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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

Título: "Prazer em ler: poesia"

Autor Salete Franczak

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Escola Estadual Pio XII - Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano

Município da escola Irati

Núcleo Regional de Educação

Irati

Professor Orientador Prof Dr. Edson Santos Silva

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Centro-Oeste UNICENTRO PR

Relação Interdisciplinar

Não há

Resumo

Este Projeto de Intervenção Pedagógica propõe práticas de leitura com textos poéticos da autora Roseana Murray. Sabendo-se da importância da leitura para a formação do aluno-leitor crítico e emancipado, conforme prevê as DCEs, buscou-se respaldo teórico na metodologia da Estética da Recepção, de Jauss. O Projeto será aplicado para alunos do 6º ano fundamental propiciando assim um aprendizado prazeroso. Deseja-se também que a poesia desperte nos alunos um prazer estético, objetivo principal deste gênero textual. Saliente-se que a linguagem poética traz suavidade e leveza e, com isso, desperta a sensibilidade do leitor.

Palavras-chave LITERATURA; LEITURA; POESIA

Formato do Material Didático

Unidade Temática

Público Alvo Alunos do 6º ano

1- APRESENTAÇÃO Atuo como professora de Língua Portuguesa na rede de ensino público do

Estado do Paraná, há quinze anos, trabalhando com séries, turnos, escolas e

municípios variados, vivenciando as mudanças constantes e avanços que a

educação sofre. A busca por uma educação de qualidade e de formar alunos

emancipados faz parte do cotidiano escolar, conforme está previsto nas Diretrizes

Curriculares da Educação Básica (2008). Desta forma, após alguns anos de

experiência em sala de aula, vivenciando as mais diversas formas de

ensino/aprendizagem, compreendo que não existe aula sem leitura; qualquer aula,

de qualquer disciplina, pois a leitura está além de codificar letras, palavras. A leitura

pode ser das formas mais distintas, compreendendo textos variados (verbal e

nãoverbal), de qualquer esfera – cotidiana, escolar, imprensa, publicitária, política,

jurídica, produção e consumo, midiática e literária/artística. E é nesta última citada a

que delimitarei o presente projeto, mais precisamente ao gênero “poesia”.

A literatura brasileira nos proporciona uma infinidade de autores que merecem

ser estudados e apresentados aos nossos alunos, porém para esta unidade temática

foi selecionada a autora Roseana Murray, pois seus poemas são de muita

suavidade, leveza e musicalidade, bem propícios aos alunos do 6º ano de ensino

fundamental.

2. INTRODUÇÃO

Esta Unidade Didática intitulada "Prazer em ler: poesia" surgiu do

trabalho incansável e contínuo como professora de Língua Portuguesa, buscando-se

sempre desenvolver habilidade com o texto poético com alunos do 6º ano

fundamental, sendo um estudo literário prazeroso, atraente, contextualizado, de

modo que a aprendizagem do aluno seja significativa.

Historicamente o ensino de leitura sempre esteve atrelado à escola, que é

o espaço em que ocorre essa prática. Não há dúvida também da função que a

escola tem como instituição educacional voltada ao conhecimento e responsável

pela inserção social e cultural do indivíduo. Todavia, para que tenhamos resultados

positivos na formação crítica dos nossos educandos, é preciso investir na melhoria e

qualificação da leitura. As políticas públicas demonstram até vontade e interesse em

atender à demanda que lhes cabe, porém não basta apenas reforçar a distribuição

de livros didáticos às escolas para suprir a carência, não basta apenas mudar

métodos, abordagens, temas, capacitar os professores. É preciso, pois, segundo

Serra:

(...) como ponto de partida, valorizar o texto escrito e dar as condições para tal, das quais desfrutam a minoria da população. Só assim, a educação pública poderá ser, de fato, um instrumento importante e valioso de ascensão social para a maioria. (SERRA, 1998, p. 97)

Desta maneira, só teremos bons resultados quando valorizarmos o texto

escrito e outro agravante é quando o livro didático torna-se o único livro em que o

aluno tem contato com o texto, então a palavra não exerce sua função libertadora e

transformadora, não conquistando o aluno para o prazer de ler, o que se reflete na

escrita. Gebara considera que a leitura, mesmo sendo de caráter utilitário, não deixa

de promover a escrita, pois considera que “várias formas de interagir com textos

delineia-se a multiplicidade, característica da escrita, por ser criação de diferentes

sujeitos em contextos diferenciados.” (GEBARA, 2002, p. 22). Reafirma-se então a

importância da leitura, pois por meio dela o aluno interage com o meio social,

colocando suas ideologias, criatividade, argumentação, opinião no papel, e, assim,

passa a ser autor dos próprios pensamentos. Neste mesmo contexto está a escola,

como mediadora desta ação, pois é o espaço mais concreto e eficaz do processo de

socialização.

