os desafios da escola pÚblica paranaense na … · palavras-chave: redes sociais. educação...

27
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

Upload: dinhdiep

Post on 27-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

REDES SOCIAIS NA ESCOLA: USO CONSCIENTE E ÉTICO

YASAWA, Giane da Silva Flores1

FRANÇA, Eliacir Neves2

Resumo

O presente artigo tem por objetivo apresentar o resultado dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O projeto foi implementado no Colégio Estadual

Barbosa Ferraz, no município de Ivaiporã, PR, com alunos do 3º ano do curso Técnico em

Informática/Integrado, cujo objetivo foi promover discussões e reflexões junto aos alunos sobre o uso

consciente e ético das redes sociais no âmbito escolar. As ações pautaram-se no material didático

elaborado para essa finalidade, que se concretizou em formato de Unidade Didática, sendo

desenvolvida de forma digital, no aplicativo Microsoft PowerPoint. Os resultados obtidos apontaram

para a importância e a necessidade de se discutir a inserção dessas novas tecnologias dentro da

escola e a utilização consciente, não só em sala de aula, mas em todo contexto escolar.

Palavras-chave: Redes Sociais. Educação Pública. Redes sociais. Ética.

1 Tecnóloga em Processamento de Dados pelas Faculdades Integradas do Vale do Ivai (UNIVALE).

Acadêmica do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), turma 2013. E-mail: [email protected] 2 Licenciada em Pedagogia e Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT). Orientadora do Programa PDE. Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: [email protected].

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por finalidade apresentar o resultado das atividades

desenvolvidas no âmbito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) do

estado do Paraná com alunos do 3º ano do curso Técnico em Informática/Integrado

do Colégio Estadual Barbosa Ferraz, na cidade de Ivaiporã.

Na perspectiva de ação do Programa PDE, abriu-se um importante espaço

para discussões e reflexões juntamente com os alunos, acerca das tecnologias que

estão disponíveis atualmente e as conseqüências ao se utilizar de forma inadequada

essas ferramentas.

O objetivo central desse trabalho foi abordado também com educadores e

comunidade escolar, por meio do GTR, onde foi possível debater os

questionamentos e trocar de experiências sobre esse desafio que a escola vem

enfrentando.

A internet hoje faz parte do cotidiano de muitas pessoas, independente da

classe social e econômica. Cada vez mais cedo, nossos alunos tem acesso as redes

sociais e essa parece ser uma realidade imutável.

A rede mundial de computadores atrai alunos, professores e todos nós por

várias razões. Uma delas com certeza é a ampliação do universo de

relacionamentos, além de ter acesso rápido a textos, vídeos, imagens, noticias,

entre outros.

Essa tecnologia nos permite estar em contato com muitas fontes e

principalmente, nos permite falarmos para muitos. Eis aí uma grande armadilha que

se deve ter cuidado. Se por um lado a Internet é rica em possibilidades, por outro,

nem todas essas possibilidades são interessantes, importantes ou positivas.

As Instituições de Ensino vem passando por situações de discórdias e

desavenças entre alunos, justamente pelo mau uso desta ferramenta tecnológica.

Muitos não têm maturidade ou responsabilidade ao postar conteúdos ou fazer

comentários que podem ofender a conduta do outro.

Neste contexto, reconheço que é um desafio a ser encarado: como

estabelecer com essa nova geração, uma relação de ensino aprendizagem que

concilie os interesses desse público com os objetivos pedagógicos da escola? É

possível utilizar redes sociais na escola? Como utilizar as redes sociais como aliada

ao processo de ensino-aprendizagem dos alunos?

Levando em conta esses questionamentos, a implementação desse projeto

de intervenção pedagógica adotou-se como metodologia um material digitalizado,

mais especificamente uma apresentação de slides propondo diversas atividades

reflexivas sobre o uso das tecnologias e suas conseqüências, haja vista que esses

conflitos já estão dentro da escola.

1. A tecnologia ao longo da história

O uso das tecnologias pelo ser humano não é algo novo. Desde a Idade da

Pedra os homens já faziam uso de ferramentas que auxiliavam em seu dia a dia. Era

isso que garantia a sua sobrevivência. Utilizavam pedaços de pau, ossos de animais

contra aqueles que não tinham tanta habilidade. Esses instrumentos serviram não só

mais para a defesa, mas para o ataque e dominação.

Conseqüentemente o homem buscou aumentar seus domínios e acumular

cada vez mais riquezas, aliado a inovações tecnológicas cada vez mais poderosas.

Logo após a Segunda Guerra Mundial, mais precisamente na Guerra Fria, a

ciência e a tecnologia tiveram um impulso como nunca antes havia visto.

As inovações partiram dos centros de pesquisa, invadiram nossas casas e

transformaram radicalmente a nossa vida.

Essa inovação não se limita apenas aos novos usos de determinados

equipamentos ou produtos. Ela altera comportamentos, transforma a maneira de

pensar, sentir, agir.

Para Lyotard (1988 e 1993), o grande desafio da espécie humana na

atualidade é a tecnologia.

É importante destacar que tecnologias não se referem somente a

equipamentos e aparelhos. Essa expressão diz respeito a muitas outras coisas além

de máquinas. Engloba todas as coisas que a engenhosidade do cérebro humano

conseguiu criar.

Como prova dessa influência, pode-se dizer que a tecnologia está tão próxima

e tão presente na nossa vida que nem percebemos mais que não são coisas

naturais.

A linguagem é outro exemplo de um tipo especifico de tecnologia que não

está ligada diretamente a equipamentos, é imaterial, mas é usada pelo homem

desde o inicio da civilização.

O ápice dessas inovações foi o surgimento das redes, que mais que uma

interligação de computadores, são articulações gigantescas entres pessoas

conectadas com os objetivos diversos.

Segundo Aguiar (2007), o conceito de “redes” envolve relações de

comunicação e/ou intercambio de informação e trocas culturais ou interculturais que

remetem a inter-relações, associações encadeadas, interações, vínculos não

hierarquizados.

A Internet é uma grande ferramenta de comunicação e se encontra

atualmente nos mais diversos ambientes.

Para que tudo isso pudesse acontecer, no entanto, foi preciso reunir diversos

computadores para transmitir todos dos tipos de dados uns aos outros.

A Internet pode ser definida então como a soma de milhares de redes

espalhadas pelo mundo que, graças ao conjunto de regras do chamado protocolo

TCP/IP (Transmisssion Control Protocol/Internet Protocol), podem se comunicar

entre si. Entre essas redes existe a Web, sendo a responsável pela popularização

da Internet.

