os desafios da escola pÚblica paranaense na perspectiva do ... · entre textos literários e...
TRANSCRIPT
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA
Título: Contos de Rubem Fonseca: Narrativas sobre a violência urbana
Autora
Christie Simone Sauerzapf
Escola de Atuação
Colégio Estadual Rui Barbosa. E.F.M.P.
Município da escola
Jacarezinho – PR
Núcleo Regional de Educação
Jacarezinho – PR
Orientadora
Drª Adenize Aparecida Franco
Instituição de Ensino Superior
UENP - Universidade Estadual do Norte do Paraná - Campus Jacarezinho
Disciplina/Área
Língua Portuguesa
Produção Didático-Pedagógica
Unidade Didática
Relação Interdisciplinar
Arte – Sociologia – Literatura
Público - Alvo
3º Ano - Ensino Médio
Localização
Avenida Manoel Ribas, 500
Resumo:
As atividades propostas para esta Unidade Didática buscam discutir a representação da violência urbana na literatura contemporânea. Considerando que a violência é uma prática recorrente na sociedade brasileira, as análises das narrativas aqui indicadas sinalizam a importância da reflexão acerca das vozes da violência na nossa cultura. Nessa perspectiva, tendo como fundamentação teórica o Método Recepcional, propomos um olhar mais atento às produções literárias acerca do
PARANÁ
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
tema, especificamente na obra de Rubem Fonseca, mostrando a violência com que fundamenta seus contos.
Palavras-chave
Rubem Fonseca; Narrativas de violência; Método Recepcional.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
PROFESSORA ORIENTADORA: Drª ADENIZE APARECIDA FRANCO
PROFESSORA PDE: CHRISTIE SIMONE SAUERZAPF
UNIDADE DIDÁTICA
CONTOS DE RUBEM FONSECA: NARRATIVAS SOBRE A VIOLÊNCIA URBANA
JACAREZINHO 2013
CHRISTIE SIMONE SAUERZAPF
CONTOS DE RUBEM FONSECA: NARRATIVAS SOBRE A VIOLÊNCIA URBANA
Material Didático apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED sob orientação da professora doutora Adenize Aparecida Franco em cumprimento às atividades pertinentes ao professor PDE.
JACAREZINHO – PARANÁ 2013
“A leitura, a palavra é extremamente polissêmica. Cada leitor lê de uma maneira diferente. Então cada um de nós recria o que está lendo, esta é a vantagem da leitura” Rubem Fonseca
APRESENTAÇÃO
Prezados (as) professores (as),
O presente material didático-pedagógico é parte integrante do projeto
do Plano de Trabalho do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE,
da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em sua sexta edição.
As ideias e conteúdos aqui presentes têm como intenção somar-se à
prática docente, contribuindo para a reflexão acerca das relações entre o
universo da leitura enquanto um processo de reinvenção; e, entre o universo
pessoal do leitor, enquanto sujeito da interação social.
Desta forma, propomos estratégias que possibilitem aos alunos uma
maior compreensão do mundo a sua volta a partir da leitura de diferentes
gêneros textuais e literários, em especial, a narrativa contemporânea,
instituindo uma relação dialógica entre realidade e ficção.
Se partirmos da premissa de que um texto não surge do nada, ele
nasce a partir de processos dialógicos com outros textos, concluímos, então,
que para sermos competentes leitores e produtores de textos não basta
apenas termos o domínio do código linguístico; é preciso, também, estarmos
submersos nas relações intertextuais.
O processo da leitura exige um esforço que garante uma compreensão
ampliada do mundo e de nós mesmos. Ler é interagir e o ato da leitura implica
diálogo entre sujeitos históricos, desta forma, segundo Bakhtin:
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Neste diálogo, o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, com os lábios, as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas ações. Ele se põe todo na palavra e esta palavra entra no tecido dialógico da existência humana, no simpósio universal. (BAKHTIN, 2003, p.348.)
A importância de optarmos pela leitura e pelo reconhecimento das
características de textos de outras esferas sociais, levando em consideração
o seu contexto de produção, circulação e recepção, justifica-se a partir do
princípio de que esta prática contribui para estabelecer relações intertextuais
entre textos literários e produções culturais de outras áreas (jornal impresso,
artes plásticas, música, etc.).
Oportunizando o aluno com o contato de uma diversificada gama de
gêneros textuais, os quais trazem como temática a violência nas suas mais
variadas formas, propomos um exercício de reflexão acerca dos textos
expostos. Desta forma, com a inserção do aluno no universo da leitura outras
habilidades podem ser desenvolvidas como o ato de ouvir, falar e escrever.
Partindo do princípio de que um texto pode ser estímulo para outras
experiências de leitura, podemos, então, tornar a literatura uma presença viva
na sala de aula, transformando-a numa prática significativa.
De acordo com Cândido:
Uma das coisas mais importantes da ficção literária é a Possibilidade de poder “dar voz”, de mostrar em pé de igualdade os indivíduos de todas as classes e grupos, permitindo aos excluídos exprimirem o teor da sua humanidade que de outro modo não poderia ser verificada (CÂNDIDO, 1985).
Partindo dessas reflexões, a literatura brasileira contemporânea, que
corresponde às produções literárias feitas a partir da década de 60; mais
especificamente a análise dos contos de Rubem Fonseca, os quais remetem
o drama da vida e dos acontecimentos urbanos, a violência que percorre nas
ruas das cidades e os desvios humanos nos submundos da sociedade
contemporânea, serão inseridos no universo de leitura dos nossos alunos.
