os desafios da escola pÚblica paranaense na … · 2016-08-02 · [email protected]...

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

DISCUTINDO O PADRÃO DE BELEZA VEICULADO PELA MÍDIA

ATRAVÉS DO ENSINO DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

AUTORA: MÔNICA APARECIDA MICALOWSKI 1

ORIENTADOR: BRUNO BOHOMOLETZ DE ABREU DALLARI 2

RESUMO

O presente artigo busca discutir o padrão de beleza veiculado pela mídia através do ensino de leitura e produção de textos, realizado no Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco com alunos dos nonos anos. O projeto de pesquisa do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) foi implementado para mostrar aos alunos a importância de valorizarem suas qualidades, melhorarem sua autoestima e respeitarem, acima de tudo, as diferenças. Diante disso, a mídia e os meios de comunicação têm influência em relação ao que acontece com o espaço escolar, pois interferem com as atitudes dos educandos sobre sua imagem, porém mostrando um padrão de beleza irreal. O papel do professor é direcionar os alunos a verem sua aparência com outros olhos, discutindo sobre o padrão de beleza que circula na mídia e que é gerada pela própria sociedade capitalista. O ambiente da escola é o espaço público onde os adolescentes analisam-se, observando os defeitos seus e dos outros. A preocupação com aparência física entre os alunos é constante e, infelizmente, isso ocorre muito, chegando muitas vezes a atrapalhar o desenvolvimento do indivíduo. Portanto o educador terá como objetivo discutir com os alunos questões como, por exemplo,: “quais são os valores mais relevantes do que a beleza externa? Procurando aquilo que é analisado no ambiente escolar sobre a autoestima dos jovens podendo ajudá-los a respeitarem a si mesmos e aos outros. A família e a escola precisam fazer uma parceria para dar o apoio necessário para nossos jovens.

Palavras-chave: autoestima, padrão de beleza, mídia, leitura.

1

Mônica Aparecida Micalowski – Licenciatura em Letras – Português/Inglês, Centro Universitário

Campos de Andrade -Uniandrade – Pr, Brasil.

Licenciatura em Pedagogia, Centro Universitário Claretiano – CEUCLAR, Pr, Brasil.

Pós Lato Sensu, Magistério da Educação Básica, com concentração em Língua Portuguesa, Instituto

Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão-IBPEX, Pr, Brasil.

Pós Lato Sensu, Especialização em Educação de Jovens e Adultos, Faculdade Internacional de

Curitiba-FACINTER, Pr, Brasil.

[email protected]

2 Bruno Bohomoletz de Abreu Dallari – Graduação em Linguística, Unicamp, Brasil. Especialização

em Artificial Inteligente Natural Language Processing, University Of Edinburgh. Mestrado em

Linguística, Unicamp, Brasil. Doutorado em Linguística, Unicamp Brasil.

[email protected]

INTRODUÇÃO

O presente artigo visa expor uma pesquisa realizada por mim no âmbito do

PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), mostrando aos alunos como se

valorizarem, verem à vida com outros olhos e respeitarem as diferenças.

A mídia e outros meios de comunicação fazem com que as pessoas vejam

uma imagem de beleza completamente impossível de ser alcançada. Muitas vezes é

até exagerado o que ela coloca na televisão, imagens de pessoas que são bonitas e

mesmo assim se acham feias. Percebe-se que com o passar do tempo o padrão de

beleza foi mudando e, na verdade, ninguém sabe a definição certa sobre o que é

beleza.

Segundo Bruno Dallari:

“A mídia constitui identidades, reforça ou atenua estereótipos, propõe modelos, associações, juízos de valor. A mídia pauta, incontornavelmente, o exercício da cidadania, se não a sua própria constituição.” (Dallari,B.A. Bruno. Mídia cidadania e as novas práticas de letramento, 2010, p.4)

A pessoa que eu acho bonita, você pode não achar. Afinal, cada um tem a

sua beleza, pois mudamos com o passar dos anos, e ainda, quantas vezes ficamos

anos e anos sem ver aquela pessoa que julgávamos ser feia e, de repente, a

encontramos totalmente diferente daquilo que havíamos julgado ser o padrão de

beleza que, no momento, a sociedade capitalista nos impunha. Segundo Ramón de

Campoamor y Campoosorio: “a beleza está nos olhos de quem a vê”.