Inicialmente a Internet estava limitada ao compartilhamento de computadores

e ao envio de mensagens entre máquinas interligadas. (KENT, 1999)

Mesmo assim, foi uma grande descoberta, já que até o momento a única

forma de compartilhamento era carregando os discos de um lado para o outro.

Durante muito tempo a Internet ficou restrita ao ambiente acadêmico e cientifico. Em 1987, seu uso comercial foi liberado nos Estados Unidos. A evolução seguiu e, em 1992 foram criadas várias empresas americanas provedoras de Internet. (TAIT; TRINDADE, 2003, p. 34)

Cada vez mais jovens e adultos estão conectados a essas redes on line,

devido, provavelmente ao modo simples e interativo de operação, facilidade de

comunicação, acessibilidade à informação e entretenimento.

Conforme pesquisa de Ciribelli e Paiva (2011), brasileiros passam mais de 60

horas por mês navegando na Internet, especialmente através de redes sociais. O

Brasil se configura hoje como o “país com o maior número de pessoas conectadas

as redes sociais, com 87% de usuários ativos” (IBOPE apud Ciribelli e Paiva, 2011,

p. 64)

A partir de tais dados, percebe-se o grande potencial da Internet. Serviços

colocados nesta grande rede, desde comércio eletrônico até os de governos,

possibilitaram o aumento considerável de usuários, a partir de recursos à disposição

desses usuários com facilidade de acesso e transmissão das informações.

Hoje, grande parte das atividades profissionais e comunicacionais, de

pesquisa, de estudo, são realizadas na Web. Milhões de pessoas pelo mundo,

compram, vendem, negociam, lêem jornais, ouvem músicas, fazem pesquisas, tudo

isso sem saírem de suas casas ou locais de trabalho.

Estamos frente a um mundo que se redesenha de forma muito rápida e

intensa.

Pinho e Morais (2011) afirmam que, ainda que o celular, o iPhone e outras

novas tecnologias venham assumindo um papel antes desempenhado pelo

computador, e que esse cenário ganhe novos contornos aceleradamente, o conceito

continua sendo o da comunicação através da Internet.

Na educação, as tecnologias e o ciberespaço, como um novo espaço

pedagógico, ofertam possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e

social dos alunos. Mas para que isso realmente aconteça, é preciso um olhar

diferenciado.

De acordo com Valente (1999, p.4):

É necessário que todos os segmentos da escola – alunos, professores, administradores e comunidade de pais estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação desse novo aluno. Nesse sentido, a tecnologia é um dos elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de informática na escola e formar professores para a utilização dos mesmos.

Nesse contexto, as novas tecnologias podem contribuir de forma positiva para

transformar a escola em um autêntico lugar de exploração de culturas, de realização

de projetos, de pesquisa e debate.

Outro ramo que conquistou um espaço significativo na rede foi o Comércio

Eletrônico. A facilidade e possibilidade de acesso imediato as informações

impulsionou o mercado das lojas virtuais. O e-commerce, como também é chamado,

aponta uma nova área para revendas, integradores, criadores de sites e todo tipo de

empresa que queira expandir seus negócios.

De acordo com Richers (2000, p.48), o e-commerce é uma transação

eletrônica entre vendedores e compradores que requer a construção de sistemas,

serviços, modelos e relacionamentos em suporte ou mecanismos de compra e

venda mais eficientes.

É possível perceber que a Internet em sua plenitude, é um ambiente que

propicia novos locais de encontros e relações pessoais, transações comerciais e o

compartilhamento de conhecimentos.

Tecnologia e Interatividade

Os homens se organizam em grupos desde o principio da humanidade. Neste

ambiente estabelecem signos, inventam tecnologias, constroem vínculos afetivos,

desenvolvem economia e criam diversas formas de comunicação.

As técnicas e tecnologias criadas por eles, podem modificar de forma rápida e

contínua, as estruturas destes grupos

O avanço tecnológico trouxe a tona um novo conceito de interação e

relacionamento pessoal. Ligado a isso vem ainda a preocupação de muitos pais com

as novas formas de interação desta geração internetiana. Há um certo receio quanto

ao mundo virtual, que muitas vezes pode isolar as pessoas e interferir seriamente na

interação do mundo real.

Com a propagação da Internet tornou-se comum às expressões

“comunidades”, “redes sociais“ e “indivíduo conectado”.

O conceito de comunidade que antes era interpretado como bairro, vizinhança

ou determinada cidade em que as pessoas conviviam presencialmente entre si, hoje

está diferente. As pessoas têm enfrentado muitas mudanças com o surgimento das

novas redes de relacionamento.

Marcuschi(2005, p. 10) afirma que a Internet incentiva novas ações que

permitem profundas mudanças sociais, de um lado, e o surgimento de novos modos

de operação cognitiva, de outro lado.

Segundo Castells (1999) vivemos em uma sociedade que hoje se constitui em

uma sociedade em rede. O início do século XXI é marcado por importantes

transformações e acontecimentos ocorridos em grande velocidade

Essa nova lógica das redes cria uma nova cultura, interfere na vida das

pessoas, nos modos de viver e de se relacionar socialmente, criando assim um novo

modelo de sociedade.

Sacristán (2007, p.16) confirma isso quando diz que:

Vivemos em um mundo emaranhado em tudo, para o bem ou para o mal. Mesmo que com diferentes graus de proximidade, compomos comunidades que compartilham experiências além das circunstâncias locais que rodeiam cada um de nós. Estamos com outros além do círculo de pessoas com as quais temos laços diretos.

Os indivíduos de hoje são pessoas que vivem de uma maneira ou outra, na

agora chamada sociedade da informação. Essa sociedade é caracterizada por

diversos aspectos: desde o constante uso de certas tecnologias como o telefone

móvel, fazer tarefas escolares no computador, comprar uma passagem de avião

pela internet. Por outro lado, também a conhecemos por destruir muitos empregos e

criar outros para os quais se exigem novos modos de formação. (Sacristán, 2007.

p.41)

Nessa nova sociedade da informação um dos elementos marcantes que se

faz presente é a interatividade. Essa é uma nova função que garante a comunicação

entre usuários.

