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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

1 FICHA DE IDENTIFICAÇÃO

Título: Estudo dos Conceitos Geográficos através da Música: uma proposta para o 6o ano do ensino fundamental

Autor Josélia Oliveira Paloco

Disciplina/Área Geografia

Escola de implementação e sua localização

Colégio Estadual Olavo Bilac – Ensino Fundamental

Médio e Profissional de Ibiporã/PR

Avenida dos Estudantes, n.o 777, Centro.

Município da escola Ibiporã/PR

Núcleo Regional de

Educação

Londrina/PR

Professor Orientador Prof.a Dr.a Luzia Mitiko Saito Tomita

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Londrina – UEL

Resumo: Nas aulas de Geografia, além da falta de interesse, observa-se que a maioria dos alunos não gosta dessa disciplina e apresenta dificuldades na realização de diversas atividades e na assimilação dos conteúdos. Essa proposta surge, na tentativa de minimizar estes problemas e melhorar as aulas de Geografia no 6o ano do Ensino Fundamental. Assim, almeja com esta Unidade Didática despertar o interesse dos alunos pela Geografia utilizando a música como recurso pedagógico para fixação e compreensão dos conceitos básicos da disciplina, já que esta é considerada um valioso instrumento facilitador da aprendizagem. Para tanto, é abordado na fundamentação teórica, literatura pertinente à ciência geográfica, ao ensino da geografia e seus principais conceitos e, especificamente a música. A estratégia de ação levará em consideração a aplicação de questionário, atividades com músicas, produção de textos e vídeos, desenhos, dentre outras atividades desenvolvidas em sala de aula, resultando em um portfólio que será encaminhado à biblioteca da escola para a consulta dos demais alunos e professores.

Palavras-chave Geografia; Música; Compreensão; Conceitos geográficos.

Formato do material didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos 6o ano do Ensino Fundamental

2 INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos em sala de aula, percebe-se que os alunos, de maneira

geral, não têm interesse pelos estudos e, muitos desconhecem o seu papel dentro

da escola e também como cidadão. Em decorrência desse desinteresse, surge a

falta de atenção, a indisciplina e a violência em sala de aula, prejudicando a

aprendizagem do educando e desvalorizando o ensino da escola pública.

Nas aulas de Geografia, além da falta de interesse, observa-se da mesma

forma, que a maioria dos alunos não gosta dessa disciplina e apresenta dificuldades

na realização de diversas atividades e na assimilação dos conteúdos.

Nesse contexto, surge a preocupação a exemplo do por que, atualmente, a

maioria dos alunos não se interessa mais em aprender os conteúdos abordados nas

escolas e se isso ocorre em virtude da facilidade de acesso as informações, aos

acontecimentos e ao conhecimento.

Preocupa-se também, no que se refere ao ensino da Geografia em sala de

aula, se muitos não gostam dela porque essa matéria ainda é vista por muitos como

uma disciplina sem importância, passiva e condicionada ao tradicionalismo baseada

na memorização ou porque não sabem ou não compreendem os conceitos básicos e

outros conhecimentos necessários a compreensão do espaço e seus elementos.

Diante destes problemas e, na tentativa de melhorar as aulas de Geografia no

6º ano, o que se propõe com este trabalho é a realização de um estudo geográfico

pautado em atividades com música, por ser considerada um valioso instrumento

facilitador da aprendizagem.

A questão que norteará esta proposta será, no entanto, um estudo dos

conceitos básicos da Geografia: paisagem, lugar, região, território e de suas

categorias: sociedade e natureza, pois, embora tais conceitos sejam trabalhados

constantemente e nas diferentes séries do ensino fundamental, o que se percebe na

prática, é que muitos alunos fazem confusão entre eles e alguns chegam ao ensino

médio sem esses conhecimentos fundamentais para a compreensão dos conteúdos,

do espaço geográfico e da própria realidade em que cada um vive.

Nesse sentido, justifica-se, dentre inúmeros recursos, o uso da música como

recurso pedagógico no auxílio da compreensão dos conteúdos curriculares, porque

a música pode contribuir para o estudo dos conceitos básicos da Geografia,

enquanto criação social pode ser visualizada sob a ótica da espacialidade e, através

dela, é possível valorizar e preservar o interesse dos alunos para essa

compreensão.

Quando escolhido o 6o ano para aplicação dessa prática pedagógica levou-se

em consideração que alguns conceitos mencionados já são trabalhados nessa série,

no entanto, de maneira ligeira e isolada, devendo, porém, estes e outros conceitos

como, por exemplo, a região, sociedade e território serem abordados de forma mais

significativa para melhor compreensão dos próximos conteúdos.

Assim, o objetivo desse estudo consiste em despertar o interesse dos alunos

pela Geografia utilizando a música como recurso pedagógico para fixação e

compreensão dos conceitos básicos da disciplina, sendo necessário para tanto,

definir os conceitos básicos da Geografia, entendendo que os mesmos foram

criados e alterados em diferentes momentos históricos; ressaltar, através de

atividades com música, a importância do estudo do espaço geográfico; e favorecer a

integração e sociabilização dos alunos, de modo que contribuam no processo de

ensino aprendizagem em sala de aula.

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Ciência Geográfica

Desde a época milenar a Geografia atrai a atenção de estudiosos e

pesquisadores por se tratar de um tema que abrange as relações humanas, bem

como o espaço terrestre na qual está inserido o indivíduo.

Segundo Andrade (1987, p. 11) “no mundo, a Geografia se tornou uma

ciência autônoma a partir do século XIX, graças aos trabalhos dos geógrafos

alemães Alexandre Von Humboldt e Karl Ritter”.

No Brasil, tanto o ensino quanto a pesquisa em Geografia

institucionalizaram-se apenas depois da Revolução dos Trinta, após a burguesia e a

classe média urbana deter uma influência mais acentuada sobre o governo

(PARANÁ, 2008). O quadro a seguir apresenta uma síntese da dimensão histórica

da Geografia.

Quadro 1 – Dimensão histórica da Geografia

Período Acontecimento

Antiguidade Oriental

Povos da Mesopotâmia e do Egito realizaram estudos dos regimes fluviais do Nilo, Tigre e Eufrates e estudos de geometria. Intensa navegação pelos mares Mediterrâneo e Vermelho.

Antiguidade Clássica

Ampliaram-se os conhecimentos sobre as relações Sociedade x Natureza (descrição, localização, acesso e características das cidades e regiões).

Idade Média

Pensamento geográfico influenciado pela visão de mundo imposta pelo poder e pela organização socioespacial então estabelecida: ideia de esfericidade da Terra.

Século XVI

Descrição e representação detalhadas dos elementos do espaço: rios, lagos, montanhas, desertos, planícies, relações homem x natureza.