O ambiente da escola é o espaço público onde os adolescentes ficam,

analisam, observando seus defeitos e dos outros. A preocupação com a aparência

física entre os alunos é constante e, infelizmente, isso ocorre muito, chegando

muitas vezes a atrapalhar o desenvolvimento do indivíduo. Para tanto, o educador

terá um papel fundamental neste processo, por isso o meu objetivo foi discutir com

os alunos questões que falem sobre o padrão de beleza que está na mídia com

várias atividades que foram realizadas em sala de aula.

METODOLOGIA

Apresentação do projeto e da proposta de implementação para a comunidade

escolar durante a Semana Pedagógica realizado no ambiente escolar.

Implementação do projeto do PDE (Programa de Desenvolvimento

Educacional) aplicado aos alunos dos nonos anos do Colégio Estadual Humberto de

Alencar Castelo Branco – ensino fundamental e médio.

ATIVIDADES PROPOSTAS

Apresentação para a turma do Projeto, discutindo o padrão de beleza

veiculado pela mídia, através do ensino de leitura e produção de textos, sua

importância na escola e os objetivos para melhorar o ensino público.

Primeira parte

O professor passará um vídeo curto da novela Malhação para os alunos

darem seu ponto de vista sobre as atitudes dos personagens. O vídeo mostra como

as pessoas são julgadas pela sua aparência.

Outros vídeos foram mostrados com a entrevista de um garoto que sofria

bullying na escola por causa da sua aparência.

Segunda parte

O professor analisará as falas encontradas na internet sobre o assunto

padrão de beleza, dialogar e ouvir as opiniões dos alunos no espaço público.

Terceira parte

O professor terá que elaborar uma pesquisa com perguntas para os alunos

responderem sobre o assunto abordado.

Quarta parte

O professor orientará os alunos a montarem um álbum, cada um terá um

álbum seu, colocando fotos desde o nascimento. É uma maneira para melhorar a

autoestima dos adolescentes. Todos deverão assistir um vídeo que mostra como

montar um álbum de fotografias com material reciclável. Os que preferirem poderão

montar um álbum virtual.

Quinta parte

Os alunos assistirão ao filme “Um grito de socorro”, depois o professor

pedirá para os alunos escreverem um texto dissertativo com o tema: Você está

dentro do padrão de beleza?

Sexta parte

O professor levará para a sala de aula: revistas, músicas, literaturas e arte

que abordem o assunto para a interpretação.

O educador após criar o blog da turma, postará todas as atividades que os

alunos realizarem.

Sétima parte

O professor levará a turma para o laboratório para visitar o blog que foi criado

para os alunos com todas as atividades que foram realizadas por eles e que em

seguida foram postadas.

As meninas e os meninos tinham as mesmas preocupações com a

aparência, é uma fase que eles não querem ser tratadas como crianças, mas

também não tem maturidade para serem adultos, a puberdade, os hormônios, as

dúvidas, dilemas vividos pelos adolescentes, é uma transição da criança para o

adulto.

Para melhorar a autoestima os adolescentes, precisam se amar, ver que

temos fases na vida, temos defeitos, mas também qualidades, que a aparência é

algo que pode melhorar, só depende de nós.

Quando o aluno tem problema com a autoestima, surgem vários problemas

como dificuldade de ter relacionamento com outras pessoas, depressão, anorexia,

bullying, vigorexia e outros sintomas. A família pode ajudar nesse momento, mas a

falta de tempo dos pais ou responsáveis acabam deixando com que somente a

escola possa dar esse apoio para os jovens.

