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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

A INTERTEXTUALIDADE NA LITERATURA: UMA VIAGEM NO TEMPO Sheila Magali Peçanha Bona

RESUMO: Este trabalho de pesquisa teve por objetivo desenvolver o gosto

pela leitura, não uma leitura de decodificação, como subterfúgio para aulas de

gramática, ou mesmo como pré-requisito para leitura oral. O que se buscou foi

o comprometimento com a leitura, a interpretação dos textos nas suas

entrelinhas, o dito e não dito dentro do texto. Percebeu-se que os alunos do

Ensino Médio lêem diariamente, porém, nem sempre o que o professor deseja

que seja lido. Neste universo das palavras encontradas no mundo do leitor,

principalmente nas mídias que hoje povoam o dia a dia de quase todas as

pessoas, nem sempre a leitura é cognitiva e eficiente, posto que na maioria das

vezes ela seja automática e superficial. Mas se os alunos lêem, cabe ao

professor de Língua Portuguesa aproveitar esse mecanismo e interferir de

forma relevante na leitura interpretativa efetivada pelos seus alunos, levantar

fatos sobre o desempenho da leitura em sala de aula e seus aspectos

determinantes, torná-la atrativa dando condições para que o aluno discuta suas

ideias, pois este deve trazer consigo suas experiências de mundo para efetivar

a leitura. Para isso utilizamos o gênero musical junto com a poesia e a

narrativa, tendo em vista que as letras de músicas são unidades textuais, que

contagiam todas as pessoas e que junto com a poesia, textos literários e outros

podem enriquecer e muito as aulas, não só de Língua Portuguesa, como

também de outras disciplinas. Buscamos também destacar que as letras de

músicas assim como os textos literários são atemporais e povoam o universo

linguístico da humanidade há muito tempo. Portanto, torna-se muito mais

prazeroso e interessante para o aluno essa intertextualidade e essa análise

textual feita através das letras musicais.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Interpretação Textual. Intertextualidade.

INTRODUÇÃO

O projeto de Intervenção Pedagógica do PDE 2013 intitulado “A

Intertextualidade na Literatura: Uma viagem no tempo” trouxe em seu contexto

textos literários, poéticos e letras de músicas com o intuito de justificar-se como

norteador de interesses e de compreensão textual. Percebeu-se em turmas de

3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Stelmachuk, que faltava

ao aluno uma leitura interpretativa de textos, pois estes não possuíam uma

efetiva percepção das nuances encontradas, e não reconheciam as diferenças

e as similaridades dos textos que povoam o seu cotidiano, sejam eles escritos

ou não.

Com o mundo digitalizado este aluno está se prendendo a excessos de

informações, porém falta-lhe o devido conhecimento para efetivar uma leitura

interpretativa, crítica e ampla, e neste contexto, por muitas vezes, sua leitura

perde-se com futilidades. Também propomos aproximar o aluno do Ensino

Médio a uma leitura acadêmica dos textos, a interpretação sem devaneios, a

leitura das entrelinhas, para que o mesmo encontrasse os significados, as

lisuras que o texto possui e passasse assim a reciclar mais seus interesses

tendo em vista a boa leitura. Buscou-se a percepção por parte do leitor de que

a literatura somente existe, pois está sempre presente no universo do leitor e

que não existe tempo nem espaço para que a música e a poesia contagie o

espírito humano, notasse que é necessária leitura para uma visão menos

ingênua do que lhe é apresentado. Descobrisse que não importa qual tempo se

pertença, o ser humano sempre busca a sua essência, o amor, a perfeição, a

ideologia, para que lhe valha o direito de existir e fazer parte de uma história.

Não foi, porém, interesse desse trabalho afirmar que apenas o aluno de

Ensino Médio tem dificuldades em compreender as ideologias que estão

inseridas nos textos, pois o ato da leitura não é uma condição unicamente dos

alunos do Ensino Médio, essa dificuldade é encontrada em outros níveis

educacionais, de acordo com Cunha (1982, p.66):

[...] a leitura – seja qual for seu objetivo- é uma atividade bastante

complexa cuja metodologia de ensino (a partir da alfabetização) tem

variado grandemente. Podemos dizer, no entanto, que não só no

Brasil como em quase todo mundo novos métodos – mesmo os mais

sofisticados - não tem surtido o efeito esperado: são constantes as

queixas que até o universitário lê pouco e mal.

Não se pode dizer que os alunos não lêem, eles lêem, porém nem

sempre estão em contato com a leitura acadêmica, a interpretativa, a crítica, a

que fará a transformação do sujeito social. É uma leitura quase que sem

percepção por parte do leitor, praticamente autômata e é isso que deve ser

mudado na dinâmica de sala de aula, o aluno precisa compreender o devido

valor da leitura em sua vida, não apenas como prazer, ou uma necessidade

imediata, mas com a devida importância que ela denota na formação de um

indivíduo atuante na vida e na sociedade. Como observa Silva (1990a, p.64):

“Sabe-se que todas as pessoas “pseudo” alfabetizadas lêem é algo que se faz

diariamente e isso é inegável”.

