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A lírica Camoniana nas reflexões de os Lusíadas, Escola FranciscodeHolanda

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Ficha Informativa

Ficha Informativa

Os Lusadas Reflexes do poetaAno letivo 2014/2015

IntroduoCames apresenta-se nas suas reflexes como guerreiro e poeta a quem no falta na vida honesto estudo,/ Com longa experincia misturado,/ Nem engenho (C. X, est. 154). Um poeta que, ainda que perseguido pela sorte e desprezado pelos seus contemporneos, assume o papel humanista de intervir, de forma pedaggica, na vida contempornea. Por isso critica a ignorncia e o desprezo pela cultura dos homens de armas (C. V); denuncia o desprezo pelo bem comum, a ambio desmedida, o poder exercido com tirania, a hipocrisia dos aduladores do Rei, a explorao dos pobres (C. VII); denuncia o poder corruptor do ouro (C. VIII) e prope um modelo humano ideal de "Heris esclarecidos" que tero ganho o direito de ser na "Ilha de Vnus recebidos" (C. IX, est.95).

Mas o poema, acima de tudo, evidencia a grandeza do passado de Portugal: um pequeno povo que cumpriu ao longo da sua Histria a misso de dilatar a Cristandade, que abriu novos rumos ao conhecimento, que mostrou a capacidade do Homem de concretizar o sonho.

Ao cantar a gesta herica do passado, o poeta pretende mostrar aos seus contemporneos a falta de grandeza do Portugal presente, metido "No gosto da cobia e na rudeza/Dhua austera, apagada e vil tristeza." (C. X, est.145) e incentivar o Rei a conduzir os portugueses para um futuro glorioso, para uma nova era de orgulho nacional. (In Plural, Lisboa Editora)

O Poeta tece, ao longo de Os Lusadas, diversas consideraes, no incio (Canto I Dedicatria) e no fim dos Cantos da sua epopeia, criticando e aconselhando os Portugueses.

Por um lado, refere os grandes e gravssimos perigos, a tormenta e o dano no mar, a guerra e o engano em terra; por outro lado, faz a apologia da expanso territorial para divulgar a F crist, manifesta o seu patriotismo e exorta D. Sebastio a dar continuidade obra grandiosa do povo portugus.Nas suas reflexes, que assumem uma feio didctica, moral e severamente crtica, h no s louvores, mas tambm o lamento e o queixume de quem sente amargamente a ingratido, ou os desconcertos do mundo. Se reala o valor das honras e da glria alcanadas por mrito prprio, lamenta, por exemplo, que os Portugueses nem sempre saibam aliar a fora e a coragem ao saber e eloquncia, destacando a importncia das Letras. Se critica os povos que no seguem o exemplo do povo portugus que, com atrevimento, chegou a todos os cantos do Mundo, no deixa de queixar-se de todos aqueles que pretendem alcanar a imortalidade, dizendo-lhes que a cobia, a ambio e a tirania so honras vs que no do verdadeiro valor ao homem. Da, tambm, lamentar a importncia atribuda ao dinheiro, fonte de corrupo e de traies.Lembrando o seu honesto estudo, longa experincia e engenho, Cousas que juntas se acham raramente, confessa estar cansado de cantar a gente surda e endurecida que no reconhecia nem incentivava as suas qualidades artsticas.Canto I (est. 103 106)

Acontecimento motivador das reflexes - chegada a Mombaa, cujo rei fora avisado por Baco para receber os portugueses e os destruir. Reflexes do poeta

Depois de ter contado as traies e os perigos a que os navegadores estiveram sujeitos ciladas, hostilidade disfarada que reduz as defesas e cria esperanas o poeta interrompe a Narrao para expor as suas reflexes sobre a insegurana da vida e a impotncia do homem, um bicho da terra to pequeno, exposto a todos os perigos e incertezas e vtima indefesa do Cu sereno. So palavras-chave: veneno, engano, gravssimos perigos, nunca certo, pouca segurana, mar, tormenta, dano, morte, guerra, engano.

No ser por acaso que esta reflexo surge no final do Canto I, quando o heri ainda tem um longo e penoso percurso a percorrer. Ver-se-, no Canto X, at onde a ousadia, a coragem e o desejo de ir sempre mais alm pode levar o "bicho da terra to pequeno", to dependente da fragilidade da sua condio humana. Os perigos que espreitam o ser humano (o heri), to pequeno diante das foras poderosas da natureza (tempestades, o mar, o vento...), do poder da guerra e dos traioeiros enganos dos inimigos. Principais recursos expressivos Metfora - Mas debaxo o veneno vem coberto - traduz a falsidade e a cobardia dos traidores Interjeies e frases exclamativas - Oh! Grandes e gravssimos perigos, /Oh! Caminho de vida nunca certo - acentuam a viso angustiada e expressiva do poeta face s traies e precariedade da vida humana assinalada atravs da metfora Caminho de vida. Atravs desta exclamao sentenciosa, o poeta apresenta uma sntese do negrume trgico que d a medida da grandeza pica da histria da gente lusitana. Anfora, Onde, Onde a personificao, Cu sereno, e a interrogao retrica Onde.bicho da terra to pequeno? acentuam a viso pessimista e profundamente angustiada da condio humana marcada pelo sentimento de impotncia de um ser que, perante o Cu sereno, no passa de um bicho da terra da terra to pequeno. Anttese e paralelismo de construo - No mar tanta tormenta e tanto dano,()/Na terra tanta guerra, tanto engano. - destacam a insegurana e os perigos que surgem em qualquer lugar. O homem, e em particular a gente lusa, no tem um lugar onde se possa sentir segura o que, mais uma vez, contribui para a glorificao deste bicho da terra to pequeno que apesar de todas as adversidades vai alcanar o seu objectivo conquistando terra e ultrapassando todos os limites que lhe so impostos pelo mar. Canto V (est. 92 100)

