os estudos em juventude no nordeste: um breve...

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected] OS ESTUDOS EM JUVENTUDE NO NORDESTE: UM BREVE ESTADO DA ARTE Franciane da Silva Lima (Bolsista ICV/UFPI); Franklin Joseph Sousa Carvalho (Graduando, Bacharelado em Direito UESPI) Osmar Rufino Braga (Orientador, Departamento de Ciências Sociais, Educação e Desporto UFPI). INTRODUÇÃO Este trabalho apresenta um estudo introdutório ao estado da arte sobre as pesquisas em juventudes, com foco na periferia, no âmbito do Nordeste, e está ligado ao projeto de pesquisa, em andamento, intitulado “Trajetórias e percursos sociais dos sujeitos juvenis: o que forma e educa os jovens e as jovens dos bairros populares da cidade de Parnaíba/PI”, iniciado em 2016. O levantamento inicial foi realizado tomando como referências o período de 2005 a 2015, contemplando as seguintes universidades: Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal do Piauí, Universidade Federal do Pernambuco, Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Federal do Maranhão. Na justificativa deste projeto levamos em conta que Parnaíba é uma cidade em processo de expansão, com uma população de quase 150 mil habitantes, dos quais 28,44% são jovens (42.388), na faixa etária de 15 a 29 anos, segundo dados do IBGE/2010. Constatamos que grande parte desta população não está na escola nem em outros espaços não escolarizados de aprendizagem constituídos com a intenção pedagógica de educar. Considerando-se apenas os jovens e as jovens de 18 a 20 anos de idade, o percentual, em 2010, com ensino médio completo é de apenas 32,08%. Tem-se assim uma realidade de exclusão social, acompanhada da falta de políticas públicas voltadas para as juventudes. O levantamento iniciado contribuirá para a instrumentalização do projeto de pesquisa e ajudará a situar a investigação na produção acadêmica atual. O trabalho segue a seguinte organização: na primeira apresentamos a metodologia, discorrendo como o estado da arte foi realizado; na segunda, apresentamos os resultados iniciais; na terceira parte, tecemos algumas discussões apontadas pelo estudo, concluindo com as considerações finais. METODOLOGIA A metodologia ocorreu em três momentos: na fase preparatória, realizamos estudo do projeto e discutimos noções básicas para iniciação científica (tipos, métodos, técnicas de pesquisa). Na fase exploratória, trabalhamos na coleta de dados e fichamentos individuais, estabelecendo o direcionamento de que priorizaríamos o período de 2005 a 2015, contemplando os bancos de

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA

Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga

Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560

E-mail: [email protected]

OS ESTUDOS EM JUVENTUDE NO NORDESTE: UM BREVE ESTADO DA ARTE

Franciane da Silva Lima (Bolsista ICV/UFPI); Franklin Joseph Sousa Carvalho (Graduando, Bacharelado em Direito – UESPI) Osmar Rufino Braga (Orientador, Departamento de

Ciências Sociais, Educação e Desporto – UFPI).

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta um estudo introdutório ao estado da arte sobre as pesquisas em

juventudes, com foco na periferia, no âmbito do Nordeste, e está ligado ao projeto de pesquisa, em

andamento, intitulado “Trajetórias e percursos sociais dos sujeitos juvenis: o que forma e educa os

jovens e as jovens dos bairros populares da cidade de Parnaíba/PI”, iniciado em 2016. O

levantamento inicial foi realizado tomando como referências o período de 2005 a 2015, contemplando

as seguintes universidades: Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal do Piauí,

Universidade Federal do Pernambuco, Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal da

Bahia, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e

Universidade Federal do Maranhão. Na justificativa deste projeto levamos em conta que Parnaíba é

uma cidade em processo de expansão, com uma população de quase 150 mil habitantes, dos quais

28,44% são jovens (42.388), na faixa etária de 15 a 29 anos, segundo dados do IBGE/2010.

Constatamos que grande parte desta população não está na escola nem em outros espaços não

escolarizados de aprendizagem constituídos com a intenção pedagógica de educar. Considerando-se

apenas os jovens e as jovens de 18 a 20 anos de idade, o percentual, em 2010, com ensino médio

completo é de apenas 32,08%. Tem-se assim uma realidade de exclusão social, acompanhada da

falta de políticas públicas voltadas para as juventudes. O levantamento iniciado contribuirá para a

instrumentalização do projeto de pesquisa e ajudará a situar a investigação na produção acadêmica

atual. O trabalho segue a seguinte organização: na primeira apresentamos a metodologia,

discorrendo como o estado da arte foi realizado; na segunda, apresentamos os resultados iniciais; na

terceira parte, tecemos algumas discussões apontadas pelo estudo, concluindo com as

considerações finais.

