os planos diretores e os limites de uma gestão urbana democrática

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Esta obra analisa as experiências de elaboração e de gerência dos Planos Diretores em três cidades do oeste catarinense: Chapecó, Xanxerê e Concórdia. O ponto de partida deste estudo é o reconhecimento da centralidade do Plano Diretor na configuração e na gestão da política urbana, diretriz estabelecida pela Constituição Federal de 1988. Intercalando narração e análise, as autoras trazem à tona a complexidade que envolve a política urbana, com destaques para os atores presentes no cenário. (Silvana Winckler).

TRANSCRIPT

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Chapecó, 2010

Os PlanOs DiretOres e Os limites De uma gestãO

urbana DemOcráticaas exPeriências De chaPecó, xanxerê e cOncórDia (sc)

Monica Hass Myriam Aldana

Rosana Maria Badalotti (Orgs.)

Reitor: Odilon Luiz Poli Vice-Reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: Maria Luiza de Souza LajúsVice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Claudio Alcides Jacoski

Vice-Reitor de Administração: Sady Mazzioni

Diretor de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu: Ricardo Rezer

Todos os direitos reservados àArgos Editora da Unochapecó

Av. Atílio Fontana, 591-E – Bairro Efapi – Chapecó (SC) – 89809-000 – Caixa Postal 1141(49) 3321 8218 – [email protected] – www.unochapeco.edu.br/argos

Conselho Editorial: Rosana Maria Badalotti (presidente), Carla Rosane Paz Arruda Teo (vice-presidente),

César da Silva Camargo, Érico Gonçalves de Assis, Maria Assunta Busato, Maria Luiza de Souza Lajús, Murilo Cesar Costelli, Ricardo Rezer,

Tania Mara Zancanaro Pieczkowski

Coordenadora: Maria Assunta Busato

Catalogação elaborada por Caroline Miotto CRB 14/1178Biblioteca Central da Unochapecó

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.

711.4 Os Planos Diretores e os limites de uma gestão urbana P712p democrática: as experiências de Chapecó, Xanxerê e Concórdia (SC) / Monica Hass, Myriam Aldana, Rosana Maria Badalotti (Orgs.). – Chapecó, SC : Argos, 2010. 209 p. (Regionais ; 4) ISBN: 978-85-7897-026-0 1. Chapecó - Planejamento urbano. 2. Xanxerê – Planejamento urbano. 3. Concórdia - Planejamento urbano. I. Hass Monica. II. Aldana, Myriam. III. Badalotti, Rosana Maria. IV. Série. CDD 711.4

Sumário

Prefácio

Introdução

LeItura dos “modos de fazer” PLanos dIretores

Monica Hass

o planejamento urbano no Brasil: do Plano diretor técnico ao participativo

A perspectiva democrático-participativa do Estatuto da CidadeA função social da propriedade: os interesses do capital

imobiliário e de seus aliados análise comparativa dos Planos diretores estudados:

avaliação das experiências em torno da gestão democrática e da função social da propriedade

referências

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a PossIBILIdade de um Pacto socIaL à Luz dos PrIncíPIos do estatuto da cIdade:

o PLano dIretor de chaPecó (sc)Monica Hass, Myriam Aldana, Rosana Maria Badalotti

exclusão social: da colonização aos dias atuaisUm pouco de história

Política de redução da exclusão social

Pequeno histórico dos Planos diretores de chapecó

o processo de discussão do novo Plano diretor do município de chapecó

atores do governo e da sociedade civil

os conflitos e desdobramentos seguintes

a revisão do Plano diretor de desenvolvimento territorial de chapecó

Propostas da revisão do Plano DiretorA assembleia de revisão do Plano Diretor e o perfil

dos atores participantesMetodologia de discussão da assembleia de revisão

do Plano Diretor Desdobramentos da revisão do Plano Diretor

considerações finais

referências

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o Processo PartIcIPatIvo na eLaBoração do PLano dIretor de desenvoLvImento

de XanXerê: uma anáLIse emPírIcaCristiane Gretzler

Pequeno contexto histórico regional

contexto histórico de Xanxerê

Problemas socioambientais de Xanxerê

histórico dos Planos diretores

a elaboração do Plano diretor de desenvolvimento de Xanxerê

os conflitos em torno do Plano diretor de Xanxerê

considerações finais

referências

a eXPerIêncIa da dIscussão do PLano dIretor do munIcíPIo de concórdIa

Jamile Prezzi

contexto histórico, econômico, social e político: a influência sobre o planejamento urbano de concórdia

A cidade e os seus problemas

os Planos diretores de concórdia: diferentes processos de elaboração

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método de elaboração do Plano diretor de concórdia

o processo democrático de discussão e os conflitos

revisões do Plano diretor e adaptação ao estatuto da cidade

considerações finais

referências

soBre os autores

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207

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Prefácio

Na primeira década do século XXI observou-se um processo de significativa participação da população no desenvolvimen-to de políticas urbanas no Brasil; processo que, por um lado,

representa a tentativa de opor a “cidade-direito” à “cidade-mercado” e, por outro lado, reflete o fracasso do planejamento funcionalista e tec-nocrático que foi implantado nas principais cidades brasileiras na maior parte do século XX. Essa participação, no cenário político propício dos últimos anos, ao menos no contexto nacional, foi seguida da criação de uma nova estrutura institucional que lhe dá suporte.