Esperamos que este material didático-pedagógico seja útil aos
professores de Língua Portuguesa e Literatura, podendo contribuir em sua
prática docente através do ato de compartilhar o conhecimento literário e
percebendo-o como condição essencial para a aquisição de uma cultura
integradora humanista.
OBJETIVO GERAL
Estimular as quatro habilidades: ouvir, ler, falar e escrever de forma
significativa, possibilitando o exercício da leitura e da escrita como práticas
sociais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estabelecer relações intertextuais entre textos literários da
contemporaneidade e produções literárias e culturais de diferentes épocas;
Ler, produzir e interpretar textos em diferentes gêneros do discurso, usando a
modalidade oral e a escrita e adequando-os às diferentes exigências do
contexto situacional;
Formar um leitor autônomo, capaz de julgar quais são as leituras que melhor
atendam a seus interesses;
Perceber criticamente as várias formas pelas quais a violência se apresenta e
se estabelece na sociedade;
Conhecer as características das narrativas de ficção de Rubem Fonseca.
MÃOS À OBRA
CHEGOU O MOMENTO DE REALIZAR AS ATIVIDADES.
PARA TANTO, SEGUIREMOS AS ETAPAS PROPOSTAS
PELO MÉTODO RECEPCIONAL.
DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
É o momento de tomarmos conhecimento da realidade sócio-
cultural dos alunos.
Proporcionar ao aluno o acesso ao universo dos textos que circulam
socialmente, contribui para que os mesmos possam compreender que o texto é
construído diariamente nos momentos de comunicação tanto escrito quanto
oralmente. Desta forma, trabalhar a diversidade textual aproxima o aluno aos textos
ligados ao cotidiano, proporcionando condições para que ele compreenda a função
dos gêneros, contribuindo para a prática de leitura e escrita. É necessário, portanto,
o conhecimento e a familiarização com os diferentes gêneros textuais pertencentes
ao contexto social, para que seja possível identificar a finalidade dos textos,
adequando suportes e gêneros e considerando os papéis e posições assumidos
pelos enunciadores ou leitores em contextos específicos de enunciação.
CONTEXTUALIZANDO
O jornal e a revista constituem importantes ferramentas pedagógicas e,
sendo veículos de informação, a leitura destes facilita a atualização sobre a
dinâmica dos acontecimentos, promove o enriquecimento do debate sobre
temas atuais e o contato com os diversos gêneros textuais.
De professor para professor...
Neste momento, é importante discutir com os alunos os gêneros
textuais presentes em situações comunicativas. Para tanto, os
materiais disponibilizados para consulta encontram-se disponíveis
em:
<http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/conceito-genero-
textual-seu-uso-aula-735561.shtml>Acesso em: 03 ago.2013.
<http://www.portugues.com.br/redacao/generostextuais/> Acesso em: 03 ago. 2013.
CONTEXTUALIZANDO
De professor para professor...
É interessante, neste momento, discutir com os alunos os gêneros
textuais que circulam nos suportes revistas e jornais escritos, para
tanto, sugerimos o conteúdo Gêneros textuais do universo
jornalístico. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/redacao/generos-textuais-universo-
jornalistico.htm> Acesso em: 03 ago. 2013.
1. Você costuma ler algum tipo de jornal impresso?
2. Com que frequência faz esse tipo de leitura?
3. Que tipo de assunto mais lhe chama a atenção ao ler jornais?
4. E em relação à leitura de revistas? Há algum título que lhe atrai a
atenção? Por quê?
5. Quem, ao seu ver, são os potenciais leitores de jornais e revistas?
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
De professor para professor...
Após a discussão serão ofertados aos alunos jornais e revistas os
quais privilegiam em suas matérias o tema desta unidade didática, ou
seja, a violência. Para que ocorra a interação e a troca de idéias, os
alunos serão divididos em duplas e receberão jornais e revistas para
fazerem uma análise dos assuntos mais discutidos. Após esse
momento, será aberto um debate direcionado pela professora com o
intuito de propiciar perguntas sobre as situações de violência, a fim de
que os alunos possam expor suas opiniões. Aproveite o momento para
explicar e intervir nas colocações e/ou posicionamentos dos alunos.
1. Quais os assuntos que mais lhes chamaram a atenção tanto nos
jornais quanto nas revistas?
2. Há notícias ou reportagens sobre algum tipo de violência?
Especifique.
3. Ao fazerem a leitura sobre a temática da violência que tipo de
sensação experimentaram? Dor, medo, revolta, familiaridade,
conivência...?
4. Como são organizados os conteúdos nos textos? Em forma
de lista? Versos? Prosa?
5. Qual o tipo de violência mais comentado?
6. O que você entende por ato de violência?
7. Qual o índice de violência em nossa região?
8. A realidade social e a estrutura familiar contribuem para a violência?
9. Quem são as maiores vítimas de violência?
10. A violência parece ser cada vez mais natural. Você concorda
quando se diz que ela foi banalizada?
11. Às vezes a violência está tão próxima de nós, mas fazemos
de conta que não a vemos, ou se a vemos temos receio em
compartilhá-la com alguém. Caso alguém tenha desejo ou mesmo
necessidade de expor algum caso típico de violência sofrida ou
presenciada, desde que esta exposição não lhe traga prejuízos ou
consequências, sinta-se à vontade, estamos entre amigos.
12. Como vocês puderam notar este projeto terá como fio condutor a
temática da violência. Qual a relevância de analisarmos textos dos
mais variados gêneros que contemplem esse tema?
ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
É o momento de apresentarmos textos que sejam próximos ao
conhecimento de mundo e às experiências dos alunos, para tanto serão
utilizadas a leitura de imagens, letras de músicas e poema.
As imagens possuem uma força espetacular para anunciarem
acontecimentos e fatos e podem comunicar tanto quanto as palavras.
Partindo do pressuposto de que ler é atribuir significados a um texto,
podemos perceber as possíveis relações entre a literatura e outras artes, que,
embora sendo obras distintas é notório o entrosamento discursivo presente.
No caso de imagens, estamos falando de textos visuais, os quais não devem
CONTEXTUALIZANDO
De professor para professor...
Este material didático pedagógico apresenta muitos textos para
leitura. Desta forma, ao término dessas atividades, as quais fazem
parte do primeiro passo do método recepcional, reforce com seus
alunos a importância do ato da leitura. Para tanto, sugerimos que os
alunos assistam ao vídeo “O que acontece quando lemos”,
disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/me000965.mp4>
Acesso em: 02 ago. 2013
apenas serem vistos, mas sim lidos e compreendidos. A leitura de imagens é
uma possibilidade de reflexão.
Observe as imagens:
Figura I - Cenas de violência I
Disponível em: < http://www.shutterstock.com/pt/pic-83982145/stock-vector-terrorist-crime-
bad-violence-kill-murder-snatch-thief-criminal-icon-symbol-sign-
pictogram.html?src=Sm2zSJD_auzdim43KDYaqQ-1-78> Acesso em: 09 set. 2013.
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
Figura II – Cenas de violência II
Disponível em: <http://www.shutterstock.com/pt/pic-110184692/stock-vector-criminal-robber-
burglar-kidnapper-rapist-thief-icon-symbol-sign-pictogram.html?src=p-83982145-2> Acesso
em: 09 set. 2013.
1. Pela leitura das imagens acima, quais os tipos de violência
retratados?
2. Na sua opinião, o que leva o ser humano a ser violento?
3. Existem meios para que a violência seja senão extinta, mas pelo
menos controlada?
O tema da violência tem sido muito constante nas artes. Sendo a arte uma
manifestação do pensamento humano e as ações agressivas não são
exclusividades da contemporaneidade, desta forma a aparição da violência é
resultante da relação e da compreensão que temos da existência humana.
CONTEXTUALIZANDO
Observe o exemplo de uma pintura de Domenico Zampieri, pintor
barroco italiano
Figura III - O assassinato de São Pedro Mártir
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Carino_de_Balsamo> Acesso em: 11 set. 2013.
1. Qual foi a sua reação ao ver essa imagem?
2. O que vemos nessa imagem?
3. O que você pensa quando olha para essa imagem?
4. A imagem traz sentimentos bons ou ruins?
5. Qual será que foi a inspiração do artista ao fazer essa obra?
6. Ela ainda é atual? Pode ser relacionada ao contexto social de hoje?
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
Sendo a música uma expressão da linguagem, ela se transforma em
um recurso facilitador e uma ferramenta eficaz, possibilitando o diálogo e a
reflexão, além de ser uma atividade que envolve o jovem. A motivação para o
trabalho com o rap, parte do pressuposto que este ritmo traz em suas letras
um espelho da sociedade, problematizando a realidade. A sigla RAP é, pelo
inglês, Rhythm And Poetry - originária das iniciais de Ritmo e Poesia. Rap é,
portanto, o discurso rítmico com rimas. O rap traça um perfil caótico do
cotidiano nas periferias, trazendo à tona questões polêmicas, com letras
agressivas e questionadoras, possibilitando, ainda, o contato com as
diferentes possibilidades linguísticas. A letra da música selecionada foi o rap
“Andar como terrorista”, do compositor Criolo, será apresentada também à
classe a letra da música “O Calibre” de Hebert Vianna, da banda de rock Os
Paralamas do Sucesso, que aborda temas de cunho político-social.
CONTEXTUALIZANDO
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
De professor para professor...
Retome com seus alunos as características da arte barroca. Sugerimos,
caso julgue necessário, o link abaixo para consulta:
<http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/barroco/arte-barroca-1.php>
Acesso em: 11 set. 2013.
Solte a voz! Como diz o ditado: Quem canta seus males espanta!
Vamos acompanhar a letra da música?
Andar Como Terrorista
Desta ver o canhão não será necessário,
Andar como terrorista.. fortemente armado!
Desta ver o canhão não será necessário... (CRIOLO, 2010)
1. Que história se conta a letra da música?
2. Qual o problema denunciado na canção?
3. Qual o público alvo da canção?
4. Qual é o tema principal da letra da música?
De professor para professor...
A letra da música “Andar como terrorista” de Criolo encontra-se
disponível em:<http://www.vagalume.com.br/criolo/andar-como-
terrorista.html> Acesso em: 11 set. 2013
Vamos ouvir outra música?
O Calibre Eu vivo sem saber
Até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo... (VIANA, 2002)
1. Quais as restrições do direito de ir e vir impostas pela violência urbana?
2. Por que caminhos você vai e volta? Quais os lugares que você nunca vai? A que horas você nunca sai?
3. Comente sobre o confinamento em que a população vive, gerando investimentos em alarmes, grades nas residências, entre outros.
4. Como a violência interfere na sua vida?
O texto poético tem uma forte relação com a música e a arte. Tudo que nos
toca, que nos emociona através de uma linguagem é poesia. Um filme pode ser
De professor para professor...
A letra da música “O Calibre” de Hebert Vianna encontra-se
disponívelem:<http://www.vagalume.com.br/paralamas-do-sucesso/o-
calibre.html >Acesso em: 11 set. 2013.