Os adolescentes também gostariam de fazer cirurgia plástica para melhorar

a aparência, desde cedo eles estão preocupados com isso, mas por causa de

questões financeiras, eles não fazem. Quando chegarem a fase adulta, com certeza,

se tiverem oportunidade, farão.

Segundo a pesquisa

“Atualmente diminuiu o espaço para as pessoas que não se enquadram na exigência imposta pela mídia. “O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial cirurgias plásticas, o país quase dobrou o número de cirurgias estéticas realizadas nos últimos quatro anos, com 97,2% de crescimento.” (http://www.faculdadealfredonasser.edu.br/files/pesquisa/Influência%20da%20mídia%20na%20estética.pdf)

A autoestima dos adolescentes precisa ser tratada, contando com o apoio da

família e da escola, para ajudá-los neste momento difícil.

Observa-se que os meios de comunicação influenciam muito as pessoas,

principalmente as crianças e adolescentes. O padrão de beleza que a mídia mostra

é algo muito difícil de ser alcançado. Várias transformações acontecem com os

adolescentes durante o decorrer essa fase em decorrência dos hormônios e, às

vezes, o comportamento deles se espelham nas pessoas que estão na mídia.

Augusto Cury afirma:

“O padrão inatingível de beleza amplamente difundido na tv, na revistas, no cinema, nos desfiles, nos comerciais penetrou no inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmas.

Tenho bem nítida na mente a imagem de jovens modelos que, apesar de supervalorizadas, odiavam seu corpo e pensavam em desistir da vida. Recordo-me de pessoas brilhantes e de grande qualidade humana que não queriam frequentar lugares públicos, pois se sentiam excluídas e rejeitadas por causa da anatomia do seu corpo.” (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.06).

Em função das pessoas quererem atingir um certo padrão de beleza, elas

fazem de tudo. Infelizmente, com o tempo poderão adquirir anorexia nervosa, o que

é comum em modelos, pois elas são o ícone da moda, muitos jovens querem seguir

essa profissão e fazem qualquer coisa para ser o sucesso na moda.

Augusto Cury afirma:

“Recordo-me dos portadores de anorexia nervosa que tratei. Embora magérrimos, reduzidos a pele e ossos, controlavam os alimentos que ingeriam para não “engordar”. Como não ficar perplexo ao descobrir que há dezenas de milhões de pessoas nas sociedades abastadas que, apesar de terem uma mesa farta, estão morrendo de fome, pois bloquearam o apetite devido à intensa a rejeição por sua autoimagem?” (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005 pg.06).

Muitos jovens são capazes de mudar sua aparência em troca do padrão de

beleza que a mídia considera certa. A autoestima deles é abalada com a ditadura da

beleza.

Segundo Augusto Cury:

“Essa ditadura assassina a autoestima asfixia o prazer de viver,

produz uma guerra com o espelho e gera uma auto- rejeição profunda. Inúmeras jovens japonesas repudiam seus traços orientais. Muitas mulheres chinesas desejam a silhueta das mulheres ocidentais. Por sua vez, mulheres ocidentais querem ter a beleza incomum e o corpo magríssimo dos adolescentes das passarelas, que frequentemente são desnutridas e infelizes com a própria imagem. Mais de 98% das mulheres não veem belas. Isso não é uma loucura? Vivemos uma paranoia coletiva.” (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.06).

O consumismo faz das mulheres objetos da sociedade capitalista, pessoas

ansiosas têm a necessidade de comprar o tempo todo. A área da beleza é a única

que não é afetada pela crise.

Segundo Augusto Cury:

“Os homens controlaram e feriram as mulheres em quase todas as sociedades. Considerados o sexo forte, são na verdade seres frágeis, pois só os frágeis controlam e agridem os outros. Agora, eles produziram uma sociedade de consumo inumana, que usa o corpo da mulher, e não sua inteligência, para divulgar seus produtos e serviços, gerando um consumismo erótico. Esse sistema não tem por objetivo produzir pessoas resolvidas, saudáveis e felizes; a ele interessam as insatisfeitas consigo mesmas, pois quanto mais ansiosas, mais consumistas se tornam.” (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.06e 07)

Muitos jovens têm vergonha de sua aparência, querem de qualquer jeito

mudar sua imagem, pois no espelho eles veem a imagem de uma pessoa feia,

mesmo se os outros falarem o contrário.

