os novos direitos do empregado doméstico prof alvies

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  • 7/29/2019 Os novos direitos do empregado domstico Prof Alvies

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    Os novos direitos do empregado domsticoXerxes GusmoO empregado domstico sempre foi uma categoria especial no Brasil, categoria qual tradicionalmentese negaram os direitos garantidos aos demais tipos de empregados.Foi gradativamente que o domstico foi adquirindo os direitos que hoje possui, o que ainda no lheassegurou, entretanto, igualdade de tratamento com o empregado comum.

    Diversos so os argumentos utilizados para justificar tal diferena, dentre os quais o que conta commaior adeso da doutrina e jurisprudncia trabalhistas o que sublinha a relao de confiana essencialao emprego domstico, relao que garantiria um tratamento diferenciado ao domstico, quase ummembro da famlia, mas que exigiria, em contrapartida, um tratamento diferenciado tambm porparte do legislador, que deveria ser mais econmico nos direitos a serem outorgados a estetrabalhador.Apesar da sua fora, este argumento no tem impedido a concesso de novos direitos aos domsticosnos ltimos anos, tendncia que se reforou pela recente promulgao da Lei n 11324, de 19 julho de2006.1. Definio do domsticoO domstico, como bem se sabe, no um empregado como qualquer outro. Ele tem no s direitosprprios. Ele tem, tambm, uma definio prpria, que diferencia esta categoria dos demais tipos deempregados.Nesse sentido, domstico o empregado que presta servios de natureza contnua e de finalidade no

    lucrativa pessoa fsica ou famlia, no mbito residencial destas[1].Desse modo, alm de prestar os seus servios, de natureza no lucrativa[2], a pessoa fsica ou a famlia,em mbito residencial[3]- o que exclui a possibilidade do trabalho domstico numa empresa -, odomstico deve, para ver configurado o seu vnculo empregatcio, prestar servios contnuos.Esse requisito da continuidade um importante elemento de distino com relao ao empregadocomum, cujo vnculo empregatcio depende somente da no-eventualidade dos seus servios, requisitointerpretado de maneira menos restritiva do que a continuidade, sinnimo de trabalho prestado vriasvezes por semana[4].Para ser um domstico, portanto, aquele que presta servios, na casa de pessoa fsica ou de famlia,deve faz-lo vrias vezes por semana, diferente dos outros empregados, que podem prestar servios suma vez por semana e j serem considerados como empregados[5].Mas, se a definio j denota uma diferena clara, so os direitos do domstico que o distinguemnitidamente dos demais empregados.2. Direitos tradicionais do domstico O domstico representa uma categoria que s conseguiuconquistar os seus direitos aos poucos.Um primeiro marco nesse sentido foi a promulgao da lei regulando a categoria, a Lei n 5859, de 11de dezembro de 1972. Ela passou a garantir categoria domstica direitos como a carteira de trabalho(art. 2, I) e as frias anuais remuneradas (art. 3), ento fixadas em 20 dias teis.Aos poucos, no entanto, outros direitos foram sendo garantidos aos domsticos, como o vale-transporte,previsto pela Lei 7418/85 como direito dos empregados comuns e dos domsticos.Essa tendncia foi acelerada com a promulgao da Constituio Federal de 1988, que, no pargrafonico do seu artigo 7, estendeu diversos dos direitos garantidos aos empregados urbanos e rurais, eprevistos no corpo deste artigo, aos empregados domsticos.Foram, assim, estendidos ao domstico direitos relativos sua remunerao, como o salrio mnimo(art. 7, IV), a irredutibilidade salarial (art. 7, VI) e o dcimo terceiro salrio (art. 7, VIII). O empregadordomstico deve, destarte, pagar treze vezes ao ano um salrio no mnimo equivalente ao salrio mnimonacional, salrio que no pode ser reduzido por ele.Como ningum vive somente de trabalho, o legislador constitucional garantiu, tambm, o direito aorepouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (art. 7, XV) e s frias anuais

