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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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“CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO: análise crítico-reflexiva da teoria à prática, dicotomias, limites e possibilidades”

Valquiria Maria Rausis Mileski1

Mabel de Bortoli2

Resumo:

O presente artigo vem instrumentalizar a conclusão do trabalho realizado no

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da Secretaria de Educação do

Estado do Paraná no período de 2013/2014.

Durante algum tempo venho percebendo dentro da escola os insucessos que

permeiam a prática da avaliação. A ansiedade de buscar maior aprofundamento

teórico-metodológico sobre a temática avaliação, os tipos, as formas, os erros e

acertos resumiu-se na elaboração de um estudo mais consistente e analítico da

realidade que vivemos. Todo esse trajeto tem mostrado que são necessárias

discussões e reflexões para que as mudanças possam acontecer. Os estudos que

realizei nas formações de professores em serviço, nas reuniões pedagógicas,

grupos de estudo, conselhos de classe, oficinas pedagógicas, leituras, enfim, nos

momentos de organização e mediação do trabalho pedagógico na escola serviu para

alimentar este desejo de preenchimento. Contudo percebo uma imensa dificuldade

da maioria dos professores em absorver informações relevantes sobre a avaliação,

seja na elaboração dos instrumentos e/ou principalmente na definição de critérios

que definem a intencionalidade de ensinar determinados conteúdos curriculares. A

dificuldade também acontece ao estabelecer que instrumento deva eleger para o

critério que definiram, não deixando de considerar o educando como ser social,

histórico, filosófico, emocional, cultural e biológico, bem como a função social que a

escola adota em seu Projeto Político Pedagógico.

Na busca de poder contribuir para um melhor entendimento do objetivo de se

avaliar, compreendendo a avaliação como promotora do conhecimento e não reflexo

do fracasso escolar, que temos a intenção de compartilhar as mais diversas formas

de tornar esse processo possível e interessante.

Finalmente com o apoio do Programa de Desenvolvimento Educacional

realizado sobre a temática traremos uma prática de análise de critérios e

instrumentos que possam despertar no professor a criticidade sobre sua prática

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avaliativa e quais os benefícios que podem estar contribuindo para um processo

visto como integrante e possível de ser retomado sob uma perspectiva mais

progressista de educação, voltada a atender os interesses de todos os sujeitos

pertencentes à escola pública.

Palavras-chave: avaliação, critérios e instrumentos, contextualização, prática. _______________________ 1 Professora Pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Paraná, Colégio Estadual Padre José de Anchieta - EFM participante do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) da SEED, em 2013/2014. 2 Orientadora PDE da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG – Pr.

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Introdução:

O presente artigo contempla a participação dos professores do município de

Jaguariaíva e cidades vizinhas pertencentes à rede Estadual de Educação Básica do

Estado do Paraná. Nosso objetivo além de cumprir as exigências para a conclusão

do Programa de Desenvolvimento Educacional conhecido como PDE do Governo do

Estado do Paraná, também contribuiu para a discussão acerca da temática

avaliação da aprendizagem e do ensino, protagonizado pelo estudo e discussão dos

critérios e instrumentos de avaliação utilizados nas escolas, bem como as

possibilidades de mudança de práticas descontextualizadas e que não mais

atendem as exigências impostas pelos sujeitos da educação escolar de hoje.

A avaliação é uma atividade desempenhada pelo homem antes mesmo de se

instituir o processo de ensino e de aprendizagem formal. A função da avaliação

segundo Luckesi (Vídeo Avaliação da Aprendizagem – Cipriano Luckesi Edições SM

Brasil) “é obter o sucesso, seja ele em qualquer setor”. Esta atividade intitulada

avaliação primeiramente de forma naturalizada serve para comparar, julgar para

uma decisão futura ou imediata e sequencialmente acertar o caminho a prosseguir.

