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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES EM SERVIÇO: UM IMPORTANTE CAMPO DE ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NAS ESCOLAS

ESTADUAIS DO PARANÁ

MÁRCIA DE FÁTIMA C. MADRUGA1

DOUGLAS ORTIZ HAMERMÜLLER2

RESUMO

A formação continuada de professores é de grande importância para o aprimoramento do trabalho docente, contudo, o que observa-se é que muitos cursos não trabalham com a realidade e com as particularidades de cada instituição. A equipe pedagógica tem papel fundamental em tais cursos, cabendo a ela a organização de materiais que deem subsídios para o trabalho docente. Este artigo traz um referencial teórico sobre a temática em questão, predominantemente baseado em Nóvoa e Libâneo. A partir de experiências ao longo do percurso PDE da autora, apresenta a ferramenta blog como um recurso de formação e interação entre os profissionais da instituição, além de trazer os resultados da implantação de um projeto de intervenção que visou proporcionar uma maior aproximação entre professores e equipe pedagógica. PALAVRAS-CHAVE: Formação Continuada. Equipe Pedagógica. Professores. 1 INTRODUÇÃO

As escolas ainda enfrentam muitas dificuldades em realizar seu trabalho

voltado para um aprendizado de boa qualidade. Apesar de muitos cursos de

formação continuada serem ofertados pela Secretaria Estadual de Educação,

observa-se que estes não surtem o efeito esperado com relação às necessidades e

especificidades da escola.

Este artigo apresenta um estudo que surge com o intuito de verificar como a

equipe pedagógica, por meio da formação continuada, pode auxiliar o corpo

docente, a equipe diretiva e os funcionários educacionais, para que estes realizem

um trabalho voltado à realidade de cada instituição e possam desta forma oferecer

uma educação dentro do esperado por todas as esferas da sociedade. Para

realização deste trabalho foi desenvolvido um material didático no formato de

1 Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), da Secretaria de

Estado de Educação do Paraná – edição 2013. 2 Professor Orientador PDE pela Universidade Federal do Paraná.

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caderno temático, o qual buscou oferecer subsídios para o processo de intervenção

pedagógica na escola. A partir desse estudo pretendeu-se que a equipe pedagógica

prestasse um maior apoio ao corpo docente da instituição, oportunizando a eles

momentos de socialização e trocas de experiências acerca dos processos de ensino

e aprendizagem, mediando a reflexão teórica sobre a prática, além de oferecer

“dicas” e propor metodologias para se trabalhar com o público da instituição em

estudo.

Além da criação do caderno temático, também idealizou-se a criação de um

blog, por meio do qual deveria haver troca de ideias sem a necessidade de

encontros presenciais, uma vez que muitos destes profissionais dividem sua carga

horária, muitas vezes, em mais de uma instituição de ensino. Este trabalho, portanto,

buscou uma maior aproximação entre a equipe pedagógica e os demais

profissionais da instituição, em prol de uma melhoria na qualidade de ensino.

2 METODOLOGIA

Como componente deste estudo foi realizada uma pesquisa exploratória com

base na revisão da literatura acerca do tema. Segundo Mattar (1999), este tipo de

pesquisa visa prover um maior conhecimento sobre o tema ou problema de pesquisa

em perspectiva para o pesquisador.

Além da revisão da literatura foi elaborado um questionário para obtenção de

dados. Para Lakatos (1991) o questionário é um instrumento de coleta de dados,

constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por

escrito e sem a presença do entrevistador.

Para alcançar os objetivos propostos foi empregada a pesquisa descritiva do

tipo levantamento quantitativo, a qual foi feita mediante leitura sistemática, com

fichamento de cada obra, ressaltando os pontos abordados pelos autores

pertinentes ao assunto em questão. Este tipo de pesquisa, para Martins (2000) é

aquele que “tem como objetivo a descrição das características de determinada

população ou fenômeno, bem como o estabelecimento de relação entre variáveis e

fatos”.

A técnica de coleta de dados utilizada foi o questionário misto, distribuído

entre direção da instituição, o corpo docente e a equipe pedagógica, que é aquele

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que segundo Alencar (2004) se caracteriza por apresentar questões estruturadas e

semiestruturadas.

Após a pesquisa foi realizada a tabulação e análise dos dados coletados.

Com base no resultado da pesquisa foi elaborado o material didático pedagógico

com o objetivo de propiciar um documento norteador, o qual serviu como apoio para

a implementação do projeto na instituição de ensino.

