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0.0.Introduo11.1.Os Prazos de Coroa do vale do Zambeze21.2.Surgimento dos Prazos de coroa do vale do Zambeze21.3.Base Econmica31.4.Estrutura poltica dos prazos41.5.Organizao social dos prazos41.6.O Aparato ideolgico dos prazos de coroa do vale do Zambeze51.7.Razes da decadncia dos Prazos52.Concluso73.Referncias Bibliogrficas8

0.0.Introduo

Os prazos da Coroa em Moambique ficaram associados ao vale do Zambeze, designado no perodo moderno por Rios de Cuama e Rios de Sena.A instituio dos prazos foi interpretada, desde o final do sculo XIX, quer como uma herana rabe ou africana, quer como uma criao do imprio portugus.O regime destes estados respeitava cedncia de terras abandonadas com a condio de serem cultivadas, geralmente sem outro encargo, e conferia um direito contnuo e alienvel.Neste sentido o presente trabalho, tem como objecto principal dar a conhecer sobre os prazos da Coroa de Moambique na sua tentativa de estabelecer em Moambique uma nova instituio no militarizada no Vale do Zambeze, onde vai abordar os seguintes assuntos segundo a sua sequncia; o Surgimento dos Prazos de coroa do vale do Zambeze, sua Base Econmica, sua Estrutura poltica, organizao social, o seu aparato ideolgico e por fim detalhar as Razes da decadncia.

1.Fundamentos Tericos1.1.Os Prazos de Coroa do vale do ZambezeEntende-se como Prazos, as unidades polticas onde a classe dominante era formada por mercadores portugueses estabelecidos como proprietrios de Terras, terras essas que tinham sido doadas, compradas e at mesmo conquistadas aos chefes locais. Por outras palavras, eram territrios concedidos (dados) pela coroa portuguesa a um indivduo prazeiros por um perodo de trs geraes aos mercadores portugueses e indianos. O vice-rei portugus que concedia as terras em nome do rei e a concesses eram confirmadas em Lisboa. 1.2.Surgimento dos Prazos de coroa do vale do ZambezeDestaca-se que os prazos de coroa do vale do Zambeze, surgiram na segunda metade do sculo XVI, quando os portugueses tentaram estabelecer em Moambique uma nova instituio no militarizada no Vale do Zambeze.Os prazos foram inicialmente formados por terras conquistadas por aventureiros, soldados, e comerciantes, criminosos. A transferncia ou ocupao das terras concedidas era feita por via feminina, filha branca do prazeiro, em troca de uma renda (o foro), caso no eram lhes retirado as terras. Com esta prtica a coroa portuguesa pretendia dar quelas terras o estatuto de Feudo (que dominava a sua sociedade), actuando numa espcie de senhor feudal na colnia. Com resultado disto, cada um era rei da sua propriedade e por via no pagavam o foro e no se sentiam subordinados de pagar o tributo.Portugal ao criar os prazos pretendia criar bases para uma ocupao efectiva de Moambique garantindo a montagem da administrao colonial.

