os desafios da vida

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É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito.

Originalmente publicado em inglês com o título: LIFE’S CHALLENGES - YOUR OPPORTUNITIES Copyright © 2009 John Hagee All Rights Reserved

This edition is published by special arrangement with CHARISMA HOUSE A Strang Company 600 Rinehart RoadLake Mary, Florida 32746 Web site: www.strangdirect.com

Classificação: Autoajuda, Encorajamento

Editor Responsável: Claudio Rodrigues Coeditor: Thiago Rodrigues Capa: Karen Grindley Diretor de Design: Bill Johnson Adaptação Capa: GuilEditoração: Josnei Formagio Tradução: Marco Antônio Coelho Revisão de texto: Daiane Rosa Ribeiro de Oliveira e Ariana Fátima C. Baptista

ISBN: 978-85-61411-45-9 1a edição - Junho 2010 Impressão: Imprensa da Fé

Impresso no Brasil

Conteúdo

Introdução viiConfissões Verdadeiras de um Pastor

Capítulo 1 01Por que eu tenho todos esses problemas?

Capítulo 2 25Todo Problema Tem um Propósito

Capítulo 3 47Todo Problema Tem uma Promessa

Capítulo 4 67Não Fique Preso ao Problema

Capítulo 5 99Como Solucionar o Problema

Capítulo 6 121A Maneira Mais Rápida de Sair do Problema é Seguir em Frente

Capítulo 7 149Sinalização Para a Terra Prometida

Capítulo 8 187Sua Visão Determina Sua Provisão

Capítulo 9 203Tornando-se o “Você” que Deus Vê

Capítulo 10 219A Provisão Miraculosa

Conclusão 253Diamantes na Areia

Notas 259

Introdução

Confissões Verdadeiras de um Pastor

Esta é a confissão muito pessoal de um pastor que sobrevi- veu e prosperou no ministério por mais de cinquenta anos. As ver-

dades encontradas nesse livro são resultado de lições de vida que eu aprendi nesses anos. Ninguém quer ouvir nada de um profeta que não tem cicatrizes.

Eu passei por muitos problemas na minha vida. Alguns foram im- postos por mim mesmo, enquanto outros foram ataques físicos e espirituais dos mais profundos do inferno. Não importa a origem, Deus tem usado esses problemas para ajudar a fortalecer o caráter, a tolerância e o entendimento. Muitas vezes, eu recebi promessas sobrenaturais rapidamente, e outras promessas levaram meses ou anos para se cumprirem por causa da maneira como portei-me frente a esses problemas.

Eu creio que existe um Deus onisciente e onipotente que criou os céus e a terra e que controla a vida dos homens.

Eu acredito que todos têm um destino divino, conhecido apenas por Deus antes da criação do mundo, antes de termos tomado nosso primeiro fôlego. Este destino divino ou propósito é nosso único caminho para o amor, para a alegria e a paz.

Eu também acredito que há um princípio divino encontrado na Sa- grada Escritura chamado “promessa, problema e provisão”. Simplifi- cando, Deus começa a nos levar para o nosso destino divino nos dando uma promessa das Escrituras. A promessa é seguida de um problema (ou uma série deles) que existem para nos levar a um nível de maturidade espiritual pela qual podemos receber Sua provisão miraculosa. Se rejeitamos Sua provisão, nós perderemos nosso destino divino, e vivere- mos nossa vida sem sentido ou propósito.

vii

Uma ilustração bíblica clássica que nos ajuda a entender a verdade absoluta da promessa, problema e provisão é achada no exemplo dos filhos de Israel.

Deus prometeu a Abraão, Isaque e Jacó que Ele daria a eles e seus descendentes uma nação cujos limites estão especificados para sempre nas Escrituras. A Terra Prometida, uma terra que mana leite e mel, seria a provisão miraculosa de Deus.

O povo judeu se tornou uma nação no Egito. Deus enviou Moisés como o libertador deles e ocasionou a primeira Páscoa, que os levou para o êxodo, para fora da prisão de Faraó.

Então começaram os problemas – no Mar Vermelho, com o ídolo feito por Arão no Monte Sinai, e a tenda do encontro onde dois mil e quinhentos israelitas que se rebelaram contra Moisés foram enterrados vivos por Deus em um terremoto. Os filhos de Israel estavam presos no deserto – o problema deles – por quarenta anos, quando seriam neces- sários somente quarenta dias para chegar à promessa deles. É durante o problema que Deus expõe a fraqueza interna que evita que Seus filhos alcancem seus destinos.

Finalmente, Deus permitiu que eles entrassem na Terra Prometida, Sua provisão e o destino divino deles.

À medida que explorar os princípios espirituais neste livro, você des- cobrirá que ele foi escrito simplesmente para lhe ajudar a entender por que tem problemas, e para lhe revelar que todo problema tem uma pro-messa que levará você para a provisão sobrenatural de Deus – sua terra prometida.

A terra prometida é a sua terra, a terra que mana leite e mel, uma ter-ra de abundância inenarrável. É uma terra cheia do favor de Deus, uma terra de amor, alegria e paz interminável.

viii Os Desafios da Vida, Suas Oportunidades

Capítulo 1

Por Que Eu Tenho Todos Esses Problemas?

AVida desafia suas Oportunidades mudará você e a sua for-ma de pensar sobre os problemas pelo resto da sua vida. Pro-

blemas não acontecem somente com pessoas más; problemas também podem acontecer com pessoas boas. A adversidade é a universidade de Deus!

Deus nos deu mais de três mil promessas preciosas em Sua Palavra. Cada promessa é personalizada no céu para ajudar-nos a enfrentar os problemas da vida e receber provisão sobrenatural disponível para cada problema com o qual nos depararmos.

Ao longo desse livro desafiador, eu incluirei testemunhos encoraja-dores de pessoas como você e eu que passaram por grandes problemas, permaneceram com o foco nas promessas sobrenaturais de Deus e rece- beram Sua perfeita provisão. Se a tristeza nos faz derramar lágrimas, a fé nas promessas de Deus nos ajudará a enxugá-las.

Eu compartilho essas histórias reais para trazer esperança enquanto você luta para romper com a dor e a crise que você ou seus amados pos- sam estar passando. Esse é o seu dia de experimentar o favor de Deus!

