os desafios da escola pÚblica paranaense na … · para a alfabetização e letramento na escola....
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
EJA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO POR MEIO DE RÓTULOS
Luciane Jorge Maftum1 Clóris Porto Torquato2
Resumo: A EJA, na modalidade da Educação Especial, tem como objetivo alfabetizar e letrar alunos diagnosticados com Deficiência Intelectual que necessitam de uma metodologia que favoreça sua compreensão e assimilação. Para tanto, neste trabalho o gênero textual escolhido foi o rótulo, pois os alunos têm contato diário com diferentes produtos e possuem suas marcas preferidas, tornando, desse modo, mais significativas e interessantes as atividades elaboradas. A proposta deste trabalho é usar os conhecimentos que o aluno já detém para a alfabetização e leitura, dando-lhes maior autonomia e melhor capacidade de interação em sociedade e também para ampliar o seu repertório de leitura e escrita. A Sequência Didática foi a metodologia escolhida para o desenvolvimento do ensino do gênero textual. Os resultados demonstraram que o letramento é um desafio para a turma de EJA composta por alunos com deficiência intelectual, entretanto, o trabalho com rótulos viabilizou a leitura e escrita para esses alunos. Palavras-chave: EJA; educação especial; alfabetização; rótulos; letramento.
Introdução
Vivemos em uma sociedade na qual o letramento é a base para a
maioria das ações, ou seja, que faz uso da leitura, da escrita em seu contexto
social. Diariamente estamos expostos a cartazes, jornais, revistas, folhetos,
outdoors, placas, rótulos. Nesse contexto alfabetizar e letrar são ações que
andam juntas, pois saber fazer uso da escrita, oralidade e leitura nas diferentes
atividades sociais é a característica de um ensino voltado para o
desenvolvimento social e intelectual de jovens e adultos, oportunizando uma
melhor qualidade de vida e autonomia diante de suas necessidades mais
básicas.
A Educação de Jovens de Adultos (EJA) como modalidade de ensino
amparada por lei, conforme Stobaus e Mosquera (2012) apresenta muitas
variações ligadas diretamente às transformações sociais, econômicas e
políticas caracterizadas pelos diversos momentos históricos do país. Na
1 Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, 2014/2015, atuando na Escola de Educação Especial Salmão Andraus – (APAE), pertencente ao NRE de Wenceslau Braz. Formado pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Jacarezinha - Pr , pós graduado em Educação para Portadores de Necessidades Educativas Especiais – UNIRONDON – Marechal Candido Rondon -Pr ; Psicomotricidade – Centro Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto – SP; [email protected] 2 Cloris Porto Torquato – Professora Adjunta da Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG. [email protected]
vertente neoliberalista atual, segundo Gonçalves (2003), a proposta
pedagógica deve ser fundamentada em uma concepção crítica das relações
entre educação, sociedade e trabalho, permitindo a construção do
conhecimento, com uma aprendizagem crítica e ativa de conteúdos
significativos e atualizados.
A educação de jovens e adultos na Educação Especial é o
reconhecimento de que todos podem aprender se tiverem acesso a diferentes
oportunidades de aprendizagem, com metodologias adequadas ao seu
desenvolvimento intelectual e respeitando suas necessidades individuais.
Todos os alunos possuem conhecimentos adquiridos por meio de sua vivência
com a família, os amigos, a escola, a televisão, que, quando aproveitados pelo
professor e conectados com a realidade em que vivem, podem ser utilizados
para a alfabetização e letramento na escola.
Unindo a prática como professora da Língua Portuguesa em EJA na
Educação Especial e o desejo de desenvolver uma metodologia que
proporcionasse um trabalho mais efetivo na alfabetização e letramento dos
alunos, desenvolveu-se o presente projeto que tem como objetivo geral
desenvolver uma prática de letramento por meio de rótulos.
Com o uso de rótulos para a alfabetização e letramento foram
apresentadas diversas atividades usando uma sequência didática desenvolvida
pela autora do desenvolvimento do trabalho. Com o uso desse material
objetiva-se também o desenvolvimento dos alunos no processo de aquisição
de procedimentos de leitor da escrita verbal e não-verbal.