Século XVII

Reconhecimento do método indutivo experimental como método cientifico.

Século XIX

Enquanto na Europa a Geografia já se encontrava sistematizada e presente nas universidades, no Brasil isso só aconteceu mais tarde porque antes de ser objeto de desenvolvimento científico, ela foi trabalhada como matéria de ensino.

Século XX

Transformações que originaram novos enfoques para a análise do espaço geográfico, além de reformulações no campo temático da Geografia.

Fonte: Adaptado de Paraná (2008) Org.: Paloco (2013)

Atualmente, “essa disciplina discute os fatos referentes ao espaço e, mais,

um espaço concreto finito e delimitável – a superfície terrestre. Só será geográfico

um estudo que aborde a forma, ou a formação, ou a dinâmica, ou a organização, ou

a transformação do espaço terrestre” (MORAES, 1987, p. 29).

Importante também mostrar que, a Geografia diz respeito a uma disciplina

que foi formada com base em correntes geográficas que foram se alterando de

acordo com as mudanças na sociedade de modo geral, como pode ser observado

no quadro a seguir.

Quadro 2 – Correntes de pensamento geográfico

Correntes

Características

Geografia Teorética ou Quantitativa

Desenvolveu-se em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial e serviu de forma mais significativa para a pesquisa e o planejamento espacial do que para o ensino de Geografia na escola básica.

Geografia Humanística

Desenrolou-se em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial e trouxe a dimensão afetiva e subjetiva para os estudos a respeito do espaço.

Geografia Tradicional

Se expandiu a partir do século XIX. O foco do ensino de Geografia estava na descrição do espaço, na formação e fortalecimento do nacionalismo. Quase sempre trabalhou apenas com o visível, quase nunca encontrou motivos para preocupar-se com o invisível (conceitual).

Geografia Clássica

Antecedente a Geografia Tradicional. Enfatizava a observação e a descrição minuciosa do espaço em estudo.

Geografia Crítica

Surgiu na segunda metade do século XX, contrapunha-se radicalmente ao método da Geografia Tradicional e propunha uma análise crítica do espaço geográfico.

Fonte: Adaptado de Paraná (2008) Org.: Paloco (2013)

Como se percebe, ao estudar a Geografia, é preciso que se tenha uma

perspectiva tanto dos períodos anteriores quanto os possíveis movimentos de

transformações futuros, a partir de uma análise que considere, constantemente, o

processo histórico (PARANÁ, 2008).

3.2 Ensino de Geografia

Diante da atual situação capitalista, Vesentini (2010) coloca que é preciso

elevar a escolaridade da população em geral, pois, o capitalismo necessita cada vez

mais de uma força de trabalho qualificada e com elevada escolaridade. Essa

escolaridade, segundo ele, tem que ser fundamentada no ensino construtivista e não

no técnico como era na época do Fordismo, porque o sistema vigente hoje exige

pessoas que saibam pensar por conta própria, saibam enfrentar novos desafios e

apresentam novas respostas em vez de somente repetir as já existentes. Ele aponta

também que, a escola precisa ser inovadora e que para isso é extremamente

importante que haja no ensino escolar disciplinas voltadas a levar o aluno a

compreender o mundo em que vive, desde a escala local até a planetária.

Diante dessas considerações, é importante enfatizar que a Geografia é uma

das disciplinas que contribui de forma significativa no processo de formação do

indivíduo de maneira ativa e crítica. No entanto, “na sociedade escolar, e mesmo na

comunidade escolar, aparentemente, a maioria da população ainda não percebeu a

importância da Geografia e o quanto essa disciplina pode contribuir para que o aluno

possa entender melhor o mundo e o contexto social no qual vive” (TOMITA, 2012, p.

40). Desse modo, pode-se afirmar que atualmente:

O ensino é um processo interativo, diferente de doutrinar, pregar, anunciar ou meramente repassar conteúdos e informações. A finalidade de todas as atividades de ensino na escola é promover a aprendizagem dos alunos para que desenvolvam a capacidade de visão e leitura critica, de interpretação do mundo e do próprio modo de inserção nesse meio (TOMITA, 2012, p. 35).

Entretanto, Oliveira et al. (2005) afirmam que frente os desafios e

dificuldades em tornar as aulas de Geografia um instrumento capaz de despertar o

senso crítico dos alunos, os professores têm encontrado dificuldades para atrair a

atenção destes, principalmente nas discussões de temas que eles consideram

enfadonhos e maçantes.

Para Tomita (2012, p. 35) “o ensino como um todo, incluindo o de Geografia,

tem como finalidade fazer o aluno aprender para crescer, viver e conviver na

sociedade, isto é, para a vida”. Em relação à Geografia especificamente, ela diz:

Ao refletir sobre seu ensino, temos que nos preocupar com a base teórico-metodologica e balizá-la por meio da investigação do modo como se ensina, partindo da seleção e do tratamento dos conteúdos programáticos, da utilização dos recursos técnicos e materiais, da estratégia de ensino e da avaliação e, principalmente, do arcabouço de referenciais teóricos que deverão permear todo o percurso do ensino (TOMITA, 2012, p. 37).

Nesse sentido, é importante lembrar que, “até o século XIX, não havia

sistematização da produção geográfica cujos estudos estavam dispersos em obras

diversas” (PARANÁ, 2008, p. 39). Nesse período, “os temas geográficos estavam

legitimados como questões relevantes, sobre as quais cabia dirigir indagações

científicas” (MORAES, 1987, p. 41 apud PARANÁ, 2008, p. 39). Atualmente, como

disciplina escolar:

A Geografia acompanha as diretrizes básicas legais da educação que estão centradas na formação para a cidadania, na promoção da autonomia intelectual, da criticidade – vista como a capacidade de cada um para mobilizar seus conhecimentos, para estabelecer comparações e juízos, respeitando outros posicionamentos e admitindo múltiplas leituras da realidade – e da participação. Estas referências da educação nacional presentes nos PSNs envolvem sensibilidade para o lugar e o cotidiano, preocupação com sua preservação e desenvolvimento, compreensão das desigualdades e respeito a diversidade (REICHWALD JUNIOR; SCHAFFER; KAERCHER, 2003, p. 170).

Isso quer dizer que, no ensino básico, a Geografia participa do processo de

construção dos fundamentos conceituais e instrumentais para a compreensão e

representação da vida e do mundo, através do estudo da realidade (SOMMA, 2003,

p. 170).

Dentro desse contexto, Cavalcanti (2010, p. 139) afirma que “a construção de

conceitos, no ensino de Geografia, é considerada uma habilidade fundamental para

a vida cotidiana, uma vez que possibilita a pessoa organizar a realidade, estabelecer

classes de objetivos e trocar experiências com o outro”.