É imperativo que os filhos de Deus descubram o princípio de transformar os problemas de sua vida em provisões de Deus. Promessa, problema e provisão é um princípio sobrenatural baseado na Palavra de Deus que dará a você poços que você não cavou, casas que você não construiu e vinhas que você não plantou. Isto tornará sua noite escura em um dia luminoso; isto transformará sua terra deserta e seca em ma- nanciais de águas vivas.

Este princípio bíblico vai aperfeiçoar radicalmente o seu casamento e sua saúde mental, fazer com que o seu potencial para os negócios cresça e dar a você paz sem medida. Os Desafios da Vida - Suas Oportunidades

dará luz à sua alma, dando a você ferramentas para viver vitoriosa-mente para sempre.

Todos nós detestamos os problemas, mas eles são a razão para cada avanço que realizamos. Os problemas nos deixam mais sagaz. Os problemas lhes enrijecem. Os problemas forçam você a pensar além.

Um problema é uma oportunidade de entrar em um novo nível de realizações.

Espere Problemas!Problemas acontecem com todos os membros da raça humana. Al-

bert Einstein disse uma vez: “A única razão para o tempo é para que tudo não aconteça de uma vez só.” Graças a Deus! Muitos de nós só consegue lidar com um problema de cada vez. Entretanto, os problemas chegam acompanhados; eles não marcam horário; eles não respeitam idade, nacionalidade ou níveis de renda; e eles geralmente permanecem em sua vida por mais tempo do que você deseja.

Nós devemos nos disciplinar para antever os problemas porque eles têm a capacidade de aparecer quando você menos espera.

O promotor de uma pequena cidade chamou sua primeira testemunha à tribuna. A Sra. Ogden, uma mulher de cabelos brancos, sentou-se calmamente enquanto o jovem advogado se aproximou dela e perguntou: “Sra. Ogden, a senhora me conhece?”.

Sua testemunha respondeu com firmeza: “É claro que eu lhe co- nheço, Sr. Thompson. Eu lhe conheço desde que você era um menino e, falando francamente, o senhor tem sido uma grande decepção para mim. O senhor mente em cada oportunidade, é desleal com sua esposa, é controlador e fala mal de seus amigos pelas costas. O senhor pensa que é um figurão quando na verdade não tem capacidade para perceber

2 Os Desafios da Vida, Suas Oportunidades

que nunca será mais do que um homenzinho insignificante. Sim, eu de-finitivamente lhe conheço bem, Sr. Thompson.”

O advogado ficou tão espantado quanto envergonhado. Não saben- do o que fazer a seguir, ele rapidamente se voltou para o advogado de defesa, que permanecia sentado e surpreso. O promotor fez sua segunda pergunta: “Sra. Ogden, a senhora conhece o Sr. Stevens?”

Mais uma vez, ela respondeu assertivamente: “Bem, sim, conheço. Conheço o Sr. Stevens desde que ele era um menino também. Conhe- ço-o por ser preguiçoso, intolerante e um homem com sérios problemas alcoólicos. Ele tem a pior prática da lei do estado e também trai a esposa com três mulheres diferentes, sendo uma delas a sua esposa. Sim, na verdade eu conheço bem o Sr. Stevens”.

O advogado de defesa quase desmaiou.O juiz chamou ambos os advogados à sua tribuna e, severamente,

sussurrou este duro conselho: “Seus imbecis, se vocês perguntarem a Sra. Ogden se ela me conhece, eu mando os dois para a prisão pelo resto da vida de vocês!”.

Alguns dos problemas que temos são induzidos por nós mesmos. Nós não entendemos porque somos constantemente bombardeados com confusões, ainda mais se não estivermos andando em obediência à Palavra de Deus. Você está lidando com uma tribulação financeira? O seu dinheiro acaba antes do final do mês? Você está encarando uma crise na saúde? Sua saúde debilitada está impedindo que você viva sua vida com sucesso? Seu casamento está no fim? Seus sonhos e esperanças de ontem evaporaram diante do fardo da sua tristeza?

Você se pergunta por que parece andar em círculos sem expectativas finais? Você chamou o Senhor e perguntou a Ele por que você ainda está enfrentado esse problema? Você ouviu a voz dele e obedeceu aos Seus mandamentos? Você não pode ter a paz de Deus até que esteja em paz

Por Que Eu Tenho Todos Esses Probemas? 3

com Ele! Por que os filhos de Israel ficaram no deserto por tanto tempo? Uma das razões foi a murmuração. A murmuração nos separa da paz

de Deus. Os israelitas eram oprimidos enquanto estavam no Egito. Lá, um fa-

raó que “não conhecia José”, temeu os filhos de Israel por causa de seu crescimento e colocou “um homem para afligi-los com cargas”. Deus protegeu Seus filhos durante o tempo de sofrimento e fez com que o número deles aumentasse ainda mais.

Ele ouviu o clamor deles e começou Seu plano de libertação. Ele po-deria tê-los redimido de sua opressão somente com um sopro poderoso, mas escolheu libertá-los por meio da vida e obras de um homem chamado Moisés. Deus escolheu o natural para operar o sobrenatural.

Deus falou para Moisés:

Disse Deus ainda a Moisés: “Eu sou o Senhor. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-poderoso mas, pelo meu nome, o Senhor, não me revelei a eles. Depois es- tabeleci com eles a minha aliança para dar-lhes a terra de Canaã, terra onde viveram como estrangeiros. E agora ouvi o lamento dos israelitas, a quem os egípcios mantêm escravos, e lembrei-me da minha aliança. Por isso, diga aos israelitas: Eu sou o Senhor. Eu os livrarei do trabalho imposto pelos egípcios. Eu os libertarei da escravidão e os resgatarei com braço forte e com poderosos atos de juízo. Eu os fa-rei meu povo e serei o Deus de vocês. Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os livra do trabalho imposto pelos egípcios. E os farei entrar na terra que, com mão levantada, jurei que daria a Abraão, a Isaque e a Jacó. Eu a darei a vocês como propriedade. Eu sou o Senhor”.