Esta prática aconteceu na escola por volta do século XVI com características

de seletividade, já que a escola começou a ampliar o seu atendimento as pessoas

(crianças e adolescentes), o que se perpetua até o século XXI.

Nos próximos escritos trataremos da caminhada que a avaliação deixou

imprimida na história bem como das diversas formas que ela se apresenta na prática

pedagógica, atrelada a estes tipos de avaliação traremos em evidência a

importância de se trabalhar com uma avaliação que possibilite a manutenção da

função social da escola, trazer o ensino de conteúdos acadêmico/conceituais,

atitudinais e procedimentais bem como a formação cidadã do sujeito pertencente à

instituição escolar.

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1. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA:

1.1. APROCIMAÇÃO COM A TEMÁTICA – AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E

DO ENSINO, CRITÉRIOS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Durante toda a história da avaliação da aprendizagem vimos que se depositou

sobre ela toda a responsabilidade pelos resultados esperados, nada menos que, o

sucesso. Podemos dizer que a avaliação é parceira na busca de resultados, porém

ela em si “não resolve o problema, o que resolve é a gestão” (Vídeo Avaliação da

Aprendizagem – Cipriano Luckesi) ou, seja quem dará processo ao resultado obtido

da avaliação serão os professores, pedagogos e direção da escola. Normalmente o

fracasso escolar é atribuído somente ao estudante e é debitado a ele toda conta e

responsabilidade pelas lacunas na aprendizagem, isso porque por décadas a prática

avaliativa baseou-se na mera classificação e na atribuição de notas para gerar o

fracasso ou o sucesso escolar.

No entanto percebemos durante um longo período de estudo, observação e

prática pedagógica que, a intencionalidade do professor é papel preponderante para

que se institua a avaliação como parte de um processo e não um fim para o aluno,

para o professor, para o ensino e a aprendizagem. A prática pedagógica supõe

escolhas. Estas escolhas e talvez as seleções que o professor exerce juntamente

com a linguagem que imprime à sua ação docente denotam a preocupação com a

formação do aluno, são experiências que vão se adquirindo frente ao estudo

referente às formas de ensinar e às formas que o aluno vai aprender. O momento da

avaliação expressa concretamente o respeito à programação realizada, a escolha

adequada e consistente, articulando necessariamente o ensino à aprendizagem.

Ao analisar a proposta que a escola nos apresenta enquanto instituição

detentora do saber percebemos que ela é compreendida por nós educadores com

espaço rígido, formal e exclusivo para se aprender conteúdos, fazer provas e testes

para aferir se estes conteúdos foram aprendidos pelos estudantes. Para completar

as características esta se apresenta como lugar de ordem, disciplina e obediência.

Neste espaço mecânico de aprendizagem é que esperamos que as coisas

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aconteçam. Quando não evoluem de acordo com o que planejamos então,

aparecem os culpados, que na maioria das vezes é o educando, que não cumpriu

com sua obrigação, não aprendeu devidamente o que se propôs, não reproduziu de

acordo com as expectativas da escola, da direção, da equipe, dos professores e da

família.

Para dimensionar nossa concepção de avaliação e tentar convergir coma

concepção de avaliação proposta pela escola, precisamos ter claro onde queremos

chegar, nosso ponto de encontro e de partida, que se faz no Projeto Político

Pedagógico. Neste sentido traremos a retomada das concepções de avaliação da

escola, as legislações em torno da temática, refletindo sobre as concepções

adotadas e quais nossos limites em relação a colocar em ação as práticas e teorias

que elegemos, além de questionar nossas reais possibilidades frente a esta

transformação. Neste planejamento de ideias para efetivar ações dentro de um

processo educativo nos deparamos com os entraves comuns, como a falta de

infraestrutura, materiais didático-pedagógicos, profissionais aptos e capacitados, as

novas tecnologias, conhecimento sobre a educação. Aliás, um dos nossos grandes

problemas hoje é que dentre os profissionais da educação poucos tem

conhecimento amplo sobre as questões educacionais, fator que compromete

discussões e reflexões sobre temas gerais e imprescindíveis na formação do

cidadão e a consciência de que são necessárias mudanças. Esta percepção nos

remete a Paulo Freire que discorre

Como professor crítico, sou um “aventureiro” responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente. Nada do que experimentei em minha atividade docente deve necessariamente repetir-se. Repito, porém, como inevitável, a franquia de mim mesmo, radical, diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante os outros e o mundo mesmo é a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural, histórico, inacabado e consciente do inacabamento. (2002, p.22).