O projeto foi implementado no primeiro semestre de 2014, no Colégio

Estadual Dr. Décio Dossi, tendo como público alvo, equipe pedagógica, direção e

docentes da instituição. O material didático para implementação do projeto de

intervenção pedagógica foi desenvolvido no formato de caderno temático. Esse

caderno temático é destinado à equipe pedagógica e foi organizado em quatro

oficinas pedagógicas com objetivos, fundamentação teórica, sugestões de

atividades, textos, vídeos, avaliação e referências. A carga horária total da

intervenção pedagógica compôs um curso de 32 horas, distribuídas em duas partes,

sendo uma presencial (20 horas) e a outra a distância (12 horas), no formato de

formação interativa individualizada.

3 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

A formação docente é fator essencial na qualidade da educação. Entretanto, é

importante garantir que a formação provoque mudança real nas práticas de ensino.

A qualidade do ensino está relacionada à qualidade da formação inicial e continuada

do professor. Vale dizer que a LDB nº 9.394/96 assegura ao professor o direito à

formação continuada:

Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. (BRASIL, 1996)

A formação continuada está voltada para o professor em exercício e tem

como função básica contribuir para o professor ampliar e alterar de maneira crítica, a

própria prática.

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Assim, é importante ter claro que a formação docente deve voltar-se para o

desenvolvimento pessoal: produzir a vida do professor, para o desenvolvimento

profissional: produzir a profissão docente e para o desenvolvimento organizacional:

produzir a escola. (NÓVOA, 1992).

Garcia (1999, p. 22) afirma que a formação de professores é “[...] um encontro

entre pessoas adultas, uma interação entre formador e formando, com uma intenção

de mudança desenvolvida num contexto organizado e institucional mais ou menos

delimitado”.

A maioria dos autores demonstra que o desenvolvimento da carreira do

professor não deve ser visto como sequência de fatos que acontecem no exercício

da profissão, mas, sim, como processo não linear que recebe influências do meio

social, psicológico e político. Cabe ainda ressaltar que o processo de

desenvolvimento profissional é individual, embora se reconheça a importância da

troca de experiências, das discussões e das reflexões que ocorrem entre os

professores e seus pares. Sendo no decorrer desse desenvolvimento que o

professor constrói sua identidade profissional.

3.1 BREVE HISTÓRICO DA FORMAÇÃO CONTINUADA NO BRASIL

Faz-se necessário uma breve descrição acerca da educação brasileira para

que se possa entender um pouco melhor a formação continuada em nosso país.

No século passado se deu início aos primeiros estudos acerca da formação

continuada.

Segundo Tanuri:

Antes que se fundassem escolas especificamente destinadas à formação de pessoal docente, encontra-se nas primeiras escolas de ensino mútuo – instaladas a partir de 1820 – (Bastos, 1997) – a preocupação de não somente ensinar as primeiras letras, mas de preparar docentes, instruindo-os no domínio do método. Essa foi realmente a primeira forma de preparação de professores (2000, p. 63).

Foi a partir da Revolução Francesa, na qual ideais de igualdade, fraternidade

e liberdade foram aflorados, que se deu início à chamada educação para as massas,

e surgiram os cursos de formação docente nas chamadas “escolas normais”, que

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perduraram até 1870, devido à sua frágil trajetória, fato este que culminou na

obrigatoriedade da instrução primária.

Já no início do século XIX a escrita deixou de se fazer presente apenas em

documentos, assinaturas e contratos e passou a fazer parte da cultura e da vida

social dos cidadãos.

Libâneo (1998), fala acerca do conteúdo formativo:

Já na década de 60 podiam ser identificados treinamentos em métodos e técnicas para desenvolver a consciência do “eu” e dos outros, habilidades de relacionamento interpessoal, dinâmica de grupo, sensibilidade para captar as reações individuais e grupais, utilizando técnicas de sensibilização do docente para os aspectos afetivos da relação pedagógica [...] Durante os anos 70 foi forte a preocupação dos sistemas de ensino com as habilidades de elaborar planos de ensino, desenvolver habilidades em técnicas de ensino, instrução programada, recursos audiovisuais, técnicas de avaliação (In: Revista de Educação AEC, Ano 27 – n. 109. AEC do Brasil).

Juntamente com o fim da ditadura militar, no final dos anos 80, diversas

reformas educacionais ocorreram no Brasil, e congruentemente com isto os

movimentos relacionados aos educadores acabaram por se tornar mais consistente,

como vistas à chegar em um projeto de formação docente, que tivesse realmente o

intuito de oferecer uma melhoria educacional nos mais diversos sentidos.