Acontecimento motivador das reflexes final da narrao de Vasco da Gama (Histria de Portugal e a Viagem de Belm a Melinde) e elogio do Rei de Melinde bravura, lealdade e nobreza dos portugueses. Reflexes do poeta

Ao longo destas estncias, Cames apresenta uma invectiva contra os portugueses seus contemporneos que desprezavam a poesia. O poeta comea por mostrar como o canto, o louvor, incita realizao dos feitos; d em seguida exemplos do apreo dos Antigos pelos seus poetas, bem como da importncia dada ao conhecimento e cultura, que levava a que as armas no fossem incompatveis com o saber. No , infelizmente, o que se passa com os portugueses: no se pode amar o que no se conhece, e a falta de cultura dos heris nacionais responsvel pela indiferena que manifestam pela divulgao dos seus feitos. Apesar disso, o poeta, movido pelo amor da ptria, reitera o seu propsito de continuar a engrandecer, com os seus versos, as "grandes obras" realizadas. Manifesta, desta forma, a vertente pedaggica da sua epopeia, na defesa da realizao plena do Homem, em todas as suas capacidades.

Est. 92 O sujeito potico comea por manifestar a ideia de que louvar da enorme importncia exprimir a sua emoo.Est. 93 Cames d o exemplo de Alexandre Magno que prezava mais o poeta Homero do que os gloriosos feitos guerreiros de Aquiles.Est. 94 Vasco da Gama trabalha para mostrar as navegaes cantadas pelos antigos poetas no so mais grandiosas do que a sua. O imperador Augusto ao mostrar com mercs e favores, a sua estima pelo poeta romano Virglio, contribuiu para que Eneias (heri da Eneida) fosse cantado e, desta forma, espalhada a glria de Roma. Est. 95 Portugal tem grandes chefes polticos e militares to ilustres como os estrangeiros (Csares, Alexandros, e Augustos) porm no lhe d contudo aqueles des/Cuja falta os faz duros e robustos., a sensibilidade para as letras e, por isso, tornam-se duros e robustos o que os impede de cultivarem e apreciarem o canto dos escritores e poetas portugueses. Est. 96 Cames d o exemplo de Jlio Csar, grande imperador e escritor romano, (numa mo a pena e noutra a lana), que foi um orador to eloquente como Ccero (orador romano) e um guerreiro da craveira de Cipio(general romano) que, por sua vez, alm de ser um grande general, era tambm amigo e protector do comedigrafo Terncio. O prprio Alexandre Magno apreciava tanto o poeta Homero que tinha sempre as suas obras cabeceira. Est. 97 Utilizando o articulador Enfim com valor conclusivo, o poeta afirma que todos os grandes guerreiros (Capito) da Antiguidade foram eruditos e sabedores, douto e ciente, dados s letras e ao conhecimento. Com mgoa e vergonha constata que em Portugal tal no acontece, os nossos chefes militares no protegem nem prezam o verso e a rima, porque quem no sabe arte no a pode estimar. O poeta lastima o desdm a que os Portugueses votam as letras. Estes, apesar de serem de terra de heris, no reconhecem o valor da arte. Est. 98 Assim, como consequncia da falta de erudio e de gosto pela poesia, no s no h em Portugal grandes poetas como Virglio e Homero como tambm, se este costume continuar nem guerreiros (Eneias e Aquiles) haver porque no h quem os cante. Mas o pior de tudo que estes guerreiros so to speros, to austeros e to rudes que se tornaram frouxos de esprito o que os impede de prezarem e estimarem a poesia.Est. 98 A ironia est presente em toda a estrofe desde o primeiro verso, onde o poeta manda o nosso Gama agradecer s Musas o muito amor da ptria, que as obriga/A dar aos seus, na lira, nome e fama, at ao ltimo onde Cames afirma que, se fosse pela amizade que tinham a Gama, nunca as Tgides deixariam As telas de ouro fino para o cantarem, pois nunca houve nenhum lao afectivo entre os Gamas e a poesia, ou seja, estes contam-se entre os que a desprezam, logo, so pelas ninfas desprezados. Est. 100 O poeta explica que o nico objectivo das Tgides louvar os feitos lusitanos. O amor ptria e o apreo pelas grandes feitos, que devem ser perpetuadas, constituem a grande motivao para a escrita do poema. Principais recursos expressivos