Inicialmente destacamos a importância do letramento na EJA –
Educação Especial, como forma de tornar os jovens e adultos, que dela
participam, mais capacitados para desenvolver atividades pessoais, sociais e
profissionais de forma crítica e consciente, segue-se o referencial teórico que
discute os conceitos de letramento e alfabetização, bem como, a abordagem
metodológica e o desenvolvimento do projeto em cada etapa com as
considerações sobre os resultados obtidos.
1 A concepção de letramento na Educação de Adultos
O ensino e a aprendizagem ocorrem em diferentes ambientes, mas o
ensino desenvolvido dentro do espaço escolar tem o diferencial de trazer aos
alunos um saber sistematizado e ao mesmo tempo graduado em anos com
conteúdos pré-selecionados em um crescente desenvolvimento, atendendo a
educação contemporânea (Senna, 2007).
Todo o processo educativo, seja formal ou informal só é possível através
da linguagem oral ou escrita. Através dela o homem questiona sobre a
realidade, percebida e concebida individualmente. Assim, é a língua o principal
instrumento de conhecimento do mundo pelo sujeito (Reily, 2004).
Soares (2004, p.7) afirma que,
[...] no Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam, se superpõem, frequentemente se confundem, sendo possível perceber uma progressiva extensão do conceito de alfabetização em direção ao conceito de letramento: do saber ler e escrever em direção ao ser capaz de fazer uso da leitura e da escrita.
Kleiman (1995) explica os modelos de letramento autônomo e
ideológico. O primeiro tem a escrita como um produto completo em si mesmo,
e presa ao contexto da sua produção para ser interpretada. A escrita é uma
ordem diferente de comunicação, que difere da oral. Percebe-se uma relação
entre a aquisição da escrita e o desenvolvimento cognitivo, quando se atribui
poderes e qualidade intrínsecos à escrita, e consequentemente aos grupos que
a possuem. No modelo ideológico de letramento todas as práticas de
letramento são relacionadas não apenas com a cultura, mas também com
estruturas de uma sociedade. Desta forma, letramento é igual às práticas
sociais.
Ainda segundo Soares (1999), Alfabetização e Letramento são
considerados dois aspectos diferentes do contato com a leitura e a escrita:
letrar é direcionar a criança, conduzir e inserir no campo das letras do uso
social da leitura e escrita. A alfabetização compreende a decodificação
assimilação dos signos linguísticos. Partindo dessas considerações, os rótulos,
material com o qual se pretende desenvolver este trabalho, parece muito
apropriado, uma vez que faz parte da vivência, do cotidiano desses alunos e
contém elementos de leitura e potencial para desencadear a escrita, desta
maneira podendo contribuir com a alfabetização. Outro aspecto importante é o
fato de que o público alvo do projeto, alunos da EJA na Educação Especial,
são alunos diagnosticados, a maioria deles, com Deficiência Intelectual, desta
forma trata-se, de jovens e adultos analfabetos ou semi-alfabetizados. O que
se espera, nesse contexto, é que o aluno especial consiga certa autonomia na
sociedade letrada em que vive e reconheça rótulos que serão necessários para
sua vida dentro e principalmente fora da escola, isso o auxiliará a viver com
mais autonomia. Diante disso, Magda Soares, elucida que
[...]dissociar alfabetização de letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas de leitura e escrita, a entrada da criança e também do adulto analfabeto, no mundo da escrita se dá simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional da escrita-alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso deste sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a prática escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema/grafema isto é, em dependência da alfabetização (SOARES, 2003, p. 14).
Alfabetização e letramento a partir de rótulos para alunos da EJA na
modalidade da Educação Especial se fazem relevantes uma vez que há um
grande número de alunos diagnosticados com Deficiência Intelectual que estão
na idade para frequentar a EJA para jovens e Adultos. Neste aspecto muito
ainda há para ser feito, pois, o aluno especial precisa pelo menos saber seu
nome completo, e conhecer e reconhecer rótulos que serão necessários para
sua vida dentro e principalmente fora da escola, o que o auxiliará a viver
melhor em sociedade. Pessoas adultas têm grande contato com a linguagem
escrita por meio de rótulos e embalagens.