A partir da Constituição Federal de 1988 houve uma valorização dos

profissionais de ensino, e em seu artigo 206, inciso V ficou estabelecida a

obrigatoriedade de ingresso no magistério por meio de concurso público e

juntamente com isto foram previstos os planos de cargos e carreiras, os quais

deveriam seguir um piso salarial.

A partir da Conferência Mundial de Educação para Todos que ocorreu em

Jomtien na Tailândia em 1990, foram elaboradas políticas educacionais que visavam

realizar uma correção da ineficácia dos sistemas educacionais de todos os países e

que deu uma maior prioridade à educação básica e à formação docente.

A reforma educacional brasileira mais recente foi instaurada pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96), e a partir de então

foram dados novos rumos à formação de professores:

Art.67- os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais de educação, assegurando-lhes: [...] aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico para esse fim; [...] período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho. [...] a atualização, o aprofundamento dos conhecimentos profissionais e o desenvolvimento da capacidade de reflexão sobre o

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trabalho educativo deverão ser promovidos a partir de processos de formação continuada que se realizarão na escola onde cada professor trabalha e em ações realizadas pelas Secretarias de Educação e outras instituições formadoras, envolvendo equipes de uma ou mais escolas (BRASIL, 1996).

A partir da criação da LDBEN, ficou estabelecido que a União seria a

responsável pela elaboração de um Plano Nacional de Educação (PNE), onde ficou

estipulado um prazo de dez anos para que os professores fossem graduado ou

recebessem formação através de treinamentos em serviço, esta última foi incluída

no Plano com vistas a realizar uma correção na escassez dos cursos de formação

inicial em nível de graduação

A partir de então foram criados diversos cursos, em 2003 o Ministério da

Educação e Cultura criou uma Rede Nacional de Formação Continuada para a

Educação Básica, a qual era formada por Centros de Pesquisa e Universidades com

o intuito de serem desenvolvidos projetos na área de formação continuada de

professores. Outros cursos também foram criados pelo MEC e todos com o mesmo

objetivo, o de proporcionar uma formação continuada de qualidade que auxiliasse na

melhoria do ensino, tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio.

As secretarias Estaduais e Municipais também passaram a ter uma maior

preocupação em organizar ações que fortalecessem a formação continuada e desta

forma pudessem melhorar a qualidade da educação.

3.1.1 A Formação Continuada no Estado do Paraná

Não houve uma unidade na política educacional de capacitação dos

professores do Estado do Paraná, governo após governo foram realizadas

modificações, as quais corroboraram para que tal política não obtivesse o sucesso

esperado. Lima e Viriato (2000, p. 11), acerca do assunto afirmam que “a princípio

são descentralizados os cursos de capacitação para o NRE [Núcleo Regional de

Educação], depois, no governo Lerner, são centralizados, via terceirização, na

Universidade do Professor, mais conhecida como Faxinal do Céu”.

Oliveira (2011), realizou estudos acerca das políticas educacionais

desenvolvidas no Estado do Paraná entre os anos de 1995 e 2002, os quais

verificaram que tais políticas seguiam de forma bastante severas às regras

estabelecidas pelo Banco Mundial, desta forma, enquanto buscava-se resultados

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efetivos com relação aos índices pré-estabelecidos por tal instituição, os processos

pedagógicos de ensino e aprendizagem acabaram sendo deixados de lado e

tratados como coadjuvantes.

No ano de 2003 assumiu um novo Governador no Estado do Paraná e este,

segundo Nadal (2008), deu início à construção do Plano Estadual de Educação

(PEE-PR), o qual dava início a uma nova forma de enxergar a educação e os

processos educacionais.

Este novo Governo trazia em suas diretrizes educacionais diversas

modificações no ensino e buscava, segundo Michelon; Zanardini; Rosa (2007), uma

escola pública, gratuita e acima de tudo com qualidade, combate ao analfabetismo,

universalização do ensino, a educação como direito do cidadão, apoio à diversidade

cultural, organização coletiva do trabalho, uma gestão democrática, entre outras.

A partir de então dava-se início a uma reestruturação no ensino a nível

Estadual, para tanto foram criados diferentes programas que buscavam uma

melhoria na qualidade em diversos aspectos. Dentre os projetos deste novo governo

destaca-se a criação da Coordenação de Capacitação, a Coordenação de Apoio a

Direção e o Caderno de Apoio para Elaboração do Regimento Escolar. Além, disto

foi realizado um:

[...] conjunto de ações para elaborar e estabelecer as diretrizes norteadoras da educação das escolas públicas paranaenses. O processo foi permeado por encontros descentralizados, grupos de estudos, semanas pedagógicas, enfim, ações expressivas [...] (GILIOLI; OLIVEIRA; PINHEIRO, 2011, p. 3).

