os desafios da escola pÚblica paranaense na … · que valorizem o idoso. na quarta unidade, ......
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2013
Título: Literatura e Direitos Humanos com o enfoque no idoso
Autor Sirlene da Silva
Disciplina/Área (ingresso no PDE) Língua Portuguesa – Literatura
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Helena Kolody
Município da escola Colombo
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte
Professor Orientador Raquel Illescas Bueno
Instituição de Ensino Superior UFPR
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Sociologia
Resumo
(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
Este caderno pedagógico visa a trabalhar a leitura e a valorização do ser humano idoso, demonstrando suas fragilidades nas relações interpessoais e na representação social. O trabalho terá como destaque a leitura e discussão dos contos “Feliz Aniversário”, de Clarice Lispector, e “O gato”, de Dalton Trevisan, dentre outros textos literários. Além disso, relaciona o Estatuto do Idoso com os textos literários estudados, propondo uma reflexão sobre como a literatura associada aos direitos humanos pode permitir a aquisição de atitudes e ações que contribuam para o reconhecimento e o respeito ao idoso.
Palavras-chave (3 a 5 palavras) Literatura. Direitos Humanos. Idoso.
Formato do Material Didático Caderno Pedagógico
Público Alvo
Professores e alunos do primeiro ano - Ensino Médio e Equipe Multidisciplinar.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Professora PDE: Sirlene da Silva Área PDE: Língua Portuguesa e Literatura NRE: Área Metropolitana Norte Professora Orientadora: Raquel Illescas Bueno IES vinculada: UFPR Escola de Implementação: Colégio Estadual Helena Kolody Público objeto da intervenção: Primeiro ano do Ensino Médio PÚBLICO ALVO: Professores e Alunos. AUTORA: SILVA, Sirlene da EDITORA: SEED/PR
FICHA CATALOGRÁFICA
Curitiba. Governo do Estado do Paraná. Secretaria do Estado da Educação. Caderno pedagógico: Língua Portuguesa e Literatura. – Curitiba, SEED, 2013, - 28p.
Apresentação
O presente material didático, na forma de caderno pedagógico, foi elaborado
para o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE- 2013), para as turmas do
primeiro ano do ensino médio.
O gênero conto foi o escolhido para trabalhar a leitura de textos que
reconheçam o idoso e sua importância para a sociedade, como um ser sábio, com
uma bagagem de conhecimentos e experiência de vida.
ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES
Este caderno pedagógico foi elaborado para atender alunos do 1º ano do
Ensino Médio, com fundamentação voltada para professores e alunos. Na primeira
unidade a motivação para este caderno pedagógico será com a utilização de dois
vídeos, um que trata da valorização do idoso e outro que mostra a importância da
leitura.
O primeiro é um fragmento de 3 minutos do filme Battleship, produção norte-
americana de 2012. A parte selecionada, disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=o7XbH3iz734 (acesso em 23 de outubro de 2013),
mostra a importância da experiência das pessoas mais velhas num momento de
dificuldade, quando um grupo de personagens jovens não consegue resolver um
problema. Após apresentar o vídeo, o professor debaterá com os alunos para
verificar o entendimento deles sobre as cenas assistidas. Na sequência, serão
propostas algumas questões.
O segundo vídeo mostra a importância da leitura, favorecendo o
compartilhamento de pontos de vista, que promove reflexões. Trata-se da animação
The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Ad3CMri3hOs (acesso em 07 de julho de 2013).
Após assistir ao segundo vídeo, sugere-se debater com os alunos para
verificar seu entendimento, e provocar-lhes para refletir sobre as mensagens
implícita e explícita presentes nas ações das personagens, no cenário, na trilha
sonora. Enfatizar detalhes do enredo e a força das imagens. Na continuidade, os
alunos deverão responder algumas questões.
Na segunda unidade o professor vai trabalhar o gênero literário conto. Ler
bons livros é indispensável, a literatura é um produto cultural, todos têm direito a ler
o que existe de melhor, no entanto, a leitura precisa fazer sentido para o leitor, por
isso esta leitura deve ser feita por intermédio de um mediador, pois a leitura crítica,
contextualizada, faz com que nos tornemos leitores intelectualizados. Como
podemos perceber no trecho a seguir de Petit:
entra aí um bom conhecimento de literatura e um tanto de intuição (como no caso de um livreiro que aconselha). Um pouco como um psicanalista que
propõe uma interpretação, transformando o que foi dito, eles levam uma obra, sugerem outra, percebem as reações. e são, às vezes, os próprios leitores que chamam a atenção dos mediadores quando o nível de exigência diminui. (PETIT, 2009, p. 189,190)
Sugere-se que o trabalho parta do livro Teoria do conto, de Nádia Battela
Gotlib.
