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Os três poderes Não há, nem pode haver, Estado sem poder. Este é o principio unificador da ordem jurídica e, como tal, evidentemente, é uno. O exercício desse poder pelos órgãos estatais pode ser, todavia, diferentemente estruturado. Tanto pode ser ele concentrado nas mãos de um só órgão, como pode ser dividido e distribuído por vários órgãos. A unidade de exercício do poder, ou sua concentração coo se usa dizer, foi a sua primeira forma histórica. A monarquia absoluta é disso o exemplo classico. À luz da experiencia, porem, essa concentração aparece incovenientemente para a segurança do individuo, por dar a alguém a possibilidade de fazer de todos os outros o lhe parecer melhor, segundo o capricho do momento. Embora tenha ela a vantagem da prontidão, da presteza de decisões e de sua firmeza, jamais pode servir à liberdade individual, valor básico da democracia representativa. A necessidade de previnir o arbitrio, ressentida onde quer que haja apontado a consciencia das individualidades, leva à limitação do poder, de que a divisão do poder é um dos processos tecnicos e, historicamente, dos mais eficazes. Repugna ao pensamento politico comteporaneo do poder. Ao contrario, é arraigada a convicção de que o poder, mesmo legitimo, deve ser limitado. Isto porque, na famosa expressão de Lord Acton, “todo poder corrompe”, inclusive democratico. Para limitar o poder varias são as tecnicas adotadas. Uma é da divisão territorial do poder, que inspira as descentralizações e não raro o proprio federalismo. Outra consiste em circunscrever o campo de ação do Estado, reconhecendo-se em favor do individuo uma esfera autonoma, onde a liberdade não pode sofrer interferencias do Estado. É isso que se busca obter pela Declaração dos direitos e Garantias do Homem. A terceira é a divisão funcional do poder, tao conhecida na forma classica da separação dos poderes. É esta o objeto do presente capitulo, que é complementado

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Os três poderes

Não há, nem pode haver, Estado sem poder. Este é o principio unificador da ordem jurídica e,  como tal, evidentemente, é uno.

O exercício desse poder pelos órgãos estatais pode ser, todavia, diferentemente estruturado. Tanto pode ser ele concentrado nas mãos de um só órgão, como pode ser dividido e distribuído por vários órgãos.

A unidade de exercício do poder, ou sua concentração coo se usa dizer, foi a sua primeira forma histórica. A monarquia absoluta é disso o exemplo classico.

À luz da experiencia, porem, essa concentração aparece incovenientemente para a segurança do individuo, por dar a alguém a possibilidade de fazer de todos os outros o lhe parecer melhor, segundo o capricho do momento. Embora tenha ela a vantagem da prontidão, da presteza de decisões e de sua firmeza, jamais pode servir à liberdade individual, valor básico da democracia representativa.

A necessidade de previnir o arbitrio, ressentida onde quer que haja apontado a consciencia das individualidades, leva à limitação do poder, de que a divisão do poder é um dos processos tecnicos e, historicamente, dos mais eficazes.

Repugna ao pensamento politico comteporaneo do poder. Ao contrario, é arraigada a convicção de que o poder, mesmo legitimo, deve ser limitado. Isto porque, na famosa expressão de Lord Acton, “todo poder corrompe”, inclusive democratico.

Para limitar o poder varias são as tecnicas adotadas. Uma é da divisão territorial do poder, que inspira as descentralizações e não raro o proprio federalismo.

Outra consiste em circunscrever o campo de ação do Estado, reconhecendo-se em favor do individuo uma esfera autonoma, onde a liberdade não pode sofrer interferencias do Estado. É isso que se busca obter pela Declaração dos direitos e Garantias do Homem.

A terceira é a divisão funcional do poder, tao conhecida na forma classica da separação dos poderes. É esta o objeto do presente capitulo, que é complementado pelos seguintes, em que se apontam as linhas mestras de cada um dos poderes identificados pela velha doutrina. Pelo disposto na Constituição, os poderes da União são divididos em: Legislativo, Executivo e Judiciário. Em verdade, o poder é um só, ocorrendo uma divisão de atribuições e funções do Estado.

Todavia, como as relações entre esses poderes, como a variavel posição de cada um em relação aos demais, é que serve para a caracterização do regime de governos, a seção primeira, a seguir, será dedicada aos sistemas, em particular ao parlamentarismo e ao presidencialismo.

A divisão do poder consiste em repartir o exercicio do poder politico por vários órgãos diferentes e independentes, osegundo um criterio variavle, em geral funcional ou geografico, de tal sorte que nenhum órgão isolado possa agir sem ser freado pelos demais. A divisão impede o arbitrio, ou ao menos o dificulta sobremodo, porque só pode ocorrer se se der  improvavel conluio de autoridades independentes. Ela estabelece, pois, um sistema de freios e contrapesos, sob o qual pode vicejar a liberdade individual.

A divisão do poder segundo o criterio geografico é a descentralização, ou, mais precisamente, o federalismo que, alias, apresenta também a divisão funcional com ela combinada.

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A divisão segundo o criterio funcional é a celebre “separação de poderes”, que consiste em distinguir tres funções estatais: legislação, administração(executiva) e jurisdição. E atribui-las a tres órgãos, reciprocamente autonomos, que as exercerão com exclusividade, ou menos preponderantemente.

A divisão funcional do poder ou separação de poderes, que ainda hoje é a base da organização do governo nas democracias ocidentais, não foi invenção genial de um homem inspirados, mas sim é o resultado empirico da evolução constitucional inglesa, qual a consagrou o Bill of Rights 1968.

De fato a “gloriosa revolução” pos no mesmo pe a autoridade real e a autoridade do parlamento, forçando um compromisso que foi a divisão do poder, reservando-se ao monarca certas funções, ao parlamento outras e reconhencendo-se a independencia dos juizes.

Na verdade, tornou-se a “separação de poderes” o principio fundamental da organização politica liberal e até foi transformada em dogma pelo art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

As prerrogativas do poder estatal são exercidas por órgãos diferentes, contudo, o poder é uno. A eficiencia, a independicia e o equilibrio são razões fortes que autorizam e aconselham a tripartidação(divisão dos poderes do estado). No relacionamento entre os poderes, contata-se uma interpenetrancão reciproca determinada pela Constituição, ocorre uma invasão de atribuições, digo, os poderes não estão encarregados somente de uma função. Em alguns casos, o Executivo legisla ou julga, o Judiciario administra e o Legislativo julga ou administra. 

Introdução

O poder concentrado nas mãos de uma única corrompe, dizia Lord Acton, então para que isso não acontecesse foi feita a divisão de poderes.