— Êxodo 6:2-8

Agora isto, meu amigo, é uma promessa! Deus enviou um redentor, chamado Moisés, aos Seus filhos, e confirmou Sua promessa com Israel. O que mais alguém poderia querer! Sim, havia mais. Muito mais!


Os filhos de Israel testemunharam as dez pragas trazidas por Deus aos egípcios. Eles vivenciaram em primeira mão Seu poder sobrenatural quando Ele os levou com misericórdia para fora do cativeiro. Deus conhecia o caráter do Seu povo, e propositalmente não os guiou pelo caminho mais curto à Terra Prometida porque eles deveriam encontrar mais oposições. Deus disse: “Se eles defrontarem com a guerra, talvez se arrependam e voltem para o Egito” (Êxodo 13:17).

Ao invés disso, Deus os mandou para a guerra do Mar Vermelho. Quando eles viram a aproximação de Faraó, perderam a visão da promessa de Deus, ficaram com medo, começaram a murmurar e questio- nar, atacando verbalmente a Moisés, o homem que Deus enviou para eles em resposta às suas orações: “Foi por causa de túmulos no Egito que você nos trouxe para morrermos no deserto? O que você fez conosco, tiran-do-nos de lá? Já lhe tínhamos dito no Egito: Deixe-nos em paz! Seremos escravos dos egípcios! Antes ser escravos dos egípcios do que morrer no deserto!” (Êxodo 14:11-12).

Deus, em Sua fidelidade e verdade à Sua promessa, abriu o Mar Ver- melho e levou os israelitas a passarem por terra seca em direção ao outro lado. Ele então afogou Faraó e seu poderoso exército. Imagine só! Um homem tão poderoso, adorado como um deus na Terra, foi reduzido a comida de peixe!

Deus pessoalmente deu direções ao povo judeu através da “coluna de nuvem” durante o dia e da “coluna de fogo” durante a noite, mas ainda as-sim, como eles responderam quando encararam seu próximo problema?

Quando os filhos de Israel chegaram a Mara, o lugar de águas amar-gas, eles queixaram-se com Moisés mais uma vez: “O que beberemos?” (Êxo- do 15:24). Deus ouviu o clamor deles e usou Moisés para transfor-mar as águas amargas em águas doces. Mas com a provisão, veio Seu de-creto: “O Senhor lhes deu leis e ordenanças, e os colocou à prova” (v.25).


“Se vocês derem atenção ao Senhor, o seu Deus, e fizerem o que ele aprova, se derem ouvidos aos mandamentos e obedecerem todos os seu decretos, não trarei sobre vocês nenhuma das doenças que eu trouxe sobre os egípcios, pois eu sou o Senhor que os cura”.

—Êxodo 15:26

Que promessa! Ele sararia todas as doenças deles! Tudo o que eles tinham que fazer era ouvir Sua voz e obedecer aos Seus mandamentos, mas quando continuaram sua jornada no deserto e ficaram com fome, eles reclamaram ainda mais: “Quem dera a mão do Senhor nos tivesse matado no Egito! Lá nos sentávamos ao redor das panelas de carne e comíamos pão à vontade, mas vocês nos trouxeram a este deserto para fazer morrer de fome toda essa multidão!” (Êxodo 16:3).

Deus ouviu o clamor deles mais uma vez e enviou codorna no cre- púsculo e pão dos céus para a necessidade diária. O salmista diz que “enquanto a comida estava em suas bocas”, Ele os matou (Salmos 78:30-31)! A mensagem? Não reclame a respeito da provisão de Deus; pode não ser o que você quer, mas é exatamente o que você precisa.

Mesmo os filhos de Israel sendo ingratos, Deus permaneceu fiel “pois Ele se lembrava de Sua santa promessa” (Salmos 105:42). Ele continuou testando-os para ver se eles obedeceriam aos Seus mandamentos, mas eles falharam no teste. Eles continuaram reclamando, murmurando e lamentando.

Você murmura? Um problema se apresenta a você e, ao invés de pedir a Deus para lhe mostrar por que você está passando por isso, você recla- ma por estar nessa situação? Geralmente, é isso que eu ouço quando um membro da igreja vem a mim com um problema: “Pastor, eu não sei por que tenho esse problema. Não encontro a resposta. Eu sinto que Deus não está ouvindo a minha oração. Onde Ele está quando eu mais preci-so? Por que Deus está deixando que isso aconteça comigo?”

É aqui que a coisa começa a ficar mais complicada. Todos nós queremos respostas para os nossos problemas, mas não desejamos obede-cer às condições que trazem a provisão de Deus. Nós logo imploramos por soluções sem usar o problema como uma oportunidade para nos aproximar de Cristo.


Citamos a oração de Jabez: “Ah, abençoa-me e aumenta as minhas terras...” (1 Crônicas 4:10). Mas não nos importamos em ler o versículo anterior à oração: “Jabez foi o homem mais respeitado de sua família” (v.9). Você é respeitado? Você obedece fielmente ao Senhor, o seu Deus, e segue cuidadosamente todos os Seus mandamentos (Deuteronômio 28:1)?

As Condições de DeusNós logo citamos: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vo-

cês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipen-ses 4:19). Mas nós quase nunca reconhecemos as circunstâncias a respei-to da promessa sobre a qual Paulo fala. Paulo estava falando para aqueles que estavam financiando sua obra enquanto ele estava no campo missio- nário. Há condições para ser qualificado para a provisão de Deus.

Deus instituiu duas condições para os filhos de Israel quando Ele deu a eles a promessa de Sua contínua presença que cura. Essas condi- ções não mudaram, e ainda se aplicam a nós.

Primeiro, Ele nos pede para ouvir Sua voz. Deus fala conosco todos os dias, mas nós devemos estar desejosos de ouvi-lO falar. Ele fala de muitas formas: através de Sua Palavra, Seus servos ungidos e através da revelação direta em seu homem interior (Efésios 1:17, 18).1

Ouvir é a outra metade da fala. Ouvir é uma tarefa simples. Pela nossa natureza inerente, nós somos bons ouvintes. Nós geralmente fala- mos mais que ouvimos. Nossa cultura competitiva coloca valor no falar mes-mo quando quem fala não tem nada para dizer. Deus está falando conos-co todo o tempo com algo importante para transmitir, mas Seus filhos têm a tendência de usar o dom do ouvir seletivo quando ouvem. Em outras palavras, nós ouvimos o que queremos ouvir.