Compartilhando dos conceitos colocados pelo autor entendemos também que para

compreender esse movimento dialético em que o professor e o aluno se tornam sujeitos

interativos no processo avaliativo, superando concepções da educação tradicional que

tornava o educando passivo e da escola nova onde o educando era o sujeito ativo, ambas

valorizando somente um dos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, partimos

para um novo modelo de concepção da escola, crítica e progressista, onde ela se torna um

espaço responsável pela socialização e apropriação do saber pelas camadas menos

favorecidas da sociedade, buscando alcançar uma equalização social através do acesso ao

conhecimento produzido pela humanidade, daí a função da avaliação que exige no seu

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desenrolar a necessidade de estarmos abertos as aventuras provenientes do processo

educativo, idas e vindas, articulações necessárias à prática, compreensão da concreticidade

e da abstração do processo de avaliação. Esta compreensão de que falamos nos tornam

responsáveis por entender a avaliação, suas formas, conceitos e categorias para que então

possamos desenvolver uma metodologia avaliativa que de conta de transformar a avaliação

num momento de diagnóstico e crescimento do ensino e da aprendizagem.

Segundo o PPP da escola que se concretizou este estudo fica claro que a avaliação é

marcada por um posicionamento dialético e crítico, tendo como base a LDB 9394/96 e as

DCEs.

“A avaliação deve ser concebida como instrumento diagnóstico, formal e informal e, como tal, permite ao professor rever os seus procedimentos diários e ao aluno, rever suas dificuldades e perceber seus avanços. Inerente à educação e indissociável dela, a avaliação é essencial quando concebida como problematização, questionamento e reflexão sobre a ação. Ao avaliar, nessa perspectiva, o professor utilizar-se-á de inúmeros instrumentos. Para isso, é fundamental o acompanhamento diário dos alunos e o registro frequente dos resultados de suas produções, através de atividades diversificadas que possibilite a observação dos diversos processos cognitivos dos alunos como memorização, observação, percepção, descrição, argumentação, análise crítica, interpretação, criatividade, formulação de hipóteses, entre outros. Os critérios de avaliação devem ser definidos pela intenção que orienta o ensino e explicitar os propósitos e a dimensão do que se avalia. Os conteúdos selecionados para cada série são importantes para formação total do aluno, sendo necessário utilizar todos os recursos para que ele aprenda. Caso a aprendizagem não ocorra, é preciso investir esforços na recuperação de estudos, ou seja, retomar o conteúdo, modificar os encaminhamentos metodológicos, enfim buscar um novo resultado, um sentido para recuperação da nota que seja a recuperação de conteúdo.” (Paraná, SEED, PPP Colégio Anchieta, 2012, p.30).

Para que possamos tornar a avaliação um processo contínuo, processual,

formativo será necessário aprofundamento teórico, buscando entender seu caráter

“multidimensional” (HADJI, 2001, p. 15). Um dos primeiros conceitos postos e a

serem apresentados encontram-se no PPP da escola, formalizado pelo que

acreditamos ser a avaliação para então atender as necessidades de nossa realidade

escolar, como parte de um projeto educativo auxiliar da construção do ensino e da

aprendizagem, do sujeito crítico e da cidadania.