Schneuwly e Dolz (2004, p. 81-82) recomendam a teorização de um
processo didático compreendido por três momentos interligados por uma forte
interação e em constante movimento. Tais momentos compreendem os três
movimentos do trabalho didático, sendo: o princípio da legitimidade,
considerando os saberes teóricos dos especialistas; de pertinência,
respeitando as capacidades dos alunos, finalidades, objetivos da escola; e de
solidarização, isto é, a coerência entre os saberes a partir dos objetivos
visados.
2 Método
A sequência didática desenvolvida foi aplicada à Educação Especial/
EJA, da Escola Especial Salomão Andraus – Wenceslau Braz – PR, portanto
atingiu esse público específico e por esta razão as atividades têm a finalidade
de maior assimilação do contexto social em que estão inseridos por meio de
rótulos e embalagens. Além dessa característica, o material assume a
concepção de letramento, tendo em vista que o foco principal se encontra em
alunos com uma dificuldade intelectual.
O uso da sequência didática segundo Schneuwly e Dolz (2004) favorece
o aprendizado do aluno pelo desenvolvimento progressivo de atividades
diversas mediadas pelo professor, que permitem a identificação do que já é
conhecido pelo aluno e o que ainda lhe é necessário aprender. Na conclusão
da sequência didática é realizada a produção final onde é posto em prática pelo
aluno todo o aprendizado realizado durante as distintas etapas. Por causa
dessas características a sequência didática é usada para o ensino dos
diferentes gêneros discursivos.
Reconhecendo que o gênero discursivo rótulo é complexo, e várias
informações são fornecidas como, por exemplo, valor nutricional, descrição do
produto, data de validade, entre outros, devemos ressaltar que devido às
características dos alunos a que esta sequência didática se destina será
explorada somente a identificação do produto/marca.
A Educação Especial, como integrante dos sistemas educacionais, é
modalidade de educação que compartilha os mesmos pressupostos teóricos e
metodológicos presentes nas diferentes disciplinas dos demais níveis e
modalidades de ensino. No entanto, o desafio da participação e aprendizagem,
com qualidade, dos alunos com necessidades educacionais especiais, seja em
escolas regulares, seja em escolas especiais, exige da escola a prática da
flexibilização curricular que se concretiza na análise da adequação de objetivos
propostos, na adoção de metodologias alternativas de ensino, no uso de
recursos humanos, técnicos e materiais específicos, no redimensionamento do
tempo e espaço escolar, entre outros aspectos, para que esses alunos
exerçam o direito de aprender em igualdade de oportunidades e condições.
(PARANÁ, 2006).
Embasados nestas observações podemos concluir que é possível
desenvolver um trabalho de alfabetização e letramento a partir de rótulos que
estão presentes no dia a dia de nossos alunos da EJA na Educação Especial.
Desta forma possibilitar-se-á aos educandos um contato com eventos e
práticas de letramento. Por meio dos rótulos, também é possível acessar a
realidade dos alunos, é perceptível que encontrarão muito mais facilidade em
juntar letras e fazer a leitura –alfabetização – por meio de coisas que já são
conhecidas – letramento.
Etiquetas e embalagens são portadoras de diversos textos que
cumprem com a função de informar sobre o conteúdo de um produto que está
sendo adquiridos, bem como sua composição, os cuidados necessários para
seu funcionamento e manutenção, data de sua validade, como se deve usar ou
armazenar o produto comprado. Também é função dos rótulos, mostrar textos
escritos curtos, podendo usar imagens ilustrativas. Compreender esses textos
é fundamental para o exercício da cidadania e, se bem utilizados na
alfabetização, podem trazer contribuições importantes também para os
avanços dos alunos.
Foram objetivos deste trabalho:
• Alfabetizar e letrar por meio de rótulos no contexto de EJA pessoas com
Necessidades Educacionais Especiais.