Antes de fazer a leitura de um primeiro conto, perguntar aos alunos se eles
sabem alguma coisa sobre sua autora, Clarice Lispector, e se já leram alguma obra
escrita por ela. Em seguida fazer uma introdução sobre a autora e suas obras, para
então fazer a leitura do conto “Feliz Aniversário” e debater sobre o tema abordado no
mesmo.
Na terceira unidade, antes da leitura do conto o professor vai perguntar aos
alunos se já leram algum livro de Dalton Trevisan, para saber que conhecimento eles
têm a respeito deste autor e assim saber por onde começar as explicações. Em
seguida será feita a leitura do conto “O gato”, do referido autor, e um debate sobre o
tema abordado. Na sequência, responder questões pertinentes ao conto.
As leituras trabalhadas aqui serão disponibilizadas por e-mail, em slides, na
pasta de compartilhamento público e/ou impresso.
No final desta unidade promover uma roda de leitura com textos variados
que valorizem o idoso.
Na quarta unidade, o trabalho terá início com um vídeo que num primeiro
momento vai mostrar a trajetória da regulamentação do estatuto do idoso e em
seguida vai falar sobre as disposições preliminares e os sete primeiros artigos.
Após assistir o vídeo o professor irá promover um debate com os alunos
sobre as seguintes questões:
O que é o envelhecimento?
O que muda com o envelhecimento?
Quais são os obstáculos enfrentados pelos idosos?
Que direitos o idoso tem?
Como você vê a questão do idoso na sociedade?
Você já presenciou situações de desrespeito ao idoso?
Em seguida, o professor vai fazer uma atividade avaliativa, separar os
alunos em grupos, cada grupo vai fazer uma pesquisa sobre o título II do estatuto do
idoso e depois apresentação para a turma.
Num próximo momento os alunos deverão ser orientados para que
respondam algumas questões pertinentes ao estatuto que demandam leitura e
pesquisa.
A avaliação será feita de forma contínua.
Reflexões para o professor:
- A escola onde você trabalha tem no projeto pedagógico algum conteúdo
sobre a valorização do idoso?
- Como você vê a questão do idoso na sociedade?
- Você acha importante a escola trabalhar o tema “idoso e sua valorização”?
- Este trabalho fez você refletir sobre o assunto estudado?
Tema: A importância das obras de arte e da leitura como disseminação do conhecimento de histórias de vida.
Filme
Segundo a pesquisadora Isabel Solé
Com relação ao conhecimento prévio, algumas coisas podem ser feitas para ajudar as crianças a atualizá-lo. Em cada ocasião pode-se escolher o que parecer mais adequado, embora não haja inconveniente em proceder a tudo isso em um estilo mais ou menos informal. (SOLÉ, 1998, p. 105).
Iniciaremos o trabalho com uma parte do filme Battleship (disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=o7XbH3iz734), que trata da valorização do idoso,
com o objetivo de ativar o conhecimento prévio do aluno e mobilizá-lo para as
unidades seguintes.
Após assistir o vídeo, discuta com os seus colegas e professor sobre o que
você compreendeu do fragmento do filme Battleship e em seguida responda as
questões abaixo:
01 - O que você compreendeu com relação a este trecho do filme Battleship, direção
de Peter Berg?
02 - Qual a importância dos idosos neste vídeo?
03 - O que sugere o uso de ferramentas que todos achavam arcaicas, como o velho
navio? E quanto aos marinheiros aposentados?
Neste segundo momento você assistirá as imagens do vídeo The fantastic flying
books of Mr. Morris Lessmore, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Ad3CMri3hOs.
01 - Após assistir ao vídeo The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore, você
irá debater com seus colegas e professor(a), para verificar o entendimento das
cenas assistidas. Reflita sobre a mensagem implícita e explícita presente nas ações
das personagens, no cenário, na trilha sonora, no enredo, na força das imagens,
Veja também o que é autobiografia e o que propõe a pedagogia da autonomia de
Paulo Freire. Em seguida responda as questões sobre o vídeo.
Autobiografia (Você já ouviu esta palavra antes?)
Auto refere-se a si próprio.
Biografia – grafia (escrita) dos fatos da vida.
Então, pode-se dizer que autobiografia se refere à escrita das experiências da
própria vida. Se escrevo sobre minha vida e os fatos que vivencio, posso dizer que
estou escrevendo minha autobiografia.
“Paulo Freire propõe uma pedagogia da autonomia na medida em que sua proposta
está "fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando"
(FREIRE, 2000, p. 11).
A proposta da pedagogia da autonomia remete à necessidade de tornar o
aluno um sujeito autobiográfico, capaz de escrever a própria história de vida e
interferir na escrita da história de vida dos outros com os quais interage
constantemente em suas relações interpessoais. (FREIRE, Cap. IV, 1997).
