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1 doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.03006 OS GÊNEROS DOS ESCRITOS APOLOGÉTICOS CRISTÃOS ANTIGOS ARZANI, Alessandro (Capes/UEM-GTSEAM) VENTURINI, Renata L. B. (DHI/UEM-GTSEAM) Introdução O conceito de “apologia” parece ter se fixado devido principalmente aos escritos de Eusébio de Cesareia (1999). Ele é empregado na passagem de sua História Eclesiástica (H.E.) quando faz referência à Apologia aos cristãos, escrita por Tertuliano e endereçada ao Senado. O termo também é utilizado para referir-se aos escritos de outros seis escritores: Quadratus e Aristides (H.E.III.1-3); Justino (H.E.IV.18.2); Mileto de Sardis e Apolinário de Hierápolis (H.E.IV.26.1-2); e uma obra de Miltiades (H.E.V.17.5). O trabalho de apenas três desses ainda sobrevive. Mas qual seria o critério para reconhecer uma “apologia” cristã? Responder a essa questão implica reconhecer a constituição literária dos textos cristãos chamados de “apologias” em algum momento. Essa discussão envolve a indagação sobre a possível existência de um gênero apologético. De qualquer modo, por se compreender que a forma do discurso influencia significativamente o seu conteúdo, o estudo das apologias torna-se relevante para sua compreensão histórica. Para isso, pode-se buscar os padrões para o reconhecimento da “apologia”. Sara Parvis (2007, p. 115-127) aponta o que parece ser a trajetória principal para a fixação da ideia comum de “apologia” cristã, atualmente difundida num sentido pouco restrito. Ela parte da forma como Eusébio reconhece esse tipo de texto e passa pelos critérios da coleção do Arethas codex de 914 A.D. Esse manuscrito, preservado na Bibliotequè de France como Parisinus Graecus 451, inclui a Apelação pelos cristãos de Athenagoras, Contra os gregos de Taciano, Exortação aos gregos e Tutor de Clemente de Alexandria, bem como, Preparação para o Evangelho e Contra Hierocles de Eusébio. As

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doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.03006

OS GÊNEROS DOS ESCRITOS APOLOGÉTICOS

CRISTÃOS ANTIGOS

ARZANI, Alessandro (Capes/UEM-GTSEAM)

VENTURINI, Renata L. B. (DHI/UEM-GTSEAM)

Introdução

O conceito de “apologia” parece ter se fixado devido principalmente aos escritos de

Eusébio de Cesareia (1999). Ele é empregado na passagem de sua História Eclesiástica

(H.E.) quando faz referência à Apologia aos cristãos, escrita por Tertuliano e endereçada

ao Senado. O termo também é utilizado para referir-se aos escritos de outros seis

escritores: Quadratus e Aristides (H.E.III.1-3); Justino (H.E.IV.18.2); Mileto de Sardis e

Apolinário de Hierápolis (H.E.IV.26.1-2); e uma obra de Miltiades (H.E.V.17.5). O

trabalho de apenas três desses ainda sobrevive.

Mas qual seria o critério para reconhecer uma “apologia” cristã? Responder a essa

questão implica reconhecer a constituição literária dos textos cristãos chamados de

“apologias” em algum momento. Essa discussão envolve a indagação sobre a possível

existência de um gênero apologético. De qualquer modo, por se compreender que a forma

do discurso influencia significativamente o seu conteúdo, o estudo das apologias torna-se

relevante para sua compreensão histórica. Para isso, pode-se buscar os padrões para o

reconhecimento da “apologia”.

Sara Parvis (2007, p. 115-127) aponta o que parece ser a trajetória principal para a

fixação da ideia comum de “apologia” cristã, atualmente difundida num sentido pouco

restrito. Ela parte da forma como Eusébio reconhece esse tipo de texto e passa pelos

critérios da coleção do Arethas codex de 914 A.D. Esse manuscrito, preservado na

Bibliotequè de France como Parisinus Graecus 451, inclui a Apelação pelos cristãos de

Athenagoras, Contra os gregos de Taciano, Exortação aos gregos e Tutor de Clemente de

Alexandria, bem como, Preparação para o Evangelho e Contra Hierocles de Eusébio. As

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obras de Justino e Tertuliano foram preservadas graças ao manuscrito hoje conhecido

como Parisinus Graecus, do século XIV, preservado pela mesma Bibliotequè de France. A

coleção seguinte a conseguir destaque é a de Fédéric Morel, acadêmico francês, que reuniu

em 1615 muito da coleção de textos que ainda controla o gênero como é mais conhecido

hoje. Ele inclui Apologias de Justino, o Diálogo com Trifão e os escritos pseudo-

Justianianos; Atenágoras e Taciano, a obra de três livros de Teófilo de Antioquia

conhecida como A Autólico; e o Irrisio de Hermias. Parvis nota ainda que a transmissão da

obra de Teófilo se deu através do manuscrito veneziano Marcianus graecus 496. Nesse

também aparecem os seguintes escritos de Eusébio: Contra Marcellum e De Ecclesiastica.