Entretanto, de acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) de

Geografia os conceitos básicos assim como o objeto da Geografia:

Se constituíram e reconstituíram em diferentes momentos históricos em função das transformações sociais, políticas e econômicas que definem e redefinem maneiras e ritmos de produzir espaço e elaborar o pensamento [...] nem todos os conceitos considerados nestas diretrizes, reconhecidos como básicos para o ensino de geografia, foram desenvolvidos ao mesmo tempo e por todas as linhas teóricas desta ciência. Cada linha teórica enfatizou e desenvolveu alguns conceitos e não outros (PARANÁ, 2008, p. 53).

Considerando que na atual Diretriz, o ensino de Geografia assume o quadro

conceitual das abordagens críticas é nesta linha que se propõe, hoje, a abordagem

dos conceitos geográficos (PARANÁ, 2008).

Assim, o conceito de lugar, por exemplo, “é o espaço onde o particular, o

histórico, o cultural e a identidade permanecem presentes, revelando

especificidades, subjetividades e racionalidades”, mas é também “o espaço onde as

empresas negociam seus interesses, afetando a organização sócio-espacial”

(PARANÁ, 2008, p. 61). Nesta perspectiva Cavalcanti diz que:

No ensino, de fato, esse conceito pode ser formado a partir da experiência fenomênica dos alunos com seus próprios lugares. O estudo do lugar, nesses termos, permite inicialmente a identificação e a compreensão da Geografia de cada um, o que é básico para a reflexão sobre a espacialidade da prática cotidiana individual e de outras práticas (CAVALCANTI, 2010, p. 94).

Para Carney (2007, p. 123) “lugar é um termo útil em Geografia e muito mais

evocativo que a visão geral das pessoas quanto a essência da Geografia –

localização do nome dos lugares”.

Já “o conceito de paisagem, assim como os outros conceitos, não é

exclusivo do quadro conceitual da Geografia” (CAVALCANTI, 2010, p. 97), sendo

que “na discussão da Geografia, começou a ser sistematizado a partir do

pensamento naturalista e foi marcado pela dicotomia entre paisagem natural e

paisagem humanizada ou cultural” (PARANÁ, 2008, p. 54).

Para Small e Witherick (1992, p. 191 apud CAVALCANTI, 2010, p. 97)

paisagem consiste em:

Termo usado para descrever o aspecto global de uma área. A paisagem física refere-se aos efeitos combinados das formas do terreno, vegetação natural, solos, rios, e lagos, enquanto a paisagem cultural (ou humana) inclui todas as modificações feitas pelo homem (vegetação, comunicações, povoações, minas a céu aberto, pedreiras, etc.).

Na formação do raciocínio geográfico, o conceito de paisagem está

estreitamente ligado ao conceito de espaço. No entanto, esses dois conceitos são

distintos. Espaço é uma parte ou porção da Terra e “a paisagem é percebida

sensorial e empiricamente, mas não é o espaço, é isto sim, a materialização de um

momento histórico” (PARANÁ, 2008, p. 55).

Quanto a região, a palavra, “antes mesmo de compor o quadro teórico da

Geografia, já era tomada para designar a relação entre uma determinada área e o

poder político administrativo exercido sobre ela”, e ainda, “de certa forma, a região

geográfica explicava a organização política territorial mundial, na qual cada Império

colonial tinha poder soberano e determinava os arranjos socioespaciais de seu

próprio território e do território de suas colônias” (PARANÁ, 2008, p. 55).

Assim, para Cavalcanti (2010, p. 104) a região atualmente é entendida como

sendo “área formada por articulações particulares no quadro de uma sociedade

globalizada, ou seja, identidade, jogo político e controle e gestão de um território”.

Por isso, seu conceito tem sido apontado como tema de estudo de programas

curriculares e livros didáticos do ensino fundamental e médio.

Já “o conceito de território, dentro desse cenário, tem uma larga utilização na

história da ciência geográfica, principalmente na área de Geografia Política e de

Geopolítica” (CAVALCANTI, 2010, p. 107).

Na DCE, “território é um conceito ligado as relações que se estabelecem

entre espaço e poder e, atualmente, é tratado nas mais diversas escalas geográficas

e sob diferentes perspectivas teóricas” (PARANÁ, 2008, p. 62).

Agora a natureza, considerada categoria geográfica, “é anterior e exterior ao

homem, mas também o constitui. É a um só tempo [...] constituída por objetos e

processos criados fora da sociedade, mas também constitutiva da humanidade

quando tomada nas relações de produção” (CAVALCANTI, 2010 apud PARANÁ,

2008, p. 65).

Quanto à sociedade, também considerada categoria geográfica, é entendida

por Santos (1985) como totalidade social, precisando que se vá além das

aparências, dos aspectos visíveis, para que se consiga compreender a produção

espacial. E ainda, é preciso compreender, também, como os determinantes políticos,

culturais e econômicos se constituem na essência social e produzem

transformações espaciais.

“O termo sociedade é polissêmico, referindo-se, por exemplo, tanto a

quaisquer tipos de parcerias entre pessoas quanto a agrupamentos de seres vivos

em geral” (CAVALCANTI, 2010, p. 117). E ainda, num enfoque geográfico, pode ser

entendida como:

Agrupamento de indivíduos que vivem de acordo com determinadas regras, num certo espaço geográfico. Temos vários exemplos de sociedade: das abelhas, das formigas, a sociedade humana, etc. em geografia, nosso interesse esta voltado para a sociedade humana, pois é ela que modifica profundamente a natureza e constrói o espaço geográfico (VESENTINI; VLACH, 1991, p. 15 apud CAVALCANTI, 2010, p. 117).

Nesse contexto, cabe salientar que sociedade e natureza são consideradas

elementos inseparáveis tendo em vista a tamanha relação dos grupos humanos, até

mesmo na antiguidade, com o meio natural.

Essa relação sociedade x natureza influenciava, segundo Ratzel e a escola

alemã (apud PARANÁ, 2008, p. 40):

As “conquistas ocultas” de um povo, ou seja, as condições naturais do meio em que vivia determinado povo estabeleciam uma relação direta com seu nível de vida, seu domínio técnico e sua firma de organização social. Quanto mais culto um povo, maior o domínio sobre a Natureza, o que proporcionaria melhores condições de vida, consequentemente, o aumento da população e a necessidade de mais espaço para continuar seu processo evolutivo.

Pode-se afirmar que, “a sociedade produz intercâmbio com a natureza, de

modo que a última se transforma em função dos interesses da primeira. Ao mesmo

tempo, a natureza não deixa completamente de influenciar a sociedade, que produz

seus espaços nas mais diversas condições naturais” (PARANÁ, 2008, p. 68).