O ser humano possui necessidade de se relacionar com as pessoas, e nos

dias atuais isso pode acontecer das mais diversas formas. No que diz respeito a

este tema, especificamente, o que vem se destacando nos últimos anos são as

chamadas Redes Sociais. “Uma rede social é definida como um conjunto de dois

elementos: atores (pessoas, instituições, ou grupos; os nós da rede) e suas

conexões (interações ou laços sociais)” (Wasserman e Faust, 1994; Degenne e

Forse, 1999, p. 89)

Nos dias de hoje as redes sociais estão em evidência. Sua interconexão com

a mobilidade(celulares, smartphones e tablets), facilita o acesso e as torna em um

eficiente instrumento para que o homens possam fazer o que sempre fizeram desde

o início de sua espécie: constituir relacionamentos, físicos ou virtuais, envolvendo

atividades profissionais, negócios ou amizades.

Para o fortalecimento das redes sociais ou comunidades pessoais, um dos

aspectos primordiais é o sentimento de confiança que precisa existir entre as

pessoas. A constituição dessa confiança está diretamente relacionada com a

capacidade que cada um tem de entrar em uma relação e perceber no outro

características que combinem com as suas. Quanto mais o individuo interage, mais

ele está apto a reconhecer essas características e ajustar seu relacionamento.

Costa (2008) confirma que, Redes Sociais só podem ser construídas com

base na confiança mútua difundida entre os indivíduos. Isso pode se verificar em

maior ou menor grau, mas de qualquer maneira, a confiança deve estar presente da

forma mais ampla possível.

Os espaços criados pelo mundo virtual, mais especificamente pelas redes

sociais, não devem impedir a entrada do real, mas pelo contrário, deve oferecer

condições para lançar um olhar mais apurado da realidade.

O mundo virtual é poderoso; alimenta-se da vida intermediária das linguagens simbólicas e da realidade ela mesma. Transforma-se em ferramenta de representações revolucionárias das máquinas para melhor se comunicar com os homens. O virtual é uma imersão funcional o mundo sintético ou na representação de uma situação real. Está mergulhado na imagem, mas permanece como interação visual entre o mundo e os sujeitos. (Bastos, 2000. p.14)

As redes sociais tem o poder de encantamento mas podem se tornar um

ambiente nocivo para aqueles que não tem maturidade ou prudência para usufruir

de tal espaço. Espaço esse, não necessariamente harmonioso. É imprescindível

consciência crítica para o uso desses fenômenos tecnológicos

A internet é marcada pela possibilidade do anonimato e por uma certa falta

de clareza no que se refere às regras de funcionamento, o que pode, de

alguma forma, alterar as noções de certo e errado, ou seja, modificar o curso

do desenvolvimento moral dos sujeitos

Lévy(1999, p.49) diz que o ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento

quase independente dos lugares geográficos.

Dentro das redes sociais é preciso ter zelo pela reputação. As mídias têm

grande poder multiplicador, e o despreparo para reagir as situações adversas pode

comprometer a imagem daqueles que a utilizam.

Esta realidade já chegou dentro das instituições escolares. Escola e

tecnologias, duas corporações que estão cada vez mais próximas e, ao mesmo

tempo distantes. Embora não faltem teorias e estudos que defendam o trabalho

conjunto entre elas, a interface não é das melhores. Muitas escolas ainda não

sabem como lidar com os meios de comunicação cada vez mais presentes,

influentes e ao alcance dos alunos.

Existe ainda um grande questionamento sobre o que pode resultar dessas

relações que surgem nos ambientes virtuais, onde cada um pode se apresentar

como quer e não como realmente é.

Em tempos atuais é comum o jovem possuir um ou mais telefones celulares e

ter acesso muitas vezes ilimitado e sem controle à internet. Portanto, indivíduos, com

intenções maliciosas, encontram grande facilidade de ameaçar ou insultar seu alvo.

Neste contexto, já é possível se deparar com situações extremamente

comuns, nas quais sujeitos são ofendidos, ultrajados, agredidos, ameaçados,

difamados, mal tratados e intimidados. Para a surpresa da sociedade, muitos desses

exemplos ocorrem dentro das escolas.

Segundo Prados (2006), a internet, de certa forma, desperta em alguns

jovens o sentimento de que não existem normas, regras e nem moralidade que

regule a vida na rede, de maneira que pode ser usada para o bem ou para o mal.

Além de distanciar a vítima do agressor - que se sente seguro, já que não tem que

estar cara a cara com o alvo -, ainda traz consequências terríveis a quem sofre

as agressões.

Diante do exposto, é importante que a escola proponha discussões referentes

a esta nova forma de sociabilidade e trocas de informação que acontece em rede.

Há hoje um número significativo de sujeitos que criam e estabelecem novas regras e

dinâmicas, diferentes do que se está acostumado vivenciar na forma presencial ou

mesmo virtual.

Tendo como suporte as novas tecnologias, as redes sociais vão se tornando a

nova forma de fazer sociedade. Uma forma desprendida de tempo e espaço, com

muito mais base na cooperação e nas trocas objetivas do que na permanência de

laços.

Ética e consciência na utilização das Redes Sociais

É evidente que as redes sociais instituíram-se no cotidiano das pessoas, seja

por diversão, amizade ou motivos profissionais. Como conseqüência disso, a

exposição das pessoas nessas redes aumentou notoriamente. Mas até que ponto as

redes sociais podem ajudar ou atrapalhar?

Essa maneira ágil de comunicação proporcionada pela internet, aproxima

quem está longe, assim como pode distanciar quem está perto. Ou seja, além de

unir pessoas e criar laços também pode servir de palco para confusões, fofocas,

intrigas, desfazer namoros e até casamentos. Tudo depende do uso que se faz dela.

Num mundo acelerado e veloz na transmissão de informação, surgem

considerações acerca das condutas e comportamentos durante o uso destas redes.

Estas mudanças na vida das pessoas, provocam questionamentos e dilemas éticos.

Por todos os cantos, nos meios de comunicação social, nas empresas, nas

escolas, nas universidades, as pessoas estão se indagando quanto ao que é certo e

errado, bom e mau neste mundo de relações virtuais mediadas pela tecnologia.

Busca-se aqui abordar a questão ética sob a perspectiva da atitude,do agir

prático do aluno diante das transformações e mudanças que ocorrem ao seu redor,

principalmente no espaço escolar. A ética entendida como moral (mundo das

intenções) em ação (mundo das conseqüências) num exercício de aprendizagem

dialógico e cooperativo entre professores e alunos, alunos entre si e com as Novas

Tecnologias que estão à disposição de todos.

