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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
IMPLANTAÇÃO DE HORTA ESCOLAR ORGÂNICA COMO OBJETO
DE ESTUDO VISANDO À CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE A
IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Autor: Amilton Roberto Agnolin 1
Orientador: Carlos Moacir Bonato 2
Resumo
A escola contribui no processo de inserção de crianças e jovens, oferecendo instrumentos de compreensão da realidade e favorece a sua participação em relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas. Visando a formação de cidadãos solidários, conscientes e participativos, a educação deve relacionar teorias e práticas. Para tanto é necessária a busca contínua de informações como processo que auxílie a construção de valores que lhe são significativos. A escola é um espaço privilegiado para a promoção da saúde e desempenha papel fundamental na formação de valores, hábitos e estilos de vida, entre eles o da alimentatação. Objetivando a formação de cidadãos solidários, conscientes e participativos, implantou-se a horta escolar orgânica, visando criar condições para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis, propiciando aulas práticas, agradáveis, contribuindo para a socialização da turma e construindo experiências valiosas para a vida. A utilização do espaço escolar para o cultivo da horta organica, conscientizando sobre hábitos alimentares mais saudáveis, proporcionou a mudança de comportamento, permitiu contato direto com o ambiente natural e propiciou o estudo concreto, levando à reflexão da necessidade de conservação dos recursos naturais. Além disso, o projeto oportunizou o conhecimento sobre a homeopatia vegetal, como mais uma ferramenta para produzir alimentos saudáveis a custos relativamente baixos e impacto ambiental nulo.
Palavras-chave: Hortaliças; manejo de horta; educação ambiental.
____________________
¹ Participante do Programa PDE, turma 2013. Professor do C.E. do Campo Santo Rei – EFM e C.E.
Professor João Farias da Costa - EFM de Nova Cantu-Pr. Especialista em Educação Matemática pela Faculdade FECILCAM de Campo Mourão-Pr., e Educação do Campo pela Faculdade DOM BOSCO de Curitiba-Pr. Email: [email protected]
² Orientador do Programa PDE. Professor da Universidade Estadual de Maringá – Maringá - PR.
Departamento de Biologia. Doutor em Fisiologia Vegetal pela Universidade UFV de Viçosa-MG. Email: [email protected]
1 INTRODUÇÃO
A instituição escolar é responsável pela formação de cidadãos,
proporcionando conhecimentos e possibilidades voltados para a ação reflexiva,
tornando possível, através de dados, teorias, reflexões e práticas, construir no
coletivo, amplo projeto de mudança social e cultural. Para ter ação competente e
socialmente comprometida, precisa ter clareza sobre sua função social, ou seja, que
tipo de homem se quer formar. Cabe à escola, garantir aprendizagem de certas
habilidades e conteúdos que serão necessários para a vida em sociedade e o
exercício de sua cidadania. A escola pode contribuir no processo de inserção de
crianças e jovens, ao oferecer instrumentos de compreensão da realidade e
favorecer a sua participação em relações sociais diversificadas e cada vez mais
amplas.
A disciplina de ciências tem como objeto de estudos o conhecimento científico
que resulta da investigação da natureza. Do ponto de vista científico, entende-se por
natureza o conjunto de elementos integrados que constitui o universo e toda a sua
complexidade. Ao ser humano, cabe interpretar racionalmente os fenômenos
observados na natureza, resultantes das relações entre elementos fundamentais
como tempo, espaço, matéria, movimento, força, campo, energia e vida (DCE –
Ciências, 2008).
A ciência é uma atividade humana complexa, histórica e coletivamente
constituída, que influencia e sofre influência de questões sociais, tecnológicas,
culturais, éticas e políticas (KNELLER, 1980; ANDREY ET AL., 1998).
As relações entre os seres humanos com os demais seres vivos e com a
natureza ocorre pela busca de condições favoráveis de sobrevivência. Contudo, a
interferência humana sobre a natureza possibilita incorporar experiências, técnicas,
conhecimentos e valores produzidos na coletividade e transmitidos culturamente.
Sendo assim, a cultura, o trabalho e o processo educacional asseguram a
elaboração e a circulação do conhecimento e estabelecem novas formas de pensar,
de compreender a natureza e de se apropriar de seus recursos.