De acordo com Augusto Cury:

“Até crianças e adolescentes são vítimas dessa ditadura. Com vergonha de sua imagem, angustiados, consomem cada vez mais produtos em busca de fagulhas superficiais de prazer. A cada segundo destrói-se a infância de uma criança no mundo e se assassina os sonhos de um adolescente.” (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.07).

As pessoas precisam gostar delas mesmas, por isso a autoestima precisa ser

bem trabalhada. Hoje muitas sofrem, por ter a autoestima muito baixa. Algumas pessoas conseguem dar a volta por cima, mas tem outras que necessitam do apoio da família.

Augusto Cury afirma:

“Qualquer imposição de um padrão de beleza estereotipado para alicerçar a autoestima e o prazer diante da autoimagem produz um desastre no inconsciente, um grave adoecimento emocional. Autoestima é um estado de espírito, um oásis que deve ser procurado no território da emoção. Cada mulher, homem, adolescente e criança deveriam ter um caso de amor consigo mesmos, um romance com a própria vida, pois todos possuem uma beleza física e psíquica particular e única.

Essa frase não é um jargão literário pré-fabricado, mas uma necessidade psiquiátrica e psicológica vital, pois sem autoestima os intelectuais se tornam estéreis, as celebridades perdem o brilho, os anônimos ficam invisíveis, os homens transformam-se em miseráveis, as mulheres não têm saúde psíquica, os jovens esfacelam o encanto pela existência.” (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.07).

A pessoa que não gosta da sua imagem pode no futuro afetar a sua saúde

emocional e ter sérios problemas de relacionamento. Infelizmente, isso ocorre

devido às imagens que a mídia mostra, pois o ser humano é visual e fica gravado no

seu inconsciente.

Segundo Augusto Cury

“A era da imagem trouxe uma expansão da beleza estética em diversas áreas da atividade humana. Mas, na área da autoimagem e da imagem do ser humano diante do outro, provocou um estrago no inconsciente, fazendo com que grande parte das pessoas perdesse o senso da magia, da suavidade, da leveza do ser, do encanto pela vida, afetando drasticamente a saúde emocional e as relações sociais.” CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.18).

O padrão inatingível de beleza é uma síndrome que as modelos sofrem, mas

tem muitas pessoas que sofrem dessa síndrome e não sabem, é o padrão de beleza

impossível de ser atingido, porque eles têm as imagens que os meios de

comunicação mostram nas novelas, filmes, revistas e passarelas.

Augusto Cury afirma:

“Como pensador da psiquiatria, Marco Polo há alguns anos descobrira a síndrome PIB: Padrão Inatingível de Beleza. Percebia que essa dramática síndrome vinha se tornando cada vez mais frequente e intensa. Ficava abalado ao detectar que os conceitos de auto- aceitação, de atração física, de aceitação social e de bem-estar estavam sendo construídos em cima de um padrão doentio. Nem as modelos escapavam dessa tragédia. Nesse ambiente estressante, elas desenvolviam vários transtornos psíquicos.” [...] (CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora: Arqueiro, São Paulo, 2005, pg.31).

O relato da mulher mais feia do mundo e sua lição de vida mostra que a

beleza é algo superficial, que as pessoas têm qualidades que superam qualquer

coisa. Às vezes, algumas atitudes acabam prejudicando muito as pessoas que não

estão no padrão de beleza que a sociedade capitalista considera ideal. O bullying

que Lizzie sofreu transformou-a em uma mulher corajosa, pois ela teve o apoio da

família e soube enfrentar mais uma guerra.