Porém, para que se tenha uma leitura interpretativa se faz necessário

saber qual a sua finalidade, ou seja, porque as pessoas lêem. Podemos citar

como tipos de leitura as imediativas aquelas que são efetivadas quando o leitor

precisa apropriar-se do conhecimento exterior, placas, outdoors, logotipos de

marcas nacionais e estrangeiras assim como sinais e avisos de uso universal

para que possam interagir na sociedade. A leitura profissional utilizada dentro

do ambiente de trabalho, os leitores passam grande tempo de suas vidas lendo

textos relacionados ao seu trabalho diário, como cartas, rascunhos, relatórios,

extratos bancários entre outros, a leitura para mera informação e a de

descontração que é utilizada pelos leitores como uma forma de satisfação

intelectual quase que imediata, e necessita de conhecimento prévio para se

chegar ao resultado mais rápido.

O que se espera do leitor é que exerça um papel atuante no momento

da leitura, que faça inferências e dialogue com texto buscando a sua

compreensão do mesmo, que faça mediações temporais, sociais, geográficas,

culturais dentro de diferentes textos a serem desenvolvidos, que conheça a

pluralidade dos textos e as várias facetas que lhe são apresentadas, pois é

através dos textos literários que se tem uma compreensão de mundo, de

tradições e de cultura. Faz-se necessário que a leitura seja compreensiva para

que o leitor possa fazer inferências dentro do texto utilizando-se do seu

conhecimento de mundo, pois o conhecimento que o leitor traz para dentro do

texto é de grande importância e é através dele que se constrói a efetiva leitura.

E isso lhe é garantido através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece no TÍTULO I,

da Educação, no Art. 1º:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

Esta mesma lei na Seção IV, Art. 35º. nos diz que:

O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania.

De acordo com Silva (1990, p.64):

[...] as famílias mandam seus filhos para a escola, por vários motivos e entre eles “o aprender a ler” e, em função desse trabalho, o “ ler para aprender”. Quer dizer. Conseguir uma capacitação para compreender os diferentes tipos de texto que existem em sociedade e, assim, poder participar da dinâmica que é própria do mundo da escrita. Essa expectativa social deve ser assumida e cumprida pela escola através das ações docentes e das práticas curriculares, tendo os professores de observar criticamente o que ocorre em sociedade.

Nesta perspectiva de ensino aprendizagem e formação do leitor cabe

à escola propiciar este momento de interação entre o texto escrito e o

entendimento das várias formas de linguagens, pois o ser é moldado conforme

as experiências que são adquiridas em seu conhecimento de mundo. Como o

ser humano tem uma atração inata pela música é através dela que este projeto

de leitura pretendeu cativar os alunos e como os textos eram conhecidos se

tornou mais fácil o entendimento e a análise dos mesmos buscou-se nas

atividades de sala de aula uma inter-relação entre os textos literários, a poesia

e a música e assim as análises se tornaram mais atrativas e dinâmicas

desencadeando um gosto mais apurado pela leitura e a interpretação variada.

Silva (1990, p.66) diz que:

Em termos metodológicos, ao submeter um texto à curiosidade dos leitores, devo criar situações que lhes permitam constatar determinados significados, refletir coletivamente sobre os significados atribuídos e transformar os significados. A escola chamava a estes três momentos de ler as entrelinhas, ler nas entrelinhas e ler para além das linhas. A fenomenologia diz que o leitor, pelo processo da constatação, verifica o sentido primeiro do texto; no cotejo ou reflexão, ele conclui que há sentidos no texto; e na transformação, ele gera mais sentidos ao texto, daí dizemos que, o sujeito – leitor, cria , recria, reescreve ou produz um “outro” texto, resultante de sua história, das suas experiências, do seu potencial linguístico etc.

Cabe aos professores de língua portuguesa viabilizar uma leitura mais

crítica, e de qualidade, pois é a leitura um dos meios mais importantes da

evolução da humanidade e é através dela que se pode satisfazer os interesses

intelectuais e tornar-se um cidadão atuante, menos ingênuo num mundo

capitalista, serve para que o mesmo possa ter condições de defender-se de

possíveis armadilhas encontradas no decorrer de sua vida, possibilitando uma

transformação da sua realidade, seja ela econômica social ou política.

