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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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PUBLICIDADE E MÚSICA: O PERIGO NO AUMENTO DO CONSUMO DE

BEBIDAS ALCOÓLICAS ENTRE ADOLESCENTES E JOVENS

Maria Goretti Stupka1

Clóvis Roberto Gurski2

Resumo: O trabalho aqui apresentado é parte integrante das atividades de formação continuada do Projeto de desenvolvimento Educacional (PDE), realizado entre os meses fevereiro a maio de 2014, com alunos do 9º ano “B” e “C” do Colégio Estadual Monsenhor Pedro Busko – EFM, de Paulo Frontin – PR. O tema é a influência da mídia no aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes e jovens, um problema que tem aumentado e a idade de inicialização tem diminuído. Este artigo objetivou demonstrar as facetas da mídia para seduzir o público no consumo de bebidas alcoólicas nessa faixa etária. Através de atividades investigatórias obteve-se um perfil do público alvo e o conhecimento que possuíam dos problemas causados pela ingestão de bebidas alcoólicas. Foram analisadas músicas que fazem alusão ao uso de bebidas alcoólicas e propagandas de cerveja apresentadas na mídia brasileira. Concluiu-se que as músicas estudadas são conhecidas e cantadas, porém suas letras não são analisadas de forma crítica e que as propagandas sobre cerveja apresentadas na mídia brasileira trazem fascínio e aguçam a curiosidade em utilizar o produto, principalmente pela alegria e beleza que elas expressam, fazendo com que os adolescentes e jovens consumam bebidas alcoólicas, principalmente cerveja, cada vez mais novos e mais tarde desenvolvam o alcoolismo.

Palavras-chave: Alcoolismo. Adolescente. Mídia.

1 Professora formada em Ciências e Matemática, pela FAFIUV, Especialista em Ensino da Matemática, pela Faculdade São Luis - SP, professora do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e professora do Colégio Estadual Monsenhor Pedro Busko. E-mail: [email protected] 2 Professor e pesquisador da UNESPAR – Campus de União da Vitória do Curso de Ciências Biológicas e do CNPq

na linha de pesquisa: Biodiversidade e Conservação. Especialista em Educação Ambiental – UEL. Mestrado em Economia Ambiental e Industrial – UFSC. E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

Percebe-se que a vulnerabilidade de adolescentes e jovens tem contribuído para

diminuir a idade de inicialização do uso de bebidas alcoólicas e como consequência

aumentado o problema com o alcoolismo.

Segundo Balbino (2008), a facilidade em comprar bebidas, o fascínio que as

propagandas apelativas de bebidas exercem sobre os jovens e os modismos de

vincular bebidas a momentos de descontração, prazer e felicidade levam jovens a

experimentar novos e perigosos modos de ingerir o álcool.

As propagandas mostram um apelo ao consumo e este apelo geralmente é

acompanhado de um estilo de vida jovem, descontraído, cheio de gente bonita,

principalmente mulheres onde todos aparecem felizes. As agências de propagandas

e as empresas de bebidas estão interessadas em vender cada vez mais os seus

produtos e, portanto, precisam de novos consumidores. (REIS, 2008).

De acordo com Chuede (2007) apud Galduróz et al. (1997), os meios de

comunicação reforçam o comportamento de ingestão alcoólica, ficando a população,

principalmente jovem, exposta a fatores que favorecem o consumo. Veiculam

imagem positiva do beber, atribuindo à bebida papel facilitador das interações

sociais.

Todos os anos, somos inundados por propagandas diretas ou indiretas (cenas

de novela, filmes, marcas usadas por esportistas) para que o nosso gesto de abrir

uma latinha de cerveja seja repetido o mais frequentemente possível. (BRASIL,

2007).

De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2009), a Escola

pública brasileira, nas últimas décadas, passou a atender um número cada vez

maior de estudantes oriundos das classes populares. Ao assumir essa função, que

historicamente justifica a existência da escola pública, intensificou-se a necessidade

de discussões contínuas sobre o papel do ensino básico no projeto de sociedade

que se quer para o país. Um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações

sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a

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partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível participar.

