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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO Produção Didático-Pedagógica – PDE 2014

TÍTULO: O Mundo Mágico dos Contos de Fadas

Autor: Neusa Maria Frigo

Disciplina/Área: Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Marechal Floriano Peixoto - EFM Avenida Paraná, Nº 159 - Ribeirão Bonito

Município da escola: Grandes Rios

Núcleo Regional de Educação: Ivaiporã

Professor Orientador: Profº. Drº. Vladimir Moreira

Instituição de Ensino Superior: UEL – Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar: Não

Resumo:

Este artigo tem como objetivo a apresentação dos resultados da implementação do Projeto “O mundo mágico dos contos de fadas”. Elaboramos uma da Sequência Didática para trabalhar com a leitura devido à falta de interesse dos educandos em ler, interpretar e produzir textos, pois percebemos, por meio dos resultados apresentados pelo sistema de Avaliação Básica (Saeb) e da Prova Brasil, que ainda há um acentuado declínio na leitura, o que interfere na habilidade do educando em interpretar, identificar e contextualizar as estruturas e variações linguísticas (resultantes de fatores como o grupo social, região, idade a que pertence). Após análise, avaliamos que dentre os gêneros textuais, o Conto de Fadas pode ser o trajeto mais agradável para amenizar tal situação, pois traz momentos de construção do imaginário, de descoberta de um mundo além do real, que poderá despertar o interesse pela leitura e assim facilitar o seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional. O Conto de Fadas é uma leitura impregnada de magia e encantamento, tendo uma linguagem simbólica que leva o aluno a construir ponte de significação do mundo exterior para seu mundo interior, fazendo com que eles reflitam sobre suas ações, desenvolvendo seu senso crítico, sua criatividade, sua expressão e linguagem. Na intervenção, buscamos desenvolver uma ação pedagógica que contribua

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para a formação de leitores e ao mesmo tempo para a capacitação de produtores de textos orais e escritos, recontando histórias, reescrevendo e interpretando de modo a construir alunos críticos e participativos na sociedade em que vivemos.

Palavras-chave: imaginação; encantamento; projeto; contos; letramento.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público: 8º Ano A – Ensino Fundamental

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RELEITURA DO GÊNERO CONTOS DE FADAS NO 8º ANO.

Neusa Maria Frigo

Vladimir Moreira

RESUMO: Este artigo tem como objetivo a apresentação dos resultados da implementação do Projeto “O mundo mágico do conto de fadas”, cuja Sequência Didática se propõe a trabalhar com a leitura dos contos de fadas com alunos será do 8º Ano A do Ensino Fundamental, no Colégio Estadual Marechal Floriano Peixoto- Ensino Fundamental e Médio, para minimizar a grande dificuldade em leitura, interpretação e escrita, pretendendo desenvolver a competência interativa, obedecendo aos moldes da pesquisa-ação, em função do desinteresse dos alunos no que se refere à leitura e a dificuldade de interpretar o que está implícito no texto. A leitura é valiosa, mas para adquirir conhecimentos sobre o mundo globalizado, percebe-se que a maioria dos nossos alunos não tem acesso a ela. O objetivo principal foi explorar técnicas diferenciadas para o ensino da leitura por meio do Gênero contos de fadas. Para a realização dos trabalhos, foram desenvolvidas diversas atividades voltadas à leitura, compreensão e produções textuais, contemplando a proposta das DCEs em relação às práticas de leitura, oralidade e escrita. A importância maior esteve no prazer que os contos de fadas despertaram, diversificando o vocabulário e promovendo um pensamento crítico e reflexivo, facilitando o contato com diferentes teorias, ideias e variados discursos que permeiam a sociedade. Portanto, as atividades de incentivo à leitura são fundamentais para a formação de leitores críticos, capazes de se expressar, compreender e transformar a realidade em que estão inseridos, subsidiando sua inserção na sociedade. Palavras – chave: imaginação; encantamento; projeto; contos letramento.

1. INTRODUÇÃO

O referido artigo é resultado de pesquisa realizada durante o curso de

formação continuada: “Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE”

promovido pela Secretaria de Estado da Educação.

Neste estudo, o objetivo foi trabalhar com a leitura dos contos de fadas com

os alunos do 8º A do Ensino Fundamental, após verificação das avaliações

realizadas pelo MEC, que revelam a deficiência dos educandos em ler e interpretar

textos de todos os gêneros, de acordo com as notas e porcentagens de acertos da

Prova Brasil e do Saeb. Perante a dificuldade apresentada por esses alunos,

pensamos na possibilidade de amenizar tal situação com metodologias que

despertem a criatividade e o interesse pelo ato de ler, pois sabe-se que a leitura abre

portas para o conhecimento. Portanto, buscamos estratégias que pudessem

favorecer a reflexão sobre a própria vivência, a interpretação da realidade por meio

de uma ótica privilegiada e solução de conflitos, culminando, assim, em uma

interpretação crítica e reflexiva por parte dos alunos.