1. A LEITURA E O LEITOR:

A leitura é o que nos diferencia intelectualmente, e é através desse

processo complexo e abrangente, que formamos indivíduos críticos em sua

prática social. É através dela que formamos nossa individualidade e adquirimos

um conhecimento de mundo e desenvolvemos o nosso pensamento. Então de

acordo com Leffa (1996, p.11-16):

A leitura não é interpretada como um procedimento linear, onde o significado é construído palavra por palavra, mas como um procedimento de levantamento de hipóteses. O que o leitor processa da página escrita é o mínimo necessário para confirmar ou rejeitar hipóteses. Os olhos não veem o que realmente está escrito na página, mas apenas determinadas informações pedidas pelo cérebro. A compreensão não começa pelo que está na frente dos olhos, mas pelo que está atrás deles. A palavra "nós", por exemplo, poderá ser entendida como o plural de "nó" ou como o pronome pessoal, dependendo do que o cérebro mandou o olho buscar, baseado naturalmente no contexto em que se encontra a palavra. “A riqueza da leitura não está necessariamente nas grandes obras clássicas, mas na experiência do leitor ao processar o texto”. O significado não está na mensagem do texto, mas na série de acontecimentos que o texto desencadeia na mente do leitor. Podemos dizer que o leitor precisa possuir além da competência sintática, semântica e textual, uma competência específica da realidade histórico-social refletida pelo texto.

Com o intuito de desenvolver uma leitura interpretativa e eficiente é

necessário criar alternativas para que o aluno possa ler as entrelinhas dos

contextos que lhe forem apresentados, observando todos os aspectos

impostos pelo autor e utilizando-se de critérios lógicos para entendê-lo sem

“achismos” respeitando a veracidade do texto e desenvolvendo através da

intertextualidade, poesia, textos literários e música, um olhar mais atento e

crítico para que os jovens possam tornar mais atrativa a leitura de textos

variados e tornar possível que percebam as diferenças e similaridades

textuais, que saibam que os bons textos são atemporais e seus temas estão

sempre presentes na memória do bom leitor.

Buscar o comprometimento com a leitura, a interpretação dos textos

nas suas entrelinhas, o dito e não dito dentro do texto. E ao professor de

Língua Portuguesa resta aproveitar esse mecanismo e interferir de forma

relevante na leitura interpretativa efetivada pelos seus alunos, levantar fatos

sobre o desempenho da leitura em sala de aula e seus aspectos

determinantes, torná-la atrativa dando condições para que o aluno discuta

suas ideias, pois este deve trazer consigo suas experiências de mundo para

efetivar a leitura. De acordo com Fregonezi (1993, p.190):

A leitura é uma atividade essencial na vida do homem do nosso século. É através dela que se obtêm informações, que se entra em contato com as novas descobertas, que se aprende a regular os comportamentos do homem em seu convívio social... Enfim, se fossemos enumerar todos os momentos de nossa vida em que a leitura se faz presente, não haveria certamente, limites de espaço.

Todas as pessoas possuem um repertório cultural na sua história de

vida, a sua origem familiar, o seu grupo social, local de trabalho, lugares que

visitou pessoas que conheceu assuntos que ouviu e ou participou, filmes,

livros, revistas, jornais, músicas que viu, leu, ouviu, enfim tem uma vasta

experiência, sejam elas afetivas profissionais ou geográficas, portanto vem

acrescentando a sua vivencia o seu conhecimento de mundo o qual deve ser

levado em consideração no ato da leitura. As Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Estado do Paraná (DCE, 2008) remetem-nos as seguintes

considerações sobre a leitura:

[...] é importante que os professores tenham claro que o método no confronto entre contextos sócio - históricos, é a distinção temporal entre as experiências do passado e as experiências do presente. Esse método também considera outros procedimentos, além das relações de temporalidade, tais como a contextualização social e a contextualização por meio da linguagem isto é, o leitor traz de sua vivência muitas informações que são relevantes para que haja aprendizagem, pois não se pode ignorar o conhecimento prévio que o educando possui e reaproveita-lo para aprimorar seus conhecimentos e fazê-lo pensar criticamente buscando um aperfeiçoamento cognitivo para a efetivação da leitura acadêmica.

Desse modo, para Silva (1990, p.67): “a leitura é uma prática dinâmica,

viva, democrática e produtiva”. Assim como para Lopes (2002, p.151-152): “[...]

a leitura é um processo de ensino que deve transmitir aos alunos a lógica do

conhecimento de referência. [...] é do saber especializado e acumulado pela

humanidade que devem ser extraídos os conceitos e os princípios a serem

ensinados aos alunos”. Silva (1990, p.66) diz que:

Em termos metodológicos, ao submeter um texto à curiosidade dos leitores, devo criar situações que lhes permitam constatar determinados significados, refletir coletivamente sobre os significados

atribuídos e transformar os significados. A escola chamava a estes três momentos de ler as entrelinhas, ler nas entrelinhas e ler para além das linhas. A fenomenologia diz que o leitor, pelo processo da constatação, verifica o sentido primeiro do texto; no cotejo ou reflexão, ele conclui que há sentidos no texto; e na transformação, ele gera mais sentidos ao texto, daí dizemos que, o sujeito – leitor, cria , recria, reescreve ou produz um “outro” texto, resultante de sua história, das suas experiências, do seu potencial linguístico etc.

