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Os Movimentos Fascistas: Brasil, Alemanha e Itália

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Os Movimentos Fascistas:

Brasil, Alemanha e Itália

O Surgimento do Fascismo

A Europa, durante a Primeira Guerra Mundial,

viveu uma conjuntura de destruição material,

perdas humanas e mutilações, obscuridade

cultural, desemprego e inflação. Essa situação

gerou greves, revoltas e mobilizações que

contestaram a ordem capitalista. A crise, que

parecia estar preparando o terreno para uma

revolução socialista semelhante a que havia

ocorrido alguns anos antes no Império Russo,

acabou contribuindo para o desenvolvimento de

movimentos pró-ditatoriais e totalitários de

extrema direita.

O que significa FASCISMO?

A palavra "fascismo" deriva de fascio,

nome de grupos políticos ou de

militância que surgiram na Itália entre

fins do século XIX e começo do século

XX; mas também de fasces, que nos

tempos do Império Romano era um

símbolo dos magistrados: um machado

cujo cabo era rodeado de varas,

simbolizando o poder do Estado e a

unidade do povo. (Wikipédia)

O Fascismo na Itália A Itália estava insatisfeita com o que recebera pelas

contribuições na I Guerra Mundial. O prejuízo da guerra

foi enorme, além de fome, desemprego e inflação.

Em 1919, Benito Mussolini criou o Squadri de

Combattimento e o Fasci de Combattimento, grupos

paramilitares de combate à esquerda e ao movimento

operário italiano.

1921- É fundado o Partido Nacional Fascista .

1922- Os socialistas organizam uma greve geral para

agosto. Em 27 de outubro os fascistas promovem a

Marcha Sobre Roma, ocupando ruas, praças e edifícios

públicos. Desejavam o “restabelecimento da ordem”.

Assim o rei Vitor Emanuel III entregou o ministério a

Mussolini.

O Fascismo na Itália

Mussolini não implementou uma ditadura de imediato.

Aceitou em certa parte os opositores.

Em 1924 ocorreram eleições, que foram manipuladas. Os

fascistas foram a maioria.

Mas aos poucos o regime endurecia: foi imposta a

censura e jornais foram fechados; partidos políticos

foram proibidos; deputados opositores foram cassados,

presos ou exilados.

Desta forma, Mussolini implementou o Estado

Totalitário e se tornou o guia supremo da Itália, o Duce.

O Fascismo na Itália Em 1927 foi criada a Carta Del Lavoro, documento que

expunha os princípios fundamentais da doutrina

corporativista italiana. Nele havia concessões aos

trabalhadores, mas também havia alguns impedimentos

como o direito de greve. Vejamos os principais pontos

deste documento:

Jornada de trabalho de 8 horas diárias;

Seguro contra acidentes;

Proibição de greves;

Os sindicatos foram transformados em corporações de

representantes de operários, patrões e representantes

do governo.

O Fascismo na Itália

Em 1929 Mussolini obteve definitivamente o apoio da

Igreja Católica com o Tratado de Latrão: Durante a

Unificação Italiana surgiu um conflito entre a Igreja e o

Estado italiano. Através deste tratado foi criado o

Estado do Vaticano, a Igreja recebeu indenização pelas

terras perdidas durante a unificação, o catolicismo se

tornou a religião oficial da Itália e o ensino religioso

passou a ser obrigatória nas escolas.

Benito Mussolini

Benito Mussolini e Adolf Hitler

Fascismo na Alemanha, o Nazismo

A Alemanha sofria o peso do tratado de Versalhes

(1919). Ela foi considerada culpada pela I Guerra

Mundial, por isso foi obrigada a pagar pesadas

indenizações de guerra aos vencedores, que ainda

impuseram o desarmamento e reduziu seu território.

Em 1919 a Liga Espartaquista (socialistas alemães),

tentou dar um golpe de Estado. Mas o golpe falhou e seus

líderes foram presos e assassinados.

A Direita ficou preocupada com o Movimento operário

de Esquerda e se aliou ao Partido Nacional-Socialista

Alemão, mais conhecido como Partido Nazista.

Desde de 1920 Adolf Hitler já era a principal figura do

partido e tentou neste ano dar um golpe de estado, mas

foi preso. No cárcere escreveu o livro Mein Kampt.

