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OS SABERES DOCENTES PARA UMA EDUCAÇÃO

CONTEMPORÂNEA

Helenara R. S. Figueiredo – [email protected]

UNOPAR - Universidade Norte do Paraná

Londrina - Paraná

Resumo: Neste artigo apresentamos uma discussão teórica sobre quais são os saberes

docentes necessários para uma Educação Contemporânea, diante dos desafios que a

contemporaneidade tem evidenciado. Tal problematização se fez necessária e pertinente para

a comunicação no intuito de propor uma reflexão possibilitada por meio de referenciais

teóricos preocupados com a educação que tem sido oferecida nas escolas e nos

enfrentamentos vivenciados e suas implicações na Educação Científica.

Palavras-chave: Saberes docentes, Contemporaneidade, Educação científica.

1 INTRODUÇÃO

Os estudos recentes sobre uma Educação Contemporânea tem nos levado a pensar como

esta tem demonstrado os seus impactos, se os professores têm se situado neste contexto, se há

um esforço na compreensão de tantos aspectos, já que estão se defrontando com novas

realidades, com as mudanças no processo de trabalho, com a intensificação dos meios de

comunicação, como as mídias, os computadores, caracterizados como um aparato tecnológico

comunicacional que invade a vida de todos, ou seja, as interfaces midiáticas que transformam

o nosso conhecer.

Alarcão, em suas pesquisas, aborda que a escola também precisa mudar para acompanhar

a evolução dos tempos e cumprir sua missão na atualidade (ALARCÃO, 2001, p. 10), e que

segundo Litwin (2001, p.153),

[…] existe um consenso cada vez mais generalizado, segundo o qual a escola não

está cumprindo satisfatoriamente a função de formar as futuras gerações, nas

capacidades que irão requerer o desenvolvimento do cidadão em uma sociedade de

rápidas mudanças.

Considerando que os professores de que ensinam Ciências encontram dificuldades no

ensino frente às possibilidades de uma Educação Contemporânea em nosso contexto

contemporâneo, temos por objetivos evidenciar como os professores de Ensino de Ciências

mobilizam seus saberes docentes frente à multiplicidade e a complexidade dos elementos que

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compõem uma educação científica: conteúdos, objetivos, metodologia, considerando uma

Educação Contemporânea: as novas tecnologias, os multimodos, a interdisciplinaridade e

outros aspectos que permeiam o contexto educacional contemporâneo.

Dessa forma, há a necessidade de compreender quais saberes docentes o professor de

Ciências devem mobilizar para promover um espaço no qual o conhecimento se deve traduzir

em auto-conhecimento (SANTOS, 1998, p. 18) considerando os conflitos, as situações de

complexidade, os desafios com que o professor se depara frente à contemporaneidade que se

apresenta, para que o professor desempenhe suas funções de forma acadêmica e científica,

mas também humana e criativa, como base de formação daqueles que formam ou formarão as

gerações do futuro, as gerações da diversidade, da pluralidade, do diálogo e da

transpessoalidade comunicacional (RODRIGUES, 2008, p. 7)

Apresentamos neste artigo, o estudo de alguns referenciais teóricos que se

complementam pelas proposições de Alarcão (2003); Charlot (2000); Tardif (2002); Nóvoa

(2002); Libâneo e Pimenta (1999), entre outros, os quais tratam da questão da formação

docente, sobre as mudanças que emergem na sociedade, influenciando no aprender do aluno e

nas relações professor-aluno.

Evidenciaremos as principais mudanças sociais que influenciaram a educação, os meios

didáticos que podem ser utilizados para a construção do conhecimento e quais rumos os

saberes docentes devem tomar frente aos desafios que o ensino de Ciências no cenário atual,

possa contribuir para a nossa compreensão da natureza do processo educacional.

Propomos uma reflexão sobre a necessidade do professor de levar em consideração as

realidades sociais, culturais, comunicacionais e de se reconhecer num mundo Contemporâneo.

O mundo da informação, da comunicação interfere no aprender de nossos alunos, que são de

uma geração virtual e que estão em constante contato com jogos que simulam situações reais,

marcadas por simultâneas informações.