Por meio destas ações foi possível a organização de outros

encaminhamentos a serem realizados pela Secretaria de Educação em congruência

com seus Núcleos Regionais.

3.1.2 O PDE como Formação Continuada dos Profissionais de Educação do Estado

do Paraná

A Secretaria do Estado da Educação (SEED-PR) em parceria com a

Secretaria de Estado da Ciência da Tecnologia e Ensino Superior – SETI criou o

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o qual propõe uma articulação

entre as Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e estaduais, e a Educação

Básica do Estado. Tal articulação tem o propósito de melhorar a qualidade de ensino

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no Estado, levando em conta outras experiências adquiridas a partir de outros

cursos de formação continuada realizadas por professores sem a participação das

universidades.

A partir deste tipo de formação continuada o professor tem a possibilidade de

retornar às atividades acadêmicas realizadas durante o período de sua formação

inicial. Durante o PDE, o professor realiza cursos nas Instituições de Ensino Superior

Públicas do Estado do Paraná, porém este profissional não abandona seu ofício

para realização de tais cursos, sempre que possível e necessário ele deverá se

fazer presente na instituição que desempenha suas atividades profissionais.

O intuito principal de colocar o professor em contato com a universidade é o

de redimensionar a prática docente, as reflexões acerca do trabalho docente e

pedagógico, o currículo, a gestão escolar a natureza e especificidade da escola, o

projeto político pedagógico, as formas de avaliação, entre as mais diversas

discussões que são de suma importância para a realização de um bom trabalho

docente. Cabe ressaltar que este programa não é ofertado apenas para os

professores, mas também para diretores e pedagogos, enfim, para aqueles que

fazem parte do quadro próprio do magistério.

3.2 O PAPEL DO PEDAGOGO NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE

PROFESSORES

O pedagogo assume papel de fundamental importância e de imensa

responsabilidade diante da formação continuada e em serviço dos profissionais de

educação, em especial dos professores. Cabe ao pedagogo desenvolver junto aos

professores um processo reflexivo acerca dos assuntos pertinentes ao universo

escolar, como aponta Gómez (2005, p. 95) “a sociedade está preocupada com os

resultados insatisfatórios dos processos de escolarização, embora a escola tenha

incluído as camadas sociais desfavorecidas não alcançou os resultados almejados”.

De acordo com Nóvoa (1997) desde a década de 80 é atribuída ao professor

a responsabilidade de se melhorar os processos de escolarização, fato este que

acaba por implicar em um maior investimento na formação docente.

Pode-se entender que a formação continuada e em serviço serve como um

redimensionador da formação inicial, pois acredita-se que o profissional forma-se a

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partir de seu convívio profissional e dentro deste ele modela sua identidade

profissional. Desta forma a identidade profissional surge de uma reflexão crítica e

criadora sobre a prática.

As ações do pedagogo na unidade escolar devem ser voltadas para a

formação continuada dos professores e profissionais de educação. Sobre essas

ações e funções Garrido (2000) afirma que:

Ao subsidiar e organizar a reflexão dos professores sobre as razões que justificam suas opções pedagógicas e sobre as dificuldades que encontram para desenvolver seu trabalho, o professor-coordenador está favorecendo a tomada de consciência dos professores sobre suas ações e o conhecimento sobre o contexto escolar em que atuam. Ao estimular o processo de tomada de decisão visando à proposição de alternativas para superar esses problemas e ao promover a constante retomada reflexiva, para readequar e aperfeiçoar as medidas implementadas, o professor coordenador está propiciando condições para o desenvolvimento profissional dos participantes, tornando-os autores de suas próprias práticas. (GARRIDO, 2000, p.9)

De acordo com Vasconcellos (2004) as ações do pedagogo/supervisor devem

voltar-se para a formação dos docentes, tanto no âmbito coletivo, quanto no

individual. O mesmo autor define o pedagogo/supervisor como um intelectual

orgânico no grupo, e a sua prática deve comportar as dimensões reflexiva,

organizativa, conectiva, interventiva e avaliativa.

Para dar conta de seu papel na formação dos educadores, o pedagogo, ao

mesmo tempo em que acolhe as diferenças e dificuldades de cada um, planeja

ações que levem à superação, nesse caminhar precisa ser questionador,

desequilibrador, provocador, animando e disponibilizando subsídios que permitam o

crescimento do grupo ao ajudar a elevar o nível de consciência passando do senso

comum à consciência filosófica. (SAVIANI, 1984).