Fascismo na Alemanha, o Nazismo

Mein Kampt, que expunha as a ideologia máxima do

nazismo dizia que:

Superioridade da raça Ariana;

A expansão militar para conquistar o “espaço vital” por

direito dos alemães (imperialismo alemão);

A Crise de 1929 piorou a situação econômica e social da

Alemanha. Havia o medo de uma revolução social, pois

fome, desemprego e miséria tomavam conta do país;

Fascismo na Alemanha, o Nazismo

Os Nazistas se destacaram nas eleições de 1932. Neste ano

Hitler concorreu para o cargo de presidente, mas perdeu.

Porém o presidente eleito, Hindemburg, precisava de

apoio político e para isso nomeou Hitler como Chanceler

da Alemanha.

Ao chegar à Chancelaria, Hitler mandou incendiar o

Reichstag, o Parlamento Alemão, e acusou os

comunistas, logo depois o Partido Comunista Alemão é

fechado.

Em 1934 o presidente Hindemburg morreu. Hitler passou

a acumular as funções de Chefe de Governo e Chefe de

Estado. Ele se torna o Füher da Alemanha.

Discurso de Hitler

Desfile Nazista

O Holocausto A ideologia nazista se baseava na luta racial, no culto à

força e ao poder, na submissão do indivíduo ao Estado,

na primazia do emocional sobre o racional. O que dava

coerência às teorias nazistas, contudo, era um outro

aspecto de sua ideologia, talvez o mais conhecido: o anti-

semitismo.

O nazismo tinha, de fato, uma concepção delirante: se os

arianos representavam a luz do mundo, os judeus

simbolizavam o mal. Difícil de ser comprovada, essa

visão animava Hitler e seus adeptos: todo o mal do

mundo se originaria dos judeus. Eles seriam

responsáveis pelas ideologias antiarianas, como o

liberalismo e o comunismo, além de haver causado a

derrota alemã na Primeira Guerra e contaminado a raça

branca. A sobrevivência dessa raça dependeria da

derrota dos judeus. Esse anti-semitismo foi levado a

extremos horripilantes, como o massacre programado

dos campos de extermínio.

Holocausto: Prisioneiros libertados por força aliadas em 7/maio/1945 - seriam

utilizados para experimentos e autópsia.

Propaganda contra o Holocausto

Prisioneiros judeus em campo de concentração nazista

O Fascismo no Brasil, aspectos

Diferentemente da Itália e da Alemanha, não

tivemos um regime fascista, mas aspectos desta

ideologia estavam presentes dentro dos círculos

intelectuais, políticos e militares da época.

Estudaremos esses aspectos fascistas no Brasil

durante o chamado Período Vargas (1930-1945).

O Fascismo no Brasil: O Integralismo

No Brasil, surgiram algumas pequenas organizações

fascistas na década de 1920.

Em 1932, após a Revolução Constitucionalista, Plínio

Salgado e outros intelectuais fundaram em São Paulo a

Ação Integralista Brasileira, a AIB.

O integralismo se definiu como uma doutrina

nacionalista.

Considerava como seus inimigos o liberalismo, o

socialismo e o capitalismo financeiro, em mãos de

judeus. Negava a pluralidade de partidos políticos e a

representação individual dos cidadãos.

O Estado Integralista seria constituído pelo chefe da

nação, abrigando em seu interior órgãos

representativos das profissões e entidades culturais.

“Deus, Pátria e Família”, era o lema do movimento.

Plínio Salgado: fundador da Ação Integralista

Brasileira, a AIB

O Fascismo no Brasil: O Integralismo

O integralismo foi muito eficaz na utilização de

rituais e símbolos: o culto da personalidade do

chefe nacional, as cerimônias de adesão, os

desfiles dos “Camisas-Verdes”, ostentando

braçadeiras com a letra grega sigma ∑.

Os principais integrantes do integralismo

vinham das classes médias urbanas. O número de

militares era reduzido.

O integralismo conseguiu um número

considerável de aderentes. Estima-se que chegou

a ter entre 100 mil a 200 mil integrantes no

período do auge (fins de 1937), o que não é

pouco, considerando-se o baixo grau de

mobilização política existente no país.

Desfile Integralista

Símbolos e propagandas do Integralismo

Símbolos e propagandas do Integralismo

Cartaz de propaganda

Integralista. A palavra

Anauê é um vocábulo de

origem tupi, que servia

como saudação entre os

indígenas e de brado. É uma

palavra com conteúdo

afetivo que significa: “Você é

meu irmão”.

