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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC
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OS ESTUDOS EM JUVENTUDE NO NORDESTE: UM BREVE ESTADO DA ARTE
Franciane da Silva Lima (Bolsista ICV/UFPI); Franklin Joseph Sousa Carvalho (Graduando, Bacharelado em Direito – UESPI) Osmar Rufino Braga (Orientador, Departamento de
Ciências Sociais, Educação e Desporto – UFPI).
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta um estudo introdutório ao estado da arte sobre as pesquisas em
juventudes, com foco na periferia, no âmbito do Nordeste, e está ligado ao projeto de pesquisa, em
andamento, intitulado “Trajetórias e percursos sociais dos sujeitos juvenis: o que forma e educa os
jovens e as jovens dos bairros populares da cidade de Parnaíba/PI”, iniciado em 2016. O
levantamento inicial foi realizado tomando como referências o período de 2005 a 2015, contemplando
as seguintes universidades: Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal do Piauí,
Universidade Federal do Pernambuco, Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal da
Bahia, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
Universidade Federal do Maranhão. Na justificativa deste projeto levamos em conta que Parnaíba é
uma cidade em processo de expansão, com uma população de quase 150 mil habitantes, dos quais
28,44% são jovens (42.388), na faixa etária de 15 a 29 anos, segundo dados do IBGE/2010.
Constatamos que grande parte desta população não está na escola nem em outros espaços não
escolarizados de aprendizagem constituídos com a intenção pedagógica de educar. Considerando-se
apenas os jovens e as jovens de 18 a 20 anos de idade, o percentual, em 2010, com ensino médio
completo é de apenas 32,08%. Tem-se assim uma realidade de exclusão social, acompanhada da
falta de políticas públicas voltadas para as juventudes. O levantamento iniciado contribuirá para a
instrumentalização do projeto de pesquisa e ajudará a situar a investigação na produção acadêmica
atual. O trabalho segue a seguinte organização: na primeira apresentamos a metodologia,
discorrendo como o estado da arte foi realizado; na segunda, apresentamos os resultados iniciais; na
terceira parte, tecemos algumas discussões apontadas pelo estudo, concluindo com as
considerações finais.
METODOLOGIA
A metodologia ocorreu em três momentos: na fase preparatória, realizamos estudo do projeto
e discutimos noções básicas para iniciação científica (tipos, métodos, técnicas de pesquisa). Na fase
exploratória, trabalhamos na coleta de dados e fichamentos individuais, estabelecendo o
direcionamento de que priorizaríamos o período de 2005 a 2015, contemplando os bancos de
dissertação e tese das universidades públicas federais nordestinas, quantificando o número de
trabalhos, as abordagens de pesquisas e as linhas temáticas. Na fase seguinte, organizamos o
material coletado, fazendo a tabulação quantitativa e análise dos primeiros achados. Podemos definir
o estado da arte como um método de pesquisa que se realiza por meio de uma revisão bibliográfica
sobre a produção de determinada temática, em uma área de conhecimento específica. Assim, essa
revisão busca identificar quais teorias estão sendo construídas; quais procedimentos de pesquisa são
empregados para essa construção, o que não está em discussão e precisa ser trabalhado, que
referenciais teóricos se utilizam para embasar as pesquisas e qual sua contribuição científica e social.
(FERREIRA, 2002; ROMANOWSKI e ENS, 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No tange à produção acadêmica sobre juventude no Nordeste, chegamos à seguinte
sistematização dos dados:
TABELA 1 – Produção acadêmica em juventude por Estado do Nordeste 2005-2015
ESTADO DO
NORDESTE
DISSERTAÇÕES TESES TOTAL
UFAL 7 0 7
UFPI 0 1 1
UFRPE 0 0 0
UFS 2 0 2
UFRN 14 2 16
UFPB 4 0 4
UFBA 3 5 8
UFMA 3 0 3
UFPE 9 1 10
Fonte: Pesquisa de campo dos autores
Como vemos, nos últimos dez anos, encontramos um total de 61 trabalhos no âmbito da pós-
graduação nordestina, sendo 42 dissertações (68%) e 9 teses (32%). Observamos que os estudos
têm uma preocupação maior no âmbito dos trabalhos de dissertação.
