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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

PRODUÇÃO DE SENTIDO NO CONTO CHAPEUZINHO VERMELHO: UMA PROPOSTA DE LEITURA NO ENSINO DA

LÍNGUA

Edamara Maria Perius1

Sandra Mara da Silva Marques Mendes2

.

Resumo: Este artigo apresenta o estudo realizado durante o PDE/2014 com alunos do sétimo ano do ensino fundamental de uma escola pública do município de Laranjeiras do Sul-PR. Sabemos que ler é o ato de compreender o mundo, pois lemos diferentes textos para diferentes fins e em diferentes situações. No entanto, o número de alunos com dificuldades de leitura, compreensão e interpretação de textos e que leem somente como um ato mecânico decodificando signos linguísticos é muito elevado. Diante disso o objetivo principal desse trabalho, foi estimular no aluno o interesse pela leitura de forma prazerosa, levando-o a compreender a importância de ler não somente o conteúdo dos textos, mas os modos de significar. Este trabalho foi realizado na forma de Unidade Didática na perspectiva da Análise do Discurso, que tem com precursores Pêcheux na França e Orlandi no Brasil. A metodologia empregada partiu de práticas de leitura de textos de diferentes materialidades textuais, em especial o conto Chapeuzinho Vermelho e diversas versões deste, bem como encaminhamento de discussões e reflexões acerca dos efeitos de sentido, observando as ressignificações, percebendo os meios de circulação da produção do texto, o suporte, a fonte, os interlocutores, a finalidade e a época, culminando com uma produção textual para uma coletânea de contos.

Palavras-chave: Leitura. Conto. Análise do discurso.

1 Graduada em Letras pela UNICENTRO e em Serviço Social pela ULBRA. Pós graduada em Teoria

e Prática deLíngua Portuguesa pela UNOPAR e Professora de Língua Portuguesa da Rede Estadual de Ensino do Paraná. 2 Mestre em Filologia e Linguística Portuguesa pela UNESP (Assis), professora de Linguística e

Língua portuguesa do departamento de Letras da UNICENTRO.

Introdução

As Diretrizes Curriculares Estaduais deixam clara a importância de se

trabalhar a diversidade de textos, os quais as escola disponibiliza para o acesso dos

alunos nas salas de aula. Neste sentido os contos são de grande relevância para o

trabalho com a leitura, em especial o Conto Maravilhoso, trazendo à tona

lembranças de situações vividas em outra época. Por isso é interessante que os

professores de Língua Portuguesa façam uso desse instrumento, para ensinar o

educando, pois este é um recurso eficaz pelo qual o aluno consegue assimilar e

apropriar-se efetivamente do conhecimento, haja vista que o aprendizado se torna

significativo.

Pensando a escola como um lugar de socialização do conhecimento e

sabendo que alguns alunos têm no ambiente escolar a única oportunidade de

acesso ao conhecimento científico e filosófico, é de fundamental importância que a

instituição seja esse espaço de intermediação entre conhecimento e sujeito no

contexto de letramento do aluno.

Conforme consta nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica,

É preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com diferentes funções sociais, o letramento do aluno, para que ele se envolva nas práticas de uso da língua – seja de leitura, oralidade e escrita. (PARANÁ, 2008).

É necessário fazer com que as palavras tenham significado para o aluno, que

ele, não apenas as identifique, mas que as compreenda, interprete e consiga

relacioná-las, retendo dessa forma os sentidos mais relevantes.

Sabendo que a leitura é um dos principais instrumentos para o aprendizado, é

relevante apresentar diversos textos para o aluno, dando dessa forma subsídios

para que ele amplie seu conhecimento de forma diversificada, desenvolvendo

também sua compreensão de mundo posicionando-se como sujeito atuante e

transformador da sociedade na qual está inserido. Nesta perspectiva são

importantes as atividades inovadoras que ampliem os horizontes de conhecimento

do aluno, sendo o professor intermediador, intervindo, possibilitando uma leitura

crítica, oportunizando ao aluno formar opinião a respeito do que está lendo, para

assim poder posicionar-se sobre os mais diversos assuntos da esfera social.

Diante do exposto, este artigo apresenta os resultados obtidos através de

trabalhos realizados com alunos do sétimo ano do ensino fundamental. Trabalho

este que teve como objeto de estudo os Contos de Fadas, em especial o Conto

Chapeuzinho Vermelho e suas diversas versões.