A seleção de textos literários é o outro ponto importante e Zizi Trevisan alerta

que:

adequando o material de leitura ao nível de escolarização do leitor, sem perder de vista a essencialidade do objeto de reflexão), estaremos praticando um ensino emancipatório de exploração das disponibilidades receptivas do leitor, tanto quanto sua individualidade permita. (TREVISAN, 1998, p. 81)

A autora chama a atenção para a importância em se trabalhar a leitura

estética como objeto cultural desde as primeiras séries. Isto reforça, portanto, que

não precisa esperar que o aluno chegue ao Ensino Médio, às vésperas de prestar

vestibular, para então começar a estudar literatura, pois é ainda no Ensino

Fundamental que o aluno deve ser provocado e seduzido pelo texto artístico.

Segundo Zilberman (1982) "a escola é um elemento de transformação

que não pode ser negligenciado". (ZILBERMAN, 1982, p. 15). Na obra A poesia vai

à escola, Neusa Sorrenti enfatiza que:

Durante muito tempo, acreditou-se que, para aproximar a criança da poesia, bastava apresentar-lhe textos de qualidade. Sabe-se hoje que é preciso somar outros elementos a essa aproximação , entre os quais o entusiasmo do professor ou mediador. Um mediador sensível ao texto poético tornar-se-á o grande iluminador do encontro texto-leitor. Ele é peça importante na formação do gosto pela poesia. (SORRENTI, 2007, p. 19)

Acredita-se, portanto, que ao propiciar o contato dos alunos com o

texto poético da autora Roseana Murray, será uma oportunidade de evidenciar o

trabalho estético, despertá-los para a leitura, melhorando a autoexpressão e

sensibilidade, uma vez que seus poemas apresentam uma riqueza de versos e

estrofes marcados pela musicalidade, por metáforas, temas que remetem à infância

e nos fazem refletir acerca das coisas simples da vida.

3- A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E A POESIA

A discussão em torno do assunto leitura sempre fez parte do cotidiano da

escola em busca de proporcionar aos educandos prazer em ler e ao mesmo tempo

tornando-os autônomos e emancipados. Mas, enquanto o professor estiver

preocupado e sentir-se confortável em apenas disseminar o uso da gramática em

sala de aula, utilizar o poema com finalidade utilitária, usá-lo para circular e retirar

substantivos, grifar verbos, localizar pronomes e assim por diante, acaba tirando da

criança a emoção e sensibilidade que a poesia possui e explorando só o aspecto da

sistematização linguística.

A partir desta realidade que infelizmente ainda perdura no ensino do texto

literário, e a poesia está inserida neste contexto, buscam-se possibilidades diversas

de práticas pedagógicas que valorizem o texto poético e que se considere seu

aspecto literário e estético. Como este material didático será aplicado ao 6º ano do

ensino fundamental, pretende-se desenvolver um trabalho voltado mais ao ludismo e

à criatividade dos alunos, com atividades direcionadas à leitura, que enfatizem as

antíteses e metáforas, versos curtos e ritmados, repetição sonora através da

assonância e aliteração. O contato prévio do poema por meio da leitura, a repetição

dos versos, a percepção da sonoridade que embala o texto tudo isso é muito mais

válido do que a preocupação e exigência em memorizar regras de metrificação,

classes gramaticais e estruturas sintáticas.

Valorizar a leitura na escola e desenvolver habilidades eficientes na

formação do aluno-leitor é a proposta das DCEs do Estado do Paraná; no que se

refere ao ensino de Literatura, sustenta-se nos pressupostos da Estética da

Recepção e na Teoria do Efeito, que deram origem ao Método Recepcional, trazido

ao Brasil pelas autoras Maria da Glória Bordini e Vera Teixeira de Aguiar, valorizando

a figura do leitor, sobretudo o ato da leitura. Por meio desse método, o processo de

efetivação da recepção ocorre com a interação do leitor com o texto.