Então no que se diz respeito à leitura e a interpretação textual o que se

buscou foram propostas voltadas a análise de textos que possibilitassem a

estruturação do pensamento lógico, objetivo e claro, para que isso acontecesse

foi necessário que o aluno estivesse apto para o processo de entendimento da

leitura proposta, assim como a leitura deve preencher as lacunas de

conhecimento que o aluno possui para que haja um entendimento do que o

texto propõe. Dessa forma Leffa (1996 p.17) afirma que:

O leitor precisa possuir, além das competências fundamentais para o ato da leitura, a intenção de ler. Essa intenção pode ser caracterizada como uma necessidade que precisa ser satisfeita, a busca de um equilíbrio interno ou a tentativa de colimação de um determinado objetivo em relação a um determinado texto.

Portanto, a verdadeira leitura só é possível quando o aluno tem a

intenção de ler ou é levado a ter tal interesse por uma atividade educativa

prazerosa, quando tem um conhecimento prévio de mundo e faz uma ligação

do real com os signos dispostos na sua mente para interagir diretamente com o

texto. Quando encontra objetividade no uso da língua e na leitura dos contextos

que povoam seu mundo.

2. INTERTEXTUALIDADE NO ENSINO DE LITERATURA

A intertextualidade é uma forma de relação entre os textos e é

constituinte da leitura, tudo que falamos ou lemos faz parte de algo que já foi

dito ou escrito anteriormente. A intertextualidade constitui um emaranhado de

ideias, é a voz do outro dentro dos textos. Ela permite uma retomada dos

textos literários, das letras de músicas e das poesias que nunca saem de

moda, pois a literatura trabalha com o sentido textual e seus temas estão

sempre presentes na memória do leitor retomando-os de tempos em tempos

para reelaborá-los dando espaço para se fazer o novo. Para Koch (2003, p.59):

O texto redistribui a língua. Uma das vias dessa reconstrução é a de permutar textos, fragmentos de textos, que existiram ou existem ao redor do texto considerado, e, por fim, dentro dele mesmo; todo texto é um intertexto; outros textos estão presentes nele, em níveis variáveis, sob formas mais ou menos reconhecíveis.

De acordo Antunes (2003, p.77 Apud. LDB, p.73) é preciso ter em

mente, ainda, que “o grau de familiaridade do leitor com o conteúdo veiculado

pelo texto interfere, também, no modo de realizar a leitura”.

E através dessas argumentações percebemos que o leitor precisa fazer

inferências sobre o texto que está lendo, pois existe um diálogo dentro dos

textos e esses devem ser observados pelo leitor, para que se efetive a devida

leitura, isto se dará através de citações, alusões, referências, do que está

explícito e implícito dentro do texto. E através dessa visão de mundo o leitor

perceberá que através da leitura pode apropriar-se do universo do escritor e

aumentar seu poder de argumentação ampliando e melhorando sua visão do

mundo. De acordo com Koch (2004, p.145):

[...] essa “(inevitável) presença do outro naquilo que dizemos ou escrevemos”, ou seja, a intertextualidade é um recurso argumentativo que pode estar explícito ou implícito, mas que certamente requer a ativação do texto-fonte na mente do leitor no intuito de orientar a compreensão daquilo que se lê.

O conhecimento do universo da leitura se faz necessário para que o

aluno perceba o significado do texto, que aquilo que lhe parece sem sentido

seja problematizado e apreendido, que perceba que os textos lidos tem relação

um com o outro e que são compreendidos à medida que aumenta a sua

capacidade de leitura e entendimento, isto é quanto mais o aluno lê mais

aumenta sua capacidade de interpretação e de relação intertextual, mais essa

importância deve ser percebida pelo próprio aluno para que o estudo da análise

textual encontre sentido.

Cabe ao professor ser esse intermediário das relações textuais

proporcionando ao aluno uma leitura ampla, com várias visões de mundo, pois

os mesmos textos são relatados diariamente, em jornais, revistas, emissoras

de televisão ou rádio difusoras, e cada uma possui sua visão e/ ou seus

interesses na verdade a ser informada. Para tanto os Parâmetros Curriculares

do Ensino Médio os PCNEM dispostos dentro da LDB (p.47), nos remete a

Frederico; Osakabe (2004, p.79): “A experimentação literária torna-se assim

uma exigência ética da escola. É um momento do exercício de percepção e de

incorporação de um tipo de discurso ou comportamento linguísticos que

correspondem ao exercício pleno da liberdade criadora. Por seu acesso, o

aluno conseguirá perceber e exercitar as possibilidades mais remotas e

imprevistas a que a sua Língua pode remeter”.