Foram desenvolvidas inúmeras atividades pedagógicas, como ilustração de

música, leitura oral da versão tradicional do Conto Chapeuzinho Vermelho,

comparando a produção de (PERRAULT,1985) com as versões modernas,

observando a intertextualidade presente em cada texto e os novos sentidos em cada

produção de Conto, observando também os elementos da narrativa, presentes neste

gênero discursivo e finalmente a produção textual.

Os resultados obtidos confirmaram a perspectiva de que o trabalho planejado

com leitura, proporciona que os sujeitos passem de meros leitores mecânicos,

decodificando signos linguísticos para leitores críticos compreendendo a importância

de ler não somente os conteúdos dos textos, mas os modos de significar.

A leitura enquanto interação entre sujeitos e construção de sentidos

Sabemos que ler é o ato de compreender o mundo. Nesta perspectiva, no

cotidiano lemos diferentes textos para diferentes fins e em diferentes situações.

Lemos notícia de jornal para nos informarmos sobre o que está acontecendo ao

nosso derredor e ao redor do mundo. Lemos bulas de remédios, receitas para seguir

instrução, livros de literatura por prazer, para viajar no mágico mundo da

imaginação.

Em contra partida na escola tradicionalmente a concepção de leitura era

apenas decodificar, pois eram usados textos bastante artificiais, em que o leitor fazia

a leitura muito superficial. Geralmente eram feitas perguntas referentes ao texto e

estas, estavam explícitas no texto, sem que para isto fosse feita uma reflexão acerca

do conteúdo. Não se fazia uma leitura mais atenciosa dos textos, não se passava da

simples decifração do código. Neste contexto o aluno era visto como passivo, sem

habilidades de produzir seu conhecimento, ou de fazer relação com o que já

aprendera. Tal prática influencia nossa experiência de ensino aprendizagem até

hoje.

A partir dos anos 80 (oitenta), essa forma de ensino da leitura foi mudando,

pois o discurso oficial e o discurso acadêmico adotaram uma concepção

interacionista de língua e leitura. Nesta concepção a leitura é concebida como um

processo perceptivo e cognitivo, passando de mera decodificação para um processo

de construção de sentido. Levando em consideração o fato de que a produção de

sentido se dá pela/na interação entre texto-leitor-autor. Por isso que diferentes

práticas de leitura devem ser trazidas para a escola.

Assim, segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais,

Para o encaminhamento da prática de leitura, é relevante que o professor realize atividade que propiciem a reflexão e discussão, tendo em vista o gênero a ser lido: do conteúdo temático, da finalidade, dos possíveis interlocutores, das vozes presentes no discurso e o papel social que elas representam, das ideologias apresentadas no texto, da fonte, dos argumentos elaborados e da intertextualidade. (PARANÁ, 2008, p. 74)

Os professores, nessa nova concepção, têm tentado mudar, acrescentar e

desenvolver práticas de ensino com base nas abordagens que propiciem reflexão e

discussão considerando os interlocutores presentes no discurso. No entanto, o

número de alunos com dificuldades de leitura, compreensão e interpretação de

textos e que leem somente como um ato mecânico decodificando signos linguísticos,

é muito elevado.

Pensando nessa demanda na escola, também é necessário pensar

possibilidades de trabalho com o texto de forma a sensibilizar os alunos para que

percebam a importância da leitura na escola e na vida, bem como trabalhar a leitura

de forma diferenciada para que esta seja significativa.

Nesta perspectiva buscou-se a teoria da Análise do Discurso, que vem

explicando como esse processo significativo e ressignificativo se dá, abrindo novas

possibilidades em uma mesma leitura.

A Análise do Discurso surgiu na França na década de 60, tendo como um dos

precursores Michel Pêcheux, que propunha ver a língua não apenas como ato de

fala ou ainda como transmissora de informações. Ele via a Língua sob a ótica

discursiva, que busca os fatores externos da linguagem, como a ideologia e o fator

social, observando que as palavras mudam de sentido conforme a posição daqueles

que as empregam em relação às formações ideológicas que se inscrevem.

