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Departamento de Teologia 1 OS ÚLTIMOS ANOS DO REINO DO NORTE (DA GUERRA SIRO-EFRAIMITA À QUEDA DE SAMARIA) NA PESQUISA RECENTE Aluno: Willian Gomes Mendonça Orientadora: Maria de Lourdes Corrêa Lima Introdução O estudo sobre últimos anos do Reino do Norte põe em evidência dados que contribuem de modo fundamental para compreensão de toda a história de Israel. Esta história, iniciada com Jeroboão e com a separação de seu irmão Judá, encontrou seu fim a pós dois séculos de existência. Israel, sob o reinado de Jeroboão II, viveu um momento áureo de sua existência. A prosperidade e o crescimento do Reino do Norte se faziam notar pelos reinos vizinhos. Mas, após a morte de Jeroboão II, esta estabilidade vai ganhar uma nova direção. O processo de vitalidade e condução do Reino do Norte nos últimos anos descortina uma realidade mais profunda e significativa: Israel está imerso em um contexto diverso de Judá. Esta diferença torna o Reino do Norte mais suscetível às ameaças externas, à miscigenação de seu povo, ao sincretismo religioso e à infiltração pagã na condução do reino. Para aprofundar o novo rumo de Israel nestes últimos anos será útil o estudo do texto bíblico, juntamente com os dados da história e da arqueologia tradicional, e em seguida, o levantamento dos dados aportados pela arqueologia recente. Cada um destes enfoques proporciona uma compreensão que aproxima o leitor da realidade que circundava o Reino do Norte no final do século VIII e abre a possibilidade para que a teologia deuteronomista seja assimilada na mesma intensidade em que foi escrita. 1. Arqueologia tradicional e a Sagrada Escritura 1.1 Florescimento dos dois reinos Na passagem do século IX para o século VIII, o cenário político internacional dispõe de novas perspectivas importantes para a compreensão do que irá acontecer com o Reino do Norte após Adad-nirari III ter subido ao trono da Assíria em 810 [1]. O século VIII foi de grande prosperidade e crescimento tanto para Israel como Judá. Pois tanto Judá como Israel tinham à sua frente governantes habilitados para o governo [2]. O Reino do Norte experimenta um período de grande florescimento durante o reinado de Jeroboão II (786-746) [3]. Os avanços que havia na construção de grandes edifícios com seus caros adornos de marfim, desenvolvimento dos recursos econômicos e agrícolas,

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Page 1: OS ÚLTIMOS ANOS DO REINO DO NORTE DA GUERRA SIRO … · séculos de existência. Israel, sob o reinado de Jeroboão II, viveu um momento áureo de sua existência. A prosperidade

Departamento de Teologia

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OS ÚLTIMOS ANOS DO REINO DO NORTE (DA GUERRA SIRO-EFRAIMITA À

QUEDA DE SAMARIA) NA PESQUISA RECENTE

Aluno: Willian Gomes Mendonça

Orientadora: Maria de Lourdes Corrêa Lima

Introdução

O estudo sobre últimos anos do Reino do Norte põe em evidência dados que contribuem de modo fundamental para compreensão de toda a história de Israel. Esta história, iniciada com Jeroboão e com a separação de seu irmão Judá, encontrou seu fim a pós dois séculos de existência.

Israel, sob o reinado de Jeroboão II, viveu um momento áureo de sua existência. A prosperidade e o crescimento do Reino do Norte se faziam notar pelos reinos vizinhos. Mas, após a morte de Jeroboão II, esta estabilidade vai ganhar uma nova direção.

O processo de vitalidade e condução do Reino do Norte nos últimos anos descortina uma realidade mais profunda e significativa: Israel está imerso em um contexto diverso de Judá. Esta diferença torna o Reino do Norte mais suscetível às ameaças externas, à miscigenação de seu povo, ao sincretismo religioso e à infiltração pagã na condução do reino.

Para aprofundar o novo rumo de Israel nestes últimos anos será útil o estudo do texto bíblico, juntamente com os dados da história e da arqueologia tradicional, e em seguida, o levantamento dos dados aportados pela arqueologia recente. Cada um destes enfoques proporciona uma compreensão que aproxima o leitor da realidade que circundava o Reino do Norte no final do século VIII e abre a possibilidade para que a teologia deuteronomista seja assimilada na mesma intensidade em que foi escrita.

1. Arqueologia tradicional e a Sagrada Escritura 1.1 Florescimento dos dois reinos

Na passagem do século IX para o século VIII, o cenário político internacional dispõe

de novas perspectivas importantes para a compreensão do que irá acontecer com o Reino do Norte após Adad-nirari III ter subido ao trono da Assíria em 810 [1].

O século VIII foi de grande prosperidade e crescimento tanto para Israel como Judá. Pois tanto Judá como Israel tinham à sua frente governantes habilitados para o governo [2]. O Reino do Norte experimenta um período de grande florescimento durante o reinado de Jeroboão II (786-746) [3]. Os avanços que havia na construção de grandes edifícios com seus caros adornos de marfim, desenvolvimento dos recursos econômicos e agrícolas,

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desenvolvimento das indústrias de fiação, como são comprovados pela arqueologia e pela acusação de Amós (Am 3,15) [4]. Israel vive um período de grande crescimento político e econômico [5], pelo qual o ressurgimento israelita não se pode explicar somente pelos seus excelentes governantes.

Este florescimento é reflexo da política externa mundial. Pois, neste século VIII, a Assíria retoma sua política agressiva com Adad-nirari III (811-784). Damasco vê-se diante de um perigo eminente pelo qual lutará para defender seu território das investidas do Rei Adad-nirari [6]. Mas o poder assírio submete Damasco e lhe impõe o pagamento de tributos. Esta ação do Rei assírio rompe com o poder arameu e, consequentemente, impede que sua expansão continue [7]. A expansão e ascensão de Damasco são interrompidas [8]. E como consequência, Israel vê-se livre do poder dos arameus e livre para organizar-se e estabelecer-se novamente como uma nação [9]. Israel tem à sua frente o Rei Joás (802-786), que paga tributos aos assírios e obtém vantagens comerciais em Damasco [10]. Mas não é afligido com tanta violência como Damasco fora pelos assírios [11].

Neste contexto, Joás aproveita a intervenção da Assíria na Síria para recuperar os territórios israelitas de que os arameus se apropriaram e obter algumas vantagens comerciais. Pois Hazael e seu filho Ben-Adad de Damasco tinham devastado, antes da ação violenta da Assíria de submeter os arameus, a região de Israel com exigência de tributos e dominação de algumas cidades israelitas. Porém, Joás parece pressentir o perigo que a Assíria representava e não leva adiante sua vingança contra Damasco. Por sua ação, Adad-nirari III é visto pelo texto bíblico como o salvador de Israel: “YHWH deu a Israel um libertador; eles se libertaram do poder de Aram, e os israelitas puderam de novo morar em suas tendas como antes” (2Rs 13,5) [12].

Todavia, o poder assírio se vê ameaçado pelo reino de Urartu. O cenário político de predominância da Assíria nas conquistas e expansões muda para um breve estágio de tranquilidade para Israel, em virtude dos assírios estarem preocupados em defender seu território das investidas do Reino de Urartu [13].

Joás sabe que a ação da Assíria sobre os arameus tinha possibilitado Israel livrar-se de seu opressor, Hazael. E, por isso, age com cautela e prefere voltar-se para o Reino do Sul, cujo Rei Amasias (800-783) declara guerra contra Joás em consequência de mercenários israelitas, contratados para reforçar o exército de Judá. Estes mercenários foram dispensados por Amasias e voltaram para suas terras devastando tudo pelo caminho. Amasias é derrotado por Joás e feito prisioneiro. Joás de Israel mantém Amasias no trono, mas submisso ao seu poder. Logo depois, Amasias é assassinado e seu filho, Ozias, é feito rei em seu lugar. Esta mudança no cenário político de Judá é decorrente de uma conspiração interna [14]. Este conflito entre Israel e Judá é um fato que não apresenta uma explicação plausível (cf. 2Rs 14, 8-14) [15]. Talvez esta ação de Amasias esteja em conexão com Ben-Adad III, filho de Hazael de Damasco [16].