A Estética da Recepção surge a partir das considerações teóricas realizadas

por Hans Robert Jauss (1921-1997), em aula inaugural, em 1967, na Universidade

de Constança, quando realizou uma palestra, com o título O que é e com que fim se

estuda a história da literatura? Sem dúvida, foi ousado e corajoso ao criticar os

métodos de ensino de literatura, que na sua concepção eram muito tradicionais e a

partir daí surgem novos rumos para o ensino de literatura, sem eliminar a história,

aproximando autores e obras de diferentes épocas, como também valorizando

outras linguagens artísticas. Nesse contexto, o aluno passa a ser um sujeito ativo

diante da obra, interage com ela, expressa sua opinião, compreende a subjetividade

num texto, estabelece-se assim uma tríade composta de obra/autor/leitor, tudo isso

partindo da prática de leitura.

O teórico Jauss levanta uma polêmica com formalistas, marxistas e

estruturalistas, os quais atribuíam ao leitor o papel de mero reprodutor, ao contrário

do que defende a perspectiva recepcional. Apresenta sete teses metodológicas

como uma nova proposta do estudo literário, desprezando a preocupação única com

a obra e seu autor, que deixava de lado uma parte importante do processo de leitura,

que é o próprio leitor. Como a base de sua metodologia está centrada na lógica da

pergunta e da resposta, o teórico amplia suas ideias à medida que novos

questionamentos vão surgindo.

A partir da década de 70, com a reforma no ensino, ocorre uma mudança

impactante nos métodos de ensino, focada numa educação preocupada com o

caráter emancipatório de seus educandos; segundo Zizi Trevisan:

centrada na valorização do desempenho do leitor e na valorização da leitura estética em detrimento da aquisição simplista de uma cultura literária. E esta valorização do ato de ler pressupõe, necessariamente, o reconhecimento do aluno como agente do processo de recepção textual. (TREVISAN, 1998, p. 79)

No que se refere à divisão metodológica estabelecida por Jauss, em

síntese, apresenta sete teses, em que as quatro primeiras são consideradas as

premissas. A primeira tese prioriza a relação dialógica entre o leitor e o texto. Já a

segunda trata da experiência literária do leitor, esclarecendo que para estabelecer

esta não precisa recorrer à psicologia, pois segundo a autora Zilberman (1989, p.

34) "cada leitor pode reagir individualmente a um texto, mas a recepção é um fato

social." A reconstituição do horizonte valida a terceira tese, em que o valor decorre

da percepção estética, e Jauss norteia uma situação unilateral em que uma obra era

avaliada apenas pela época, ignorando seu valor artístico, ou centrava-se nesta,

mas sem considerar seu contexto histórico e social. A quarta tese, assim como a

anterior, priorizam o conceito de horizonte de expectativa e Jauss defende esse

pensamento, pois acredita que este conceito determina o caráter artístico da obra,

prevalecendo uma relação dialógica do texto.

Após percorrer as premissas, parte-se para a metodologia, que engloba as

três últimas etapas. Na sequência, há a quinta tese, que trata do aspecto diacrônico,

levando em conta a experiência literária, com enfoque nos diferentes momentos

históricos. Já a sexta tese discorre acerca do aspecto sincrônico, que mostra a

evolução da literatura em épocas diferentes, entre diacronia e sincronia do momento

em que foi idealizado, o decorrer do tempo e o momento atual. A última tese faz uma

relação da literatura com a sociedade, que passa a ter um caráter não meramente

estético, mas social, ético e psicológico.