No Brasil, Eni Orlandi deu continuidade aos estudos de Pêcheux sobre a

Análise de Discurso. Segundo a autora:

Os sentidos são determinados ideologicamente. Não há sentido que não o seja. Tudo que dizemos tem traço ideológico em relação a outros traços ideológicos. E isto não está na essência das palavras, mas na discursividade, isto é, na maneira como no discurso, a ideologia produz seus efeitos, materializando-se nele. (ORLANDI, 2007, p.43).

Essa base teórico-metodológica também fundamenta o trabalho com leitura

realizado com alunos do sétimo ano, o qual tem como tema o Ensino e

Aprendizagem de Leitura.

Segundo Orlandi, (2008, p.22), “a Análise do Discurso tem como unidade o

texto e é definido como unidade complexa de significação, consideradas as

condições de sua produção”. Todavia, o texto é um discurso desde que tenha

sentido e junto com o discurso vem à ideologia. Pêcheux diz que um discurso nunca

vem do nada e que todo texto é produzido num determinado contexto entre sujeitos,

portanto, é suscetível de influência por parte de outros sujeitos, pois o discurso

depende das condições de produção e do contexto no qual o sujeito está inserido.

Sendo assim, o texto é todo enunciado, oral ou escrito, ou seja, é a unidade

linguística comunicativa básica. Enquanto o discurso é todo o texto que tenha

significado, porque depende do contexto de produção em que é produzido.

Para Pêcheux (1997), os sentidos se constituem de acordo com as posições

ocupadas pelo sujeito do discurso, determinadas pelas condições históricas e

ideológicas. Portanto, o sentido não é dado a partir da compreensão de significados

isolados, contidos em palavras ou expressões. Os sentidos possíveis são

constituídos pelas formações discursivas, “nas relações que tais palavras,

expressões ou proposições mantêm com outras palavras expressões ou

proposições da mesma formação discursiva” (PÊCHEUX, 1997 p. 161).

Ao elaborar os princípios para uma teoria materialista do discurso, Pêcheux

parte da perspectiva de que a semântica não é parte da linguística, porém constitui

seu ponto essencial, e que nesse ponto essencial é que a linguística se confronta

com a filosofia e com o materialismo histórico.

A linguagem é o lugar do confronto, do enfrentamento, uma vez que a ideologia

está sempre presente, como se observa nas seguintes considerações feitas pelo

autor: A ideologia fornece as evidências pelas quais “todo mundo” sabe o que é um soldado, um operário, um patrão, uma fábrica, uma greve. Evidências que fazem com que uma palavra ou enunciado “queiram dizer o que realmente dizem” e que mascaram assim, sob a transparência da linguagem, aquilo que chamaremos caráter material do sentido das palavras e dos enunciados. (PÊCHEUX, 1988, p. 160).

De acordo com o autor, o sentido das palavras e dos enunciados caracteriza-

se por não se evidenciar e não existir em si mesmo.

Na Análise do Discurso, o texto exige que o leitor não fique somente nas

informações óbvias, claras, mas, que faça uma leitura nas entrelinhas, considerando

o contexto em que está inserido.

Assim, percebemos que o discurso não é individual e assistemático como a

fala, nem é geral como a língua. Ele tem sim “a regularidade de uma prática, como

as práticas sociais” (ORLANDI,2008). É um efeito de sentido entre locutores, num

determinado contexto social e histórico. De forma mais simplificada podemos dizer

que o Discurso é uma língua posta em funcionamento por sujeitos produtores de

sentido numa dada sociedade. Sua produção acontece historicamente por meio da

linguagem que é uma das instâncias por onde a ideologia se materializa. Por isso,

Orlandi (2009) afirma que a Análise do Discurso é uma disciplina de entremeio que é

advinda de três dimensões do conhecimento que são a Psicanálise, a Linguística e o

Marxismo.

Nessa perspectiva, foi trabalhada a leitura do conto, em especial o Conto

Chapeuzinho Vermelho e algumas de suas versões, buscando analisar a produção

de sentidos do conto a partir de sua reescrituração em diferentes materialidades.

Manifestando seu entendimento, Cândido (1995), menciona a Literatura

afirmando a ideia de que esta, tem como principal função a humanização do ser

humano, entende-se aqui por Literatura também os Contos de Fadas, que, segundo

o autor, estimulam a imaginação e ampliam os horizontes do conhecimento do

sujeito que vive e convive na/com a cultura universal. Neste sentido, é de

fundamental importância o conto maravilhoso ao processo de humanização.