Partindo do estudo do PPP e da concepção de educação histórico-crítica

podemos traçar um perfil de nossa escola e de nosso ensino, evidenciando sempre

as concepções expressas sobre homem, sociedade, mundo e educação, pois nestas

estão implícitos nossos objetivos enquanto educadores, que trabalham em prol de

uma população marcada por inúmeras desigualdades sociais e culturais.

Rabelo (2004) diz que, é necessário que os professores conheçam melhor as

teorias do conhecimento, esta trajetória histórica construída pela educação no Brasil

para que possa estabelecer uma vinculação entre as propostas educacionais com as

propostas de avaliação, para que ambas tenham coerência principalmente quanto à

fundamentação teórica.

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A partir do estudo proposto levantamos pontos importantes para situarmos a

educação ao longo da história, bem como para buscarmos aprofundamento quanto à

avaliação que propomos e a avaliação que buscamos como ideal possível de se

concretizar na prática.

Educação está atrelada a diversos condicionantes e neste contexto histórico a

sociedade determina a ações da escola de acordo com as necessidades impostas

hoje pelo capitalismo. A avaliação como parte integrante desta dinâmica imposta

para a educação passou por etapas de evolução que teve em determinados

momentos uma transformação e em outras se perpetuou práticas irrevogáveis,

partindo de um pressuposto de reforma imposta por um sistema, não aceitável pelo

quadro docente e, portanto não pertencendo a um ciclo de mudança, como

inovação, para atender e servir a aprendizagem de nossos estudantes e para

reflexão da prática pedagógica. O que entendemos de tudo isso é que, se

recebemos uma política educacional pronta e não participamos desta construção

temos grandes dificuldades em fazer se tornar parte de nossa vivência, quanto mais

teríamos facilidades de defender tais propostas.

A proposta trazida às nossas escolas em torno da avaliação, as teorias

evidenciadas não são tão simples de se efetivarem na prática, os docentes tem

diversas concepções vindas da própria formação ou da atuação profissional, as

escolas possuem características e pessoas diferentes, os sistemas de ensino não

convergem ideias e pressupostos de funcionamento, ou seja, a pluralidade

emocional, cultural e social que encontramos na vivência da educação é evidente e,

encontrar um caminho que possa integrar as expectativas de professores às

necessidades educacionais de estudantes com diferentes características e que

estão na escola buscando formação se torna uma tarefa laboriosa.

A função social da escola nesta última década vem para buscar atender a

emancipação do sujeito, mas que isso, diríamos que a própria emancipação

humana, que consequentemente depende da emancipação política advinda da

formação para a cidadania. Contudo mesmo com o auxílio da Sociologia nossa visão

de educação emancipadora é simplista e está longe de alcançar uma efetividade

promissora na formação de nossos educandos. A avaliação como foco de um

problema em nossos estabelecimentos de ensino tende a ser teorizada por muitos,

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porém para melhorar o conhecimento sobre ela e minimizar algumas situações que

acabam interferindo numa prática de avaliação consciente, tendo como foco a

melhoria do ensino, teremos que investir na formação do docente.

Muitos são os conceitos e termos postulados a avaliação e na educação de

hoje torna-se relevante entender a concepção de avaliação formativa, promotora do

conhecimento, vislumbrando reais funcionalidades na prática. A tentativa será

abordar princípios importantes que se fizeram e se fazem em torno desta avaliação

formativa e buscando incorporá-los a prática docente de forma a instrumentalizar a

realidade posta com vistas a dar uma intencionalidade real ao ensino e a

aprendizagem significativa do educando.

Dentre os conceitos pesquisados sobre avaliação formativa encontramos

alguns que se adequam perfeitamente a este estudo.

Segundo PERRENOUD apud HADJI, “é formativa toda avaliação que auxilia o

aluno a aprender e a se desenvolver, ou seja, que colabora para a regulação das

aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de um projeto educativo.” (2001,

p.20)

Hadji acrescenta ainda:

uma avaliação formativa informa os dois principais atores do processo. O professor, que será informado dos efeitos reais de seu trabalho pedagógico, poderá regular sua ação a partir disso. O aluno, que não somente saberá onde anda, mas poderá tomar consciência das dificuldades que encontra e tornar-se-á capaz, na melhor das hipóteses, de reconhecer e corrigir ele próprio seus erros. (2001, p.20).