Por conhecer a realidade social e o contexto da escola, percebemos que o

professor pode se tornar um verdadeiro mediador entre o texto e os alunos,

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organizando o trabalho didático de maneira que fiquem claros quais objetivos e

conteúdos realmente são necessários para iniciar essa trajetória. Na aplicação do

trabalho, percebemos que o contato com os textos faz parte da história de vida do

aluno desde a infância e, a partir da aplicação do projeto, procuramos dar

possibilidades interativas diversas, capacidade de estabelecer, de modo

concomitante, relação de parceria com familiares, despertando curiosidade

intelectual, expressividade, exploração, fantasia que os convidaram a se adentrar

para além do mundo real e experimentar um passeio por meio de um mundo

imaginário.

Para Martins (1994), nós professores devemos nos atentar para o que é de

interesse do aluno, buscando despertar o gosto pelo o que lhe é desprezado, tendo

consciência que sua atitude amistosa ou conflitante no ato de ler, resulta de alguma

situação vivenciada anteriormente nesse sentido. Conforme a autora, (1994,p.36):

(...) o propósito é compreender a leitura, tentando desmistificá-la, por meio de uma abordagem despretensiosa, mas que permita avaliar aspectos básicos do processo, dando margem a se conhecer mais propriamente o ato de ler. Esses aspectos se relacionam à própria existência do homem, incitando a fantasia, o conhecimento e a reflexão acerca da realidade.

Dentre os gêneros textuais, O Conto de Fadas pode ser o trajeto mais

agradável, pois traz momentos de construção do imaginário, descobrindo um mundo

além do real, que poderá despertar o interesse pela leitura e facilitar o

desenvolvimento cognitivo, social e emocional do aluno.

SILVA (1998, p.24) comenta que, em essência, a leitura caracteriza- se como

um dos processos que possibilitará a participação do homem na vida em sociedade,

em termos de compreensão do presente e passado em termos de

possibilidades de transformação sociocultural futura. Sendo assim, o

significado de leitura para as atividades das crianças são “leitura de

experiência”, pois toda criança passa por uma série de transformação de acordo

com a etapa de desenvolvimento que atravessa,ou seja, muitas experiências que

realiza torna- se essencial para o seu desenvolvimento e, logo para a aprendizagem.

O conto de fadas é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo

de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginário. Como todos os

textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e

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enredo.

Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão.

Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada,

desenvolve uma história e tem apenas um clímax.

Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não

acontece com o conto. O conto é conciso. Por outro lado, é um gênero literário que

apresenta uma grande flexibilidade, podendo se aproximar da poesia e da crônica.

Os historiadores afirmam que os ancestrais do conto são o mito, a lenda, a

parábola, o conto de fadas e mesmo a anedota. (Heidi Strecker, Especial para a

página 3 Pedagogia & comunicação. Visitado em: 12 maio 2014,Site educação).

A literatura, costuma-se dizer, é espelho do mundo, por esse motivo

buscamos nesse processo um meio para que haja prazer e gosto pela leitura e

percebemos que isso só passa a existir na hora que o aluno encontra uma fórmula

escrita que traduza a emoção.

De maneira geral, objetivamos desenvolver o gosto pela leitura por meio dos

contos de fadas, possibilitando a ampliação de suas concepções sobre o meio, a

elaboração de hipóteses para a resolução de seus problemas, buscando alternativas

para a transformação da sua realidade, julgando-as como pertinentes ou não à sua

realidade. Mais especificamente, nossos objetivos foram:

a .Estimular a criatividade, sensibilidade, curiosidade e imaginação dos alunos;

b. Promover o gosto e o hábito pela leitura;

c. Estimular a linguagem oral, promovendo a socialização;

d. Debater soluções de conflitos presentes nos contos;

e. Desenvolver o pensamento reflexivo e crítico;

f. Melhorar a habilidade dos alunos de produzir textos;

g. Resgatar a importância do contar histórias no contexto familiar;

h. Identificar os valores encontrados nos personagens das histórias e contextualizar

com alguns valores sociais dos alunos;

i. Traçar relações entre o mundo mágico e o mundo real e mobilizar os limites do

imaginário pessoal e coletivo;