Por sua vez, Johann Karl Theodor von Otto teria usado estas coleções anteriores como base

para a sua Corpus apologetarum christianorum saeculi secundi de 1851. Com isso, teria

subordinado esse tipo de textos ao termo “apologia” apoiando-se em Eusébio. Ele

acrescentou ainda, com observa Parvis (2007), os fragmentos dos apologista do historiador

de Cesareia, Quadratus, Aristides, Miltíades, Mileto e Apolinarius de Hierápolis,

adicionando o Diálogo de Jason e Papiscus. Também foram acrescentados muitos dos

escritos pseudo-justinianos, com exceção da Carta a Diogneto. Não há razões para

discordar de Sara Parvis quando ela diz que com essa coleção Otto fornece o que mais se

aproxima do conceito de “apologia”, ou melhor, dos “apologistas gregos do segundo

século”, mais ou menos como são conhecidos e estudados.

Mas essas coleções não apresentam uma explicação sobre o critério usado para

distinguir uma “apologia”. Também não fica claro se “apologia” é um gênero ou uma

característica do conteúdo. Não há qualquer resposta para a divergência entre as coleções

de apologias. Aliás, essa questão merece uma discussão específica em outra ocasião.

A análise do conceito de apologia – no sentido cristão do termo – deve partir de

quem parece ter afixado um fundamento para esses escritos: Eusébio de Cesareia.

O conceito de “apologia” cristã

As apologias mencionadas por Eusébio são endereçadas àqueles que têm o poder de

decidir concernente ao controle da execução dos cristãos, tanto no amplo-império, como no

nível local. São cinco para o Imperador e outras duas para o Senado.

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Ele conhece as obras de Taciano e Teófilo, mas as chama de logos [discurso] e

siggrama [tratado] respectivamente. Esses autores são posteriormente chamados de

apologistas, como no Corpus apologetarum de Johann von Otto. Tão desafiador quanto

olhar a formatação desse tipo de texto no período posterior a Eusébio, é olhar para o

conceito “apologia” antes de Eusébio.

Platão (1903) escreveu sua Apologia de Sócrates pouco depois da morte de seu

mestre em 399 a.C. Esse escrito compreende o julgamento e condenação de Sócrates.

Trata-se de uma versão do discurso de Sócrates em sua própria defesa diante das acusações

de destruir a juventude, de não acreditar nos deuses da cidade e de inventar outros deuses.

As acusações são denominadas “kategoria” [acusação, imputação] do verbo “kategorew”

[denunciar, apresentar acusações] e o acusado pode fazer uma “apologia” [defesa,

autodefesa através de discurso] derivada do verbo “apologeomai” [falar em defesa

própria]. Esses são os significados básicos, mas esses termos podem sofrer variações nos

textos antigos. O outro escrito que trata especificamente da defesa desse filósofo é de

Xenofontes (1971), com o mesmo título Apologia de Sócrates. Em ambos os textos o

sentido atribuído à “apologia” é o que se opõe à “categoria”, ou seja, “apologia” é um

discurso de defesa.

Segundo os rastros desse tipo de texto, nota-se que é justamente um discurso de

“defesa” que F. Josèpho (1930) dirige a Ápion em prol dos judeus. Josèpho defende a

religião judaica salientando a sua antiguidade e contrastando a pretensão da cultura grega

no campo cultural. O caráter “apologético” do texto como um “discurso de defesa” fica por

conta da resposta a algumas alegações antijudaicas atribuídas ao escritor grego Ápion e os

mitos acreditados por Manetho.

Portanto, até o final do século I d.C. o conceito de “apologia” dizia respeito ao

discurso de defesa. Com a perseguição a judeus e cristãos na segunda metade desse século,

multiplicam-se os motivos para o desenvolvimento de “apologias”. No entanto, ainda é

preciso observar mais proximamente essas condições e averiguar se essa leva discursiva do

II século, principalmente, chegou a constituir um “gênero” específico ou se permaneceu

apenas como nome atribuído a discursos de defesa dos cristãos em suas diferentes formas.