Para CHAUÍ (2000), para que haja conduta ética é preciso que exista o

agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo

e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece

tais diferenças, mas também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos

e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por

isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do que

faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida

ética.

No mundo virtual as informações são acessadas facilmente. Essa

disponibilidade de informações e o gerenciamento das mesmas, requer um

posicionamento ético, consciente, de respeito mútuo aos direitos individuais.

Levando-se também em conta os interesses e o bem estar coletivo.

Enquanto as Redes Sociais são utilizadas, a pessoa é confrontada com

diferentes situações de escolha, onde o espírito crítico e a sensibilidade são

desafiados para a tomada de decisões.

Haja vista que esses conflitos já estão dentro da escola, considera-se que ela

deve instigar os alunos para que interajam reflexivamente sobre o uso das

tecnologias e suas consequências. Propondo estas ferramentas como forma de

comunicação, tirando proveito de seus benefícios, sem afetar a idoneidade de

outros.

A construção de pessoas autônomas passa pela construção de processos de

auto-regulação que permitem a pessoa dirigir as próprias atitudes e condutas para

assim serem capazes de agirem eticamente com as tecnologias.

O objetivo da educação é o crescimento e o desenvolvimento, tanto intelectual quanto moral. Os princípios éticos e psicológicos podem ajudar a escola na maior de todas as construções: a edificação de um caráter livre e forte. (DEWEY, apud PUIG, 1998, p. 45).

Sendo assim, percebe-se a necessidade de orientar os alunos para usar a

rede de forma ética, sadia, filtrando as informações úteis e verdadeiras. Com isso

essa ferramenta poderá ser utilizada de forma útil e proveitosa sem o detrimento do

ser humano.

Estratégias de Ação

Grupo de Trabalho em Rede

O Grupo de Trabalho em Rede – GTR constitui uma atividade do Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual

entre os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual.

Também promove a inclusão virtual do Professores como forma democratizar o

acesso da Educação Básica aos conhecimentos teórico-práticos específicos das

áreas/disciplinas trabalhados no Programa.

O Professor PDE é denominado tutor de um GTR, conforme sua

disciplina ou área de seleção no Programa. Já em relação aos participantes

do GTR, todos professores do Quadro Próprio do Magistério em exercício

na Rede Pública Estadual, foram organizados em Grupos pela SEED

conforme sua área de concurso e participam do GTR por adesão.

As atividades foram desenvolvidas à distância, em ambiente virtual,

utilizando uma plataforma específica para as atividades.

Foi por meio do GTR, que se tornou possível discutir a temática proposta

inicialmente no projeto e, também no decorrer da aplicação do material didático

pedagógico. As discussões estabelecidas por meio do GTR, juntamente com os

professores da rede, proporcionaram um diálogo enriquecedor a respeito da

temática.

O grupo contou com 17 participantes, onde todos concluíram as atividades

propostas.

O grupo de trabalho em rede foi dividido em três momentos específicos:

apresentação do projeto de implementação; apresentação do material didático

pedagógico; relato de experiências referente à aplicação do material didático

pedagógico em sala de aula.

A Temática 1 foi a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica

na Escola, ressaltando o levantamento da problemática do objeto de estudo.

Os professores participantes puderam analisar a realidade das suas

escolas comparando com a proposta apresentada no projeto.

Após essa apresentação os professores participaram do primeiro Fórum de

Discussão e Diário onde o objetivo era uma reflexão sobre a contribuição do Projeto

de Intervenção Pedagógica para a Escola

Vale ressaltar que o fórum de discussões foi uma ferramenta da

plataforma amplamente utilizada ao longo do curso. Nesta primeira discussão os

professores participaram ativamente dos debates, manifestando sua opinião sobre a

relevância do projeto, fazendo a ligação com a sua prática pedagógica.

As discussões foram produtivas, pois os professores interagiram

positivamente com a temática proposta e, também com as contribuições dos demais

colegas participantes, havendo assim, uma maior interação por parte do grupo.

Foram vários os relatos de experiências, sugestões de atividades e projetos bem-

sucedidos que estão sendo desenvolvidos em várias escolas do Estado do Paraná.

Constatou-se também, por meio das discussões, a importância da temática e a

relevância do projeto, uma vez que a presença das redes sociais na sociedade hoje

é um caminho sem volta. Os alunos de hoje em dia praticamente não conhecem a

vida sem internet, sem a conectividade e, por consequência, sem as redes sociais.

O ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora. Mesclam-

se nas redes informáticas- na própria situação de produção e aquisição

de conhecimentos – autores e leitores, professores e alunos. As

possibilidades comunicativas e a facilidade de acesso às informações

favorecem a formação de equipes interdisciplinares de professores e

alunos, orientadas para a elaboração de projetos que visem à superação

de desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a articulação do

ensino com a realidade em que os alunos se encontram, procurando a

melhor compreensão dos problemas e das situações encontradas nos

ambientes em que vivem ou no contexto social geral da época em que

vivemos. (KENSKI, 2004, p.74)

Na Temática 2 foi apresentada a Produção Didático-pedagógica, isto é, a

estratégia metodológica do Projeto de Intervenção Pedagógica que possibilita

discussões sobre sua aplicabilidade na escola.

Nesse momento, os professores participantes puderam analisar e avaliar o

material, que foi organizado em formato de Unidade Didática, sendo desenvolvida de

forma digital, mais especificamente uma apresentação de slides, criados no

aplicativo Microsoft PowerPoint.

Os professores participantes manifestaram-se positivamente a respeito do

material didático produzido, teceram críticas positivas, tanto no Fórum quanto no

Diário, destacando a importância das atividades elaboradas, elogiaram o formato do

material, bem como a teorização utilizada no decorrer do material. Destacaram que

apresenta uma linguagem acessível ao aluno e com informações claras,

proporcionando uma leitura prezerosa.

A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi

discutida na Temática 3, destacando os movimentos de aplicação do Projeto e

uso da Produção Didático-pedagógica na escola, evidenciando limites e

potencialidades.

Foi um momento muito especial, quando foi possível relatar aos professores

o resultado parcial das atividades desenvolvidas até esse momento, os relatos e

impressões obtidas, por mim, no decorrer desse processo. Foi muito importante

dividir com os demais professores a grande realização obtida até aquele momento

com as atividades aplicadas, pois era o resultado da pesquisa realizada para a

elaboração do projeto e também, do material didático idealizado e construído por

mim.