02 - É possível suspeitar que o personagem principal do vídeo estava escrevendo a
autobiografia dele? Que cena poderia ilustrar esta ideia?
03 - De que trata o vídeo que você acabou de assistir? Pessoas que dedicam suas
vidas aos livros são recompensadas?
04 - Como você vê o idoso na sociedade atual?
05 – As atividades aqui propostas fizeram você refletir sobre o tema estudado?
Comente.
Tema: A literatura associada aos direitos humanos permite a aquisição de atitudes e ações que contribuem para o reconhecimento e o respeito ao idoso.
Conto
Segundo os vários autores, contistas e teóricos que compõem o livro “Teoria
do Conto”, de Nádia Battela Gotlib (1995), é possível construir uma retrospectiva de
nossa história a partir dos contos produzidos ao longo dos anos. O homem sempre
contou fatos, acontecidos ou não, seja por desenhos, oralmente, ou pela escrita.
Sendo assim, o conto é uma narrativa que apresenta um encadeamento de
acontecimentos de interesse do ser humano, que combina esforços e pensamentos:
[...] pode se esboçar a partir deste critério de invenção, que foi se desenvolvendo. Antes, a criação do conto e sua transmissão oral. Depois, seu registro escrito. E posteriormente, a criação por escrito de contos, quando o narrador assumiu esta função: de contador-criador-escritor de contos, afirmando, então, seu caráter literário. (GOTLIB, 1995, p. 13)
O conceito de conto se refere a uma breve narrativa, ao ato de contar, por
meio do texto escrito, uma determinada história. No caso dos contos literários
propriamente ditos, sempre é possível perceber o trabalho maior com a linguagem e
uma estruturação que merece análise.
CLARICE LISPECTOR
O conto “Feliz Aniversário”, constante do livro Laços de Família, de Clarice
Lispector foi publicado em 1960. Dessa época é relevante mostrar qual era o papel
da mulher, na sociedade da época.
Na década de 50, algumas ideias ainda eram mantidas pela sociedade
burguesa, como a ideia de que a mulher deveria exercer apenas atividades
maternais, como mostra Norma Telles (1997, p. 403):
O discurso sobre a “natureza feminina”, que se formulou a partir do século
XVIII e se impôs à sociedade burguesa, em ascensão, definiu a mulher, quando maternal e delicada, como força do bem, mas, quando “usurpadora” de atividades que não lhe eram culturalmente atribuídas, como potência do mal.
No Brasil, mesmo sendo um conceito antigo, persistiu até os anos 60,
década em que as mulheres continuavam a ser educadas para serem esposas e
mães. Também era função da mulher manter a união familiar e satisfazer o marido.
Além disso, a mulher não deveria se queixar ou questionar o marido para assim
manter a felicidade conjugal. A dominação era masculina e tinha apoio nas leis do
estado, isso porque a legislação de 1946 a 1964 considerava a mulher um ser
menos autônomo que os homens.
Segundo parte da crítica literária, Clarice Lispector foi a escritora que mais
se opôs, na literatura brasileira, a esse padrão de dominação da mulher pelo
homem, pois suas personagens femininas avaliam criticamente sua herança
patriarcal. Desse modo, ela colocou a mulher como sujeito e deixou um importante
material para estudos, como registra Lúcia Helena Vianna (1994, p.300):
Acredito que seja principalmente em função disso que se pode afirmar ter Clarice plantado definitivamente dentro de nossa literatura, de nossa cultura o lugar da mulher enquanto sujeito-Autor, abrindo uma tradição, espécie de continuidade literária que já se pode bem reconhecer e avaliar. Vamos deixar claro que não se está dizendo que Clarice seja a primeira autora brasileira, nem a primeira grande autora. [...] É necessário, portanto, que se comece a pensar de maneira mais conclusiva a obra da escritora que mais tem motivado a crítica literária feminina, e não apenas esta, entre nós.
Dona Anita, a velha protagonista de “Feliz Aniversário”, é quem se destaca
entre as personagens femininas idosas na obra de Clarice, tendo inclusive deixado
uma herança para a constituição de outras personagens, como aponta Gotlib (1995,
p.419):
O desejo violento e insatisfeito atormenta também a velhice. Há um conjunto de personagens-mulheres-velhas, criadas por Clarice nesse período, que apresentam marcas muito específicas. Descendentes de D. Anita e de Mocinha (“Viagem a Petrópolis”), guardam uma intimidade reservada, meio sagrada, que se alia a um grotesco da situação de marginalidade e de abandono social.
01 – Este é o início do conto “Feliz Aniversário” de Clarice Lispector, constante no
livro Laços de família, publicado em 1960.