Visando a formação de cidadão consciente e participativo, a educação no
ensino de ciências, deverá estar sempre relacionando teoria e prática, permitindo ao
educando compreender o mundo científico ao redor. Para tanto é necessária a
busca contínua de informações, como processo de auxílio de valores que lhe são
significativos. A escola é um espaço privilegiado para a promoção da saúde e
desempenha papel fundamental na formação de valores, hábitos e estilos de vida,
entre eles o da alimentação.
A promoção de alimentação saudável no espaço escolar subentende a
integração de ações de estímulos à adoção de hábitos alimentares, através de
atividades educativas que informem e motivem as escolhas individuais, abordando
entre outros, questões como: problemática na alimentação, contaminação do
alimento e consumo consciente.
Assim, observando a crescente curiosidade dos alunos em relação aos
alimentos naturais saudáveis, e consciente de que o tema deve ser inserido nas
práticas pedagógicas, se justificou a elaboração de um projeto simples, porém
significativo para a construção de hábitos alimentares mais saudáveis.
2 REVISÃO DE LITERATURA
As Diretrizes Curriculares de Ciências para a Educação Básica, do Estado do
Paraná, propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o mundo, que
compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que,
pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e
transformadora na sociedade (PARANÁ, 2008).
2.1 O ensino de Ciências
As aulas de Ciência devem colaborar para a compreensão do mundo e suas
transformações, entendendo o ser humano como indivíduo participativo e integrante.
Os conceitos da área de ciências contribuem para a ampliação das explicações
sobre os fenômenos da natureza, para o entendimento e o questionamento das
diferentes maneiras de nela intervir e, ainda, para o entendimento das mais diversas
formas de utilizar e reutilizar os recursos naturais.
2.2 A horta escolar orgânica
A conscientização para a implantação da horta orgânica na escola ou em
casa requer mudança de atitude e esforço, porém, não é difícil construir. Basta um
espaço disponível onde incida bastante luz. A partir daí, é só construir os canteiros,
planejar o que vai ser cultivado, selecionar a adubação e as sementes à serem
utilizadas. Com isso, pode-se obter hortaliças (legumes, temperos entre outros),
conhecendo sua origem e certificar-se de que são saudáveis para o consumo
humano. No entanto, é preciso preparar a terra, espalhar e incorporar o adubo no
solo e irrigar os canteiros. Além de fácil condução, a horta é uma fonte barata de
alimentos, servindo também como satisfação a quem cuida e produz parte de seu
alimento.
Na horta, aprendemos sobre os ciclos alimentares e integramos os ciclos naturais dos alimentos aos nossos ciclos de plantio, cultivo colheita, compostagem e reciclagem. Através desta prática, aprendemos ainda que a horta como um todo está inserida em sistemas maiores que também são redes vivas, com seus próprios ciclos. Os ciclos dos alimentos integram com esses ciclos maiores – o ciclo da água, o ciclo das estações e assim por diante, que são todos filamentos da rede planetária da vida. (CAPRA, 2003 , p. 27).
2.3 Meio Ambiente
A possibilidade de tratar o Meio Ambiente como tema transversal, através do
espaço horta orgânica, é fortalecida com a promulgação da Lei n° 9.795/99, que
dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação
Ambiental. A presença da horta escolar orgânica pode significar a existência de um
espaço onde o ensino e o exercício de algumas atividades, auxiliariam a
administração e a assimilação de conteúdos, procedimentos e atitudes, na
direção da conscientização de hábitos alimentares saudáveis por meio do
manuseio.
2.4 Horta escolar orgânica e a alimentação saudável
Os vegetais da horta orgânica escolar podem ser colhidos em estádio correto
e consumidos frescos, permitindo melhorar o sabor e o seu valor nutritivo. Os
alimentos com o tempo perdem sua qualidade, um processo natural, por esta razão,
colher e consumir as hortaliças frescas trazem grandes benefícios para a saúde
humana.
Hortaliças são plantas ou partes destas, como raiz, tubérculos, folhas, flores e frutos, que são utilizados para a complementação da nossa alimentação básica. Estas possuem em sua constituição vitaminas, sais minerais e fibras que são essenciais para o bom funcionamento do organismo humano. As principais vitaminas encontradas nas hortaliças são as seguintes: vitamina
A, vitamina C, vitamina B, vitamina K; e os sais são: cálcio, fósforo e ferro. (ARAÚJO, 1986, p.13).