Essa divisão consiste em dividir o poder na forma administrativa, legislativa e jurisdicional.

A divisão segundo o critério funcional é a celebre “separação de poderes”, que consiste em distinguir três funções estatais: legislação, administração(executiva) e jurisdição. E atribui-las a três órgãos, reciprocamente autônomos, que as exercerão com exclusividade, ou menos preponderantemente. 

Os três poderes

Não há, nem pode haver, Estado sem poder. Este é o principio unificador da ordem jurídica e, como tal, evidentemente, é uno.

O exercício desse poder pelos órgãos estatais pode ser, todavia, diferentemente estruturado. Tanto pode ser ele concentrado nas mãos de um só órgão, como pode ser dividido e distribuído por vários órgãos. A unidade de exercício do poder, ou sua concentração como se usa dizer, foi a sua primeira forma histórica. A monarquia absoluta é disso o exemplo clássico.

À luz da experiência, porem, essa concentração aparece inconvenientemente para a segurança do indivíduo, por dar a alguém a possibilidade de fazer de todos os outros o lhe parecer melhor, segundo o capricho do momento. Embora tenha ela a

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vantagem da prontidão, da presteza de decisões e de sua firmeza, jamais pode servir à liberdade individual, valor básico da democracia representativa.

A necessidade de prevenir o arbítrio, ressentida onde quer que haja apontado a consciência das individualidades, leva à limitação do poder, de que a divisão do poder é um dos processos técnicos e, historicamente, dos mais eficazes.

Repugna ao pensamento político contemporâneo do poder. Ao contrario, é arraigada a convicção de que o poder, mesmo legitimo, deve ser limitado. Isto porque, na famosa expressão de Lord Acton, “todo poder corrompe”, inclusive democrático.

Para limitar o poder varias são as técnicas adotadas. Uma é da divisão territorial do poder, que inspira as descentralizações e não raro o próprio federalismo.

Outra consiste em circunscrever o campo de ação do Estado, reconhecendo-se em favor do indivíduo uma esfera autônoma, onde a liberdade não pode sofrer interferências do Estado. É isso que se busca obter pela Declaração dos direitos e Garantias do Homem.

A terceira é a divisão funcional do poder, tão conhecida na forma clássica da separação dos poderes. É esta o objeto do presente capitulo, que é complementado pelos seguintes, em que se apontam as linhas mestras de cada um dos poderes identificados pela velha doutrina. Pelo disposto na Constituição, os poderes da União são divididos em: Legislativo, Executivo e Judiciário. Em verdade, o poder é um só, ocorrendo uma divisão de atribuições e funções do Estado.

Todavia, como as relações entre esses poderes, como a variável posição de cada um em relação aos demais, é que serve para a caracterização do regime de governos, a seção primeira, a seguir, será dedicada aos sistemas, em particular ao parlamentarismo e ao presidencialismo.

A divisão do poder consiste em repartir o exercício do poder político por vários órgãos diferentes e independentes, o segundo um critério variável, em geral funcional ou geográfico, de tal sorte que nenhum órgão isolado possa agir sem ser freado pelos demais. A divisão impede o arbítrio, ou ao menos o dificulta sobremodo, porque só pode ocorrer se se der improvável conluio de autoridades independentes. Ela estabelece, pois, um sistema de freios e contrapesos, sob o qual pode vicejar a liberdade individual.

A divisão do poder segundo o critério geográfico é a descentralização, ou, mais precisamente, o federalismo que, alias, apresenta também a divisão funcional com ela combinada.

A divisão funcional do poder ou separação de poderes, que ainda hoje é a base da organização do governo nas democracias ocidentais, não foi invenção genial de um homem inspirados, mas sim é o resultado empírico da evolução constitucional inglesa, qual a consagrou o Bill of Rights 1968.

De fato a “gloriosa revolução” pôs no mesmo pé a autoridade real e a autoridade do parlamento, forçando um compromisso que foi a divisão do poder, reservando-se ao monarca certas funções, ao parlamento outras e reconhecendo-se a independência dos juizes.

Na verdade, tornou-se a “separação de poderes” o principio fundamental da organização política liberal e até foi transformada em dogma pelo art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

As prerrogativas do poder estatal são exercidas por órgãos diferentes, contudo, o poder é uno. A eficiência, a independência e o equilíbrio são razões fortes que autorizam e aconselham a tripartidação(divisão dos poderes do estado). No relacionamento entre os poderes, contata-se uma interpenetração reciproca determinada

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pela Constituição, ocorre uma invasão de atribuições, digo, os poderes não estão encarregados somente de uma função. Em alguns casos, o Executivo legisla ou julga, o Judiciário administra e o Legislativo julga ou administra.

I. PODER LEGISLATIVO

O poder legislativo .é um órgão estatal constituído pela nação para, em nome dela elaborar as leis. Conquanto seja essa a sua função natural, atribuições outras, administrativas e judiciárias, lhe são deferidas no estado moderno dada a sua transcendental importância como órgão supremo da representação política nacional.

Exerce o Legislativo funções tipicamente administrativas, v.g. quando aprova ou impugna as nomeações de magistrados, ministros do tribunal de contas, procurador-geral da republica, membros do conselho de economia e chefes de Missões Diplomáticas (ou dos próprios Ministros de Estados, como nos Estados Unidos da América do Norte); resolve sobre tratados e convenções internacionais; fiscaliza a execução do orçamento; autoriza empréstimos externos; julga as contas do Presidente da republica; apura a responsabilidade dos membros dos outros poderes através das comissões parlamentares de inquérito etc. Nos países de regime parlamentares sobre a conduta do Executivo.

1.     ORGANIZAÇÃO

1.1.CONGRESSO NACIONAL.

A função legislativa de competência da União e exercida pelo Congresso Nacional, que compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, integrados respectivamente por Deputados e Senadores.

É da tradição constitucional brasileira a organização do Poder Legislativo em dois ramos, sistema denominado bicameralismo, que vem desde o Império, salvo as limitações contidas nas Constituições de 1934 e 1937, que tenderam para o unicameralismo, sistema segundo o qual poder Legislativo é exercido por uma única câmara. Estados Federais apresentam uma estrutura dualista. De parte, deve estar presente a federação, com sua unidade global, de outra parte, os Estados- membros da federação, com sua autonomia particular. Existem bicameralismo também em Estados unitários. Tem-se o bicameralismo tema mais propicio ao conservadorismo, enquanto o unicadorismo favorecia os avanços democrático, na medida em que canaliza e exprime melhor os anseios da soberania popular por transformações.