    remuneradas[6](art. 7, XVII) ao domstico.Outros direitos assegurados ao domstico pela Constituio Federal de 1988 foram a licena-maternidade, de 120 dias (art. 7, XVIII), e a licena-paternidade, de 5 dias (art. 7, XIX).Por fim, o legislador constitucional previu proteo ao fim do contrato de trabalho do domstico,garantindo-lhe o direito ao aviso prvio, de 30 dias (art. 7, XXI) e aposentadoria (art. 7, XXIV), nosmesmos moldes do empregado comum[7].Esse rol de direitos do domstico foi aumentado recentemente, pela promulgao da Lei 11324/06.3. Novos direitos do domsticoA origem dessa Lei 11324 bastante curiosa, no entanto. O governo Lula, preocupado em estimular aformalizao do mercado de trabalho domstico[8], editou uma Medida Provisria[9]prevendo,simplesmente, a possibilidade de o empregador domstico deduzir, da sua declarao de imposto derenda, a contribuio paga ao INSS em favor do seu empregado domstico.Levada a votao no Congresso Nacional, essa MP acabou recebendo tantas emendas dos parlamentaresque o governo Lula se deparou com situao inusitada : ter de aprovar ou vetar uma lei que previra uma

    srie de novos direitos ao domstico.Direitos dos quais o mais polmico era a transformao do FGTS do domstico em obrigatrio, j que,at ento, o empregador domstico podia escolher se inscrevia ou no o seu empregado no FGTS.

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    A soluo encontrada pelo governo, desse modo, foi a de aprovar alguns e vetar outros direitos contidosna lei, chegando-se redao final da Lei 11324, aprovada em 19 de julho de 2006.

    3.1. Direitos garantidos Poucos sabiam, mas o empregador domstico podia, at a aprovao desta lei,descontar do seu empregado os valores despendidos com a sua alimentao e moradia, no caso de elemorar e se alimentar na casa do patro. A Lei 11324 proibiu esse desconto, inserindo novo artigo na Lei5859/72 : Artigo 2-A. vedado ao empregador domstico efetuar descotos no salrio do empregado

    por fornecimento de alimentao, vesturio, higiene ou moradia.Outro fato desconhecido de muitos :antes da promulgao desta lei, o empregador domstico podia exigir do seu empregado o trabalho nosferiados, pois este direito tinha sido expressamente excludo do domstico pela lei especfica dosferiados, a Lei 605/49. Ocorre que tal excluso foi expressamente revogada pela nova lei : Art. 9 Ficarevogada a alnea a do art. 5 da Lei n 605, de 5 dejaneiro de 1949. Em outras palavras, o domstico

    passou a ter direito ao repouso nos feriados oficiais.

    A Lei 11324 teve, ainda, uma importante funo : ela dissipou intrincada controvrsia relativa aonmero de dias de frias do domstico[10]. A partir de julho de 2006, no resta dvida : o domsticotem direito a frias anuais remuneradas de 30 dias corridos, como os demais empregados[11].

    Outro direito estendido domstica, pela Lei 11324/06, foi a estabilidade da gestante. Alvo das maisseveras crticas da doutrina, o fato de a domstica poder ser dispensada quando grvida era permitido

    pela legislao anterior, mas no mais pelo novo artigo 4-A da Lei 5859/72, cuja redao clara: "Artigo 4-A. vedada a dispensa arbitrria ou sem justa causa da empregada domstica gestantedesde a confirmao da gravidez at 5 (cinco) meses aps o parto.A domstica que fica grvida,portanto, somente poder ser dispensada, a partir de agora, se cometer alta grave, essa estabilidadeindo do momento em que confirma a gravidez at 5 meses aps o parto.

    Trata-se, destarte, de alguns direitos suplementares assegurados ao domstico, direitos bastanterelevantes, sublinhe-se de passagem. Mas nem todos os direitos previstos no texto original da Lei 11324foram aprovados pelo governo Lula.

    3.2. Direitos no garantidos O centro da discrdia, durante os dias que antecederam a deciso dogoverno federal, foi o FGTS, que passaria, pela redao original da Lei 11324, a ser obrigatrio. Aps terconsultado representantes dos domsticos e da classe mdia, o governo decidiu vetar essa parte da lei,afirmando ter apenas adiado a medida, a ser tomada em momento posterior, por meio de novo

    dispositivo legal.