Todavia, este método de ensino de literatura será bem sucedido por meio

dos seguintes objetivos:

1) Efetuar leituras compreensivas e críticas 2) Ser receptivo a novos textos e a leituras de outrem 3) Questionar as leituras efetuadas em relação a seu próprio horizonte cultural 4) Transformar os próprios horizontes de expectativas bem como os do professor, da escola, da comunidade familiar e social. (BORDINI & AGUIAR, 1988, p. 86)

Para tanto, a implementação desta unidade didática, seguirá como

proposta de metodologia para práticas de leitura de textos poéticos, respaldando-se

no Método Recepcional, elaborado pelas autoras Maria da Glória Bordini e Vera

Teixeira de Aguiar, atendendo aos pressupostos teóricos contemplados nas DCEs

(2008). Serão desenvolvidas neste trabalho as cinco etapas do horizonte de

expectativa e emancipação, compreendendo a seguinte sequência:

- Determinação do horizonte de expectativas (1)

- Atendimento ao horizonte de expectativas (2)

- Ruptura do horizonte de expectativas (3)

- Questionamento do horizonte de expectativas (4)

- Ampliação do horizonte de expectativas (5)

A escolha do método recepcional para a unidade didática em questão é

por acreditar no caráter transformador que o texto literário exerce, trazendo

atividades que primeiramente contemplem o horizonte de expectativas dos alunos,

provocando-os ao questionamento com perguntas acerca do que trazem de

conhecimento do gênero poesia, numa sondagem do que já trazem consigo por

intermédio de vivências anteriores. Averbuck salienta que:

à poesia cabe um importante papel no crescimento da personalidade da criança, na medida em que, através do desenvolvimento da sua sensibilidade estética, de sua imaginação e criatividade, ela estabelece uma ponte entre a criança e o mundo, em outra forma de comunicação, ela exerce ainda outros papeis formadores do seu psiquismo. (AVERBUCK, 1982, p. 68) '

A próxima etapa consiste no Atendimento ao horizonte de expectativas,

partindo para o contato com o poema, fazendo breve exprimentação e sondagem do

texto que mais atrai e desperta o interesse dos alunos, afinal o foco está em

despertar o prazer pela leitura. Em seguida, é momento da Ruptura do horizonte de

expectativas, oportunizando o contato com autor e obra, e Bordini e Aguiar

argumentam quanto à introdução de textos e atividades de leitura nesta etapa "de

modo a que o aluno ao mesmo tempo perceba estar ingressando num campo

desconhecido, mas também não se sinta inseguro demais e rejeite a experiência".

(BORDINI & AGUIAR, 1988, p. 89). Dando continuidade ao Método Recepcional,

ocorre o Questionamento do horizonte de expectativa, numa discussão contínua do

contato anterior com os textos lidos, atividades que confrontem o texto literário com

outro não literário, perceber o contraste da temática, estrutura e finalidade de cada

gênero. É uma etapa desafiadora e de aprofundamento das técnicas de composição

e de sentido, em que os alunos serão questionados quanto aos seus horizontes de

expectativas em relação ao que conheciam e sabiam sobre o texto poético e o que

absorveram no decorrer das etapas. A última etapa do processo, a Ampliação do

horizonte de expectativas, será o momento de provocação aos alunos; após

vivenciarem diferentes etapas de leitura, retoma-se todo o processo decorrido

levando-os a perceber o conhecimento e a aprendizagem adquiridos com o texto

poético. Nesta etapa, criam-se condições de novas possibilidades de trabalho com o

texto e conforme postulam Bordini e Aguiar: "o aluno torna-se agente de

aprendizagem determinando ele mesmo a continuidade do processo, num constante

enriquecimento cultural e social". (BORDINI & AGUIAR, 1988, p. 91).

4. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES:

1ª Atividade (1 hora aula)

Este momento inicial é fundamental, pois será apresentado aos alunos o

Projeto de Intervenção Pedagógica e que foi especialmente preparado para esta

turma do 6º ano. São alunos que estão chegando à Escola cheios de curiosidade,

expectativa, pois sofrerão uma mudança impactante em sua vida escolar. Assim,

subentende-se que já estão habituados com o gênero poema, que já foi trabalhado

no ensino fundamental até o 5º ano fundamental.

Como são alunos vindos de escolas diversificadas, ainda não se tem um

diagnóstico preciso do conhecimento que detêm. Neste contexto, a aplicabilidade da

Teoria da Estética da Recepção é muito coerente, pois o estudo do gênero parte do

aluno, do seu conhecimento prévio sobre poesia, à relevância do leitor no processo

da recepção da obra literária.