j. Reconhecer as características deste gênero literário.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A leitura é vista como caminho viável, a ser percorrido pelos alunos para

despertar a criticidade, assim como estabelecer hipóteses, ampliar o poder de

questionar o que lhe é imposto, analisar o contexto social e as ideologias expressas

nos textos. Por intermédio da leitura, a Educação Básica, segundo as DCEs (2008)

deve:

propiciar o desenvolvimento de uma atitude crítica que leve o aluno a perceber o sujeito presente nos textos e, ainda, tomar uma atitude responsiva diante deles. Sob esse ponto de vista, o professor precisa atuar como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas [pois] somente uma leitura aprofundada, em que o aluno é capaz de enxergar os implícitos, permite que ele depreenda as reais intenções que cada texto traz (2008, p. 71).

O professor é o mediador no processo da inserção do aluno no mundo da

leitura, é um cúmplice, encoraja o aluno a mergulhar no mundo de aventuras

encontradas nos livros, ajuda-o a descobrir um mundo mágico dos contos de fadas,

a viver personagens, imaginar, sonhar, provocar os mais diversos sentimentos como

ódio, amor, alegria, medo, além de expor suas ideias referentes aos assuntos

tratados nas obras por ele lidas. São essas orientações que encontramos nos PCNs.

O aluno deixaria de ser um mero expectador ou reprodutor de saberes discutíveis e,

apropriando-se do discurso, verificaria a coerência de sua posição. Dessa forma,

além de compreender o discurso do outro, ele teria a possibilidade de divulgar suas

ideias com objetividade e fluência (PCNs, 2000, p.9).

Uma das dificuldades do professor é que os alunos se afastaram da leitura,

tendo-a, em muitos casos, como castigo, pois buscam meios de comunicação de

fácil acesso, onde encontram tudo pronto para apresentar aos seus professores.

Precisamos resgatar o encantamento e o gosto pela leitura, pois este é um fator

preponderante para se ter uma educação de qualidade. Isso ocorre porque ler é

conhecer, e na releitura há uma maior compreensão do texto, do mundo a que ele se

refere e do qual o leitor participa, possibilitando uma atitude de diálogo com o texto

e, interagindo com ele, comparamos situações, analisamos, questionamos suas

teses, procurando possíveis e variadas respostas.

Para Gagliardi ( 2001,p.15), os Contos de Fadas são histórias muito antigas.

Sua origem se perde no tempo. Sabemos que, no início de sua existência, eles eram

transmitidos de boca em boca: quem ouvia uma história, memorizava-a e contava-a

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para outras pessoas, que faziam o mesmo.

Portanto, eles fazem parte da nossa herança cultural que conhecemos

como tradição oral. A tradição oral é um modo de conservar conhecimentos e

transmiti-los de uma geração para outra pelas conversas, pelas histórias, sem

registros escritos.

Com o passar dos séculos, esses contos foram mudando. Como já ouvimos

dizer, “quem conta um conto aumenta um ponto”. Ou seja, as pessoas sempre, ao

recontarem uma história, acabam modificando. Porém, não é à toa que os

contadores de histórias aumentam, diminuem ou até mudam o que contam.

Gagliardi (2011, p.15 ) afirma que os contadores adaptam as histórias aos

diferentes públicos a que se dirigem. Eles são influenciados por seu tempo e pelo

lugar onde vivem. As histórias sofrem mudanças, porque incorporam os modos de

vida e de pensar das pessoas das diversas épocas e regiões por onde circularam e

circulam.

Sendo assim, os contos de fadas, durante muito tempo, foram contados

oralmente, passando de geração para geração. Um dia viraram livro. Como isso

aconteceu?

GAGLIARDI (2011, p.16) diz:

É que algumas pessoas, depois da invenção da imprensa ( século XVI), acharam importante registrar essas histórias em livros, entre outras coisas, para que elas não fossem esquecidas. Uma dessas pessoas foi Charles Perrault, um francês, nascido em 1628, que publicou Contos da mamãe gansa. Esse livro traz algumas das histórias que eram passadas de boca em boca naquela época, como, por exemplo, A Bela Adormecida no bosque, O Gato de Botas, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, O Pequeno Polegar.

Partindo dessa afirmação, percebemos logo que precisamos de condições

sociais e escolares, para que a leitura possa ser considerada e também

transformada.

Para SILVA (1998, p.47), a leitura é fundamental, uma prática social.

Enquanto tal não pode prescindir de situações vividas socialmente, no contexto da

família, da escola, do trabalho, etc. Portanto, verifica-se a necessidade de se pensar

em uma política de leitura para o povo e para a escola, levando em consideração as

reais condições para a sua produção.