O autor carrega o texto com pistas, inferências, marcas para que este

seja melhor entendido, usa de artimanhas linguísticas para deixar em seu texto

suas percepções e sua visão de mundo. O leitor crítico precisa reconhecer

estas pistas e perceber nas suas nuances o que realmente o autor quer dizer,

se concorda ou discorda, se aceita ou não as ideias propostas pelo autor. O

leitor deve encontrar coerência dentro do texto e perceber se o mesmo faz

sentido. A coerência do texto vai depender de cada situação, dos sujeitos

envolvidos e de suas intenções Lajolo (2001, p.45, apud, LDB, p.71) afirma

que:

Somente uma leitura aprofundada, em que o aluno é capaz de enxergar os implícitos, permite que ele depreenda as reais intenções que cada texto traz. Sabe-se das pressões uniformizadoras, em geral voltadas para o consumo ou para a não reflexão sobre problemas estéticos ou sociais, exercidas pelas mídias. Essa pressão deve ser explicitada a partir de estratégias de leitura que possibilitem ao aluno “percepção e reconhecimento – mesmo que inconscientemente – dos elementos de linguagem que o texto manipula.

E na visão de Cosson (2009, p.120):

Ser leitor de literatura na escola é mais do que fruir um livro de ficção ou se deliciar com as palavras exatas da poesia. É também posicionar-se diante da obra literária, identificando e questionando protocolos de leitura, afirmando ou retificando valores culturais elaborando e expandindo sentidos.

O aluno deve ter condições de compreender aquilo que lê e buscar no

seu cognitivo todo conhecimento depositado em sua mente como: tempo,

espaço, a ideologia do autor, as referências anteriores e as referências de

universo que o leitor possui, para fazer as relações corretas e entender os

textos que lhe são apresentados para assim efetivar a transformação da sua

realidade social.

3. METODOLOGIA

A presente sequência didática foi desenvolvida em turmas de 3ª série

do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Stelmachuk de União da Vitória, e

foi dividida através de unidades.

A primeira unidade foi apresentada através de conversa e discussão

com os alunos com o tema “Conversando e entendendo o porquê aprender

leitura na escola”; a segunda unidade intitula-se “O texto não tem um tempo

determinado, ele apenas existe”; a terceira “O nordeste chora a sua tristeza

através da literatura” e a quarta “A subjetividade no texto, o dito e não dito...”.

As unidades foram divididas por atividades com o intuito de propiciar exercícios

de leitura para que o aluno pudesse ler as entrelinhas dos contextos que lhe

foram apresentados, observando todos os aspectos impostos pelo autor e

utilizando-se de critérios lógicos para entendê-lo, sem “achismos” respeitando a

veracidade do texto. Para tanto foram utilizados letras de músicas e textos

literários, para uma leitura crítica e interpretativa das mesmas e por fim se

buscou o paralelo entre os tempos em que foram apresentados os diferentes

tipos de textos, as similaridades e as diferenças entre eles, a intertextualidade

encontrada. Utilizamos textos escritos, vídeo clips com as músicas, fazendo

uso da sala de multimídia para pesquisas e construção de trabalhos que foram

apresentados, discussões em duplas, pequenos grupos e debates, assim como

mesa redonda.

Os alunos fizeram murais das atividades, discutiram com os pais os

assuntos enfocados e trouxeram para sala no dia seguinte as conclusões

tiradas dessas discussões. Foram feitas leituras diversas sem a nossa

interferência direta, e após as discussões realizadas é que expressamo-nos

sobre o texto, embasado em estudos sobre os autores sugeridos neste trabalho

que foram: Luís Vaz de Camões, Renato Russo, Coríntios, Marisa Monte e

Carlinhos Brown, Zé Ramalho, Graciliano Ramos, Alphonsus de Guimaraens,

Banda Coldplay e Murilo Rubião.

Como amparo teórico dentro do contexto literário deram–nos suporte

de leitura os autores Geraldi (1990), Silva (1990), Fregonesi (1993), Leffa

(1996), Cunha (1982), Cosson (2009), Lajolo (2001), Koch (2003), a LDB e

PCNEM, entre outros, também valeu a nossa compreensão de mundo para

desempenhar o papel de articuladora e servi de ponto de ligação entre o texto

e o aluno.

O aluno reviu suas análises após a discussão com colegas e conosco,

e assim pode perceber se as nuances que o texto apresentava, se o dito e não

dito dentro do texto foram percebidos por ele mesmo ou pelo grupo. E quando

as possibilidades foram esgotas, então apresentamos novos textos para novas

análises.

Lembramos que esses textos podem atender a um interesse explícito

do professor ou não, podendo ser meramente para dar prazer à leitura, pois

este projeto não teve como finalidade aulas de gramática nem de leitura oral,

afinal:

[...] do ponto de vista pedagógico, não se tratava de ter no horizonte a leitura do professor ou a leitura historicamente privilegiada como parâmetro de ação; importava diante de uma leitura do aluno, recuperar sua caminhada interpretativa, ou seja, que pistas do texto o fizeram acionar outros conhecimentos para que ele produzisse o sentido que produziu; e é na recuperação desta caminhada que cabe ao professor mostrar que alguns dos mecanismos acionados pelo aluno podem ser irrelevantes para o texto que se lê, e, portanto, sua “inadequada leitura” é consequência deste processo e não porque se coaduna com a leitura desejada pelo professor”. (GERALDI, 1997, p.188 Apud LDB. p.72)

Formar leitores ávidos, interessados que tenham a percepção de que a

leitura não é uma obrigação, mais uma necessidade humana, que pode ser

prazerosa e que através dela se formulam mecanismos, se constroem os

alicerces para entender como o mundo interage, quais são as ideologias

dominantes, formar pessoas leitoras que capazes intelectualmente possam

distinguir o que é bom do que não é, que tenha capacidade de interagir dentro

do universo social, que possam determinar suas vidas na sociedade.'