• Estimular o reconhecimento de rótulos formando palavras por meio e
reconhecendo-as em pequenos textos;
• Possibilitar ao educando com Deficiência Intelectual uma nova forma de
aprendizado da leitura e escrita através de uma linguagem conhecida e
utilizada por ele em sua vivência;
• Identificar as principais informações trazidas nas embalagens e nos
rótulos;
• Utilizar o conhecimento prévio de mundo sobre produtos utilizados no
cotidiano do educando para reconhecer ou mesmo identificar a utilidade
dos produtos que está adquirindo.
A avaliação do trabalho com rótulo e embalagens ocorreu durante todo
o desenvolvimento do projeto, apoiada em questões pré-estabelecidas que
sirvam para verificar se ocorreu a compreensão por parte dos alunos ou se é
preciso retomar algum item para melhor assimilação.
- Aluno/a identifica a função social dos rótulos e embalagens?
- Utiliza as imagens para ler o texto?
- Identifica e reconhece os tipos e os tamanhos de letra nos rótulos e nas
embalagens?
- Identifica e reconhece o produto nos rótulos o produto nos rótulos e nas
embalagens?
- Localiza a data de validade do produto?
- Identifica a composição do produto?
- Reconhece o modo de usar e armazenar do produto?
3 Discussão dos resultados
No dia 12 de Março foi apresentado aos alunos do EJA - Escola Especial
“Salomão Andraus” – APAE de Wenceslau Braz o Projeto de Intervenção
Pedagógica – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO POR MEIO DE RÓTULOS,
o qual teve por finalidade a alfabetização usando rótulos e embalagens
utilizados em seu cotidiano. A implementação do projeto ocorreu no período de
13 de Março a oito de Julho de dois mil e quinze.
As atividades desenvolvidas foram:
1. Confecção do alfabeto de Rótulos com EVA;
2. Formação de palavras utilizando as letrinhas com tampinhas de garrafa
pet, papel cola e encartes de supermercados;
3. Identificando as embalagens e rótulos – nessa atividade os alunos
utilizaram caderno, lápis e borracha;
4. Degustação de diversos sabores de gelatina que foram identificados
pelos alunos pela imagem contida na embalagem;
5. Construção de gráfico – o Gráfico dos Sabores foi construído usando as
anotações sobre a preferência dos alunos pelos sabores feitas durante a
atividade 4;
6. Elaboração de Dominó de Rótulos;
7. Preparação do Jogo da Memória;
8. Quebra-cabeça com rótulos;
9. Jogo de Boliche – confeccionado com garrafas recicláveis e com um dos
encartes de produtos;
10. Visita ao supermercado;
11. Construção do Bingo de Rótulos.
A recepção e aceitação por parte dos alunos foi surpreendente. Desde o
início da implementação do projeto eles participaram de forma ativa,
demonstrando que conheciam muitos rótulos. Houve muita animação da turma,
pois muitos identificavam não a marca, mas sim o produto contido na
embalagem, provando com isso a linguagem de mundo que trazem de seu dia-
a-dia. Iniciou-se com a confecção do Alfabeto de Rótulos com EVA, utilizando-
se das embalagens que os alunos trouxeram, o qual teve por finalidade a
identificação das letras. Após, iniciamos a construção de palavras e frases
curtas, onde os alunos trouxeram a vivência cotidiana para dentro da sala de
aula.
Foto 1 - Alfabetização e letramento com tampinhas
Fonte: Arquivo do autor.
Na atividade de degustação todos puderam escolher o sabor de sua
preferência através da observação das embalagens e anotamos quais os
sabores mais apreciados para construirmos um gráfico.
A construção do gráfico foi a atividade em que encontramos um pouco
de dificuldade, pois os mesmos não estavam familiarizados com gráficos,
entretanto houve esforço e boa receptividade para a efetivação da mesma.
Todos os jogos foram confeccionados com muita alegria, pois sabiam
que iram brincar e aprender utilizando o material que eles mesmos estavam
produzindo. Durante o jogo do quebra-cabeça foi possível identificar que a
grande maioria já identificava muitas letras e embalagens, embora ainda não
reconhecessem o alfabeto na sua totalidade, identificavam as letras por meio
dos produtos mais utilizados em seu dia a dia.