Uma das opções é ler contos de fadas que apresentem diferentes versões,

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personagens diferentes ou finais diferentes pode estimular comparações por parte

das crianças, facilitando o pensamento intuitivo e imaginário.

KLEIMAN (2002,p.10) comenta que

a leitura é um ato social, entre dois sujeitos_ leitor e autor_ que interagem entre si, obedecendo a objetivos e necessidade socialmente determinados. Essa dimensão interacional, que para nós é a mais importante do ato de ler, está pressuposta neste trabalho; não e foco da discussão, mas é explicitada toda vez que a base textual sobre a qual o leitor se apóia precisa ser elaborada, pois essa base textual é entendida como a materialização de significados e intenções de um dos interagentes à distância via texto.

Assim, podemos afirmar que a leitura é um processo de reconstrução, pois

ler é captar os objetivos do autor, identificar suas ideias e intenções.

Gagliardi (2011, p.16 ) conta que dois irmãos alemães, no século XIX, Jacob

e William Grimm (os irmãos Grimm), que se interessavam muito pelos costumes da

sua terra, resolveram registrar por escrito contos que eram muito conhecidos em seu

país e conservados pela tradição oral. Publicaram um livro _ contos da criança e do

lar_ do qual fazem parte histórias que também circulavam na França de Charles

Perrault, como A Bela Adormecida no bosque , Chapeuzinho Vermelho, O Gato de

Botas e Cinderela. Além dessas histórias citadas, outras também são registradas por

eles, como O lobo e os Sete cabritinhos, Joãozinho e Mariazinha, Rapunzel, Branca

de Neve, O pássaro dourado e muitas outras.

A partir desse paralelo, os contos continuam sendo publicados até hoje, nos

mais diferentes países, em diferentes versões, de acordo com o público para o qual

são dirigidas. Da versão original de Perrault até as versões de Walt Disney, muita

coisa já foi alterada, como, por exemplo, as ilustrações e trechos da história, mas

muitos elementos permanecem, o que nos permite perceber que são os mesmos

contos.

Os elementos: castelos, reis e rainhas, príncipes e princesas, madrastas e

feiticeiras, valentes heróis que enfrentam terríveis perigos (alguns deles ainda

crianças), indicam que essas histórias circularam na Europa durante a Idade Média.

Essa foi uma longa época da história da Europa, que durou cerca de mil anos, entre

o século V e o século XV. Por meio das histórias, analisamos que a vida era muito

difícil nessa época, existia grande pobreza, além de diversas doenças que

matavam as pessoas muito cedo, infelizmente, dentre elas, crianças. Todas tinham

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que lutar muito para sobreviver. Partindo dessas dificuldades, verificamos que os

contos de fadas ficaram registrados nessa época.

É de suma importância analisar que em diversos contos temos uma figura

típica da história da Idade Média, que são as madrastas. Há de observar que

naquela época havia pouca higiene e a medicina não era tão desenvolvida, então

várias mulheres morriam na hora do parto, deixando seus esposos viúvos. Porém,

os homens casavam-se novamente. Assim, as madrastas eram figuras reais das

famílias daquele tempo. E como podemos ver, elas maltratavam seus enteados,

sendo vistas como verdadeiras bruxas.

Neste sentido, observamos que os contos de fadas trazem a magia que

alimenta a imaginação, ajudam a encarar os problemas da vida e, por vezes, trazem

esperança de dias melhores.

É um pouco por isso que ainda hoje esses contos continuam a ser tão

encantadores para adultos e crianças, que podem acreditar, pelo menos na fantasia,

que é possível “viver feliz para sempre”.

BETTELHEIM (1980, p.19) comenta que

Só partindo para o mundo é que o herói dos contos de fadas ( a criança) pode se encontrar e, fazendo-o, encontrará também o outro com quem será capaz de viver feliz para sempre; isto é, sem nunca mais ter de experimentar a ansiedade da separação. Os contos de fadas são orientados para o futuro e guia a criança - em termos que ela pode entender tanto na sua mente inconsciente quanto consciente - a ao abandonar seus desejos de dependência infantil e conseguir uma existência mais satisfatória independente.

O ato de fantasiar facilita a compreensão, pois aproxima mais da maneira

como veem o mundo, ela é encantadora, capaz de nos mover sem precisar sair do

lugar. Explorar a imaginação é mexer com os sentimentos mais íntimos, e isso

contribui para o desenvolvimento até mesmo da personalidade.