3.1 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

As atividades de Implementação Pedagógica do nosso trabalho PDE

intitulado “A Intertextualidade na Literatura: Uma viagem no tempo”, tiveram

início no dia 05 de fevereiro, quando foi apresentado para o coletivo da escola

e para os professores do Colégio Giuseppe Bugatti que estavam fazendo a

Semana Pedagógica no mesmo colégio.

No dia 13 de fevereiro teve início a implementação do projeto na 3ª.

série A do período matutino. Na primeira unidade utilizou-se doze horas de

estudos iniciou com um breve comentário sobre o projeto, depois os alunos

responderam um questionário, o qual não foi corrigido nem recolhido por nós,

ficando com os alunos para posterior averiguação. O objetivo foi discutir qual a

importância do estudo da leitura na vida dos indivíduos, para quê e o porquê da

língua portuguesa está inserida no currículo educacional. Foram feitas análises

das questões por nós sugeridas. A construção de ideologias foi realizada

individualmente e depois em duplas.

Apresentações em grande grupo. Os alunos discutiram as respostas

feitas e chegaram a um consenso. Após as respostas dos alunos interagimos

com os mesmos para não deixar nenhuma dúvida sobre o assunto.

A segunda unidade precisou de quatorze horas “O texto não tem um

tempo determinado, ele apenas existe”, na qual trabalhamos a música do grupo

Legião Urbana “Monte Castelo” da década de 1980, a poesia de Luís Vaz de

Camões ano de 1595 “O amor é fogo que arde sem se ver” e a Bíblia em

Coríntios c.13 “Excelência da Caridade”. Para ilustrar que a poesia se faz

presente na vida do homem desde os primórdios, pois muitas vezes o que se

ouve e canta nos dias hoje e que se tem por novo, por moderno, já foi fonte de

inspiração de outros, e que pode ser dito, lido ou interpretado de acordo com o

tempo e o leitor. E que este mesmo texto já esteve presente em momentos da

vida de pessoas que já não fazem parte deste plano há muito tempo.

Em cada aula foi trabalhado primeiramente a biografia do autor com

fotos e suas respectivas obras, depois os alunos assistiram ao videoclipe,

reconheceram a música, e fizeram suas considerações, assim se seguiu com a

poesia de Luiz Vaz de Camões e finalmente com o texto bíblico de Coríntios.

Sugerimos aos alunos uma relação entre o texto e a imagem que cerca

a poesia. Os alunos puderam criar novas perspectivas de imagens para

adornar o poema de Camões.

Pedimos que os alunos trouxessem suas bíblias no dia seguinte e

trouxe outras para aqueles que não as tinham, já aproveitei para ensiná-los a

localizar-se dentro da Bíblia. Pedimos que os alunos encontrassem o capítulo e

o versículo sugerido no texto e fizessem a leitura. Pedimos então para que os

alunos verificassem se o texto trazido estava escrito da mesma forma em todas

as Bíblias. A resposta foi “não”.

Neste caso deixamos a cargo do professor da disciplina decidir se

deseja abrir espaço para discussão, pois a questão religiosa deve ser tratada

com muita cautela pelas diferentes religiões e culturas existentes ou se deseja

passar a responsabilidade para o professor da disciplina de Ensino Religioso

ou Filosofia que podem aprofundar–se mais no assunto “as várias versões da

Bíblia”.

Depois desta discussão os alunos responderam a alguns

questionamentos feitos quanto à forma como os textos foram estruturados, sua

época , o tipo de linguagem utilizada, as antíteses, os autores que tratam do

amor e alguns exemplos de textos poéticos, tratamos da interdisciplinaridade

existente, e percebi a facilidade dos alunos em entender estas relações.

A intenção foi que o aluno percebesse que não existe tempo nem

espaço para que a música e a poesia contagie o espírito humano, notasse que

é necessária a leitura para uma visão menos ingênua do que lhe foi

apresentado. E que as ideias estão sempre sendo recriadas e reescritas de

forma nova, e que as leituras que tivemos interferem no nosso cognitivo

trazendo este tal falado conhecimento de mundo e a tal inferência que o aluno

deve ter ao ler um texto.

A terceira unidade foram trabalhados os textos “Segue o Seco”,

cantada pela cantora brasileira Marisa Monte, em 1994, composta por

Carlinhos Brown, a música de Zé Ramalho “Admirável Gado Novo” em 2005, e

alguns capítulos do romance “Vidas Secas” de Graciliano Ramos (1938), e

para ilustrar melhor o filme que trata do mesmo assunto.