Segundo pesquisa no site terra:

“A mulher mais feia do mundo e sua lição de vida”. Lizzie Velasquez, nascida no Texas, nos Estados Unidos, tinha uma

infância tranquila e normal, até o jardim da infância, quando um colega lhe mostrou que ela era diferente. Lizzie conta que era o seu primeiro dia na escola e que se perguntou o que tinha feito para ninguém querer ficar com ela. "Eu sorri para uma menina que estava lendo, e ela me olhou como se estivesse vendo o ser mais arrepiante da Terra", comentou.

Lizzie sofre de uma síndrome que não permite que ela ganhe peso - ela nunca pesou mais de 25 quilos - e que só foi diagnosticada em mais duas pessoas em todo o mundo. A doença também a deixou cega de um olho e limitou a visão do outro, além de conferir aspecto envelhecido à pele. Após o jardim da infância, a situação de Lizzie ficou pior porque seus colegas subiram um vídeo no Youtube, batizando-a de "a mulher mais feia do mundo". Antes mesmo de que ela pudesse ter visto quatro milhões de pessoas já haviam visualizado o material.

Os comentários foram mais cruéis do que o de costume. "Deveria nos fazer um favor e dar um tiro em si mesmo”, disse um deles. Deprimida e frustrada, Lizzie decidiu abraçar uma luta contra o bullying e ajudar outros jovens que vivem situações parecidas. "Minha família me ajudou a chegar onde estou. Graças a minha mãe posso dizer: tive uma vida dura. Mas está tudo bem", afirmou. A corajosa jovem se tornou uma autora motivacional de destaque. Até o momento, com 24 anos, ela já escreveu três livros em que fala da sua própria experiência e inspira milhões de pessoas em todo o mundo. “Como se não bastasse, Lizzie percorre o seu país dando palestras em universidades e escolas para aumentar a consciência sobre o perigo que o bullying representa aos adolescentes.” (http://beleza.terra.com.br/conhecida-como-a-mais-feia-do-mundo-lizzie, 05b8c019e5193410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html).

Tanto na escola como na família é preciso haver diálogo assuntos que

falem do padrão de beleza que ocorre na mídia. Muitos alunos têm problemas de

autoestima, que às vezes os pais nem notam, por isso a parceria com a escola é

fundamental.

Segundo o Fiorin:

“O vocábulo “diálogo” significa entre outras coisas, “solução de conflitos”, “entendimento”, “promoção de consenso”, “busca de acordo”, o que poderia levar a pensar que Bakhtin é o filósofo da grande conciliação entre os homens. Não é nada disso. As relações dialógicas tanto podem ser contratuais ou polêmicas, de divergência ou de convergência, de aceitação ou de recusa, de acordo ou de desacordo, de entendimento ou de desinteligência, de avença ou de desavença, de conciliação ou de luta, de

concerto ou de desconcerto.” (FIORIN, José Luiz, Introdução ao Pensamento de Bakhtin. Editora Ática, São Paulo, 2011. pgs 21 e 23).

O padrão de beleza negra também é um assunto que a mídia quer destruir,

ela mostra pessoas negras que tem cabelo liso, nariz fino, corpo perfeito e pele não

muito escura. Os afrodescendentes que não estão neste padrão, não são

contratados para trabalhar nos meios de comunicação. Percebe-se que o racismo é

algo que ainda ocorre no Brasil.

Segundo Amanda Beatriz:

“Tudo começou por causa de uma foto”. Enviei o arquivo com a imagem de meus priminhos para várias páginas destinadas a divulgação da “beleza negra” em uma famosa rede social. Entretanto, para minha

surpresa, nenhuma delas demonstrou interesse pelas crianças ou, sequer, retornou a mensagem.

Este fato chamou minha atenção e a suposta “rejeição fotográfica” surtiu efeito contrário. Em vez de me deixar ressentida, me fez refletir acerca do porquê desta atitude.