No bicameralismo brasileiro, não há predominância substancial de uma câmara sobre outra. Formalmente, contudo, a câmara dos Deputados goza de certa primazia relativamente á iniciativa legislativa, pois é perante ela que o Presidente da Republica, o supremo Tribunal Federal, o superior Tribunal de justiça e os cidadãos promovem a iniciativa das leis (arts. .61, § 2º, e 64).

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1.2.CÂMARA DOS DEPUTADOS

O ramo popular do poder Legislativo federal pelo sistema proporcional. Que dizer, como já observamos noutro lugar, cada uma dessas entidades territoriais forma uma circunscrição eleitoral dos Deputados Federais.

A constituição não fixa o número total de Deputados Federais, deixando isso e a representação por Estado e pelo Distrito Federal para serem estabelecido por lei complementar, que terá de faze-lo em proporção à população, determinando reajustes pela Justiça Eleitoral, em cada ano anterior às eleição de modo que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados. Estas regra que consta do art. 45,§1º, é a fonte de graves distorções do sistema de representação proporcional nele mesmo previsto para a eleição de Deputados Federais.

1.3.O SENADO FEDERAL.

O Senado Federal compõe de representantes dos Estados e do Distrito Federal, elegendo, cada um, três Senadores (com dois suplentes cada), pelo principio majoritário, para um mandato de dois anos, renovando- se a representação de quatro em quatro anos, alternadamente por um dos dois terços ( art. 46).

1.4.ORGANIZAÇÃO INTERNA DA AS CASAS DO CONGRESSO

As casas do Congresso Nacional, ou seja, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, possuem órgãos internos destinados a ordenar seus trabalhos. A cada uma delas cabe elaborar seu regimento interno, dispor sobre sua organização, funcionamento, política, criação transformação ou extinção dos cargo, empregos e funções de seus serviço e fixação da respectiva remuneração observados apenas os parâmetros estabelecido na lei de diretrizes de orçamentais. Nisso se encontra um elemento básico de sua independência, agora reconquistada pela retomada de prerrogativas que lhes tinha sido subtraídas pela Constituição revogada.

São elas os órgãos diretores das casas do Congresso Nacional. Sua composição é a matéria regimental e cada Casa do Congresso Nacional. Sua composição é a matéria regimental e cada Casa a disciplina como melhor lhe parecer. A regra tem sido que a Mesa da Câmara dos Deputados  compreenda Presidente; dois vice- Presidentes, quatro Secretários e a Mesa do Senado Federal constitui- se de Presidente, e dois Vice- Presidentes, quatro Secretários e quatro Suplentes de Secretários. Impõe- se, no entanto, atender, na constituição das Mesas, a representação proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Casa ( art. 58.§ 1º).

A exigência de autonomia das Câmaras Legislativas impõe sejam seus órgãos diretores compostos de membros pertencentes a seus quadros e eleitos pelos seus pares. Isso é um principio geral da organização do poder Legislativo que, entre nós, sempre foi seguido, consoante consta agora do art. 57, § 4º, que consagra as primeiras providencias, no inicio de cada legislatura, de organização interna do Congresso Nacional, ao estatuis que cada uma das Casas se reunirá em sessões preparatórias, a partir de 1º de Fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas essa para o mandato de dois anos, é vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

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A Mesa do Congresso Nacional não é um organismo per se stante; não existe por si, não tem uma formação adrede, porque se constitui de membros das Mesas do Senado e da Câmara.

As atribuições das Mesas são contempladas nos regimentos internos, mas a Constituição menciona algumas de maior destaque, que fogem a uma consideração puramente regimental, como as referentes `a convocação ou comparecimento de Ministros, à perda de mandatos de congressistas, à propositura da ação direta de inconstitucional, à liberação de pronunciamento de parlamentares durante o estado de sitio.

A-    Comissões parlamentares. São organismo constituído em cada Câmara, composto de números geralmente restrito de membros, encarregados de estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres. As comissões do Congresso e de suas Casas serão pertencentes ou temporárias e constituídas na forma e com as atribuições previstas no respectivo regimento interno ou no ato de que resultar sua criação, asseguradas a representação proporcional dos partidos ou de blocos partidários que participem da respectiva Câmara(art. 58): (a) discutir e voltar projeto de lei que dispensar, na forma de regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um decimo dos membros da Casa.

B-        Comissões temporárias (ou especiais), as que se extinguem com a terminação da legislatura ou, antes dela, quando, constituídas para opinarem sobre a determinada matéria, tenham preenchidos fins a que se destinam.

C-        Mistas: as que se formam de Deputados e Senadores, a fim de estudarem assuntos expressamente fixados, especialmente aqueles que devam ser decididos pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta de suas Casas. Podem ser permanentes ou temporárias.

D-        Comissões Parlamentares de Inquérito: são organismos que desempenharam e desempenham papel de grande relevância na fiscalização e controle da Administração, mas que tiveram sua organização e suas tarefas consideravelmente tolhidas no regime da Constituição revogada.

E-         Policia e serviços administrativos: As casas do congresso nacional mantém um corpo de guardas próprios, destinado ao policiamento interno, bem como serviços administrativos, que são as secretarias incluindo os serviços gráficos, bibliotecas e serviços de referência legislativa, acessórias, os quais são regulados no respectivo regimentos internos.

1.5. COMISSÃO REPRESENTATIVA

A Comissão Representativa, instituído agora no art. 58, § 4º, é novidade no nosso regime constitucional, e assim se chama porque tem por função representada pelo congresso nacional durante o recesso parlamentar. Isso importa em mudança importante, na medida que tal atribuição sempre coube às Mesas(e especificamente aos presidentes) das Câmaras em relação a cada uma delas e à Mesa(Presidente) ao Senado em relação ao Congresso Nacional.

II. PODER EXECUTIVO

No regime absolutista todos os poderes se concentram nas mãos do chefe do Estado, porém, no regime constitucional, baseado na divisão do poder publico em três

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funções distintas(legislativa, executiva e judiciária), o Executivo não pode ser confundido com os dois outros Poderes, embora não seja um simples executor da lei. Com as atribuições de tomar a iniciativa da lei, participar das discussões dos projetos, sancionar, promulgar e vetar, exerce o Executivo funções tipicamente legislativas. Ao conceder a graça, o perdão, o indulto ou a comutação da pena, exerce funções de ordem judiciaria. Vela pela segurança interna do Estado, dirige a defesa externa em caso de guerra e impulsiona a suprema direção do País, com larga margem de arbítrio. No desempenho de todas essas atribuições, obra ele como superior, por discriminação própria e não como simples agente executivo.

Função: o Executivo tem por função pratica os atos de chefia de estado, de governo e de administração.