Nesse sentido, o pedagogo precisa assumir a função de interlocução, alguém

com quem o professor possa compartilhar suas preocupações e experiências, não

de alguém preocupado em ensinar teorias, mas que se coloca em efetiva posição de

escuta e de diálogo, favorecendo que as próprias pessoas se dêem conta do que

pensam e em que acreditam, pois ao falar elaboram seu pensamento e o percebem

com maior clareza, “mesmo o interlocutor que nada domina da área em questão,

pode ajudar com suas dúvidas, com suas perguntas básicas, já que estas obrigam o

sujeito a ter de dizer de maneira simples, o que exige organizar as representações,

sintetizar” (VASCONCELLOS, 2004, p.100).

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3.3 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA FORMAÇÃO

CONTINUADA NA ESCOLA

A prática docente caracteriza-se pelo constante desafio dos profissionais da

educação em estabelecer relações com os educandos que visem uma melhoria nos

processos de ensino e aprendizagem, articulando a estas relações métodos que

efetivem o objetivo do ensino, que é a plena aprendizagem.

É neste âmbito que surgem as estratégias de aprendizagem, segundo

Petrucci e Batiston (2006, p. 263) historicamente pode-se dizer que a palavra

estratégia está vinculada à arte militar e ao planejamento utilizado para a execução

das ações de guerra. Atualmente esta palavra é utilizada em diversas áreas.

Segundo os autores:

[...] a palavra ‘estratégia’ possui estreita ligação com o ensino. Ensinar requer arte por parte do docente, que precisa envolver o aluno e fazer com que ele se encante com o saber. O professor precisa promover a curiosidade, a segurança e a criatividade para que o principal objetivo educacional, a aprendizagem do aluno, seja alcançada.

Diversos fatores acabam por interferir nos processos de ensino e

aprendizagem, tanto de alunos quanto de professores, dentre os quais pode-se citar

as condições de trabalho dos docentes, as condições estruturais da instituição de

ensino, as condições sociais dos alunos e os recursos disponíveis. Outro fator de

grande importância é o de que as estratégias que são utilizadas pelos docentes para

o processo de ensino devem ser capazes de envolver e sensibilizar os alunos para

que estes aprendam.

Da mesma forma, as estratégias utilizadas em reuniões e encontros para

estudo devem estimular o envolvimento e participação dos educadores nas

atividades propostas e no processo de elaboração, execução do Projeto Político

Pedagógico da escola. Os espaços de trabalho coletivo e de estudo na escola, são

fundamentais à concretização de uma prática transformadora e sua realização

implica em esforço coletivo e participativo.

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3.4 USO DA FERRAMENTA BLOG COMO RECURSO PEDAGÓGICO DE

FORMAÇÃO E INTERAÇÃO ENTRE OS PROFISSIONAIS DA INSTITUIÇÃO

A tecnologia já faz parte da rotina diária dos seres humanos, seu uso tornou-

se imprescindível para o desenvolvimento da sociedade moderna. De acordo com

Neitzel (2011) ela sempre esteve presente transformando a vida das pessoas.

Segundo o autor o novo de hoje é o avançado do ontem e o ultrapassado do

amanhã.

Juntamente com as evoluções tecnológicas o modo de vida das pessoas vai

sendo modificado de forma gradativa e torna-se difícil deixar de incorporar o uso

destas às rotinas diárias.

Dentre as diversas inovações tecnológicas da atualidade existe uma

ferramenta chamada blog, a qual é definida por Foschini e Taddei (2006, p. 09):

Blogs são páginas da internet atualizadas regularmente por uma pessoa ou um grupo. Temáticos ou não, eles podem trazer textos, imagens, áudios, vídeos, gráficos e quaisquer arquivos multimídia. [...] O nome vem da contração de duas palavras em inglês, ‘web’, de world wide web, e ‘log’, que pode ser traduzida como registro.

Ainda segundo os autores o “blog é um fenômeno do século 21. Apareceu

pela primeira vez em 1994, quando o estudante norte-americano Justin Hall criou um

dos primeiros sites com o formato de blog.” (2006, p.11). Esta ferramenta acabou se

tornando um eficaz veículo de informação, uma vez que os “Blogs nasceram como

diários pessoais e extrapolaram esta dimensão, sendo uma espécie de filtro do

ciberespaço.” (2006, p.09)

Segundo Carvalho (2010, p.85), “os blogs são páginas da Web organizadas

de forma cronológica (da mais recente para a mais antiga)”, fato que acaba por

facilitar o acesso dos leitores, possibilitando uma busca mais ágil dos itens que mais

lhe interessar.