E ainda, “os conceitos geográficos (localização, natureza, sociedade,

paisagem, região, território e lugar) podem ser perfeitamente construídos a partir das

práticas cotidianas” (CORREIA, 2009, p. 54).

3.3 Música como Recurso Pedagógico

Nas últimas três décadas, profissionais estrangeiros da geografia cultural

como Nash, 1968; Carney, 1990 e 1994; Kong, 1995; Carney e Nash, 1996;

Leyshon, Matless e Revill, 1998, realizaram pesquisa sobre a música baseados em

uma moldura geográfica, abordando diversos fenômenos musicais em todas as

escalas. Segundo eles, a maioria das pesquisas geográficas se enquadra em dez

taxonomias gerais (CARNEY, 2007, p. 129):

a) delimitação de regiões musicais, interpretação de música regional, ou as

diferenças, de lugar para lugar, das preferências e gostos musicais das

pessoas;

b) as dimensões espaciais da música com relação à migração humana, vias

de transporte e redes de comunicação;

c) a organização espacial da indústria da música e de outros fenômenos

musicais;

d) o efeito da música na paisagem cultural;

e) as relações da música com outras atrações culturais em um contexto de

lugar;

f) a relação da música com o meio ambiente natural;

g) a função da música nacionalista e antinacionalista;

h) o lugar de origem e a difusão de fenômenos musicais para outros lugares;

i) os elementos psicológicos e simbólicos da música relevantes na

modelagem, no caráter de um lugar;

j) a evolução de um estilo, gênero ou música específica de um lugar.

Segundo Castro (2009), no Brasil, poucos trabalhos foram realizados sobre

geografia e música, mas pode-se destacar os seguintes:

Quadro 3: Geografia e música no Brasil

Autor/Ano Tipo Abordagem Mello (1991) Dissertação de mestrado Composições da MPB e o Rio de Janeiro Mesquita (1997)

Artigo Geografia Social na música do Prata

Ribeiro (2006) Tese de doutorado Conceito de espaço-vivo e suas variáveis na cidade de Diamantina sob o ponto de vista dos músicos

Marcelino (2007)

Dissertação de mestrado Transformações sofridas pelo samba paulista em sua transição da zona rural na cidade de Pirapora do Bom Jesus

Pessoa de Barros (2000)

Artigo Compreensão dos rituais do candomblé, a história dos mitos e dos ritos, a partir dos seus cantos litúrgicos.

Fernandes (2001)

Dissertação de mestrado na Universidade Estadual do Ceará

Territorialidade sertaneja a partir da obra de Luiz Gonzaga.

Lima (2002) Dissertação defendida na USP

Os diferentes usos do território no contexto do evento musical, com foco no município de São Paulo

Ribeiro (2006) Tese de doutorado Propõe o conceito de “espaço-vivo” Oliveira (2006) Dissertação mestrado As estratégias territoriais presentes no movimento

Hip Hop da cidade do Rio de Janeiro Camargo (2008)

Dissertação mestrado Aborda a rave – festas de música eletrônica - a partir da geografia psicológica, que analisa o território do ponto de vista subjetivo

Dozena (2009) Tese de doutorado Quais são as territorialidades geradas pelo samba na cidade de São Paulo?

Costa (2010) Dissertação mestrado Aborda a segregação espacial produzida pelas festas raves, usando o exemplo de Salvador e Camaçari

Fonte: Adaptado de Castro (2009); Panitz (2012) Org.: Paloco (2013)

Como pode ser observado no quadro acima, “dentre as várias linguagens

que podem ser utilizadas para aproximar os conteúdos geográficos à realidade do

aluno, temos a música, que além de transmitir uma ideia, resgata a emoção e a

afetividade no ensino” (SILVA, 2013, p.30).

“Saber escolher a música a ser trabalhada em sala de aula se torna

importante, pois é preciso que ela possibilite e favoreça a imaginação dos alunos,

ampliando o pensamento acerca da realidade estudada” (VIANA; MOURA, 2012, p.

365). Nesse sentido:

Quando a proposta de utilização da música é apresentada aos alunos, a tendência que se observa é a de serem tomados pela curiosidade e ansiedade. A receptividade é quase sempre satisfatória. Tal cenário facilita muito na concentração e absorção das ideias explicitadas pela obra musical, complementando o uso do livro didático (OLIVEIRA et al., 2005, p. 74).

Essa situação se vislumbra porque “muitas letras de canções possuem uma

explícita referência espacial, constituindo-se em [...] contestações referenciadas as

condições de vida em determinados lugares” (CORREA; ROSENDAHL, 2007, p. 13).

Para Oliveira et al. (2005, p. 74) “a música, em suas diferentes acepções,

tem um grau de aceitação muito grande no cotidiano das pessoas, especialmente

dos jovens”.

Segundo Oliveira e Holgado (2012, p. 198) “ao ouvir uma música podemos

ser levados a pensar em lugares, seja pelas descrições que são feitas nas letras das

músicas ou pelos significados que podem ser atribuídos por aqueles que ouvem as

músicas”. E ainda,

As músicas, também, podem representar as mudanças que ocorrem na sociedade, seja através do que dizem as suas letras ou dos valores associados a um determinado estilo musical. E, isso pode se manifestar no espaço escolar nas falas, nas atitudes e nas roupas dos alunos (OLIVEIRA; HOLGADO, 2012, p. 199).

Para Swanwick (2003 p. 18-22 apud SILVA, 2013, p. 31) “a música

enquanto ferramenta didática tem a capacidade de unir razão e emoção,

enriquecendo dessa maneira o processo de ensino-aprendizagem, promovendo

ressignificação, resgate da afetividade e valorização dos conteúdos de geografia”.

“[...] tem o poder de nos transportar para lugares que somente os caminhos da

nossa mente conhecem” (OLIVEIRA; HOLGADO, 2012, p. 196). Nesse sentido,

O aluno, sujeito da percepção, por meio de canções pode organizar conteúdos geográficos, pois suas expressões culturais, constantes nas melodias trazem detalhes dos elementos da natureza e da sociedade, os quais entram em seu saber a partir do momento de sua percepção. As canções oferecem texto estruturado, poético e temático, além de outros elementos que ajudam na ressignificação e valorização dos conteúdos trabalhados (CORRÊIA, 2009, p. 47).

Portanto, para Corrêia (2009, p. 51) “na prática, a linguagem musical,

assentada na emoção e na razão [...] funciona como elo entre os mundos real e

imaginário e as pessoas. Esta forma de comunicação atinge, com maior facilidade,

os jovens de modo geral e em particular os grupos [...]”.