Três são os sistemas de organização do Executivo no regime constitucional: diretorial, parlamentar e presidencial. Nos dois primeiros o Executivo é colegiado, no ultimo é singular.

A Constituição do Brasil, estabelece que o Poder Executivo é exercido Presidente da Republica, auxiliado pelos Ministros de Estado, segundo a classificação de Duverger, temos um Executivo Monocrático ou Presidencial, porque é exercido por só indivíduo.

2.     ORGANIZAÇÃO

2.1.Presidente da RepublicaO Presidente da Republica é eleito, simultaneamente com um Vice-Presidente,

dentre brasileiros natos que preencham as condições de elegibilidade previstas no art. 14, §3º. A eleição realizar-se-á noventa dias antes do termino do mandato presidencial vigente.

Ao Presidente como chefe de Estado, lhe cabem tarefas de: Representação do Estado nas relações internacionais, p.ex., art. 81, XI, X, etc; Constituinte de outros poderes do Estado v.g., arts. 118, § único, 121, etc.

Como chefe do Governo, lhe incumbem tarefas de: Orientação política global, v.g., art. 81, XIX; Chefia da administração, em geral, p. ex., art. 81, V, VIII, etc. Guardião da segurança nacional, v.g., art. 81, VII, XI, XIII, XIV, XV, etc. Defensor do interesse publico, em geral, p. ex., art. 81, III, XXI, etc.

O fato de ser a investidura através de designação e não de eleição não significa que fuja ao ideal da democracia. Carl Friedrich, em seu livro sobre O Estado constitucional da Idade Moderna (Der Verfassungsstaat der Neuziet, cit., p. 308-9), mostra que a eleição é um método de escolha, e este pode impor ou aconselhar outro modo de investidura, através da seleção pelo critério da capacidade técnica e não pelo critério da eleição.

3.     ORGANIZAÇÃO

O Poder Judiciário e composto pelo: Supremo Tribunal Federal; Superior Tribunal de Justiça; Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

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Os Tribunais e Juízes do Trabalho;Os Tribunais e Juízes Eleitorais;

Os Tribunais e Juízes Militares; Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

 

3.1.Supremo Tribunal FederalA ação do STF se destina a compor lide constitucional, mediante o exercício de

jurisdição constitucional, compete a ele, precipuamente, a guarda da constituição.As matérias de competência do STF constam do art. 102, especificadas em três

grupos:1. as que lhe cabem processar e julgar originariamente, ou seja, como Juízo único

e definitivo, e são as questões relacionadas no inc. I;2. as que lhe incube julgar, em recurso ordinário, e são as indicadas no inc. II3. as que lhe toca julgar, em recurso extraordinário, e são as causas decididas em

única ou ultima instancia, quando a decisão recorrida envolve uma das questões constitucionais referidas nas alíneas do inc. III.

3.2.Superior Tribunal de Justiça

A competência do STJ está distribuída em três áreas:

1. competência originaria para processar e julgas as questões relacionadas no inc. I do art. 105;

2. competência para julgar, em recurso ordinário, as causas referidas no inc. II;3. competência para julgar, em recurso especial, as causas indicadas no inc. III.

3.3.Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais

Compete ao tribunais regionais:1. processar e julgar, originariamente:a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da

Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;

c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;

d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal;e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;

2. julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.

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E aos Juízes Federais compete:

As causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; a disputa sobre direitos indígenas.

3.4.Tribunais e Juízes do Trabalho

Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios, do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas.

3.5.Tribunais e Juízes Eleitorais

É competência do Tribunal Eleitoral, o direito político-eleitoral.Os Juízes são os próprio juízes de direito da organização judiciaria dos Estados

ou do Distrito Federal e as juntas eleitoras são presididas por juízes eleitorais, se bem que a Constituição não mais lhes indica a composição nem as atribuições, remetendo o assunto à lei complementar(art. 121).

3.6.Tribunais e Juízes Militares

Compete aos Tribunais Militares processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares nos crimes militares definidos em lei, cabendo ao

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tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças

3.7.Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Compete a esses tribunais processar e julgar crimes de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas na lei, a transação e o julgamento de recurso por turmas de juízes de primeiro grau.

Conclusão

Como entidade de Direito Publico interno e com entidade político-federativa, a União possui seus órgãos próprios, seu Poderes Públicos, seu sistema de governo e sua organização política fundada no principio da divisão de poderes nos termos do art. 2º, segundo o qual são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o legislativo, o executivo e o judiciário.

Essa divisão foi feita para que fosse melhor administrada, melhorando e facilitando o poder do Chefe de Estado.

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Os Três Poderes

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal, visando, principalmente, evitar o arbítrio e o desrespeito aos direitos fundamentais do homem, previu a existência dos Poderes do Estado, independentes e harmônicos entre si, repartindo entre eles as funções estatais e prevendo prerrogativas e imunidades para que bem pudesse exercê-las, bem como criando mecanismos de controles recíprocos, sempre como garantia da perpetuidade do Estado democrático de Direito.

A Divisão segundo o critério funcional é a célebre "Separação dos Poderes’, que consiste em distinguir três funções estatais, quais sejam, legislação, administração e jurisdição, que devem ser atribuídas a três órgãos autônomos entre si, que as exercerão com exclusividade, foi esboçada pela primeira vez por Aristóteles, na obra "política", detalhada, posteriormente, por John Locke, no Segundo Tratado do governo Civil, que também reconheceu três funções distintas, entre elas a executiva, consistente em aplicar a força pública no interno, para assegurar a ordem e o direito, e a federativa, consistente em manter relações com outros Estados, especialmente por meio de alianças. E, finalmente, consagrada na obra de Montesquieu, O Espírito das Leis, a quem devemos a divisão e distribuição clássicas, tornando-se princípio fundamental da organização política liberal e transformando-se em dogma pelo art.16 da Declaração Francesa de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, e é prevista no art. 2º da nossa Constituição Federal.

2. O PODER É UNO

Equivocam-se os que utilizam a expressão "tripartição dos poderes". É que o poder é uma unidade, é atributo do Estado.

Foi observando as sociedades que os autores verificaram a existência de três funções básicas: uma, produtora do ato geral, outra, produtora do ato especial e uma terceira solucionadora de controvérsias. As duas últimas aplicavam o disposto no ato geral. Seus objetivos porém, eram diversos: uma visando a executar, administrar, a dar o disposto no ato geral, para desenvolver a atividade estatal; outra, também aplicando ato geral, mas com vistas a solucionar controvérsias entre súditos e o Estado ou entre os próprios súditos.