Resumindo esta parte do trabalho, posso afirmar que este Grupo de

Trabalho em Rede (GTR), foi um trabalho muito gratificante. Houve uma efetiva

participação dos cursistas. Uma riqueza imensa de compartilhamentos e

depoimentos de situações do dia a dia das escolas, que se referem ao tema

proposto.

Foram relatadas experiências com os diferentes recursos tecnológicos que

estão a disposição de todos nós e os vários problemas com relação ao mau uso

dessas ferramentas. Não esquecendo ainda que a utilização das redes sociais na

educação causam muita polêmica, entre professores, alunos, pais e equipe

pedagógica.

Diversos professores destacaram a presença da tecnologia nas nossas

atividades diárias e a popularização dos celulares com acesso a Internet. Isso pode

trazer resultados positivos e negativos, dependendo de como são utilizadas.

Outro ponto importante surgido nos fóruns e diários foi sobre a proibição ou

não do uso desses equipamentos tecnológicos(como celular e tablets) e das redes

sociais no ambiente escolar.

Nesse cenário, percebe-se a necessidade da conscientização no uso desse

recurso, pois nos deparamos com diversas situações no dia a dia escolar, e isso

vem interferido nas aulas e na relação entre colegas e professores.

Precisamos enfrentar os problemas das redes sociais e achar meios de

incluir as novas tecnologias em nossas aulas, a nosso favor.

IMPLEMENTACÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

O projeto como já foi citado anteriormente foi implementado no Colégio

Estadual Barbosa Ferraz, na cidade de Ivaiporã, com alunos do 3º ano do curso

Técnico em Informática/Integrado .

As atividades tiveram início em fevereiro com a semana pedagógica, quando

realizou-se a apresentação do projeto à comunidade escolar. Durante a

apresentação, muitos questionamentos foram feitos por parte dos professores

participantes, bem como da equipe pedagógica, pois ressaltaram a importância da

temática no contexto escolar. A equipe pedagógica da escola destacou a

importância do projeto já que ultimamente a escola vem enfrentando constantes

problemas devido ao mal uso da Internet, mais especificamente das Redes Sociais.

A falta de maturidade ou responsabilidade por parte dos alunos, ao postar

conteúdos, vem gerando desavenças e discórdias no ambiente escolar.

Estes avanços trouxeram muitas facilidades e confortos ao cotidiano e

também muitos problemas, tais como os dilemas éticos surgidos durante

o uso das NTIC. Dentre estes, pode-se citar o uso privilegiado de dados

confidenciais ou a divulgação de dados impróprios pela Internet, o

acesso não autorizado a sistemas computacionais, a discussão acerca

do direito de propriedade de softwares, as questões relativas ao direito

autoral na rede, entre outros. (MASIEIRO, 2000, p. 67)

O trabalho com os alunos foi iniciado com a aplicação de um questionário

diagnóstico, que contempla a Unidade 1 da Unidade Didática: “Você usa Redes

Sociais?”, para levantamento sobre o uso das redes sociais pelos alunos. Este

diagnóstico foi a primeira etapa para melhor desenvolvimento das outras ações. Tal

questionário foi elaborado e enviado aos alunos utilizando a ferramenta Google

Drive, que é um serviço de armazenamento e sincronização de arquivos,

disponibilizado pelo Google

A partir da análise dos questionários foi possível perceber que a grande

maioria dos alunos faz uso constante das Redes Sociais. Utilizam essa ferramenta

diariamente e acessam tanto de computadores pessoais, quanto de equipamentos

móveis como celulares e tablets.

Quando o questionamento foi sobre a finalidade de uso das Redes Sociais,

pode-se observar que grande parte dos alunos entrevistados afirma que se

conectam a rede por lazer e entretenimento ou ainda para se comunicar com os

colegas. Foi verificado ainda a partir dos questionários, que os usuários mostram-se

preocupados com a superexposição e também seleção das pessoas que acessam

seu perfil.

Quando questionados se as Redes Sociais poderiam ser usadas de forma

pedagógica na escola, 61% dos alunos que responderam a pesquisa, acreditam que

sim, enquanto 39% ainda não enxergam essa possibilidade de uso pedagógico

dessa ferramenta tecnológica.

Lisboa e Coutinho (2010) afirmam que seja um momento oportuno e

necessário a utilização das redes social na educação, como forma de ampliar os

espaços educativos para além da sala de aula e assim contribuir para que a

aprendizagem seja contínua e permaneça ao longo da vida, destacando o potencial

educativo das redes sociais virtuais por permitir uma aprendizagem construtivista,

em que o educando passa a ser agente ativo e responsável pela sua própria

aprendizagem utilizando para isso um arsenal de ferramentas que contribui não só

para a pesquisa, mas também oferece condições para que o conhecimento seja

construído e compartilhado no mundo global.

Após esta etapa de diagnóstico da turma foi iniciado a Unidade 2 – “ O que

são Redes Sociais?”.

A partir desta segunda unidade, grande parte das atividades foram

desenvolvidas no Laboratório de Informática da escola. Cada aluno recebeu um

pendrive contendo o material que seria trabalhado, o que causou grande euforia na

turma. Foi gratificante ver a empolgação em receber os pendrives. Os alunos

mostraram-se curiosos e motivados com a apresentação, participaram ativamente

com comentários e relatos sobre o conhecimento que tinham sobre as redes.

Neste momento foi trabalhado a história das redes sociais, conhecendo suas

características, curiosidades e também as redes mais acessadas atualmente.

Perceberam a diferença de Mídias Sociais e Redes Sociais.

Manifestaram interesse e elogiaram o material digitalizado, mostrando-se até

um pouco ansiosos em trabalhar todas as unidades no mesmo dia. Foi então que

expliquei que trabalharíamos pouco a pouco cada unidade do material.

Crianças e jovens que fazem parte da geração net já exibem um perfil

muito diferente dos excluídos digitais, e as diferenças não estão apenas

na fluência com que usam computadores e redes. A conduta desses

jovens em atividades diárias em seus computadores muda também a

maneira como agem quando não estão conectados. (KENSKI, 2007, p.

115)

O avanço tecnológico conseguiu reunir diversos computadores e

equipamentos para transmitir todos os tipos de dados uns aos outros. Essas são as

chamadas redes de computadores.

Um processo tecnologicamente simples tornou possível transformar o

espaço de ação finito dos computadores em um novo ambiente, um novo espaço

virtual, o ciberespaço, com uma outra cultura, a cibercultura.