“A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam
muito bem vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a
Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul marinho, com enfeite de paetês e
um drapejado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias:
não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços
fossem cortados - e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não
precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito
nascendo, infantilizadas com babados cor de rosa e anáguas engomadas, e o
menino acovardado pelo terno novo e pela gravata.
Tendo Zilda - a filha com quem a aniversariante morava - disposto cadeiras
unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora de
Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa
das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição ultrajada. “Vim
para não deixar de vir”, dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As
duas mocinhas de cor-de-rosa e o menino, amarelos e de cabelo penteado, não
sabiam bem que atitude tomar e ficaram de pé ao lado da mãe, impressionados com
seu vestido azul-marinho e com os paetês.
Depois veio a nora de Ipanema com dois netos e a babá. O marido viria
depois. E como Zilda - a única mulher entre os seis irmãos homens e a única que,
estava decidido já havia anos, tinha espaço e tempo para alojar a aniversariante - e
como Zilda estava na cozinha a ultimar com a empregada os croquetes e
sanduíches, ficaram: a nora de Olaria empertigada com seus filhos de coração
inquieto ao lado; a nora de Ipanema na fila oposta das cadeiras fingindo ocupar-se
com o bebê para não encarar a concunhada de Olaria; a babá ociosa e
uniformizada, com a boca aberta.
E à cabeceira da mesa grande a aniversariante que fazia hoje oitenta e nove
anos.” (LISPECTOR, 1998, pp. 54-55).
01 - O que o título do conto “Feliz Aniversário sugere?
02 - Após fazer a leitura do início do conto “Feliz Aniversário”, responda:
O que significa a expressão: “vim para não deixar de vir”.
03 - Na sequência, de acordo com o trecho da obra lida, responda:
“Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca cola, o bolo desabado,
ela era a mãe. A aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua
família. E ela era a mãe de todos. E se de repente não se ergueu, como um morto
se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a aniversariante ficou mais
dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse,
ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os
piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne
de seu joelho, pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos,
era o único a ser a carne de seu coração, Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e
despenteada. Cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela
cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os
outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo
sido tão forte pudera dar à luz aqueles seres opacos, com braços moles e rostos
ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a
quem, obediente e independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera
filhos e lhe pagara os partos e lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas
dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa
alegria. Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos, fracos, sem austeridade?
O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns
comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a
sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão.”
(LISPECTOR, 1998, p. 60, 61)
Como você percebe que Dona Anita, a aniversariante de oitenta e nove anos, vê
seus descendentes?
04 - Como a autora aborda a questão do idoso no conto de Clarice Lispector?
05 – Com base na leitura do início desta unidade, o que este trecho do conto revela?
"Ela a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem,
obediente e independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera
filhos e lhe pagara os partos e lhe honrara os resguardos.”
Segundo Almeida, no livro “Meu bairro”, Ipanema ficou na memória das
pessoas pela música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, mas seu destaque não se
deve somente à praia, mas também pelos bares frequentados por intelectuais,
artistas, foliões dentre outros. (ALMEIDA, 2010, p. 103)
Já em Olaria, segundo Almeida, duas famílias foram pioneiras: a dos Regos
e a dos Nunes. O bairro ganhou este nome porque Francisco José Pereira Rego
comprou terras e aproveitando o barro vermelho instalou várias olarias. Outras
fábricas de tijolos surgiram tornando assim a Região das Olarias. (ALMEIDA, 2010,
p. 141)
06 – Na festa, podemos perceber as diferenças de classe dos que vem do subúrbio,
da Olaria, e dos que vem de Ipanema, mas que só se encontram porque não tem
outro jeito, mas é perceptível o mascaramento de que não se suportam. Partindo
deste fato responda:
Por que D. Anita compara as pessoas de sua família a “ratos se acotovelando”?
07- Zilda, a única filha mulher, se sente no dever de fazer a festa para a mãe. Várias
vezes o narrador nos mostra a revolta da filha ao ter que assumir tudo sozinha,
como pode-se ver nas seguintes frases:
“ ninguém se lembrando de que ninguém havia contribuído com uma caixa sequer
para a comida da festa que ela, Zilda, servia como uma escrava, os pés exaustos e
o coração revoltado”. (LISPECTOR., 1998, p.58)
“... a dona da casa guardava os presentes, amarga, irônica.” (LISPECTOR, 1998,
p.58)
“..., Zilda suava, nenhuma cunhada ajudou propriamente,...”. (LISPECTOR, 1998,
p.58).
Com base no que foi dito e nas falas de Zilda, o que podemos notar em relação à
atitude de Zilda e dos demais parentes?
08 – A festa, que deveria ser um momento de união dos familiares, parece apenas
respeitar a convenção social, que consiste em promover alguma comemoração nos
aniversários. Dessa forma, por que a aniversariante, lúcida e nada ingênua, se
engana com seus familiares?