    O fato que o FGTS do domstico continuou, em razo disso, a ser uma mera faculdade do empregador,que decide se inscreve ou no o seu empregado. Essa deciso do patro bastante importante, alis,pois, alm de ser irretratvel[12], ela implica em duas conseqncias bsicas : a obrigao de oempregador depositar, todo ms, 8% do salrio do seu empregado na conta vinculada deste[13]; e a depagar, em caso de dispensa sem justa causa do domstico, uma multa equivalente a 40% do valor dosdepsitos do FGTS realizados durante aquele contrato de trabalho[14]. Mantido como facultativo foitambm o seguro-desemprego do domstico, que continua tendo este direito garantido somente quandoinscrito no FGTS, uma faculdade do empregador, como vimos. Desse modo, pela redao mantida doartigo 6-A da Lei 5859/72, o domstico poder receber at 3 parcelas do seguro-desemprego, no valorde um salrio mnimo, se tiver sido includo no FGTS pelo seu empregador.

    Se inegvel o fato de que a regulao do trabalho domstico sofreu uma evoluo, ainda h parte docaminho a ser percorrido para chegarmos justa igualdade de direitos com o empregado comum.

    Como justificar, por exemplo, a ausncia do direito a uma jornada de 8 horas de trabalho ao domstico?Ou do conseqente adicional de horas extras quando tal jornada ultrapassada? Ou, ainda, comoaceitar que o domstico no tenha direito ao adicional noturno quando exerce suas funes noite[15]?

    Se novos direitos foram garantidos ao domstico, ainda h outros a serem assegurados em futurasreformas da legislao regulando o trabalho domstico. Esperemos que este futuro no se perca devista.

    Notas:[1]Definio contida no artigo 1 da Lei 5859/72, a lei que regula o trabalho domstico no Brasil.

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    [2]Nesse sentido, o patro no pode exigir do seu empregado domstico, por exemplo, que ele cozinhepara festas nas quais se cobre um preo de entrada, pois isso configuraria uma atividade lucrativa,impossibilitando a figura do empregado domstico.[3]O que no sinnimo de residncia principal, a casa de veraneio ou de campo tambm seenquadrando nesta definio.[4]No existe definio nas leis de um nmero determinado de dias por semana suficientes paraconfigurar essa continuidade, mas a jurisprudncia majoritria tem entendido que trs vezes por

    semana j so suficientes.[5]Caso os outros elementos que configuram o vnculo empregatcio pessoalidade, subordinao eonerosidade, segundo o artigo 3 da CLT estiverem presentes.[6]Essas sem fixao da sua durao exata, o que gerou enorme polmica relativa ao nmero de dias defrias do domstico, pois a sua lei especfica, a Lei 5859/72, fixou, como vimos, em 20 dias teis as suasfrias, mas o decreto regulamentador desta lei, o Decreto 71885/73, estipulou (art. 2) a aplicao daCLT no que toca s frias do domstico, e a CLT passou a fixar, a partir de 1977, em 30 dias corridos oprazo normal de frias do empregado, o que deveria, pelo texto do decreto citado, ser estendido aosdomsticos. Tal polmica s veio a ser dirimida recentemente, com a promulgao da Lei 11324/06,como veremos mais adiante.[7]Hoje, portanto, o domstico pode se aposentar aps 35 anos de contribuio, se homem, ou 30, semulher, no caso da aposentadoria por tempo de contribuio, ou 65 anos de idade, para o homem, ou60, para a mulher, no caso da aposentadoria por idade (segundo o artigo 201, 7 da CF).[8]Estimativas do IBGE indicam que, de 6,5 milhes de empregados domsticos no Brasil, apenas 1,8

    milho teriam, atualmente, suas carteiras de trabalho assinadas.[9]Trata-se da Medida Provisria de n 284, de 15.2.06[10]De que j tratamos em nota anterior.[11]Segundo a nova redao dada ao artigo 3 da Lei 5859/72.[12]Segundo a redao mantida do artigo 2 do Decreto 3361/00, que regulamentou essa incluso dodomstico no FGTS.[13]Que deve ser aberta em uma agncia da Caixa Econmica Federal, banco que funciona como agenteoperador do FGTS.[14]Essa multa, garantida a todos os empregados comuns, em caso de dispensa sem justa causa, s garantida ao domstico quando ele inscrito pelo seu empregador no FGTS.[15]Pela legislao atual, trabalho noturno, nas cidades, aquele executado entre as 22 horas de umdia e as 5 da manh do dia seguinte (segundo o artigo 73, 2 da CLT).