Exclamao - Quo doce o louvor e a justa glria/Dos prprios feitos, quando so soados! (Est. 92)- traduz a frustrao do poeta por verificar que aquilo que parece to bvio aos olhos de todos, no entendido. Hiprbole - Fazem mil vezes feitos sublimados (Est. 92) - reala a importncia da poesia para espalhar os feitos gloriosos. Enumerao de figuras da Antiguidade (Est. 93 a 96) com o objectivo de reforar as consequncias da falta de proteco aos homens das letras AlexandroAugustoCsares, Alexandros.CceroCipio Paralelismo anafrico To sperosto austeros/To rudosto remissos (est. 98) insiste na ideia de que os guerreiros portugueses so ignorantes, rudes e desleixados de esprito. Ironia (Est. 99) (ver explicao acima)Canto VI (est. 95 99)Acontecimento motivador das reflexes Aps Vnus ter acalmado os ventos que deram origem tempestade desencadeada por Neptuno, a pedido de Baco, a armada portuguesa, guiada pelo piloto melindano, avista-se Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus.Reflexes do poeta

Continuando a exercer a sua funo pedaggica, o poeta defende um novo conceito de nobreza, espelho do modelo da virtude renascentista: a fama e a imortalidade, o prestgio e o poder adquirem-se pelo esforo - na batalha ou enfrentando os elementos, sacrificando o corpo e sofrendo pela perda dos companheiros; no se nobre por herana, permanecendo no luxo e na ociosidade, nem pela concesso de favores se deve alcanar lugar de relevo. Nestas estncias, o Poeta reala o verdadeiro valor das honras e da glria alcanadas por mrito prprio. O heri faz-se pela sua coragem e virtude, pela generosidade da sua entrega a causas desinteressadas.Est. 95 e 96 por esforo e rduo trabalho ( trabalhos graves e temores) que se alcanam As honras imortais e graus maiores, e no por ter herdado a nobreza dos Troncos nobres de seus antecessores ou por se viver luxuosamente Nos leitos dourados, entre os finos/Animais de Moscvia zebelinos., (peles de marta), ou por se comer manjares esquisitos, ou por se dar passeios ociosos ou por se ter vrios e infinitos prazeres.Est. 97 e 98 Utilizando o articulador Mas com valor adversativo, o poeta declara que a fama se alcana por mrito prprio, (com buscar, co seu esforo brao/ As honras que ele chame prprias suas),pelo esforo na batalha,vigiando e vestindo o forjado ao, sofrendotempestades e ondas cruas, vencendo os torpes frios em regies inspitas, passando necessidades engolindo alimentos apodrecidos, vencendo o medo que se tem face ao pelouro ardente que assovia e ao ver os companheiros ficarem mutilados, sem pernasou sem braos , aprendendo a desprezar as honras e dinheiro dadas pela sorte (que a ventura /Forjou) e no obtidas pela virtude e valor prprios( no vertude justa e dura.).Est. 99 Desta forma se cria um entendimento sereno da vida certo de que ela passa (Destarte se esclarecehumano embaraado.)e s esse ser o caminho justo e certo sem compadrios nem favoritismos,Direito e no de affeitos ocupado, para se chegar a ilustre mando sem pedidos.Nota Estas estncias, particularmente a 98 e 99, contm a afirmao, nica na obra de Cames, de que o Homem pode escolher o seu percurso de vida e determinar-se impondo a sua prpria vontade.Principais recursos expressivos

Sindoque Moscvia- toma-se a parte, principado de Moscovo, pelo todo que a Rssia do Norte famosa pelas martas animal valioso pela pele que fornece. Adjectivao hrridos, graves reala o esforo gigantesco que o Homem tem de fazer para se ultrapassar a si prprio e alcanar a imortalidade. A anteposio do adjectivo hrridos em relao ao nome, refora a sua carga semntica e evidencia a sua forte sonoridade. Paralelismo anafrico e anfora - No encostados No nos leitos No cs -traduzem a ideia do poeta da necessidade do Homem recusar a fama imerecida. Insiste na ideia de que o Homem pode escolher o seu percurso de vida e autodeterminar-se. Metforas - calo honroso e corrupto mantimento - intensificam a ideia de sofrimento necessrio para se alcanar a fama. Conjuno adversativa - Mas (est.. 97) Nas estrofes anteriores o poeta enumerou uma srie de vcios que no conduzem fama. Usando este articular com valor de oposio o poeta passa a enumerar as virtudes que conduzem o Homem fama e imortalidade.Canto VII (est. 78 87)Acontecimento motivador das reflexes Aps o desembarque de Vasco da Gama o Catual visita a nau capitaina, onde recebido por Paulo da Gama, a quem pergunta o significado das figuras presentes nas bandeiras de seda. Reflexes do poeta