Desta forma o blog pode ser considerado como um grande aliado à

Educação, uma vez que trata-se de uma ferramenta a qual pode ser utilizada para

dar apoio à aprendizagem, gerando competências e estabelecendo relações entre

os envolvidos nos processos educacionais.

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4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 PESQUISA REALIZADA JUNTO À EQUIPE PEDAGÓGICA

Foi realizada uma pesquisa junto às pedagogas da Instituição com o intuito de

verificar a opinião destas acerca do seu papel no ambiente escolar. Participaram da

pesquisa 04 pedagogas, as quais responderam a um questionário misto, composto

por 07 perguntas.

A primeira pergunta procurou saber qual a opinião das pedagogas sobre as

reais atribuições da equipe pedagógica no ambiente escolar. Todas responderam

que cabe a estes profissionais o acompanhamento e a orientação dos processos de

ensino e aprendizagem, buscando junto aos professores formas de melhorar a

qualidade de ensino. Também é função da equipe organizar o PPP, o Regimento

Escolar e auxiliar na implementação de programas como sala de apoio, sala de

recursos, entre outros projetos pertinentes à educação.

A segunda questão buscou saber se os problemas do dia a dia atrapalham o

desenvolvimento do trabalho pedagógico. Todas foram unânimes em dizer que os

problemas acabam por atrapalhar, pois deixa-se de realizar as funções pedagógicas,

tais como a orientação aos professores, entre outras.

Já a terceira questão procurou saber a opinião das entrevistadas sobre como

a equipe pedagógica pode colaborar para os processos de ensino e aprendizagem.

Segundo elas a equipe pode auxiliar os professores na elaboração de seus

planejamentos, orientando-os sobre a metodologia utilizada em sala e sobre os

instrumentos avaliativos, além de colaborar para que este melhore sua prática em

sala de aula.

A quarta questão buscou verificar se os cursos de formação continuada

podem colaborar para uma melhoria na qualidade de ensino e a quinta questão

procurou saber se os cursos ofertados anualmente colaboram para tal melhoria.

Houve unanimidade entre as entrevistadas ao dizerem que sim.

A sexta questão perguntou como a equipe pedagógica pode colaborar para

que os cursos de formação continuada sejam propícios a uma melhoria na qualidade

de ensino. As entrevistadas disseram que estas podem elaborar cursos mais

voltados as necessidades da instituição, para que isto ocorra é necessário uma

divisão de tarefas entre a equipe, que possibilite o desenvolvimento desse trabalho.

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Também foi dito que deve-se propiciar mais momentos de diálogo dentre os

envolvidos na educação.

A sétima questão procurou saber se mais comunicação entre os professores

e a equipe pedagógica pode colaborar para a melhoria dos processos de ensino e

aprendizagem e por quê. Todas as entrevistadas disseram que sim, pois quando

existe diálogo todos trabalham voltados ao mesmo objetivo, buscando superar as

dificuldades e expondo suas reais necessidades.

4.2 PESQUISA REALIZADA JUNTO AOS PROFESSORES

Os professores foram convidados a responder um questionário composto por

07 questões mistas, as quais visaram verificar sua opinião sobre as atribuições da

equipe pedagógica, sua formação docente, assim como seu tempo de docência.

Participaram da pesquisa 33 professores de diferentes áreas.

A primeira questão foi acerca da área de formação dos professores. Dos

entrevistados 6% são graduados em matemática, 6% em física, 3% em química, 6%

em ciências sociais, 15% em ciências, 3% em filosofia, 9% em história, 12% em

geografia, 33% em letras, 6% em educação física e 6% em artes.

A segunda questão perguntou se estes atuam em sua área de formação.

100% dos entrevistados disseram atuar em sua área.

Já a terceira questão procurou saber o tempo que estes possuem na

disciplina que trabalham atualmente. Dos entrevistados 43% atuam há mais de 8

anos na disciplina, 21% atuam de 4 a 5 anos, 15% atuam entre 6 e 7 anos na

mesma disciplina, 12% atuam entre 2 e 3 anos e 9% atuam entre 0 a 1 ano.

A quarta questão buscou verificar se estes fazem algum tipo de curso de

formação continuada. Dos entrevistados 88% dizem realizar cursos de formação

continuada, enquanto 12% disseram não participar.