Entende-se isso de forma mais clara quando o autor afirma:

Entendo aqui por humanização (...) o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, com exercício de reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso de beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A Literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante. (CÂNDIDO, 1995, P. 249)

Neste sentido, a literatura tem poder de nos tornar homens e mulheres

melhores, bem como, instigar uma reflexão acerca do ser humano, no espaço e no

tempo, situando-o como cidadão atuante e transformador da realidade, contribuindo

para sua formação intelectual e cultural.

Desta forma, atividades desta natureza contribuem para o aprimoramento

intelectual e emocional do aluno tanto na vida em família, em sociedade, quanto na

aprendizagem acadêmica. Em se tratando de alunos do sétimo ano, do ensino

fundamental, sujeitos participantes no desenvolvimento deste trabalho, os Contos

foram relevantes, pois nessa fase o adolescente está num processo de

compreensão de seu papel na sociedade, assimilando valores da vida adulta.

Carvalho (1982) aponta que desde o século XVIII,

A literatura foi, mais precisamente, endereçada ao adolescente. O século do Iluminismo foi um desafio aos Contos de Fadas, que foram legados a um verdadeiro ostracismo, para retornar quando a Alemanha devolve à criança, pelo gênio dos Irmãos Grimm, graças ao culto do folclore, no Romantismo, os insubstituíveis Contos de Fadas, dando novo estilo aos velhos temas, com nova colheita e novo acervo. (CARVALHO, 1982, p. 90)

Nesse sentido, esse gênero é relevante, pois através dele é possível atingir

os três níveis da leitura referidos por Orlandi (2009): o nível inteligível em que o

aluno conhece o código linguístico, o nível interpretável em que o sentido está no

contexto imediato e o nível compreensível que considera o contexto sócio histórico.

Estimular no aluno o interesse pela leitura de forma prazerosa, levando-o a

compreender a importância de ler não somente o conteúdo dos textos, mas os

modos de significar, foi o objetivo principal da intervenção realizada. Esta ocorreu

com uma turma de alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental.

Trabalhando a leitura em sala de aula

Após muita inquietação a respeito do ato de ler dos alunos, os quais não têm

interesse em fazê-lo, investigou-se o motivo do desinteresse em fazer leitura,

através de pesquisa junto aos docentes e discentes do Colégio Estadual Tancredo

de Almeida Neves, Ensino Fundamental e Médio, buscou-se também bibliografias

afins, culminando na produção do material didático a ser utilizado com alunos da

rede pública de ensino.

A metodologia utilizada na implementação do projeto foi fundamental em sala

de aula, com a proposta de leitura do conto Chapeuzinho Vermelho na versão de

Perrault, na versão dos Irmãos Grimm, na versão de Chico Buarque (Chapeuzinho

Amarelo) e na versão de Guimarães Rosa (Fita Verde no Cabelo), analisando a

produção de sentido, focando no modo como as versões selecionadas produzem

efeito de sentido dependendo das condições de produção sócio histórica, levando o

aluno a perceber que o histórico, o ideológico e o social influenciam o modo como

cada texto é produzido.

Fazendo analogias com as diferentes épocas e contextos, refletindo e

analisando sobre o texto e a realidade vivenciada, tornou-se significativo e atrativo

para o educando, de forma que as temáticas abordadas possam ser utilizadas para

diversas faixas etárias adaptando à realidade de cada uma.

Para dar início às atividades de implementação, foi usada a música Aquarela

de Toquinho, para ilustrar e acalmar os alunos. Observou-se que esta é uma das

atividades pela qual os alunos tiveram grande interesse, portanto é perfeitamente

possível fazer parte do cotidiano escolar, pois torna a aula lúdica, atrativa e

prazerosa.

Observou-se neste trabalho de implementação, o envolvimento dos alunos no

momento da pesquisa do contexto social de escrita de cada versão do conto. Os

estudantes do sétimo ano ficaram surpresos ao descobrir que a versão do conto

Chapeuzinho Vermelho de Perrault, fora escrita com o objetivo de divertir a corte

francesa, exaltando a criança, estabelecendo diferenças entre crianças e adultos,

pois desde a Idade Média as crianças eram negligenciadas e tratadas de forma

bruta e até mortas. Eles perceberam que esse contexto de reelaboração familiar,

que Perrault insere, é resultado das transformações sociais, políticas e econômicas

vividas pela sociedade Ocidental da época, no que se refere à infância. No conto, a

Chapeuzinho Vermelho é postulada pela rígida moral da corte francesa, ela

desobedece à mãe e vai pelo caminho perigoso da floresta, com isso ela morre, pois

transgride a educação moral rígida que recebera. Essa “desobediência” se deu pelo

fato de Chapeuzinho Vermelho ser uma menina muito bonita e ingênua, o que

aguçava a luxúria dos sedutores que a desejavam como a um objeto, esse atributo

causou o seu fim, a sua morte, ou seja, foi devorada pelo lobo.