Nesta reflexo Cames queixa-se da ingratido de que vtima. Ele que sonhava com a coroa de louros dos poetas, v-se votado ao esquecimento e sorte mais mesquinha, no lhe reconhecendo, os que detm o poder, o servio que presta Ptria.Usando um texto de tom marcadamente autobiogrfico Cames faz referncia a vrias etapas da sua vida. O poeta exprime um estado de esprito bem diferente do que caracterizava, no Canto I, a Invocao s Tgides - cego, insano e temerrio, percorre um caminho rduo, longo e vrio, e precisa de auxlio porque, segundo diz, teme que o barco da sua vida e da sua obra no chegue a bom porto. Uma vida que tem sido cheio de adversidades, que enumera: a pobreza, a desiluso, perigos do mar e da guerra, Nua mo sempre a espada e noutra a pena, Como no ver neste retrato a inteno de espelhar o modelo de virtude enunciado em momentos anteriores? Em retribuio, recebe novas contrariedades - de novo a critica aos contemporneos, e o alerta, para a inevitvel inibio do surgimento de outros poetas, em consequncia de tais exemplos. Mas a crtica aumenta de tom na parte final, quando so enumerados aqueles que nunca cantar e que, implicitamente, denuncia abundarem na sociedade do seu tempo: os ambiciosos, que sobrepem os seus interesses aos dobem comum e do seu Rei, os dissimulados, os exploradores do povo, que no defendam "que se pague o suor da servil gente". No final, retoma a definio do seu heri - o que arrisca a vida por seu Deus, por seu Rei.Est. 78 O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego primeiro porque vai dar incio, atravs da voz de Paulo da Gama, narrativa da Histria de Portugal e para isso precisa de ajuda sobrenatural; em segundo lugar, porque, percorre um caminho rduo, longo e vrio, e segundo diz, teme que o barco da sua vida e da sua obra no chegue a bom porto. So tantas as adversidades, que ao longo da vida lhe tm surgido, que receia no conseguir alcanar os seus objectivos: terminar o poema e imortalizar os portugueses e a Histria de Portugal.Est. 79 O poeta reala a sua persistncia no cumprimento da sua misso como poeta, cantando/O vosso Tejo e os vossos Lusitanos, como viajante Agora o mar e como guerreiro agora exprimentando/Os perigos Mavrcios inumanos., em suma, como um verdadeiro humanista Nua mo sempre a espada e noutra a pena. Est. 80 e 81 O poeta faz referncia aos seguintes aspectos da sua vida:

pobreza, errncia e ao desterro(est.80 vv.1,2); s desiluses (est. 80 vv.3,4); ao naufrgio sofrido na foz do rio Mecon, do qual escapou com vida e salvou o manuscrito do poema(est. 80 vv.5 a 8);

s expectativas frustradas pelo facto daqueles que detm o poder no reconhecerem a grandiosidade da sua obra (est. 81, vv. 1 a 4);

ao sofrimento causado pela insensibilidade dos detentores do poder que, para alm de no lhe darem as capelas de louro em sinal de reconhecimento ainda lhe lhe inventaram mais trabalhos.Est. 82 Recorrendo ironia, o poeta chama a ateno das Ninfas para estes engenhos de senhores que o Tejo cria valerosos, denunciando o menosprezo destes pelos escritores e alertando para as consequncias futuras da separao entre escritores e senhores.Est. 83 O poeta pede inspirao s Ninfas,vosso favor ./Dai-mo vs, ss para continuar a cantar os portugueses que o meream,que eu tenho j jurado/Que no no empregue em quem o no merea.Est. 84 a 86 O poeta enumera aqueles que considera como seus preteridos e indignos do seu canto:

quem antepuser o seu prprio interesse ao do bem comum e ao do rei(84, vv. 1,2);

os ambiciosos que pretendem subir a grandes cargos com o objectivo de com torpes exerccios satisfazerem os seus vcios;

os egostas, hipcritas e falsos que mudam de acordo com os seus interesses(85, vv. 1 a 4); os que para ficarem bem vistos pelo Rei no hesitam em explorar, despir e roubar o pobre povo;

os que so muito diligentes e severos no cumprimento da lei do Rei, mas exploram o povo(86, vv.1 a 4);

os exploradores que se empenham em aplicar impostos e no pagam com justia os trabalhos dos outros(86, vv. 5 a 8).

Est. 87 O poeta termina o seu discurso afirmando que cantar somente os heris que arriscam a vida por seu Deus e por seu Rei

Principais recursos expressivos

Metfora - Por alto mar que meu batel se alague cedo- remete para as adversidades que surgem quer na realizao da sua obra quer na sua vida. Adjectivao mltipla - caminho to rduo, longo e vrio - refora as dificuldades da vida do poeta. Anfora - Agora.Agora - reala a variedade de situaes e estados de alma do sujeito potico e cria um efeito de simultaneidade de vivncias. Anfora Nenhum(pronome) e Nem (conjuno) estes dois elementos lingusticos apresentam uma carga negativa e servem para o sujeito potico enumerar e destacar os que considera indignos do seu canto. Ironia(est 82) Recorrendo s frases exclamativas e ao valor conotativo do adjectivo valerosas , o sujeito potico critica o menosprezo dos poderosos pelos escritores e alerta para as consequncias futuras desse divrcio entre escritores e senhores que levar estagnao artstica.Canto VIII (est. 96 99)Acontecimento motivador das reflexes Traio e suborno do Catual. Regresso de Gama s naus. Reflexes do poeta

Nesta reflexo o poeta retoma a funo pedaggica do seu canto e apontando para um dos males da sociedade sua contempornea, orientada por valores materialistas e faz uma severa crtica: o alvo o poder corruptor do dinheiro e do ouro.