A unidade “O nordeste chora sua tristeza através da literatura” levou 12

horas e poderia ter sido discutido por muito mais tempo em virtude do interesse

dos alunos. Ficamos muito felizes ao ouvir de alguns alunos que chegaram em

casa e durante o almoço ou jantar discutiram o assunto com seus pais,

acabaram trazendo essas conversas para sala de aula e perguntando a minha

posição sobre o assunto, foi muito gratificante, afinal não é para isso que

ensinamos?

No primeiro capítulo fizemos perguntas aos alunos e pedimos que

escrevessem no caderno quais eram as primeiras palavras que lhes vinham a

mente quando ouviam a palavra nordeste e nordestino depois deixamos as

palavras perdidas no caderno para serem discutidas no final desta unidade.

Apresentamos a biografia da cantora Mariza Monte e em seguida o

vídeo com a música “Segue o Seco”, enquanto a música tocava deixamos

passando imagens da seca no nordeste. E em seguida juntos lemos o texto da

música. Após a leitura, individualmente os alunos responderam alguns

questionamentos feitos em seus cadernos. E estes foram discutidos depois no

grande grupo, o mesmo foi feito com o cantor Zé Ramalho.

Para trabalhar o texto do escritor Graciliano Ramos entregamos

fragmentos do romance “Vidas Secas”, os alunos fizeram a leitura e para

ilustrar a aula levei um filme que trata da obra do livro “Vidas Secas”, porém

antecipadamente já explicamos aos alunos que não se tratava de um filme dos

quais eles estavam acostumados a ver, eles assistiram o filme, no início

acharam meio estranha a forma como o filme se apresentava, e detestaram o

toque do berrante, mas o que se esperava era que o aluno tivesse uma visão

diferenciada sobre a região do nordeste brasileiro e o nordestino.

As imagens vieram para ilustrar melhor a seca, o terreno árido e a

miséria do homem sertanejo, foram utilizadas imagens diversas e também a de

Candido Portinari “Os retirantes”, os alunos observaram as imagens

apresentadas e fizeram um paralelo entre os textos lidos e as imagens

apresentadas, para construírem textos sobre as impressões que tinham a

respeito da seca e do nordeste e o que mudou em relação ao assunto após as

leituras e discussões. O que se propôs foi uma leitura mais crítica e

contundente sobre os problemas sociais do Brasil. Os alunos já habituados

com os exercícios de leitura e interpretação feitos nas aulas anteriores

apresentaram uma gradativa evolução nos aspectos de análise dos ditos e não

ditos, assim como das intenções dos autores. Para tanto os alunos foram à

sala de informática e fizeram pesquisas para incrementar seus conhecimentos

sobre os assuntos propostos. Cada grupo organizou em slides um tópico que

tratava do nordeste e dividiram-se sozinhos de acordo com os seus interesses,

foram eles autores do nordeste, as piores secas, turismo culminado com o

choque social da pobreza, o piso salarial, os investimentos do governo, novas

ideias, quais são as regiões em que a seca é mais forte, a culinária. E

prepararam seus comentários para defender suas teorias nas apresentações

feitas através de miniaulas onde foram utilizadas todas as tecnologias

disponíveis no colégio.

Ao final das pedimos que eles retomassem as palavras que haviam

escrito e colocassem em seus cadernos quais as palavras que lhes vinham à

mente quando ouviam as palavras nordeste e nordestino. E foi muito bom ver

essas palavras se modificando.

No quarto momento foi trabalhada a poesia Simbolista “Ismália” de

Alphonsus de Guimaraens, a letra da música “Pais e Filhos”, da Banda Legião

Urbana, a música “Paradise”, da banda Coldplay, e o conto “O Convidado”, de

Murilo Rubião. Os alunos encontraram através da intertextualidade um olhar

mais atento e crítico e perceberam as diferenças e similaridades dos textos,

descobriram que os bons textos são atemporais e seus temas estão sempre

presentes na memória do bom leitor. Houve uma discussão apontando a

intertextualidade que é uma forma de relação entre os textos e é constituinte da

leitura, tudo que falamos ou lemos faz parte de algo que já foi dito ou escrito

anteriormente.

A intertextualidade constitui um emaranhado de ideias, é a voz do outro

dentro dos textos. Ela permite uma retomada dos textos literários, das letras de

músicas e das poesias que nunca saem de moda, pois a literatura trabalha com

o sentido textual e seus temas estão sempre presentes na memória do leitor

retomando-os de tempos em tempos para reelaborá-los dando espaço para se

fazer o novo. Para isso os alunos analisaram os textos propostos sem a

intervenção do professor e organizaram suas ideias, ao final das aulas fizeram

uma exposição dos contos e de suas poesias e formaram uma banda intitulada

Banda CEPS para cantar as músicas de Zé Ramalho na sala, ficamos muito

emocionados, e apresentaram uma oficina na feira multidisciplinar do colégio.