Os alunos puderam fazer um paralelo da vida deles próprios observando as

mudanças sociais e familiares ocorridas desde a produção desta versão aos dias

atuais. Observaram questões de valores, costumes, negligência e exploração

infantil, fazendo um comparativo sobre o que permanece e o que foi superado em

termos de leis de amparo e proteção no que se refere aos indivíduos de menoridade.

Haja vista que hoje tem-se o Estatuto da Criança e do Adolescente que dispõe na

Lei N. 8.069, art. 5° que,

Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. (ECA,1990).

Houve uma mudança de pensamento, no que tange à violência contra

menores, principalmente em se tratando de meninas, como foi o caso da

Chapeuzinho Vermelho. Foi levantada a questão da exploração sexual que está

vitimando um grande número crianças e adolescentes nos dias atuais. Segundo

palavras de alguns alunos, a leitura desse texto fez com que “abríssemos nossa

cabeça” e “pudéssemos enxergar coisas que antes não enxergávamos”, pois

conseguiram colocar-se na situação da personagem.

Ao ler e analisar o conto Chapeuzinho Vermelho na versão dos irmãos

Grimm, os alunos puderam adquirir novo conhecimento, atribuindo novos sentidos à

leitura, pois nesta versão, escrita dois séculos depois da versão de Perrault,

Chapeuzinho Vermelho teve um final diferente, ela vai ter outra oportunidade, já que

a mentalidade mudara nestes últimos séculos. Apesar de ainda ser tratada como

objeto que fica à mercê dos “lobos” da sociedade, nessa versão, o homem também

toma o papel de protetor, pois a Chapeuzinho é salva pelo lenhador.

Os alunos puderam observar que na sociedade daquela tempo a

preocupação com a educação feminina foi crescendo, não pensado em termos

libertadores, mas para servir melhor aos maridos. Assim, mais uma vez se

surpreenderam em saber que a mulher era vista dessa forma, pois segundo a

mentalidade vigente da época, as mulheres instruídas seriam melhores

companheiras para seus maridos

A partir das leituras feitas, foram levantadas questões sobre a Chapeuzinho

Vermelho se ela é uma menina boa ou má, se foi esperta ou ingênua, se conhecem

“lobos” como os das histórias lidas, questões sobre quem poderia representar esses

“lobos” na sociedade, bem como questões referentes aos idosos, seu papel na

comunidade e o tratamento que recebem no que se refere à família, saúde e

inserção social, uma vez que estão amparados pela Lei N.10.741, onde diz que

É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (Estatuto do Idoso, 2003).

Na versão de Chico Buarque, a Chapeuzinho não é mais vermelho e sim

Amarelo ganhando outra conotação, sendo vulnerável, insegura, se esconde de

tudo, deixando a vida passar de tanto medo. Até que um dia se flagra diante de seu

maior medo: o lobo. Compelida pela situação, a menina enfrenta o medo sendo

bem-sucedida dessa forma recupera sua autoestima, conseguindo enfrentar os

medos e a vida.

Ao longo de três séculos a Chapéu foi superando esse medo do lobo, agora

está mais preparada para enfrentar os medos que rondam a condição feminina até

então. O lobo por sua vez, de opressor passa a ser oprimido e a causa dessa

mudança é o enfrentamento da menina. Essa mudança ocorre pelos anos 60,

quando a mulher se torna mais segura, vencendo tabus que até então eram

inerentes à sua condição feminina, destituindo o lobo de qualquer poder de sedução.

Buscou-se juntamente com os alunos, através de pesquisa no laboratório de

Informática do colégio, informações a respeito do contexto histórico e social da

produção do conto Chapeuzinho Amarelo, observando a intertextualidade com as

versões do conto Chapeuzinho Vermelho, vistas até aqui.