Esses alimentos devem estar presentes diariamente nas refeições, pois
contribuem para a proteção da saúde e a diminuição do risco de ocorrência de
doenças.
As hortaliças estão inseridas no grupo dos alimentos chamados de
reguladores e recebem esse nome porque regulam as funções do organismo, como
facilitadores da digestão, da absorção dos demais nutrientes, protegem a pele, a
visão, os cabelos, os dentes, aumentam a resistência contra infecções, melhoram o
funcionamento intestinal, entre outras.
A conscientização de hábitos alimentares saudáveis no contexto de horta
escolar orgânica, precisa refletir sobre fatores que envolvam as relações físicas,
químicas, biológicas e ecológicas na produção de alimentos. A vida que existe no
interior do solo é a base da produção vegetal e animal. O universo não visível
articula milhões de organismos vivos, sendo matéria prima na produção de alimento,
se estiver em condições adequadas.
Segundo LEFF (2005, p. 324):
A qualidade de vida depende da qualidade do ambiente para chegar a um desenvolvimento equilibrado e sustentável (a conservação do potencial produtivo dos ecossistemas, a valorização e preservação da base de recursos naturais, a sustentabilidade ecológica do habitat) [...].
Refletir sobre ações praticadas que permeia o desenvolvimento sustentável é
fundamental para que as mudanças possam efetivamente ocorrer.
BRANCO (2002) relata que com aumento da população será necessário o
aumento da produção de alimentos, mas que isso só é possível com o aumento da
produção de alimentos por área cultivada, isso tem levado ao uso indiscriminado de
produtos químicos. Segundo o autor:
A aplicação de produtos químicos, várias vezes ao ano, em cada metro quadrado de lavoura, tornou-se, evidentemente, o melhor e o mais seguro negócio possível para quem os produz e vende. Como resultado, cada grão, folha ou fruto ingerido pelo homem neste planeta contém uma dose desses produtos. A carne, o leite e os ovos acham-se igualmente contaminados, uma vez que os animais que os produzem também ingerem vegetais submetidos ao mesmo tratamento. Basta dizer que o Brasil consome mais
de 80 mil toneladas de agrotóxicos por ano, para se ter uma ideia do que está sendo continuamente agregado ao meio ambiente, alterando sua composição. Parte desse material incorpora-se às plantas; outra ao solo. Grande parte é transportada aos rios pela chuva; outra é degradada no próprio ambiente por microrganismos capazes de transformá-la em compostos menos nocivos. (BRANCO, 2002, p. 69-70).
Diante deste cenário, a alimentação saudável está seriamente comprometida,
colocando em risco a qualidade dos alimentos produzidos.
Segundo BROWN (1992 apud TAMOIO, 2002, p. 23), a “Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente considera que a solução dos problemas
ambientais passa obrigatoriamente pela educação”. Diante da carência de
sensibilidade das pessoas em produzir alimentos orgânicos saudáveis, a educação
se faz ainda mais necessária, no sentido de se promover mudança de valores e
atitudes.
De acordo com MOREIRA (1999, apud PARANÁ, 2008, p. 62):
As relações que se estabelecem entre o que o estudante já sabe e o conhecimento específico a ser ensinado pela mediação do professor não são arbitrárias, pois dependem da organização dos conteúdos; de estratégias metodológicas adequadas; de material didático de apoio potencialmente significativo; e da “ancoragem” em conhecimentos especificamente relevantes já existentes na estrutura cognitiva do estudante.
Ainda segundo TAMOIO (2002, p. 35):
A escola deve desempenhar, junto à comunidade, a função social de transformação e auto-superação, no qual o processo de elaboração destes com o seu espaço natural e social é vital para uma Educação Ambiental comprometida com as transformações do contexto sociocultural.
Para tanto, entende-se que práticas de conservação do solo e diminuição do
uso de agrotóxicos devem ser adotadas para garantir a sustentabilidade e o
equilíbrio na natureza.
2.5 Homeopatia Vegetal
A homeopatia vegetal é uma dessas práticas que, além de garantir a sanidade
das plantas, pode levar a um aumento significativo na produção de orgânicos. Esta
tecnologia social é um método que apresenta baixo custo, além de ser
ecologicamente aceito e correto, atendendo aos critérios da produção de orgânicos.