CONTEXTUALIZANDO
poético, uma obra de arte pode ser poética, desde que nos comovam.
O verso é a forma privilegiada da poesia, desta forma um texto escrito em versos é
um poema.
Note como o poeta Carlos Drummond de Andrade fez uso dos versos para
representar a realidade em seu “Poema do jornal”, publicado em Alguma Poesia,
seu primeiro livro, obra de 1930.
Poema do jornal
O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia... (DRUMMOND, 2002)
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
De professor para professor...
Sugerimos que seja apresentada aos alunos a biografia de Carlos
Drummond de Andrade, disponível em:
<http://www.releituras.com/drummond_bio.asp> Acesso em: 20 set.
2013.
1. 1. Em quais aspectos o poema de Drummond se assemelha a uma manchete jornalística?
2. 2. A notícia ganhou a forma de poema, é correto, então, afirmarmos que por se tratar de um texto literário, provoca emoção e encantamento no leitor?
RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
É o momento de apresentarmos leituras de maior complexidade e que,
consequentemante, exijam um grau maior de reflexão.
Contar histórias é uma experiência de interação e as pessoas sempre
gostaram de contá-las e de ouvi-las. As histórias divertem, ensinam, encantam.
Essas histórias, populares ou eruditas, assumem, às vezes, a forma de
narrativas ficcionais em prosa, que chamamos de conto.
Nos contos, o narrador, por meio de descrições das personagens, do cenário,
do tempo, utilizando uma linguagem simples, direta, acessível e dinâmica, conduz o
conflito que, rapidamente, se desenvolve e caminha para seu final, não raramente
CONTEXTUALIZANDO
De professor para professor...
“Poema de jornal” de Carlos Drummond de Andrade encontra-se
disponível em:
<http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/poemaj.htm > Acesso em:
20 set. 2013.
surpreendendo o leitor. É por meio desse encadeamento de fatos narrados os quais
vão produzindo sentido que conseguem prender a atenção do leitor ou ouvinte.
Estas características fazem do conto uma narrativa centrada e limitada ao essencial.
Vamos conhecer renomados escritores brasileiros e que trazem em
algumas de suas composições a temática da violência?
Neste momento apresentaremos o poema em prosa Tragédia Brasileira de
Manuel Bandeira que teve sua publicação na obra “Estrela da Manhã” de 1936.
Este poema assemelha-se a uma notícia de jornal, pela escolha de um discurso
sem lirismo aparente, pela opção da narrativa e pela ausência do verso.
De professor para professor...
Neste momento, para uma melhor compreensão, sugerimos que os alunos
assistam ao vídeo “Palavra Puxa Palavra – Contos”, disponível em:
< http://www.youtube.com/watch?v=1LkfQRc5NGM> Acesso em 28 set. 2013.
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
Tragédia Brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira
na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os
dentes em petição de miséria... (BANDEIRA, 1990)
1. O que, ao seu ver, levou Misael e Maria Elvira a se unirem?
2. Qual a justificativa para o ato do crime?
3. Como você julga a atitude de Misael?
4. Qual o perfil/personalidade de Misael?
5. Podemos afirmar que em Tragédia Brasileira há o relato de um acontecimento
comum, que acontecimento é esse?
6. Qual a atitude de Misael diante de cada ato de infidelidade cometido por Maria
Elvira? E por qual motivo ele toma essa atitude?
De professor para professor...
O poema em prosa “Tragédia Brasileira” de Manuel Bandeira encontra-se
disponível em:
<http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet239.htm> Acesso em: 02
out. 2013.
De professor para professor...
Sugerimos que neste momento seja apresentada aos alunos a biografia de
Manuel Bandeira. Disponível em:
< http://www.infoescola.com/escritores/biografia-de-manuel-bandeira/> Acesso
em: 02 out. 2013.
7. Que expressão utilizada no texto assemelha-se a um texto jornalístico policial?
8. O que, a seu ver, levou Misael e Maria Elvira a se unirem?
9. Qual a justificativa para o ato do crime?
10. Como você julga a atitude de Misael?
11. Qual o perfil/personalidade de Misael?
12.Podemos afirmar que em Tragédia Brasileira há o relato de um acontecimento
comum, que acontecimento é esse?
13. Qual a atitude de Misael diante de cada ato de infidelidade cometido por
Maria Elvira? E por qual motivo ele toma essa atitude?
14. Que expressão utilizada no texto assemelha-se a um texto jornalístico
policial?
Apresentaremos neste momento o miniconto “Porém igualmente” da escritora
Marina Colasanti, presente na obra Um Espinho de Marfim e outras histórias, de
1999. Com densidade, síntese e linguagem poética, a narrativa de Marina Colasanti
constitui um relato de um só incidente. Por ser extremamente breve, recebe a
designação de miniconto, gênero que se ajusta à vida contemporânea.
De professor para professor...
Sugerimos que apresente aos alunos a biografia da escritora Marina Colasanti.
Disponível em: <http://www.infoescola.com/biografias/marina-colasanti/>
Acesso em:10 out. 2013.
Porém igualmente
É uma santa. Diziam os vizinhos. E D. Eulália apanhando.
É um anjo. Diziam os parentes. E D. Eulália sangrando...
(COLASANTI, 1999)
1. Qual o termo metafórico utilizado pela escritora que encerra o fim da
trajetória de opressão sofrida por D. Eulália, fazendo-a com que conquiste,
dessa forma, a liberdade?