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Forma e conteúdo das Apologias cristãs

Para compreender os aspectos constitutivos das apologias cristãs do século

segundo, é interessante considerar que há várias formas de entender os “gêneros” textuais

ou do discurso.

Os autores da Apologetics in the Roman Empire ampliaram o conjunto de gênero

por buscarem nas expressões literárias de defesa de uma religião contra oponentes entre os

pagãos, judeus e cristãos nos primeiros três séculos no Império. Buscaram para além dos

apologistas gregos do segundo século os Atos dos Apóstolos, Tertuliano, Minucius Felix,

Cyprian, Eusébio, Lactâncio, Arnobius, a Oração aos Santos de Constantino, e ainda

Josefo e Philostratus (GOODMAN; ROWLAND, 1999). Chama a atenção de Sara Parvis

(2007, p.117) que Martin Goodman analisando o suposto “gênero” da Apologia judaica

argúi que o mesmo se resume a um autor, ou um texto: “Contra Ápio de Josefo”. Ele não o

considera uma espécie de um gênero inteiro de uma literatura judaica pré-existente, mas

“uma resposta dada por um autor a pressões particulares num tempo particular”. Valendo-

se desse tipo de argumento, Sara Parvis (2007) procura arguir sobre as Apologias de

Justino. Ela constata que Justino não recorreu a um “gênero” apologético cristão

anteriormente estabelecido. Segundo a autora, Justino foi capaz de apresentar um tipo de

apologia que “fundaria” um gênero de sua autoria, se isso é possível.

Desde séculos as discussões sobre os gêneros textuais são calorosas. Não cabe aqui

fazer uma história do gênero literário, mas serão apontados alguns aspectos relevantes

desse problema. Desde a época de Platão (República, Livro III) os padrões de escrita

despertam reflexões sobre as formas textuais. Aristóteles (Poética) propõe uma teoria

sobre os gêneros literários. Com essas primeiras ideias surgem as classificações da obras

literárias suas diferenciações. Dentre os romanos alguns aspectos dessa reflexão aparece

com Horácio (Epistola ad Pisones) e Quintiliano (Institutio Oratoriae). Na Idade Média as

discussões não são tão veementes. Diomedes (século IV d.C.) fixa e transmite uma

classificação das espécies poéticas (CURTIUS, 1957, pp. 463-464). A renascença, por sua

vez, redescobre a paixão e empolgação por grandes códigos para servir a arte literária e

reacende a discussão sobre os gêneros. O neoclassicismo dedica-se sobre a “pureza dos

gêneros literários” e repudia a variação dos gêneros. No Romantismo a noção clássica de

gênero é substituída por gêneros “impuros”, mistos ou comunicantes. Nesse período não há

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imposições demasiadamente restritivas dos gêneros e eles passam a ser considerados como

descritivos. O século XIX é marcado pelos estudos de Ferdinand Brunetière (2008) e de

Benedetto Croce. O primeiro interpreta os gêneros como um ser vivo que nasce, vive e se

desenvolve e depois morre. Croce (1978) repudia as classificações dogmáticas dos velhos

tratadistas que se perdem em abstrações sem sentido. Ele considera aceita a utilidade dos

gêneros literários na sistematização da história da literatura, desde que não sacrifiquem a

individualidade da obra de arte. O III Congresso Internacional de História Literária, em

1939, evidenciou o problema que continua aberto para novas proposições.

Dentre todas essas propostas e divergências, a questão parece evidenciar dois

prismas de interpretação: um “realista”, que acredita na pré-existência de gêneros como

uma realidade única antes da obra em si; e uma corrente “nominalista”, que encara essas

ideias como simples denominações da verdadeira obra literária. O conceito de gênero não é

empregado de forma unívoca. Ele é empregado para se referir ao conjunto de

características comuns entre obras comparadas. Wellek e Warren (1984) apresentam uma

discussão literária em 1942 que aponta alguns caminhos para as reflexões sobre os gêneros

atualmente. Eles consideram que os critérios para se definir um gênero sempre foram

subjetivos e o dinamismo do universo da produção de discurso leva a uma constante

revisão dos gêneros. Mas como observou Jacques Derrida (1980) não há texto sem gênero.

A atribuição de um gênero a um texto é uma necessidade. Um texto literário não pode

escapar da lógica do gênero, mas por outro lado pode desafiar a lógica da contextualização.

O texto não é prisioneiro da classificação, os parâmetros para a classificação são

arbitrários, pois obedecem a critérios que podem variar no nível de estabelecimento de

relações comuns entre discursos.