No primeiro momento, relatei as impressões do ocorrido aos administradores das respectivas fanpages e critiquei o modelo de beleza comumente reconhecido e divulgado. Mais uma vez, outra surpresa: tive pouquíssimo retorno. Para ser objetiva, somente três moderadores responderam o inbox. Em seguida, me peguei bastante pensativa, analisando todo aquele discurso ideológico veiculado por trás das fotos de negras consideradas “belíssimas”. E, é claro, lembrei-me também do perfil de mulher comumente celebrado nos posts que estampam nosso feed de notícias.

Daí pude perceber que – lamentavelmente – as imagens contempladas traduzem a investida sistemática da sociedade racista com o propósito de reforçar o “embranquecimento” do negro. E ainda endosso: este movimento é decorrente do processo de negação da identidade étnico-racial a que a população preta foi submetida ao longo da História brasileira. É notório, na maioria das fotos em circulação na internet, que o interesse se dá apenas na promoção estética da “negra ideal”.

Por negra ideal se entende aquela que foi socialmente aceita porque é dotada de características fenotípicas em conformidade aos padrões eurocêntricos. É a preta alta, de lábio fino, nariz estreito, cabelo liso, rosto delgado e tom de pele claro (na maioria das vezes); uma negra considerada exótica em relação aos padrões vigentes. Essa sim, é a que tem espaço garantido nas páginas de beleza étnica da internet. E ponto final! É a #pretinhaestilosa, a #negralinda, a #pretinhapoderosa…

Afinal de contas, a beleza dos cânones bem “representaria” as demais. Linda mesmo “seriam” Beyoncé, Rihanna, Taís Araújo, Isabel Fillardis, Camila Pitanga, Valéria Valensa, Cris Viana, Sheron Meneses, Juliana Alves, Quitéria Chagas, Ilde Silva, entre outras divas. E todas estas mulheres – de fato – são belíssimas.

Desejo ressaltar que, em momento algum, o propósito do texto é de ofendê-las ou a intenção das palavras é a de desqualificar a notável beleza que essas negras detêm. O objetivo da argumentação é somente o de lançar as bases para construção da seguinte linha reflexiva: por que somente o perfil deste tipo de preta é o socialmente aceitável e também o único a ser legitimamente considerado bonito?

Onde estão as outras mulheres, por vezes gordas; de estatura baixa ou mediana; rosto redondo; cabelo crespo e/ou encaracolado; olhos castanho-escuros; lábios grossos e de “nariz negro” (leia-se, no contexto explanado, “nariz feio”)? É esta a negra que cumpre dupla jornada de trabalho; que enfrenta, por dia, mais de quatro horas em seu deslocamento moradia-emprego e que possui, em média, baixo grau de escolaridade e limitado poder aquisitivo. Consequentemente, esta preta não preenche os requisitos necessários para merecer despontar em uma página de beleza na internet.

É óbvio que esta mulher não atende ao “padrão FIFA de qualidade” tanto no plano físico quanto no social! Assim, ela acaba por angariar a reprovação tácita do coletivo, visto que se torna indigna de ser admirada. Nessa altura do campeonato, paira no ar a seguinte pergunta: por que seria tão pioneiro e arrojado divulgar sua imagem nas redes sociais? Desafio o leitor a se indagar a respeito!

Se a identidade étnico-racial da beleza negra é composta por negras X e negras Y, por que vemos propagado apenas um desdobramento possível do todo? Se X e Y são biunívocas, se o todo é belo, se X é bela e admirada, por que Y ainda é ignorada e esquecida? Por que Y ainda é considerada feia e não habilitada para ser vista e compartilhada amplamente no Facebook?

Nossos gostos e desejos são construídos simbolicamente com base em padrões sociais desenhados sob a égide da cultura. É um processo lento, inconsciente e complexo. Eles se revelam, por exemplo, no desejo sistemático pela loira (na maioria dos casos)… Verificam-se ainda na reprodução standard eurocêntrica insculpida na figura do negro exótico e assim por diante.

