso do Brasil em sua poca de explorao e prostrao aosEuropeus.

    As economias subdesenvolvidas vivem dois dilemas (1) mtodos com menorintensidade de mo de obra e que propiciam um nvel de emprego mais baixo, mas queelevam rapidamente a produo e a renda nacional, ou de (2) outros mtodos comelevado coeficiente de mo de obra mas que levam a um ritmo mais lento do aumento

    da produo e da renda nacional (p.15). A economia subdesenvolvidadeve escolher aque plano deve seguir, em curto prazo maior intensidade de mo de obra, poisaumentar o emprego. No longo prazo, investir nas indstrias para aumentar a

    produo, assim a renda do pas ir se elevar, pois em certo tempo as indstrias quemesmo desenvolvendo-se de maneira devagar, posteriormente o que foi investido ir setornar em emprego.

    Segundo Lange no estgio inicial de desenvolvimento surge a necessidade deimportar matria-prima e mquinas. O processo de se industrializar exige aumento dasimportaes. Sendo que certo pases detm produtos exportveis e isso facilita o

    desenvolvimento, como era o caso do Brasil, nosso pas detinha de muitas riquezas quepor falta de organizao foram se esvaindo para Europa. Os pases que no tem recursosprprios devem reduzir os bens de consumo, para assim arrecadar divisas e gerarinvestimentos, se o Brasil tivesse feito isso a histria seria outra.

    Lange cita o equilbrio fsico que faz uma avaliao entre investimento e produo,fala de equilbrio monetrio, que o equilbrio nas rendas da populao, o equilbrioentre consumo e a produo de bens de consumo. preciso existir um sistema de preos

    para contabilizar os custos. O sistema de preos torna-se base para a contabilidade e

    incentivo. O problema nas economias socialistas e nacionalistas-revolucionarias assegurar o crescimento da capacidade produtiva. No estgio inicial a questo

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    mobilizar recursos para o investimento produtivo e dar direo para setores da economiaque aumenta mais rapidamente o potencial produtivo do pas, utilizando formas detecnologia com maior ndice de produtividade.

    3O desenvolvimento econmico e a cooperao internacional

    No terceiro tpico ele cita trs problemas, sobre questes de desenvolvimento,comrcio internacional, ajuda aos pases em desenvolvimento e por ltimo questes deorigem poltica que ser relacionadas ao desarmamento. O desarmamento para Lange uma ameaa a humanidade. Desarmamento radical causa problemas de realocao derecursos, as economias capitalistas tem problemas de demanda efetiva. Uma reduode gastos em armamentos feita rapidamente e em larga escala reduz a demanda dos

    produtos industriais armamentistas (p.20). Com isso reduz a produo e tambm onvel de emprego, reduzindo o consumo e investimento, uma quebra na balana.

    Existem duas maneiras de resolver o problema do desarmamento nos pasescapitalistas sem causar recesso ou depresso, uma o aumento do comrciointernacional e a outra ao do planejamento para a progresso econmica dos pasesque so subdesenvolvidos. Lange faz a proposta que os pases tanto capitalistas comosocialistas se desarmem, para assim liberar recursos para regies menos desenvolvidas.

    Regular a expanso do comrcio externo para Lange a essncia para se progredireconomicamente em regies de subdesenvolvidos. Pases em desenvolvimento precisamimportar capitais de outros pases ricos. O capital monopolista colhe grandes lucros,segundo Lange o capital privado que nos manuais de economia era de uma forma, na

    prtica totalmente outra, esse capital era de forma invertido agindo como um vampirosugador no qual os pases dependentes sofriam com essa suco feita.

    Para Lange existe o investimento bilateral, ou seja, o investimento de estado paraestado, a maioria dos pases socialistas utiliza esse tipo de acordo. A questo em si adotar investimento que levem diretamente ao desenvolvimento do potencial industrialdo pas. A Unio Sovitica tomou essa atitude para ajudar pases como, ndia, a sedesenvolver e ter um possvel crescimento. Se muitos pases capitalistas sedesarmassem os recursos que antes se utilizavam na construo de armamentos seria

    direcionado para os pases subdesenvolvidos.Pases industrializados mais desenvolvidos podem encontrar um campo til de

    cooperao econmica planificada em comum (p.25), ou seja, possvel encontrar umacordo se muitos pases deixarem de lado suas ferramentas blicas e unirem foras paraassim promover o progresso do desenvolvimento. A cooperao internacional ser demaneira pacfica, sem motivo de guerra, a teoria bela no papel na prtica vemos umadiscrepncia total, essa cooperao internacional para a sociedade se ajustar

    politicamente e economicamente, sendo assim ter seu progresso.

    II Alguns problemas referentes a planificao econmica dos pasessubdesenvolvidos

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    1 - O problema fundamental de uma economia subdesenvolvida

    Para Lange uma economia subdesenvolvida : uma economia em que o acervodisponvel de bens de capital no suficiente para dar emprego a totalidade da fora detrabalho disponvel utilizando as modernas tcnicas de produo (p.26) . O capital

    escasso para a sociedade trabalhadora.

    Existem duas opes para tais economias subdesenvolvidas, empregar mo de obracom tcnicas atrasadas de trabalho que resultam numa renda mais baixa. Outra formaseria adotar tcnicas mais sofisticadas de produo, segundo Lange poder ocasionaralto desemprego ou subemprego devido ao capital ser escasso. Percebe-se aqui que ateoria do equilbrio econmico falha. Com a mo de obra totalmente empregada arenda da economia ser baixa.

    Lange destrincha a frmula do desenvolvimento, onde:

    c Valor do acevo total de bens de capital disponveis;v Valor total da fora de trabalho empregada;

    grau mdio de intensidade de capital da produo;

    N Total de fora de trabalho empregadaw Taxa mdia de salrios

    Total de emprego

    N Total da fora de trabalho disponvel, para Lange est em subdesenvolvimento

    sempre que N

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    alimentcios, essa anlise retrata o caso de pases como o Brasil onde muitos estadosbrasileiro so pobres quando se fala de desenvolvimento.

    2A acumulao mediante o desenvolvimento econmico planificado

    O Capital estrangeiro, muitos deles, vem para os pases subdesenvolvidos em formade capital monopolista. Esse mesmo capital estrangeiro deve ser utilizado para fins dedesenvolvimento econmico, mas o pas precisa de recursos internos que possamfavorecer o terreno tais condies sero impostas pelos pases subdesenvolvidos.

    Os investimentos pblicos segundo Lange a mola que liga o desenvolvimento daeconomia. Estatizar as indstrias e os bancos pblicos uma via de melhoria, poisnenhum recurso ser para capitais monopolistas. Lange aconselha aos pases a fazeremuma revoluo popular. Mas preciso conscientizar as pessoas de tais revolues, queno seja que qualquer maneira, a utilidade de promover tais revolues. O problema defazer revolues que certas polticas no deixam.

    3O papel do setor estatizado

    O setor estatizado a fora motriz do desenvolvimento da economia, nesse setorque ocorre investimento. O desenvolvimento do setor estatizado em economiassubdesenvolvidas de grande importncia. Para Lange ele o ncleo e o ponto de

    partida do desenvolvimento para uma sociedade socialista.O investimento pblico socialista e a empresa estatizada socialista serve as

    necessidades da nao como um todo para desenvolver a economia nacional de umaforma equilibrada e para liber-lo da dominao das concentraes privadas de podereconmico (p.31).

    O capitalismo pode dar inicio a um progresso na sociedade, mas no d sustentopor perodos longos, bem analisados nos ciclos de Schumpeter, o capitalismo oscila.