Tais funções sempre foram identificáveis em todas as sociedades, especialmente naquela que a doutrina chama Estado Absoluto. Neste, o soberano concentrava o exercício do poder, exercitando-o por si ou por de auxiliares. Todas estas atividades dependiam da vontade do soberano. Daí por que titularizava "poder incontrastável de mando". Ou seja: desempenhava funções distintas. Não havia órgãos – independentes uns dos outros – desempenhadores daquelas funções. O soberano enfeixava, de forma absoluta, o exercício do poder. Dessa circunstância derivava o absolutismo, sistema em que uma pessoa física (o soberano) concentrava exercício do poder e, por isso mesmo,

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não era possível imputar-se-lhe responsabilidade. Pois a sua vontade era fonte do ato geral, do especial e daquele solucionador de controvérsia. Legislação, execução e jurisdição dependiam de seu querer.

Antes de Montesquieu, Aristóteles já distinguia três poderes: a) poder deliberante: deliberava sobre todos os negócios do Estado; b) poder executivo: atribuído aos magistrados e exercido com fundamento nas cisões tomadas pelo poder deliberante; e c) poder de fazer justiça: dizia respeito a jurisdição.

Também antes de Montesquieu, John Locke já classificara as funções estatais propondo a sua entrega a órgãos independentes. Aludiu a : a) poder federativo, ao qual cabia tudo o que dissesse respeito às relações exteriores do estado; b) poder legislativo, editor de leis com o principal objetivo de especificar a forma a qual o Estado protegeria os seus integrantes; c) poder executivo, que executava os disposto na lei, no interior do Estado.

Sua proposta, porém, difere da formulada por Montesquieu. É que Locke atribuía ao Legislativo posição de preponderância relativamente aos dois outros; de modo que estes eram subordinados àquele.

3 FUNÇÕES ESTATAIS, IMUNIDADES E GARANTIAS EM FACE DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE

A finalidade das imunidades e garantias previstas para os membros do Legislativo, Executivo e Judiciário, para bem exercerem suas funções estatais deferidas pelo legislador constituinte, deve ser analisada sob a luz do princípio da igualdade, informador dos direitos fundamentais e de todo o ordenamento constitucional; verdadeiro vetor de interpretação constitucional da democracia, em virtude de seu valor e de seu caráter principiológico.

O objetivo colimado pela Constituição Federal, ao estabelecer diversas funções, imunidades e garantias aos detentores das funções soberanas do Estado, Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, é a defesa do regime democrático, dos direitos fundamentais e da própria Separação dos Poderes, legitimando, pois, o tratamento diferenciado fixado a seus membros, em face dos princípios da igualdade.

Uma interpretação valorativa dos direitos fundamentais, bem como de proteção dos instrumentos e mecanismo previstos constitucionalmente para sua aplicabilidade integral e eficaz, entre eles as previsões de garantias e imunidades, vai ao encontro da dupla finalidade apontada por Mauro Cappelletti, ao dissertar sobre o nascimento da denominada justiça constitucional das liberdades.: evitar os regimes ditatoriais e garantir independência e liberdade à função criativa do Judiciário, na efetividade dos referidos direitos fundamentais.

Ao prelecionar sobre a divisão dos poderes, Montesquieu mostrava o necessário para o equilíbrio dos Poderes, dizendo que para formar-se um governo moderado, ‘precisa-se combinar os Poderes, regrá-los, temperá-los, fazê-los agir; dar a um Poder, por assim, dizer, um lastro, para pô-lo em condições de resistir a um outro.

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Os órgãos exercentes das funções estatais, para serem independentes, conseguindo frear uns aos outros, com verdadeiros controle recíproco, necessitavam de certas garantias e prerrogativas constitucionais. E tais garantias são invioláveis e impostergáveis, sob pena de ocorrer desequilíbrio entre eles e desestabilização do governo.

Se por um lado as imunidades e as garantias dos agentes políticos, previstas na Constituição Federal, são instrumentos para perpetuidade da separação dos poderes independentes e harmônicos dos Poderes de Estado, por outro lado, igualmente defendem a efetividade dos direitos fundamentais e a própria perpetuidade do regime democrático.

4. FUNÇÕES TÍPICAS E ATÍPICAS DE CADA PODER

Cada órgão do Poder exerce, preponderantemente, uma função, e, secundariamente, as duas outras. Da preponderância advém a tipicidade da função; da secundariedade, a atipicidade.

As funções típicas do Legislativo, Executivo e Judiciário são, em razão da preponderância, legislar, executar e julgar.

Atipicamente, o Legislativo, também administra e julga. É o que evidenciam os arts. 51, IV, e 52, XIII, da CF. Esses artigos estabelecem a competência de cada uma das Câmaras para disporem sobre sua organização, polícia e provimento de cargos e de seus serviços. Nesse particular há uma atividade legislativa que "dispõe a respeito do assunto", mas há também uma atividade administrativa no instante em que o Legislativo provê cargos, aloca servidores, lhe confere férias, licenças etc.

No art. 52, I e II, encontramos a competência privativa do Senado Federal para julgar o Presidente e Vice Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles, bem como processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da República e o advogado Geral da União

Nos crimes de responsabilidade, função que não é legislativa.

O Executivo, igualmente, "julga" e legisla.

A todo instante a Administração Pública defere ou indefere pedidos de administradores, aprecia defesas e recursos administrativos. Para tanto, se organiza em instâncias recursais, criando, no seu interior, tribunais administrativos. No desempenho dessa atividade está aplicando a lei para solucionar um litígio.

O Executivo também legisla por disposição expressa do art. 62, autorizador de medidas provisórias, e do art.68, caput, e § 2º, que prevê a possibilidade de o Presidente da República elaborar leis delegadas.

O mesmo ocorre com o Judiciário. Legisla, ao editar regimento internos(art. 96, I, "a"), e administra, ao organizador seus serviços auxiliares, provendo-lhes os cargos na forma

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da lei, bem como ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários que lhes forem imediatamente vinculados (art. 96, I, "b" e "f")

Extrai-se, do exposto, a idéia de tipicidade a atipicidade das funções próprias de cada órgão do poder.

5 PODER LEGISLATIVO

5.1 FUNÇÕES

As funções típicas do Poder Legislativo são legislar e fiscalizar, tendo ambas o mesmo grau de importância e merecedoras de maior detalhamento. Dessa forma, se por um lado a Constituição prevê regras de do processo legislativo, para que o Congresso Nacional elabore as normas jurídicas, de outro, determina que a lei compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo.

As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira ocorre, exemplificativamente, quando o Legislativo dispõe sobre sua organização e operacionalmente interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores; enquanto a segunda ocorrerá, por exemplo, no processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade.