Neste perodo era difcil encontrar portugueses interessados em imigrar para frica, at que foi decretada uma lei que absolvia todos os criminosos condenados morte, com uma condio de irem civilizar a frica e juntarem-se aos soldados, aventureiros, mercadores, ansiosos de se tornar heris nacionais e abastados.Assim estes passaram a gozar de uma independncia quase total, no se subordinando Coroa Portuguesa; no promoveram a ocupao efectiva do territrio favor da Coroa; e no que se refere aos objectivos ideolgicos no espalharam a civilizao portuguesa e a cristianizao, pelo contrrio africanizaram-se, no podendo cumprir com os objectivos polticos e ideolgicos para que foram criados.Desta feita se diz que os prazeiros eram lixo-lixo que compunha a maior parte da sociedade portuguesa.De um modo geral fundamenta-se que os prazos nasceram com a penetrao portuguesa no vale de Zambeze a partir de 1530.1.3.Base EconmicaOs prazos tinham como base econmico, a pilhagem (roubo) durante a Invaso militar, do comrcio de ouro, do marfim, peles e do trfico de escravos, configurou a base da economia dos Prazos at finais do sculo XVIII e dos escravos mais tarde. Os camponeses das Mushas tinham a seu cargo a produo material de subsistncias canalizadas parcialmente para a aristocracia prazeira atravs da relao de produo expressa no mussoco, uma renda em gneros. Por via disto, os cativos (escravos) alimentados pelos camponeses que garantiam a segurana militar dos Prazos e o livre escoamento dos produtos excedentrios dos camponeses.Esses cativos eram conhecidos por A-chicundas, onde garantiam a defesa dos Prazos, organizavam as operaes de caa aos escravos nos territrios vizinhos e cobravam impostos. Estes cativos estavam divididos em regimentos chamados Butacas, (herana). Havia dentro dos Prazos um grupo de mercadores negros especializados designados Mussambazes. Havia ainda uma espcie de inspectores que residiam junto dos Mambos e Fumos que davam informao regular aos prazeiros, conhecidos por Chuangas. Havia tambm um grupo de cativas organizadas em colectivos de trabalho designados por Ensacas, cujas chefes destas ensacas conhecidas por Niacodas.1.4.Estrutura poltica dos prazosA estrutura poltica e administrativa dos prazos obedecia a seguinte hierarquia: Senhor Prazeiro; Mambos; Fumos e; A-chicundas.1.5.Organizao social dos prazosOs prazos foram o resultado da expanso econmica portuguesa, cuja ideia deferia do previsto, isto no funcionava em funo da aristocracia portuguesa, isto porque os portugueses tinham interesses egocntricos (personalistas).A administrao dos prazos era independente da coroa portuguesa e administradores locais; os prazos eram eles prprios que fixavam os impostos e as leis locais.Os prazos estavam divididos em aringas chefiados pelos fumos; no topo piramidal se localizavam os chuangas, considerados observadores dos prazos; Os chuangas vigiavam o trabalho dos fumos, dos manbos, e a colecta dos impostos (mussocos).Existia tambm um exrcito formado por mercenrios, escravos, e prazeiros pobres (necessitados).Os camponeses eram produtores de alimentos e pagavam o mussoco. Os escravos eram divididos segundo suas funes; uns formavam o exrcito e outros faziam trabalhos domsticos, produziam alimentos e trabalhavam na indstria ligeira (sapateiros, carpinteiros, ourives, etc.).1.6.O Aparato ideolgico dos prazos de coroa do vale do ZambezeO aparato ideolgico nativo foi quase integralmente aproveitado pelos prazeiros. A utilizao do Muri (uma beberagem txica que se acreditava poder mostrar a culpabilidade de algum num determinado delito ou numa acusao de feitiaria). A base ideolgica dos prazos foi de aproveitar as prticas mgicas religiosas dos nativos para a evocao da chuva, muvi e adivinhos, e garantiam a reproduo das relaes de produo vigorante. A morte de um prazeiro gerava a criao ritual de uma situao de caos generalizado. Estes baseavam-se tambm na prtica de rituais do caos que se chamavam Choriros. Esses rituais funcionavam como uma espcie para as tenses sociais de perigo.Os prazos sempre que quisessem efectuar qualquer tipo de negocio ou viagem recorriam ao adivinho, onde eram consultados e profetizados pelos ciganos, onde estes atiravam sobre a terra alguns cauris invocando o desejo para se observar no sujeito que os chama.1.7.Razes da decadncia dos PrazosForam vrios os factores que contriburam para a decadncia dos prazos da coroa, dentre os quais se destacam os seguintes:- O desenvolvimento do trfico de escravos na 2 metade do sc. XVIII, que chegou a obrigar alguns prazeiros a sacrificar ou exportar os camponeses produtores de alimentos e residentes no seu territrio e os A-chicundas, seu exrcito; e como consequncia disto os prazos destruram as redes comerciais do serto;- As invases dos Nguni (Sena, Manica, Brue, e Luabo) o que agravou a situao tendo provocado o despovoamento do vale, e os prazos tornaram-se vulnerveis;- O Despovoamento dos comerciantes;- o ataque das forcas de Brues e Nwemutapas aos prazos por volta das dcadas de (1820 e 1835).Portando estes factores todos acima mencionado foram os que provocaram tenses, e que vieram a deixar os prazos numa extrema decadncia.

2.ConclusoChegado ao fim deste trabalho, chegamos a concluso de que, os prazos pretendiam ser a primeira forma de colonizao portuguesa em Moambique e particularmente no vale do Zambeze, estes por sua vez acabaram sendo essencialmente companhias de escoamento de mercadorias de ouro, marfim numa primeira fase; e de escravos numa segunda fase e para isto aproveitaram o rio Zambeze como via natural ou favorvel para os seus interesses.Podemos notar tambm que, os prazos foram o resultado do cruzamento de dois sistemas sociais de produo: o dos camponeses das mushas vivendo num regime de relativa aristocracia dominante formada pelos mambos e fumos e outro sistema, o dos (mercadores, ex-soldados desertados, fugitivos que cumpriam penas de morte).Fixamos por outro lado que as terras eram doadas, por via feminina, filha branca do prazeiro, em troca de uma renda (o foro).Desataca-se tambm que os prazos da coroa tinham como sua principal actividade econmica a agricultura de cerais e o comrcio de marfim, este movimento era constituda por uma sociedade camponesa; as tarefas eram divididas segundo as funes e que por sua vez os prazos da coroa praticavam rituais e magicas para a evocao de certos desejos Em fim pode se fixar que os prazos da coroa em Moambique mantiveram o sistema social anterior no que se refere as unidades polticas onde o poder era centralizado.

3. Bibliografia

LOBATO, Alexandre, Colonizao senhorial da Zambzia e outros estudos, Lisboa, J.I.U., 1962. RODRIGUES, Eugnia, Portugueses e Africanos nos Rios de Sena. Os prazos da Coroa nos sculos XVII e XVIII, Universidade Nova de Lisboa, 2002.