Refletindo sobre estes conceitos podemos ter a certeza de que certamente

para se estabelecer um processo avaliativo que venha contribuir para a formação do

aluno e para o professor uma “variabilidade didática” (HADJI, 2001, p. 21), ou seja,

flexibilidade, iniciativa de mudança, tentativas de ajustes são tarefas complicadas,

difíceis de serem encaradas, e, para demonstrar que existem possibilidades de se

efetivar construímos discussões e estudos que deram condições ao docente de

propor novas formas de avaliar e de analisar os vários caminhos já percorridos e as

possibilidades de construção de uma nova prática.

Graças às pesquisas realizadas nos deparamos com objetos estudados

relativos à avaliação que nos motivaram a realizar este estudo apresentando

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propostas que afirmam que com critérios bem definidos e articulados com os

instrumentos aplicados e aplicáveis no processo de formação do aluno e de

desmistificação por parte do professor, do papel repressor da avaliação que na

maioria das vezes facilita a ideologia dominante através do processo de

classificação que acaba por excluir, pudemos concretizar uma prática mais reflexiva

e que atende as reais necessidades dos sujeitos em formação. Registramos ainda

que esta prática de mudança na ação avaliativa pedagógica não é aceita pela

maioria e que muitas são as barreiras que se levantam para que a acomodação

impere dentro da sala de aula e no ambiente escolar.

Quando pensamos em uma aprendizagem eficaz e competente nos

reportamos a uma educação promissora e que traga como produto um sujeito

formado integramente. A partir desta ideia vimos que a avaliação formativa poderá

ser um referencial na construção desta forma de educar, isto porque entendemos

que a avaliação é parte de um processo educativo.

Esteban esclarece:

A avaliação formativa pode ser integrada a um processo classificatório, ao mesmo tempo em que oferece condições para potencializar as dimensões reflexivas e cooperativas indispensáveis a uma avaliação numa perspectiva emancipatória. Não basta afirmar a avaliação formativa como um processo melhor para a avaliação dos conhecimentos e para a regulação das aprendizagens. É preciso explorar esse conceito, expressando com clareza as características que deve assumir a fim de participar de um amplo processo de democratização da dinâmica pedagógica, que envolve o aprofundamento da perspectiva crítica no debate sobre as funções da escola, seu currículo e suas práticas cotidianas. (2008, p.12).

Pressupomos então que, a melhor maneira de se exercer a avaliação seria de

forma formativa, assumindo um caráter contínuo e sistemático, onde vários

instrumentos sejam utilizados na coleta das informações sobre onde andam as

aprendizagens e metodologias aplicadas, adequando ao contexto posto, tendo com

objetivo final regular o ensino e a aprendizagem.

Voltamos a refletir mais sistematicamente sobre que estamos praticando no

dia-a-dia e se estamos percebendo a avaliação como parte de um processo, dentro

de uma racionalidade crítica, entendendo o trabalho do professor como um momento

de dinâmica entre o ensino e a aprendizagem e de reflexão da prática, fortalecendo

a formação do sujeito que temos em nossa realidade escolar.

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1.2 METODOLOGIA DE APLICAÇÃO DO PROJETO:

Com o objetivo de melhorar a aplicabilidade do Projeto de implementação

pedagógica na escola, trabalho este desenvolvido no anseio de propor subsídios

reflexivos e críticos para o desempenho de uma avaliação que possa cooperar com

o desenvolvimento da aprendizagem crítica e competente, fez-se importante

desenvolver um estudo em grupo, mediado pela orientação da Professora Pedagoga

PDE e, que veio propor um trajeto desde a história inicial da avaliação até as

práticas realizadas nos dias atuais e quais são as necessidades de

mudança.Durante o período de elaboração do material didático foram coletados

instrumentos de avaliação aplicados na escola de implementação e os documentos

que se reportam ao sentido e concepções de avaliação foram analisados mais

concretamente, com vistas às dificuldades orindas do cotidiano e que deram origem

ao estudo, como PPP, PPC e Planos de Trabalhos Docentes.