Neste ínterim, Ozias dá continuidade à política de expansão e crescimento de Judá [17]. E demonstra ser um excelente guerreiro e administrador. Entronizado ainda muito novo,

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com apenas dezesseis anos (cf. 2Rs 15, 2), Ozias dá a Jerusalém uma nova organização e estrutura. O Reino de Judá conta com uma capacidade de combate forte e capaz de grandes conquistas, e assim foram retomados alguns de seus territórios (cf. 2Rs 15, 3). Ozias sofre no final de sua vida com a lepra, pelo que seu filho, Joatão, governa como co-regente (cf. 2Rs 15, 5). Assim, este florescimento se verifica na retomada dos territórios que tanto Israel como Judá possuíam desde o tempo de Salomão. E tendo cessado as rivalidades entre os dois reinos, Israel e Judá, é bem possível que entre eles tenham acontecido programas de comércio contínuo através das rotas de comércio que se entrecruzavam entre os dois territórios [18].

Somente duas gerações em Israel conseguiram desfrutar deste período de paz e tranquilidade (800-750). Joás (802/801-787/786) recuperou algumas cidades transjordânicas tomadas pelos arameus e seu filho, Jeroboão II (787/786-747/746), recuperou as antigas fronteiras de Israel [19]. Em 2Rs esta perspectiva fica muito clara: “Restabeleceu as fronteiras de Israel, desde a entrada de Emat até o mar de Arabá...” (2Rs 14,25).

A passagem bíblica citada acima não apresenta com clareza as conquistas feitas por Jeroboão. Pois parece que o texto bíblico quer demonstrar somente as extremidades ao sul e ao norte da conquista e a expansão de Israel. No entanto, ao dizer Mar de Arabá, o texto bíblico não quer expressar que a conquista foi até o sul do Mar Morto, mas até a região sul do Jordão, em Jericó. E a palavra Emat pode designar tanto uma localidade como uma região localizada no Vale Meridional do Jordão, na região de Jericó. Neste sentido, tanto a presença de Jeroboão II à frente do Reino do Norte como o cenário internacional foram importantes para compreender este período de florescimento de Israel no século VIII [20].

1.2 Aspectos sociais

O reinado de Jeroboão II se expressou no cenário israelita como um reino que se estabeleceu pela paz com seus vizinhos e pelo grande crescimento econômico e social. No entanto, o crescimento que se estabelecia em Israel não era estendido a todos, mas a poucos. A riqueza se concentrava nas cidades e as diferenças sociais entre ricos e pobres eram imensas. Mesmo diante da grande vitalidade e florescimento do reinado de Jeroboão II, os males presentes em Israel vêm à tona. E estes males são fruto de uma realidade já estratificada e dividida, que paulatinamente tende a aparecer em algum momento da história, e a qual o profeta Amós irá duramente combater e criticar (cf. Am 2, 6-8). É notável que, segundo este profeta, da mesma forma como Israel estabeleceu seu território desde o Emat até o Mar de Arabá, YHWH oprimirá Israel desde Emat até o Mar de Arabá segundo a profecia de Amós (cf. Am 6,14) [21].

Neste tempo, a disparidade entre pobres e ricos era tão grande que nem mesmo durante a invasão dos arameus no Reino do Norte se insurgiram tantas desigualdades como durante este período de crescimento. A compreensão da promessa de YHWH de salvar a todos ficava então obscurecida e sem consequências práticas na vida do povo, ameaçado pela ganância de poucos. Estes dados são expressos, além da profecia de Amós, também por Oséias e Isaías [22].

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Além desta exorbitante distância entre as classes, os pobres sofriam com as constantes injustiças sofridas pelos ricos gananciosos. Estes, por sua vez, impunham aos pobres trabalho escravo e tomavam suas pequenas terras quando não conseguiam pagar suas hipotecas (cf. Am 1 e 2). E para isso, os ricos usavam de meios ilegais, subornando os juízes. Desta forma, os pobres se encontravam desamparados e sujeitos às atrocidades dos ricos. Mas é importante notar que para isso colaborava, segundo a visão tradicional, a passagem de uma estrutura federativa tribal para uma monarquia. Na estrutura tribal, todos são iguais perante a Lei. Com a monarquia, a distinção entre ricos e pobres ficou exorbitante. Passou a existir uma classe privilegiada em detrimento de outra classe a margem da sociedade. Assim, a solidariedade e a igualdade do sistema tribal ficaram obscurecidas e o comprometimento do povo com a Aliança não passava de um cumprimento de lei sem nenhuma efetivação na vida [23].

1.3 Aspectos religiosos

A religião israelita estava, nesta época, eivada de rituais provindos de outras religiões, como o culto a Baal Mercat. E apesar dos santuários estarem cheios e o culto continuar acontecendo, o culto a YHWH não era mais praticado na sua forma original. A presença de cananeus no território israelita influenciava diretamente a religião israelita, de modo que estava mesclada, em certos setores, com o culto cananeu. Desta forma, a função do culto ficava restrita ao oferecimento de sacrifícios para aplacar a ira de YHWH e manter posições sociais. O culto perdia seu caráter celebrativo e incisivo na vida [24].

Neste contexto, o não cumprimento da lei não mais representava uma ofensa e nem um perigo. Os sacerdotes, influenciados pela compreensão pagã na qual se encontravam, não se importavam se as leis eram cumpridas ou não. As ordens proféticas institucionalizadas colocam seu zelo patriótico não mais em favor do povo e das tradições de Israel, mas em função da monarquia [25].

No entanto, embora desconsiderando os preceitos da Lei de YHWH, o povo acreditava profundamente nas promessas gloriosas de YHWH feitas a Israel. Compreendiam que a promessa de YHWH de proteger Israel era incondicional e reduziam a obediência à Lei a mero cumprimento do culto e a seus sacrifícios [26]. Destarte, Amós afirma que os santuários de Israel tornaram-se lugar de pecado (cf. Am 4,4ss; 5,4-6) [27]. Já o profeta Oséias utiliza a figura matrimonial para falar da relação entre YHWH e Israel (Os 1 – 3). Israel aparece como esposa infiel, que procurou outros maridos (falsos deuses) e cometeu adultério. E, como Amós, Oséias acreditava que, por Israel se fechar a Deus, sua destruição estava eminente. Oséias acreditava que YHWH poderia perdoar Israel, mas, pela falta de conversão, o seu fim era inevitável [28].

Para estes profetas de Israel, Amós e Oséias, e para Isaías de Judá, o agir de Deus e sua salvação não se confundem com sucessos temporais ou vitórias, mas sua ação salvífica pode dar-se até mesmo na dor, no sofrimento e na decadência [29]. De fato, não só Israel estava mergulhado em injustiças, mas o Reino do Sul estava vivenciando a mesma experiência de seu irmão do Norte [30].

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Os profetas Amós, Oséias e Isaías levantaram-se contra esta falsa compreensão da experiência de fé e da confiança ilusória no cenário político internacional. Estes profetas, além de proferirem denúncias contra as desigualdades presentes tanto no Reino do Norte como no Reino do Sul, percebem que a estabilidade da política externa era, na verdade, uma instabilidade pronta para desabar a qualquer momento sobre Israel e Judá [31].