Questionário divertido:

Na primeira etapa da Determinação do horizonte de expectativas do

aluno/leitor será feita uma sondagem da realidade sociocultural dos alunos, com

perguntas referentes ao gênero poesia. Então, parte-se para uma conversa informal

acerca do que trazem de conhecimento de poesia, com perguntas pertinentes que

estarão já escritas em papel sulfite, dentro de uma caixa de presente, e os próprios

alunos podem retirar e ler aos colegas, fazendo uma interação mais descontraída,

não sendo apenas espectadores. As perguntas podem evoluir e surgirem novas

perguntas, a partir das respostas coletadas, então faz-se oralmente ou escreve-se

na lousa. Quanto mais a turma for participativa, maior será o envolvimento e a

discussão pode evoluir também. Segue abaixo o questionário:

1) Determinar os horizontes de expectativas

1) O que é poesia?

2) Onde ouviram falar em poesia?

3) Costumam ler poesia?

4) Lembram de alguma poesia?

5) Como é um texto poético?

6) Sobre o que falam as poesias?

7) Quem são os poetas?

8) Você conhece algum poeta?

9) Só poetas podem escrever poesia?

10) Você já escreveu poesia?

11) Onde podemos encontrar poesia?

2ª Atividade (2 horas aula)

Já na segunda etapa acontece o Atendimento ao horizonte de expectativas,

que remete ao saber prévio do leitor; os alunos apenas ouvirão alguns poemas por

meio de gravação em CD, escolhendo um poema que mais chamou atenção. Em

seguida, pede-se que transcrevam o poema à medida que vão ouvindo, para tanto a

audição deve ser pausada.

POEMAS

1. Tem tudo a ver 2. O buraco do tatu I 3. O buraco do tatu II 4. Quadras ao gosto... 5. Duas dúzias de coisinhas... 6. Livros e flores 7. Travatrovas

8. Emigração... 9. A valsa – Oficina 9 10. Milagre no corcovado 11. Cidadezinha

Figura 01

Fonte: da autora

2) Atendimento ao horizonte de expectativas

Fonte:

http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/index.php?option=com_content&task=view&id=18008&utm_source=Boletim&utm_medium=Boletim&utm_campaign=Boletim

3ª Atividade (1 hora aula)

Nesta aula, os alunos retomam o poema que reproduziram na aula

anterior para confrontar com o poema na versão original que receberão no momento

a fotocópia do poema na versão original, para que façam a comparação com o texto

que já escreveram. Este exercício é apropriado a fim de que percebam a estrutura

do poema, a disposição de estrofes e versos, as regras dos limites, a pontuação.

Oportuniza-se a discussão oral entre os alunos, para que possam expressar seu

entendimento enquanto ouviam o poema e o registravam.

4ª Atividade (1 hora aula)

Nesta etapa ocorre a Ruptura do horizonte de expectativas, com a

apresentação da poetisa Roseana Murray, por intermédio de uma entrevista em

vídeo, aproximando autor/leitor. Será usado o recurso da TV Pendrive para

reproduzir a entrevista do endereço abaixo:

Figura 02

Fonte: da autora

Figura 03

Fonte: da autora

3) Ruptura do horizonte de expectativas

Leitura de texto literário poético

https://www.youtube.com/watch?v=7oRWe2KpSic

5ª Atividade (2 horas aula)

Nesta aula parte-se para o empréstimo de livros de antologia poética da

escritora Roseana Murray. Cada aluno fará leitura dos poemas em sala de aula e

extraclasse para familiarizarem-se melhor com autor/obra.

Figura 04

Fonte: da autora

Figura 05

Fonte: da autora

Figura 06

Fonte: da autora

Figura 07

Fonte: da autora

SUGESTÕES DE LIVROS:

- MURRAY, Roseana. A bailarina e outros poemas.

- MURRAY, Roseana. Meus primeiros versos.

- PRIETO, Heloisa. Conversa de poeta.

- mmmmmm

- mmmmmmmmmmmm

Figura 08

Fonte: da autora

Figura 09

Fonte: da autora

Figura 10

Fonte: da autora

Figura 11

Fonte: da autora

Figura 12

Fonte: da autora

Figura 13

Fonte: da autora

6ª Atividade (2 horas aula)

Após leitura de poemas na aula anterior e extraclasse, nesta aula, com as

carteiras organizadas em círculo, os alunos apontarão um poema que mais lhe

agradou, reproduzem em uma folha sulfite, ilustram e apresentam aos colegas

expressando-se em relação ao texto. Estas produções serão fixadas num mural da

sala de aula.