Não se pode, no entanto, homogeneizar nem generalizar tal par-ticipação, pois ela se desenvolve num contexto muito complexo, que mistura grandes e pequenas cidades, cenários conservadores e pro-gressistas, equipes técnicas muito desenvolvidas em certas prefeituras e inexistência de qualquer tipo de conhecimento técnico em outras. Seria melhor falar em um repertório de experiências de participação, em vez de falar em uma experiência participativa brasileira.

Após os quase dez anos que se seguiram ao Estatuto da Cidade, os pesquisadores das áreas de Planejamento Urbano, Sociologia, Geografia, Urbanismo e de outras ainda estão fazendo uma avaliação dos processos

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de elaboração de Planos Diretores elaborados por cerca de 1,5 mil mu-nicípios entre vinte mil (e até menos) e 11 milhões de habitantes (caso de São Paulo). Este livro encontra-se nesse contexto e

[...] verifica se foi estabelecido um pacto social urbano – um sistema de governança – envolvendo os diferentes atores sociais, políticos e do mercado que participaram da discussão dos Planos Diretores de Chapecó, Xanxerê e Concórdia, municípios loca-lizados no oeste de Santa Catarina, em torno de uma política urbana includente. (p. 16).

A oposição que mencionamos entre os paradigmas “cidade-mer-cado” e “cidade-direito” nasceu da análise do planejamento e da gestão das cidades brasileiras feita por Santos (2007)1. Quanto ao primeiro, a participação política se daria a partir do “reconhecimento dos agentes como clientes-consumidores, portadores de interesses privados, impe-dindo a construção de uma esfera pública que represente o interesse coletivo” (Santos Júnior, 2007, p. 306). Diluem-se as ideias de totalidade e de cidadania, que perde sua conexão com a ideia de universalidade; divide-se o espaço político entre hipercidadãos e subcidadãos. Por sua vez, o paradigma cidade-direito está, segundo o autor, em construção, “tanto em relação ao aspecto teórico quanto em relação ao da práxis sociopolítica” (Santos Júnior, 2007, p. 307). Ele

[...] afirma o papel central do poder público no planejamento urbano e o seu compromisso com o enfrentamento dos meca-nismos de produção de desigualdades e exclusão decorrentes da vigência da dinâmica do mercado no uso e ocupação do solo

1 Santos Júnior, Orlando Alves. Cidade, cidadania e planejamento urbano: desafios na perspectiva da reforma urbana. In: Feldman, Sarah; Fernandes, Ana (Orgs.). O urbano e o regional no Brasil contemporâneo: mutações, tensões, desafios. Salvador: EDUFBA, 2007. p. 293-314.

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urbano e do controle do poder político pelos históricos interesses patrimonialistas. (Santos Júnior, 2007, p. 307).

Para o autor, a disputa entre esses dois paradigmas fica eviden-ciada sobretudo no processo de elaboração dos Planos Diretores mu-nicipais nos últimos anos. As autoras do presente livro corroboram, de certa forma, esta visão ao constatarem que existem,

[...] de um lado, governos locais aliados com os interesses indi-viduais capitalistas, identificados como liberais, de direita e/ou conservadores, e, de outro, novos estilos de administração local, denominados ‘democrático-populares’ (p. 44).

Ao colocarem a participação como central no processo de elabora-ção e aprovação do Plano Diretor municipal, as autoras deste livro apre-sentam uma reflexão sobre o conceito de governança. Elas salientam, no entanto, que devemos adjetivar esse conceito para não corrermos o risco de utilizá-lo descontextualizadamente e em dissonância com os princí-pios do próprio Movimento de Reforma Urbana, que tem na politiza-ção da discussão dos problemas urbanos um dos seus determinantes na busca de soluções; seria preciso, por isso, estabelecer uma “governança democrática” em oposição a uma “governança oligárquica”.

O estudo das autoras sobre a “governança democrática” se deu em torno da discussão da função social da propriedade; para elas, o exercício dessa função social possibilitaria ao poder público munici-pal, por meio do Plano Diretor, exigir do proprietário o cumprimen-to do uso do seu imóvel para o atendimento de um interesse social. O estudo empírico que segue mostra a experiência de três municípios da região oeste de Santa Catarina: Chapecó, Xanxerê e Concórdia.

Em Chapecó, as autoras observam que o pacto social, mesmo tendo sido estabelecido no momento da elaboração do Plano Diretor

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Participativo, não é garantia de uma gestão democrática após a apro-vação desse plano; a mudança da conjuntura política local teve reper-cussões importantes em relação às proposições pactuadas pelas diver-sas forças presentes no momento de elaboração do plano.