Henri Cazelles faz uma reflexão importante sobre o Israel no tempo de Eliseu e no tempo de Hazael. No tempo de Eliseu, Israel não apresentava realidades tão degradantes e desiguais. No tempo de Hazael, a união de Israel parece desaparecer e dar lugar ao declínio. O que pode ter influenciado e contribuído para esta mudança de direção? No entanto, não é possível afirmar o que de fato poder ter influenciado a concepção do povo de Israel nestes tempos de mudança. Pode ser que Tiro tenha influenciado com sua cultura no aumento da ganância no Reino do Norte. Mas, o profeta Amós irá apresentar outra reclamação contra Tiro: “Assim diz o Senhor: Por três delitos e pelo quarto, não perdoarei Tiro: porque vendeu inumeráveis prisioneiros a Edom e não respeitou a aliança fraterna,...” (Am 1,9) [32].

1.4 Declínio após Jeroboão

Todavia, a situação do Reino do Norte já tinha sido modificada após a morte de Salomão. A presença dos arameus durante a invasão do Reino de Israel, antes da ação violenta da Assíria em submeter Damasco e de Tiro com seu comércio, influenciou, neste momento histórico de usurpações e assassinatos dos reis, a compreensão do povo e a condução do reino de Israel. No século IX, a profecia em Israel assume uma nova direção: surgem profetas individuais que atuam em prol da nação e de suas tradições e dessa forma se insurgem contra os reis de Israel. O profeta Elias é um exemplo claro dessa compreensão do profetismo em Israel. Elias é fundamental para o intento de Jeú contra a dinastia de Amri. Deste modo, quando o rei deixa de cumprir seu papel, o profeta aparece proferindo a Palavra de YHWH diante do povo [33].

A dinastia de Jeú, representada no século VIII sobretudo por Jeroboão II, não terá, porém, longanimidade. Zacarias (746-745), filho de Jeroboão II, após ter assumido o trono, foi assassinado no sexto mês de seu reinado por Selum, filho de Jabes. Segundo as tradições bíblicas, Zacarias não fez o que agrada ao Senhor. Em Zacarias se cumpre a promessa de YHWH de que a descendência de Jeú reinaria até a quarta geração [cf. 2Rs 15,8-12]. Selum conseguiu reinar apenas um mês e logo foi assassinado por Manaém (747-738). Este, por sua vez, conseguiu reinar por quase dez anos, durante os quais seu governo transcorreu em relativa paz [34]. Uma exceção é a punição feita a Tafsa com todos os seus habitantes, por não lhe terem facilitado a saída de Tersa [cf. 2Rs 15,13-17].

Neste contexto, Tiglat-Pileser III, novo imperador da Assíria, surgiu com tal poder que deu novo impulso ao Império Assírio. A ação de Tiglat-Pileser III vai além da obrigação de pagamento de tributos pelas cidades dominadas. O novo imperador tem a perspectiva de estabelecer o império assírio através da submissão, conquista e transformação dos reinos vizinhos em províncias assírias. Assim, a prosperidade e a paz de Israel e Judá parecem ameaçadas [35].

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Tiglat-Pileser III dá início em 743 a várias campanhas contra a Síria. Mas suas investidas encontram uma oposição que tenta detê-lo, sem, contudo, ser capaz de impedir sua opressão. E em 738, a Assíria invade a Síria, o norte da Palestina, dominando Emat, Tiro, Biblos, Damasco e Israel. A política de Tiglat-Pileser III tem uma perspectiva totalmente nova: a invasão destes novos reinos tem o objetivo de conquista permanente. Diferentemente de campanhas de outros monarcas, o novo rei assírio não só obriga ao pagamento de tributos como realiza deportações. Estas deportações têm a meta de quebrar qualquer tipo de patriotismo presente nas terras conquistadas e torná-las extensões do reino assírio [36]. A opressão dos assírios foi tão grande que os estados vizinhos se apressaram em submeter-se à Assíria com o pagamento de tributos [37].

Diante de tão grande ameaça assíria, fica muito difícil a uma nação, mesmo estável e organizada, suportar tamanha onerosidade. E Israel não tinha nem mesmo estabilidade e organização. A anarquia na qual Israel se encontrava tornava-o incapaz de resistir à conquista assíria [38].

Israel é um dos estados que se submeteram ao poder assírio pelo pagamento de tributos. Manaém, segundo 2Reis 15,19, paga tributos ao Rei assírio Tiglat-Pileser III. A submissão de Manaém teria a intenção de fortalecer sua monarquia e consolidar seu governo ainda instável. O pagamento foi de 1.000 talentos de prata, que foram arrecadados dos ricos proprietários de terra obrigados a servir ao exército. Depois de receber o pagamento, a Assíria deixa o Reino do Norte e Facéias, filho de Manaém, assume o trono do Reino do Norte. [cf. 2Rs 15,19-22] [39].

Após quatro anos, em 734, a Assíria volta a fazer suas campanhas ao sul, na Filistéia. Duas inscrições de Tiglat-Pileser III ajudam a compreender este empreendimento do rei assírio: a Inscrição fragmentária Menor I e um texto de Nimrud. Estas inscrições revelam que o rei assírio concentrou sua ação na cidade de Gaza [40]. Os assírios avançam para a planície Filistéia e erguem uma guarnição assíria na cidade de Gaza. Esta ação exprime que a intenção dos assírios era transformar a Síria e a Palestina em grandes províncias assírias [41]. O rei de Gaza, Hanunu, fugiu para o Egito antes dos assírios chegarem a Gaza. Em Nahal Muçur, os assírios montaram uma base de apoio militar, cujo objetivo seria estar mais próximo do Egito. Diferentemente das outras campanhas, a Assíria restituiu os direitos do rei Hananu. Esta diferença de tratamento se dá pela dificuldade de a Assíria controlar um território tão distante. E, por isso, Gaza ficou somente com o pagamento de tributos e não foi colocado como rei um assírio de confiança de Tiglat-Pileser III [42].

Estas campanhas de Tiglat-Pileser III podem ter influenciado os conflitos em torno do trono do Reino do Norte. Com uma ameaça iminente da Assíria, os israelitas podem ter-se dividido em partidos antiassírio e pró-assírio. Isto parece se dar através dos constantes assassinatos após a morte de Jeroboão. Um exemplo claro desta realidade, como foi citado acima, é a morte de Zacarias por Selum e deste por Manaém. Todas as sucessões são marcadas pela violência. No entanto, é importante ressaltar que o Segundo Livro dos Reis 15, 13-16 não mostra que Selum fez o que YHWH reprova, diferentemente Zacarias e Manaém,

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que são apresentados como aqueles que fizeram o que o Senhor reprova. E, como relata 2Rs 15, 19-20, Manaém reinou como vassalo do rei assírio [43].

Após a morte de Manaém, seu Filho Facéias reinou apenas dois anos na Samaria e foi assassinado por seu oficial Facéia. A política de Facéia é antiassíria e sua presença no trono do Reino do Norte pode ter tido a contribuição de Damasco, cujo interesse era juntar forças contra a invasão assíria. Esta nova postura diante dos assírios levará à guerra de Israel com Judá [44].

Israel sofre profundamente com a desordem, falta de autoridade e com a desmoralização de seu reino. As conspirações e os assassinatos provocam grande insegurança e instabilidade pelo que foram perdidas as referências básicas de humanidade e respeito. O reino de Israel perdeu-se completamente em seus assassínios, em sua violência, em sua desordem, em seu paganismo mesclado com javismo e em sua inautenticidade política. A riqueza e a luxúria imperavam como fruto do paganismo que servia como proteção para tais ações. Por fim, Israel perdeu toda referência religiosa reta capaz de sinalizar um caminho para a verdade e a integridade, onde os valores encontrassem acolhida no coração humano. A lei foi esquecida [45]. Dentro desta realidade, Israel não têm força moral nem capacidade de fazer resistência à invasão assíria [46].