A vantagem dos ambientes colaborativos para os alunos, segundo Romanó

(2003), reside no aumento das competências sociais, da interação e comunicação

efetivas, favorecendo o desenvolvimento do pensamento crítico, o que lhes permite

conhecer diferentes temas e adquirir nova informação. Além disso, reforça a ideia de

que cada aluno é um professor, diminui os sentimentos de isolamento e receio da

crítica, aumenta a autoconfiança, a autoestima e a integração no grupo e fortalece o

sentimento de solidariedade e respeito mútuo.

Diante do exposto, é possível conceber uma rede social online como:[...]

forma de comunicação mediada por computador com acesso à internet,

que permite a criação, o compartilhamento, comentário, avaliação,

classificação, recomendação e disseminação de conteúdos digitais de

relevância social de forma descentralizada, colaborativa e autônoma

tecnologicamente. (LIMA JUNIOR, 2009, p. 97).

A Unidade 3 – “Redes Sociais – Curta com moderação”, foi um trabalho

desenvolvido a partir de duas cartilhas sobre os cuidados que devemos ter ao

acessar a Internet. Essas cartilhas estavam arquivadas nos pendrives de cada

aluno, mas também mostrei que se apresentavam on line na Internet, conforme os

links a seguir: http://issuu.com/safernet-brasil/docs/cartilha-saferdicas/7?e=0 ,

http://cartilha.cert.br/fasciculos/redes-sociais/fasciculo-redes-sociais.pdf.

Questionei os alunos se realmente sabem utilizar a rede se forma segura.

Iniciei o trabalho destacando que ao nos cadastrarmos nas Redes Sociais

somos responsáveis pelos dados que disponibilizamos nesses espaços. Navegar na

internet com responsabilidade é um dever de todos.

Não conseguimos finalizar esta unidade em um só encontro, pois gerou

muito debate e contribuições dos alunos sobre os assuntos citados. Percebi que

muitos alunos utilizam a Internet sem segurança alguma e até mesmo de forma

ingênua. Diversos relatos surgiram de situações que vivenciam em seu dia a dia,

como roubos de senhas de cartão, publicação de conteúdos indesejados, publicação

de imagem sem autorização, golpes na Internet e tantos outros citados por eles.

Quem poderia imaginar há 20 ou 30 anos atrás que estaria preocupado com

a clonagem do cartão de crédito, ou com fraudes nas senhas da conta bancária. Ou

ainda quem teria dúvidas quanto a veracidade de informações veiculadas, ou acerca

do que é certo ou errado com relação a divulgação de informações e dados.

Estas mudanças no cotidiano das pessoas, que afetam a todos

indistintamente, provocam questionamentos, dilemas éticos. Por todos os cantos,

nos meios de comunicação social, nas empresas privadas, nas escolas... As

pessoas estão se questionando quanto ao que é certo e errado, bom e mau neste

mundo de relações virtuais mediatizadas pelas novas tecnologias de informações.

A possibilidade de dispor de tantas e tão variadas informações requer um

posicionamento ético de respeito mútuo aos direitos individuais e também com vistas

aos interesses e ao bem estar coletivo.

De acordo com Silva (2009), “devemos ter cuidado com o que publicamos

nas redes sociais (artigos, opiniões, dados pessoais, comentários, respostas a

outros usuários, etc.), porque nem sempre podemos reformular ou remover essas

informações”, o que pode gerar algum tipo de problema, tanto para quem publicou,

como para quem é alvo daquela publicação.

Finalizamos esta unidade resumindo que devemos tomar todos os cuidados

necessários ao acessar a rede, pois como todo espaço público, pode ser acessada

por pessoas mal intencionadas. Frisamos também que a Internet apesar da

sensação de anonimato, quem praticar crime por meio dela pode ser identificado e

punido.

A Unidade 4 – “Filme- A Rede Social”, foi exibido o filme que conta a história

de Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin, fundadores de uma das redes sociais mais

conhecidas do mundo: o Facebook. Depois de ter uma nova idéia, o analista de

sistemas graduado em Harvard, Mark Zuckerberg, senta em frente ao computador e

desenvolve o projeto que faz deve o mais novo bilionário da história. Popular entre

jovens e adultos do mundo inteiro, a rede de relacionamento também traz

complicações na vida pessoal e profissional de Mark, que chega, inclusive a brigar

com Eduardo depois do sucesso financeiro do produto.

Alguns alunos já conheciam o filme, mas se mostraram motivados a assistir

novamente, já que o filme conta uma história interessante. Aqueles que ainda não

conheciam se mostraram curiosos já que queriam saber como tudo começou neste

mundo do Facebook.

O roteiro do filme é dinâmico e alterna a linha do tempo entre a criação da

rede mais famosa do mundo e os acordos extrajudiciais que Mark Zuckerberg teve

que enfrentar, à medida em que o Facebook crescia, o que percebi que dificultou o

entendimento do filme para alguns alunos. Mas no final, fizemos um apanhado e

comentários sobre a história e pude notar que todos entenderam o seu desenrolar.

Depois de vários encontros, debates e relatos, partimos para a Unidade 5 –

“Colocando em prática no Prezzi”. Eu estava muito apreensiva para este momento,

já que o Prezzi era uma ferramenta desconhecida para a maioria dos alunos e

estava ansiosa em mostrá-los e ver os resultados.

O Prezi é um software utilizado para a criação de apresentações não

lineares. Tudo é criado em uma estrutura única, parecida com uma palheta de

designer real. A plataforma disponibiliza uma versão gratuita que roda a partir do

navegador. Após rápido cadastro, é possível criar suas apresentações

tranquilamente. Além disso, é possível reutilizar apresentações públicas

compartilhadas por outros usuários. Para apresentar o trabalho pronto, é possível

acessá-lo pela internet ou baixá-lo em uma pasta compactada que não depende de

acesso à internet para funcionar.

Além da versão gratuita, há também opções de uso pagas que aumentam o

tamanho disponível para armazenamento na nuvem, e permitem editar o trabalho

localmente, offline.

Devido a sua portabilidade, pode ser utilizado em palestras, conferências,

apresentações de projetos e simples mostras de trabalhos escolares ou acadêmicos.

Ele criará apresentações mais dinâmicas e visualmente mais atrativas do que um

Power Point.

Depois de apresentar o novo aplicativo aos alunos, exibi algumas

apresentações prontas e o que seria possível criar neste novo aplicativo. Os alunos

mostraram muito interesse, fizeram vários questionamentos e ficaram muito

entusiasmados a começar a montar suas apresentações. Mas nem sempre o

desenvolvimento da aula é como se planeja.