4 ATIVIDADES

Pretende-se nesta Unidade Didática, estabelecer relações entre as aulas de

Geografia e a música no intuito de chamar a atenção dos alunos para os conteúdos

ministrados em sala de aula, tornado-a mais atrativa para esse público.

A escolha desta abordagem de ensino se mostra viável, neste caso, por se

tratar de um instrumento de acesso fácil a todos os alunos, fazendo parte do seu dia

a dia e podendo ser utilizado de maneira lúdica na construção do conhecimento.

Nesse sentido, na fase de implementação da Unidade Didática, a

aprendizagem ocorrerá de forma mais dinâmica e prazerosa, pois, a teoria se inter-

relacionará à prática, na medida em que os conteúdos geográficos serão abordados

através de atividades lúdicas com músicas e com produções próprias dos

educandos.

Dessa maneira, os conteúdos propostos serão apresentados e trabalhados de

maneira dialética, fazendo sempre um entrosamento entre os conceitos científicos

da geografia e os conceitos cotidianos, considerando, os elementos da natureza, o

meio ambiente e principalmente, o saber, a experiência e o espaço vivido do aluno.

Com relação aos procedimentos das atividades à serem realizadas, as

mesmas serão desenvolvidas em sete etapas, conforme a descrição a seguir:

1. Primeiramente será elaborado um resumo/esboço do Projeto, por meio de

slides, conforme Apêndice, para apresentar aos professores na Semana

Pedagógica e depois, em sala de aula, aos alunos público alvo;

2. Após conhecerem o Projeto, os alunos responderão um questionário sobre

música, conforme descrito na atividade dois, a partir do qual poderá ser

levantado seu perfil e sua relação com música e a disciplina de Geografia;

3. Em seguida ao questionário será trabalhado com os alunos, o conceito e a

importância de Geografia, seu objeto de estudo e seus conceitos básicos, de

forma sucinta, conforme mostra na atividade três, para que este

conhecimento sirva de base para as produções que serão realizadas

posteriormente;

4. Depois a turma será dividida em seis grupos para trabalhar as atividades que

serão realizadas com as músicas, abarcando os seis principais conceitos da

Geografia: Lugar, paisagem, natureza, sociedade, região e território. Para

cada grupo será entregue uma letra de música para ser lida, interpretada e

discutida em sala de aula, conforme consta na atividade quatro. Em

sequência será apresentada a música sem imagem, apenas para ouvir e,

enquanto os alunos ouvem será solicitado que façam desenhos

representando a mensagem que a música está transmitindo à cada um da

equipe. E a partir da compreensão, dos desenhos e conclusão de cada um

será solicitada a produção de um vídeo por grupo, o qual deverá conter a

música trabalhada, esses desenhos, uma mensagem ou resumo referente

ao(s) conceito (s) representado(s) na música, além de imagens que podem

ser extraídas da internet, de revistas ou jornais (escaneadas). Cada grupo

terá seu momento para ouvir a música e fazer seus desenhos;

5. Em seguida, será passado o vídeo produzido pelos 6 (seis) grupos fazendo

uma discussão sobre a percepção de cada um sobre a música;

6. Para finalizar as atividades será solicitada aos alunos uma produção de texto

ilustrado com desenhos próprios ou colagens, abarcando todos os conceitos

trabalhados, os quais resultaram em discussões em sala de aula e depois

expostos, juntamente com as demais atividades realizadas, em um painel que

será elaborado pela professora e os alunos, para apreciação dos demais

alunos da escola e para os pais representantes dos alunos envolvidos no

Projeto, no dia de reunião;

7. Por último, será elaborado um portfólio com fotos e as atividades

desenvolvidas: imagens dos slides da apresentação do Projeto, textos, letras

de músicas e atividades, textos ilustrados e sugestões de músicas e vídeos.

4.1 Atividade 1: Apresentação do Projeto

Org.: Paloco (2013)

Objetivo

Expor à Coordenação da escola e aos alunos o Projeto e as atividades, seu objetivo,

justificativa e os benefícios que trarão no processo de ensino-aprendizagem dos

envolvidos.

Conteúdo

� Geografia e seus conceitos (região, natureza/sociedade, paisagem, lugar,

espaço, território).

� Músicas.

Tempo

2h/aula

Material

Apresentação em Power Point, caderno, caneta.

Procedimento

� Informar aos alunos que a partir desse primeiro encontro eles estarão

participando de um Projeto criado pelo Governo do Estado do Paraná.

� Fazer a apresentação dos slides.

� Pedir para cada grupo escrever as dúvidas sobre o Projeto e as atividades

que serão desenvolvidas

Avaliação

Avaliar o grau de interesse dos alunos pelo Projeto, pelas atividades, pela disciplina

e seus conhecimentos prévios sobre o tema.

Feedback

Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos.

4.2 Atividade 2: Questionário sobre Música

Objetivo

Levantar o perfil dos alunos, seu gosto musical, seu conhecimento prévio sobre o

tema abordado e a utilização da música em sala de aula.

Conteúdo

� Geografia e seus conceitos (região, natureza/sociedade, paisagem, lugar,

espaço, território).

� Músicas.

Tempo

2h/aula

Material

Questionário, caneta.

Procedimento

� Explicar para os alunos o objetivo do questionário e como deve ser

preenchido.

� Distribuir o questionário para ser respondido.

� Recolher o questionário e tabular os dados.

Avaliação

Avaliar o grau de interesse dos alunos pela música, pela disciplina e seus

conhecimentos prévios sobre o tema.

Feedback

Fazer comentários das respostas dadas às questões.

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS: VERIFICAÇÃO DO USO DA MÚSICA NO DIA A DIA Colégio Estadual Olavo Bilac – Ensino Fundamental, Médio, Profissional e Normal Disciplina: Geografia Prof.: Josélia Oliveira Paloco Turma:________ Período:_________ Data: ___/___/___ 1 – Dados do aluno a) Gênero ( ) Masculino ( ) Feminino b) Idade ( ) 10 anos ( ) 11 anos ( ) 12 anos ( ) 13 anos ou mais c) Residente ( ) Zona urbana ( ) Zona rural 2 – O que é música para você? ( ) Lazer ( ) Meio de expressar ideias/sentimentos ( ) Arte ( ) Meio de ganhar a vida 3 – Você gosta de música? Por quê? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________ 4 – Que tipo de música você aprecia? ( ) Rock ( ) Funk ( ) Hip Hop ( ) Sertanejo ( ) Pagode ( ) Samba ( ) MPB ( ) Outras ___________________________________ 5 – Com que frequência você ouve música? ( ) Todos os dias ( ) De vez em quando ( ) Nunca 6 – Quando ouve uma música, você: ( ) presta a tenção na letra ( ) presta atenção só no ritmo ( ) percebe a mensagem que a música passa