5.2 CONGRESSO NACIONAL

O Poder Legislativo Federal é bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos deputados e do Senado Federal, diferentemente dos estaduais, distritais e municipais, onde é consagrado o unicameralismo.

O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital federal, de 15 de fevereiro à 30 de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. Cada legislatura terá duração de quatro anos, compreendendo quatro sessões legislativas ou oito períodos legislativos.

O art. 57, § 6º, da Constituição Federal, prevê a possibilidade de convocação extraordinária do Congresso Nacional, que poderá ser feita, dependendo da hipótese, pelo Presidente da república, pelo Presidente do Senado, pelo Presidente da Câmara dos Deputados, ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as casas legislativas.

O órgão administrativo de direção do Congresso Nacional é sua mesa.

A mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Assim, aplicando-se regras constitucionais, e com base nos regimentos internos da Câmara, do Senado e do próprio Congresso, a Mesa do Congresso será composta pelo Presidente do Senado, 1º Vice-presidente da Câmara, 2º Vice-presidente do Senado, 1º Secretário da Câmara, 2º secretário do Senado, 3º Secretário da Câmara e 4º Secretário do Senado.

A Constituição Federal prevê, além de outros casos esparsos no próprio texto, que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:

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Inaugurar a sessão legislativa; Elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços comuns às duas

casas; Receber o compromisso do Presidente e do Vice- Presidente da república; Conhecer do veto e sobre ele deliberar.

5.3 CÂMARA DOS DEPUTADOS

A Câmara dos deputados compõem-se de representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território e no distrito Federal, sendo que o número total de deputados, bem como a representação por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à população.

O Sistema é proporcional quando a distribuição dos mandatos ocorre de maneira que o número de representantes em cada circunscrição eleitoral seja dividido em relação com o número de eleitores, de sorte que resulte uma proporção.

O sistema proporcional consiste, portanto, no procedimento eleitoral que visa assegurar ao Parlamento uma representação proporcional ao número devotos obtidos por cada uma das legendas políticas.

Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

Autorizar por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o vice-presidente da República e os Ministros de Estado;

Proceder a tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa;

Elaborar seu regime interno; Dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou

extinção dos cargos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação de respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentaria.

Eleger dois membros de Conselho da República, nos termos do art. 89,VII.

5.4 SENADO FEDERAL

O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário, sendo que cada Estado e o Distrito Federal terão três senadores, com mandato de oito anos.

Sistema majoritário é aquele em que será considerado vencedor o candidato que obtiver maior número de votos, tendo o texto Constitucional optado pelo sistema majoritário puro e simples para a eleição de Senadores da República .

Compete privativamente ao Senado Federal:

Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da

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Marinha do Exército e da Aeronáutica, nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles.

Processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

Aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição.

b)Ministros do Tribunal de Contas da União indicado pelo Presidente da República

c)Governador de território.

d)Presidentes de diretores do Banco Central.

e)Procurador-Geral da República.

f)Titulares de outros cargos que a lei determinar.

Aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão de caráter permanente;

Elaborar seu regime interno; Eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua

estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

5.5 FUNÇÕES TÍPICAS – FISCALIZAÇÃO. COMISSÕES PARLAMENTAR DE INQUÉRITO.

O exercício da função atípica do Poder Legislativo consistente no controle parlamentar, por meio de fiscalização, pode ser classificado em político-administrativa e financeiro-orçamentário. Pelo primeiro controle, o Legislativo poderá questionar os atos do Poder Executivo, tendo acesso ao funcionamento de sua máquina burocrática, a fim de analisar a gestão da coisa pública e, consequentemente, tomar as medidas que entenda necessárias. Inclusive a Constituição Federal autoriza a criação de comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, e serão criadas pelas Câmara dos deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, que deverá ser aprovado pela maioria, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil e criminal dos infratores.

O exercício desta função constitucional típica por parte do Congresso Nacional abrange não somente as contas de entidades públicas ou privadas que utilizem, arrecadam, guardem, gerenciem ou administrem dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária; caracteriza-se pela natureza política, apesar de estar sujeito à prévia apreciação técnico-administrativa do Tribunal de Contas.

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O ordenamento constitucional brasileiro consagrou-se novamente, dentro das funções fiscalizatórias do Poder Legislativo, as Comissões Parlamentares de Inquérito, seguindo uma tradição inglesa que remota o século XIV, onde, durante os reinados de Eduardo II e Eduardo III, permitiu-se ao parlamento a possibilidade de controle da gestão da coisa pública realizada pelo soberano.

Igualmente, as comissões Parlamentares de Inquérito, sejam da Câmara dos Deputados, sejam do Senado Federal ou do próprio Congresso Nacional, devem absoluto respeito ao princípio federativo, e consequentemente, a autonomia dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, cuja gestões da coisa pública devem ser fiscalizadas pelos respectivos legislativos.

As comissões Parlamentares de Inquérito, portanto em regra, terão os mesmo poderes instrutórios que os magistrados possuem durante a instrução processual penal, inclusive com a possibilidade de invasão das liberdades públicas individuais, mas deverão exerce-los dentro dos mesmos limites constitucionais impostos pelo Poder Judiciário, seja em relação ao respeito dos direitos fundamentais, seja em relação à necessária fundamentação e publicidade de seus atos, seja, ainda, na necessidade de resguardo de informações confidenciais, impedindo que as investigações sejam realizadas com a finalidade de perseguição política ou de aumentar o prestígio pessoal dos investigadores, humilhando os investigadores e devassando desnecessária e arbitrariamente suas intimidades e vidas privadas.

5.6 TRIBUNAL DE CONTAS

O Tribunal de Contas da União é um órgão auxiliar e de orientação do Poder Legislativo, embora a ele não subordinado, praticando atos de natureza administrativa, concernente, basicamente, à fiscalização.

O Tribunal terá sua sede no Distrito Federal, sendo integrado por nove ministros que exercerão suas atribuições em todo o território nacional, e terão as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superi0or Tribunal de Justiça, sendo, portanto, vitalícios, inamovíveis e tendo seus subsídios a garantia da irredutibilidade, aplicando-se-lhes quanto à aposentadoria e pensão, nos termos da Emenda Constitucional nº 41/03, as normas constantes no art. 40 da Constituição Federal.

Os Ministros dos Tribunais de Contas da União serão nomeados entre brasileiros que preencham determinados requisitos, a saber:

Maior de 35 anos e menor de 65 anos de idade; Idoneidade moral e reputação ilibada; Notório conhecimento jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de

administração pública; Mais de 10 anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que

exija conhecimentos mencionados no inciso anterior.