Com o Movimento

Integralista foi incorporada

como saudação oficial entre

seus integrantes e foi a

consagrada em louvor do

Sigma. Servia ainda para

exaltar, afirmar, consagrar e

manifestar alegria.

O Fascismo no Brasil: O Integralismo

Integralistas e comunistas se enfrentaram

mortalmente ao longo dos anos de 1930. os dois

movimentos tinham entretanto pontos em comum: a

crítica ao Estado liberal, a valorização do partido

único, o culto da personalidade do líder.

Os integralistas combatiam principalmente a Aliança

Nacional Libertadora, a ANL, que tinha como

principal líder Luís Carlos Prestes.

Em 1935 Vargas colocou a ANL na ilegalidade. Meses

depois em um quartel de Natal iniciou-se um levante

de comunistas. Este movimento ficou conhecido como

a Intentona Comunista. O levante falhou. Membros da

AIB ajudaram na repressão.

O Fascismo no Brasil: O Integralismo

A Intentona Comunista foi um bom motivo para Vargas

agitar o medo da população com relação ao comunismo.

Em 1937 foi elaborado junto com integrantes da AIB o

Plano Cohen, que dizia que o Brasil sofreria uma

insurreição comunista que provocaria massacres,

saques e depredações, desrespeito aos lares, incêndios

de igrejas. O plano era falso e serviu para Vargas

instalar o Estado Novo, ou seja, a ditadura de Vargas.

Com o Estado Novo todos os partidos políticos foram

fechados, inclusive a AIB.

O Fascismo no Brasil: O Integralismo

Devido à dissolução da AIB, com a instauração do

Estado Novo em novembro de 1937, alguns integralistas

insurgiram-se tentando dar um contra-golpe à ditadura

de Vargas, em 1938.

Severo Fournier, liderando os integralistas, atacou, em

11 de maio de 1938, o Palácio Guanabara. Eram 80 ao

todo, dentre eles um membro da família imperial

brasileira. Em resposta, muitos foram fuzilados, outros

tantos feridos. Cerca de 1500 integralistas acabaram

presos e ficaram sob a responsabilidade de Filinto

Müller para interrogá-los. Plínio Salgado, ao final, foi

exilado em Portugal.

E assim chega ao fim esta fase do integralismo

brasileiro, que nunca deixou de existir.

O Fascismo no Brasil, aspectos

O governo Vargas (1930-1945) apresentou aspectos da

doutrina fascista como centralização política, extinção dos

partidos políticos, leis que protegiam a indústria nacional e os

trabalhadores.

A Política trabalhista:

A Política Trabalhista de Vargas tinha por objetivo reprimir

os esforços organizatórios da classe trabalhadora urbana fora

do controle do Estado e atraí-la para o lado do governo.

Em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e

Comércio, com a criação de leis trabalhistas de proteção ao

trabalhador, regulamentavam o trabalho das mulheres e dos

menores, a concessão de férias, o limite de oito horas de

jornada; enquadramento dos sindicatos pelo Estado.

Os sindicatos estariam ligados ao Ministério do Trabalho, sua

legalidade dependia deste. Só era permitido um sindicato

único por classe.

Criou-se as Juntas de Conciliação e Julgamento, para julgar

conflitos entre patrões e empregados.

O Fascismo no Brasil, aspectos

A Política Trabalhista de Vargas foi um nítido exemplo

de uma ampla iniciativa que não veio de uma classe

social (principalmente trabalhadores), e sim da ação do

Estado.

Com a sua Política Trabalhista, Vargas desejava afastar

das classes operárias o desejo de uma revolução social,

ou seja, da possível derrubado do governo e a instalação

de um regime comunista, como na Rússia. A concessão

de direitos aos trabalhadores esfriavam as disputas

destes com os patrões, não ocorrendo um conflito entre

classes.

O Fascismo no Brasil, aspectos

O Estado Novo

O período conhecido como Estado Novo vai de 1937 a

1945. É a ditadura de Vargas. O Congresso foi fechado

em 10 de novembro de 1937, assim Vargas se o único

dirigente da Nação.

Ao contrário da Alemanha e da Itália, nas quais havia

um partido único que governava o país, no Brasil não

havia nenhum partido, todas as decisões eram tomadas

por Vargas.

No mesmo ano foi outorgada (imposta) uma nova

Constituição que dava ao presidente grandes poderes

para governar.

O Fascismo no Brasil, aspectos

A Centralização

A Centralização política foi marcante durante o Estado Novo.