(PARANÁ, 2009).

Sendo assim, existe uma grande preocupação com as dimensões que a

sociedade está tomando, principalmente, em relação ao consumo de álcool.

Percebe-se que cada vez mais cedo os adolescentes estão tornando-se alcoolistas

e com isso acarretam problemas em relação a saúde e qualidade de vida de um

modo geral. A escola tem a função de fazer com que o educando torne-se um

sujeito crítico, para discernir aquilo que a mídia de uma forma ou de outra quer

impor, como é o caso das propagandas comerciais e musicas que incentivam o

consumo de bebidas alcoólicas e criar possibilidades para que o aluno construa e

produza conceitos que vão lhe oportunizar qualidade de vida e não a sua

destruição, conforme Varella (2009), jovens que começam a beber antes dos 21

anos correm quatro vezes mais riscos de desenvolver o alcoolismo no futuro.

Constata-se que as propagandas comerciais de bebidas alcoólicas, bem

como as músicas alusivas a sua utilização tem apresentado um atrativo interessante

levando esses adolescentes e jovens ao consumo. Os slogans ficam na moda e as

músicas caem no gosto das pessoas, passando a ideia de que é muito bom e bonito

estar fazendo uso da bebida alcoólica, entretanto, não apresentam as

consequências que a mesma traz para as pessoas, tanto no aspecto físico como no

psicológico e social.

Este trabalho propõe atividades diversificadas com o intuito de fazer uma

análise crítica de comerciais e músicas que elegem a bebida alcoólica como sendo

algo muito bom e divertido, sem levar em conta a saúde e os danos que possa

causar no usuário, conquistando cada vez mais consumidores e aumentando a

comercialização e o lucro principalmente das marcas mais populares. O objetivo

principal deste trabalho é diagnosticar a influência da mídia entre jovens e

adolescentes no consumo de bebidas alcoólicas bem como suas principais

consequências na saúde. Também serão abordados os problemas de saúde

causados pelo uso de bebidas alcoólicas partindo de pesquisas que comprovam

esse fato e os problemas sociais que limitam a participação dos indivíduos na

sociedade.

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2. EMBASAMENTO TEÓRICO

O consumo de bebidas alcoólicas tem sido cada vez mais precoce entre

adolescentes e jovens. A esse respeito, Vieira et al. (2007), mostra que a média de

idade para o primeiro uso do álcool é de 12 anos. Segundo Chiapettin et al. (2007), é

no período da adolescência que devido a vontade de tornarem-se independente da

família, muitos jovens começam a experimentar as drogas.

Segundo Varella (2009), o comportamento desafiador típico dessa fase é o

maior responsável por essa conduta, que aumenta o risco de acidentes, violência e

gravidez não programada.

Para Vieira et al. (2007), o adolescente é mais sensível a situações negativas

e por vezes trágicas, o que o leva a buscar no álcool ou outras drogas o

encorajamento para enfrentar tais problemas.

A mídia tem contribuído para que o jovem e adolescente ingira bebidas

alcoólicas, na forma criativa das propagandas de cerveja e na alegria das músicas,

que fazem com que a ingenuidade dos jovens não permita que eles percebam a

mensagem que está implícita em sua veiculação. Segundo Chiapetti et al. (2007), o

consumo de substâncias, principalmente o álcool e o cigarro, são frequentemente

vinculados em anúncios comerciais, filme, letra de música e outros meios de

comunicação em massa.

De acordo com Tiba (2007), toda vez que um jovem assiste a um anúncio de

TV que mostra uma situação prazerosa associada às bebidas alcoólicas, por

exemplo, sua cabeça está sendo feita. Aquela imagem é recebida num ambiente

familiar, o que facilita a sua absorção.