A Constituição Federal estabeleceu um método diferenciado, na escolha e investidura dos Ministros do Tribunal de Contas da União. Assim, o Presidente da República escolherá um terço dos membros do Tribunal(três), enquanto o Congresso Nacional

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caberá a escolha dos outros dois terços (seis), na forma que, dispuser seu regimento interno.

6 PODER EXECUTIVO

O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de administração.

A Chefia do Poder Executivo foi confiada pela Constituição Federal ao Presidente da República, a quem compete seu exercício, auxiliado pelos Ministros do Estado, compreendendo, ainda, o braço civil da administração e o militar, consagrado mais uma vez o presidencialismo, concentrado na figura de uma única pessoa a chefia dos negócios do Estado e do Governo.

Apesar da clássica separação dos Poderes ter sido adotada pelo constituinte de 1988, no art. 2º, ao afirmar que são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, foram consagrados pela Constituição Federal, como já visto anteriormente, em relação a todos os Poderes de Estado, funções típicas e atípicas, inexistindo, pois, exclusividade absoluta, no exercício dos misteres constitucionais.

O Poder Executivo, portanto, além de administrar a coisa pública, de onde deriva o nome república (res pública), também legisla e julga, no exercício de suas funções atípicas.

Aponta-se que Montesquieu concebeu o Poder Executivo como definidor e realizador constante da política de ordem interna e das relações exteriores.

Assim, igualmente aos congressistas, o Chefe do Poder Executivo Federal é eleito pelo povo e possui várias prerrogativas e imunidades que, apesar de comumente estudadas sob outros aspectos, são garantias para o independente e imparcial exercício da chefia da Nação.

6.1 ESTRUTURAS DO PODER EXECUTIVO

Nas estrutura do Poder Executivo verifica-se a existência de duas funções primordiais diversas, quais sejam , a de Chefe de Estado e Chefe de Governo.

Nosso texto constitucional, expressamente adotou o presidencialismo, proclamado a junção das funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo, a serem realizadas pelo Presidente da república, prevendo-as no art.84 da Constituição Federal.

O Presidente da República e vice-presidente da República são eleitos pelo sistema eleitoral majoritário, que consiste naquele em que será considerado vencedor o candidato que obtiver maior número de votos, tendo, historicamente, firmando-se, como salienta Dieter Nohlen, como método de escolha dos representantes, tanto na Grécia quanto na República Romana, por constituir à época reflexo da igualdade democrática, somente passando a sofrer comparações com o sistema proporcional a partir do final do século XIX. Trata-se pois, do sistema eleitoral mais antigo utilizado historicamente.

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O Presidente da República é eleito simultaneamente com um Vice-Presidente, através do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, em pleito realizado no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao término do mandato presidencial vigente, conforme redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 4-6-1997, que, igualmente, passou a adotar a possibilidade de reeleição do Chefe do Poder Executivo para um único período subsequente

A Constituição Federal exige alguns dos requisitos para a candidatura ao cargo de Presidente e Vice-Presidente da República.

Ser brasileiro nato (art. 12, § 3º) Estar no gozo dos direitos políticos; Ter mais de 35 anos; Não ser inelegível (inalistáveis, analfabetos, reeleição, cônjuge, parentes

consangüíneos e afins até o segundo grau ou por adoção do Presidente da República);

Possuir filiação partidária.

Dessa forma, será considerado eleito o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos dados em candidatos, excluindo-se todos em branco e os votos nulos.

A posse presidencial ocorrerá no dia 1º de janeiro, porém e, decorridos 10 dias da data fixada, se o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não tiverem assumidos os cargos, estes serão declarados vagos.

No caso de o Presidente não comparecer, mas o Vice-Presidente sim, este assumirá a Presidência da República.

A duração do mandato presidencial, atualmente é de quatro anos.

Ao Vice-Presidente cabe substituir o Presidente, nos casos de impedimento(licença, doença, férias) e suceder-lhe no caso de vaga.

Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência: o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do supremo Tribunal Federal, estes últimos só poderão assumir no caso de vacância dos cargos de Presidente e Vice, sempre em caráter temporário. Assim, vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, poderão ocorrer duas hipóteses:

Vacância nos dois primeiros anos:far-se-á eleição 90 dias depois de aberta a última vaga (eleição direta)

Vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Dessa forma, a CF prevê uma possibilidade de eleição indireta para a Presidência da República em hipótese excepcionalíssima ao art. 14, caput, da Carta.

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Tendo adotado o sistema presidencialista, as funções de Chefe de Estado e de Governo acumulam-se na figura presidencial s são descritas no art. 84, competindo-lhe, privativamente: nomear e exonerar Ministros de Estados; exercer, com auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; vetar projetos de lei, total ou parcialmente; dispor, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos ou, ainda, dispor, mediante aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos ou, ainda, dispor, mediante decreto, sobre extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos, manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo ao Congresso Nacional; decretar o estado de defesa e o estado de sítio; decretar e executar a intervenção federal, enfim.

A Constituição Federal prevê ao Vice-presidente diversas funções, que poderão ser classificadas em próprias ou atípicas. Aquelas que correspondem às atribuições para cujo exercício o cargo de Vice-presidente foi instituído e existe, sendo inerentes ao ofício vice-presidencial.

6.2 RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

O Presidente da República possui imunidades formais em relação ao processo, pois somente poderá ser processado, seja por crime comum, seja por crime de responsabilidade, após o juízo de admissibilidade da Câmara dos deputados, que necessitará do voto de 2/3 de seus ,membros para autorizar o processo. E, também, em relação à prisão, pois não poderá ser preso nas infrações penais comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória, como preceitua a Carta Magna (CF, art. 86, §3º).

Além disso, o Presidente da República é relativamente irresponsável, pois na vigência de seu mandato, não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.

A Constituição Federal prevê como juízo natural para processo e julgamento do Presidente da República, nos crimes de responsabilidade, o Senado Federal, havendo anteriormente, o juízo de admissibilidade pela Câmara dos deputados.

Crimes de Responsabilidade são infrações político-administrativas definidas na legislação federal, cometidas no desempenho da função, que atenuam contra a existência da União, o livre exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do País, a probidade da Administração, a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o cumprimento das leis e das decisões judiciais.

O impeachment surgiu no Brasil com base na Carta de 1891, segundo o modelo norte-americano, mas com a característica e peculiaridades próprias, principalmente em relação à definição dos crimes de responsabilidade, seu procedimento e julgamento que, no Brasil, serão definidos por lei ordinária.

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Em relação à natureza jurídica do impeachment , a maioria da doutrina nacional entende ser um instituto de natureza política.

O processo dos crimes de responsabilidade e dos comuns cometidos pelo Presidente da República divide-se em duas partes: juízo de admissibilidade do processo e processo e julgamento.