2 PARADIGMA TRADICIONAL X PARADIGMA EMERGENTE

O professor inserido no paradigma tradicional tinha uma metodologia de trabalho na qual

a aula expositiva era a mais utilizada. Era uma época em que o aluno tinha que ir à escola,

sentar-se no seu lugar com uma postura correta, e não havia momentos para debates e

discussões. Na atualidade, ainda vemos que há muitos professores que se situam neste

paradigma e encontram dificuldades tanto com relação ao ensino e aprendizagem dos

conteúdos, como com referência à postura do aluno frente a eles.

Segundo Tavares e Alarcão (2001, p. 97-10), nesse paradigma já um pouco ultrapassado,

o professor era aquele que transmitia as coisas difíceis de modo acessível e claro aos alunos,

era considerado como o que detinha o saber de uma forma absoluta, autoritária. Esta postura

do professor ainda persiste no cenário contemporâneo? Algumas reflexões sobre tais questões

são pertinentes para que o professor perceba a complexidade nas relações professor-aluno,

configurando-se como um espaço de discussão de assuntos que envolvam à vivência da

comunidade escolar e também que promovam na escola o debate científico, a criticidade e a

capacidade de argumentar cientificamente, pois os alunos possuem outra linguagem de

comunicação, mais voltada as imagens e menos linear, pois para Souza (2004, p. 9), “a

Escola tem de se tornar poliglota para compreender os diversos discursos que a habitam sob o

risco de falar para ninguém se não o fizer, de utilizar uma língua morta.”

Para, então, mobilizar seus múltiplos saberes, o professor deve considerar que há

multiplicidade de vozes, o multiculturalismo, o pluralismo metodológico, intersubjetividade,

interdisciplinaridade, a interrelação, o interpessoal, o interativo, a complexidade, a ideia de

rede, a intertextualidade, da coletividade e outros aspectos, pois, segundo Tardif (2002),

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[…] o saber dos professores é plural, compósito, heterogêneo, porque envolve, no

próprio exercício do trabalho, conhecimentos e um saber-fazer bastante diversos,

provenientes de fontes variadas e, provavelmente, de natureza diferente. (TARDIF,

2002, p. 18).

Urge a necessidade de maior acentuação de natureza relacional e interpessoal, pois

quanto maior o envolvimento com o ensino, maior o relacionamento entre professor e aluno, o

que leva ao estabelecimento de uma relação de parceira diante dos objetivos comuns. O

professor acentua esta relação interpessoal a partir do momento em que mantém uma

proximidade mesmo apesar da distância com seu aluno, considerando-se responsável pelo

ensino e, juntamente com seus pares, buscando amenizar ou a solução dos problemas de

aprendizagem.

Tardif denomina de epistemologia da prática profissional “o estudo de saberes utilizados

realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano para desempenhar todas as

suas tarefas” (2002, p. 255-256), como elaborar hipóteses, estratégias e metodologias para sua

realização.

Como o professor tem uma visão mais ampla do processo de ensino e aprendizagem,

mobiliza seus saberes já construídos e também permite surgirem novos que vão se

estabelecendo diante das situações conflituosas, complexas que envolvem o momento atual.

O professor inserido num contexto contemporâneo deve privilegiar nos alunos a cultura, a

memória (ARROYO, 2007, p. 127), possibilitando em suas aulas o uso textos científicos

visuais característicos de um ensino multimodal (LEMKE, 1998), visando uma comunicação

científica.

Segundo Gatti (2005, p. 12)

A educação coloca-se, no seu modo de existir no social, em ambientes escolares e

similares, organizada em torno de processos de construção e utilização dos

significados que conectam o homem com a cultura em que se insere e suas imagens,

com significados gerais, locais e particulares, ou seja, com significados que se fazem

públicos e compartilhados, mas cujo sentido se cria nas relações que medeiam seu

modo de estar nos ambientes e com as pessoas que estão. Transverso a isto, temos as

mídias, as normas, as crenças, os valores extrínsecos.