Sendo uma ciência, a homeopatia não tem dono, e pode ser utilizada de diversas formas por todos, e em todos os seres vivos, sejam eles o homem, os animais, as plantas e os microrganismos presentes no solo e em outros locais. (BONATO, 2010, pag. 6).
A homeopatia aplicada à horta orgânica pode ser mais uma ferramenta de
grande valor para produzir alimentos saudáveis, a custo relativamente baixo e
impacto ambiental nulo.
Diante disso, é importante contemplar no Ensino Fundamental, a produção de
alimentos orgânicos para garantir alimentação saudável e com o solo em equilíbrio,
formando assim, cidadãos capazes de agir contra a degradação do meio ambiente e
como consequência melhorar a qualidade de vida.
3 DESENVOLVIMENTO
A Implementação do projeto da horta escolar orgânica como objeto de estudo
visando a conscientização sobre a importância da alimentação saudável, foi
desenvolvido através de unidade didática, com os alunos do 8º ano da disciplina de
ciências do período matutino do Colégio Estadual do Campo Santo Rei – EFM,
distrito de Santo Rei, Município de Nova Cantu – Pr., e com a comunidade, visando a
conscientização de que alimentos saudáveis proporciona melhoras significativas na
qualidade de vida das pessoas.
Inicialmente foi apresentado a proposta de intervenção pedagógica para a
direção, equipe pedagógica, professores, funcionários, pais e alunos, explicando os
objetivos e o que seria trabalhado no decorrer do projeto.
Com a finalidade de conhecer a realidade dos alunos envolvidos, foi
disponibilizado questionário para ser preenchido com a família sobre: onde mora;
possui horta em sua residência; quantas vezes na semana consomem hortaliças nas
refeições, para fazer o comparativo no final do projeto de aspectos relacionados ao
hábito alimentar.
Foram realizadas pesquisa, sobre os temas: o que se entende por horta
orgânica; que tipo de vida existe no solo; quando uma alimentação pode ser
considerada saudável; é possível produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos e o
que é homeopatia vegetal.
A apresentação dos trabalhos foi organizada em forma de seminário, com
exposição de cartazes com imagens e frase de efeito. Cada grupo apresentou o
resultado da sua pesquisa para os demais grupos.
Os alunos pesquisaram junto às merendeiras quais hortaliças (legumes,
temperos e/ou ervas medicinais) seriam mais comuns o uso na comunidade escolar.
Realizou-se pesquisa sobre nome popular e científico das hortaliças
(legumes, temperos e/ou ervas medicinais) que poderiam ser cultivadas na horta
orgânica da escola.
A organização dos canteiros, ocorreu de acordo com o espaço disponível,
sendo 12 m de comprimento e 1,40 m de largura, com espaçamento de 0,60 m entre
os canteiros.
A preparação dos canteiros foi orientada por membros da própria
comunidade, convidado para falar aos alunos envolvidos no projeto sobre a
importância da preparação e adubação do solo para o bom desenvolvimento das
plantas. Foi utilizado esterco bovino e de aves, recolhidos das propriedades
próximas à escola para o preparo dos canteiros.
A semeadura de diversas hortaliças ocorreu nas bandejas preenchidas com
substratos, nas condições ambientais ideais para a germinação das sementes,
observando a profundidade e a época do plantio.
O transplante ocorreu em dia nublado, juntamente com a identificação dos
canteiros de cada hortaliça para acompanhamento. Com o cuidado de retirar as
plantas invasoras dos canteiros, afofar a terra, nivelar e fazer as covas de acordo
com o espaçamento recomendado. Escolhida as mudas maiores e mais saudáveis
para o transplante, retirando-as da bandeja com cuidado. Fixou-se cada planta no
solo, deixando levemente pressionada ao redor da muda, em seguida molhamos
todos os canteiros. Neste momento pode ser observado pelos alunos, o
desenvolvimento da plântula, o seu enraizamento e o formato das raízes, bem como
a função de absorção de água e nutrients do solo.
As mudas de plantas aromáticas e medicinais foram acondicionadas nos
canteiros de forma que se tornaram atrativos e/ou repelentes naturais dos insetos
invasores.