09 – A angústia de D. Anita é perceptível em vários trechos do conto, onde a
personagem fala consigo mesma. Cite alguns exemplos:
10 – A família não sabe o que fazer diante da cólera da velha senhora, que
desmascara a todos, como podemos ver nos fragmentos abaixo:
“Todos se entreolharam polidos, sorrindo cegamente, abstratos como se um
cachorro tivesse feito pipi na sala. Com estoicismo, começaram as vozes e risadas.”
(LISPECTOR, 1998, p. 62).
“ Mas as luzes eram mais pálidas que a tensão pálida da tarde. E o crepúsculo de
Copacabana, sem ceder, no entanto se alargava cada vez mais e penetrava pelas
janelas como um peso.” (LISPECTOR, 1998,P. 63)
O que o narrador quis dizer quando coloca que o crepúsculo de Copacabana
penetra pelas janelas como um peso?
Sugestões de leitura
“Quem é esse velho que me olha no espelho?” – Mário Quintana
“Velhas árvores” – Olavo Bilac
“Casa de repouso” – Dalton Trevisan
“Saber viver” – Cora Coralina
“A velhice” – Olavo Bilac
“Dois velhinhos” – “Eis a Primavera” – “Corruíra Azul” e “Clínica de
Repouso” de Dalton Trevisan
Tema: A leitura do mundo precede a leitura da palavra. (Paulo Freire)
DALTON TREVISAN
Agora vamos ler o mini conto “O gato”, de Dalton Trevisan, publicado em 2004 no
livro Arara Bêbada, na página 82.
01 - Debater sobre o contexto presente nas entrelinhas do conto citado acima.
02 - O que o conto “O Gato” causa no leitor?
03 - Após a leitura, debate sobre o tema abordado no conto e a introdução sobre
autor e obras. Em seguida responda as questões abaixo:
04 - O que sugere o título do conto? O título o(a) surpreendeu?
05 - Após a leitura de “Feliz Aniversário” e de “O Gato”, pode-se afirmar que há
relação entre eles, isto é, há intertextualidade? Explique.
06 - Promover uma roda de leitura com textos que valorizem o idoso com o objetivo
de ampliar a bagagem cultural do aluno. Podem ser utilizados textos como: contos,
poesias, crônicas dentre outros.
Tema: A utilização do estatuto do idoso com o objetivo de ampliar a bagagem cultural dos alunos
Segundo o vídeo Estatuto do Idoso - parte 01, com duração de oito minutos
e trinta e cinco segundo (8’:35’’), Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=yvcxwRRgXR8, a trajetória para a
regulamentação do estatuto do idoso durou vinte anos. Em 1983, começaram as
discussões sobre a necessidade de uma lei para garantir o direito dos idosos e dos
aposentados. Participaram das discussões inúmeras entidades sociais. Em 1997, o
então deputado federal Paulo Paim apresentou um projeto de lei à Câmara dos
Deputados e em 1999 o projeto foi aprovado e uma comissão especial foi criada
para elaborar o estatuto do idoso. Em 2003 em uma campanha da fraternidade
promovida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) abordando o
tema fraternidade e pessoas idosas, a questão do idoso ganhou um destaque
especial em toda a mídia brasileira.
Enfim, A lei 10.741 de 1º de outubro de 2003, regulamenta os direitos
assegurados a pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.
01 - Após assistir o vídeo você irá debater com colegas e professor(a) sobre as
seguintes questões:
O que é o envelhecimento?
O que muda com o envelhecimento?
Quais são os obstáculos enfrentados pelos idosos?
Que direitos o idoso tem?
Como você vê a questão do idoso na sociedade?
Você já presenciou situações de desrespeito ao idoso?
02 - Após debater sobre os assuntos acima, vocês devem se reunir em grupos para
uma atividade avaliativa, onde cada grupo vai fazer uma pesquisa na internet sobre
os direitos fundamentais previstos no estatuto do idoso e depois apresentação sobre
os mesmos para a turma.
03 – O artigo 3º do estatuto do idoso, bem como o art. 230 da Constituição Federal
(CF), atribuem a quem o dever de amparo aos idosos?
04 – Art. 19 – “Nos casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso
serão obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde”. Quais órgãos
podem ser comunicados?
05 – Após ler o art. 34, sobre a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, o que é
assegurado ao idoso e a partir de quando?
06 – “Em caso de violência e abandono quem discriminar o idoso, impedindo ou
dificultando o seu acesso às operações bancárias, aos meios de transporte ou a
qualquer outro meio de exercer sua cidadania”, pode pegar quantos anos de prisão?
(Dos crimes em espécie - Art. 96, Cap. II)
07 – Considerando o artigo 97, “Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar,
retardar, dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
casos, o socorro de autoridade pública:” Qual é a pena prevista?