O professor deve ser dinâmico e observar a movimentação do mundo, a necessidade de

interagir com a sociedade e com outras instituições, aproveitando assim as sinergias oriundas

das interações e fomentando, em seu seio, interações interpessoais (ALARCÃO, 2001, p. 15).

Segundo Carvalho e Gil-Pérez (2003, p. 51), os papéis do professor se multiplicam,

ocupando espaço também em facilitar uma comunicação adequada. Estes mecanismos de

comunicação múltipla permitem tomadas de decisão de forma interativa, para enfrentar as

situações de modo dialogado e conceitualizador, procurando compreender antes de agir

(ALARCÃO, 2001, p. 26) e tendo olhares multidimensionais sobre os processos que

compõem o aprender.

Um profissional do ensino é alguém que deve habitar e construir seu próprio espaço

pedagógico de trabalho de acordo com limitações complexas que só ele pode

assumir e resolver de maneira cotidiana apoiada necessariamente em uma visão de

mundo, de homem e de sociedade. (TARDIF, 2002, p. 149).

Os professores devem mobilizar a participação do aluno, para que este não esteja apenas

de passagem, mais que se reconheça como coconstrutor, possibilitando ao aluno ter iniciativa

e motivando-o à experimentação (ALARCÃO, 2001, p. 26). Para o professor Contemporâneo,

é preciso assumir a formação do ser humano em sua totalidade, como sujeito social, dotado de

outros interesses pessoais, inserido em uma família, cultura, política, ética, etc. (ARROYO,

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2007, p. 142-143), o aluno está inserido em conflitos inerentes aos desafios culturais e suas

negociações (POURTOIS & DESMET, 1999, p. 39).

De acordo com Gomes e Casagrande (2002), o cenário educacional precisa de uma nova

postura em face às situações educativas, quando percebe que suas práticas tradicionais não

conseguem responder aos conflitos presentes, assim urge a necessidade de uma nova atuação

docente.

Muitos professores ainda estão presos ao paradigma moderno, de racionalidade

instrumental, rejeitando a noção de sujeito e de sua subjetividade, considerando-o submisso às

leis racionais e impessoais como abordam os autores Pourtois e Desmet (1999, p. 28-29)

sobre a necessária interação entre a objetividade e a subjetividade, num crescente dialogar

entre o sujeito e a razão, sem separar o sujeito individual de seus papéis sociais.

Uma das definições sobre a forma de relacionar o saber é a proposta por Charlot, o qual

sugere que “o saber é relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros”

(CHARLOT, 2000, p. 78). Assim o saber pode ser individual, singular, que ao se inscrever

num espaço social, partilhado com outros seres humanos, torna-se coletivo e é por meio desta

coletividade que as interações ocorrem.

Questões acerca dos saberes construídos pelo professor ao longo de sua carreira e de

como ele lida com esses saberes tornam-se urgentes e necessários para um maior

conhecimento sobre o professor e, assim, da compreensão de sua prática pedagógica, pois

percebe-se que só conhecer suas concepções e refletir sobre elas não é suficiente para garantir

um maior entendimento sobre o professor. O estudo de sua prática requer uma aproximação

mais ampla na forma como olhamos este professor e tentamos entender a maneira como ele

age em sala de aula, suas perspectivas e estratégias de trabalho, seus conhecimentos.

As diferentes estratégias de ensino e metodologias devem ser contempladas pelo

professor contemporâneo para criar espaços de investigação em sala de aula, de exploração,

enfatizando o aluno como um ser ativo no processo de construção de seu conhecimento

(D’AMBROSIO, 1989, p. 2).

Segundo Nóvoa (1995, p. 27), a formação do professor não se constrói apenas

cumulativamente a partir de cursos sobre conhecimentos específicos ou sobre técnicas de

ensino, mas se constrói efetivamente um profissional da educação a partir do momento que

passa a ser protagonista ativo na concepção, no acompanhamento e avaliação de seu próprio

trabalho pedagógico, bem como na implementação das políticas educativas, o que nos

possibilita pensar sobre a formação docente.

O papel do contexto escolar na formação do professor torna possível a existência de uma

prática reflexiva do professor, que reflete suas ações de acordo com o esse contexto,

analisando a heterogeneidade da sala, ou seja, as diferenças que existem e as práticas

concorrentes que regem o contexto.