O acompanhamento do desenvolvimento das hortaliças, tomou-se os devidos
cuidados para seu crescimento sadio, com visitas periódicas de observação,
molhando e retirando as plentas invasoras, cuidando bem da saúde dos vegetais
cultivados.
A colheita e consumo observou-se o ciclo de vida dos vegetais e relacionou
os nutrientes que se fazem presentes em diversos tipos de vegetais, bem como os
benefícios para a alimentação humana. Retirando com cuidado as folhas e/ou
plantas mais desenvolvidas, tendo cuidado para deixar em boas condições as
demais para colheitas posteriores.
Durante o desenvolvimento das plantas aconteceu pesquisas diversas sobre
homeopatia vegetal e à utilização da homeopatia para melhorar a qualidade e
baratear custos de produtos produzidos organicamente.
Os alunos descreveram em relatos, as atividades desenvolvidas. Estes relatos
conteve descrições e análises com ponto de vista das atividades realizadas e
possibilitou a reflexão e a ação do educando na comunidade.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A educação ambiental efetivou-se como preocupação no âmbito da educação
mundial. Ao lançar um olhar sobre a evolução da humanidade, percebe-se que o
homem, ao longo dos tempos, colocou em ação sua capacidade de construir
tecnologias que levasse a sua emancipação social e econômica. Por outro lado,
provocou modificações no espaço natural, tornando-se gerador de transformações
no meio em que vive.
É fundamental o surgimento de nova percepção da realidade, que promova a
revitalização das comunidades educativas, comerciais, políticas, de assistência à
saúde e da vida cotidiana, de modo que os princípios ambientais se manifestem
como princípios de educação, de administração e de política (CAPRA, 1994). Dessa
forma, o âmbito educacional como espaço de construção e socialização de
conhecimentos tem o papel essencial de formar cidadãos comprometidos com os
problemas do mundo no qual habitam.
Os gráficos 1, 2 e 3 apresentam os resultados referentes às respostas dos
estudantes aos questionários ocorridos antes e após as atividades propostas
relacionadas ao tema em discussão, ou seja, implantação de horta escolar orgânica
como objeto de estudo visando a conscientização de alimentação saudável. As
questões aplicadas antes das atividades, mostrou equilíbrio entre alunos residentes
na área rural e no distrito. Por outro lado, observou aumento no número de famílias
com horta em suas residências, juntamente com o consumo de hortaliças em mais
dias na semana. A conscientização e a abordagem metodológica, utilizada no
desenvolvimento das atividades, propiciou mudanças significativas na produção das
hortaliças e nos hábitos alimentares mais saudáveis, como observa-se nos gráficos a
seguir:
Gráfico 1 – Local da residência dos estudantes, antes e depois das atividades propostas relacionadas à implantação de horta escolar orgânica como objeto de estudo visando a conscientização da alimentação saudável. Fonte: Questionário 2013
Gráfico 2 – Número de estudantes que possuem horta, antes e depois das atividades propostas relacionadas à implantação de horta escolar orgânica como objeto de estudo visando a conscientização da alimentação saudável. Fonte: Questionário 2013.
Gráfico 3 – Número de dias na semana em que os estudantes consomem hortaliças, antes e depois das atividades propostas relacionadas à implantação de horta escolar orgânica como objeto de estudo visando a conscientização da alimentação saudável. Fonte: Questionário 2013.
Dispor da horta orgânica no quintal de casa é o meio mais seguro de garantir
a procedência e o frescor do alimento à mesa. Muitos lamentam não ter espaço
amplo e iluminado o bastante para cultivar suas próprias frutas, verduras e legumes,
porém basta um pequeno espaço de terra com incidência de luz direta por algumas
horas ao dia, para criar uma horta produtiva e isenta de agrotóxicos e insumos
artificiais. Hortaliça cultivada organicamente é sinônimo de alimento mais saudável e
com sustentabilidade, afinal, seu plantio contribui para a preservação da fertilidade
do solo, da qualidade da água e dos demais recursos naturais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A possibilidade de utilizar o espaço escolar para o cultivo da horta organica,
visando a conscientização de hábito alimentar saudável, se torna mais uma
metodologia de ensino para acontecer de fato a mudança comportamental relativo a
alimentação. Desenvolver projeto sobre Horta Orgânica no Estabelecimento de
Ensino propicia o resgate dos saberes dos alunos, em relação ao conteúdo que se
pretende trabalhar, constituindo-se o ponto de partida para o processo de ensino e
aprendizagem com o manuseio de produtos orgânicos, desde o plantio até a
colheita. Nosso dever enquanto educador é promover situações que despertem o
interesse nos alunos em relação à qualidade de vida e muitas vezes não nos damos
conta de como é importante as pequenas atitudes.