Uma mãe pode estar em uma sala com centenas de pessoas, todas falando ao mesmo tempo, mas no momento em que ouve a voz do seu filho chorando do outro lado da sala, ela caminha em direção ao som daquela voz, por estar acostumada a ele. Por quê? Porque aquele é o filho dela, porque aquela mãe ama o filho, porque ela está acostumada com o som daquela voz, por causa do seu relacionamento diário com aquela criança, e por causa do desejo que ela tem de agradar àqueles a quem ama.


Assim é o nosso relacionamento com Deus. Ele nos pede para prestar atenção à Sua voz, mas se nós não temos uma conexão suficiente com Ele, seremos incapazes de discernir as centenas de vozes que ouvimos a cada dia. Prestar atenção significa “atentar, ouvir e observar”. É impossível fazer qualquer uma dessas coisas, muito menos obedecer aos Seus mandamentos, sem primeiramente se familiarizar com a voz de Deus quando Ele fala.

A segunda condição de Deus está em Seu pedido para fazermos “o que é reto diante de seus olhos”. Ele quer que nós não somente ouçamos Sua voz mas também obedeçamos aos Seus mandamentos.

Duas jovens que trabalhavam em um hospital comunitário decidiram abandonar seus empregos. Elas estavam cansadas de lidar com pacientes ingratos e queixosos, das fofocas entre os funcionários e da administração apática. Um pouco antes de se demitirem, as duas amigas decidiram fazer uma tentativa. Elas não tinham nada a perder.

Elas decidiram tratar bem todo mundo que encontravam. Então, independente de como alguém olhava para elas ou as tratava, elas transmi- tiam encorajamento, cortesia, e apreciação às pessoas. Em pouco tempo, uma incrível transformação aconteceu. Os pacientes não pareciam tão miseráveis, a equipe começou a sorrir uns para os outros e a administra- ção parecia estar surpreendentemente interessada em seus casos.

As duas mulheres fizeram o que é certo aos olhos de Deus. Elas ama-vam aqueles que não as amavam. Elas olharam através dos olhos de Deus e responderam aos seus problemas com princípios espirituais que os levaram para fora do deserto.

A segunda razão pela qual os filhos de Israel permaneceram no de-ser- to por quarenta anos foi sua rebelião contra Deus.

Quando os filhos de Israel viram que Moisés demorava a descer do monte, juntaram-se ao redor de Arão e lhes disseram: “Venha, faça para nós deuses que nos conduzam, pois a esse Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu” (Êxodo 32:1).

Eles não puderam ver o líder apontado por Deus, então rejeitaram a Sua autoridade espiritual e seguiram seu próprio caminho. Quando você rejeita um homem enviado por Deus você está, na verdade, rejei- tando Deus. Os israelitas estavam cansados de Faraó, mas se recusaram a seguir Moisés, a autoridade delegada por Deus.


Esta rejeição os levou ao pecado da idolatria. Deus governa através da autoridade espiritual delegada. Toda autoridade espiritual vem do seu Pai Celeste, e não confiar naqueles a quem Ele ungiu e colocou autoridade, é não confiar em Deus. (Veja Lucas 10:16.)

Você respeita a autoridade espiritual que Deus tem colocado sobre você? Se não, grandes problemas se mostrarão em seu caminho, e per- manecerão por mais tempo do que você desejaria, pois Deus não envia- rá Sua provisão até que você siga as linhas da autoridade espiritual que Ele impôs.

Meu pai, que foi pastor por mais de quarenta anos, vivenciou uma re-belião aberta contra o reino de Deus e as autoridades delegadas por Ele, o que acarretou um julgamento rápido e severo.

Um homem e sua mulher doaram um pedaço de terra para a igreja do meu pai durante a Grande Depressão, para que fosse o local da nova igreja. Infelizmente, meu pai confiou e não contratou um advogado para formalizar a transferência de títulos da terra para o nome da igreja.

Após meses levantando fundos dessa recém-formada congregação e com um grande investimento de trabalho voluntário, uma simples igreja de madeira branca foi erguida. A congregação estava muito entusias- mada com seu novo templo.

Dentro de duas semanas do término da obra, os doadores do terreno pediram a propriedade de volta e decidiram usá-la como sua nova casa. Meu pai lembrou a esse casal enganador que eles tinham dado a palavra para Deus e para uma autoridade delegada por Ele, e os alertou que Deus os julgaria mais severamente do que um tribunal de justiça.

Duas semanas depois, um curto-circuito queimou totalmente a nova construção, matando tragicamente o casal, enquanto dormiam. Eles pres-taram contas a Deus naquela noite por conta da sua rebelião espiritual.

Uma terceira razão para os filhos de Israel terem andando tanto na busca pela Terra Prometida foi sua idolatria.

Uma vez que Israel rejeitou Moisés e se rebelou contra os mandamentos de Deus, eles estavam abertos à adoração a ídolos. Eles busca- ram direção espiritual em algo além de Deus. Eles construíram uma es- tátua de um bezerro de ouro e começaram a adorá-la ao invés de adorar ao Deus verdadeiro que os libertou.

Quando você rejeita as promessas de Deus e se rebela, logo se encon-


trará adorando os prazeres desse mundo ao invés de desejar as bênçãos de Deus para sua vida. Até mesmo suas próprias opiniões se tornarão ídolos para você. Você teme estar errado, então não abre mão do seu ponto de vista. Essa inflexibilidade evitará que você atraia a provisão de Deus para sua vida.

Quem é o teimoso? O teimoso é aquele que não muda sua opinião frente à verdade, mesmo se essa verdade for a Palavra de Deus. Então, as opiniões dessa pessoa se tornam seus ídolos.

Saul é um exemplo bíblico clássico sobre idolatria. O profeta Samuel perguntou a Saul: “Por que então você não obedeceu à voz do Senhor?” Saul revela suas trágicas falhas de caráter enquanto tenta explicar sua rebelião. (Veja 1 Samuel 15:14-21.)