Mãos à obra!!!

7ª Atividade (4 horas aula)

Já ocorrido o rompimento de expectativas de obra/autor/ leitor, com a

superação do horizonte de expectativa, divide-se a classe em grupos para pesquisa

bibliográfica acerca da autora, para confecção de material da vida e obra,

complementando o mural da 6º aula. Esta pesquisa pode ser feita no laboratório de

informática, em sites bibliográficos.

SUGESTÕES DE SITES:

Figura 04

Fonte: PARANÁ, 2013

MURAL DA POESIA

- http://www.roseanamurray.com/bibliografia.asp acesso em 28/08/13

- http://portuguespratodosrodrigues.blogspot.com.br/2011/10/biografia-de-roseana-

murray.html acesso em 28/08/13

- http://blogdaroseana.blogspot.com.br/ acesso em 28/08/13

Figura 05

Fonte: da autora

Figura 06

Fonte: da autora

Figura 07

Fonte: da autora

Figura 08

Fonte: da autora

MURAL DA POESIA Ilustrações dos alunos

Pesquisa da vida e obra de Roseana Murray

8ª Atividade (2 horas aula)

Nesta aula, será feita uma leitura coletiva da obra Qual a palavra? da

autora Roseana Murray, e organizado grupos para declamação em sala de aula para

enfatizar oralidade, entonação, como um ensaio e preparo para a próxima atividade

de apresentação oral.

9ª Atividade (4 horas aula)

Nesta aula, cada grupo irá organizar-se para um ensaio de apresentação

oral de poemas da autora, podendo escolhê-los dos livros diversos da biblioteca

escolar. Para esta apresentação, os alunos poderão usar recursos sonoros, figurino,

caracterizando o texto. Estas apresentações serão filmadas e fotografadas para que

posteriormente os alunos possam rever o vídeo de seus trabalhos e as fotos serão

fixadas no mural da sala de aula, complementando as duas primeiras atividades já

realizadas e fixadas no mural.

Figura 09

Fonte: PARANÁ

SUGESTÕES DE LIVROS:

MURRAY, Roseana. A bailarina e outros poemas.

MURRAY, Roseana. Meus primeiros versos. Qual a palavra?

PRIETO, Heloisa. Conversa de Poeta.

LEITE, Maristela Petrili de Almeida; SOTO, Pascoal (org.). Palavras de encantamento: antologia de poetas. São Paulo: Moderna, 2001. - (Literatura em minha casa): v.1

Palavras de encantamento: antologia de poetas brasileiros

10ª Atividade (08 horas aula)

Seguindo o Método Recepcional, parte-se para o Questionamento do

horizonte de expectativa, uma vez que os alunos já conhecem a autora e obras, pois

já interagiram, parte-se então para a análise de classificados poéticos de Murray,

sendo uma característica literária reconhecida desta autora. Para isso, explica-se a

definição de "classificado", com exemplos de textos retirados de jornal, fazendo a

relação com este gênero jornalístico, mas esteticamente pode transformar-se em

literário. Nesta etapa, serão trabalhados recursos e características da estrutura

composicional do gênero poético como: versos, estrofes, rimas, ritmo, métrica,

sonoridade, jogo de palavras, pontuação, figuras de linguagem, linguagem

conotativa e linguagem denotativa.

Como estratégia de leitura é importante que seja feita em voz alta antes

da exploração do assunto. No caso do poema, por tratar-se de um texto literário, que

se difere de outros gêneros, pede-se uma leitura cuidadosa quanto à entonação

construindo uma atmosfera de sentidos e significados que vão além da simples

decodificação das palavras. Cada expressão tem um objetivo conotativo, que nos

faz pensar e sentir sobre assuntos diversos que passam despercebidos, olhar a

natureza e o mundo com sensibilidade, desenvolvendo nos alunos suas habilidades

cognitivas e sensitivas. Outro detalhe, é que neste tipo de poema quase não há

pontuação, dando um ritmo acelerado. Também não há muitos conectivos, assim

como de preposição e artigos.