A horta orgânica na escola, permite o contato direto com o ambiente natural,
proporcionando o estudo concreto, despertando a responsabilidade com o mesmo,
pois a horta é um espaço cheio de organismos vivos.
Torna-se importante desenvolver nos alunos, a consciência e a reflexão dos
problemas ambientais vivenciados. A prática sustentável da Horta Escolar Orgânica
favorece a discussão da viabilidade de implementação nas escolas, levando o aluno
a entender que é necessário alimentação saudável para ter qualidade de vida. É
papel da escola formar multiplicadores que ajudem a cuidar do meio ambiente.
A importância do presente projeto para a Escola Pública, reside,
principalmente no fato de trazer informações pertinentes a alimentação mais
saudável, através dos produtos orgânicos cultivados na horta escolar, além de serem
utilizados na merenda escolar, os alimentos produzidos em excesso podem ser
repassados para famílias carentes. Também há o incentivo para que os alunos
levem para casa aquilo que aprendem sobre a alimentação saudável, como montar
uma horta, querer repassar essa aprendizagem para os pais e construir a horta
orgânica em sua residência. Podendo no mínimo, produzir tempero verde, sem
precisar recorrer aos supermercados, podendo estar se alimentando com qualidade.
A importância de se ter alimentação saudável, envolve conhecimentos
essenciais a serem adquiridos e também valores e atitudes a serem desenvolvidos
pelos alunos, além disso, a horta na escola propicia aulas práticas e agradáveis.
Através de projetos como este, oportuniza aos alunos conciliar teoria e prática,
aplicando o que aprende em aula, levando uma experiência valiosa para a vida. A
participação nas atividades do projeto, melhora a socialização da turma e também
leva os mesmos a reflexão da necessidade de conservação dos recursos naturais,
sem contar as pesquisas sobre os alimentos e valores nutricionais, receitas que
podem ser feitas e elaboradas junto com as merendeiras.
O cultivo dos legumes e hortaliças preferidos pela maioria acrescenta muito
mais na merenda da escola, agregando mais sabor e saúde na mesa e na vida dos
alunos. Os alunos consomem os produtos cultivados sem agrotóxicos, enriquecem a
merenda escolar, fica em contato direto com a natureza e assim aprende a respeitá-
la e preservá-la.
A alimentação escolar é um direito de todos os estudantes e com o projeto
horta orgânica e alimentação saudável, pode-se buscar e valorizar o meio ambiente,
propondo pequenas mudanças ao longo do processo educativo, levando e
ampliando o conhecimento além da escola, trazendo mudanças de hábitos
saudáveis ao seu dia a dia, utilizando o reaproveitamento das plantas em alimentos
saudáveis. Tais atividades auxiliam no desenvolvimento da consciência de que é
necessário se adotar estilo de vida menos impactante sobre o meio ambiente, bem
como a integração dos alunos com a problemática ambiental vivenciada a partir do
universo da horta escolar orgânica. Tudo isso é possível e colocado em prática, se
adotar-se o papel de cidadão ativo em favor da Educação Ambiental, resgatando
valores culturais, morais, saudáveis, noções de cidadania, entre outros aspectos que
conformam a totalidade social.
Não pode desanimar diante de obstáculos, perseverando sempre. Projetos
como este, devem ser incentivados para a melhora da qualidade de ensino da
escola pública. Mais do que fornecer informações, o ensino em seu todo, deve partir
da visão de que considera o aluno como sujeito que faz parte de um grupo social
amplo e que está envolvido com diferentes tipos de conhecimentos, que muitas
vezes interpreta esses conhecimentos partindo de suas ideias, seus valores e
crenças, os quais provém de seus avós, pais e de seu meio sociocultural.
Possivelmente ter-se-á dificuldades, críticas e desafios, porém na educação se está
sempre objetivando novas maneiras de melhorar o processo do ensino
aprendizagem.
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