Primeiro, ele alega ter obedecido à voz de Deus: “O Senhor te aben-çoe! Eu segui as instruções do Senhor” (v.13). Então Saul culpa Israel: “Os soldados os trouxeram dos amalequitas; eles pouparam o melhor das ovelhas e dos bois para sacrificarem ao Senhor, o teu Deus...” (v. 15). E em uma última tentativa de justificar-se mais uma vez, ele culpa os israelitas: “Mas eu obedeci ao Senhor. Cumpri a missão que o Senhor me designou... Os soldados tomaram ovelhas e bois do despojo...” (ver-sículos 20-21).

Quando Deus deu a ele a oportunidade de se arrepender por sua rebelião, ele tentou justificá-la, e Samuel sabia disso:

“Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifí- cios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. Pois a rebeldia é como pecado de fei- tiçaria, e a arrogância como o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei.”

—1 Samuel 15:22-23

Uma vez que seus motivos impuros estavam expostos, Saul quis se arrepender (v. 24), mas já era muito tarde (v. 29). Na minha opinião, dois dos piores julgamentos vieram sobre a vida de Saul. Primeiro, Deus não tinha nenhuma função para ele (1 Samuel 28:17), e segundo, o Espí-rito de Deus se afastou dele (1 Samuel 28:15). Eu nem imagino viver sob


nenhuma dessas consequências. Saul se tornou um rei fraco e ineficaz.

O que acontece com a pessoa que é obediente? Mesmo após seu pecado com Bate-Seba e o assassinato de Urias, Davi se arrependeu e im- plorou que Deus não retirasse Sua presença dele: “Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o teu Santo Espírito” (Salmos 51:11). Davi descreve as promessas que virão para aqueles que permanecerem ligados à autoridade delegada por Deus.

Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. É como árvore plan- tada à beira de águas correntes: dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prosperará!

—Salmos 1:1-3

Os filhos de Israel poderiam ter poupado seu tempo no deserto, mas eles escolheram o caminho longo e difícil – o caminho da murmuração, rebelião e adoração a ídolos. A ferramenta de ensino visual que eu uso para descrever a andança desordenada dos filhos de Israel é a frase “andar em círculos”. Ela enfatiza o caminho que não faz progresso – uma rota que é um túmulo com ambos os fins expulsos; um caminho que


não leva para lugar algum. Os filhos de Israel continuaram andando no deserto, e Deus estava

próximo deles, mesmo eles estando longe dele e não reconhecendo Sua voz. A conduta em meio ao problema produziu murmuração, desobe- diência e rebelião. A conduta deles prolongou o tempo deles no deserto.

Por que alguns problemas acontecem?Deus adapta alguns dos nossos problemas para que possamos cum-

prir o propósito para o qual fomos criados. Eles são pedras de tropeço no caminho do nosso destino divino. Deus conhece o nosso ser e potencial; nós é que não reconhecemos o poder miraculoso que vive em nós e que nos faz alcançar grandes coisas. Nunca esqueça que a cruz que você carrega foi feita sob medida pelo Filho do carpinteiro.

Moisés foi tirado da realeza do Egito por causa de um problema inesperado. Nas chamas da adversidade, o martelo de Deus o transforma em uma força divina que derrubou o reino de Faraó e libertou o povo judeu.

Um problema inesperado com seu irmão Esaú, levou Jacó a Betel, onde Deus revelou seu destino a ele.

Foi um problema assustador que confrontou Ester quando ela esteve diante do rei e intercedeu em favor do povo judeu que vivia na Pérsia. Se ela tivesse ignorado o problema, ela e seu povo teriam sido aniquila- dos da face da terra.

Foi um grande problema que fez com que Davi, de um insignificante jovem pastor, se transformasse em um rei poderoso em Israel. Todos os quarenta mil soldados de Israel ouviram o rugido pedindo uma guerra, e uma só pessoa atendeu – Davi. Quando seus irmãos o viram correndo em direção a Golias, eles pensaram que ele estava correndo para sua morte. Pelo contrário, ele estava correndo para seu destino divino, o trono de Israel.

É lamentável quando falhamos em reconhecer nossas falhas e fraquezas, mas é trágico não estarmos cientes de onde somos fortes e potentes.


Nossos sucessos não são medidos pela falta de problemas. O general George Patton acreditava que o “sucesso é medido pelo impacto feito quando você alcança o chão.”

Alcançar o chão é um problema, mas ficar caído é uma oportunidade perdida para a grandeza. José não planejou estar no fundo do poço depois de ter contado seu sonho dado por Deus aos seu amados, mas ele esteve. José não previu seus irmãos o vendendo como escravo, mas eles venderam. Deus o destinou para grandes coisas, mas as pessoas e os problemas apareceram no caminho. O que José fez?

José foi fiel em meio ao problema. Ele manteve seu caráter e integri- dade enquanto enfrentava o problema. Ele foi paciente durante o problema. Ele não se queixou enquanto enfrentava o ridículo, a rejeição, inveja e o ciúme. Ele se agarrou aos seus sonhos em meio às mentiras, falsa acusação, e prisão. Ao passar por isso, Deus mostrou favor a José até que a provisão chegou.

José teve visão para ver o propósito do seu problema.

Agora, não se aflijam nem se recriminem por terem me vendido para cá, pois foi para salvar vidas que Deus me enviou adiante de vocês. Mas Deus me enviou à frente de vocês para lhes preservar um remanescente nesta terra e para salvar-lhes a vida com grande livramento. “Assim, não foram vocês que me mandaram para cá, mas sim o próprio Deus. Ele me tornou ministro do faraó, e me fez admi- nis-trador de todo o palácio e governador de todo o Egito. Vo-cês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos.”

—Gênesis 45:5, 7-8; 50:20

Mesmo que José tenha passado por esse problema durante anos, ele nunca parou de ouvir a voz de Deus. Ele permaneceu fiel a Deus, e Deus permaneceu fiel a José, levando-o ao propósito divino para o qual ele foi criado.