Em suma, os gêneros orientam quando servem como referência para se pensar o

que se pretende transmitir. Por isso, servem para fins específicos. Conteúdo e forma

interagem segundo as circunstâncias, segundo o caráter instrumental e operatório da

capacidade de comunicar.

Ao invés de cair nas abstrações do estudo do gênero como exame da literalidade,

uma tendência atual significativa é analisar os gêneros do discurso. Bakhtin (1992, p. 282)

considera que

ignorar a natureza do enunciado e as particularidades de gênero que assinalam a variedade do discurso em qualquer área do estudo lingüístico

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leva ao formalismo e à abstração, desvirtua a historicidade do estudo, enfraquece o vínculo existente entre a língua e a vida. A língua penetra na vida através dos enunciados concretos que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua.

A enunciação é, nesse sentido, a unidade real da cadeia verbal que está em

constante evolução, já que as relações sociais estão também sempre em transformação. A

enunciação como um todo se realiza no discurso como atividade de linguagem ininterrupta,

que atende aos objetivos sociais de comunicação. Dessa forma, ela só se realiza no curso

da comunicação verbal, pois o todo é determinado pelos seus limites, que se configuram

pelos pontos de contato de uma determinada enunciação com o meio extraverbal e verbal,

isto é, outras enunciações.

Sendo o enunciado um ato de fala, entendido como discurso, tende a ser produzido

sempre dentro de um determinado contexto, para que seu sentido tenha uma relação de

significação entre os interlocutores. Conforme Fiorin (1999, p. 30), o enunciado não é uma

frase, mas “um todo de significação”. O discurso, portanto, não é uma grande frase, nem

um aglomerado de frases. Para que uma frase qualquer seja um enunciado, deve conter um

sentido, e este, por sua vez, realizado em uma dada situação, possuir uma significação para

os interlocutores. O contexto, segundo Cervoni (1989, p. 19), contribui para o sentido do

enunciado. Ele afirma que a frase em contexto torna-se enunciado. Desse modo, “o sentido

do enunciado é determinado essencialmente pelo contexto situacional”.

O enunciado, produto de uma enunciação, constitui o discurso, seja ele uma frase

ou várias. Os gêneros do discurso são definidos como “tipos relativamente estáveis de

enunciados” que uma determinada comunidade utiliza no processo de interação verbal.

Para Bakhtin, “a riqueza e a variedade dos gêneros do discurso são infinitas, pois a

variedade virtual da atividade humana é inesgotável, e cada esfera dessa atividade

comporta um repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à

medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa” (1992, p. 279). Os

gêneros primários são fenômenos da vida cotidiana. Os gêneros secundários – o romance,

o discurso científico, o discurso ideológico – são aqueles que “durante o processo de sua

formação […] absorvem e transmutam os gêneros primários (simples) de todas as espécies,

que se constituíram em circunstância de uma comunicação verbal espontânea” (1992, p.

281).

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Portanto, uma análise do que pode ser o gênero apologético cristão implica a

análise das características discursivas das obras, muito mais do que uma simples

comparação de padrões de linguagem. É necessária uma comparação das obras produzidas

em determinado período, em consideração das condições de sua produção e da produção

do seu discurso para que sejam identificadas as propriedades discursivas comuns.

Discursos apologéticos

A partir dos indícios a respeito do conjunto de textos denominados “apologias” é

que se torna viável investigar sobre as propriedades discursivas desse que pode ser um

gênero específico.

Como já foi visto, Eusébio é quem primeiro consagra o termo “apologia” como

referência a alguns escritos de defesa aos cristãos. As apologias mencionadas por Eusébio

são endereçadas àqueles que têm o poder de decidir concernentemente ao controle da

execução dos cristãos no Império. Não é novidade que para ele “apologia” é uma “fala do

discurso de defesa”. Esse parece ser um conceito relacionado ao uso comum do termo

“apologia”. A questão principal agora é compreender quais foram os critérios para

enquadrar alguns textos nesse conjunto. Os textos de Taciano e Teófilo, por exemplo, não

foram enquadrados entre as “apologias”.