O novo rei de Israel une-se a Razon (Rezin) de Damasco, cujo objetivo era formar uma coalizão antiassíria. Esta aliança tem o apoio dos Fenícios e dos Filisteus. Judá, cujo rei era Joatão (740-736), filho de Ozias, prefere não participar desta aliança, cujo objetivo era enfraquecer o poder dos assírios [47]. O motivo pelo qual Judá resolve não participar é concernente à sua política tradicional, que, diante da força eminente do Reino do Norte, recorre às potências do Norte para equilibrar esta disputa [48]. Pois Judá tem presente diante de si a ação de Ozias (781-740) frente a uma coalizão antiassíria no norte da Síria em 743, que não foi satisfatória e o seu rei foi reduzido a um vassalo da Assíria. Judá sabe do perigo que as nações do norte representam e não quer passar pela mesma história mais uma vez [49].

O sucessor de Joatão, Acaz (736-716), seguindo a perspectiva de seu antecessor não vê nenhum motivo favorável em se envolver com este empreendimento. Mas tanto Razon como Facéia, cujo objetivo era conter o poder assírio e expulsá-lo de seus territórios, não admitiam vitória sobre a Assíria sem a participação de Judá. A recusa de Acaz desencadeou a chamada guerra siro-efraimita. Razon de Damasco e Facéia de Israel se voltam contra Judá, a fim de depor Acaz do trono e colocar em seu lugar um novo rei que fosse favorável à coalizão. Mas Acaz recorre aos assírios em defesa contra Razon e Facéia. Acaz dirigiu-se a Tiglat-Pileser III, enviando-lhe uma contribuição e um pedido de auxílio contra Israel e Damasco. Neste contexto, Judá já se submeteu à Assíria, com o pagamento de tributos [50].

É nesta situação histórica que acontece a atuação do profeta Isaías (cf. Is 7,1-17). Este profeta pede que Acaz confie em YHWH e não recorra a auxílio estrangeiro. Sua profecia enfatiza que YHWH não deixará que Damasco e Israel se aproximem de Judá. O profeta Isaías vê com transparência que a ação violenta da Assíria sobre a coalizão estava eminente [51], como de fato ocorreu. O livro dos Reis assim descreve: “Tiglat-Pileser apoderou-se de Damasco e deportou seus habitantes” [2Rs 16,9].

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A ação da Assíria sobre a conspiração levantada por Damasco e Israel se dá no seu nascedouro. A conspiração não tinha adquirido força suficiente para se estabelecer contra o poder assírio. Tiglat-Pileser III avançou sobre os exércitos de Damasco e Israel que estavam sobre Judá e os dispersou, submetendo o território e transformando-os em províncias assírias. Em 732, a invasão assíria derrota completamente Damasco e deporta sua população para regiões da Assíria. Não muito diferente, Israel seguiu o mesmo destino. O reino de Facéia foi reduzido. A Galiléia e Galaad foram transformados em duas províncias assírias. A classe alta de Israel foi deportada e o rei Faceia ficou reduzido ao território de Efraim [52]. A ação de Facéia de Israel contra o poder assírio foi decisiva para que fosse assassinado por Oséias, filho de Elá. Oséias deixa transparecer confiança para os assírios, pelo que o próprio Tiglat-Pileser afirma [53] tê-lo colocado como rei de Israel no lugar de Facéia. Oséias governa como vassalo da Assíria, isto é, pelo pagamento de tributos. (cf. 2Rs 17,3) [54].

A ação da Assíria sobre a coalizão foi rápida, mas não instantânea. Para destruir Damasco e desmembrá-lo, a Assíria combateu de 733 a 732. Deste modo, com o apoio da Assíria, Judá tornou-se ofensivo [55].

A entrada de Oséias no trono de Efraim no lugar de Facéia possibilitou que o fim do Reino do Norte pudesse ser diferente do evidente fim de Damasco, pois Israel como Judá permaneceram como vassalos da Assíria [56]. A submissão de Oséias a Tiglat-Pileser III foi apenas uma estratégia para salvar o pouco que sobrou do Reino do Norte, na intenção de, com o tempo, livrar-se do poder assírio [57]. De fato, Israel ainda não tinha se transformado por completo numa província Assíria. Com Oséias no trono, o Reino do Norte permaneceu ainda em pé por quase dez anos (cf. 2Rs 17,1-3) [58].

Israel é desmembrado pelos assírios e tem três territórios perdidos: Galiléia, Galaad e o litoral sul do Carmelo (Dor). O novo rei Oséias a princípio tem uma política pró-assíria. Mas os pesados tributos cobrados pelos assírios e o fato de ter seu reino desmembrado o levará à revolta. Quando Tiglat-Pileser morre e Salmanasar V (727-722) assume o trono, Oséias resolve não pagar mais tributos e tem a intenção de livrar-se da opressão dos assírios. Oséias tenta conquistar a independência de Israel com a suposta ajuda do Egito [59]. No entanto, o Egito, nesta época estava com muitas divisões internas e sem uma política estável de unificação de todo o reino: nem mesmo o Egito era um apoio de peso contra a Assíria, estava sem possibilidade alguma de oferecer para Oséias, em Efraim, qualquer tipo de ajuda ou apoio. Não havia nada que explicitasse uma crise no reino assírio ou um momento de fraqueza ou instabilidade que justificasse esta ação de Oséias. Mas pode ser que Oséias tenha sido pressionado por um partido antiassírio, que poderia tê-lo ameaçado a sair do trono, aproveitando-se do momento da sucessão na Assíria [60].

Salmanasar tem conhecimento de que Oséias tinha o plano de libertar-se da submissão na qual Israel se encontrava e por isso vem contra o Reino do Norte, sitia a Samaria por três anos e depõe do trono Oséias, lançando-o no cárcere. Salmanasar deporta, no nono ano, toda a população para a Assíria (cf. 2Rs 17, 4-6). A queda do Reino do Norte acontece dentro do governo do imperador assírio Salmanasar e não no governo de Sargão II, diferentemente do que afirma a Crônica da Babilônia, que afirma ter sido no governo de Sargão II que ocorreu a

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queda de Israel (ANET, p. 284) [61]. Segundo a crônica Babilônica, a quantidade de deportados de Israel foi de 27.280. A ação insustentável de Oséias, durante o governo do imperador assírio Salmanasar, levou ao fim do Reino do Norte em 722. É possível que sua resistência por três anos tenha sido apenas uma tática aparente da Assíria. Pois, como foi dito acima, Oséias deveria gozar da confiança dos assírios para ter sido mantido como rei após a conspiração de Facéia e Razon contra a Assíria [62].

O livro dos Reis relata claramente este acontecimento e o explica sob a perspectiva religiosa: o povo é deportado por causa dos costumes estrangeiros presentes no Reino do Norte e da sua infidelidade a YHWH [63]. E isto tem seu início com Jeroboão I que, ao separar-se de Judá, induz Israel ao pecado. Como castigo pelo pecado, o povo de Israel foi tirado de sua terra e introduzido numa terra estrangeira (cf. 2Rs 17, 7-23).

A queda do Reino do Norte trouxe muito sofrimento para o seu povo. As deportações da elite e a vinda de outros povos para o Reino do Norte miscigenou sua população. Desta forma, cada qual trouxe consigo sua maneira de cultuar e seus próprios deuses. Os assírios não tinham no Reino do Norte uma política muito rígida quanto ao que se refere ao culto [64].

2. Arqueologia Recente 2.1 A conquista do Norte

Na metade do século VIII, a Assíria leva à conclusão um longo período de independência dos estados do Levante, iniciado por volta do ano 1150. O processo de intervenção da Assíria tem seu desabrochar na segunda metade do século IX, com Salmanasar III (858-824). Entretanto, devido a uma reviravolta feudal no império, a Assíria não conseguiu levar adiante uma expansão territorial com anexação direta dos estados vassalos ao império [65].