A propsito da narrao do suborno do Catual e das suas exigncias aos navegadores, so agora enumerados os efeitos perniciosos do ouro - provoca derrotas, faz dos amigos traidores, mancha o que h de mais puro, deturpa o conhecimento e a conscincia; os textos e as leis so por ele condicionados; est na origem de difamaes, da tirania de Reis, corrompe at os sacerdotes, sob a aparncia da virtude. Est. 96 Os primeiros quatro versos pertencem sequncia narrativa: Gama regressa s naus e espera para ver o que acontece.

No verso cinco o poeta inicia a sua reflexo sobre a corrupo, o vil interesse e sede immiga/ Do dinheiro que a tudo nos obriga, tanto no rico assi como no pobre.

Est. 97 O poeta exemplifica o seu ponto de vista atravs de exemplos mticos: o Rei Trecio, exemplo de um senhor rico, apodera-se do ouro que Polidoro levava e mata-o; Tarpeia, a mulher romana que deveria abrir as portas da cidade, exemplo de um ser pobre, tambm morre.Est. 98 a 99 O poeta enumera os actos de corrupo, mostrando que eles percorrem todas as classes sociais e em particular as elites:

Entregam-se bem fortificadas fortalezas (98,v.1); Atraioam-se os amigos (98,v.2);

Os nobres cometem baixezas, atraioando os capites (98,vv. 3,4);

Corrompem-se as virgens (98,vv. 5,6); Mistifica-se a cincia (98,vv. 7,8);

Interpretam-se os textos de acordo com as convenincias (99, vv.2,3);

Alteram-se as leis (99, v.3)

Fazem-se difamaes (99, v. 4);

Os Reis tornam-se mil vezes tiranos (99,v.5)

Corrompem-se os sacerdotes que, apesar de hipocritamente terem uma aparncia de grande virtude, se deixam seduzir pelo ouro. (99,vv. 6 a 8).Principais recursos expressivos

Anttese rico pobre (est.96) evidencia que o poder corruptor do dinheiro surge em todas as classes sociais. Adjectivao - metal luzente e louro (est. 97) reala o poder do vil metal especialmente atravs da sensao visual que provoca. Anfora - Este - a repetio do pronome demonstrativo insiste no poder corruptor do dinheiro, salientando que a maior parte dos desvios em relao aos valores que o Homem devia preservar se devem ganncia e cobia motivada pelo ouro. Oxmoro - faz e desfaz (est. 99) atravs da contradio com a mesma palavra mes reala-se a facilidade com que as leis so alteradas. Hiprboles - mil vezes Reis mil vezes ourives (est. 99) atravs deste exagero prova-se que ningum est imune ao valor vil do dinheiro: nem os Reis que j so ricos, nem os sacerdotes que, segundo os valores cristos, no deviam interessar-se por questes materiais.Canto IX (est. 51- 87 Ilha dos Amores; est. 88 92,v.4 Significado da ilha; est. 92, v. 5 95 Exortao do poeta dirigida aos que suspiram por imortalizar o seu nome).

Estando os navegantes na viagem de regresso a Portugal, Vnus prepara-lhes, com a ajuda das ninfas e de seu filho, Cupido, uma recompensa pelos perigos e tormentas que enfrentaram, vitoriosos. F-los aportar a uma ilha paradisaca, povoada de ninfas amorosas que lhes deleitam os sentidos. Numa atitude estudada de seduo, as divindades fingem assustar-se com a presena dos marinheiros, mas logo se rendem aos prazeres do amor.

Esta ilha no existe na realidade, mas na imaginao, no sonho que d sentido vida. O sonho que permite atingir a plenitude da Beleza, do Amor, da Realizao.

A grandeza dos Descobrimentos tambm se mede pela grandeza do prmio, e esse foi o da imortalidade, simbolicamente representada na unio homens-deusas o que faz com que os Portugueses deixem de ser simples mortais, transcendam a condio humana e recebam os dotes de uma experincia divina so heris - por isso podero regressar Ptria sem perigo. Atravs deste contacto deusas-heris, estes tornam-se imortais bem como a Histria de Portugal.O poeta no perde o ensejo, no final do Canto, de esboar o perfil dos que podem ser "nesta ilha de Vnus recebidos", reiterando valores como a justia, a coragem, o amor Ptria, a lealdade ao Rei.