Parvis (2007) considera que a forma de uma apologia pode de fato ser uma carta ou

um tratado meramente modelado sobre a oratória forense, mas uma apologia endereçada

como que a uma corte é, todavia, sempre o seu conteúdo. Mas empreende uma busca pela

origem de uma tradição apologética específica a partir de Justino. Ela considera que o

vínculo estabelecido entre Aristides e Quadratus com o governo de Adriano mencionado

por Eusébio pode ser uma dedução. Tenta argumentar que, na História Eclesiástica,

Eusébio pode ter confundido Aristides com Atenágoras. Isso porque no texto Armênio,

assim como nas Crônicas de Eusébio, a Apologia de Aristides é vinculada ao reinado de

Adriano, enquanto a tradição siríaca o relaciona com Antonino Pio. Além disso, não há

referências à revolta de Bar Kokhba 132-135 na secção judaica. Também não há

referências à destruição do templo sob Vespasiano e Tito, que seria apropriado para um

período mais antigo. O discurso de Aristides não foi pronunciado nem na presença de

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Adriano, nem de Antonino Pio. Ela considera que o vocativo “O rei” pode ser removido

sem que se altere o sentido do texto, o que indicaria um acréscimo posterior.

Outra hipótese apontada por Sara Parvis (2007, p. 121) é a de que Eusébio teria lido

o texto anônimo antimontanista endereçado a Abercius Marcellus (H.E.v.16.3-17.4), que

menciona outro Quadratus como parte de uma sucessão de profetas da província da Ásia

(v.17.4). Ela adverte que Eusébio não deixa claro se Quadratus e o profeta são as mesmas

pessoas. Ele discute sobre o profeta Quadratus primeiro, no império de Trajano, depois de

sua discussão sobre Inácio de Antioquia e Policarpo, sublinhando sua antiga data e o fato

de que ele ocupa posição principal na sucessão apostólica. Parvis mantém no campo da

possibilidade a aposta de que talvez Eusébio considere Quadratus, o profeta, e Quadratus, o

apologista, a mesma pessoa.

Devido ao fato de Mileto of Sardis, Apolinarius de Hierápolis e Miltiades serem

também teólogos da Ásia e todos terem se envolvido em disputas entre 170 e 180 sobre

profecias em geral e Montanismo em particular, a autora considera razoável a associação

de Aristides a uma época mais tarde.

Parvis (2007) advoga que como o manuscrito de Aristides assinala no reinado de

Antonino Pio, que tem como primeiro título Aelius Hadrianus, não haveria dificuldades de

pensar em subir Quadratus também até o período de Antonino Pio. A relação dos dois com

Adriano teria sido uma estratégia de Eusébio para relacioná-los ao rescrito de Adriano em

favor dos cristãos.

A análise de Sara Parvis (2007) é bastante interessante principalmente porque tenta

explicar a divergência entre os textos armênio e siríaco com relação ao destinatário da

apologia de Aristides. Mas, além disso, fica clara a intenção da autora em enxergar em

Justino o fundador de um “gênero”. É claro que a Parvis não tem em mente a criação

intencional de um gênero; ela está mais preocupada em notar as Apologias de Justino como

referenciais para uma “tradição” apologética que se desenvolve segundo as suas

propriedades discursivas.

No entanto, para que Justino fosse considerado referência para uma “tradição”

apologética, não seria necessário que ele fosse o primeiro cristão a apresentar uma

apologia. Não existe nenhuma regra nesse sentido. Além disso, é bem provável que

Eusébio tente relacionar Quadratus e Aristides com o Imperador Adriano, mas isso não

coloca em dúvida a sua narrativa.

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Justino foi seguidor do platonismo e do aristotelismo antes de se converter ao

cristianismo. Nas suas Apologias ele parece acreditar na existência do que se pode chamar

de “cristãos antes de Cristo”, uma proposição decorrente de suas ideias a respeito da

revelação de Deus através do logos spermatikos. Além disso, ele lembra como Sócrates

tentou livrar os gregos da ignorância e foi condenado, fazendo assim comparação com a

atividade dos cristãos para proclamação da “razão” libertadora dos homens em Cristo. Há

vários traços da filosofia platônica que permitem estabelecer alguma relação, mas Justino é

mais cristão do que filósofo em seus escritos. Seu interesse é defender sua fé, pois para ele

o cristianismo é a filosofia “verdadeira” que completa aquilo que foi revelado apenas em

parte, anteriormente (MINNS; PARVIS, 2009). Certamente ele conhecia a Apologia de

Sócrates de Platão e possivelmente a versão de Xenofontes.

Tanto o texto de Platão (1903) como o de Xenofontes (1921) sobre o julgamento de

Sócrates não são textos para a poder mudar a sua condição do acusado; são escritos sobre a

defesa do filósofo que morreu depois do seu julgamento cumprindo a sua sentença. A

apologia não é o gênero, é o assunto. Xenofontes dedica-se a compor um texto menor para

legar à memória a determinação de Sócrates no que tange ao seu julgamento. Ele toma

algumas informações extras de Hermógenes, filho de Hipônico e amigo de Sócrates.