Todavia, esta reviravolta feudal na segunda metade do século IX, possibilitou que os reis assírios se detivessem numa reorganização interna. Com esta nova incumbência da Assíria, Israel e Síria gozaram de momentos de equilíbrio e de poder. No entanto, este período terá seu fim com a ascensão de Adad-nirari III (811 a.C.) [66].

O primeiro a sofrer com o ressurgimento da Assíria foi Damasco. Adad-nirari III cercou Damasco. Bar-Adad III, filho de Hazael, rendeu-se à Assíria e pagou-lhe pesados tributos. Damasco representava neste momento o poder mais forte na região. Todavia, toda esta força da Síria não foi suficiente para resistir à pressão da Assíria. Deste modo, Israel ficou livre da pressão militar que sofria por parte da supremacia de Damasco na região [67].

Neste ínterim, o evento político internacional contribuiu favoravelmente para que Israel sofresse algumas mudanças significativas em seu percurso histórico e para que florescessem em suas terras a impiedade e a ganância de seus reis. Mas, além deste dado, Israel apresenta um crescimento considerável e consegue, sob a regia de Joás (cf. 2Rs 13,22-25), retomar as terras perdidas para Damasco. Pagando tributos à Assíria, Israel torna-se seu vassalo preferido. Este crescimento de Israel não para em Joás, mas tem continuidade com

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Jeroboão II (cf. 2 RS 14,25.28), cujo governo foi o mais longo da história de Israel. Jeroboão governa Israel durante um período de grande prosperidade [68].

A partir do ano 800 a.C., Israel viveu um período de bem estar reconhecido, por longo tempo, como era de ouro do Reino do Norte. Este período foi tão marcante que o povo de Judá o guardou em sua memória. O autor bíblico explica este fato afirmando que Deus teve, pela mão de Jeroboão, compaixão dos pecadores de Israel e por isso o Reino do Norte viveu períodos de glória (cf. 2Rs 14,26-27). No entanto, é sabido que o motivo pelo qual Israel ressurgiu a partir do século VIII foi a ação poderosa da Assíria sobre Damasco. Israel tirou proveito deste imperialismo assírio e embarcou na sua crescente economia [69].

Os estudos arqueológicos recentes demonstram a presença de Israel em Dan, quando constroem posteriormente ali uma cidade na qual é reutilizada a estela da vitória de Hazael. Esta estela parece ter sido fragmentada durante o período de prosperidade do Reino do Norte. Em Bethsaida a estela é aprumada e recolocada de cabeça para baixo. Nesse período de construção, aparecem, pela primeira vez, inscrições hebraicas em Bethsaida. E neste mesmo período Hazor é conquistada, destruída e reconstruída [70].

A arqueologia faz alguns acenos que demonstram como Israel se expandiu neste período do retorno da Assíria. A força de Israel foi significativa também na economia e no crescimento populacional sob o reinado de Jeroboão II. As áreas montanhosas eram as regiões preferidas para o cultivo de olivais e vinhas, que foram produzidas e exportadas em grande escala para as aldeias ao redor da Samaria, segundo os óstracos da Samaria, coleção de 63 cacos de cerâmica inscritos com tinta em hebraico e datados. Isto é atestado pela descoberta de construções de habitações em contrafortes rochosos e a criação de prensas de oliva feitos da própria rocha datadas do século VIII. Toda esta estrutura demonstra que seus habitantes estavam especializados no ramo da agricultura e que muitas aldeias poderiam ter sido construídas na intenção de terem sido propriedades reais. Deste modo, Israel apresenta terras férteis para o cultivo e mercado para exportar sua matéria-prima. Tanto o Egito como a Assíria poderiam ser possíveis mercados para escoamento do azeite e do vinho de Israel. Pois nem o Egito e nem a Assíria possuíam terras boas para o cultivo de olivais e de vinhas [71].

Com o bom desempenho da economia agrícola e sem nenhum enfrentamento militar, o Reino do Norte tem um crescimento considerável de sua população. Este crescimento se dá de modo especial nas regiões montanhosas da Samaria e nos vales do Norte. No século VIII, o Reino do Norte, juntamente com os territórios da Transjordânia, conta com 350 mil habitantes. O crescimento de Israel é exorbitante quando comparado com a antiga Idade de Ferro, na qual sua população era formada apenas por 45 mil habitantes. Judá não passava de 100 mil habitantes. A população de Amon e Moab juntas não chegavam nem a 1/3 da população do norte de Israel. Tudo isso evidencia o poderio econômico e militar de Israel neste período do século VIII. No entanto, todo esse poder de Israel se reflete também nas suas formosas e grandes construções de obras públicas em Megiddo, com seu sistema fluvial e os estábulos, na reconstrução de Hazor e de Gezer [72].

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Em Megiddo foi encontrado, no início do século XX, um selo de um alto funcionário de Jeroboão. O selo possui o desenho de um leão que remonta ao período do século VIII, o que descarta qualquer possibilidade de ser do tempo de Jeroboão I. O rei nele estampado seria certamente Jeroboão II. Todo este progresso e crescimento de Israel durante o reinado de Jeroboão II pode ter ficado marcado na memória dos israelitas e judeus como um tempo glorioso [73].

Neste contexto, a reconstrução da cidade de Megiddo parece descortinar a grande importância que tinham os cavalos para o Reino do Norte e magnitude de sua criação e treinamento. Em Megiddo foram encontradas estruturas que parecem estábulos. Esta descoberta levou à elaboração de várias teorias nas quais se afirmava que os estábulos de Megiddo remetem a época de Salomão. Mas não é encontrado nesta cidade nenhum objeto relacionado a cavalos e muito menos locais para alimentos e excrementos. Toda a cidade foi esvaziada, limpa e reutilizada após a conquista assíria. Depois foi abandonada e destruída de modo intencional pelos assírios. Por isso, segundo uma interpretação, não se deveria esperar encontrar nada referente a estábulos em Megiddo [74].

Na tentativa de estabelecer outra data para esta realidade de Megiddo e a retomada da história arqueológica do Reino do Norte, abriu-se a possibilidade de afirmar que os estábulos de Megiddo seriam referentes à época de Jeroboão II e não à época de Salomão. Para uma clareza sobre esta questão, é importante considerar qual seria a importância dos cavalos para Israel e se esta importância teria alguma relação com o império assírio [75].

As fontes assírias revelam que Israel era reconhecido pela sua força militar que imperava pelas bigas. Os registros assírios apontam que, entre os estados vassalos, existiam alguns que eram especializados na criação e exportação de cavalos usados em bigas e na cavalaria militar. Deste modo, para iluminar e direcionar a importância dos cavalos para Israel é necessário ir até ao estado vassalo de Urartu, famoso por ter a melhor criação de cavalos de então e grande exportação. O modelo arquitetônico dos estábulos de Urartu era bem parecido com os de Megiddo. No entanto, existe outro dado importante: após a conquista do Reino do Norte pela Assíria, uma unidade de bigas israelita foi incorporada ao exército assírio. E é possível que alguns dos cavaleiros israelitas tenham recebido lugar de importância no exército da Assíria, tal como Shema, citado na “lista de cavalos” dos registros assírios. Este cavaleiro israelita ocupava alto posto no exército da Assíria e foi membro da comitiva do rei [76].