No canto X, No banquete com que homenageiam os navegantes (est. 1-4), uma ninfa profetiza futuras vitrias dos portugueses (est.5-7). Ttis, a ninfa com cujo amor Vasco da Gama fora premiado, condu-lo agora ao cume de um monte para lhe mostrar a "Mquina do Mundo" (est. 74-90) e lhe dar a noo do que ser o Imprio Portugus. o auge da glorificao - Vasco da Gama v o que s aos deuses dado ver. a glorificao simblica do conhecimento, do saber proporcionado pelo sonho da descoberta. O "bicho da terra to pequeno" venceu as suas prprias limitaes e foi alm "do que prometia a fora humana".

A nvel da estrutura do poema, significativamente, os trs planos sobrepem-se: os viajantes confraternizam com as entidades mitolgicas e ouvem a Histria de Portugal futura. Est. 51 Viagem de regresso e avistamento da Ilha namorada.

Est. 52 Aparecimento e incio da descrio da ilha feita atravs de uma gradao decrescente, do geral De longe a Ilha viram, fresca e bela/ Que Vnus pelas ondas lha levava para o particular. A descrio da Ilha obedece a um rigor na apresentao dos elementos que a constituem seguindo as regras usadas para a descrio de uma paisagem real como se pode verificar:

Est. 53 a 55

Aspecto geralElementosAdjectivos ou expresses adjectivasSensaes

enseadacurva e quieta Visuais

- branca areia- ruivas conchas

- claras fontes e lmpidas

- verdura tem viosa

- pedras alvas

- Arvoredo

Auditivas

- sonorosa linfa

areiabranca

conchasruivas

trs outeirosfermosos com soberba graciosade gramneo esmalte se adornavam

fontesclaras lmpidas -

verduraviosa

pedrasalvas

ribeirosde guas claras

valeameno

arvoredogentil

Est. 56 a 57rvoresElementosAdjectivos ou expresses adjectivasSensaes

laranjeira Visuais

- a cor que tinha Dafne nos cabelos- ..pesos amarelos

Olfactivas

- pomos odorferos

- limes ali, cheirando

Laranjeira, cidreira, loureiros

cidreira

rvores agrestes

lamos

loureiros

mirtos

pinheiros

ciprestesagudo

Est. 58 a 59FrutosElementosAdjectivos ou expresses adjectivasSensaes

cerejaspurpreas Visuais

- cerejas purpreas

- a rom rubicunda cor

- cachos roxos e verdes

- peras piramidais Gustativas

- Os desdiferentes nos sabores; as diversas frutas

pssegos

amoras

romrubicunda

uvasjucunda, roxas, verdes

peraspiramidais

Est. 60 a 62

(at ao v.6)FloresElementosAdjectivos ou expresses adjectivasSensaes

narcisos Visuais

- ... e na terra as mesmas cores

- as violetas

- o lrio roxo

Olfactivas

- violetas

- manjeronas

anmonas

violetasda cor dos amadores

lrioroxo

rosafresca, bela

aucenacndida

manjeronas

jacintosagudo

boninas

Est. 62 e 63

(est.62 desde v.7)AnimaisElementosAdjectivos ou expresses adjectivasSensaes

cisnenveo Visuais

- nveo cisne

-gua cristalina

Auditivas

- aves no ar cantando voam

- nveo cisne canta

-

rouxinol

veado

lebrefugace

gazelatmida

passarinholeve

Est. 64 e 65Habitantes da IlhaElementosAdjectivos ou expresses adjectivasSensaes

deusasincautas belo corpo Visuais

- belas Deusas

-arcos de ouro

Auditivas

- doces ctaras tocavam

- harpas e sonoras flautas

- o lrio roxo

Nota No h dvida que a Ilha dos Amores apresenta uma das mais belas descries da nossa literatura clssica: o Poeta, utilizando uma gradao decrescente, partindo do geral para o particular, apresenta esse locus amoenos seguindo as regras da descrio duma paisagem real. Est. 64 Os marinheiros desembarcam na Ilha Namorada onde as belas Deusas se deixam andar como incautas. Argonauta foi o nome dado aos navegantes que, a bordo da nau Argos, fizeram a primeira viagem martima, percorrendo o mar Negro. Est. 65 As Ninfas mostram-se (esta estncia no consta no manual)Est. 66 e 67 Os marinheiros colocam os ps em terra e perseguem as Ninfas.Est. 68 Descobrem-se as Ninfas.

Est. 69 e 70 (v. 2) Exortao de Veloso Senhores () /Sigamos estas Deusas, e vejamos/Se fantsticas so, se verdadeiras. e incio da perseguio das Ninfas

Est. 70 (vv. 3 a 8) a 74 perseguio das Ninfas Isto dito, velozes mais que gamos, /Se lanam a correr pelas ribeiras. /Fugindo as Ninfas vo por entre os ramos.Est. 75 a 82 Aventura de Lionardo, marinheiro sem sorte aos amores, o nico que ter de correr durante mais tempo atrs da sua Ninfa.

Est. 83 e 84 Casamentos entre Ninfas e Navegantes.