Assim, nenhuma dessas duas apologias podem ter servido de modelo para que Justino

escrevesse seu texto, mas elas apresentam a ideia de que uma apologia é um discurso que

visa mudar a condição dos acusados em termos jurídicos.

No texto de Flávio Josefo (2003) escrito por volta de 97 conhecido como Contra

Ápio, o autor enumera uma série de argumentos no Livro I contra aqueles que, de forma

geral, duvidam da antiguidade dos judeus, tema que ele defendia alguns anos antes,

em Antiguidades Judaicas. No início do Livro II, Josefo ataca os argumentos de Ápio.

Esses textos começam a se parecer com o tipo de apologias cristãs que serão escritas pelos

cristãos no século II por constituírem uma defesa à cultura judaica, que naquele momento

sofria rejeição no Império.

O Imperador Nero (37-68 d.C.) está no topo da lista de Eusébio (1999) sobre os

Imperadores perseguidores de cristãos. Depois deste vem Domiciano (51-96 d.C.), que

“dando morte sem julgamento razoável a não pequeno número de patrícios e de homens

ilustres, e castigando com o desterro fora das fronteiras e confisco de bens a outras

inúmeras personalidades sem causa alguma” (EUSEBIO, 1999). Sob o Imperador Trajano

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“voltaram a ocorrer perseguições contra nós [os cristãos], parcialmente e por cidades,

devido a levantes populares” (H.E.4.32).

Em sua correspondência com o Imperador Trajano, Plínio (1953), o Jovem, pede

orientações sobre como proceder no julgamento das pessoas acusadas de cristianismo. Na

resposta de Trajano, Plínio é elogiado por ser relativamente brando, exigindo apenas que

os acusados neguem o cristianismo. Trajano orienta que não cabe formular regra dura e

inflexível, de aplicação universal, mas se houver persistência nas denúncias, alguns

castigos devem ser aplicados aos cristãos. As denúncias anônimas deviam ser ignoradas.

Essas perseguições que seguirão até meados do século II, quando as Apologias são escritas,

não são gerais. Nesse sentido, pode-se concordar com a constatação de Renata L. B.

Venturini (2006, p. 211-212) de que tanto as decisões tomadas por Nero em 64 d.C. e as de

Trajano, em 112 d.C. “não se constituem como precedente para o estabelecimento de uma

regra geral aos governadores provinciais”. A perseguição generalizada ocorrerá com o

estabelecimento posterior de editos imperiais.

O primeiro apologista cristão apontado por Eusébio é Quadratus. Segundo Eusébio

(1999), ele endereçou uma apologia ao Imperador Adriano em favor dos cristãos quando o

Imperador esteve em Atenas, por volta de 124 e 125 A.D. Dessa Apologia restou apenas a

passagem citada por Eusébio.

Aristides também encaminhou uma apologia ao Imperador Adriano. Disposta em

17 breves capítulos. Começa com um proêmio sobre o conhecimento, a existência, a

natureza e os atributos divinos. Há uma exposição sobre a origem das quatro principais

religiões que são tratadas nos capítulos seguintes: a dos bárbaros ou caldeus; a dos gregos;

a dos judeus e a dos cristãos. Na verdade é uma apresentação do contraste das religiões,

principalmente entre gregos e cristãos. Ele explica com sua obra o que é ser cristão e

procura defender o cristianismo das más interpretações. Embora Sara Parvis (2007) ache o

texto distinto para um período durante o governo do Imperador Adriano, parece haver uma

certa razoabilidade em dirigir um texto que apresenta os contrastes entre várias religiões a

um Imperador que há pouco havia se convertido a uma religião de mistério, como alguns

consideram.

Segundo o rescrito de Adriano a Minucio Fundano, em resposta a carta de Serenio

Granjano, anexado à Apologia de Justino e citado por Eusébio, o Imperador foi moderado

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com os cristãos, aconselhando que as calúnias infundadas contra os cristãos não fossem

passadas impunes.

Justino apresentou Apologias diferentes. A primeira ao Imperador Antonino Pio e a

segunda ao Senado e ao povo romano. Ele escreve em defesa dos cristãos que são

incomodados simplesmente por serem cristãos, de modo que não têm um julgamento que

considere o proceder das denúncias nem a verdadeira conduta dos acusados. Essa condição

é que move o autor a produzir seu texto almejando convencer seus destinatários. Seu

discurso em defesa dos cristãos é amplo, pois ele pede que, se possível, seja publicado o

texto para que outros sejam convencidos. Sua fala aborda as acusações feitas aos cristãos,

buscando desfazer as incompreensões sobre os mesmos.