Segundo Zanella e Lioto (2011), músicas de diversos gêneros musicais falam

no consumo de bebidas alcoólicas, no entanto, a música sertaneja por se tratar de

um gênero bastante popular e consumido no Brasil, principalmente nas regiões Sul,

Sudeste e Centro-Oeste e que mais faz alusão às bebidas alcoólicas. Ainda

segundo Zanella e Lioto (2011), para alcançar o sucesso, o cantor precisa abordar

os temas de forma descontraída, colocando os sujeitos como livres para a diversão,

já que, por outro lado, trazer discussões sobre os aspectos negativos do consumo

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de bebidas alcoólicas poderia afastá-lo deste objetivo.

Também Claret (2002) afirma que as condições impostas pela sociedade

moderna estimulam e favorecem o uso do álcool. Apesar disso, Michel (2000) afirma

que a maioria dos pais não tem se preocupado muito com o uso do álcool pelos

filhos, preocupação essa direcionada apenas as drogas mais pesadas, dando a

entender que na sua concepção o álcool não seria uma droga. Para Chiapetti

(2007), problemas familiares e associação com amigos delinquentes, na

adolescência, são indicadores muito fortes para início do uso abusivo do álcool.

Considerando a grande preocupação que a sociedade em geral tem com o

alcoolismo, Pechansky et al. (2004) afirma que o álcool é a droga mais consumida

em todas as faixas etárias e o seu consumo em adolescentes vem aumentando

cada vez mais.

Por ser uma droga socialmente aceita, as pessoas aprendem a conviver com

bebidas alcoólicas, iniciam o processo da dependência com o consumo moderado,

restrito às ocasiões sociais e podem tornar-se dependentes. O consumo maciço e

por tempo prolongado de bebida alcoólica pode desenvolver no Sistema Nervoso

Central (SNC), tolerância a essa substância. (EDWARDS, 1987).

De acordo com dados levantados pelo Instituto de Geografia e Estatística

(IBGE 2012), através da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PENSE, 2012),

50,3% dos jovens já tomou ao menos uma dose de bebida alcoólica, o que

corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho, ou uma dose de cachaça ou

uísque, onde 86% dos entrevistados encontra-se entre 13 e 15 anos e são

estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. As meninas são a maioria na hora de

experimentar, 51,7%. A primeira experiência com bebida para 31,7% dos

entrevistados ocorreu antes dos 13 anos.

Segundo um estudo conduzido pela Universidade de Pittsburgh e pelo Norris

Cotton Cancer Center, Brian A. Primack et al. (2014) concluem que o consumo

excessivo de álcool por adolescentes e jovens adultos entre 15 e 23 anos está

fortemente associado com referências a bebidas em músicas. O estudo afirma que

políticas públicas e educacionais podem limitar a influência do álcool na música

popular e assim, diminuiriam o consumo de bebidas alcoólicas entre jovens.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Monsenhor Pedro

Busko, localizado no município de Paulo Frontin – Pr. O município é essencialmente

agrícola, com maioria de sua população estabelecida na área rural, trabalhando no

cultivo de soja, milho, tabaco e produção de leite. Neste município o jovem encontra

pouco incentivo à cultura e ao esporte. Enquanto frequenta a escola, participa de

algumas atividades culturais e esportivas promovidas nesse espaço, porém quando

se afasta deste ambiente sua preocupação volta-se em adquirir um automóvel e em

fins de semana participar de festividades e encontros com a turma, onde geralmente

são regados a bebidas alcoólicas e som alto. Existe uma considerável incidência de

pessoas que utilizam bebidas alcoólicas causando problemas para si próprios, suas

famílias e para a sociedade. Um dos principais incentivos para a ingestão de

bebidas alcoólicas é a mídia, que através da publicidade e música influencia o jovem

e o adolescente a consumirem o produto de maneira atraente e divertida.