Enquanto eu estava apresentando com somente um computador ligado, ele

abriu e exibiu devidamente os slides, mas a partir do momento em que os

computadores do laboratório foram ligados, a conexão com a Internet tornou-se mais

lenta.

Fiquei um pouco frustrada perante o ocorrido, pois tinha planejado uma

atividade para desenvolvermos em conjunto, mas cada um em seu computador,

para que pudessem manusear o aplicativo.

Aos poucos fomos nos adaptando, os alunos foram organizados em duplas e

com menos computadores ligados, a passos lentos os alunos foram montando as

apresentações. A aula ficou um pouco tumultuada pelo acontecido e terminei essa

aula desapontada.

O próximo encontro voltamos ao laboratório de informática com o objetivo de

desenvolver as apresentações com mais agilidade. O que me chamou atenção foi

que a aula anterior despertou a curiosidade de muitos alunos e aqueles que

possuíam computador e Internet e casa já tinham pesquisado e até mesmo

conseguido montar apresentações no Prezzi.

Alguns alunos levaram seus notebooks e mostraram a turma o que tinham

conseguido desenvolver.

Retomamos as duplas e continuamos nossos trabalhos. Nesse dia o

desenvolvimento foi um pouco melhor e independentemente os alunos já estavam

conseguindo descobrir componentes e funções novas que o aplicativo apresenta.

Neste momento expliquei como seria o fechamento do nosso trabalho.

Comuniquei que encerraríamos com uma palestra e apresentação das criações

desenvolvidas por eles no Prezzi.

Foi proposto então um apresentação final para conclusão do projeto.

Retomamos os assuntos que tínhamos discutido durante todos os encontros e

orientei para que desenvolvessem em duplas, uma apresentação sobre o uso

consciente das redes sociais na escola, onde poderiam inserir imagens, textos e

vídeos.

Eles receberam animados, o desafio proposto, e rapidamente começaram a

organizar suas apresentações.

Levamos mais dois encontros para conclusão das criações das

apresentações. Algumas duplas adiantaram seu trabalho em casa, aproveitando a

Internet um pouco mais eficiente. Depois de alguns contratempos os trabalhos foram

concluídos.

Produção Final

A unidade didática foi finalizada com uma produção final que deu ao

educando a possibilidade de colocar em prática o que aprendeu durante o estudo

das unidades.

As produções que foram propostas para finalizar o trabalho foram

apresentações criadas no Prezzi sobre o uso consciente das redes sociais na

escola. Vale ressaltar, que foi uma atividade bem trabalhosa, pois os alunos

encontraram algumas dificuldades, não com o software, mas com os recursos

necessários para manuseio do aplicativo, como computadores e Internet eficientes,

mas com uma certa medida de paciência e alguns ajustes os trabalhos foram

concluídos com sucesso.

Como encerramento do projeto foi organizado um dia com palestra e

apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos. Foram convidados todos os

alunos do Ensino Médio para participarem das apresentações.

A palestra teve como tema: O uso consciente das Mídias Sociais e foi

ministrada por um psicólogo do Departamento Municipal de Educação.

Falou de forma objetiva e descontraída sobre o uso da Internet. Conduziu

sua fala de maneira provocativa e questionadora, possibilitando aos participantes

tirar suas próprias conclusões.

Foi um momento bem interessante, onde os alunos também puderam

participar.

Utilizando-se de uma linguagem atualizada, contextualizada e familiar aos

alunos, o palestrante, de maneira carismática, trouxe informações importantes sobre

o tema, apresentando os aspectos positivos e negativos do uso das mídias

eletrônicas mais acessíveis (computador, internet, jogos eletrônicos e telefone

celular), discutindo os efeitos na saúde do uso prolongado ou inadequado dessas

mídias e buscando a conscientização para uma utilização saudável dos recursos

tecnológicos hoje disponíveis.

De forma simples e bastante explicativa, a palestrante explicou a todos por

que é tão necessário estabelecer limites educativos no uso de tais mídias,

especialmente da Internet, a fim de não se sofrer os malefícios do seu uso

inadequado. Ressaltou ainda os benefícios da utilização consciente e criteriosa dos

recursos tecnológicos, mas alertou para os riscos de seu uso indiscriminado sem os

devidos cuidados, enfatizando a questão da superexposição de coisas íntimas e de

informações pessoais, que podem trazer grandes danos aos jovens. Também

alertou para o cuidado a se ter com a adição de novos "amigos", certificando-se

sempre de que de fato os conheça e evitando, assim, o risco de exposição a um

usuário mal-intencionado.

Destacou também que, no caso de o delito ser cometido por menores, os

pais podem ser responsabilizados civil e criminalmente.

Exibiu um vídeo sobre os temas abordados e finalizou dizendo que as

mídias virtuais, quando utilizadas de modo responsável, permitem um amplo

intercâmbio de informações, ampliando as possibilidades de instrução e de

compreensão dos fenômenos sociais, pois, em muitos casos, elas chegam a ser

mais abrangentes que os tradicionais meios de comunicação, como o rádio, jornais,

revistas e a televisão. É preciso, porém, saber filtrar as conexões e estabelecer bons

acessos. Além disso, o potencial mobilizador da internet é incrível, ao passo que ela

cria uma grande rede, que transmite e divulga as inquietações políticas de forma

dinâmica e ligeira.

Assim, estar conectado significa estar em contato, ainda que virtual, com um

universo de oportunidades. Cabe a cada um o discernimento quanto ao uso que

fazem das mídias sociais, que devem ser encaradas como instrumentos que

facilitam a comunicação.

Após a palestra os alunos apresentaram ao público as apresentações

criadas no Prezzi, que veio de encontro com o que o palestrante tinha falado.

A principio estavam nervosos, mas no decorrer das apresentações foram

ficando a vontade e puderam demonstrar e complementar o que tinha sido falado na

palestra. Os alunos e professores que estavam assistindo gostaram do resultado

dos trabalhos e se mostraram curiosos quanto ao uso do Prezzi, solicitando também

aulas e cursos sobre o aplicativo.

Reconheço que fiquei orgulhosa em ver os alunos apresentando, foi muito

gratificante ver os frutos do trabalho.

Assim, concluiu-se a aplicação do projeto elaborado no início do PDE e,

também,do material didático pedagógico construído para a concretização do mesmo.