Est. 85 e 86 Tethis, divindade marinha e a mais clebre de todas as Nereidas, d a Vasco da Gama a razo deste maravilhoso encontro.

Est. 87 Tethis toma Gama pela mo e leva-o at ao seu palcio.

Est. 88 a 92 (v.4) Sentido alegrico da ilha.

Est.88 Este repouso compensao de trabalhos to longos e o prmio bem merecido Est. 89 - As Ninfas, Tethis e a Ilha anglica pintada constituem as deleitosas honras, os triunfos, a coroa de louros (smbolo de honra, de vitria, de glorificao).Est. 90, 91 92 (vv. 1 a 4) - Afinal tambm os deuses inventados na Antiguidade (imortalidade que fingia a antiguidade) eram deuses porque os homens os tinham transposto a esse estado glorioso, pelas grandes faanhas, obras valerosas, pelo trabalho imenso que se chama/Caminho da virtude, alto e fragoso (pedregoso) que tinham realizado enquanto homens (O mundo cos vares que esforo e arte/Divinos os fizeram sendo humanos;/Que Jpiter, Mercrio, Febo e Marte/Todos foram de fraca carne humana). Este percurso de rduo trabalho tornou-se no fim, doce, alegre e deleitoso porque estes deuses, anteriormente humanos, receberam como prmio e recompensa o Olimpo (a glria) e a Fama exaltando-lhes tais obras contribuiu para que passassem ser chamados de Deuses, de heris, de Magnos.

Imagem retirada do manual Ser Em Portugus, Areal EditoresAcontecimento motivador das reflexes Encontro dos marinheiros com as Deusas - Ilha dos Amores. Exortao e reflexo do poeta

exortao dirigida aos que aspiram a imortalizar o seu nome. o poeta retoma a funo pedaggica do seu canto e apontando para um dos males da sociedade sua contempornea, orientada

Est. 92 a 95 - O poeta dirige-se a todos os que aspiram a ser heris exortando-os a:

despertar j do sono ignavo, fugindo da indolncia deprimente, que torna as almas escravas (est.92, vv.5 a 8);

refrear a cobia, a ambio, o torpe (desonesto) e escuro/Vcio da tirania porque no acrescentam valor a ningum: a recompensa deve ser alcanada atravs de esforo rduo, de honestidade de rectido e no de forma desonesta. Por isso, o Poeta afirma que prefervel merecer os prmios (honras e riquezas) e nunca ser recompensado, do que no merecer esses prmios e, de forma desonesta, srdida e desprezvel, ser recompensado. (est. 93, vv. 4 a 8);

fazer leis equitativas (justas) que no dem aos grandes o que dos pequenos(est. 94, vv. 1,2)

lutar contra os Sarracenos (Mouros)

Seguindo estes conselhos, todos os que quiserem alcanar a glria e a fama, sairo vencedores: os reinos tornar-se-o mais fortes e todos ganham (est. 94 vv.5 e 6);

as riquezas sero atribudas queles que, por mrito prprio as merecerem (est. vv. 7,8);

o Rei sair glorificado atravs dos conselhos e da ajuda na militar que os tornar dignos dos seus antepassados (est. 95, vv. 1 a 4);

Seguindo estes conselhos e guiando-se por valores como a justia, a coragem, o amor Ptria e a lealdade ao Rei, sero inscritos (numerados est. 95, v.6) com entre os heris esclarecidos e acolhidos na Ilha de Vnus.

Principais recursos expressivos

Anttese livre escravo (est.92) evidencia a ideia de que a liberdade se pode tornar numa derrota, se estes que aspiram a heris no despertarem da apatia em que se encontram. Hiprbole - Tomais mil vezes (est. 93, v.3)- permite uma crtica mais acutilante. Quiasmo Melhor merec-los (1) sem os ter (2) /Que possu-los(3) sem os merecer(4) (est. 93). Emprego de palavras ou expresses agrupadas duas a duas, cuja ordem se inverte, num esquema de paralelos que faz lembrar o X (o 1 elemento corresponde ao 4 e o 2 elemento ao 3): destaca um dos valores essenciais do humanismo o homem s pode obter o prmio se o tiver merecido. Da que um desprestgio obter honras sem as merecer.Canto X (est. 144 156)Acontecimento motivador das reflexes Aps o banquete oferecido por Tethys, esta mostra a Gama uma miniatura do Universo, descobrindo, no globo terrestre, os lugares, onde os Portugueses vo praticar altos feitos e despede-se dos marinheiros que embarcam. Chegada Ptria Est. 144 A viagem de regresso corre com tranquilidade como se pode verificar pelos adjectivos e advrbios usados mar sereno ()/Com vento sempre manso e nunca irado (, bem como pelo uso da conjugao perifrstica foram cortando o mar. A armada entra no Tejo ameno e entregam os prmios Ptria e ao Rei, concedendo-lhe novos ttulosE com ttulos novos se ilustrou.