Percebeu-se que no Brasil, na segunda metade do século XIX, a consciência

de que as crianças são seres em crescimento foi se firmando e para tanto elas

precisavam de cuidados, de atenção para se constituírem adultos por completo.

Já a mulher neste contexto vai conquistando espaço e se libertando, mas

ainda de forma muito lenta. Somente no decorrer do século XX que ela busca

redimensionar sua condição de objeto da história, desestabilizando a estrutura

tradicional em que o homem era sujeito e a mulher objeto. É nesta nova visão da

condição feminina, que Chico Buarque reescreve a versão da Chapeuzinho

Vermelho, momento em que a mulher está em busca de sua nova identidade,

diferentemente dos três últimos séculos, em que ela era absolutamente submissa ao

homem. Aqui muda a cor da Chapeuzinho vermelho para Chapeuzinho Amarelo,

pois segundo a tradição popular a menina amarelou, no entanto isso ocorre somente

no início do conto, porque no final quem amarelou foi o lobo pelo fato de Chapéu

perder o medo, pois amadurecera em seu papel de mulher e criança, em relação

aos contos anteriores.

Levantou-se aqui a questão dos direitos da mulher hoje, que conforme dados

do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania (DEDIHC) e segundo a ONU

- Organização das Nações Unidas são:

Direito à vida, Direito à liberdade e a segurança pessoal, Direito à igualdade e a estar livre de todas as formas de discriminação, Direito à liberdade de pensamento, Direito à informação e a educação, Direito à privacidade, Direito à saúde e a proteção desta, Direito a construir relacionamento conjugal e a planejar sua família, Direito à decidir ter ou não ter filhos e quando tê-los, Direito aos benefícios do progresso científico, Direito à liberdade de reunião e participação política, Direito a não ser submetida a torturas e maltrato (DEDIHC).

Pensar e refletir questões como estas, com alunos do sétimo ano do ensino

Fundamental, é interessante no sentido de criar expectativas em torno de como agir

e posicionar-se na vida adulta enquanto cidadãos inseridos numa sociedade em que

ainda impera o preconceito e a discriminação de gênero. Ler um conto e chegar a

essa conclusão mostra que a leitura é um processo complexo e que envolve

habilidades que vão muito além de mera decodificação de símbolos ou do estudo

dos elementos estruturais da língua. Problematizar a relação do aluno com o texto é

mister para que ele perceba como este se constitui e significa. Isso implica “Saber ler

é saber o que o texto diz e o que ele não diz, mas o constitui significativamente”.

(ORLANDI, 2001, p.11).

O último texto inserido na implementação da Produção Didático Pedagógica,

foi a Nova velha estória de Guimarães Rosa, Fita Verde no Cabelo, formando um

paralelo deste conto com os contos vistos anteriormente, observando as relações

estabelecidas nos textos dando novos significados. A leitura desse texto foi

dramatizada de forma que a turma toda participasse.

Guimarães Rosa ao escrever Fita Verde no Cabelo, levanta uma temática

bem diferente, pois vai tratar do ciclo vital do nascimento até a morte. A questão

fundamental desse conto está vinculada à ingenuidade da menina em relação à

existência da morte, pois nascemos para o fim que é inevitável. A fita verde é a

promessa de renovação e de esperança, porém é um símbolo de vaidade,

representa a juventude, a jovialidade, mas que se contrapõe a morte, ou seja, ao fim

da vida. Por um lado, o verde representa a esperança, por outro ela é inventada,

representando desta forma a fragilidade humana dando a ilusão de que só a velhice

precisa se preocupar com a morte.

A menina, ao perder a fita verde do cabelo, depara-se com o fenecimento,

com a perda da inocência, pois compreende a morte por senti-la através da morte da

avó.

Cumpre observar aqui a importância de se trabalhar o texto, considerando a

época e as condições nas quais ele é produzido, levando em conta os sujeitos

historicamente definidos, interpelados pela ideologia e não somente pelas situações

de enunciação, visto que para a análise do discurso o sujeito é o resultado da

relação existente entre história e ideologia, ou seja, “todo dizer é ideologicamente

marcado” (ORLANDI, 1999).

Portanto, é fundamental que o professor de Língua Portuguesa entenda que

ele próprio e seu aluno são sujeitos historicamente constituídos e marcados

ideologicamente, segundo Orlandi, por isso não pode suscitar-lhe um único sentido,

considerando-se que o sujeito se constitui na relação com o outro.