2. Conforme o Dicionário de Símbolos, “asas são, antes de mais
nada, símbolo do alçar voo, isto é, do alijamento de um peso (leveza
espiritual, alívio), de desmaterialização, de liberação – seja de alma ou de
espírito - , de passagem ao corpo sutil” (CHEVALIER & GHEERBRANT,
2009). Neste sentido, qual a representatividade desta palavra e quais outras
palavras presentes no texto podemos associar a ela?
3. Observe que a escritora empregou os verbos no gerúndio (apanhando,
sangrando). Qual a intencionalidade ao fazer tal emprego?
O conto “Esquece” de Marcelino Freire será nossa próxima leitura. Faz parte
da coletânia de textos da obra “Contos Negreiros” de 2005, em que sujeitos sem
voz e que vivem à margem da sociedade são retratados.
De professor para professor...
O miniconto “Porém igualmente” de Marina Colasanti encontra-se
disponível em:
<http://weblog.aventar.eu/medusa.weblog.com.pt/arquivo/171345.html>
Acesso em :10 out. 2013.
Esquece
Violência é o carrão parar no pé da gente e fechar a janela de vidro fumê e a
gente nem ter a oportunidade de ver a cara do palhaço de gravata para não perder a
hora ele olha o tempo perdido no rolex dourado... (FREIRE, 2005)
1. Quem é o narrador do conto?
2. Você percebeu que o texto não apresenta pontuação. Na sua opinião, qual
a intenção do autor ao recorrer a esse recurso?
3. Alteridade significa colocar-se no lugar o outro . Como você compreende e
analisa esse processo, valendo-se do senso comum, em que um marginal
nunca é a vítima?
De professor para professor... Sugerimos que seja apresentada aos alunos a biografia do escritor Marcelino
Freire.
Disponível em: <http://www.tirodeletra.com.br/biografia/MarcelinoFreire.htm>
Acesso em: 20 out. 2013.
De professor para professor... O conto “Esquece” de Marcelino Freire encontra-se disponível em:
<http://www.germinaliteratura.com.br/naberlinda_dez.htm> Acesso em: 22
out. 2013.
Neste momento vamos dar início à leitura dos contos de Rubem Fonseca.
Com uma linguagem crua, bruta e agressiva, sua obra remete para o drama da vida
e dos acontecimentos urbanos, trazendo personagens inseridos em uma sociedade
repressora e complexa. Estas características fazem de Rubem Fonseca o precursor
da literatura brutalista. Os contos brutalistas narram sequências e personagens
marginalizados, inseridos numa estrutura de narrativa policial, com elementos de
oralidade em que os personagens também assumem o papel de narradores da
história.
A violência, o sexo e a linguagem de baixo calão são o grande espetáculo da
obra de Rubem Fonseca, chegando a causar constrangimento nas pessoas de
espírito mais delicado.
Então, preparados para entrarem no submundo dos personagens de Rubem
Fonseca?
Agora faremos a leitura do conto “Os inocentes”, que faz parte da coletânea
De professor para professor...
Os nossos estudos literários sobre os contos do autor Rubem Fonseca
iniciam-se neste momento. É importante que os alunos conheçam o
universo literário do autor, para tanto, deverão assistir ao documentário em
comemoração aos seus cinquenta anos de carreira, exibido no Jornal da
Globo. Disponível em:
<http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-da-globo/v/rubem-fonseca-
comemora-50-anos-de-sucesso/2914347/> Acesso em:01 nov. 2013.
Conheça um pouco mais da vida e da obra de Rubem Fonseca. Disponível
em:<http://www.klickeducacao.com.br/je/materias/ha_50_anos__rubem_fon
seca_lancava_um_genero_literario/> Acesso em : 10 nov. 2013.
de contos da obra Lúcia MacCartney, publicada em 1967.
Os inocentes
O mar tem jogado na praia pingüim,
[tartaruga gigante, cação, cachalote.
Hoje: mulher nua.
Depilada pareceria enorme arraia podre... (FONSECA, 1994.)
1. Você notou que há o predomínio de frases nominais no conto? Qual a
intenção?
2. [...]“banhistas instalam barracas longe da coisa morta, logo envolvida por
enorme círculo de areia, indiferença"[...] (Fonseca, 2004, p. 349). Que
possíveis reflexões podemos fazer mediante esta passagem do conto?
3. O conto apresenta uma banalização da violência? Comente.
4. [...] Chega a família: “Olha, parece que reservaram um lugar para nós”[...]
(Fonseca, 2004, p. 349). Comente esta passagem do conto.
5. Justifique o título do conto.
De professor para professor... O conto “Os Inocentes” de Rubem Fonseca encontra-se disponível em:
https://www.skoob.com.br/livro/resenhas/14292/mais-gostaram/ Acesso em:
12 nov. 2013.
QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
É o momento de refletirmos, analisarmos e compararmos os textos que
já foram lidos e as atividades já realizadas. Também faremos a leitura de mais
um conto de Rubem Fonseca que trará significativas contribuições para as
discussões.
Por meio da leitura é possível desenvolvermos a criatividade, adquirirmos
cultura, conhecimentos e valores. A leitura ainda nos possibilita uma relação mais
próxima com as palavras, desta forma, quem lê, consequentemente, tem uma maior
familiaridade com o mundo da escrita. Segundo Perissé (2004):
Escrever é isto: um esforço de criação, uma aventura, um processo de elaboração do caos, uma evolução do rascunho à formulação mais perfeita possível (Gabriel Perissé, 2004).
A leitura, a reflexão e a escrita são ações indispensáveis para o crescimento
intelectual e para a transformação pessoal.