O trabalho iniciou com um questionário (pré-teste), envolvendo questões

relacionadas sobre conhecimentos prévios dos alunos sobre o assunto. Em

continuidade, foi realizada uma pesquisa escrita para caracterizar o alcoolismo e

suas consequências para o usuário, através de revistas, livros, web e outros. Após

os trabalhos serem lidos e analisados cada aluno recebeu duas questões para que

ele as localizasse em sua pesquisa, as quais eram feitas individualmente através de

slides para que ele respondesse à turma. O trabalho foi encerrado com um relatório

dos principais tópicos. Em seguida, os alunos assistiram vídeos selecionados do

Youtube do Programa Profissão Repórter da Rede Globo sobre os malefícios do uso

de bebida alcoólica e sua dependência, para que respondessem uma série de

perguntas que levavam a uma análise dos problemas enfrentados pelos alcoólatras

e a dificuldade de se libertar do vício, finalizando com um debate dos principais

tópicos. Na sequencia foram analisados alguns comerciais de cerveja apresentados

na mídia brasileira e disponíveis na internet, sobre os quais os alunos eram

instigados a reconhecer a farsa que existe neles, como o perfil e as atitudes dos

participantes e supostos usuários de cerveja que não se assemelham com as

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características de reais usuários de bebidas alcoólicas. Foram interpretadas duas

músicas alusivas a bebidas alcoólicas que defendem o universo dos beberrões,

caracterizando de forma positiva e divertida o usuário, desmerecendo quem não faz

uso do álcool. Em continuidade, foram confeccionados cartazes por grupos de

alunos, alertando os perigos do alcoolismo para serem expostos em locais públicos

e também foi desenvolvida uma dinâmica com o tema “juntando as partes” para

socializar o conhecimento do assunto. Ao término do projeto, os alunos participantes

fizeram a apresentação de uma paródia sobre o tema, exposição dos cartazes e foi

ministrada uma palestra pelo Pe. Emílio Bortolini, com foco na responsabilidade das

decisões sobre os exageros, inclusive do uso e abuso de bebidas alcoólicas e

também sobre a intencionalidade da indústria da música em propagar a utilização de

bebidas alcoólicas. Ao final da implementação do projeto, os alunos responderam

um questionário de pós-teste para avaliação do mesmo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008), a Escola

Pública Brasileira, nas últimas décadas, passou a atender um número cada vez

maior de estudantes oriundos das classes populares. Ao assumir essa função, que

historicamente justifica a existência da escola pública, intensificou-se a necessidade

de discussões contínuas sobre o papel do ensino básico no projeto de sociedade

que se quer para o país. Um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações

sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a

partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível participar. Assim

sendo, partimos do pressuposto de que a educação tem uma parcela de

contribuição no alerta aos perigos que o adolescente e jovem enfrenta na

sociedade, principalmente em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, o qual é

influenciado pela mídia.

O consumo de bebidas alcoólicas tem sido cada vez mais precoce, de acordo

com Vieira et al, (2007) a média de idade para o primeiro uso de álcool é de 12

anos.

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Os gráficos 01 e 02 caracterizam o perfil dos alunos que participaram do projeto.

Gráfico 01: Idade dos alunos dos 9º anos participantes do projeto

. Fonte: Stupka (2014).

Gráfico 02: Já fizeram uso de bebidas alcoólicas.

Fonte: Stupka (2014)

Os dados obtidos através dos gráficos 01 e 02 demonstram o grande

números de alunos que já fizeram uso de bebidas alcoólicas na faixa etária entre 13

e 15 anos. Também observa-se que o número de meninas supera o número de

meninos quanto ao uso de bebidas alcoólicas.

De acordo com dados do IBGE (2012), grande números de indivíduos dessa

97,50%

2,50%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

13 - 15 ANOS 15 - 17 ANOS

90,90%

9,10%

83,30%

6,70%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

MENINAS

MENINOS

SIM NÃO

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faixa etária já tiveram contato com bebidas alcoólicas e com uma tendência maior

para o sexo feminino.

No gráfico 03 podemos comprovar alguns dados em relação a omissão das

famílias quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. Observa-se que grande parte

dos alunos entrevistados, tiveram seu primeiro contato com a bebida no meio

familiar.