Você está em meizto a um problema? Você já fez uma lista espiritual para ter certeza que você não é a causa do problema? Você acha difícil


encontrar o propósito da dificuldade pela qual está passando? Procure pela promessa na Palavra de Deus e agarre-se a ela. Ela é dada a você pelo Pai que está nos céus, que é fiel para cumpri-la. Todas as provisões que Deus oferece da despensa dos céus estão disponíveis para os filhos de Deus que são fiéis em permanecer em Sua promessa.

Dessa maneira, ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem partici-pan- tes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça.

—2 Pedro 1:4

Cante louvores ao Senhor nos momentos difíceis de sua vida, pois Ele promete habitar em meio aos louvores do Seu povo. Lembre-se da chaleira – ela canta sua canção mais suave quando está com água quente até o pes- coço. Quando não há razão para sorrir, coloque um sorriso no rosto, e Deus lhe dará toda razão para sorrir.2 Deus nunca deixará você andar sozinho pela escuridão; Ele caminhará com você até que você veja a luz da provisão.

Você teve derrotas e decepções como resultado de problemas que vivenciou? Há vida após o fracasso. A sua paciência com o problema gera sucesso. Winston Churchill disse: “O sucesso é a habilidade de ir de fracasso em fracasso sem perder o seu entusiasmo.”

O sucesso é um caminho na maioria das vezes pouco percorrido; um caminho perpetuamente em construção, frequentemente cheio de voltas e obstáculos.

O famoso jogador de basquete Michael Jordan, quando perguntado a respeito de seu sucesso, respondeu da seguinte maneira: “Eu perdi mais de nove mil arremessos em minha carreira... Eu perdi quase três mil jogos. Por vinte e seis vezes perdi o arremesso que me daria a vitória. Fracassei por sucessivas vezes em minha vida. E por isso venci.”3


Você deve enxergar seus problemas como meros obstáculos no caminho para a vitória.

Alguns problemas acontecem para que vejamos o propósito contido neles. Os problemas não vêm só por causa de algo que fizemos ou não fizemos; às vezes, os problemas simplesmente acontecem: “Não tenho paz, nem tranquilidade, nem descanso; somente inquietação” (Jó 3:26).

Quando esses tipos de problemas caem sobre nós, o olho natural não pode compreender qualquer significado valioso que eles tenham. Pense em Paulo e seu “espinho na carne”:

Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar.

—2 Coríntios 12:7

Ninguém sabe o que era o “espinho” de Paulo, mas estudiosos estão certos de que era uma aflição. Paulo identifica Satanás como a fonte des-se espinho na carne, e mesmo que ele tenha pedido a Deus três vezes para removê-lo, Deus não atende. O que Paulo fez?

Ele agradece a Deus por sua aflição. Ele tem prazer “nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias”, por amor de Cristo (v. 10).

Nem todo mundo age dessa forma; eu certamente não ajo assim! Charles Haddon Spurgeon descreve esse tipo de gente como “obras ma- gistrais de Deus”.

Elas permanecem firmes e leais em meio às dificuldades. Aqueles que glorificam a Deus devem estar preparados para encarar qualquer tentação. Ninguém pode ser ilustre perante a Deus a menos que tenha muitos conflitos. Se o seu caminho é atribulado, então regozije-se nele, porque você é mais capaz a demonstrar a graça totalmente sufi-ciente de Deus. Nunca sonhe com uma falha dele – odeie esse pen- samento. O Deus que tem sido suficiente até ago-ra deve ser confiado até o fim.4


O Holocausto foi uma enorme transgressão contra o povo judeu. É horrível e impossível de descrever, ainda que sobreviventes, em meio a condições atrozes, tenham visto a luz de Deus em seu momento de escuridão. Imre Kertesz foi uma dessas pessoas.

Eu vivenciei meus momentos de felicidade mais radicais no campo de concentração. Você não pode imaginar o que é ser permitido deitar no hospital do acampamento ou ter um intervalo de dez minutos de um trabalho que eu não posso nem descrever. Estar bem próximo à morte é tam- bém um tipo de alegria. Sobreviver a ela se torna a maior das liberdades.5

Ele encontrou uma nova esperança em meio ao problema. Quando Tristan Bernard foi preso com sua esposa pelo Gestapo, ele disse a ela que o tempo do medo tinha terminado e que ali começava o tempo da esperança. 6

Para que o meu coração cante louvores a ti e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te darei graças para sempre.1

—Salmos 30:12

Um dos meus queridos amigos de ministério é David Ring. Eu co-nhe- ço David há mais de quinze anos, e nunca ouvi esse homem de Deus, que sofre de paralisia cerebral, reclamando sobre viver sua vida enfrentando as dificuldades. Permita-me compartilhar esse testemunho emocionante.

David Ring nasceu em 28 de outubro de 1953, em Jonesboro, Arkan-sas, EUA. Por complicações no parto, David não teve oxigenação no cérebro nos primeiros dezoito minutos de vida. Crendo que ele era um natimorto, os enfermeiros deixaram seu corpo sem vida em uma mesa contra a parede e foram até a mãe de David, que estava lutando por sua própria vida.

“O bebê já está morto mesmo. Temos que salvar a mãe!”, eles pensa-

N.T.: Gestapo – Polícia secreta alemã da época do regime nazista.


ram. Mesmo eles tendo acreditado que o recém-nascido estava morto, Deus tinha outros planos. Dezoito minutos após o nascimento, Deus so-prou vida no corpo de David. Não está terminado até que Deus tenha decidido! Deus tinha outros planos para David Ring!

A falta de oxigênio no cérebro deixou David com paralisia cerebral. Este parto afetou definitivamente suas habilidades motoras, assim como a sua fala.

O pai de David, Oscar Newton Ring, foi um pastor batista, que pre-gou por todo nordeste do Arkansas por mais de quarenta anos. Para que pudesse sustentar sua família, Oscar tinha uma segunda ocupação; era fazendeiro. Em 1945, ele se envolveu em um acidente no descaro- çador de algodão, que decepou seu antebraço. A tragédia não era algo inco-mum na família Ring. Oscar e sua esposa, Leron, perderam três be- bês no parto, ou em poucos dias após nascerem. Quatro filhas e quatro filhos viveram até a idade adulta.