08 – A família que abandonar um idoso em hospitais e/ou casas de saúde podem ser
presos? Explique (Art. 98, Cap. II)
09 – Art. 102 – “Apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro
rendimento do idoso, dando-lhe aplicação diversa da de sua finalidade.” Quem se
apropriar ou desviar bens, cartão de conta bancária ou de crédito, pensão ou
qualquer rendimento do idoso pode pegar quantos anos de prisão? (Cap. II, art. 102)
Referências ALMEIDA, N. F. de. Meu bairro. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: http://diretrizes.jor.br/site/arquivos/historia_dos_bairros.pdf. Acesso em: 12 de novembro de
2013. BATTLESHIP Batalha dos mares. Direção de Peter Berg. Universal Pictures, 2012. 1 DVD (123 min), color. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=o7XbH3iz734. Acesso em: 23 de outubro de 2013. Estatuto do Idoso - parte 01. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=yvcxwRRgXR8. Acesso em: 21 de novembro de 2013. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. GOTLIB, N. B. Teoria do conto. 7 ed. São Paulo: Ática, 1995. ________ Clarice uma vida que se conta. São Paulo: Ática, 1995. LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1998. VIANNA, L. H. Clarice e o lugar do autor. In: FUNCK, S. B. (Org.) Trocando idéias sobre a mulher e a literatura. Florianópolis: Pós-Graduação em Inglês, Universidade Federal de Santa Catarina, 1994, p. 299-306. PETIT, M. Os jovens e a leitura: uma nova perspectiva; tradução de Celina Olga de Souza Les Jeunes ET La lecture: une autre approche - São Paulo: Editora 34, 2008. 192p. SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Trad. Cláudia Schilling – 6ª Ed., Porto Alegre: Artmed, 1998. TELLES, N. (1997). Escritoras, escritas, escrituras. In: DEL PRIORE, Mary (org). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto.
The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ad3CMri3hOs, acesso em 07 de agosto de 2013.
TREVISAN, D. Arara bêbada. Rio de Janeiro: Record, 2004.
COLÉGIO ESTADUAL HELENA KOLODY – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Professora Orientadora: Raquel Illescas Bueno Professora PDE 2013/2014: Sirlene da Silva Aluno: _____________________________________________________________
PRIMEIRA UNIDADE
Após assistir o vídeo, discuta com os seus colegas e professor sobre o que
você compreendeu do fragmento do filme Battleship e em seguida responda as
questões abaixo: 01 - O que você compreendeu com relação a este trecho do filme Battleship, direção
de Peter Berg?
02 - Qual a importância dos idosos neste vídeo?
03 - O que sugere o uso de ferramentas que todos achavam arcaicas, como o velho
navio? E quanto aos marinheiros aposentados?
Neste segundo momento você assistirá as imagens do vídeo The fantastic
flying books of Mr. Morris Lessmore, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Ad3CMri3hOs.
01 - Após assistir ao vídeo The fantastic flying books of Mr. Morris Lessmore, você
irá debater com seus colegas e professor(a), para verificar o entendimento das
cenas assistidas. Reflita sobre a mensagem implícita e explícita presente nas ações
das personagens, no cenário, na trilha sonora, no enredo, na força das imagens.
Veja também o que é autobiografia e o que propõe a pedagogia da autonomia de
Paulo Freire. Em seguida responda as questões sobre o vídeo.
Autobiografia (Você já ouviu esta palavra antes?)
Auto refere-se a si próprio.
Biografia – grafia (escrita) dos fatos da vida.
Então, pode-se dizer que autobiografia se refere à escrita das experiências da
própria vida. Se escrevo sobre minha vida e os fatos que vivencio, posso dizer que
estou escrevendo minha autobiografia.
“Paulo Freire propõe uma pedagogia da autonomia na medida em que sua
proposta está "fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do
educando" (FREIRE, 2000, p. 11).
A proposta da pedagogia da autonomia remete à necessidade de tornar o
aluno um sujeito autobiográfico, capaz de escrever a própria história de vida e
interferir na escrita da história de vida dos outros com os quais interage
constantemente em suas relações interpessoais. (FREIRE, Cap. IV, 1997).
02 - É possível suspeitar que o personagem principal do vídeo estava escrevendo a
autobiografia dele? Que cena poderia ilustrar esta ideia?
03 - De que trata o vídeo que você acabou de assistir? Pessoas que dedicam suas
vidas aos livros são recompensadas?
Autobiografia (Você já ouviu esta palavra antes?)
04 - Como você vê o idoso na sociedade atual?
05 - As atividades aqui propostas fizeram você refletir sobre o tema estudado?
Comente.