2.2 Riqueza aparente de Israel

O reino de Israel, sob a jurisdição de Jeroboão II, foi de grande prosperidade. Mas, esta riqueza beneficiou o aumento da opulência da aristocracia israelita. Isto torna-se perceptível quando, no começo no século XX, foram encontrados, nas escavações em Samaria, edifícios que remontam ao começo do século VIII a.C. Neles havia placas de marfim, que podem ser datadas do século VIII a.C. em “estilo fenício com motivos egípcios” [77] (este dado exprime o inclinação dos reis israelitas por materiais artesanais de vários lugares) e os óstracos (recibos de carregamento e de transporte de azeite e vinho das zonas rurais para a capital do reino) da Samaria, com recibos que demonstram a sofisticação do

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sistema contábil de Israel. Neste período, Israel conta com um estado organizado, com um sistema de alfabetização, administração burocrática, produção econômica especializada e um exército profissional. No entanto, a voz profética de Oséias e Amós denunciaram a riqueza aparente e restrita a poucos em Israel. Estes profetas criticam a corrupção e o modo luxuoso como viviam as classes privilegiadas em Israel. Amós profetiza a desgraça da aristocracia que desfruta dos bens nesta terra, comem com fartura e se cobrem de futilidades (cf. Am 6, 4-6). Oséias condena a postura do Reino do Norte que faz pacto e vende azeite para o Egito (cf. Os 12,1). Os pobres são enganados pela astúcia dos ricos com a alteração da balança e pela venda do resto que sobra do trigo (cf. Am 8, 4-6) [78]. Amós e Oséias, além das críticas à soberba da aristocracia e às muitas injustiças sociais, apontam também a idolatria e uma religião de mera formalidade. Estes profetas condenam a postura puramente material e comercial no qual estava mergulhado o Reino do Norte. Dessa forma, as relações comerciais de Israel com os reinos vizinhos e a sua subordinação à Assíria exerceram grande influência na forma como o Reino do Norte conduzia seu povo [79].

2.3 O Reino do Norte após a morte de Jeroboão II

Com a morte de Jeroboão em 747 a.C., a estrutura rica e gloriosa de Israel não consegue manter sua estabilidade. O Reino do Norte tornou-se lugar de constantes assassinatos em torno do trono, marcados pela transitoriedade e pela violência. A aparente independência econômica e a aliança de Israel com a Assíria começou a romper-se de forma gradativa [80].

No início do século VIII, a Assíria principiou um processo de expansão e conquista além do Eufrates completamente diferente das conquistas anteriores [81]. Tiglat-Pileser III (744-727) fez a conquista e anexação de outros reinos ao seu próprio reino. Todavia, a instauração desta demanda não se restringia apenas a uma conquista, mas também à posse destes reinos, de modo que a Assíria fazia uso dos objetos e dos bens móveis de acordo com seu arbítrio. Este modo de proceder tinha tanta força que os povos eram deportados para outras terras com a finalidade de dirimir qualquer possibilidade de revolta [82].

Tiglat-Pileser III assumiu esta nova etapa de expansão assíria quando Kishtan (743) venceu Urartur e os aliados norte-assírios. Deste modo, Tiglat-Pileser III avançou livremente para a Síria e para a Palestina com seu poderoso e cruel exército. As cidades anexadas foram Alepo, Patina, Hadrak e Damasco. Logo após, a Assíria voltou-se para Israel [83].

Em Israel, o usurpador Manaém (743-738) apressa-se em se submeter à Assíria com o pagamento de tributos (cf. 2Rs 15,19-20). Deste modo, Manaém conseguiu a possibilidade de governar como rei vassalo da Assíria e afastou Tiglat-Pileser das terras de Israel. Facéias, filho de Manaém, foi assassinado pelo usurpador Facéia. Este, por sua vez, uniu-se a Razon (Rezin) de Damasco com o objetivo de convergir forças contra a Assíria. E como Judá não aceitou voltar-se contra a Assíria, Facéia e Razon voltaram-se contra Judá e assediaram Jerusalém. No entanto, Acaz (736-716) de Judá pediu socorro ao rei Tiglat-Pileser pelo pagamento de tributos. Sem demora, Tiglat-Pileser voltou-se contra Israel e conquistou toda a Galiléia e todo o Galaad (734-733). As destruições em Tel Kinneret, ‘Em Gev e Tel Hadar no

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lago de Tiberíades, em Tell El-Far’ ao Norte, em Bet-She’an, são devida a esta invasão da Assíria sobre o Reino do Norte e Damasco [84].

Em 732 a.C., Israel tem a maior parte de seu território transformado nas províncias assírias. Por esta conquista Tiglat-Pileser se vangloriou dizendo: “A terra de Bit-Humria [casa de Amri], de que arrasei todas as cidades até o solo nas minhas campanhas anteriores... Eu saqueei o gado e somente poupei a isolada Samaria” [85].

A ação violenta e impactante da Assíria sobre o Reino do Norte não destruiu a Samaria, mas eliminou Facéia pelas mãos de Oséias, novo rei da Samaria. Como vassalo assírio, Oséias reinou com um território restrito apenas a Efraim e Manassés. Pois as outras partes do Reino do Norte já tinham se transformado nas províncias assírias de Dor (vai da Costa até o Carmelo), na província de Megiddo (Galiléia) e a província de Galaad (leste do Jordão). Antes dessas províncias em Israel, a Assíria já tinha estabelecido outras províncias, tais como: Damasco, Qarnayim, Hawran, Gaza e Ashdod na Filistéia. Neste processo, alguns israelitas foram deportados para a Assíria. Segundo os anais de Tiglat-Pileser III, o número de deportados israelitas foi de 13.520 [86].

Oséias, último rei de Israel e assassino de Facéia, planejou uma conspiração contra a Assíria depois de pagar muitos tributos. Esta trama aconteceu num período breve de sucessão entre Tiglat-Pileser III e Salmanasar V. Oséias deixou de pagar tributos a Assíria e solicitou o apoio do Egito com o propósito de libertar-se do poder do novo rei assírio, Salmanasar V [87]. No entanto, o auxílio do Faraó não aconteceu e a Assíria prendeu Oséias e, anos depois, rendeu a Samaria em 722. Com a morte de Salmansar V, o seu sucessor Sargão II narra a submissão da Samaria como se fosse obra sua:

Com a garantia de Assur, que me fez (sempre) chegar a meu objetivo, combati contra eles... 27.290 dos seus habitantes, eu os levei embora, 50 carros eu tomei para minha tropa régia... Samaria, eu a modifiquei e a fiz maior que antes. Gente das terras por mim conquistadas fiz que ali residissem, dei posse como seu governador a um dos meus eunucos e lhes impus tributos e taxas como aos assírios [88].

Segundo esta notícia, foram deportados 27.290 habitantes. E em seu lugar foram colocados deportados de outras partes do império assírio. A Samaria se transformou numa província assíria em união com as outras já criadas no Reino do Norte. Assim, Israel vê toda sua riqueza e poder aniquilados em poucos anos. Este foi o caminho também dos outros Estados desta zona [89].

A deportação da população do Reino do Norte não expatriou nem a metade dos israelitas. As deportações acorridas com Tiglat-Pileser III e Sargão II representam um 1/5 da população desta época. Tiglat-Pileser III preocupou-se em deportar os aldeões rebeldes das colinas da Galiléia e a população dos principais centros. Sargão II expatriou a nobreza, soldados e artesãos de Samaria. Contudo, grande parte dos israelitas ficou em Israel; particularmente sua população rural foi preservada pelos assírios. Esta população era formada em sua maioria por povos cananeus, fenícios e arameus. A população rural trabalhava numa

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grande área produtora de azeite. E certamente por isso os Assírios resolveram mantê-los em suas terras ao lado de povos estrangeiros e lucrar com sua grande produção [90].

O destino das dez tribos do Reino do Norte é obscura. A Bíblia menciona alguns lugares na Assíria para onde foram deportados parte dos israelitas: “Hala, às margens do Habor, o rio de Gozã, e nas cidades dos medos” (cf. 2Rs 17,6). Porém, o destino de grande parte dos israelitas deportados ficou desconhecido [91].

A Samaria, como as outras províncias assírias, se tornou lugar de verdadeiro assentamento assírio. De fato, em Samaria foram encontrados um fragmento da estela de Sargão II e um par de tábuas administrativas assírias. Estes assentamentos assírios na Samaria foram marcados pelas deportações cruzadas; enquanto Israelitas eram transportados para outras províncias assírias fora do Reino do Norte, povos de outras conquistas assírias foram introduzidos na Samaria. E isto se deu por três séculos, pelo qual foram deportados para lá e para cá cerca de 4,5 milhões de pessoas.