Para que tivéssemos uma visão mais consisa da concepção de avaliação de

professores e educandos, realizamos uma pesquisa objetiva e subjetiva em relação

ao que significa avaliação, quais as concepções e o que ela proporciona no dia a dia

de cada um dos envolvidos. Não tivemos muitas surpresas ao nos defrontarmos com

respostas dos educandos dizendo que se apavoram com o dia das provas, que não

sabem bem claro qual o objetivo dos testes que são submetidos e também não

entenderem outros instrumentos, como debate, relatório, seminário, atividades

práticas como formas de serem avaliados, assim como os educadores participantes

de um grupo de trinta pessoas inscritas no grupo de estudo, realizado como curso

de extensão pela UEPG, no decorrer de 8 encontros durante 4 meses, ao serem

perguntados sobre suas concepções e conhecimentos prévios sobre a avaliação que

praticavam disseram. Os educadores entrevistados conhecem os termos atribuídos

a avaliação porém, desconhecem qual seu significado na prática e menos ainda

conseguem fazer esta tranposição para sua prática, exceto poucos que ainda apesar

de mostrarem dificuldade conhecem os anseios apregoados a questão da avaliação

e querem tornar sua realidade mais dinâmica e menos incoerente.

Com base nestas concepções pudemos iniciar o estudo que transcorreu nesta

trajetória educacional, que se refere a avaliação e em seguida pudemos discutir

mais elaboradamente e com mais domínio de conhecimento geral sobre a história da

educação e que contribuições podemos estar utilizando em nossa prática

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pedagógica com a finalidade de dar melhor encaminhamento e ter mais consciência

do que estamos realizando.

Notamos que a avaliação continua num patamar de alheia ao processo

educativo e que sua prática não passa de uma exigência imposta pelo sistema

educacional. O desejo de que se faça da avaliação um processo e que este sirva de

retomada de acertos e erros vindo então tranformar a educação tem sido uma ideia

ilusória, pois pouco se acredita naquilo que se faz ou então a crítica acontece de

modo aleatório, cada sujeito reclama de um ponto que o incomoda e não se

estabelece um objetivo único de discussão e/ou análise.

Entretanto, com a utilização de vários mecanismos de discussão: grupo de

estudos, bate-papo na internet e apresentação de outros materiais complementares

que vinham energizar o tema proposto, pudemos ao final ter um resultado que levou

a reflexão.

Durante a realização do estudo nos encontros percebemos que a maioria dos

participantes/docentes reconhecem a dificuldade que têm em elaborar seus critérios

de avaliação e ainda em traduzir suas intenções de ensino num instrumento bem

elaborado de constatação de aprendizagem ou conceitos. Reconhecemos que na

maioria das vezes pensamos em instrumentos e critérios que expressem o que

ensinamos é mais forte do que criar uma sistemática capaz de trazer com maior

evidência a aprendizagem do educando. Nos pareceu mais importante deixar

acontecer um momento de desabafo de insatisfações que os educadores tem em

relação a avaliação, pois cada vez que puderam expressar suas convicções e

dificuldades pudemos introduzir uma ideia mais elaborada e cientificamente

comprovada de que a avaliação é um processo inerente e indisociável da educação

e que nossa tarefa enquanto sujeitos do ensino é de procurar caminhos que venham

trazer efeitos menos nocivos a realidade do educando e da escola .