As questões 5, 6 e 7 foram abertas. A quinta questão buscou saber a opinião

do professor acerca da função da equipe pedagógica no ambiente escolar. Dos

entrevistados 65% acredita que a equipe pedagógica tem a função de orientar os

professores. Já 3% acredita que a função da equipe pedagógica é cuidar da parte

burocrática da Instituição, além de supervisionar os alunos, verificar e acompanhar o

trabalho docente. Outros 3% acreditam que a equipe pedagógica deve realizar uma

integração entre os professores, os alunos, os pais e a direção, transmitindo e

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solucionando problemas do ambiente escolar. Outros 3% dizem que compete à

equipe pedagógica o diagnóstico e a intervenção da prática docente. Já, outros 3%

acreditam ser competência da equipe pedagógica a mediação entre os docentes, os

discentes e a comunidade. 3% dos entrevistados acreditam que cabe à equipe

pedagógica controlar o ambiente escolar, prestar auxilio aos professores e alunos,

além de “cobrar” quando necessário. Outros 3% dizem que a equipe deve resolver

todos os problemas relacionados aos alunos. 3% diz que a equipe ajuda aos alunos

e professores. Outros 3% acreditam que a equipe pedagógica tem como

responsabilidade a articulação dos processos de ensino e aprendizagem, além de

propiciar mecanismos de interação e facilitação do trabalho docente. Já 3% acredita

que o trabalho da equipe deve ser voltado ao encaminhamento e organização da

prática docente, além do acolhimento e orientação dos alunos e da comunidade

escolar. Outros 3% dizem que a equipe deve dar direção em todas as questões

pedagógicas, ser exemplo nas questões educacionais e exercer autoridade dentro

da Instituição. 3% acredita que cabe a equipe atender alunos e professores, além de

auxiliar no planejamento e no preenchimento do livro de chamada. Outros 3% não

souberam responder.

A sexta questão procurou saber o que os professores esperam da equipe

pedagógica no ambiente escolar. As respostas foram bastante variadas. Dos

entrevistados 58% acredita que a equipe pedagógica deve dar orientações teóricas

e práticas ao corpo docente. 6% espera que a equipe auxilie com os assuntos

relacionados à sala de aula. 12% espera que seja realizado por parte da equipe um

trabalho que amenize o problema da indisciplina em sala de aula. 3% espera que

seja dada uma maior atenção aos alunos. Outros 3% espera que a equipe tenha

mais tempo para acompanhar o trabalho docente e dar-lhes suporte quando

necessário. 3% espera que o aluno seja priorizado e orientado. 3% espera que estes

profissionais busquem formas de unir mais o grupo de profissionais do

Estabelecimento e realizem reuniões de pais mais frequentes. 3% espera que sejam

realizados aconselhamentos junto aos alunos. Outros 9% deram respostas que

fugiam à pergunta.

A sétima e última questão indagou os professores sobre quais os problemas

do cotidiano atrapalham no desenvolvimento do trabalho pedagógico. Dos

entrevistados 21% citaram a indisciplina. 10% dizem que a falta de professores

atrapalha o trabalho da equipe. Já, outros 18% afirmam que a burocracia acaba por

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atrapalhar o desenvolvimento do trabalho da equipe. 18% acreditam que o acúmulo

de funções acaba por dificultar o trabalho pedagógico. 9% acredita que muitos

problemas poderiam ser resolvidos pelo professor, sem a intervenção da equipe

pedagógica. Para 6% a falta de material pedagógico atrapalha o trabalho da equipe.

Outros 18% deram respostas que não respondem à pergunta proposta.

4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Ao analisar as respostas dadas pela equipe pedagógica pode-se perceber

que esta tem conhecimento acerca de suas atribuições, porém nem sempre

conseguem desempenhá-la por terem de resolver problemas emergenciais do dia a

dia. Para as entrevistadas o trabalho da equipe pedagógica pode vir a colaborar

para uma melhoria nos processos de ensino e aprendizagem, atuando junto aos

professores.

Por meio da pesquisa também pode-se verificar que as entrevistadas

acreditam que a formação continuada de professores pode colaborar para uma

melhoria na qualidade do ensino, desde que os cursos ofertados sejam mais

voltados à realidade da instituição.

As entrevistadas acreditam que um maior diálogo entre professores e equipe

pedagógica tende a trazer benefícios para os processos educacionais, pois a partir

deste é possível estabelecer objetivos e trabalhar para que estes sejam alcançados.

Os questionários respondidos pelos professores trouxeram respostas

bastante diversificadas, uma vez que trata-se de um número bastante grande de

participantes, os quais atuam em diferentes disciplinas e estão a frente das salas de

aula a tempos diversos, o que, talvez, possa trazer um posicionamento diferenciado

perante às questões levantadas.