Gráfico 03: Local de uso de bebidas alcoólicas.

Fonte: Stupka (2014)

Segundo Gomes (2010), positiva ou negativamente, adolescentes são

influenciados por seus familiares, dentro de suas próprias casas, em relação ao

abuso do álcool.

O gráfico 04, apresenta o percentual de famílias que enfrentam problemas com o

alcoolismo. Os alunos foram instigados a responder pensando nos parentes mais

próximos, como pais, avós, tios e irmãos.

Segundo Edwards (1987) por ser uma droga socialmente aceita, as pessoas

aprendem a conviver com bebidas alcoólicas, iniciam o processo da dependência

com o consumo moderado, restrito às ocasiões sociais e podem tornar-se

dependentes.

66,70%

33,30%

59,10%

40,90%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

MENINOS

MENINAS

EM FESTAS EM CASA

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Gráfico 04: Problemas de alcoolismo na família dos alunos (avós, pais, tios, irmãos)

Fonte: Stupka (2014)

O gráfico 05 traduz um estudo da oferta de bebidas alcoólicas aos entrevistados.

Gráfico 05: Alguém já lhe ofereceu bebida alcoólica?

Fonte: Stupka (2014)

Nota-se que o sexo feminino é mais assediado em relação à oferta de bebidas

alcoólicas.

Os gráficos 06 e 07 demonstram a convivência dos alunos com relação aos

comerciais de bebidas alcoólicas e músicas que fazem alusão às bebidas alcoólicas.

62,50%

37,50%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

SIM

NÃO

90%

10%

73,70%

26,30%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

MENINAS

MENINOS

SIM NÃO

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Gráfico 06: Você já assistiu propagandas de bebida alcoólica na TV?

Fonte: Stupka (2014)

Gráfico 07: Você ouviu músicas que fazem alusão a bebida alcoólica?

Fonte: Stupka (2014)

De acordo com Tiba (2007), toda vez que um jovem assiste a um anúncio de TV

que mostra uma situação prazerosa associada às bebidas alcoólicas, sua cabeça

está sendo feita. Aquela imagem é recebida num ambiente familiar, o que facilita a

sua absorção.

Os gráficos 08 e 09 demonstram a influência da mídia no consumo de bebida

alcoólica.

97,10%

2,90%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

SIM NÃO

92,30%

7,70%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

SIM NÃO

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Gráfico 08: Você acha que as propagandas comerciais de cerveja apresentadas na televisão brasileira incentivam o uso de bebidas alcoólicas?

Fonte: Stupka (2014)

Gráfico 09: Você acha que as músicas que fazem alusão às bebidas alcoólicas incentivam seu uso?

Fonte: Stupka (2014)

A propaganda faz uma constante persuasão que vincula ingestão de bebidas

alcoólicas a poder, status, sucesso, prazer, hombridade e sexo. Praticamente não

existe anúncio que não inclua bebidas, festas, garrafas e brindes. (KRUGER, 2005).

87,80%

12,20%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

SIM NÃO

73,10%

26,90%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

SIM NÃO

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5. CONCLUSÃO

O trabalho realizado promoveu uma discussão produtiva com relação a

manipulação da mídia quanto ao uso de bebidas alcoólicas, uma vez que a Escola

Pública ao receber uma diversidade de indivíduos tem por obrigação possibilitar a

consciência crítica e assim melhorar a qualidade de vida de seus integrantes. Para

os alunos, foi um momento de grande valia, pois proporcionou a aquisição de

conhecimentos sobre os problemas físicos, psicológicos e sociais que a bebida

alcoólica desencadeia e possibilitou reflexões a respeito da influência que a mídia

injeta diariamente sem se preocupar com os danos que isso venha causar às

pessoas.