Quantas vezes, sem perceber, corrobora-se esse comportamento que reforça a negação de nossa identidade, escamoteando a fenotipia negra para se enxergar inserida nessa sociedade racista? Quantas vezes a negra “Y” se perde no processo de empoderamento da completude estética identitária da mulher negra?

Portanto, cara leitora, ao longo de nosso processo de autoaceitação e de exercício reflexivo-político acerca do que é se enxergar negra – sem deixar de render créditos às “negras ideais” (lembrando a você que por ideal se define o contexto já apresentado) – vamos aprender a nos deleitar com a beleza da mulher preta do nosso dia-a-dia.

Tão bela quanto à negra X é a preta de tranças, a mulher Black Power, àquela de nariz negro, a preta gorda e a mulher do cabelo crespo, curto e encaracolado! É maravilhosa a nossa pretinha de lábio grosso e de pele escura! Lindas somos todas nós, as negras reais.

Que a beleza da negra Y, a da negra real, a de Lupitas Niong’o e de Nayaras Justino possa, efetivamente, ser tão valorizada quanto à das negras X. Um brinde à tão desmerecida, porém não menos bela, negra real!”. (http://blogueirasnegras.org/2014/04/10/o-padrao-de-beleza-negra-ideal/)

GTR

A cursista Denilda comenta em sua atividade que na escola tem vários

adolescentes com problemas de autoestima, que na escola são desafios da prática

pedagógica a serem enfrentados. O papel do professor é transformar essa

realidade.

Atividade 7

A relação do projeto de intervenção pedagógica com os desafios identificados

pela cursista, a partir do seu local de atuação.

Segundo a cursista Denilda:

“Desafios da prática educativa: Dentro da realidade escolar a qual faço parte é possível perceber que muitos adolescentes enfrentam problemas sérios de autoestima e aceitação de si mesmo. Portanto, o Projeto de Intervenção vem ao encontro dessas necessidades e acredito que é possível explorar bem a temática, com o objetivo de causar algumas mudanças de comportamentos.

Penso que a escola ao possibilitar discussões, debates e reflexões sobre as problemáticas que envolvem e causam inquietações no ambiente escolar está cumprindo com a sua verdadeira função social e educativa.

Mostrar aos alunos que nem tudo que nós é imposto pela mídia deve ser aceito como real e verdadeiro é extrema importância dentro da sala de aula. Aprender a respeitar a si mesmo e ao outro sabendo que cada um é único com suas qualidades e defeitos e por isso somos todos tão especiais

é uma das funções de cada um de nós dentro da escola, pois afinal de contas, sabemos que muitas vezes, a família não irá cumprir esta função e aí está mais um desafio do nosso amplo papel de educador e transformador da realidade.” (www.diaadia.pr.gov.br/)

A cursista Denilda elaborou a atividade 12 resgatando a autoestima dos

alunos através de textos e vídeos, para que o professor junto com os alunos faça

uma reflexão sobre a autoestima.

ATIVIDADE 12 FÓRUM: ELABORANDO UM PLANO DE AÇÃO

De acordo com a cursista Denilda:

“AUTOESTIMA E A BUSCA DA PERFEIÇÃO: Situação Problema: Muitos alunos têm baixa autoestima e por isso se

consideram inferiores e incapazes de resolver os desafios educacionais e pessoais na sua vida diária. Considero que este é um grande desafio resgatar o aluno para a partir daí ampliar o seu aprendizado.

Estratégias de Ação: Levar textos e vídeos tais como: A águia e a coruja e o vídeo: A renovação da águia. O objetivo é fazer um debate possibilitando meios para que os alunos reflitam sobre a importância que cada um tem dentro da sociedade e que todos têm seu valor.

Resultados esperados/alcançados: Após o vídeo tive a oportunidade de trabalhar para um resgate da autoestima dos alunos e foi possível perceber o quanto os mesmos consideram fundamental a presença dos familiares na vida escolar deles. Como resultado foi possível verificar que houve mais respeito um com o outro. O aprendizado também foi saber ouvir o outro dando sugestões de como melhorar a sua vida prática.