Nesta perspectiva, foram consideradas e trabalhadas as diferentes leituras de

mundo e os repertórios de experiência dos alunos, através de questões abertas,

discussões e debates, culminando na produção de textos para construção de um

livro da coletânea de contos da Chapeuzinho Vermelho da atualidade.

Através das atividades desenvolvidas, percebeu-se que os alunos

demonstraram interesse por esse gênero textual e que por meio dele também é

possível resgatar valores muitas vezes esquecidos, bem como compreender que a

Literatura é relacionada à vida, à realidade e ao meio ao qual ele está inserido,

tornando a aprendizagem significativa, pois estimula a imaginação, a criatividade e a

capacidade de ler, compreender e interpretar os mais diversos textos da esfera

social.

O processo de Leitura implica uma resposta do leitor ao que lê, ou seja,

requer uma relação com a realidade do indivíduo, é dialógico. No ato da leitura, um

texto leva a outro e orienta para uma política de singularização do leitor que,

convocado pelo texto, participa da elaboração dos significados, confrontando-o com

o próprio saber, com a sua experiência de vida e ao contexto social em que está

inserido.

Para Silva,

[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz. (SILVA, 2003, p. 24)

Praticar a leitura em diferentes contextos requer que se compreenda as

esferas discursivas em que os textos são produzidos e circulam, bem como se

reconheçam as intenções e os interlocutores do discurso.

É nessa dimensão dialógica, discursiva que a leitura deve ser experienciada, desde a alfabetização. O reconhecimento das vozes sociais e das ideologias presentes no discurso, tomadas nas teorizações de Bakhtin, ajudam na construção de sentido de um texto e na compreensão das relações de poder a ele inerentes. (PARANÁ p. 57)

Sendo assim, as ações da implementação da Produção Didática Pedagógica

foram de suma importância para se trabalhar de forma mais dinâmica e produtiva.

Usar a música para chamar a atenção e acalmar os alunos foi um bom recurso. As

pesquisas feitas em laboratório também foram de grande relevância, haja vista que o

aluno saiu do ambiente rotineiro, ou seja, a sala de aula.

O aluno precisa ser incentivado a ler e cabe ao professor propiciar momentos

de leitura significativa. A leitura deve ser apresentada à criança e ao adolescente de

forma atraente, estabelecendo uma visão prazerosa, de modo que ler se torne um

hábito e seja contínuo.

Vale dizer que as atividades propostas aos alunos foram de grande

relevância, pois percebeu-se que eles começaram a ler mais, buscaram outras

versões da Chapeuzinho Vermelho, versões mais recentes e atuais, já que

conseguiam abstrair o conteúdo que não está dito, que não aparece no texto, ou

seja, conseguiram ler o que está nas entrelinhas. Esse entendimento aguça a

curiosidade, estimula o interesse, já que têm condições de ler um texto produzindo

novos sentidos.

Deste modo, a realização de atividades de leitura em sala de aula ou mesmo

em outros locais, certamente, aumenta o interesse pela leitura de diferentes obras

de forma prazerosa. Todavia, é necessário que o professor, na sala de aula, fique

atento às atitudes dos alunos, observando que muitos não tiveram uma caminhada

linear, no que tange ao processo de aquisição de leitura, e que talvez têm maior

dificuldade em ressignificar o texto. Mesmo assim, é possível chegar a um resultado

final positivo.

Nesta esteira, Cintra diz em seu artigo:

Assim, ao que tudo indica, ainda há muito que fazer para se começar a formar leitores no período da escola básica em que pese a inevitável existência de outras variáveis que estão além do muro [...]. O primeiro passo coletivo deveria ser o contato com os livros e para isso, as chamadas salas de leituras e bibliotecas precisariam ser abertas e contar com a presença de professores capacitados para trabalhar leitura. Os investimentos em projetos capazes de modificar o ambiente escolar teriam de ser avaliado em face de tantos outros problemas que permeiam a sociedade. (CINTRA, 2009, p. 199-200).

Diante do exposto, é relevante enfatizar a importância das bibliotecas na

escola, bem como o funcionamento de forma ativa, a fim de promover um ambiente

prazeroso destinado à leitura no entorno escolar. É importante que o aluno se

perceba integrante no processo de conhecimento e formação pessoal, e que este

processo não acontece somente na escola, mas que se estende para casa, para a

comunidade, enfim, para a vida do aluno, fazendo parte do seu dia a dia.