A Assíria trouxe para algumas regiões estratégicas de Israel súditos confiáveis para assentar-se na Samaria. Estes súditos eram provindos da Babilônia, Cuta, Ava, Emat e Sefarvaim (Cf. 2Rs 17,24). Além desses povos, a Samaria recebeu, segundo os anais de Sargão II, também os árabes:

os tamudos, ibadidos, marsimanos, khayapa, árabes distantes habitantes do deserto, que não conhecem vigilante ou funcionário, que jamais tinham pago tributo a rei algum, eu os abati por mandado de Assur meu senhor e deportei e assentei o resto deles na Samaria [92].

No entanto, não foi apenas a cidade da Samaria que recebeu assentamentos de populações deportadas pelos assírios. Aconteceu assentamento de deportados em torno da cidade de Betel ao Norte de Judá, em Gazer e ao entorno de sua vizinhança [93].

Por conseguinte, as deportações realizadas pelo império assírio tiveram o objetivo de diluir qualquer patriotismo e revolta. As províncias assírias eram formadas por povos de diversas realidades, costumes e crenças, e famílias inteiras e comunidades homogêneas eram deportadas. A esta realidade é pressuposto o desejo dos assírios de crescimento e expansão pelo que deportar famílias e comunidades homogêneas tem grande importância: dar continuidade à vontade de viver e de trabalhar e manter a autoconfiança [94].

Outro aspecto importante neste período é a língua. Com a política de dominação assíria, o aramaico se tornou a mais difundida em todo o império assírio. As formas de culto eram as mais variadas e por isso o sincretismo imperava. Até os javistas em sua fidelidade a um único culto foram influenciados com outras formas de culto [95].

A devastação brutal da Assíria pode ser constatada em alguns sítios arqueológicos como Hazor, Dã e em Bet-She’an. Essas cidades foram completamente devastadas e destruídas. Em Megiddo estão preservados somente os estábulos. Todos os alojamentos e edifícios foram queimados e destruídos. Os assírios tinham o propósito de tornar Megiddo um novo centro administrativo do império. E isto aconteceu depois de um período de destruição

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parcial e abandono da cidade de Megiddo. Mas, logo após, Megiddo passa por um processo de ampliação e dentro de pouco tempo já é conhecida como a residência do governador assírio. O planejamento e a estruturação da cidade de Megiddo apresenta um modelo urbano desconhecido na região. Este dado abre a possibilidade de que uma população deportada pelos assírios tenha sido estabelecida em Megiddo [96].

O estrato II de Megiddo demonstra como era estruturada uma capital assíria. A cidade possui uma forma de construção ortogonal, a qual os bairros de casas são separados por ruas paralelas. É construído um novo portão com duas câmaras de guarda e, junto a este portão, está localizada a residência e a sede administrativa do governador assírio. A reconstrução da cidade de Megiddo demonstra a junção de tradições assírias e sírias. O grande pátio central aberto e cercado por salas dos quatro lados afirma um projeto arquitetônico da Assíria. Já a unidade de recepção do palácio retoma uma característica da Síria, em que existe uma combinação de uma larga ante-sala adentrada por um pórtico que conduz a uma larga câmara de recepção [97].

Neste contexto, outro edifício assírio foi encontrado em Hazor. Nesta cidade, o edifício apresenta características muito parecidas com as encontradas em Megiddo. A sala de recepção estava posicionada na subida de uma elevação onde foi construído um prédio público com semelhanças de um quartel general. Há também, o palácio de Buseirah e um santuário em Edom que estão construídos em estilos assírios. Isto demonstra que a Assíria influiu diretamente em Edom [98]. A região sul da Palestina teve grande importância para os assírios. Várias cidades como Gazer, Tel Sera’ e Tell Gemme evidenciam a presença dos assírios nestas regiões ao sul da Palestina. Em Gazer foram encontrados dois documentos administrativos, objetos e alguns traços característicos da Assíria do século VII a.C. Em Tel Sera’ foram encontrados objetos metálicos assírios; Tel Gemme possuía edifícios de tijolo de barro com teto abobadado, piso e louça de características assírias. Estas cidades comprovam a presença dos assírios ao sul com um interesse comercial. Pois estas cidades estavam localizadas próximas às rotas comerciais que levavam ao Egito. É possível que tenha tido grande fluência comercial entre o Egito e a Assíria, pois os Anais de Sargão II afirmam a construção de um porto comercial do Egito com o objetivo de facilitar o comércio [99]. Os sítios de Qatif e o Tell Abu Salima são interpretados como cidadelas assírias, que poderiam ter servido como pontos de comércio do Egito construídos pela Assíria [100].

Também em Judá muitos objetos assírios foram encontrados, tais como: selos cilíndricos, cerâmicas, tigelas de metal e objetos de vidro. Isto demonstra que Judá importava muitos objetos assírios [101].

3. Sombria lição do Reino de Israel: a perspectiva bíblica em confronto com os dados históricos

A arqueologia tradicional, em sua integração com dados históricos, vai assegurar que o período de florescimento do Reino do Norte sob o reinado de Jeroboão II possuía um cenário político internacional favorável. A Assíria retoma sua política agressiva de expansão com Adad-nirari III. O primeiro reino a sofrer com este processo assírio foi Damasco, que devia

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pagar tributos. Durante este breve período de tempo, Israel vê-se livre da opressão de Damasco, mas também paga tributos aos assírios.

Neste ínterim, o Reino do Norte é marcado profundamente por um desenvolvimento e crescimento jamais vistos. Todavia, a prosperidade trouxe junto consigo a disparidade entre ricos e pobres, o sincretismo religioso, o não cumprimento da Lei de YHWH e a sucessão dinástica marcada, após a morte de Jeroboão, por constantes assassinatos. No entanto, após Adad-nirari III, a Assíria contou com um novo rei chamado Tiglat-Pileser III, que com sua política de expansão, além de pagamentos de tributos, pretendia estabelecer o reino da Assíria através da submissão, conquista, deportação e transformação dos reinos vizinhos em províncias assírias.

Com esta nova mudança no cenário político internacional, o período de relativa paz em Israel encontra-se ameaçado. Os sucessivos assassinatos em torno do trono, que marcam a rapidez dinástica do Reino do Norte e a instabilidade política, são reflexos do poder assírio que, após submeter Damasco, torna-se uma ameaça ao reino próspero e rico de Israel. E isto pode ter contribuído para que os israelitas se dividissem em partidos pró-assírio e antiassírio. Isto transparece na guerra siro-efraimita, uma união entre Damasco e Israel para convencer Judá a formar uma coalizão antiassíria. A recusa de Judá e a solicitação da intervenção do poder da Assíria pôs fim à coalizão, deu início ao processo de desintegração do Reino do Norte através de deportações e levou à sua anexação definitiva como província assíria em 722/721.

A arqueologia recente trará grande contribuição à reconstrução da história na medida em que permite fundamentá-la melhor. De fato, suas descobertas evidenciam que, além da mudança no cenário político internacional, Israel contava com uma excelente localização comercial, com terras férteis para o cultivo dos olivais e das vinhas. Isto fazia do Reino do Norte um reino riquíssimo e cobiçado pelo qual seu azeite e seu vinho eram exportados em grande escala. O Reino do Norte age com perspicácia e veemência pelo qual tirou proveito deste momento em que a Assíria estava voltada para a conquista e anexação de Damasco. O desenvolvimento de Israel é comprovado também na criação de cavalos, na sua exportação para os exércitos assírios, na alfabetização, na administração burocrática, na produção econômica e no seu exército profissional. E isto se comprova pela descoberta de israelitas frente aos exércitos assírios. No entanto, toda a prosperidade de Israel não foi suficiente para conter o avanço da Assíria sobre suas terras e anexação total.