Os governadores dos estados passaram a ser indicados por

Vargas. Esses governadores indicados eram chamados de

Interventores.

Havia o interesse de “apagar” as disputas entre os estados

brasileiros, para que todos se voltassem para os objetivos da

Nação.

Uma demonstração da centralização foi a extinção das

bandeiras estaduais, incineradas em praça pública, em

cerimônia simbólica, em frente à Bandeira do Brasil. A

cerimônia da incineração das bandeiras dos vinte Estados

brasileiros foi realizada durante a grande cerimônia cívica do

dia 27 de novembro de 1937, na praia do Russel, perante o altar

da Pátria, onde se estampava gigantesca, bela e majestosa

Bandeira Nacional. Presentes o Presidente Getúlio Vargas e

todos os ministros de Estado, altas autoridades civis e

militares e incalculável multidão, foram os símbolos estaduais

representantes do sentimento regionalista, queimados.

Incineração das Bandeiras Estaduais

O Fascismo no Brasil, aspectos

O controle da opinião pública

Assim como os regimes fascistas da Europa, Vargas

procurou assegurar o controle de sua imagem e do Brasil

durante seu governo.

O presidente tarou de formar uma ampla opinião pública

a seu favor, pela censura aos meios de comunicação e pela

elaboração de sua própria versão da fase histórica que o

país viva.

Em 1939 foi criado o Departamento de imprensa e

Propaganda, DIP. O DIP controlava o cinema, o rádio, o

teatro, a literatura, proibia da entrada de notícia

“nocivas aos interesses brasileiros”, buscava evitar que

fossem publicadas no exterior “informações nocivas ao

crédito e à cultura do país”.

Como DIP foi criada a “Hora do Brasil”, programa

radiofônico de propaganda e divulgação das obras do

governo.

Exaltação de Getulio em Cartaz produzido pela DIP convocando

trabalhadores para comemorar o 1 de maio.

O anúncio da CLT foi mostrado de forma propagandística, dando a conotação de uma

lei fruto da iniciativa e generosidade de uma só pessoa. 1943.

O Fascismo no Brasil, aspectos

A Política Trabalhista no Estado Novo

As políticas trabalhistas não se alteraram muito durante o

período do Estado Novo.

Em 1940 foi criado o Imposto Sindical, que financiava os

sindicatos e subordinava estes ao Estado. Este imposto é

uma contribuição anual obrigatória, correspondente a um

dia de trabalho, pago pelo empregado.

Em 1939 foi criada a Justiça do Trabalho, cuja origem eram

as Juntas de Conciliação e Julgamento.

As leis trabalhistas foram reunidas e em 1943 surgiu a

Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, que também

existe nos dias atuais.

Foi durante o Estado Novo que o Salário Mínimo foi

aplicado, apesar de existir desde a Constituição de 1934.

segundo a lei o salário mínimo de ser capaz de satisfazer às

necessidades do trabalhador. Cada estado tinha um salário

mínimo, conforme os custos de vida.

O Fascismo no Brasil, aspectos

A Política Trabalhista no Estado Novo

Construiu-se a imagem de Vargas como o protetor dos

trabalhadores, o “pai dos pobres”. Essa imagem era

reforçada pro meios de programas de rádio como a Hora

do Brasil e por cerimônias comemorativas, como as de

Primeiro de maio, o Dia do Trabalhador, realizadas a

partir de 1939 no estádio do Vasco da Gama, em São

Januário – o maior estádio brasileiro na época. Somente

em 1944 as comemorações se deslocaram para o

Pacaembu, em São Paulo.

Vargas era o guia e o pai dos trabalhadores brasileiros.

Ele beneficiava a sua gente e dela esperava apoio e

fidelidade. Seu grande sucesso político se deve a fatores

sociais e à eficácia da construção simbólica.

O Fascismo no Brasil, aspectos

O fim da Era Vargas

Devido a um acordo com os Estados Unidos, no qual

Vargas conseguia empréstimos para a construção de

uma siderúrgica (para a produção de aço), o Brasil

entrou na II Guerra Mundial ao lado dos Aliados

(França, Inglaterra e Estados Unidos).

O governo Vargas tinha características fascistas, haviam

políticos e militares que apoiavam Vargas que eram

fascistas, e, no entanto, ele se aliou às democracias

contra os fascistas. Uma contradição, não é?

Com isso Vargas passou a sofrer pressão de vários

setores da sociedade brasileira, até ser deposto em 1945.