CONTEXTUALIZANDO
De professor para professor...
Para que os alunos possam conhecer a história sobre o surgimento dos
livros sugerimos que assistam ao vídeo “Os livros e seus escritores”.
Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/me003508.mp4 >
Acesso em:12 nov. 2013.
Iniciaremos as nossas reflexões literárias fazendo a leitura do conto “O
Outro”, que faz parte da obra Feliz Ano Novo, publicada em 1975. Teve sua
publicação e circulação proibidas em todo o território nacional um ano mais tarde,
sendo recolhido pelo Departamento de Polícia Federal, sob a alegação de conter
"matéria contrária à moral e aos bons costumes". Foi proibido pela censura do
regime militar, acusado de fazer apologia à violência.
O Outro
Eu chegava todo dia no meu escritório às oito e trinta da manhã. O carro
parava na porta do prédio e eu saltava, andava dez ou quinze passos, e entrava...
(FONSECA, 1994.)
De professor para professor...
O conto “O Outro” de Rubem Fonseca encontra-se disponível em:
<http://www.releituras.com/rfonseca_outro.asp> Acesso em:12 nov. 2013.
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
1. O que demonstram as seguintes passagens do narrador-personagem:
“Quando chegava a hora do almoço, eu havia trabalhado duramente. Mas
sempre tinha a impressão de que não havia feito nada de útil” (Fonseca 2004-
411) e, logo após: “E sempre no fim do dia, eu tinha a impressão de que não
havia feito tudo o que precisava ser feito. Corria contra o tempo” (Fonseca
2004:411).
2. Por meio da leitura podemos inferir que o narrador-personagem é um
homem em busca de valores que dão sentido a sua vida?
3. Quais os conflitos que marcam a relação entre o sujeito narrador e o
mendigo que o persegue?
4. Você consegue perceber algum traço de preconceito neste conto?
1. Dentre os textos propostos para leitura, qual exigiu um nível maior de
atenção e de concentração para o entendimento e qual lhe trouxe maior
satisfação para que pudesse compreender melhor a mensagem do texto?
2. Retomemos a leitura do texto de Marina Colasanti e Manuel Bandeira.
Discuta a representação da figura feminina em ambos os textos.
3. Uma das nossas primeiras atividades foi a leitura de notícias e reportagens
de revistas e jornais. O jornal transforma o fato real numa notícia virtual
veiculada pela escrita. Ao lermos o poema em prosa de Manuel Bandeira
“Tragédia Brasileira” temos a impressão de que foi retirado de uma notícia de
um crime passional de um jornal.
NESTA ETAPA VAMOS RETOMAR OS TEXTOS ANALISADOS ATÉ O
PRESENTE MOMENTO. APESAR DE TODAS AS LEITURAS TEREM A
MESMA TEMÁTICA CADA TEXTO TRAZ CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS,
ISSO PORQUE PERTENCEM A GÊNEROS DIFERENTES, PORTANTO A
FORMA DE ESCREVER UM TEXTO NÃO POSSUI REGRAS FIXAS.
A atividade proposta para este momento consiste em transformar o poema em
prosa de Manuel Bandeira em uma notícia de jornal. Lembre-se de que toda
notícia é composta de seis elementos: O que aconteceu? Quando aconteceu?
Com quem aconteceu? Onde aconteceu? Como aconteceu e por que
aconteceu?
4. Atividade em pares: Cada participante ficará responsável por apresentar
imagens que apresentem cenas de violência. A dupla, então, escolherá uma
das imagens para que, pela observação desta, seja elaborado um miniconto.
Esta produção textual deverá, necessariamente, apresentar a contribuição dos
dois alunos envolvidos no processo.
5. Atividade em grupo: Os contos “Os inocentes” e “O outro”, de Rubem
Fonseca e “Esquece” de Marcelino Freire servirão de apoio para a realização
desta atividade. Os alunos deverão escolher um dos três contos e transformá-lo
em um rap. O momento é importante para destacar as diferentes possibilidades
de uso adequado da língua, na oralidade e na escrita, dependendo do contexto
e da situação de uso.
AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
É o momento de ampliarmos os interesses dos alunos, no sentido de
motivá-los a buscar na literatura textos que desafiem os seus conceitos.
A literatura nos oferece a possibilidade de viver vidas múltiplas. Esse fascínio
por conhecermos novas culturas, visitar lugares surreais, apaixonarmos pelos
personagens, só o mundo literário nos permite. Ao lermos somos levados pelas asas
da imaginação. Há determinados momentos de nossas vidas que temos que
enfrentar obstáculos, tomarmos decisões e não são raras as vezes que buscamos o
refúgio, o conforto e a resposta nos livros. Como já dizia o nosso saudoso e eterno
Mário Quintana: “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas”
Pelas leituras dos contos de Rubem Fonseca realizadas até o presente
momento percebemos que a violência também é retratada através da linguagem:
frases curtas, diretas, sem abrandamentos. Rubem Fonseca trata as palavras tais
quais elas são, beirando ao coloquialismo e, muitas vezes, aos próprios palavrões,
assim mesmo, sem maiores rodeios. A violência e a morte são vistas, não como
destruição, mas como consequências desta sociedade complexa e repressora a qual
vivemos.
Preparados para a leitura?
Os contos Passeio Noturno – parte I e Passeio Noturno – parte II serão
nossas próximas leituras. Ambos encontram-se publicados na obra Feliz Ano Novo,
de 1975.