Para essa etapa do trabalho foram selecionados dois textos, sendo um

classificado de jornal e um classificado poético de Roseana Murray para confrontar

as diferenças entre os gêneros, como também perceber as características de um

gênero literário.

ESQUEMA DAS ATIVIDADES:

1º Questionar os alunos acerca do que entendem por "classificado", ouvindo

4) Questionamento do horizonte de expectativas

Leitura de texto literário poético

atentamente as respostas dadas.

2º Trazer para sala de aula jornal e pedir que localizem a página de Classificados.

3º Dar tempo suficiente para que leiam vários classificados e reconheçam o gênero.

4º Em seguida, entregar uma folha sulfite para cada aluno com dois exemplos de

textos: um classificado de jornal e um classificado poético de Roseana Murray.

Explicar previamente que este tipo de poema não possui título, seguindo o estilo do

próprio classificado jornalístico, sendo uma característica comum entre ambos.

5º Após leitura dos textos, faz-se a análise das sequências didáticas;

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS TEXTO 1 TEXTO 2

a) Quem escreve (em geral) esse gênero?

b) Com que propósito, finalidade?

c) Onde circula esse tipo de texto?

d) Qual a temática explorada em cada texto?

e) Quem são os leitores de cada texto?

f) Que tipo de sentimento um leitor pode ter ao ler esse texto?

g) Que influência o leitor pode sofrer devido à leitura desse gênero?

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Tem dois amplos salões

(...)

MURRAY, 2004, p.34

i) Quanto à sua estrutura composicional, com é organizado cada texto?

6º Valorizando sempre a obra, apresenta-se aos alunos o livro Classificados

Poéticos de Roseana Murray, mostrando que o poema acima estudado e os demais

das próximas aulas serão deste livro e que não apresenta sumário com títulos, pois

como já sabem os classificados não são iniciados por títulos.

7º Após reconhecimento e comparação dos gêneros acima, propõe-se aos alunos a

seguinte atividade: entrega-se uma folha sulfite com classificados poéticos já

previamente escritas e iniciados com as expressões: PROCURA-SE,TROCA-SE,

ALUGA-SE, PRECISA-SE. Após leitura de cada poema pede-se que recortem de

jornais e colem classificados correspondentes ao lado de cada classificado poético.

Esta atividade exerce de forma lúdica o confronto do real com o imaginário, em que

é permitido sonhar com uma casa, um lugar, objetos e situações inusitadas

aguçando o universo imaginário infantojuvenil. Inicialmente esta análise ajuda a

explicitar a diferença entre sentido conotativo e denotativo.

"Procura-se um equilibrista

Que saiba caminhar na linha

que divide a noite do dia"

(...)

MURRAY, 2004, p.09

"Troca-se um homem-aranha de mentira

Por uma aranha de verdade".

(...)

MURRAY, 2004, p.16

"Aluga-se um lugar

Onde possa montar um bazar

Para atender aos mais variados desejos!"

(...)

MURRAY, 2004, p.28

"Precisa-se de uma bola de cristal

Que mostre um futuro grávido de paz:"

(...)

MURRAY, 2004, p.38

SUGESTÃO DE LIVRO:

8º Já tendo reconhecidos os classificados poéticos de Roseana Murray, exploradas

se algumas características da linguagem deste gênero literário, tais como:

aliteração, assonância, anáfora, metáfora, antítese. Os trechos abaixo permitem

a demonstração destas figuras de linguagem.

ALITERAÇÃO - consiste na repetição ordenada de mesmos sons

consonantais.

TRECHO 1:

"Atenção! Compro gavetas

compro armários,

cômodas e baús".

(...)

MURRAY, 2004, p.06

TRECHO 2:

"que teça belas teias transparentes," (...)

MURRAY, 2004, p.16

ASSONÂNCIA - consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.

TRECHO 3:

"um cheiro de cidade

por um cheiro de neblina"

(...)

MURRAY, 2004, p.15

Obs.: no mesmo texto ainda encontra-se as palavras: gasolina / fina / cimento

MURRAY, 2004, p.15

ANÁFORA - consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos

ou frases.

MURRAY, Roseana. Classificados poéticos. 1. ed. São

Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004.