A magia de um conto de fadas, segundo Abramovischi (1989), não está no

fato de haver uma fada, já anunciada no título, mas na sua forma de ação, de

aparição de comportamento, de abertura de portas, na sua segurança. Se a criança

identificar-se por vezes como herói bom e belo, não é pela sua beleza ou bondade,

mas por sentir nele a própria personalização de seus problemas, seus medos e

anseios, e, principalmente, sua necessidade de proteção e segurança. A

identificação com o herói é um caminho para a criança resolver, inconscientemente,

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seus conflitos, superando o medo que a inibe e ajudando-a a enfrentar os perigos e

ameaças que sente a sua volta e assim, gradativamente, poder alcançar o equilíbrio

adulto.

Essas considerações nos levam a concluir que a leitura de contos de fadas

pode ajudar a criança a encontrar no universo simbólico e mágico, indícios

importantes para construir e solidificar sua constituição psíquica.

Segundo Bettlheim, “para a criança e para o adulto que, como Sócrates,

sabe que ainda existe uma criança dentro do indivíduo, mais sábio os contos de

fadas experimentam verdades sobre humanidade e sobre a própria pessoa.”

(BETTLHEIM, 1980, p.83).

2.1. MÉTODO RECEPCIONAL

Para desenvolver a estratégia metodológica proposta no projeto, respaldou-

se no Método Recepcional. O qual segundo Bordini e Aguiar (1988) tem sido

bastante utilizado em sala de aula e tem tido bons resultados.

No que se refere ao método Recepcional, entre muitos aspectos, ele prioriza

o leitor como elemento primordial. E é pensando neste leitor que as etapas

propostas para o desenvolvimento do método Recepcional são feitas.

Estas etapas, de acordo com Bordini e Aguiar (1988,p.88), são um processo

dinâmico, gradativo e contínuo. São elas:

a. Determinação do horizonte de expectativas: Momento de conhecer o

aluno- suas crenças, seus modismos, estilos de vida, preconceitos de ordem moral e

social e interesses específicos de leitura.

b. Atendimento do horizonte de expectativas: Consiste em proporcionar aos

alunos as experiências com os textos literários que satisfaçam as necessidades dos

alunos em dois sentidos: quanto ao objeto, e, segundo, quanto às estratégias de

ensino.

c. Ruptura do horizonte de expectativa: Momento de oferecer leituras que irão

abalar as certezas e costumes dos alunos, seja em termos de literatura ou de

vivência cultura.

d. Questionamento do horizonte de expectativa: Momento de avaliar/

comparar quais leituras empreendidas até então exigiram um nível mais alto de

reflexão, e diante da descoberta de seus sentidos possíveis trouxeram um grau

maior de satisfação.

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e. Ampliação do horizonte de expectativas: Momento para refletirem acerca

das possíveis relações entre leitura e vida. Nessa fase, os alunos tomam

consciência das alterações e aquisições obtidas através da experiência com a

literatura.

Essa proposta de trabalho, de acordo com Bordini e Aguiar (1988),tem como

objetivos:

[…] efetuar leituras compreensivas e críticas; ser receptivo a novos textos e novas leituras, questionar as leituras efetuadas em relação ao seu próprio horizonte cultural; transformar os próprios horizontes de expectativas, bem como os do professor, da escola, da comunidade familiar e social (PARANÁ,2008,p.74).

Portanto, o Método Recepcional concretiza-se com a participação do aluno

em contato com diferentes textos. Cabe ao professor provocar situações que

propiciem o questionamento do horizonte de expectativas do educando e a recepção

do texto manifeste a participação ativa e criativa deste, uma vez que ele revisa

criticamente seu próprio comportamento, resultado na ruptura do horizonte de

expectativas e sua consequente ampliação.

A literatura, costuma-se dizer, é espelho do mundo, por esse motivo

buscamos nesse processo um meio para que haja prazer e gosto pela leitura e

percebemos que isso só passa a existir na hora que o aluno encontra uma fórmula

escrita que traduza a emoção.

3. ANÁLISE DOS RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO

A implementação do projeto em questão ocorreu no Colégio Estadual

Marechal Floriano Peixoto - Ensino Fundamental e Médio, Distrito de Ribeirão Bonito

- Grandes Rios/PR, com os alunos do 8º Ano A , no turno da tarde, durante o período

do 2º bimestre de 2015.

O primeiro passo para a implementação do projeto foi sua apresentação

formal direcionada aos professores, funcionários e direção pedagógica. A

apresentação teve como objetivo mostrar a importância do tema no processo

educacional. Para exposição do Projeto, foi utilizado o data show onde fizemos a

leitura e explicação sobre o projeto.