Paul Keresztes (1965) analisou especificamente o gênero da apologia de Justino.

Ele questionou a supervalorização do conteúdo do escrito e acentuou a comparação das

estruturas do texto com as proposições retóricas, principalmente às de Quintiliano. Ele

conclui que se as chamadas apologias de Justino são escritos de defesa dos cristãos,

certamente não foi essa uma escolha de Justino. Segundo sua teoria, o pensador de Flávia

Neápolis não tinha essa opção de gênero. No entanto, ele teria recorrido às formas retóricas

disponíveis. Desse modo, seu discurso não seria um tipo forense, mas uma retórica

epiditica real ou ficcional. Mas parece que Keresztes não se preocupou em analisar se esses

elementos retóricos poderiam aparecer na estrutura do texto sem a pretensão de ser

retórico. A questão aqui não interfere na análise mais ampla que pretende ser desenvolvida,

a saber, a do reconhecimento das apologias cristãs, quer seja por gênero ou não.

No caso de Justino, ao mesmo tempo em que seu discurso é de defesa, ele também

informa. É um texto de caráter informativo, pois é a incompreensão, em parte, que tem

dado origem ao combate aos cristãos (MINNS; PARVIS; 2009).

Sara Parvis (2007) vê nas Apologias de Justino a referência para uma tradição

apologética distinta. Ela percebe essa influência sobre os escritos de Atenágoras. Ele

(provavelmente ateniense) endereçou sua Suplica em favor dos cristãos ao Imperador

Marco Aurélio e a seu filho Lucio Aurélio Cômodo, por volta dos anos 177 e 178 A.D. Os

cristãos são defendidos das acusações de ateísmo, antropofagia e incesto. Demonstra-se

muito hábil com as palavras, bem como, firme e vigoroso com as ideias. Atenágoras

começa clamando por justiça para os cristãos, perseguidos simplesmente por serem

cristãos, assim como Justino argumenta. Como Justino, ele explica o mal e a desordem no

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mundo pela presença do demônio e o diabo. Diz que os demônios se agradam do sangue

oferecido aos ídolos. Também rebate as acusações de canibalismo e incesto, as quais

Justino também se refere. Para ele os filósofos também foram úteis para conduzir à

verdade.

As apologias de Melito, Apolinarius e Miltiades escritas nos reinados de Marco

Aurélio e Commodus podem ter seguido Justino endereçando aos governantes reclamações

sobre a anomalia das punições pelo mero fato de se declarar cristão, e refutando as

atribuições de ateísmo, incesto e canibalismo. Pelo menos seguiram Justino na ideia de

endereçá-las ao imperador ou às autoridades terrenas.

Tertuliano também é identificado por Sara Parvis como influenciado (2007, p.126).

Ele começa seu apelo pela discussão da injustiça da punição dos cristãos pelo mero nome

de cristianismo (1.4-3.8). As atribuições de ateísmo, canibalismo e incesto são discutidas.

A prostituição de crianças no império não escapa a sua observação. Fazendo jus ao caráter

informativo do texto, ele descreve o Deus cristão.

Sara Parvis parece estar correta ao identificar uma correlação entre as

características das apologias desses autores e as de Justino, mas e as outras apologias?

Taciano que foi discípulo de Justino escreveu seu Discurso aos gregos. Ela é bem

distinta dessa que pode ser chamada tradição apologética justiniana. Trata-se de um escrito

polêmico de desapreciação da cultura grega, inclusive das belas artes. Ele ataca o

helenismo, afirmando que a literatura grega é fonte de erros e frente a esta destaca a

superioridade da moral cristã. Esta obra não foi chamada apologia por Eusébio, porém isso

não significa que não seja um discurso de defesa dos cristãos.

Segundo Eusébio (1999), Aristón de Pella escreveu a Disputa entre Jason e

Papisco. Papisco representa um judeu alexandrino. O texto foi perdido e só restou uma

introdução nas obras latinas de Cipriano de Cartago. Aristón parece ter escrito sua obra

contra os judeus entre os anos 135 e 145 d.C.