TRECHO 4:

"Preciso guardar minha infância" (...)

"Preciso guardar minhas lembranças:" (...)

"Preciso guardar meus talismãs" (...)

MURRAY, 2004, p.06

TRECHO 5:

"Compro um barco feito de vento" (...)

"Compro um barco que conheça" (...)

"Compro um barco que saiba decifrar" (...)

MURRAY, 2004, p.06

METÁFORA - consiste na comparação implícita, isto é, sem o conectivo

comparativo.

TRECHO 6:

"O coração da menina

ilumina as noites escuras" (...)

MURRAY, 2004, p.18

TRECHO 7:

" Perdi maleta cheia de nuvens

e de flores,

maleta onde eu carregava

todos os meus amores embrulhados

em neblina."

(...)

MURRAY, 2004, p.26

ANTÍTESE - consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que

se opõem pelo sentido

TRECHO 8:

"Procura-se um equilibrista

Que saiba caminhar na linha

que divide a noite do dia”

(...)

MURRAY, 2004, p.09

TRECHO 9:

"Troca-se um homem-aranha de mentira

Por uma aranha de verdade".

(...)

MURRAY, 2004, p.16

TRECHO 10:

"Procura-se vivo ou morto

um sapo de estimação"

(...)

MURRAY, 2004, p.16

PARÁFRASE - é uma reafirmação das ideias de um texto ou uma passagem

usando outras palavras. O ato de paráfrase é também chamado de

parafrasear.

TRECHO 11:

"Preciso guardar meus talismãs:

o anel que tu me deste

o amor que tu me tinhas

e as histórias que eu vivi".

(...)

MURRAY, 2004, p.06

11ª Atividade (05 horas aula)

Na quinta e última etapa a Ampliação do horizonte de expectativas será

proposta aos alunos a produção de classificados poéticos, buscando retratar seus

próprios sentimentos, sonhos, desejos, medos, dúvidas, saudades. Acredita-se que

Roseana Murray é uma grande fonte inspiradora e com muita sutileza consegue

tocar a alma humana com seus poemas, não importa a idade, seus textos podem

ser interpretados de formas diversas, dependendo da fase em que se vive.

Produzir um classificado poético com a finalidade de levar a comunidade

iratiense a conhecer e apreciar este gênero textual poético. Após revisados e

5) Ampliação ao horizonte de expectativas

Leitura de texto literário poético

reescritos, os classificados poéticos serão editados em folhas color set a serem

fixados em biombo no rol de entrada do Supermercado Ivazko, da Rua Dona Noca,

próximo à Escola Estadual Pio XII.

5. Referências

BANDEIRA, Manuel; Meireles, Cecília; Murray, Roseana. Meus primeiros versos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. (Literatura em minha casa; 4) BORDINI, Maria da Glória & AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatura: para pequenos, médios e grandes. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009. GEBARA, Ana Elvira Luciano. A poesia na escola: leitura e análise de poesia para crianças. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleção aprender e ensinar com textos, v. 10) LEITE, Maristela Petrili de Almeida; SOTO, Pascoal (org.). Palavras de encantamento: antologia de poetas. São Paulo: Moderna, 2001. - (Literatura em minha casa): v.1 MURRAY, Roseana. A bailarina e outros poemas: poesia. 1. ed. São Paulo: FTD, 2001. ______. Classificados Poéticos. 1. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Disponível em : http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=872&evento=4. Acesso em 18 set. 2013. PRIETO, Heloisa (Org.). Conversa de Poeta. 1. ed. São Paulo:Salamandra, 2003. -(Coleção literatura em minha casa; v. 1. Poesia) SORRENTI, Neusa. A poesia vai à escola: reflexões, comentários e dicas de atividades. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. TREVISAN, Zizi. As malhas do texto: escola, literatura, cinema. São Paulo: Clíper Editora, 1998. ZILBERMAN, Regina. Leitura em Crise na Escola: as alternativas do professor. 4. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.

http://www.roseanamurray.com/index.asp Acesso em 18 set. 2013.

http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf/index.php?option=com_content&task=view&id=18008&utm_source=Boletim&utm_medium=Boletim&utm_campaign=Boletim Acesso em 25 nov. 2013