No que se refere às abordagens de pesquisa, o levantamento mostrou o seguinte: 11
trabalhos de dissertação que adotaram a abordagem estudo de caso, 7 a etnografia, 4 a cartografia e
3 a fenomenologia. No que tange aos trabalhos de teses, encontramos 02 que usaram a pesquisa
participante e 1 a fenomenologia. Percebemos de imediato a baixa produção acadêmica em
juventude nos programas de doutorado das universidades públicas federais nordestinas, quando
tomamos esses estudos do ponto de vista das abordagens de pesquisa mencionadas.
Quanto às linhas temáticas, considerando os 43 trabalhos de dissertação e tese encontrados,
verificamos que 11 trataram do tema da escolarização juvenil; 7 trabalhos focalizaram a educação
popular; 6 discutiram programas sociais; 6 trabalhos discutiram sobre violência; 4 estudaram mídias
digitais; 4 trabalhos estudaram sobre lazer; 2 sobre ruralidade; 2 trabalhos sobre as relações de
gênero; 1 sobre relações etnicorraciais. Chama atenção o baixo número de trabalhos acerca da
temática ligada aos jovens rurais, das relações etnicorraciais e gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O breve estado da arte sobre os estudos em juventude nas instituições federais de ensino
superior nordestinas sugere de três constatações: 1) que a produção acadêmica é baixa nos
trabalhos de tese, concentrando-se nas dissertações; 2) é baixa produção acadêmica em juventude
quando tomamos esses estudos do ponto de vista das abordagens de pesquisa mencionadas; 3) é
baixo número de trabalhos acerca da temática ligada aos jovens rurais, das relações etnicorraciais e
gênero, temas com grande destaque nacional, considerando sobretudo o período deste
levantamento, que coincide com os investimentos em políticas públicas, com destaque para as
juventudes, mulheres e as populações tradicionais (quilombolas, negros, etc.).
As pesquisas levantadas nesse breve estado da arte revelam que os jovens encontram outros
meios de se formarem socialmente. Eles apreendem e ressignificam processos pedagógicos além do
convívio escolar, como em meios de comunicação, artes urbanas, engajamentos de grupo, esportes e
outros movimentos. Dessa maneira, a fragilidade, descontinuidade ou mesmo a total ausência de
programas de Estado voltados para as juventudes constituem caminhos de resistência,
empoderamento e transformação.
REFERÊNCIAS
DAYRELL, J. A escola “faz” as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v28n100/a2228100.pdf>. Acesso em 30 de agosto de 2016.
FERREIRA, Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, São Paulo, ano 23, n. 79, p.257-272, ago. 2002. MAGNANI, J. C. Quando o campo é a cidade: fazendo antropologia na metrópole. In: Magnani J. C;
Torres L. L. (orgs.). Na metrópole: textos de antropologia Urbana São Paulo: EDUSPI, 1996.
SPOSITO, M.P. Estudos sobre juventude em educação. In: Revista Bras. de Educação.
Mai/Jun/Jul/Ago 1997 N º 5 Set/Out/Nov/Dez. São Paulo: USP, 1997.
ROMANOWSKI, Joana Paulin; ENS, Romilda Teodora. As pesquisas denominadas do tipo “estado da arte” em educação. Diálogo Educ., Curitiba, v. 6, n. 19, p. 37-50, set./dez.2006. Disponível em: http://alfabetizarvirtualtextos.files.wordpress.com/2011/08/as-pesquisas-denominadas-do-tipo-estado-da-arte-em-educac3a7c3a3o.pdf. Acesso em 15/03/2016.
AGRADECIMENTO
Agradecemos o apoio do Programa de Iniciação Científica Voluntária (ICV/UFPI).