Est. 145 O Poeta invoca a Musa No mais, Musa, no mais... e desabafando, mostra-lhe o seu cansao e o seu desnimo que a Lira tenho/ Destemperada e a voz enrouquecida,, por verificar que canta a gente surda e endurecida e que a Ptria no reconhece o seu trabalho, no o aplaude (o favor com que mais se acende o engenho), pois est cega pela cobiaque est metida/No gosto da cobia e da rudeza.

Est. 146 O Poeta refere que no sabe por que a Ptria se encontra assim, por isso, dirige-se ao Rei, pedindo-lhe dizendo-lhe que os seus vassalos so excelentes, mesmo quando comparados com outros povos (e vede as outras gentes).

Est. 147 Continuando com um discurso apelativo, pede ao Rei que veja como os seus vassalos so corajosos e bravos como lees e touros tanto na terra como no mar: na guerra, nas conquistas de quentes regies a plagas frias, na expanso da f crist e no esprito de cruzada, A golpes de Idolatras e de Mouros, e nas navegaes A naufrgios, a pexes, ao profundo. Est. 148 Estes vassalos esto sempre preparados, aparelhados para servir o Rei, mostrando obedincia e lealdade (sempre obedientes/A quaisquer vossos speros mandados,/sem dar resposta, prontos e contentes), coragem para enfrentarem Demnios infernais, negros e ardentes, o far com que D. Sebastio seja um vencedor e nunca um vencido (Que vencedor vos faam, no vencido).Est. 149 Atendendo excelncia que D. Sebastio tem no seu reino, o Poeta pede-lhe que os favorea com a sua presena e que os liberte de leis rigorosas. Aconselha-o ainda a prestar especial ateno aos mais velhos (os mais experimentados levantai-os) porque estes tm o saber possuem um saber de experincia feito e, por isso, sabem O como, o quando, e onde as cousas cabem.

Est. 150 Pede-lhe que seja justo e que reconhea a competncia, talento, dos seus vassalos nos ofcios (profisso/trabalho) que desempenham. Assim deve reconhecer o trabalho do bom religioso que cumpre com as suas obrigaes e no se deixa levar pela Glria v nem pelo dinheiro.

Est. 151 Pede-lhe que respeite que tenha em muita estima os Cavaleiros que de forma corajosa espalham no somente a Lei de cima (a F), mas tambm o Imprio, vencendo a oposio de os vivos e os trabalhos excessivos.

Est. 152 Por tudo isso, o Rei no poder permitir que os outros povos Alemes, Galos, talos e Ingleses possam alguma vez dizer que os Portugueses foram feitos para serem mandados. Pede-lhe que s oua os mais velhos, Que viram largos anos, largos meses pois so os que tm experincia para melhor o poderem aconselhar.

Est. 153 Para reforar a importncia do saber de experincia feito, refere como Anbal, general cartagins, escarnecia de Formio, filsofo grego, por este falar teoricamente da guerra, das artes blicas, quando estas s se aprendem atravs da experincia vendo, tratando e pelejando.

Est. 154 O Poeta volta o discurso para si Mas eu, questionando-se sobre quem . Mostrando que tem conscincia do seu valor, refere no lhe falta na vida honesto estudo, /Com longa experincia misturado, conhecimentos tericos e muita experincia, nem engenho (talento), Coisas que juntas se acham raramente. O estudo, a experincia e o engenho constituem os princpios fundamentais do Humanismo e, por conseguinte, do Homem Humanista.

Est. 155 156 O Poeta coloca-se disposio do Rei: como guerreiro, brao s armas feito; como poeta e com o seu engenho para o exaltar Pera cantar-vos, mente s Musas dada, cantando as proezas futuras, como a pressaga mente o vaticina, quer de D. Sebastio, quer dos Portugueses. Falta-lhe, no entanto, ser por ele reconhecido S me falece ser a vs aceito. Se isto o Cu lhe conceder ou se D. Sebastio e os Portugueses fizerem tremer de horror o monte Atlante, vencendo os Mouros promete que em todo o mundo de vs cante, de tal forma que Alexandre em vs se veja (se reveja em D. Sebastio), sem ter inveja dita (glria) de Aquiles.

Principais recursos expressivos Perfrase vista do terreno/Em que naceram (est. 144) evidencia que o poder corruptor do dinheiro surge em todas as classes sociais. Adjetivao - Dua austera, apagada e vil tristeza (est. 145) a tripla adjectivao com uma carga negativa intensa e usada para caracterizar um substantivo tambm ele com um efeito negativo, permitem a hiperbolizao com que reala o poder do vil metal especialmente atravs da sensao visual que provoca. Antteses quentes regies, a plagas frias (est.147) evidencia que estes sbditos so excelentes em locais dspares e inspitos. - Que vencedor vos faam, no vencido (est.148) jogando com palavra com a mesma raiz e com o advrbio de negao, refora a certeza de que D. Sebastio ser um vencedor.

Sindoque - monte Atlantecampos de AmplusaTrudante (est. 156) atravs de algumas partes designa-se o todo Norte de frica (actualmente Marrocos) - territrio extenso e dominado por Mouros, o que reala o esprito de cruzada sempre presente em todo o poema.

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