Acredito, fielmente, que obtive muito êxito com o trabalho desenvolvido durante todo

o processo, mas sobretudo com a concretização e efetivação da proposta em sala

de aula, que atendeu, com eficácia, aos objetivos traçados no inicio desse projeto.

Considerações Finais

Este trabalho teve por objetivo promover a discussão junto aos alunos sobre

o uso consciente das redes sociais no âmbito escolar. Tendo em vista que este tema

é de extrema relevância considerando o contexto vivido no interior das escolas,

espera-se que este trabalho possa permitir a reflexão da necessidade de orientar os

alunos na utilização dessas ferramentas tecnológicas, de forma sadia, filtrando as

informações úteis e verdadeiras, isto é, fazendo uso da tecnologia de forma

consciente e proveitosa.

Ao iniciar as discussões a respeito das mídias sociais e das tecnologias em

geral, abordamos as características da sociedade atual. Marcada por avanços

científicos e tecnológicos essa sociedade produz e dissemina inovações que

invadem o cotidiano dos seres humanos, modificando a maneira como interagem e

se organizam.

Dentre tais mudanças, destaca-se aquelas que ocorrem no ambiente

escolar.

Na educação, as tecnologias e o ciberespaço, como um novo espaço

pedagógico, ofertam possibilidades e desafios para a atividade cognitiva, afetiva e

social dos alunos. Mas para que isso realmente aconteça, é preciso um olhar

diferenciado.

De acordo com Valente (1999, p.4), é necessário que todos os segmentos

da escola – alunos, professores, administradores e comunidade de pais estejam

preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação

desse novo aluno. Nesse sentido, a tecnologia é um dos elementos que deverão

fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que

simplesmente montar laboratórios de informática na escola e formar professores

para a utilização dos mesmos.

Nesse contexto, as novas tecnologias podem contribuir de forma positiva

para transformar a escola em um autêntico lugar de exploração de culturas, de

realização de projetos, de pesquisa e debate.

assim como as ferramentas da Web 2.0, as redes sociais oferecem um

imenso potencial pedagógico. Elas possibilitam o estudo em grupo, troca

de conhecimento e aprendizagem colaborativa. Uma das ferramentas de

comunicação existentes em quase todas as redes sociais são os fóruns

de discussão. Os membros podem abrir um novo tópico e interagir com

outros membros compartilhando idéias(...)Enfim, com tanta tecnologia e

ferramentas gratuitas disponibilizadas na Web, cabe ao professor o papel

de saber utilizá-las para atrair o interesse dos jovens no uso dessas

redes sociais favorecendo a sua própria aprendizagem de forma coletiva

e interativa(BOHN, 2009, p.01)

A escola precisa assumir o papel de formar cidadãos para a complexidade

do mundo dos desafios que ele propõe. Preparar cidadãos conscientes, para

analisar criticamente o excesso de informações e a mudança, a fim de lidar com as

inovações e as transformações sucessivas dos conhecimentos em todas as áreas.

A partir deste trabalho pode-se notar a possibilidade de provocar reflexões

acerca do uso das redes sociais na escola, bem como constituir alternativas

pedagógicas para uso desta poderosa ferramenta que está a tão fácil alcance tanto

dos alunos quanto dos professores.

Referências

AGUIAR, Sônia. Redes sociais e tecnologias digitais de informação e comunicação. Nupef, 2006. BASTOS, João Augusto de Souza Leão de Almeida. Educação Tecnológica: Imaterial & Comunicativa: publicação do Programa de Pós Graduação em Tecnologia – PPGTE/CEFET-PR. Org.: Y. Shimizu, Curitiba: CEFET PR, 2000. BOHN, Vanessa. As redes sociais no ensino: ampliando as interações sociais na web. Disponível em: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/temas-especiais-26h.asp. Acesso em: 08/09/2013. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. (A era da informação: economia, sociedade e cultura; vol. 1). CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo:Ática, 2000. CIRIBELLI, J. P.; PAIVA, V. H. P. Redes e mídias sociais na internet: realidades e perspectivas de um mundo conectado. Revista Mediação, Belo Horizonte, v. 13, jan/jun 2011. COSTA, Rogério, Coleção Educarede Internet na Escola, vol 5, Comunidades Virtuais: aprendizagem em rede, edição Fundação Telefônica, SP, 2006. KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: O novo ritmo da informação.

Campinas, SP: Papirus, 2007. KENT, Peter. Internet: para leigos passo a passo. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 1999. LÉVY, Pierre. As tecnologias da Inteligência. O Futuro do Pensamento na Era Informática . Trad. Fernanda Barão. Coleção: Epistemologia e Sociedade. Rio de Janeiro: Instituto Piaget, (1ª ed 1990), 1993 ___________ Cibercultura . Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 2009.

LIMA JUNIOR, W. L. Mídia social conectada: produção colaborativa de informação de relevância social em ambiente tecnológico digital. Líbero (FACASPER). S. PAULO, V. WII, P. 95-106, 2009 MASIERO, Paulo Cesar. Ética em Computação. Edusp. São Paulo. 2000. PINHO, José Antonio Gomes; MORAIS, Kátia. O usuário de internet no Brasil: A predominância da busca de serviços frente ao uso do potencial democrático da rede. In: Pesquisa Tic Domicílios e Empresas 2011. Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa sobre o uso das tecnologias de Informação e comunicação no Brasil. São Paulo, 2012. PRADOS, M. A. H. Menores y riesgos en la Red - Un dilema para los padres. III Congresso online - Observatório para la Cibersociedad, 2006. PUIG, Joseph Maria. A construção da Personalidade Moral. Ática. São Paulo. 1998. RECUERO, Raquel. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. RICHERS, Raimar. Marketing uma visão Brasileira. São Paulo: Negócio, 2000. SACRISTÁN, José Gimeno. A educação que ainda é possível: ensaios sobre uma cultura para a educação. Tradução: Valério Campos. PortoAlegre: Artmed, 2007. SILVA, Jomar. 10 cuidados que devemos tomar em redes sociais. IN: Revista

Espírito Livre.Dezembro de 2009. Pp 28-32. <Disponível em:

HTTP://revista.espiritolivre.org> Acesso em 10/10/2013

TAIT, Tânia F. C.; TRINDADE, José T. P. Aspectos sociais da informática. 2. ed. Maringá: Eduem, 2005. VALENTE, José Armando.(Org.). O computador na sociedade do conhecimento. Campinas, SP: UNICAMP/NIED, 1999.