O professor tem responsabilidade de dar meios para os seus alunos descobrirem, nessa

história particular que os faz viver, aquilo que é o saber cultural e comunicável,

proporcionando a redescoberta dos saberes que eles próprios produzem (Brousseau, 1996, p.

38-39).

Almejar alunos mais críticos, capazes de argumentar sobre a ciência, implica em

mobilizar saberes para criar espaços de debates, numa relação comunicativa, renovada e

reflexiva com os demais sujeitos, valorizando suas contribuições e reformulando-as

adequadamente como destaca Gil-Pérez e Carvalho (2003, p.51) e assim apresentar os

conteúdos a fim de promover maior interesse do aluno, estimulando-o a se aprofundar nos

assuntos, num processo contínuo em sua formação.

Entendemos que é uma discussão necessária a se fazer com na formação de professores,

para que estes tomem consciência sobre a importância que esses aspectos tem na construção

da identidade do professor, fundamentando assim a teorização de sua prática.

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3 OS SABERES DOCENTES NA CONTEMPORANEIDADE – PARA UMA

EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

Para uma educação científica, o educador precisa ter algum conhecimento dos

desenvolvimentos científicos recentes e de suas perspectivas, para poder transmitir uma visão

dinâmica do conteúdo (CARVALHO, 2003, p. 108-110)

O educador não se deve ater apenas aos livros didáticos, é preciso que este esteja atento

às constantes transformações que ocorrem e que rapidamente se espalham pelos meios de

comunicação. Faz-se necessário tomar ciência dos desenvolvimentos científicos e recentes e

de suas possibilidades frente à sociedade atual, principalmente para promover discussões de

temas atuais junto aos seus alunos, salientando assim o aspecto dinâmico do conhecimento

para que o aluno se veja envolvido nas futuras possibilidades de pesquisa.

Um aspecto que tem se apresentado na educação contemporânea é a superficialidade, não

há muito aprofundamento nos conteúdos, e os discursos se acentuam para o básico. Os

saberes docentes são mobilizados a fim de possibilitar em suas aulas um maior envolvimento

com os conteúdos, investigando novas metodologias e estratégias na sua prática docente.

As pesquisas sobre a História da Ciência afirmam que esta contribui para evidenciar o

dinamismo dos conteúdos, sua evolução, fomentar debates que aconteceram durante a

construção do conhecimento ao longo da história, de forma que o educador identifique as

interações entre Ciências/Tecnologia/Sociedade associada à construção do conhecimento

(CARVALHO & GIL-PÉREZ, 2003, p. 23) permitindo uma visão mais humanista dos

conhecimentos científicos em prol da sociedade.

O educador que busca a história de sua ciência, contemplando em suas aulas tal

abordagem, proporciona explicações sobre as investigações realizadas, as observações,

apresentando as falhas e erros, as descobertas, enfatizando a importância da ciência para a

solução dos problemas, debatendo com os alunos sobre as tensões sociais que se mostraram

na história em diversos contextos e civilizações.

De acordo com os referenciais em início desta investigação, cabe ao professor mobilizar

seus saberes, para tornar suas aulas mais atraentes aos alunos, criando ambientes de

aprendizagem condizentes e coerentes com a sociedade que vivemos atualmente, cada vez

mais constituída pela comunicação, imagens, que caracterizam um contexto multimodal. Os

sujeitos, que são professores, aprendem a lidar com os alunos, colocando-se na posição de

aprendizes abertos à partilha de significados, e quando reconhecem que não há um repertório

a fim de atender a todos eles, reorganizam seus conteúdos à medida que novas necessidades

vão surgindo.