Em Xanxerê, não houve, segundo as autoras, qualquer preo-cupação com os interesses da coletividade no projeto aprovado pela Câmara de Vereadores; portanto, nenhum sinal de um pacto social firmado foi identificado. Verificou-se, como em muitas outras cida-des brasileiras, um certo formalismo na elaboração do plano, numa reprodução das práticas pretéritas de planejamento urbano: uma visão dicotômica entre conhecimento técnico e da população; não houve, na experiência de Xanxerê, qualquer tentativa de uma visão comple-mentar entre a leitura técnica e a leitura comunitária. Na definição dos instrumentos do plano, essa cisão ficou ainda mais clara, e interesses setoriais parecem ter sido privilegiados.

Em Concórdia, identificou-se uma experiência que mostra, no mínimo, dois aspectos centrais na definição de um Plano Diretor Par-ticipativo: 1) uma leitura consensuada da realidade urbana que faz com que um pacto social seja mais facilmente construído: o problema das enchentes do rio que corta a cidade fez com que a população, não sem conflitos, se unisse em torno de alguns instrumentos do Plano Diretor; 2) a existência de um ator técnico com sensibilidade à participação, que faz com que as distâncias dos diferentes saberes possam convergir.

Enfim, a leitura deste livro nos indica que ainda existem limites e problemas no “modo de fazer” Planos Diretores após a aprovação do Estatuto da Cidade, mas que essa nova maneira de planejar traz con-sigo o germe da inovação e da democracia participativa.

Professor Elson Manoel PereiraDoutor em Urbanismo

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Título

Organizadoras

Coleção

Coordenadora

Assistente editorial

Assistente de vendas

Secretaria

Divulgação, distribuição e vendas

Projeto gráfico e capa da coleção

Capa

Diagramação

Preparação

Revisão

Formato

Tipologia

Papel

Número de páginas

Tiragem

Publicação

Impressão e acabamento

Os Planos Diretores e os limites de uma gestão urbana democrática: as experiências de Chapecó, Xanxerê e Concórdia (SC)

Monica Hass Myriam AldanaRosana Maria Badalotti

Regionais

Maria Assunta Busato

Alexsandro Stumpf

Neli Ferrari

Alexandra Fatima Lopes de Souza

Neli FerrariLuana Paula BiazusJulha Suzana Dresch

Hilario Junior dos Santos

Alexsandro Stumpf

Alexsandro Stumpf Caroline Kirschner

Araceli Pimentel Godinho

Carlos Pace DoriAraceli Pimentel GodinhoLúcia Lovato Leiria

16 X 23 cm

Minion Pro entre 10 e 14 pontos

Capa: DuraMiolo: Pólen Soft 80 g/m2

209

500

2010

Gráfica e Editora Pallotti – Santa Maria (RS)

Argos Editora da Unochapecó

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Sobre os autores

monica hass: graduada em Comunicação Social-Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1986, mestre em Sociologia Política pela UFSC (1993) e doutora em Sociologia Política pela UFSC (2006). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Tem experiência na área de Socio-logia, com ênfase em Sociologia Política, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura política, poder local, democracia, participa-ção, governança, gestão pública, desenvolvimento urbano, orçamento participativo e planos diretores.

myriam aldana vargas santin: graduada em Sociologia pela Uni-versidad Santo Tomás de Aquino, de Bogotá (1981), mestre em Ciên-cias da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (1994) e Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2005. Atualmente é professo-ra titular da Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Uno-chapecó). Compõe o quadro de docentes do Mestrado em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais, na Unochapecó. Têm experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Políticas Públicas e Cidada-nia, Relações de Gênero, atuando principalmente nos seguintes te-mas: Igreja Católica, direitos sexuais e direitos reprodutivos, religião, direitos das mulheres, aborto.

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rosana maria Badalotti: graduada em Ciências Sociais-Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1990, e li-cenciatura (1998), mestre em Antropologia Social pela UFSC (1996) e Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas pela UFSC (2003). É professora da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Uno-chapecó). Compõe o quadro de docentes do Mestrado em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais, na Unochapecó. Desenvolve pesquisas com ênfase na área de Sociologia Rural, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento rural, agricultura familiar, movi-mentos e redes sociais, políticas públicas e sociais.

cristiane Gretzler: graduada em Geografia-Licenciatura pela Univer-sidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), em 2008, mestranda em Geografia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi bolsista de Iniciação Científica – Grupos pesquisas: Cidade: Cultura, Urbanização e Desenvolvimento e Grupo de Pesquisa Gestão Pública, Governança e Comportamento Político na Unocha-pecó. Desenvolve pesquisas na área de Geografia, atuando principal-mente com as temáticas: desenvolvimento urbano e regional, cidades médias, território, gestão pública e planos diretores.

Jamile Prezzi: graduada em Arquitetura e Urbanismo na Universi-dade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), em 2008. Foi bolsista de Iniciação Científica na área de urbanismo, políticas públi-cas e cidadania, participou do Grupo de Pesquisa Gestão Pública, Go-vernança e Comportamento Político na Unochapecó. Atua na área da construção civil por meio da elaboração de projetos arquitetônicos e acompanhamento de execução de obras de interesse social no estado de Santa Catarina.

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este livro está à venda:

www.unochapeco.edu.br/argos

www.travessa.com.br

www.livrariacultura.com.br

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