Enquanto os alunos participavam das atividades propostas, surgiam muitas

experiências sobre o problema do alcoolismo, vivenciados por eles e por pessoas

próximas. Houve momentos de desabafos e relatos pessoais quanto ao sofrimento

causado pelo alcoolismo, vivenciados por alguns alunos.

Sendo escola um espaço de vivência entre diferentes sujeitos, oportunizou-se a

troca de experiências e relatos que foram comparados com o que a mídia apresenta

sobre o consumo de bebidas alcoólicas e que serviu como um alerta aos alunos,

para que os mesmo sejam críticos e não se deixem cair nessa armadilha. Com esse

trabalho, as aulas deixaram de ser meramente conteudistas para terem uma função

social, permitindo condições para que o educando assuma uma postura crítica e

não seja influenciado pela mídia, onde o produto precisa ser vendido a qualquer

custo para capitalizar a marca, sem nenhuma preocupação com o indivíduo.

Ao desenvolver este tema, não se buscou desvalorizar a cultura trazida pelos

alunos e nem mesmo defrontar com suas convicções, porém permitir que se

desenvolva uma visão crítica para que conheçam os problemas que o uso abusivo

de bebidas alcoólicas pode proporcionar e que saibam como se prevenir para que

isso não ocorra. Nessa perspectiva de formar o cidadão crítico, acredita-se que os

conceitos adquiridos auxiliem os alunos na vivência fora do espaço escolar, com

maturidade e responsabilidade.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BRASIL. Presidência da República. Secretaria Nacional Antidrogas Drogas: cartilha álcool e jovens / Secretaria Nacional Antidrogas. – Brasília: Presidência da República, Secretaria Nacional Antidrogas, 2007.

CHIAPETTI, N. et al. Uso de álcool, tabaco e drogas por estudantes da área de saúde de uma universidade de Curitiba. Psicologia: Reflexão e Crítica. v. 20. n°2.Porto Alegre, 2007.

CHUEDE, N. Influência do alcoolismo no rendimento escolar de alunos do Colégio Helena Kolody(Cruz Machado-Pr). 2007, Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Biologia) – (Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letra - Departamento de Biologia), União da Vitória, 2007.

CLARET, M. O que você deve saber sobre alcoolismo. Martin Claret,Editora Martin Claret, edição nº 1, 2002.

EDWARDS, Griffith. O tratamento do alcoolismo. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1987.

GOMES, B. M. R. et al. Consumo de álcool entre estudantes de escolas públicas da Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, Brasil [doi:10.1590/S0102-311X2010000400013]. Cadernos de Saúde Pública (ENSP. Impresso)[online], 2010, vol. 26, p. 706-712.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pense/2012/pense_2012.pdf >. Acesso em: 15 nov. 2014.

KRUGER, R. Voltar do Abismo: uma abordagem pastoral do alcoolismo. Trad. Beatriz Affonso Neves. São Leopoldo:Sinodal, 2005.

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MICHEL, O. R. Alcoolismo e Drogas de Abuso: problemas ocupacionais e sociais. Rio de Janeiro Revinter, 2000.

PARANÀ, Secretaria do Estado da Educação, Diretrizes Curriculares para o Ensino de Ciencias. Curitiba:2009.

PECHANSKY, F. et al. Uso de álcool entre adolescentes: conceitos, características epidemiológicas e fatores etiopatogênicos. Revista Brasileira de Psiquiatria. v.26. n°1 São Paulo: p. 14-17, Mai. 2004.

PRIMACK, A. B. et al. Receptivity to and Recall of Alcohol Brand Appearances in U.S. Popular Music and Alcohol-Related Behaviors. Revista Alcoholism: Clinical and Experimental Research, v.38, nº 6: Jun. 2014

REIS V. R. O Consumo de Bebida Alcoólica entre os Alunos do Ensino Fundamental, Trabalho de Conclusão de Curso - Universidade Paranaense – Unipar – Paranavaí:2008.

TIBA, Içami, Juventude & Drogas:anjos caídos/Içami Tiba. – São Paulo: Integrare Editora, 2007.

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