As respostas acerca da função da equipe pedagógica foram bastante

diversas, a maioria acredita que esta deve orientar o trabalho dos professores,

alguns acreditam que é função da equipe “controlar” o ambiente escolar, as

diferentes respostas trazem à tona um certo desconhecimento sobre o papel

desempenhado pelas pedagogas.

A maioria dos professores espera que a equipe pedagógica lhes dê

orientações teóricas e práticas sobre como melhor desempenhar seu papel em sala

para que haja uma melhoria na qualidade de ensino.

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Sobre os problemas que acabam por atrapalhar o desenvolvimento do

trabalho pedagógico a indisciplina foi a mais citada, demonstrando que tem de haver

meios para que esta seja contida, pois somente assim a equipe poderá dedicar-se

mais aos problemas realmente pedagógicos.

5 RELATO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

5.1 GRUPO DE TRABALHO EM REDE - GTR Ao apresentar o projeto para os participantes do GTR foi possível verificar que

ele ia de encontro com a necessidade de muitas escolas de nosso Estado. Muitas

ideias também surgiram no decorrer do curso, as quais serviram para aprimorar o

projeto de intervenção.

Os participantes recepcionaram de maneira positiva o caderno temático,

demonstrando a viabilidade de sua implantação.

5.2 A IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO NA ESCOLA

O projeto foi apresentado aos profissionais da escola durante a semana

pedagógica de 2014. Após a exposição deste, as pedagogas foram convidadas a

fazer o curso e a participar de uma reunião para escolha dos melhores dias e

horários para realizar os encontros presenciais.

Considerando que algumas pedagogas trabalham em mais de uma escola, os

encontros foram agendados para serem realizados no horário de intervalo entre os

turnos do período da tarde e noite. No entanto, ocorreram algumas dificuldades com

relação ao tempo de locomoção entre um colégio e outro, entre outras situações.

Assim, decidimos fazer os encontros como horas de estudo, no período dos

25% para a implementação do projeto. Realizamos uma temática em cada turno

com dois encontros de duas horas por mês, mais participação no blog. Dessa forma

a maioria das pedagogas pôde participar, houve adesão de 70%.

Com relação a participação das colegas pedagogas no curso, de inicio foi

possível constatar uma certa timidez com relação ao desenvolvimento do trabalho

quando se trata de acompanhar e subsidiar as atividades docentes, assim como,

uma certa falta de iniciativa e motivação com relação a própria formação continua.

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No entanto, com a participação no curso, algumas pedagogas passaram a

demonstrar mais motivação e auto valorização na realização de seu trabalho. Novas

ideias e iniciativas foram surgindo no decorrer da implementação. Uma alternativa

encontrada para realizar as atividades de formação continua foi organizar o trabalho

da equipe pedagógica em dois grupos, porém ambos com objetivos comuns e

reuniões periódicas para acompanhamento das ações. Um grupo ficou responsável

por desenvolver ações voltadas ao acompanhamento da aprendizagem dos

estudantes e realizar o trabalho de mediação entre alunos, pais e professores no

que diz respeito as questões pedagógicas e disciplinares. O outro grupo deve

desenvolver ações de formação continua e acompanhamento ao trabalho docente,

assim como, também é responsável pela implementação e atualização dos

documentos escolares.

As mudanças e transformações devem ocorrer dentro de um processo, no

qual os resultados serão observados, geralmente, a médio e longo prazo. A semente

foi lançada. Acredito que mudanças de posturas e concepções já começaram

acontecer.

O blog não foi implementado em sua totalidade, pois, muitos profissionais

ainda sentem dificuldades relacionadas a utilização das ferramentas tecnológicas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste projeto, assim como sua implantação foram de

grande importância para aprimoramento profissional da autora desse trabalho, pois,

a partir dele, foi possível conhecer um pouco mais sobre a formação continuada, de

professores, além de possibilitar uma maior aproximação ao corpo docente da

instituição.

Essa experiência pedagógica propiciou a confirmação de que formação

continuada é de extrema importância para uma melhoria dos processos

educacionais, pois é através dela que professores e equipe pedagógica podem

interagir, buscando formas de melhorar a qualidade de ensino.

Por esses motivos, foi possível perceber que é necessário que o papel da

equipe pedagógica seja revisto, que estes deixem de trabalhar apenas para

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solucionar problemas emergenciais, pois somente assim será possível o

desenvolvimento de um bom trabalho pedagógico.

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