Suas filhas eram saudáveis, mas todos os meninos tinham problemas de saúde. Os três filhos de David nasceram com hemofilia. Eles tiveram que receber frequentes transfusões de sangue; como resultado disso, todos os três morreram por volta dos cinquenta anos de idade, vítimas da AIDS.

Para piorar, por causa da grande pressão no casamento, Oscar e Le- ron se divorciaram em 1962 quando David tinha somente nove anos de idade. Em Novembro de 1964, o pai de David morreu por causa de um câncer no fígado.

Por causa da paralisia cerebral, David dependia de sua mãe para tudo. Ele frequentemente compartilha em seu testemunho, com um gracejo infantil:

Eu era o bebê da família e por isso eles me estragaram com seus mimos. Eu sou um moleque mimado e adoro isso. Mi- nha mãe me dava tudo o que eu queria e o que eu não queria também! E eu não sou somente o bebê da família, mas também sou o preferido da mamãe. Você pode dizer que eu sou o filhinho da mamãe porque o meu rosto diz isso.

David amou muito sua mãe. Ele muitas vezes refere-se a sua mãe


como a “líder de torcida” de sua vida. Na verdade, ela era mais do que uma líder de torcida nos primeiros anos da vida de David. Ela era sua amada mãe, sua ajudadora, sua porta-voz e sua protetora. Ela fazia tudo para ele e tinha muita honra disso!

Então, quando ele tinha quatorze anos, sua “líder de torcida” ficou doente. Ela foi para o hospital por conta de uma cirurgia, na véspera do Dia das Mães de 1968. Logo após, o médico disse à família de David que sua mãe não voltaria para casa porque ela tinha um câncer espalha- do por todo corpo e pouco tempo de vida.

As notícias foram devastadoras para David porque ele não podia compreender como sua mãe poderia abandoná-lo daquela forma. Ela era a única que o amava da forma que ele era, e era difícil para David pensar em viver um dia sem ela.

Ele começou a orar: “Deus, por favor não leve minha mãe embora, por favor não leve a minha mãe.” Ele a viu passar de 83 quilos para 25 e, em outubro de 1968, a maior força da vida deste frágil menino respirou pela última vez. Foi um dia muito solitário na vida de David Ring.

Quando David perdeu sua mãe, ele perdeu toda a esperança e con- fiança em tudo. Ele estava tão sozinho que queria morrer. Durante os dois anos seguintes, ele passou pela casa de cada membro da família, sem nenhum lugar para chamar de lar. Ele sofria dor física, humilhação pública e um desencorajamento profundo.

David, até hoje, lembra-se bem das pessoas rindo da sua fala e da sua dificuldade para andar. Ele já participou de centenas de palestras, espa- lhando a história de sua vida: “Não é engraçado ser motivo de piada. Você pode imaginar que, a cada vez que você abre sua boca para falar, alguém lhe chama de todos os nomes, menos o seu próprio nome?” Para ele, a vida era quase impossível de ser tolerada.

David continuou perdendo a esperança em tudo e em todos – espe- cialmente em Deus. Ele cria que Deus o tinha abandonado e esquecido. Em absoluto desespero, David foi a uma igreja em uma noite de quinta- -feira, em abril de 1970.

Naquela noite, ele entrou na igreja esperando uma coisa e saiu ten-do vivido outra totalmente diferente. Lá, David encontrou a alegria e a esperança que procurava ao aceitar Cristo em seu coração. Deus não era mais uma religião para David; ele agora tinha um relacionamento


pessoal com Ele. Encarando obstáculos que pareciam ser insuperáveis, David mila-grosamente saiu daquela noite não como uma vítima, mas como um

vitorioso! A vida estava pior do que não ter esperança até que ele come- çou seu relacionamento com Jesus Cristo, que o ensinou a ter respeito por si próprio e aceitar a sua condição.

Para a maioria das pessoas, desafios físicos dessa magnitude prova- riam ser uma lápide. Para David Ring, esta chegada à maturidade foi e permanece sendo um marco espiritual. Deus tinha planos maiores para David Ring!

Depois de David ter recebido a Cristo em seu coração, uma tremen- da transformação em sua atitude aconteceu e ele colheu os resultados positivos dessa incrível mudança. O corpo de alunos de seu colégio o elegeu o aluno mais popular, o Sr. “Espírito Escolar”, e o vice-represen- tante de sua classe. Ele foi o supervisor do ano no futebol, no basquete e nas trilhas durante seu último ano! Depois da formatura, David foi para a faculdade e cursou bacharelado em religião e sociologia na William Jewell College em Libery, Missouri.

Em 1971, antes de seu ano como calouro da faculdade, David respondeu ao seu chamado para a pregação. Ele pregava todos os finais de semana enquanto ia para a escola, e dois anos mais tarde, se dedicou ao evangelismo em tempo integral.

David começou a ministrar com a história de sua vida. Embora di- fícil de entender à primeira vista, seu público foi capturado por sua in- teligência rápida, personalidade amigável e sinceridade genuína. Dando seu testemunho inspirador nas igrejas ou apresentando um discurso motivacional em convenções, David sempre se foca nas necessidades individuais para conquistar os desafios pessoais e adversidades da vida.

Independente de quem fosse, o seu público chorava e ria ao ouvir a história da vida de David. Eles ficavam impressionados com seus triun- fos sobre as adversidades. Eles também eram confrontados a considerar a própria vida. Para aqueles que não tinham nenhuma limitação física, David perguntava claramente, em um tom provocador: “Eu tenho paralisia cerebral. Qual é o seu problema?”

Durante aqueles primeiros anos, quase todo mundo tentou desen- corajar David. Ele foi até mesmo rejeitado por um famoso seminário


por causa de sua paralisia cerebral. No início ele ficou desapontado. En- tretanto, logo percebeu a fidelidade de Deus em um grau nunca antes experimentado por ele. Deus tinha grandes planos para David Ring.

Palestrante nacionalmente conhecido desde 1973, há anos David compartilha sua história com mais de cem mil pessoas, em igrejas, con- venções, escolas e eventos corporativos. Ele já falou em mais de seis mil lugares desde que começou no evangelismo.