Foto 2 – Relacionando a escola com a vida
Fonte: Arquivo do autor
A visita ao supermercado foi a que mais os agradou pela oportunidade
de identificarem os produtos que usam no seu cotidiano, reconhecendo as
palavras que haviam aprendido e sabendo identificar o que os rótulos e
embalagens traziam como informações sobre os produtos.
Diante de todas as atividades contempladas e executadas torna-se
evidente que a linguagem de mundo caminha junto com a alfabetização e
letramento, e que quanto mais trouxermos a aprendizagem ao nível do aluno e
de seu cotidiano mais resultados positivos terão em sua vida escolar e pessoal.
Foto 3 – Turma de EJA – Educação Especial
Fonte: Arquivo do autor No Grupo de Trabalho em Rede foi possível perceber que muitos
professores compartilham as dificuldades de alfabetização e letramento de
seus alunos, por isso o Projeto foi muito bem aceito e reconhecido como uma
forma de aproximar o aluno da sua realidade, diversificando as atividades em
sala de aula e motivando-os para a participação, mostrando também a
importância da leitura e escrita em sua rotina diária. Várias sugestões de
atividades foram compartilhadas o que é de grande valia para o
desenvolvimento de uma educação voltada para a autonomia e interação cada
vez maior com a sociedade.
Destaco aqui para reflexão que o educador Paulo Freire (1997, p. 32)
dizia que a teoria e a prática são indissociáveis e que “não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino”, sendo nosso trabalho como educadores
continuar pesquisando para melhorar nossa prática e compartilhando as
novidades.
Foto 4 - Metodologias alternativas
Fonte: Arquivo do autor.
4 Considerações Finais
O trabalho desenvolvido com rótulos e embalagens foi significativo para
trazer um contato que normalmente não se usa no trabalho de alfabetização e
letramento, percebendo que a contextualização que existe entre o que é
ensinado na escola e o cotidiano dos alunos deve ser sempre valorizado, pois
facilita a aprendizagem em todos os sentidos.
Através do uso da sequência didática percebeu-se que o fato dos alunos
conhecerem antecipadamente as etapas do projeto fez com que a etapa
posterior fosse aguardada, o que motivou muito os alunos, fato não observado
em aulas normais.
De acordo com os PCNs:
A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição de um ambiente de letramento e alfabetização. A seleção do material escrito, portanto deve estar guiada pela necessidade de iniciar o aluno no contato com os diversos textos e de facilitar os a observação de práticas sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funções e características sejam consideradas. Neste sentido os textos de literatura, como jornais, revistas, textos publicitários, propagandas, rótulos, entre outros, são modelos que se podem oferecer para que o aluno aprenda sobre a linguagem que se usa para escrever. Podemos usar variados gêneros textuais para desenvolver a leitura e a escrita de nossos alunos, entre eles podemos citar: receitas culinárias, regras de jogos, textos impressos de embalagens, rótulos de alimentos,
anúncios, cartazes, folhetos de lojas e de supermercado contendo promoções variadas, cartões de aniversário e de natal, histórias em quadrinhos, parlendas, canções, poemas, quadrinhas, mitos, lendas, fábulas entre muitos outros gêneros existentes dentro das possibilidades de letramento e alfabetização (BRASIL, 1998, p.58).
A sequência didática é uma metodologia que se adapta a qualquer
gênero textual e que tem o objetivo de preparar o aluno para a etapa seguinte
do conteúdo partindo do mais simples para o mais complexo. O professor deve
elaborar suas atividades tendo em mente que nesta metodologia sempre é
possível fazer adaptações que promovam uma melhor aprendizagem para o
grupo.
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SOARES, Magda. Uma proposta para o letramento . São Paulo: Moderna, 2003
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___________ Letramento e alfabetização: As muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, 25: p. 5-17, 2004.
STOBAUS, Claus Dieter; MOSQUERA, Juan Jose Mouriño. Educação Especial – Em direção à educação inclusiva.