COLÉGIO ESTADUAL HELENA KOLODY – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Professora Orientadora: Raquel Illescas Bueno Professora PDE 2013/2014: Sirlene da Silva Aluno: _____________________________________________________________
SEGUNDA UNIDADE 01 – Este é o início do conto “Feliz Aniversário” de Clarice Lispector, constante no
livro Laços de família, publicado em 1960.
“A família foi pouco a pouco chegando. Os que vieram de Olaria estavam
muito bem vestidos porque a visita significava ao mesmo tempo um passeio a
Copacabana. A nora de Olaria apareceu de azul marinho, com enfeite de paetês e
um drapejado disfarçando a barriga sem cinta. O marido não veio por razões óbvias:
não queria ver os irmãos. Mas mandara sua mulher para que nem todos os laços
fossem cortados - e esta vinha com o seu melhor vestido para mostrar que não
precisava de nenhum deles, acompanhada dos três filhos: duas meninas já de peito
nascendo, infantilizadas com babados cor de rosa e anáguas engomadas, e o
menino acovardado pelo terno novo e pela gravata.
Tendo Zilda - a filha com quem a aniversariante morava - disposto cadeiras
unidas ao longo das paredes, como numa festa em que se vai dançar, a nora de
Olaria, depois de cumprimentar com cara fechada aos de casa, aboletou-se numa
das cadeiras e emudeceu, a boca em bico, mantendo sua posição ultrajada. “Vim
para não deixar de vir”, dissera ela a Zilda, e em seguida sentara-se ofendida. As
duas mocinhas de cor-de-rosa e o menino, amarelos e de cabelo penteado, não
sabiam bem que atitude tomar e ficaram de pé ao lado da mãe, impressionados com
seu vestido azul-marinho e com os paetês.
Depois veio a nora de Ipanema com dois netos e a babá. O marido viria
depois. E como Zilda - a única mulher entre os seis irmãos homens e a única que,
estava decidido já havia anos, tinha espaço e tempo para alojar a aniversariante - e
como Zilda estava na cozinha a ultimar com a empregada os croquetes e
sanduíches, ficaram: a nora de Olaria empertigada com seus filhos de coração
inquieto ao lado; a nora de Ipanema na fila oposta das cadeiras fingindo ocupar-se
com o bebê para não encarar a concunhada de Olaria; a babá ociosa e
uniformizada, com a boca aberta.
E à cabeceira da mesa grande a aniversariante que fazia hoje oitenta e nove
anos.” (LISPECTOR, 1998, pp. 54-55).
01 - O que o título do conto “Feliz Aniversário sugere?
02 - Após fazer a leitura do início do conto “Feliz Aniversário”, responda:
O que significa a expressão: “vim para não deixar de vir”
03 - Na sequência, de acordo com o trecho da obra lida, responda:
“Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca cola, o bolo desabado,
ela era a mãe. A aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua
família. E ela era a mãe de todos. E se de repente não se ergueu, como um morto
se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a aniversariante ficou mais
dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse,
ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os
piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne
de seu joelho, pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos,
era o único a ser a carne de seu coração, Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e
despenteada. Cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela
cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os
outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo
sido tão forte pudera dar à luz aqueles seres opacos, com braços moles e rostos
ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a
quem, obediente e independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera
filhos e lhe pagara os partos e lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas
dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa
alegria. Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos, fracos, sem austeridade?
O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns
comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a
sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão.”
(LISPECTOR, 1998, p. 60, 61)
Como você percebe que Dona Anita, a aniversariante de oitenta e nove anos, vê
seus descendentes?
04 - Como a autora aborda a questão do idoso no conto de Clarice Lispector?
05 – Com base na leitura do início desta unidade, o que este trecho do conto revela?
"Ela a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem,
obediente e independente, ela respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera
filhos e lhe pagara os partos e lhe honrara os resguardos.”
Segundo Almeida, no livro “Meu bairro”, Ipanema ficou na memória das
pessoas pela música de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, mas seu destaque não se
deve somente à praia, mas também pelos bares frequentados por intelectuais,
artistas, foliões dentre outros. (ALMEIDA, 2010, p. 103)
Já em Olaria, segundo Almeida, duas famílias foram pioneiras: a dos Regos
e a dos Nunes. O bairro ganhou este nome porque Francisco José Pereira Rego
comprou terras e aproveitando o barro vermelho instalou várias olarias. Outras
fábricas de tijolos surgiram tornando assim a Região das Olarias. (ALMEIDA, 2010,
p. 141)
06 – Na festa, podemos perceber as diferenças de classe dos que vem do subúrbio,
da Olaria, e dos que vem de Ipanema, mas que só se encontram porque não tem
outro jeito, mas é perceptível o mascaramento de que não se suportam. Partindo
deste fato responda:
Por que D. Anita compara as pessoas de sua família a “ratos se acotovelando”?