Em um segundo momento, foi feita a apresentação do Projeto bem como da

Unidade Didática para os alunos do 8º Ano A, do Ensino Fundamental, como

também o título do projeto, e fornecida as atividades que seriam desenvolvidas

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durante o bimestre, a importância e intenção do trabalho e do cronograma a ser

cumprido. Nessa etapa, foi feita uma sondagem informal em relação aos

conhecimentos dos alunos sobre o tema a ser trabalhado, o qual buscou-se o

conhecimento prévio dos alunos do que vinha a ser os Contos de Fadas e quais

deles mais lhes chamava a atenção.

No terceiro momento, após análise dos questionamentos realizados, foi

distribuído a cada um dos alunos uma apostila contendo todos os contos e

atividades que seriam desenvolvidas durante o período de implementação.

Inicialmente, foi realizada uma conversa com os alunos para investigar se o gênero

conto de fadas era conhecido por todos e quais contos eles já ouviram e por

intermédio de quem. Quando questionados sobre quais contos conheciam,

elencaram diversos contos. Constatou-se que os alunos tinham conhecimento sobre

o gênero, porém conheciam poucas narrativas.

A partir dos questionamentos sobre a origem dos contos de fadas e seus

precursores, apenas um na sala de aula mencionou ter visto na televisão algo sobre

os irmãos Grimn, mas não soube explicar bem ao certo quem eram. Após a leitura

de um texto que falava sobre os primeiros escritores dos contos de fadas: Charles

Perrault, Hans Christian Andersen e os irmãos Grimn, os alunos conseguiram

compreender melhor e saber mais sobre o contexto e a intenção das produções.

Os alunos demonstraram grande interesse pelo assunto, principalmente pela

apostila impressa que logo despertou o desejo em folhear e iniciar a leitura dos

contos escolhidos, o que chamou muito a atenção.

Como início dos trabalhos relacionados com as atividades propostas, foi feita

uma mesa redonda para que os alunos pudessem ouvir a leitura do primeiro conto,

Chapeuzinho Vermelho, realizada pela professora, em seguida cada aluno leu uma

parte do texto e, por meio do data show, assistiram o vídeo do conto. A partir do

vídeo, foram exploradas diversas questões referentes aos riscos que atualmente

nossos adolescentes estão sujeitos, principalmente quando não há diálogo entre

pais e filhos, onde muitos são manipulados e induzidos a seguirem por caminhos

que não terão volta, muitas vezes por não ouvir os conselhos dos mais experientes.

Questionamos também sobre o livre arbítrio, em que cada um faz o que quer e

vemos exemplos de muitos adolescentes que hoje sofrem consequência de seus

atos impensáveis. Meninas de onze e doze anos de idade sendo mães

precocemente, por acharem que este é o caminho certo; assim como Chapeuzinho

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Vermelho. Esse trabalho foi muito válido, pois na sala de aula há aluna com doze

anos que já mora com o namorado, além de outros casos dentro da escola.

Após esse momento de reflexão, passamos a interpretação do texto, onde

percebi que muitos só interpretam o que está explícito no texto, então passamos a

fazer interpretação daquilo que estava implícito dentro do texto, questionando os

mesmos a pensarem sobre as ações dos personagens, conflito vividos e o desfecho

da história. Para encerrar o primeiro conto, pedimos que fizessem a descrição do

Lobo Mal, onde todos apresentaram sua descrição para toda a classe. Também foi

combinado com os alunos como seria a participação deles em cada momento da

aula: durante a leitura, durante e após a exibição dos filmes, durante os

questionamentos e nas atividades em grupos e coletivas.

Em seguida, foi exibido o filme João e o pé de Feijão, o segundo conto a ser

trabalhado e logo após os alunos fizeram a reconstrução oral da história.

Durante a atividade, foram anotados no quadro de giz vários apontamentos

feitos pelos alunos em relação ao filme. Pôde-se observar que a maioria dos alunos

entendeu o filme e conseguiu relacioná-lo com alguns dos contos lidos e ouvidos,

estabelecendo assim a intertextualidade. Após o término da leitura, os alunos

responderam a várias questões de compreensão da obra.

A próxima etapa realizada iniciou-se com o vídeo do terceiro conto, O

Patinho Feio. Tivemos a impressão que dentre os escolhidos esse foi o que mais

despertou interesse nos alunos, pois se encantaram com o vídeo e a leitura.

Aproveitamos esse momento para trabalhar Bullying, questão que infelizmente

acaba acontecendo dentro da sala de aula e em geral dentro e fora da escola.