Passeio Noturno – Parte I
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos,
pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um
copo de uísque na cabeceira... (FONSECA, 1975)
A HORA, A VEZ
E A
VOZ DO ALUNO
Passeio Noturno – Parte II
Eu ia para casa quando um carro encostou no meu, buzinando
insistentemente. Uma mulher dirigia, abaixei os vidros do carro para entender o que
ela dizia. Uma lufada de ar quente entrou com o som da voz dela: Não está mais
conhecendo os outros?... (FONSECA, 1975)
1. Após a leitura dos dois contos podemos afirmar que se trata do mesmo
narrador-personagem em ambos os textos?
2. Pela leitura podemos chegar à conclusão que o narrador-personagem é um
assassino. Podemos afirmar ser este um comportamento padrão? O que o
narrador-personagem sente ao matar?
3. Que relação é possível ser feita a partir do título do conto e o desfecho?
De professor para professor... O contos “Passeio Noturno - Parte I encontra-se disponível em:
<http://revistamacondo.wordpress.com/2012/04/27/conto-passeio-noturno-
rubem-fonseca/> Acesso em: 16 nov. 2013.
De professor para professor...
O conto “Passeio Noturno – Parte II” de Rubem Fonseca encontra-se disponível
em:<http://www.visaoportal.com.br/post/juliano/2068 >Acesso em: 16 nov. 2013
De professor para professor...
Aproveite o momento e retome com os alunos os elementos que compõem a
narrativa. Para tanto, sugerimos um material de apoio, disponível em:
<http://www.escritacriativa.net/escrita/artigososwaldo/4-elementos.html> Acesso
em: 18 nov. 2013.
Apresente também o vídeo “Viajando na narrativa”, disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=w8zZ4MbE8GQ> Acesso em: 18 nov. 2013.
Proposta de produção textual:
Agora é a sua vez de escrever. Os contos Passeio Noturno - Parte I e
Passeio Noturno – Parte II, de Rubem Fonseca serão a inspiração para a sua
produção. A proposta é que você escreva Passeio Noturno - Parte III. Lembre-
se, ao escrever, do estilo de narrar do escritor, características estas que, não
por acaso, consagraram-no como um brutalista.
De professor para professor...
Você pode indicar algumas obras para leitura e alguns filmes baseados nas
obras do escritor Rubem Fonseca. Aqui estão algumas sugestões:
Obras: Os prisioneiros (contos, 1963), A coleira do cão (contos, 1965), Lúcia
McCartney (contos, 1967), O caso Morel (romance, 1973), Feliz Ano Novo
(contos, 1975), O cobrador (contos, 1979), A grande arte (romance, 1983),
Bufo & Spallanzani (romance, 1986), Vastas emoções e pensamentos
imperfeitos (romance, 1988), Agosto (romance, 1990), Secreções, excreções
e desatinos (contos, 2001), Ela e outras mulheres (contos, 2006), O romance
morreu (crônicas, 2007), Amálgama (contos, 2013)
Filmes: O Homem do Ano (2003), Bufo & Spallanzani (2001), Mandrake
(2005), A Grande Arte (1991), Lúcia McCartney, uma Garota de Programa
(1971), O Cobrador (2006)
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
A produção deste material didático-pedagógico encontra-se fundamentada
nas propostas apontadas pelo Método Recepcional. Proposto pelas Diretrizes
Curriculares de Língua Portuguesa, da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, este método apresenta o seu embasamento teórico na Estética da
Recepção, teoria esta surgida na Alemanha no final da década de 60.
Entendendo a literatura como um espaço de produção, recepção e
comunicação, o Método Recepcional lança um olhar especial ao leitor,
considerando-o uma peça fundamental no processo da leitura e, portanto,
responsável por atribuir sentido aquilo que lê. Cada leitor traz referências históricas
as quais vêm à tona no momento da leitura; desta forma, o texto deve interagir com
seu receptor, deve trazer expectativas.
Este procedimento didático é voltado para alunos do Ensino Médio da rede
pública. O estabelecimento de ensino o qual se aplicará esta proposta é o Colégio
Estadual Rui Barbosa do município de Jacarezinho e o tempo dispensado para a
execução será de 32 horas/aula.
As atividades propostas para esta unidade didática trazem como fio condutor
a questão da violência, uma vez que levar este tema para a sala de aula é uma
forma de oportunizarmos momentos de reflexão que podem contribuir para uma
possível transformação social. Partindo deste princípio, todos os textos selecionados
para as atividades, inclusive a seleção prévia dos jornais e revistas para a primeira
etapa do Método Recepcional, contemplam o tema em questão.
O Método Recepcional é composto por cinco etapas, sendo elas:
determinação do horizonte de expectativas; atendimento do horizonte de
expectativas; ruptura do horizonte de expectativas; questionamento do horizonte de
expectativas e ampliação do horizonte de expectativas.
A primeira etapa do Método Recepcional consiste em uma sondagem, para,
então, conhecermos o universo de leitura dos alunos. Para tanto serão
disponibilizados jornais e revistas com o intuito de que, após a apreciação, os alunos
sejam capazes de perceberem a principal temática abordada, neste caso a violência
e também reconhecerem os diversos tipos de textos que compõem o jornal,
diferenciando o texto jornalístico de outros portadores de textos. Por meio de
questionamentos os alunos serão levados a fazerem uma análise sobre as
manifestações de violência que permeiam a sociedade.
Na segunda etapa os alunos farão a leitura de imagens, de canções e de
poemas. A intenção de apresentarmos estes gêneros textuais deve-se ao fato de
que já fazem parte do universo do aluno, consequentemente, terão uma maior
receptividade, atendendo, desta forma, as suas expectativas.