07- Zilda, a única filha mulher, se sente no dever de fazer a festa para a mãe. Várias
vezes o narrador nos mostra a revolta da filha ao ter que assumir tudo sozinha,
como pode-se ver nas seguintes frases:
“ ninguém se lembrando de que ninguém havia contribuído com uma caixa sequer
para a comida da festa que ela, Zilda, servia como uma escrava, os pés exaustos e
o coração revoltado”. (LISPECTOR, 1998, p. 58).
“ ... a dona da casa guardava os presentes, amarga, irônica”. (LISPECTOR, 1998, P.
58).
“... Zilda suava, nenhuma cunhada ajudou propriamente,...”. (LISPECTOR, 1998, P.
58)
Com base no que foi dito e nas falas de Zilda, o que podemos notar em relação à
atitude de Zilda e dos demais parentes?
08 – A festa, que deveria ser um momento de união dos familiares, parece apenas
respeitar a convenção social, que consiste em promover alguma comemoração nos
aniversários. Dessa forma, por que a aniversariante, lúcida e nada ingênua, se
engana com seus familiares?
09 – A angústia de D. Anita é perceptível em vários trechos do conto, onde a
personagem fala consigo mesma. Cite alguns exemplos:
10 – A família não sabe o que fazer diante da cólera da velha senhora, que
desmascara a todos, como podemos ver nos fragmentos abaixo:
“ Todos se entreolharam polidos, sorrindo cegamente, abstratos como se um
cachorro tivesse feito pipi na sala. Com estoicismo, começaram as vozes e risadas”.
(LISPECTOR, 1998, p. 62).
“Mas as luzes eram mais pálidas que a tensão pálida da tarde. E o crepúsculo de
Copacabana, sem ceder, no entanto se alarga cada vez mais e penetrava pelas
janelas como um peso”. (LISPECTOR, 1998, p. 63).
O que o narrador quis dizer quando coloca que o crepúsculo de Copacabana
penetra pelas janelas como um peso?
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TERCEIRA UNIDADE
DALTON TREVISAN
Agora vamos ler o mini conto “O gato”, de Dalton Trevisan, publicado em 2004 no
livro Arara Bêbada, na página 82.
01 - Debater sobre o contexto presente nas entrelinhas do conto citado acima.
02 - O que o conto “O Gato” causa no leitor?
03 - Após a leitura, debate sobre o tema abordado no conto e a introdução sobre
autor e obras. Em seguida responda as questões abaixo:
04 - O que sugere o título do conto? O título o(a) surpreendeu?
05 - Após a leitura de “Feliz Aniversário” e de “O Gato”, pode-se afirmar que há
relação entre eles, isto é, há intertextualidade? Explique.
06 - Promover uma roda de leitura com textos que valorizem o idoso com o objetivo
de ampliar a bagagem cultural do aluno. Podem ser utilizados textos como: contos,
poesias, crônicas dentre outros.
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QUARTA UNIDADE
01 - Após assistir o vídeo você irá debater com colegas e professor(a) sobre as
seguintes questões:
O que é o envelhecimento?
O que muda com o envelhecimento?
Quais são os obstáculos enfrentados pelos idosos?
Que direitos o idoso tem?
Como você vê a questão do idoso na sociedade?
Você já presenciou situações de desrespeito ao idoso?
02 - Após debater sobre os assuntos acima, vocês devem se reunir em grupos para
uma atividade avaliativa, onde cada grupo vai fazer uma pesquisa na internet sobre
os direitos fundamentais previstos no estatuto do idoso e depois apresentação sobre
os mesmos para a turma.
03 – O artigo 3º do estatuto do idoso, bem como o art. 230 da Constituição Federal
(CF), atribuem a quem o dever de amparo aos idosos?
04 – Art. 19 – “Nos casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra idoso
serão obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde”. Quais órgãos
podem ser comunicados?
05 – Após ler o art. 34, sobre a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, o que é
assegurado ao idoso e a partir de quando?
06 – “Em caso de violência e abandono quem discriminar o idoso, impedindo ou
dificultando o seu acesso às operações bancárias, aos meios de transporte ou a
qualquer outro meio de exercer sua cidadania”, pode pegar quantos anos de prisão?
(Dos crimes em espécie - Art. 96, Cap. II)
07 – Considerando o artigo 97, “Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar,
retardar, dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
casos, o socorro de autoridade pública:” Qual é a pena prevista?
08 – A família que abandonar um idoso em hospitais e/ou casas de saúde podem ser
presos? Explique (Art. 98, Cap. II)
09 – Art. 102 – “Apropriar-se ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro
rendimento do idoso, dando-lhe aplicação diversa da de sua finalidade.” Quem se
apropriar ou desviar bens, cartão de conta bancária ou de crédito, pensão ou
qualquer rendimento do idoso pode pegar quantos anos de prisão? (Cap. II, art. 102)