os exames como instrumento a liberdade

2
Assumindo que da Liberdade de Educação depende a qualidade do nosso ensino e a promoção da intervenção cívica que é essencial para a existência da própria democracia em Portugal, fácil se torne perceber a real importância dos instrumentos que contribuem para a consolidação deste direito. Numa semana conturbada como aquela que atravessamos, é essencial que se perceba que os exames são instrumentos essenciais para que o Estado possa aferir a qualidade do trabalho das escolas e os resultados alcançados pelos alunos e, por isso, são também parte importante no cumprimento da sua função primordial de ser o garante universal da qualidade do ensino para todos os Portugueses. Sabendo que não existe liberdade sem responsabilidade e que esta não pode vigorar sem uma aferição efectiva, rigorosa e transparente dos resultados, a avaliação é ela própria parte integrante do caminho que devemos trilhar em direcção à liberdade. Claro que não estamos a falar de todas as dimensões de que é composta a “qualidade do ensino”. Outras dimensões, para além dos conhecimentos “científicos” avaliados em testes, são verdadeiramente fundamentais, mas aqueles são igualmente essenciais e não devem ser menosprezados por serem mais facilmente Exames como Instrumento da Liberd

Upload: fle-liberdade-de-educacao

Post on 24-May-2015

255 views

Category:

Education


3 download

DESCRIPTION

Posição do LE - Fórum para a Liberdade de Educação, sobre a importâncias dos exames e da avaliação enquanto instrumento de liberdade.

TRANSCRIPT

Page 1: Os Exames como Instrumento a Liberdade

Assumindo que da Liberdade de Educação depende a qualidade do nosso ensino e a promoção da intervenção cívica que é essencial para a existência da própria democracia em Portugal, fácil se torne perceber a real importância dos instrumentos que contribuem para a consolidação deste direito.

Numa semana conturbada como aquela que atravessamos, é essencial que se perceba que os exames são instrumentos essenciais para que o Estado possa aferir a qualidade do trabalho das escolas e os resultados alcançados pelos alunos e, por isso, são também parte importante no cumprimento da sua função primordial de ser o garante universal da qualidade do ensino para todos os Portugueses.

Sabendo que não existe liberdade sem responsabilidade e que esta não pode vigorar sem uma aferição efectiva, rigorosa e transparente dos resultados, a avaliação é ela própria parte integrante do caminho que devemos trilhar em direcção à liberdade.

Claro que não estamos a falar de todas as dimensões de que é composta a “qualidade do ensino”. Outras dimensões, para além dos conhecimentos “científicos” avaliados em testes, são verdadeiramente fundamentais, mas aqueles são igualmente essenciais e não devem ser menosprezados por serem mais facilmente mensuráveis.

As únicas questões que sobram é saber (i) se têm de ser universais ou podem ser feitos por amostragem e (ii) se devem ser definidores de qualquer coisa para além de avaliadores de conhecimentos “científicos”…

Os Exames como Instrumento da Liberdade

Page 2: Os Exames como Instrumento a Liberdade

Respondendo a cada um: (i) Questão: Têm de ser universais ou podem ser feitos por amostragem? – Muitos países optam por testes nacionais feitos por amostragem, não contando para classificação dos alunos, mas apenas para avaliação das escolas (e seus professores e directores) quanto à transmissão de conhecimentos “científicos”. Neste caso, a resposta à questão seguinte é evidente: não devem servir para mais nada. Noutros países (a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia são os exemplos paradigmáticos), há várias “Examination Boards”, reconhecidos pelo Estado, podendo as escolas escolher o que preferem. Há uma concorrência entre os “Examination Boards”, fortemente regulada pelo Estado e sujeita a um escrutínio de qualidade “invejável”. Nestes países do Reuni Unido, os resultados nestas exames são um elemento importante, mas não único, na selecção de candidatos feita pelas Universidades. (ii) Questão: Devem ser definidores de qualquer coisa para além de avaliadores de conhecimentos “científicos”? Parte da resposta está dada na questão (i). Mas mesmo quando há exames nacionais universais, não há razão para o acesso às Universidade depender totalmente (para além das notas tiradas durante os 3 anos do Secundário) o acesso às Universidade. Só a superficialidade das pessoas em Portugal pode explicar que haja quem é contra o “exagero” dos exames que só avaliam conhecimentos “científicos” e depois queira fazer ao acesso à Universidade depender quase totalmente desses exames. Ora, é um erro que as Universidades escolham os alunos com base exclusivamente nos conhecimentos “científicos”, sabendo que há muitos outros factores definidores das capacidades dos alunos para o exercício da profissão. A profissão de médico é um caso exemplar, em que todos nós preferimos médicos que pensem no doente e não médicos que não pensem apenas nos aspectos “científicos” da doença, tantas e tantas vezes usando o doente para as suas interpelações científicas.

www.fle.pt / [email protected]