7 – Você já ouviu música na escola? ( ) Sim ( ) Não 8 – Em qual ambiente da escola já ouviu música? ( ) Sala de aula ( ) Pátio ( ) Quadra ( ) Biblioteca 9 – Você acredita que a aula com música em sala: ( ) deixa a aula mais criativa ( ) tira/desvia a concentração ( ) contribui para compreensão do conteúdo 10 – Qual disciplina já utilizou a música para ensi nar em sala de aula? ( ) Matemática ( ) Português ( ) Geografia ( ) Inglês ( ) Historia ( ) Artes ( ) EF ( ) Ciências 11 – Você se lembra de alguma música que traz eleme ntos referentes a geografia, como por exemplo: território, lugar, paisagem, natureza, sociedade, etc.? Qual? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Muito obrigado! Org.: Paloco (2013)

4.3 Atividade 3: Conceitos Geográficos Cotidianos e Científicos

Objetivo

Adquirir noção básica da ciência geográfica e seus principais conceitos.

Conteúdo

� O ensino de Geografia e sua finalidade.

� Conceitos da ciência geográfica.

Tempo

5h/aulas

Material

Textos e atividades impressos, TV pendrive, caderno, caneta.

Procedimento

� Questionar o conteúdo, através das questões apresentadas.

� Fazer leitura coletiva e explicar o texto sobre a Geografia.

� Resolver as questões referentes ao texto.

� Resolver a atividade de registro dos conceitos cotidianos.

� Ler coletivamente e analisar o texto sobre os conceitos científicos da

Geografia.

Avaliação

Avaliar o grau de interesse dos alunos pelo Projeto, pelas atividades, pela disciplina

e seus conhecimentos prévios sobre o tema.

Feedback

Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos.

Nesta atividade, o estudo dos conceitos geográficos será desenvolvido, por

meio de aula expositiva dialoga, procurando confrontar os conceitos científicos da

Geografia com os conceitos cotidianos, ou seja, com os saberes que os alunos já

têm sobre a Geografia e seus principais conceitos: paisagem, lugar, região, território,

sociedade e natureza.

Portanto, estudaremos esses conceitos partindo de questões reflexivas, que

permitem aos alunos mostrar e discutir seus próprios conhecimentos.

Esta aula iniciará, então, a partir das seguintes questões:

Vocês sabem o que é Geografia?

Para que serve a Geografia?

Fonte (imagem): http://globomidia.com.br/educacao/professor#

Org.: Paloco (2013)

Depois de dialogar com os alunos sobre as questões acima e verificar seus

conhecimentos sobre o assunto, será distribuído, lido e discutido com eles o

seguinte texto:

Afinal de contas, o que é Geografia?

A Geografia é uma ciência criada há muitos séculos, na Grécia antiga. A própria palavra geografia tem origem na junção de dois termos de origem grega: geo: que significa terra e graphía que significa escrita. Assim, o termo Geografia significa escrita/descrição da Terra.

Mas quais motivos levaram os gregos a inventar e a estudar a Geografia? Os gregos foram muito poderosos na Antiguidade e ao longo de sua história conquistaram

muitos territórios. Para manter, portanto, á posse das novas áreas era necessário ter o conhecimento da natureza dessas terras e das sociedades humanas.

Com o tempo a Geografia foi adquirindo uma importância cada vez maior e, hoje ela é muito importante para a vida em sociedade. É a ciência que estuda como os seres humanos se relacionam entre si e com a natureza, ou seja, é a ciência que estudo o espaço geográfico.

A palavra espaço apresenta vários significados: espaço sideral, espaço aéreo, espaço matemático, espaço alternativo, entre outros. Porém, para a Geografia, o termo espaço está relacionado à ação humana, é fruto das modificações realizadas pelo homem ao longo da história, ou seja, espaço geográfico é o espaço no qual o homem vive e transforma. Ele compreende não somente as diferentes paisagens e lugares da terra, mas também as ações que as pessoas realizam nele.

Dessa forma, o estudo da Geografia é uma ferramenta fundamental para a compreensão do que acontece no espaço e na nossa vida. Com conhecimentos geográficos é possível entender as transformações, os acontecimentos e fenômenos que ocorrem nos mais diferentes espaços geográficos e, atuar como construtores do espaço geográfico de maneira mais significativa e racional.

Fonte: Adaptado de Tamdjian (2012); Lucci (2012); Maxi (2009) Org.: Paloco (2013)

Após a leitura e explicação do texto acima, será passado em folha sulfite, a

atividade abaixo, para contextualizar esse conteúdo e depois iniciar o estudo sobre

os conceitos básicos da Geografia.

Refletindo sobre o texto 1 – Defina a ciência Geográfica. 2 – Explique porque é importante estudar Geografia. 3 – Qual é o objeto de estudo da Geografia? 4 – O que é Espaço Geográfico?

5 – Você concorda que existem diferentes espaços g eográficos? Justifique sua resposta.

Os conceitos que veremos a seguir são importantes para o desenvolvimento

do raciocínio geográfico e fundamentais para o entendimento do espaço geográfico

em suas diferentes escalas.

Segundo Cavalcanti (2010), esses conceitos geográficos fazem parte da vida

cotidiana das pessoas e em geral elas possuem representações sobre eles, por isso,

o papel do ensino, sobretudo do educador, é o de promover o encontro desses dois

tipos de conceitos, uma vez que, os conceitos científicos têm o papel de propiciar a

formação de estruturas para a conscientização e ampliação de conceitos cotidianos,

possibilitando, dessa maneira, o desenvolvimento intelectual.

Dentro desse contexto, serão expostas as questões abaixo, para refletir e

registrar os conceitos que os alunos têm sobre cada um dos conceitos geográficos

apresentados: natureza, paisagem, lugar, região, território e sociedade:

1 - Vocês sabem o que é uma paisagem? 2 - E um lugar, o que é? 3 - Como podemos definir natureza? 4 - Território e região são as mesmas coisas? 5 - Mas e sociedade??? Fonte (imagens): http://www.boardsolutions.com.br/lousas-escolares/lousa-verde; http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-desenhos-animados-do-globo-do-mundo- image16346357 Org.: Paloco (2013)

As questões descritas na imagem acima serão apresentadas de forma

cronológica aos alunos, pois, ao discutir e refletir sobre cada indagação eles

registrarão, de acordo com seus saberes, suas definições, através da seguinte

atividade:

Conceitos cotidiano s

Para mim paisagem é...

Eu entendo que a natureza é ...