Um apologista um tanto quanto exótico é Hérmias. Viveu provavelmente entre fins do

século II e início do III d.C. e nada se sabe sobre sua vida. Escreveu uma obra chamada

Escárnio dos filósofos pagãos, em dez capítulos onde alude ironicamente a temas da

filosofia grega como a natureza do corpo, a alma, o mundo. Ele busca evidenciar as

contradições pagãs. Devido a sua temática, ao grego com que escreve e o período no qual

escreve, ele é enquadrado entre os apologistas.

13

Por volta de 180 d.C. é Teófilo (1885) de Antioquia quem escreve sua apologia. O

escrito denominado A Autólico é uma obra de três livros. Através desses escritos o Bispo

de Antioquia defende o cristianismo das objeções de Autólico. O primeiro livro trata da

essência de Deus. Ele fala da fé, da ressurreição, da necessidade e da idolatria, bem como,

do louvor tributado ao Imperador e da adoração devida a Deus. No segundo livro,

compara-se à mitologia grega e à essência dos filósofos inspirados pelo Espírito Santo,

sobre a criação do mundo e do homem. No terceiro, são refutadas as acusações dos pagãos

contra os cristãos quanto aos costumes.

A Epístola a Diogneto (1885) é muitas vezes considerada um texto anônimo que é

enquadrado entre as apologias. Mas quem é Diogneto? Segundo a teoria de Paul

Andriessen (1946), esse texto não outra coisa senão a apologia que Quadratus apresentou

ao Imperador Adriano e que foi dada por perdida. Segundo essa teoria, Diogneto seria um

título honorífico comum em Atenas entre os arcontes. Adriano era ali um arconte desde

112 d.C. Ele fora iniciado nos mistérios Eleusis. O texto discute quem é o Deus dos

cristãos e as particularidades da religião cristã em contraste com a religião dos gregos e dos

judeus. É feita uma dura repreensão tanto ao politeísmo quanto ao judaísmo. O apologista

afirma o que a religião dos cristãos em contrapartida não é uma invenção humana.

Acredita-se que seja um escrito do segundo século.

Minúcio Félix (2001) foi um advogado rico do século II que escreveu sua apologia

na forma do diálogo Otavio. A conversa entre Cecílio e Otávio se desenvolve a caminho de

Óstia. Ao passarem pela imagem de Serápide surge a discussão sobre a religião cristã.

Otávio é quem defende os cristãos dos ataques de Cecílio, que por fim se converte ao

cristianismo.

Por fim, Arnôbio e Lactâncio por várias vezes são considerados autores de

apologias. O primeiro escreveu uma apologia longa e diferente distinta Adversus naciones,

onde critica o politeísmo; o segundo, seu discípulo, escreveu De mortibus persecutorum

(entre 318 e 321), por meio da qual critica os perseguidores dos cristãos.

Um texto ou outro pode surgir buscando afirmar-se como apologia. A classificação,

como foi visto, é algo arbitrário. Desse conjunto de textos é possível notar alguns padrões

discursivos. Desse modo, sem querer estreitar os critérios classificatórios, é observável que

em todos esses textos existe: um discurso de defesa dos cristãos em função de sua religião

e outras propriedades subordinadas a essa principal funcionalidade.

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Considerações finais

Até aqui foi possível constatar que assim como o gênero em si mesmo nem é um

fato puramente discursivo nem puramente histórico, a questão da origem sistemática dos

gêneros não poderia manter-se na pura abstração. Uma apologia que poderia significar o

ato de defesa para os gregos num período anterior ao II século d.C., passará a servir como

nome para as propriedades discursivas que caracterizam os escritos de defesa dos cristãos e

de sua religião nos dois séculos seguintes. Esses padrões são: um discurso de defesa dos

cristãos em função de sua religião; os adversários podem ser autoridades político-

administrativas; os adversários podem ser filósofos ou intelectuais; ou, simplesmente, o

discurso pode se impor contra as calúnias da plebe pagã; a temática é sempre uma resposta

à cultura oposta; não há uma elaboração minuciosa dos textos e nem um método

sistemático; suas obras obedecem à lógica da contestação às objeções embora seja possível

identificar alguns elementos retóricos; suas obras lançam mão de uma linguagem culta,

mas nem sempre com muito refinamento. Alguns padrões podem se aproximar mais uns

dos outros, como nos casos dos textos que se aproximam mais das características das

Apologias de Justino, porém, todos esses escritos podem ser considerados pertencentes ao

gênero discursivo apologético cristão. Eles foram concebidos dentre os séculos II e III

(talvez alguns até no início do IV) devido à realidade social em que os cristãos viviam.

Esse gênero discursivo aparece nesse período como forma de comunicar a resposta cristã

aos incômodos provocados por aqueles que se constituem os seus “outros”.

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