METODOLOGIA

A metodologia ocorreu em três momentos: na fase preparatória, realizamos estudo do projeto

e discutimos noções básicas para iniciação científica (tipos, métodos, técnicas de pesquisa). Na fase

exploratória, trabalhamos na coleta de dados e fichamentos individuais, estabelecendo o

direcionamento de que priorizaríamos o período de 2005 a 2015, contemplando os bancos de

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dissertação e tese das universidades públicas federais nordestinas, quantificando o número de

trabalhos, as abordagens de pesquisas e as linhas temáticas. Na fase seguinte, organizamos o

material coletado, fazendo a tabulação quantitativa e análise dos primeiros achados. Podemos definir

o estado da arte como um método de pesquisa que se realiza por meio de uma revisão bibliográfica

sobre a produção de determinada temática, em uma área de conhecimento específica. Assim, essa

revisão busca identificar quais teorias estão sendo construídas; quais procedimentos de pesquisa são

empregados para essa construção, o que não está em discussão e precisa ser trabalhado, que

referenciais teóricos se utilizam para embasar as pesquisas e qual sua contribuição científica e social.

(FERREIRA, 2002; ROMANOWSKI e ENS, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No tange à produção acadêmica sobre juventude no Nordeste, chegamos à seguinte

sistematização dos dados:

TABELA 1 – Produção acadêmica em juventude por Estado do Nordeste 2005-2015

ESTADO DO

NORDESTE

DISSERTAÇÕES TESES TOTAL

UFAL 7 0 7

UFPI 0 1 1

UFRPE 0 0 0

UFS 2 0 2

UFRN 14 2 16

UFPB 4 0 4

UFBA 3 5 8

UFMA 3 0 3

UFPE 9 1 10

Fonte: Pesquisa de campo dos autores

Como vemos, nos últimos dez anos, encontramos um total de 61 trabalhos no âmbito da pós-

graduação nordestina, sendo 42 dissertações (68%) e 9 teses (32%). Observamos que os estudos

têm uma preocupação maior no âmbito dos trabalhos de dissertação.

No que se refere às abordagens de pesquisa, o levantamento mostrou o seguinte: 11

trabalhos de dissertação que adotaram a abordagem estudo de caso, 7 a etnografia, 4 a cartografia e

3 a fenomenologia. No que tange aos trabalhos de teses, encontramos 02 que usaram a pesquisa

participante e 1 a fenomenologia. Percebemos de imediato a baixa produção acadêmica em

juventude nos programas de doutorado das universidades públicas federais nordestinas, quando

tomamos esses estudos do ponto de vista das abordagens de pesquisa mencionadas.

Quanto às linhas temáticas, considerando os 43 trabalhos de dissertação e tese encontrados,

verificamos que 11 trataram do tema da escolarização juvenil; 7 trabalhos focalizaram a educação

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popular; 6 discutiram programas sociais; 6 trabalhos discutiram sobre violência; 4 estudaram mídias

digitais; 4 trabalhos estudaram sobre lazer; 2 sobre ruralidade; 2 trabalhos sobre as relações de

gênero; 1 sobre relações etnicorraciais. Chama atenção o baixo número de trabalhos acerca da

temática ligada aos jovens rurais, das relações etnicorraciais e gênero.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O breve estado da arte sobre os estudos em juventude nas instituições federais de ensino

superior nordestinas sugere de três constatações: 1) que a produção acadêmica é baixa nos

trabalhos de tese, concentrando-se nas dissertações; 2) é baixa produção acadêmica em juventude

quando tomamos esses estudos do ponto de vista das abordagens de pesquisa mencionadas; 3) é

baixo número de trabalhos acerca da temática ligada aos jovens rurais, das relações etnicorraciais e

gênero, temas com grande destaque nacional, considerando sobretudo o período deste

levantamento, que coincide com os investimentos em políticas públicas, com destaque para as

juventudes, mulheres e as populações tradicionais (quilombolas, negros, etc.).

As pesquisas levantadas nesse breve estado da arte revelam que os jovens encontram outros

meios de se formarem socialmente. Eles apreendem e ressignificam processos pedagógicos além do

convívio escolar, como em meios de comunicação, artes urbanas, engajamentos de grupo, esportes e

outros movimentos. Dessa maneira, a fragilidade, descontinuidade ou mesmo a total ausência de

programas de Estado voltados para as juventudes constituem caminhos de resistência,

empoderamento e transformação.

REFERÊNCIAS

DAYRELL, J. A escola “faz” as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil. Disponível

em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a2228100.pdf>. Acesso em 30 de agosto de 2016.

FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, São Paulo, ano 23, n. 79, p.257-272, ago. 2002. MAGNANI, J. C. Quando o campo é a cidade: fazendo antropologia na metrópole. In: Magnani J. C;

Torres L. L. (orgs.). Na metrópole: textos de antropologia Urbana São Paulo: EDUSPI, 1996.

SPOSITO, M.P. Estudos sobre juventude em educação. In: Revista Bras. de Educação.

Mai/Jun/Jul/Ago 1997 N º 5 Set/Out/Nov/Dez. São Paulo: USP, 1997.

ROMANOWSKI, Joana Paulin; ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em educação. Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n. 19, p. 37-50, set./dez.2006. Disponível em: http://alfabetizarvirtualtextos.files.wordpress.com/2011/08/as-pesquisas-denominadas-do-tipo-estado-da-arte-em-educac3a7c3a3o.pdf. Acesso em 15/03/2016.

AGRADECIMENTO

Agradecemos o apoio do Programa de Iniciação Científica Voluntária (ICV/UFPI).