A arqueologia tradicional enfatiza que a riqueza de Israel era apenas fruto de um cenário político internacional que libertou o Reino do Norte da pressão de Damasco e possibilitou um breve período de crescimento. Já a arqueologia recente ressalta que o Reino do Norte não é tão inócuo como se pensava. Israel age com sagacidade e audácia durante o avanço do império assírio além do Eufrates. No entanto, o processo de expansão da Assíria apresentou-se mais eficaz e mais forte diante da riqueza e vitalidade que marcaram os últimos anos do Reino do Norte.

Os dados bíblicos não deixam de referir a prosperidade e o período de florescimento e crescimento sob o reinado de Jeroboão II e de restauração de suas fronteiras. Após a morte de Jeroboão II, indica-se que o Reino do Norte foi marcado pela violência e pelas mudanças constantes em torno do trono de Israel, com a sucessão de assassinatos como fruto de

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conspirações assinala profundamente os últimos anos do Reino do Norte (reis Zacarias, Selum, Manaém, Faceias, Faceia e Oséias).

Todavia, o fim do Reino do Norte na abordagem bíblica é resultado de um longo processo marcado pelos pecados cometidos contra YHWH. A idolatria e o sincretismo religioso são apontados como a causa principal, pelo fato de os israelitas recusarem os ensinamentos e os mandatos de YHWH pelos profetas. Os israelitas prestaram culto aos ídolos vazios; sacrificaram a Baal e por isso foram deportados para a Assíria.

Assim sendo, a interpretação do texto bíblico não tem uma perspectiva histórica, mas teológica dos últimos anos do Reino do Norte, pelo que o autor bíblico, deuteronomista, encontra seu ponto alto na ruína de Israel. Pois é a partir deste dado que o texto bíblico explicita os motivos determinantes que levaram o Norte ao fim. E narrar esta história é importante para que Judá não venha a cair no mesmo caminho do Reino do Norte e perca sua herança.

Conclusão

Os autores bíblicos que relataram a história do Reino do Norte não tinham uma perspectiva estritamente histórica. A preocupação do autor bíblico é oferecer uma explicação teológica dos acontecimentos do Reino do Norte de seu nascedouro até ao seu momento derradeiro. Uma história marcada pela desobediência dos reis de Israel a YHWH e já permeada de uma condenação em vista do seu fim último. Todavia, a história de Israel apresenta acenos de grande prosperidade que o autor bíblico procura explicar pela misericórdia de YHWH em reconhecer alguns méritos nos reis do Reino do Norte [102].

Neste contexto, a história do Reino do Norte encontra seu ponto alto na reflexão sobre sua ruína, na qual o autor bíblico relata os motivos que levaram Israel a este triste fim (cf. 2Rs 17,7-23) [103]. Para as tradições bíblicas, o fim do Reino do Norte era inevitável devido à sua infidelidade para com o Deus de Israel, que transparecia nos desmandos cultuais, sociais e políticos. E contar a história do Reino do Norte servia como exemplo e admoestação a todos os leitores/ouvintes a não seguir os passos do Reino do Norte e seguir na fidelidade a YHWH. Judá assume a missão de “recuperar um direito de nascimento perdido e redimir a terra e o povo de Israel” [104].

Nesse sentido, a intenção teológica, que permeia o texto bíblico, demonstra que não há contradição entre os dados bíblicos e os dados históricos, desde que se compreenda a perspectiva do texto bíblico.

A arqueologia recente é de grande valia para a compreensão mais fundamentada da história e, no caso concreto dos últimos anos do Reino do Norte, para um mais correto enquadramento dos dados levantados pela história tradicional. Sobretudo as descobertas em torno de Megiddo oferecem uma ampliação considerável dos elementos do cenário internacional que explicam o interesse da Assíria pelo Reino do Norte e pela região circunstante, bem como sua política em relação a estes reinos. Todos estes dados demonstram que o fim do Reino do norte era irrevogável.

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Referências Bibliográficas 1- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.180. 2- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 311-312. 3- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 327. 4- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 315. 5- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 166. 6- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 311-312. 7- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.181. 8- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 311-312. 9- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 327. 10- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 166. 11- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 312. 12- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 167. 13- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.180-181. 14- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 167.

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15- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.181. 16- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 167-168. 17- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.181. 18- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 314-315. 19- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.181. 20- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 327. 21- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 328. 22- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 169. 23- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 317. 24- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 318. 25- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 318. 26- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 318-319. 27- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 320. 28- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 320-321. 29- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.182-183. 30- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 169.

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31- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.181. 32- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 170. 33- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 168-169. 34- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 349. 35- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.183. 36- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 329. 37- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 349-350. 38- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 329. 39- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 350. 40- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 352. 41- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.184-185. 42- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 352. 43- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.184. 44- Cf. BRIGHT, John. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 330. 45- Cf. BRIGHT, J. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 331.

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46- Cf. BRIGHT, J. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 331 -332. 47- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 172. 48- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 173. 49- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 173. 50- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 352-353. 51- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.184-185. 52- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 354. 53- Cf. PRITCHARD, James Bennett (ed.), Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament. Princeton: Princeton University Press, 1969 (ANET), p.284. 54- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.185. 55- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 173. 56- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 359. 57- Cf. BRIGHT, J. História de Israel. São Paulo, Paulus, 2003, p. 334. 58- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 359. 59- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.185-186.

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60- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 359-360. 61- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.186. 62- Cf. GUNNEWEG, Antonius H. J. História de Israel: dos primórdios até Bar Kochba e de Theodor Herzel ates os nossos dias. São Paulo, Editora Teológica: Edições Loyola, 2005, p.186. 63- Cf. CAZELLES, Henri. História política de Israel: desde as origens até Alexandre Magno. São Paulo: Paulus, 1986, p. 174-175. 64- Cf. DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos v.2: Da época da divisão do reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal, 1997, p. 361-362. 65- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 185. 66- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 281. 67- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 282. 68- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 282-283. 69- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 283. 70- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 283. 71- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 284. 72- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 284-286. 73- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 286-287.

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74- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 287-288. 75- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 288-289. 76- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 289-290. 77- FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p.291. 78- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 292. 79- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 291-292. 80- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 293. 81- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 186-187. 82- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 295-296. 83- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 186-187. 84- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 187. 85- FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 293 -294. 86- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 187-188. 87- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 300. 88- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 188-189.

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89- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 189. 90- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 302-303. 91- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 301. 92- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 193-194. 93- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 302. 94- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 194. 95- Cf. LIVERANI, Mario. Para Além da Bíblia: História antiga de Israel. Tradução de Orlando Soares Moreira. São Paulo: Paulus: Loyola, 2008, p. 194. 96- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 296-297. 97- Cf. MAZAR, Amihai. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a.C.. Tradução de Ricardo Gouveia. São Paulo: Paulinas, 2003, p. 515. 98- Cf. MAZAR, Amihai. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a.C.. Tradução de Ricardo Gouveia. São Paulo: Paulinas, 2003, p. 515-516. 99- Cf. MAZAR, Amihai. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a.C.. Tradução de Ricardo Gouveia. São Paulo: Paulinas, 2003, p. 517. 100- Cf. MAZAR, Amihai. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a.C.. Tradução de Ricardo Gouveia. São Paulo: Paulinas, 2003, p. 517. 101- Cf. MAZAR, Amihai. Arqueologia na terra da Bíblia: 10.000 – 586 a.C.. Tradução de Ricardo Gouveia. São Paulo: Paulinas, 2003, p. 517. 102- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 304-305. 103- Cf. FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 306.

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104- FINKELSTEIN, Israel – SILBERMANN, Neil Asher. A Bíblia não tinha razão. São Paulo: A Girafa Editora, 2003. p. 307.