Relatamos diversas palavras, frases e até mesmo apelido, talvez em brincadeiras,

mas que acabam por ofender. Foi muito significante a participação dos alunos nessa

discussão e percebemos que surtiu efeito dentro da sala de aula. Em seguida

fizeram diversas atividades relacionadas ao texto e, para encerrar, pedimos que

produzissem um texto se colocando no lugar do Patinho Feio e assim explicar para

sua mãe o fato de ter saído de casa. As produções foram emotivas, pois muitos

deles relataram aquilo que vivem dentro de casa como a falta de atenção, carinho,

diálogo com os pais e revelações que nos fizeram entender muitas situações vividas

em sala de aula. Pudemos olhar cada um com olhar diferente e a partir daí

procuramos agir com cada um diante daquilo que relataram no seu texto. O convívio

com os alunos depois desse momento foi totalmente transformado, nos tornamos

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mais próximos, procurei dialogar mais de acordo com a necessidade que cada um

apresentou como uma forma de chamar atenção, muitos até de pedir conselhos.

Prosseguindo o trabalho de implementação apresentamos o quarto conto: A

Gata Borralheira ( Cinderela ). Uma relação entre ficção e realidade que mostra nos

contos de fadas a crença na magia e que pode auxiliar o jovem a ser mais confiante

no mundo em que vive. Iniciou- se com a apresentação do vídeo, em seguida foi

feita a leitura do conto por um dos alunos e assim que seguiu a discussão sobre

conflito gerado pelas personagens, foram anotados no quadro de giz todos os

levantamentos citados pelos alunos, houve participação total dos alunos, pois o

conto os envolveu e puderam dar sua opinião sobre o enredo. Depois das

discussões levantadas, realizaram as atividades interpretativas, cujo resultado

apresentado foi satisfatório.

Dando continuidade às atividades propostas foram realizadas as produções,

elaboradas pelos alunos da turma, mesmo aqueles que não apresentaram grande

interesse e desempenho no decorrer de algumas atividades anteriores, fizeram uma

produção com humor e criatividade. O envolvimento dos alunos com os textos foi

intenso e produtivo, mesmo em se tratando dos que não se empolgaram

inicialmente. Para esse, a produção de texto serviu como uma experiência criativa.

Assim, o desenvolvimento que se pretendia alcançar com as atividades

proporcionaram aos alunos a oportunidade para compreender, refletir, interpretar,

argumentar e produzir textos com novo conhecimento de mundo, contextualizado em

cada educando, pois o exercício da comparação dos textos fílmicos e a escritos e a

apresentação, modificação das personagens dos contos contemporâneos

possibilitou nos alunos essa reflexão. O resultado de todo trabalho dos alunos foram

apresentados na sala de aula e muitas produções ficaram afixadas no mural para

que os demais alunos da escola pudessem apreciar.

Dessa forma, ao propormos aos alunos aulas diversificadas e variadas os

mesmos sentem-se mais motivados a aprender os conteúdos propostos. Quanto à

realização das atividades do plano de ação, tudo transcorreu dentro do prazo que se

havia planejado, todos os trabalhos foram bem organizados e entre eles as divisões

foram democráticas, percebeu-se que na turma dois alunos apresentaram

dificuldades em produzir o texto, mas verificou-se que são os mesmos que

demonstram grande dificuldade em relação à leitura. A temática realmente despertou

o interesse em todos os sentidos, pois prendeu a atenção dos alunos do início ao

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fim.

Após todo esse apanhado sobre o mundo dos contos de fadas, o que

realmente se avalia é a necessidade urgente de resgatar tais histórias para a

continuidade da nossa cultura, para formação de indivíduos mais fortalecidos e

otimistas e para uma prática pedagógica mais próxima dos anseios e da linguagem

de nossos educandos.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS DO GTR

Os resultados obtidos com esse Projeto de Intervenção Pedagógica na

Escola foram satisfatórios tanto para o professor PDE, como para os alunos, pois

eles tiveram uma participação bem aprofundada em relação à proposta apresentada

e sobre o Gênero literário, bem como do uso dos contos de fadas. Foi uma

experiência inesquecível, pois foi capaz de fazer com que os alunos refletissem

sobre o texto e, por meio disso, os contos permitiram um olhar diferenciado sobre a

realidade e o cotidiano de cada um. Assim por meio das possibilidades oferecidas

os alunos trabalharam em conjunto de uma maneira crítica e sociável.