A terceira etapa consiste em promovermos leituras mais densas. Textos de
Manuel Bandeira, Marina Colasanti e, claro, Rubem Fonseca serão apresentados
aos alunos. Estes textos apresentam técnicas de composições literárias mais
complexas, possibilitando que os alunos façam a relação com a época em que foram
escritos e, ainda, perceberem como o mesmo tema pode ser abordado em
diferentes momentos.
A retomada das leituras ofertadas será necessária na quarta etapa,
proporcionando, desta forma, uma melhor compreensão dos sentidos estéticos dos
textos lidos até o momento.
A quinta e última etapa busca uma evolução literária. As leituras e atividades
propostas nas etapas anteriores contribuirão para que os alunos se tornem
habilidosos e exigentes na escolha literária, buscando leituras que atendam às suas
expectativas.
O intuito, ao selecionar e escolher os materiais que dão subsídios para esta
unidade didática, foi o de causar provocação no leitor, para que este tenha uma
efetiva participação nas mais diferentes práticas sociais, desta forma serão
privilegiados os três eixos do ensino da Língua Portuguesa previstos nos
Parâmetros Curriculares Nacionais: oralidade, leitura e escrita. Por meio de debates
e reflexões esperamos contribuir para a formação de um leitor crítico, participativo e,
consequentemente, que seja capaz de ampliar os seus horizontes de expectativas,
fazendo da literatura uma experiência de vida.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, V. T.; BORDINI, M. G. Literatura e Formação do leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. Rio de Janeiro: Record, 2002. BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1990. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais – Língua Portuguesa. Brasília, 2001. CÂNDIDO, Antônio. Carrossel. Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1985. CÂNDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1975. CALVINO, Ítalo. Seis propostas para o próximo milênio. Trad. Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos. São Paulo: José Olympio, 2008 COLASANTI, Marina. Um espinho de Marfim e outras histórias. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009. COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto. 2012. FREIRE, Marcelino. Contos Negreiros. São Paulo: Recorde, 2005.
FONSECA, Rubens. Contos Reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica Língua Portuguesa. Curitiba, 2008. PERISSÉ, Gabriel. Ler, Pensar e Escrever. São Paulo: Arte e Ciência, 2004. SCHOLLHAMER, Karl Erik. Ficção Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. SITES CONSULTADOS <http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-da-globo/v/rubem-fonseca-comemora-50-anos-de-sucesso/2914347/> Acesso em:01 nov. 2013. <http://weblog.aventar.eu/medusa.weblog.com.pt/arquivo/171345.html>Acesso em:10 out. 2013. <http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet239.htm> Acesso em:02 out. 2013. <http://www.brasilescola.com/redacao/generos-textuais-universo-jornalistico.htm> Acesso em: 03 ago. 2013. <http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/poemaj.htm > Acesso em: 20 set. 2013. <http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/me003508.mp4 > Acesso em:12 nov. 2013. <http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/me000965.mp4 > Acesso em: 02 ago. 2013. <http://www.escritacriativa.net/escrita/artigososwaldo/4-elementos.html> Acesso em: 18 nov. 2013. <http://www.germinaliteratura.com.br/naberlinda_dez.htm> Acesso em: 22 out. 2013
<http://www.infoescola.com/escritores/biografia-de-manuel-bandeira/> Acesso em:02 out. 2013. <http://www.infoescola.com/biografias/marina-colasanti/> Acesso em:10 out. 2013. <http://www.klickeducacao.com.br/je/materias/ha_50_anos__rubem_fonseca_lancava_um_genero_literario/> Acesso em : 10 nov. 2013 http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/barroco/arte-barroca-1.php> Acesso em: 11 set. 2013. <http://www.portugues.com.br/redacao/generostextuais/> Acesso em: 03 ago. 2013. <http://www.releituras.com/drummond_bio.asp> Acesso em: 20 set. 2013. <http://www.releituras.com/rfonseca_outro.asp> Acesso em:12 nov. 2013. <http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/conceito-genero-textual-seu-uso-aula-735561.shtml>Acesso em: 03 ago. 2013. <http://revistamacondo.wordpress.com/2012/04/27/conto-passeio-noturno-rubem-fonseca/> Acesso em: 16 nov.2013. <http://www.shutterstock.com/pt/pic-83982145/stock-vector-terrorist-crime-bad-violence-kill-murder-snatch-thief-criminal-icon-symbol-sign-pictogram.html?src=Sm2zSJD_auzdim43KDYaqQ-1-78> Acesso em: 09 set. 2013. <http://www.shutterstock.com/pt/pic-110184692/stock-vector-criminal-robber-burglar-kidnapper-rapist-thief-icon-symbol-sign-pictogram.html?src=p-83982145-2> Acesso em: 09 set. 2013. <https://www.skoob.com.br/livro/resenhas/14292/mais-gostaram/ Acesso em: 12 nov. 2013. <http://www.tirodeletra.com.br/biografia/MarcelinoFreire.htm> Acesso em: 20 out. 2013.
<http://www.vagalume.com.br/criolo/andar-como-terrorista.html> Acesso em: 11 set. 2013. <http://www.vagalume.com.br/paralamas-do-sucesso/o-calibre.html >Acesso em: 11 set. 2013. <http://www.visaoportal.com.br/post/juliano/2068 >Acesso em: 16 nov. 2013. < http://www.youtube.com/watch?v=1LkfQRc5NGM> Acesso em: 28 set. 2013. <http://www.youtube.com/watch?v=w8zZ4MbE8GQ> Acesso em: 18 nov. 2013.