A experiência foi válida, pois os alunos gostaram de ler o conto Chapeuzinho

Vermelho e suas versões, sendo que esta forma de leitura pode ser o ponto de

partida para novas leituras.

Conforme as Diretrizes Curriculares,

Na sala de aula e nos outros espaços de encontro com os alunos, os professores de Língua Portuguesa e Literatura têm o papel de promover o amadurecimento do domínio discursivo da oralidade, da leitura e da escrita, para que os estudantes compreendam e possam interferir nas relações de poder com seus próprios pontos de vista, fazendo deslizar o signo-verdade-poder em direção a outras significações que permitam, aos mesmos estudantes, a sua emancipação e a autonomia. [...] Em relação ao pensamento e às práticas de linguagem imprescindíveis ao convívio social. Esse domínio das práticas discursivas possibilitará que o aluno modifique, aprimore, reelabore sua visão de mundo e tenha voz na sociedade. (PARANÁ, p. 64-65)

Para tanto, ressalta-se aqui a importância do trabalho com leitura de forma

que envolva o aluno, que o instigue a ler sempre mais, uma vez que através do

lúdico imaginário é possível transformá-lo em um leitor competente, que seja capaz

de perceber o implícito e observe o que não está dito no texto, relacionando leitura,

oralidade e escrita. Visto que, segundo as Diretrizes Curriculares Estaduais, “o

aprimoramento linguístico possibilitará ao aluno a leitura dos textos que circulam

socialmente, identificando neles o não dito, o pressuposto” (DCE, p.66), tornando

assim, a aprendizagem da leitura significativa.

Considerações finais

A partir da proposta de leitura contida na Produção Didático Pedagógica, os

alunos puderam analisar e refletir sobre diversas versões do Conto Chapeuzinho

Vermelho, desde as mais tradicionais e antigas até as mais modernas. Percebeu-se,

na turma, que na medida em que o trabalho evoluía, ou seja, ao fazer um

comparativo entre as versões, mais conhecimento adquiriam sobre valores,

costumes, comportamentos de outras culturas, de outros tempos e de outros

lugares, dessa forma ampliando cada vez mais sua compreensão entre aquilo que

liam e sua própria vida. Puderam perceber as dificuldades que ainda existem,

especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão, e aos direitos da

criança e do adolescente, bem como aos direitos da mulher e do idoso.

As propostas de atividade desse trabalho que se destacaram, foram as

questões relativas às características particulares de cada história, questões que

remetem a temas como o medo, a vida e a morte. Isso permite ao aluno fazer

reflexões sobre a obra e sobre si mesmo. Esse trabalho forneceu oportunidades de

crescimento, de autonomia e reconhecimento de valores inerentes ao ser humano,

ampliando o conhecimento e desenvolvendo a consciência no exercício da

cidadania.

Quanto ao público alvo da implementação deste Projeto, cumpre ressaltar que,

o trabalho com conto de fadas, foi prazeroso, pois essa faixa etária, quando

devidamente estimulada, demonstra afetividade e entusiasmo frente aos temas

abordados.

Convém salientar que houve êxito na implementação desta Unidade Didática,

pois com práticas de leitura de textos de diferentes materialidades textuais, foram

encaminhadas discussões e reflexões acerca dos efeitos de sentido, observando as

ressignificações, considerando os meios de circulação da produção do texto, o

suporte, a fonte, os interlocutores, a finalidade e a época.

O estudo realizado permitiu verificar as hipóteses levantadas acerca da

leitura, que é um dos principais instrumentos para o aprendizado. Através dos

trabalhos realizados, observou-se que há uma grande falta de interesse em fazer

leitura, porém quando o texto é passível de ressignificação, o interesse por parte do

aluno muda.

Vale dizer ainda que as temáticas abordadas nos contos de fadas são

importantes para o desenvolvimento e mudança de mentalidade dos sujeitos

envolvidos no ato de ler. Nesse sentido, faz-se necessário um trabalho contínuo por

parte dos professores de Língua Portuguesa proporcionando aos alunos

possibilidades de passarem de meros decodificadores, para leitores críticos que

compreendem os mais variados modos de significar um texto. Não esgotando as

possibilidades de novos estudos com trabalhos que envolvam leitura e formação de

leitores.

Referências

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