Assim, a relação entre professor e aluno deve ser vista como uma parceria, uma troca de

informações constantes. Essa é uma discussão necessária a se fazer com os professores, para

que tomem consciência a partir da reflexão sobre a importância que esses aspectos tem na

construção da identidade do professor, na mobilização de saberes que fundamente a

teorização de sua prática. Daí a importância desta investigação sobre os saberes docentes e a

identificação destes, baseados na construção de novos paradigmas no intuito de atender às

necessidades emergentes de um novo “olhar” para as relações que permeiam o processo

educativo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Adotamos a concepção de que há uma complexidade das transformações epistêmicas,

éticas, estéticas e de toda ordem, regras que ainda estão nos discursos pedagógicos, seja

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formalizados ou não. É preciso que estejamos abertos ao diálogo, para compreender como

podemos educar nossos alunos, considerando-os no paradigma Contemporâneo.

Consideramos que ser um educador contemporâneo significa ter uma postura e um agir

perante o outro, que leve em consideração o contexto que se está inserido. O educador atual

deve saber se relacionar com o outro, com o seu eu e com o mundo em que vive para construir

sua identidade. Investir numa postura de professor investigador, no saber ensinar, dominar o

conteúdo, ser criativo e fazer sua aula um portal que explore novas possibilidades, novos

olhares para a ciência, são pertinentes ao trabalho do bom profissional preocupado com a

evolução dessa e suas implicações na cultura humana.

Assim, refletir sobre a contemporaneidade é refletir sobre um tempo com muita

informação, muitas vozes, às quais se deve estar atento para ter a capacidade de filtrar,

organizar e selecionar essa multiplicidade de elementos, inerente à atualidade, a fim de

utilizá-los adequadamente.

Cabe, portanto, ao educador, situar-se, mobilizar seus saberes para ser um agente no seu

tempo, possibilitando transformações na sociedade e a construção de uma identidade que se

insira nos padrões sociais da contemporaneidade.

A educação deve ser pensada e mobilizada para possibilitar aos educandos um ambiente

no qual eles aprendam a interagir com as pessoas, com os conteúdos que lhes são

apresentados, serem críticos frente à diversidade de informações das mídias. Para isso,

pesquisadores e estudiosos nesta área devem direcionar seus esforços para o fomento de

materiais didáticos que sirvam de apoio para suas aulas e tornando-se fundamentalmente para

os professores, como facilitadora da construção da identidade profissional.

Inseridos nessa perspectiva, os educadores devemos estar preparados para dar discutir e

refletir como melhor trazer estes conteúdos para dentro do currículo escolar, procurando

mostrar a sua importância.

Neste trabalho procuramos discutir sobre as mudanças sociais que influenciam a

educação, os meios didáticos que podem ser utilizados para a construção do conhecimento e

que rumos os saberes docentes para uma educação contemporânea.

Os investimentos educacionais e os currículos devem ser pensados de forma articulada,

inter-relacionada para que as tecnologias, as mídias interativas, sejam por meio de imagens,

vídeos, pesquisas, possam ser inseridas às metodologias dos educadores em sala de atual. É

preciso investir na formação deste educador, preparando-os para adquirir novos

conhecimentos, aproximando-os de diferentes metodologias e estratégias, fornecendo-lhes

cursos para que possa adequar os conteúdos, tornando-os mais interessantes aos alunos,

instigando-os ao aprender.

Há a importância de aprofundarmos sobre como os professores de Ensino de Ciências

mobilizam seus saberes docentes frente a uma Educação Contemporânea, quais são as suas

concepções frente às possibilidades de utilização dos multimodos como os gestos, imagens, a

linguagem verbal e visual no Ensino de Ciências que possam assim gerar discussões com

diferentes grupos e gerações de professores do Ensino de Ciências sobre as implicações de

uma Educação Contemporânea nesta área de ensino, permitindo que as interações discursivas

entre os professores possam evidenciar as diferentes relações que envolvem os saberes

docentes em uma educação científica.

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THE TEACHERS KNOWLEDGE FOR CONTEMPORARY

EDUCATION

Abstract: This paper presents a theoretical discussion about what the teacher knowledge

needed for Contemporary Education, faced with the challenges that contemporary society has

shown. This strategy was necessary and relevant to communication in order to propose a

reflection made possible by means of theoretical frameworks concerned with the education

that has been offered in schools and experienced confrontations and their implications for

Science Education.

Keywords: Teacher knowledge, Contemporary, Scientific education.