Este trabalho também foi apresentado, compartilhado e realizado no Grupo

de Trabalho em Rede (GTR/2014) nas seguintes etapas: o Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola, a Produção Didática- Pedagógica, a Implementação do

Projeto de Intervenção na Escola na qual os professores deste GTR tiveram

participação excelente e contribuíram com opiniões, sugestões e experiências

vividas em sala de aula com a temática do Projeto. Muitos já haviam desenvolvido

atividades diversas sobre essa temática antes de conhecer o projeto, foram

relatadas experiências satisfatórias para professores e alunos da turma, na qual se

desenvolveu atividades diversificadas.

Os cursistas demonstraram interesse pela aplicação do projeto e por meio

dos comentários deixaram claro que o desenvolvimento de novas aprendizagens

sobre contos de um contexto de questões como auto-aceitação e inclusão,

superação de limites, medos, angústias, amor e confiança. Dentro de medidas

aceitáveis no seu dia a dia, observou-se que o projeto em si proporciona aos alunos

cultivar bons hábitos de convivência, o respeito mútuo, dentro e fora da escola a

partir de atividades compartilhadas em grupo, e a diminuição da agressividade no

relacionamento entre ambos. Muitos relataram que a literatura infantil contribuiu de

forma expressiva para o ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa e

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contribuíram com sugestões de textos, livros, autores e filmes. Nesse contexto, os

professores participantes concluíram que o projeto foi muito bem sistematizado, bem

fundamentado e sem sombra de dúvida oferece um suporte teórico bem consistente.

Todos realizaram as atividades propostas, havendo interação e discussão sobre o

projeto de intervenção pedagógica na escola, analisaram e comentaram sobre a

necessidade de trabalhar leitura na escola pública, alguns apresentaram citações de

outros grandes estudiosos a respeito do assunto de leitura e escrita, fizeram

diversas observações positivas a respeito do tema, onde disseram que viram neste

projeto a possibilidade de uma nova opção metodológica positiva no trabalho da

leitura, escrita e interpretação de texto em sala de aula, sendo um trabalho

significativo e necessário à escola pública.

Durante o período de realização do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), a

participação dos professores cursistas não só enriqueceu a metodologia escolhida

no Projeto de Intervenção Pedagógica, quanto às sugestões, estavam motivados

pela temática do conto de fadas que vem ao encontro com a realidade cotidiana dos

nossos alunos.

De forma geral, os professores cursistas apresentaram interesse na

produção para desenvolver com seus alunos, independentes da série, pois só há

necessidade de readaptá-lo de acordo com a série a ser trabalhado.

5. CONCLUSÃO

O resultado do trabalho foi enriquecedor, tanto para o professor (incluindo-se

aqui os cursistas do GTR), como para os alunos envolvidos na proposta de utilizar-

se dos contos de fadas como meio de desenvolver o gosto e o prazer dos alunos em

ler e interpretar textos. Acrescentamos ainda que um trabalho desenvolvido no

sentido de formar leitores exige avaliação complexa, plural e a longo prazo. Portanto,

ao se privilegiar a leitura de gêneros diversos em sala de aula em detrimento de

exercícios estruturais da língua, estamos oportunizando nossos alunos a interagir

com o texto, efetivando o processo ensino e aprendizagem da língua, e,

consequentemente, sua autonomia para agir no meio em que vive, modificando-o

em favor de todos.

Percebeu-se que para alcançar o sucesso deste trabalhado buscaram-se

vários subsídios e materiais para o desenvolvimento, participação e interesse dos

alunos. O importante é que por meio da leitura dos contos de fadas fizeram

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despertar o prazer, possibilitando aos alunos dar asas à imaginação, descobrindo a

magia presente no mundo irreal, mergulhando nos contos para vivenciar cenas e

personagens no mundo encantado das histórias.

Pôde-se perceber que os alunos utilizaram diferentes linguagens,

relacionando-se com a obra de arte literária identificando-se com alguns contos e

mostraram na sua produção o desejo de viver num mundo encantado, cheio de

sonhos e magias, portanto com uma certeza de que todo conflito se resolve e todos

acabam tendo um final feliz .

Conclui-se que a formação de um leitor competente e atuante é também a

formação de um ser sensível, inteligente e aberto para o aprendizado constante que

pode fazer por meio da leitura na escola, mediado e também executado pelo

professor, pois o aluno que lê melhora a qualidade de suas relações pessoais, sendo

capaz de expressar seus sentimentos, experiências, ideias e opiniões e, assim,

saberá escolher, interpretar e considerar os sentimentos dos outros. Assim, a

consolidação de pessoas mais críticas, sensitivas e até menos críticas tornam-se

cada vez mais propensa e satisfatória em uma sociedade mais humana e

harmoniosa.

6. REFERÊNCIAS

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