Mas o que é lugar? Eu defino lugar

assim...

Posso dizer que região é ...

Eu sei que território corresponde a...

E o que é sociedade? Há, eu sei que

sociedade é...

Fonte (imagem): http://portal.ifrn.edu.br/campus/natalcentral/noticias/alunos-sao-classificados-para-a-2o-fase-da-olimpiada-nacional-de-geografia Org.: Paloco (2013)

Depois do registro dos conceitos cotidianos será distribuído e, mostrado

através da TV pendrive, um quadro que traz um resumo dos significados teóricos

dos conceitos geográficos trabalhados, possibilitando fazer uma breve comparação

entre estes e as definições que foram dadas pelos alunos. Observe a seguir:

Para ler e analisar

Lugar

É a parte ou porção do espaço em que vivemos. O lugar é onde as pessoas moram, estudam, trabalham, consomem, ou seja, realizam as atividades cotidianas. É no lugar que as pessoas desenvolvem o sentimento de pertencimento a determinado grupo social, já que se trata de espaços familiares, de vivência e de experiência.

Paisagem

É tudo aquilo que nossa visão alcança em determinado momento. Porém, ela não é formada somente pelos objetos concretos e estáticos, dela faz parte também os fluxos de pessoas, informações e mercadorias, além dos aspectos imateriais, como sons, odores e texturas que podem ser percebidos pelo observador. Todos os trechos da superfície terrestre, habitadas ou não, modificadas ou não, constituem paisagens.

Região

É uma porção da superfície terrestre que apresenta certa homogeneidade em relação a aspectos naturais, culturais, econômicos ou políticos, que a diferencia das demais partes do espaço.

Território

Porção do espaço delimitada pelas relações de poder entre determinados agentes sociais: indivíduos, grupos de pessoas, empresas, Estado, etc.

Natureza

É um elemento fundamental do ambiente. Esse termo, geralmente, se refere aos fenômenos naturais da Terra e da vida em geral. Seu conceito é bastante amplo e complexo, envolvendo muitas áreas do pensamento científico e filosófico. Em determinados contextos, podem ser encontradas ora uma visão romântica, ora uma visão utilitária, nas quais ela pode ser vista como hostil ou como amiga e virtuosa.

Sociedade

Refere-se aos grupos de indivíduos (grupos sociais) que mantêm diversos tipos de relações entre si. Cada grupo social atua e estabelece as relações entre seus membros, de acordo com um conjunto de regras ou normas. Essas regras ou normas, que de certo modo, regulam a maneira de agir das pessoas, podem ser combinadas pelos membros dos próprios grupos e variam conforme a opinião e o modo de pensar de seus membros.

Fonte: Adaptado de Lucci (2012); Moreira (2012); Cavalcanti (2010) Fonte (imagem): http://www.fotosdahora.com.br/clipart/cliparts_categorias/escola/index.asp?pagina=3 Org.: Paloco (2013)

4.4 Atividade 4: Conceitos Geográficos em Músicas

Serão trabalhadas as músicas abaixo, representando os conceitos

geográficos de acordo com a percepção que cada aluno tem da música a ser

trabalhada.

PLANETA ÁGUA Guilherme Arantes EU TE AMO, MEU BRASIL Guilherme/Santiago O HOMEM E A NATUREZA Blindagem PAISAGEM NA JANELA Milton Nascimento ANJOS DAS RUAS Rosa de Saron MEU REINO ENCANTADO Daniel

Objetivo

Relacionar e identificar na música os conceitos geográficos estudados.

Conteúdo

� Conceitos de Geografia (região, natureza/sociedade, paisagem, lugar,

espaço, território).

� Música.

Tempo

15h/aulas

Material

Letra de música, questões, caderno, caneta, lápis de cor, canetinha, régua, papel

sulfite, borracha, Pen Drive.

Procedimento

� Dividir a turma em 6 (seis) grupos;

� Explicar aos alunos o objetivo da atividade;

� Distribuir uma letra de música para cada grupo e pedir para que leiam e

discutam;

� Tocar as músicas na TV Pen Drive, trabalhando com um grupo de cada vez;

� Fazer desenho representando a música trabalhada;

� Distribuir um questionário para responderem em sala.

Avaliação

Avaliar o grau de interesse dos alunos pelas atividades, pela música e o

desenvolvimento dos seus conhecimentos sobre o tema.

Feedback

Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos durante a realização da atividade

e comentar as respostas dadas às questões.

Fonte (símbolo musical): http://es.dreamstime.com/photos-images/notas-musicales.html.

1. Qual é o estilo dessa música?

2. Qual é a mensagem principal dessa música? Expliq ue.

3. Retire da letra da música frases que representem os conceitos geográficos.

4. A música mostra alguma situação que é semelhante ao lugar onde você vive?

Explique.

5. Você concorda com a mensagem que a música passa sobre a natureza? Explique.

6. O que mais chamou a sua atenção ao ouvir a músic a? Explique.

7. O que você sentiu, imaginou e pensou enquanto ou via a música? Explique.

Interpretando as músicas

4.5 Atividade 5: Produção de Vídeo

Fonte: http://sandraagueraalcova.blogspot.com.br/

Objetivo

Tornar a disciplina mais prazerosa ao aluno ao sugerir que ele produza um vídeo

retratando, segundo sua compreensão, o que a música trabalhada na aula anterior

transmitiu.

Conteúdo

� Conceitos de Geografia (região, natureza/sociedade, paisagem, lugar,

espaço, território).

� Música.

Tempo

3h/aula

Material

Letra de música, caderno, caneta, papel sulfite, TV Pen Drive. Pen Drive, desenhos.

Figuras, imagens.

Procedimento

� Dividir a turma em 6 (seis) grupos;

� Explicar aos alunos o objetivo da atividade;

� Utilizar a música e os desenhos da atividade anterior;

� Apresentar os vídeos dos 6 (seis) grupos fazendo uma discussão sobre a

percepção de cada um sobre a música.

Avaliação

Avaliar o grau de interesse dos alunos pelas atividades, pela música e o

desenvolvimento dos seus conhecimentos sobre os conceitos geográficos.

Feedback

Esclarecer as dúvidas no momento da produção e apresentação.

4.6 Atividade 6: Painel

Objetivo

Tornar a disciplina mais prazerosa ao aluno ao sugerir que ele elabore um Painel

mostrando as atividades que realizaram no Projeto.

Conteúdo

� Conceitos de Geografia (região, natureza/sociedade, paisagem, lugar,

espaço, território).

� Música.

Tempo

3h/aulas

Material

Letra de música, caneta colorida, papel sulfite, cartolina, canetão, foto, textos,

desenhos, cola, tesoura, papel craft.