7 PODER JUDICIÁRIO

O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos previstos pela doutrina e consagrado como poder autônomo e independente de importância crescente no Estado de Direito, pois como afirma Sanches Viamonte, sua função não consiste somente em administrar a justiça, sendo mais, pois seu mister é ser o verdadeiro guardião da constituição, com a finalidade de preservar, basicamente, os princípios da legalidade e igualdade, sem os quais os demais tornariam-se vazios.

A Constituição Federal enumera no art. 92, os órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal, o Supremo Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Federais e Juizes Federais, os Tribunais e Juizes do Trabalho, os Tribunais e Juizes Eleitorais, o Tribunais e Juizes Militares e os Tribunais e Juizes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Ao lado da função de legislar e administrar, o Estado exerce a função de julgar, ou seja, a função jurisdicional, consistente na imposição da validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, toda vez que houver necessidade.

Dessa forma, a função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou seja, julgar, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de um conflito de interesses.

O Judiciário, porém, como os demais Poderes do Estado, possui outras funções, denominadas atípicas, de natureza administrativa e legislativa.

7.1 GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO

As garantias conferidas aos membros do Poder Judiciário têm assim como condão conferir à instituição a necessária a existência de certas garantias, que possibilitem a aplicação dos princípios basilares do Direito Constitucional apontados pelo já citado Marcelo Caetano: a regra da proteção dos direitos individuais; a regra do processo jurídico regular; a regra do razoável ou do equilíbrio de interesses; e a regra da igualdade de direito à proteção legal.

Todas estas garantias são imprescindíveis ao exercício da democracia, à perpetuidade da Separação dos Poderes e ao respeito aos direitos fundamentais, configurando suas ausências, supressões ou mesmo reduções, obstáculos inconstitucionais ao Poder Judiciário, no exercício de seu mister constitucional, permitindo que sofra pressões dos demais Poderes do Estado e dificultando o controle da legalidade dos atos políticos do próprio Estado, que causem lesão a direitos individuais ou coletivos.

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É importante ressaltar que em um Estado Democrático de Direito os atos políticos do governo estão dentro da esfera de vigiabilidade do Poder Judiciário, desde que causem prejuízo a direitos e garantias individuais ou coletivas e que, para efetivo e imparcial controle destes atos, há a necessidade das garantias constitucionais da magistratura para não intimidar-se diante dos poderes, para que, dessa mútua oposição resulte a moderação de todos os poderes; o império da lei; a liberdade.

Podemos assim dividir as garantias do Judiciário em garantias inconstitucionais e garantias aos membros.

7.1.1 Garantias Institucionais

Dizem respeito à Instituição como um todo, ou seja, garantem a independência do poder judiciário no relacionamento com os demais poderes.

Tão importante são as garantias do Poder Judiciário, que a própria constituição considera crime de responsabilidade do Presidente da república atentar contra seu livre exercício, conforme art. 85, pois como afirma Carlos S. Fayt, as imunidades da magistratura não constituem privilégios pessoais, mas relacionam-se com a própria função exercida e o seu objeto de proteção contra os avanços, excessos e abusos dos outros poderes em benefício da Justiça e de toda a nação.

7.1.2 Garantias aos Membros

Os magistrados possuem constitucionalmente as garantias da vitalidade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio, assim como os membros do Ministério Público, pois sua independência pressupõe um caráter externo, relativo aos órgãos ou entidades estranhas ao Poder Judiciário, e um caráter interno, ou seja, independência dos membros perante os órgãos ou entidades pertencentes à própria organização judiciária.

7.1.3 Organização Do Poder Judiciário

A Constituição Federal determina que lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os princípios do art. 93 da CF.

7.1.4 Fixação de Subsídio do Poder Judiciário

Com as emendas Constitucionais n.º 19/98 e 41/03, alterou-se o mecanismo de fixação de subsídios dos membros do Poder Judiciário, que passou a ter as seguintes regras:

Existência de teto salarial fixado por lei; Respeito à igualdade tributária; Fixação de subsídio em parcela única; Fixação do subsídio de seus membros e dos juizes por lei de iniciativa privativa

dos Tribunais superiores e dos tribunais de Justiça; Escalonamento na fixação do subsídio no Poder Judiciário; Irredutibilidade de subsídio;

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Subteto salarial do Poder Judiciário Estadual.

7.2 ESCOLHA DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

São Tribunais Superiores o Supremo Tribunal Federal, o Supremo Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral, o Superior Tribunal Militar e o Tribunal Superior do Trabalho.

A Regra Constitucional do art.94, que determina a composição de um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios para membros do Ministério Público, com mais de 10 anos de carreira, e de advogado de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicado em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes, não se aplica aos Tribunais Superiores pois cada um deles possui regras próprias de composição e investidura.

8 CONCLUSÃO

Não existirá, pois um estado democrático de direito, sem que haja Poderes de Estado e Instituições, independentes e harmônicos entre si, bem como previsão de direitos fundamentais e instrumentos que possibilitem a fiscalização e a perpetuidade desses requisitos. Todos estes temas são de tal modo ligados que a derrocada de um, fatalmente, acarretará a suspensão dos demais com o retorno do arbítrio e da ditadura.

O Direito Constitucional contemporâneo, apesar de permanecer na tradicional linha da idéia da Tripartição de Poderes, já entende que esta fórmula, se interpretada com rigidez, tornou-se inadequada para um Estado que assumiu a missão de fornecer a todo o seu povo o bem estar, devendo, pois, separar as funções estatais, dentro de um mecanismo de controles recíprocos, denominados "freios e contrapesos".

Assim, a Constituição de 1988 atribuiu as funções estatais de soberania aos três tradicionais Poderes de Estado: legislativo, Executivo e Judiciário, que, entre várias outras importantes funções, deve zelar pelo equilíbrio entre os Poderes, fiscalizando-os, e pelo respeito aos direitos fundamentais.

A estes órgãos, a Constituição Federal confiou parcela da autoridade soberana do Estado, garantindo-lhe autonomia e independência.

O objetivo inicial da clássica separação das funções do Estado e distribuição entre órgãos autônomos e independentes tinha como finalidade a proteção da liberdade individual contra arbítrio de um governo onipotente.

9 REFERÊNCIAS

MORAES, Alexandre de – Direito Constitucional, 16.ed. – São Paulo; Atlas, 2004.

SILVA, José Afonso da – Curso de Direito Constitucional Positivo, 19. ed. ver. atual; Malheiros Editora, 2000

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TEMER, Michel – Elementos de Direito Constitucional, 19 ed. Ver. Atual; Malheiros Editora, 2003.