David foi desanimado, inclusive, por seus irmãos, que diziam diaria- mente que ele nunca encontraria uma esposa. Eles lembravam a David que nenhuma mulher em seu juízo perfeito poderia amá-lo da forma como uma mulher deve amar um homem. Entretanto, Deus tinha uma maravilhosa provisão guardada para ele!

Enquanto dirigia um culto em St. Charles, Missouri, ele conheceu uma linda menina de dezoito anos de idade que se tornou sua esposa. David e Karen uniram-se em matrimônio dois anos mais tarde, em 5 de setembro de 1981. A fidelidade de Deus é tão real para eles. Eles estão casados há mais de vinte e seis anos. Nada está terminado até que Deus tenha proclamado o fim. Deus tinha um plano poderoso para a vida de David desde o início.

David também foi informado por seus médicos que nunca poderia ter filhos. Entretanto, Karen engravidou apenas três semanas após o ca-samento. David nunca esquecerá a ligação que recebeu de Karen naquela bela tarde de outono, no mês de outubro. Naquele dia, ela disse a ele que tinha ido ao médico, e ele confirmou que ela estava grávida. Deus tinha entrado com uma provisão milagrosa mais uma vez! Agora eles são os orgulhosos pais de quatro crianças lindas e saudáveis: April, Ashely, Nathan e Amy Joy. April está casada e, em pouco tempo, David e Karen serão avós.

Há muitos pregadores que falaram para David que ele não poderia ter sucesso no evangelismo. Já se passaram trinta e cinco anos, e ele está cada vez mais forte. A verdade absoluta é que todas as coisas são possí- veis com Deus. Hoje, David prega quase duzentas vezes por ano, mas recebe mais de trezentos convites para pregar. Ele também é convidado para muitos programas de televisão em rede nacional.

Recentemente, ele foi convidado do programa de rádio Focus on the Family [Foco na Família], do Dr. Dobson. O apresentador comparti-


lhou com David que quando eles veicularam esta edição do programa, quase dois milhões e duzentos mil ouvintes ouviam as histórias de sua vida.

Mais do que nunca, David acredita que ele podia ter morrido aos dezoito minutos de vida; entretanto, ele renasceu para servir ao Senhor. O que o diabo usa para o mal, Deus usa para o bem. A paralisia cerebral definitivamente não é um obstáculo ou motivo de incapacidade para David; é uma oportunidade de ganhar almas para Cristo.

Ele poderia ter permitido que sua aflição o detivesse ou impedisse de alguma forma, se assim escolhesse. Ao invés disso, ele escolhe a cada manhã usar a paralisia cerebral como sua plataforma para compartilhar com sua audiência que há esperança para todo mundo, não importa quão desencorajadora seja a situação.

David acredita assim como Paulo, em Filipenses 1:12: “Quero que saibam, irmãos, que aquilo que me aconteceu tem, ao contrário, servido para o progresso do evangelho.” Independente do que você esteja passando em sua vida, sempre há esperança em Cristo.

Ele desafia pessoas por todo o país a pararem de ir à festa da autopie- dade, porque ninguém mais se revela, só elas mesmas. David acredita que é hora de sair dos padrões e começar a servir a Deus nas igrejas e nas comunidades. David muitas vezes diz que, se Deus pode usá-lo, então pode usar qualquer um.

Deus tinha outros planos para David Ring! Lembro-me das palavras de Paulo, em Romanos 8:35, 37:

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Mas, em todas estas coisas somos mais que vence- dores, por meio daquele que nos amou.

—Romanos 8:35, 37

Espere por problemas, mas não permita que esses obstáculos o sepa- rem das promessas do seu Deus no caminho para Seus planos e provi- sões sobrenaturais para sua vida.

Em 8 de Novembro de 1970, aconteceu um jogo difícil entre o New Orleans Saints e o Detroit Lions. O jogo estava sendo decidido ponto a


ponto, e o resultado só sairia nos últimos segundos de jogo. A multidão arfou ao perceber que o Saints tentaria um gol de cam-

po, a uma distância de cinquenta e sete metros. Tentar fazer algo que nunca tinha sido feito na história da humanidade demandaria que o jogador fosse um Golias. A multidão procurava por um homem que calçasse 45 e que tivesse um peito tão grande quanto a traseira de um caminhão Mack Truck.

Mas ao invés disso, eles viram um homem correndo pelo campo, sem dedos na sua mão direita, sem dedos em seu pé direito, e somente com a metade do pé que usou para chutar.

Quando Tom Dempsey chutou aquela bola e fez o gol, ele fez histó- ria no futebol americano profissional e atingiu um novo recorde mun- dial!1

A linda lição a respeito de Tom Dempsey não é que ele ganhou o jogo nos últimos segundos, mas que ele viu um obstáculo e se recusou a ser limitado por ele!7

Alguns dos maiores homens e mulheres encontraram deficiências e adversidades, ainda que tenham superado esses obstáculos e os usado como degrau para chegarem a seu destino divino.

Pense em uma mulher tetraplégica e você terá Joni Eareckson Tada. Prenda um homem em uma cadeia, e ainda assim você terá José, Daniel ou o apóstolo Paulo. Enterre-o na neve do Vale Forge e você terá Geor- ge Washington. Ensurdeça um compositor genial e você terá Ludwing van Bethoven. Faça-os nascer negros em uma sociedade cheia de discri- minação racial e você terá Booker T. Washington, George Washington Carver e Martin Luther King Jr. Faça-o nascer de pais que sobreviveram ao acampamento nazista, paralise-o da cintura para baixo aos quatro anos de idade e você terá Yitzhak Perlman, incomparável violinista.

N.T.: Mack Trucks – fabricante de caminhões da Carolina do Norte, EUA.


Chame-o de disléxico e ateste sua deficiência mental e você terá Albert Einstein. 8

Cristo não veio para abolir o sofrimento:

Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu e, uma vez aperfeiçoado, tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

—Hebreus 5:8-9

Ele não veio para explicar as dificuldades:

Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos em que você dirá: “Não tenho satisfação neles”;

—Eclesiastes 12:1

Ele veio para encher a agonia com Sua presença:

Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente; e o seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão.

—Lucas 22:44

Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória.

—Judas 24 [Almeida Corrigida Revisada Fiel]


os desafios da vida

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