    Informaes Sobre o AutorXerxes Gusmo

    Mestre e Doutor pela Universit de Paris 1 Panthon-Sorbonne, Juiz Federal do Trabalho da 8 Regio

    Os direitos

    De acordo com a legislao atual, o trabalhador domstico, seja ele motorista,jardineiro, caseiro ou empregado s tem direito ao salrio mnimo, a

    irredutibilidade salarial, ao 13 salrio, repouso remunerado (uma vez porsemana e nos feriados), frias anuais de 30 dias acrescidas do abono de 1/3,licena-maternidade de 120 dias e estabilidade gestante desde a confirmaoda gravidez at 5 meses aps o parto, licena-paternidade, aviso prvio e

    aposentadoria.Para ser aprovada, a PEC que amplia os direitos dosempregados domsticos dever ser votada por maioria qualificada, em doisturnos, tanto na Cmara, como no Senado, sem precisar passar pelo veto

    presidencial. Aprovada em primeiro turno na ltima semana pela cmara dosdeputados, a expectativa que a Emenda passe pelo segundo turno ainda no

    ms de dezembro.

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    Para a juza do Trabalho e diretora de Prerrogativas da Associao dos

    Magistrados da Justia do Trabalho da 5 Regio, Andrea Presas, se aprovada,a Emenda Constitucional ir reparar anos de desigualdade causados por um

    pargrafo da constituio que exclui os trabalhadores domsticos.

    O pargrafo nico do artigo 7 da constituio que rege o direito dostrabalhadores, acaba tornando a profisso de domstico como uma

    subcategoria e isso inadmissvel, afirmou.

    Embora tente reparar a desigualdade causada por uma constituio antiga, a

    PEC das empregadas est causando polmica por aumentar as obrigaes e o

    valor dos tributos a serem pagos pelos patres, alm de exigir o pagamento dehoras extras e/ou o respeito das 44 horas de trabalho semanais, o que no tem

    agradado a maioria das pessoas que possui empregados domsticos. A

    discusso fica acirrada principalmente nos casos onde os trabalhadoresdomsticos dormem no emprego. Eu vou ter que pagar pela presena da

    minha empregada, mesmo nas horas que ela estiver de repouso, dormindo,assistindo TV?, protesta uma mulher em conversa com as amigas sobre a

    aprovao da PEC. Ainda na discusso, a empregadora garante que, caso a

    Emenda seja aprovada, no ter condies de arcar com pagamento dos novosdireitos da categoria, sendo obrigada a demitir a funcionria. Caso seja

    promulgada, a PEC garantir aos trabalhadores domsticos Fundo de Garantia

    por Tempo de Servio (FGTS), indenizao de 40% sobre os depsitos doFGTS, em caso de despedida arbitrria ou sem justa causa, seguro-

    desemprego, adicional, noturno, salrio-famlia, horas-extras com adicional depelo menos 50%, reconhecimento das convenes e acordos coletivos de

    trabalho, alm de seguro contra acidentes de trabalho. Com a garantia destes

    benefcios por lei, o custo de ter um funcionrio domstico disposio iraumentar e esta a principal preocupao do patronato.Principais mudanasDe acordo com a juza, alguns direitos ampliados pela

    nova PEC tero aplicabilidade imediata, entre elas, a remunerao do trabalhonoturno (adicional noturno), a limitao da carga horria a 8 horas por dia e44 por semana, com direito a cobrana de horas-extras, nos casos em que os

    horrios sejam desrespeitados, uma das principais queixas da categoria,principalmente dos profissionais que dormem no servio.No entanto, ajornada de trabalho poder ser negociada atravs de acordo individual escrito,

    contanto que apresente a possibilidade de compensao, desde que seja

    respeitada a carga horria mxima semanal de 44 horas e o limite de duas

    horas excedentes por dia.

    Para a aplicao de benefcios como o recebimento de salrio-famlia e oseguro contra acidentes de trabalho, ser necessria a regulamentao

    legislativa, que deve acontecer aps a aprovao da PEC.

  • 7/29/2019 Os novos direitos do empregado domstico Prof Alvies

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    garante benefcios como horas extras (considerando jornada padro de 8 horas dirias

    e 44 horas semanais), adicional pelo trabalho noturno (realizado entre 22h00min e

    5h00min), salrio-famlia, auxlio creche e pr-escola para filhos e dependentes at 5

    anos de idade, Fundo de Garantia por Tempo de Servio, multa de 40% em caso de

    resciso, seguro-desemprego, seguro por acidente de trabalho e adicional de

    periculosidade ou insalubridade.