Procedimento

� Dividir a turma em 6 (seis) grupos;

� Explicar aos alunos o objetivo da atividade;

� Apresentar e dividir todo o material produzido durante as atividades entre os

grupos;

� Pedir aos alunos (em grupo) para montarem uma parte do painel (em sala)

com o material recebido;

� Convidar os alunos a fixarem o Painel no corredor da escola, para

compartilhar com os demais alunos e professores;

� Tirar foto do Painel, para anexar as demais atividades do Portfólio.

Avaliação

Avaliar o grau de aprendizagem e interesse dos alunos pelas atividades, pela

disciplina/música e o desenvolvimento dos seus conhecimentos sobre o tema.

Feedback

Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos.

4.7 Atividade 7: Portfólio

Fonte:http://priscilagarciacomunicando.blogspot.com.br/2011/10/importancia-de-se-ter-um-portfolio.html

Objetivo

Tornar a disciplina mais atrativa para o aluno ao sugerir que ele elabore um Portfólio

(a ser doado à Biblioteca) retratando as atividades que participou durante o projeto

inserindo as fotos, desenhos e textos, letras de músicas, atividades, compartilhando

com os demais alunos e professores da escola.

Conteúdo

� Conceitos de Geografia (região, natureza/sociedade, paisagem, lugar,

espaço, território).

� Música.

Tempo

2h/aula

Material

Letra de música, caneta colorida, papel sulfite, canetão, foto, textos, desenhos, cola,

tesoura, pasta.

Procedimento

� Dividir a turma em 6 (seis) grupos;

� Explicar aos alunos o objetivo da atividade;

� Apresentar e dividir todo o material produzido durante as atividades entre os

grupos;

� Pedir aos alunos (em grupo) para organizar o material recebido por data;

� Convidar os alunos à entregar o Portfólio na Biblioteca para que seja

catalogado;

Avaliação

Avaliar o grau de interesse dos alunos pelas atividades, pela disciplina/música e o

desenvolvimento dos seus conhecimentos sobre o tema.

Feedback

Esclarecer as dúvidas apresentadas pelos alunos.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia : ciência da sociedade. São Paulo: Atlas, 1987. CARNEY, George O. Música e lugar. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.). Literatura, música e espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007.

CASTRO, Daniel de. Geografia e música: a dupla face de uma relação. Espaço e Cultura , UERJ, n. 26, p. 7-18, Jul./Dez., 2009. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos . 16. ed. Campinas: Papirus, 2010. CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Literatura, música e espaço: uma introdução. In: CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.). Literatura, música e espaço. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007. CORREIA, Marco Antonio. Representação e ensino a música nas aulas de geografia: emoção e razão nas representações geográficas. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2009, 118p. LUCCI, Elian Alabi. Geografia : homem & espaço: 6º ano. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. MAXI. Ensino Fundamental II : livro integrado. 6o ano. 1o bimestre. Sistema Maxi de Ensino. 2. ed. Londrina: Maxiprint, 2009. MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia : pequena história Crítica. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 1987. MOREIRA, Igor. Mundo da geografia : 6º ano. Curitiba: Positivo, 2012. OLIVEIRA, Helio Carlos Miranda de et al. A música como um recurso alternativo nas praticas educativas em geografia: algumas reflexões. Caminhos de Geografia , v. 8, n. 15, p. 73-81, jun., 2005. OLIVEIRA, Victor Hugo Nedel; HOLGADO, Flávio Lopes. Conhecendo novos sons, novos espaços: a música como elemento didático para as aulas de geografia. Para Onde!? , v. 6, n. 2, p. 197-205, jul./dez. 2012. PANITZ, Lucas Manassi. Por uma geografia da música: um panorama mundial e vinte anos de pesquisas no Brasil. Para Onde!?, v. 6, n. 2, p. 110, jul./dez. 2012. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares de geografia para a educação básica . Paraná: Memvavmem, 2008. REICHWALD JUNIOR, Guilherme; SCHAFFER, Neiva Otero; KAERCHER, Nestor Andre. A geografia no ensino médio. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et al. (orgs.) Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 4. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2003. p. 169-172. SANTOS, M. Espaço e método . São Paulo: Nobel, 1985. SILVA, Marcelo Marchioretto da. O uso da linguagem musical no ensino de geografia. 81p. Monografia (Geografia). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.

SOMMA, Miguel Liguera. Alguns problemas metodológicos no ensino de geografia. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et al. (orgs.) Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 4. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2003. p. 163-168. TAMDJIAN, James Onnig. Geografia : estudos para a compreensão do espaço: como funciona o mundo, 6º ano. São Paulo: FTD, 2012. TOMITA, Luzia Mitiko Saito. Os desafios de aprender e ensinar geografia. In: ASARI, Alice Yatiyo; MOURA, Jeani Delgado Paschoal; LIMA, Rosely Maria de. Múltiplas geografias: ensino, pesquisa, reflexão. v. VII, Londrina: UEL, 2012. VIANA, Graciane; MOURA, Jeani Delgado Paschoal. O uso de linguagens no ensino de geografia: possibilidades de apreensão do espaço. In: ASARI, Alice Yatiyo; MOURA, Jeani Delgado Paschoal; LIMA, Rosely Maria de. Múltiplas geografias: ensino, pesquisa, reflexão. v. VII, Londrina: UEL, 2012. VESENTINI, José William. Educação e ensino da geografia: instrumentos de dominação e/ou de libertação. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). A geografia na sala de aula . 8. ed. 5. reimp. São Paulo: Contexto, 2010. p. 14-33.

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS/IMAGENS

http://www.boardsolutions.com.br/lousas-escolares/lousa-verde. Acesso em: 11 de nov. 2013

http://pt.dreamstime.com/fotografia-de-stock-royalty-free-desenhos-animados-do-globo-do-mundo-image16346357. Acesso em: 11 de nov. 2013 http://portal.ifrn.edu.br/campus/natalcentral/noticias/alunos-sao-classificados-para-a-2o-fase-da-olimpiada-nacional-de-geografia. Acesso em: 11 de nov. 2013 http://globomidia.com.br/educacao/professor#. Acesso em: 11 de nov. 2013 http://es.dreamstime.com/photos-images/notas-musicales.html. Acesso em: 11 de nov. 2013 http://www.fotosdahora.com.br/clipart/cliparts_categorias/escola/index.asp?pagina=3. Acesso em: 11 de nov. 2013 http://sandraagueraalcova.blogspot.com.br/. Acesso em: 18 de out.2013. http://priscilagarciacomunicando.blogspot.com.br/2011/10/importancia-de-se-ter-um-portfolio.html. Acesso em: 18 de out., 2013.

APÊNDICE – Apresentação do Projeto