Ao apresentar as inúmeras indicações feitas pelo autor Vasco Pedro Moretto no

seu livro “PROVA um momento privilegiado de estudo, não um acerto de contas”

notamos que toda apresentação prática mobiliza ainda mais nossa área de

acomodação, pois enquanto discutíamos e estudávamos tinha um sentido mais

utópico, porém durante a análise de alguns intrumentos coletados de professores e

dos próprios cursistas, aos serem comparados com as colocações apresentadas

pelo autor citado acima, a dinâmica dos encontros pareceram mais reais e se

aproximaram mais da prática do professor, podendo assim na maioria das vezes

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entenderem o desenvolvimento e intenções propostas pela docente e professora

PDE ao propor uma idéia de reflexão e mudança de postura perante avaliação da

aprendizagem e do ensino.

Naturalmente que, de todo encaminhamento teórico-metodológico-prático

impresso a este trabalho permaneceu a certeza de que, a mudança ocorre de forma

lenta ou pode não acontecer, contudo a proposição de inúmeras maneiras e

caminhos de se buscar uma aproximação mais coerente com aquilo que podemos

dizer ser uma avaliação mais crítica e contribuitiva para a realidade educacional de

hoje apareceu de forma singela e freada, mas sobretudo dando indícios que pode

aparecer, acontecer e ainda silmulando que a melhor atitude a ser tomada nestes

momentos de movimento da realidade é que se promovam espaços onde se

sacudam as experiências, as dificuldades e barreiras e que elas se tornem o início

de uma possível transformação.

Dando continuidade as incertezas que um estudo pode trazer às claras

certamente pudemos analisar com mais direcionamento os planos de trabalhos

docentes onde a operacionalização das novas estratégias de reorganização de

critérios de aprendizagem se manifestaram de forma bem concreta e também os

instrumentos avaliativos puderam apresentar mais intencionalidade, sempre atentos

que toda prática pedagógica deve estar vinculada ao objetivo imposto pela disciplina

e conteúdo selecionado.

O resultado do trabalho de estudo e discussão analítica pressupôs que os

profissionais requerem uma discussão aprofundada e articulada das demandas da

avaliação educacional e que podemos manter um conjunto de procedimentos

favoráveis a observância da realidade, busca de saberes e análise de condutas, com

a tarefa de eliminar as problemáticas cotidianas e darmos oportunidade de sermos

mais pertinentes aos objetivos que ora selecionamos.

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2. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A avaliação como formativa é um desejo de muitos profissionais e principlamente

daqueles que se sentem realmente formadores de pessoas e sujeitos que

indubitavelmente serão o futuro da sociedade. O Professor Ocimar Munhoz Alavarse

(Vídeo, UNIVESP, 2013), coloca que a avaliação formativa tem este nome porque

serve principalmente aos usuários de seus resultadose, se a escola tem um

compromisso com o sucesso dos resultados de todos, forçosamente deve

desencadear práticas de avaliação formativa.

A avaliação merece nossa atenção e reflexão diária desde o momento que

efetivamos nosso planejamento, mas para que ela torne-se atuante na relação entre

o ensino e aprendizagem teremos que atribuir a ela sua função de promover o

conhecimento.

Chegando ao final desta trajetória de estudos na escola compreendemos que

estamos preenchidos de novas ideias, de vontade de refletir diariamente sobre o

trabalho educativo como emancipador de pessoas que são confiadas a nós para sua

educação escolar e que nesta discussão dialógica entre os pares possamos nos

considerar motivados a uma mudança de paradigmas e de uma reconstrução do

nosso papel na escola, na sociedade e na vida das pessoas que diariamente

convivemos e partilhamos a vida. O estudo deste tema contribuiu para que dentro da

sala de aula deixemo-nos também nos levar pela solidariedade que o papel de

educador nos exige. Paulo Freire, nosso grande educador e escritor nos coloca em

várias de suas produções que a humanidade é essencial na nossa profissão e que

nem por isso temos que ser incompetentes ou irresponsáveis como professores.

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