O projeto teve seu término no dia nove de maio quando os alunos

enfim retomaram as perguntas do primeiro dia de aula e puderam discutir com

os colegas as suas respostas e perceber o que havia se modificado.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desta fase de estudos PDE, podemos dizer que a Intervenção

Pedagógica será de grande valia na prática docente, pois apresentou uma

proposta efetiva e viável para ser desenvolvida nas salas de aula. Esta

pesquisa buscou abrir os horizontes da leitura para nossos alunos para que

possam observar, descrever, interpretar, formular hipóteses, argumentar,

analisar criticamente, utilizar da sua criatividade e conhecimento prévio para

compreender os enunciados.

Enfatizou as angústias dos professores de Língua Portuguesa e

demais profissionais da área, que a muito vem reclamando da falta de

interesse dos alunos em relação à leitura, que quando lêem não entendem os

enunciados, ficam na mera leitura de decodificação atrapalhando o bom

desempenho educacional.

Nesse sentido, a proposta apresentada foi trabalhada com alunos do

3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Stelmachuk, em União da

Vitória, sabedores que somos que este projeto foi apenas um exemplo de

atividades, que pode ser modificado de acordo com a turma e os interesses do

professor. Então no que diz respeito à interpretação textual, buscou-se

propostas voltadas a análise de textos que possibilitassem a estruturação do

pensamento lógico, objetivo e claro.

Propõe-se a utilização de músicas para tornar mais prazeroso o

contato com o universo da leitura, para que o aluno do ensino médio

percebesse que suas inferências, seu conhecimento prévio dos assuntos

propostos são necessários para o bom entendimento textual. Neste sentido, o

que se pretendeu realmente com este projeto de intervenção pedagógica, foi

formar leitores ávidos, interessados que tenham a percepção de que a leitura

não é uma obrigação. Pelo contrário, enfatizou-se uma necessidade humana,

que pode ser prazerosa e que através dela se formulam mecanismos, se

constroem os alicerces para entender como o mundo interage, quais são as

ideologias dominantes, formar pessoas leitoras que capazes intelectualmente

possam distinguir o que é bom do que não é que tenham capacidade de

interagir dentro do universo social, que possam determinar suas vidas na

sociedade, e que possam preservar-se de possíveis situações de desconforto

perante um mundo capitalista, para a transformação de uma sociedade menos

ingênua, que tenham capacidade de interagir e determinar seu lugar na

política, na economia e na sociedade.

Mostrar caminhos além do texto e mostrar aos alunos que existem

outros estilos literários e musicais são os nossos desafios, afinal não podemos

permitir que o nosso aluno permaneça no óbvio, no diário, no consumível,

naquilo que o rádio ou a televisão dizem que é bom. É preciso mostrar-lhes o

diferente porque a mesmice já toca na rádio.

Para trabalhar letras musicais se faz necessário conhecer a clientela e

fazer várias reflexões sobre o tema. E se pensarmos que letras de músicas

antigas não atingem os nossos alunos então o que pensar dos textos poéticos

escritos por Vinicius, Carlos Drummond, Guimarães Rosa, Alphonsus de

Guimarens e tantos outros muito mais antigos? O que dizer de leitura de

clássicos como Sagarana, Vidas Secas, O quinze, Os Maias, Memórias

póstumas de Brás Cubas, Grande Sertões Veredas, Rosinha, Minha Canoa e

tantos outros, deixaremos a cargo do aluno a sua leitura? Ou devemos contar-

lhes as histórias, criar expectativas sobre os assuntos que vagueiam nesses

livros? Acreditamos sempre na possibilidade positiva, nunca começo nada

achando que não dará certo, e acima de tudo, acredito numa educação de

qualidade.

Podemos afirmar que a proposta PDE vem acrescentar e muito na vida

do profissional da educação que renova seus conhecimentos, revê suas

práticas e ganha vitalidade para continuar no seu trabalho diário, pois a

oportunidade de estudo acarreta em mudanças positivas para toda a

comunidade educativa.

5. REFERÊNCIAS COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2009.

CUNHA, M. A. A. Leitura Questão sempre Emergente. Belo Horizonte: Suplemento Pedagógico, 1982. FREGONEZI, D. E. Atividades de Leitura na Escola. Semina: Ci. Soc./Hum, Londrina, v14, n.3, p.190-193, set.1993. GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de Português. In: O texto na sala de aula. Cascavel: Assoeste, 1990. KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2003. KOCH, I. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003. LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2001. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEFFA, V. J. Aspectos da Leitura. Porto Alegre: SAGRA, 1996. LOPES, A. C. Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio: quando a integração perde seu potencial crítico. In LOPES, A. C. e MACEDO, E. (orgs.) Disciplinas e integração curricular. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. DCE. SILVA, E. T. Leitura: Caminhos da Aprendizagem. São Paulo: FDE, 1990.