Nota-se que realmente a presença dos familiares é muito importante na vida escolar dos educandos, pois quando os mesmos participam ativamente do processo educacional os alunos ficam mais motivados e com isso o rendimento é melhor.

Proporcionar atividades que tragam uma reflexão e um olhar mais atento para com o outro é muito importante, porque assim os alunos passam a conhecer melhor seus colegas e a partir daí passam a perceber o quanto é importante respeitar a si mesmo e ao próximo.

Verifica-se que em muitos momentos da nossa prática educativa é preciso proporcionar reflexões sobre as problemáticas vivenciadas em sala de aula e isso, muitas vezes, requer parar com o conteúdo formal para que então outras aprendizagens se efetivem tais como: respeito ao próximo, valores, solidariedade, saber ouvir, respeito às diferenças, entre outras.”

(www.diaadia.pr.gov.br/).

A cursista Denilda realizou a atividade 13 que é uma síntese que relata o

padrão de beleza criado pelos próprios alunos, a falta de autoestima e valores

distorcidos pela mídia. Os valores que os jovens aprendem na sociedade capitalista

afetam e muito a sua autoestima.

ATIVIDADE 13 – SÍNTESE

Segundo a cursista Denilda:

“Padrões de beleza, autoestima e valores. Percebe-se claramente que há uma baixa autoestima de muitos de

nossos alunos e isso acaba prejudicando o rendimento escolar dos mesmos. Pensando nisso tive a oportunidade de trabalhar durante o ano passado com um projeto que abordava a questão da autoestima e dos valores como passo fundamental para que a aprendizagem se efetivasse melhor.

Problema: padrões de beleza criados pelos próprios alunos, falta de autoestima e valores distorcidos.

Justificativa: A temática é de fundamental importância tendo em vista que muitos alunos julgam o outro pela aparência e com isso alguns de nossos educandos são desmotivados e chegam à instituição escolar com poucos valores tais como: honestidade, respeito e solidariedade.

Objetivos: Proporcionar uma reflexão sobre o quão o outro é importante em nossa vida;

Refletir sobre a importância de se respeitar as diferenças; Mostrar que cada ser humano é único e por isso mesmo tão especial; Demonstrar que é possível acreditar na vida para que as coisas

mudem, afinal nossos educandos são as sementes do amanhã. Durante o desenvolvimento do projeto foi trabalhado com os vídeos:

A parábola da galinha; A renovação da águia e a música: Sementes do amanhã de Gonzaguinha.

Após o trabalho foi possível verificar que houve algumas mudanças de comportamento e atitudes de alguns alunos perante os colegas e o respeito pelas diferenças passou a se efetivar melhor e tenho a convicção que isso foi um grande aprendizado para a turma.” (www.diaadia.pr.gov.br/)

El toda a p

COMENTÁRIOS DAS ATIVIDADES

No primeiro dia apresentei o projeto ¨Discutindo o padrão de beleza veiculado

pela mídia através de produção de textos e leitura¨, para os nonos anos, os alunos

gostaram do tema do projeto e, assim fui realizando as atividades, passo a passo,

sem dificuldades.

Então, fui percebendo durante a aplicação do projeto que, com a realização

de algumas produções, os alunos estavam se sentindo à vontade e aproveitando

para desabafar, pois por causa do padrão de beleza que a mídia mostra, eles

expressavam suas opiniões demonstrando o que realmente sentiam sobre o

assunto.

Houve uma aluna que disse: ¨Professora, existem pessoas que fazem de tudo

para seguir o padrão de beleza que a mídia mostra, tem várias modelos que usam

produtos que podem levar a morte, mas elas preferem arriscar a própria vida para

ser famosa.¨ Perguntei o que ela achava sobre isso e ela comentou ¨... as modelos

não tem amor próprio, elas não se amam.¨

Outra aluna comentou: ¨Professora, tem pessoas que modificam a aparência,

como o caso daquele rapaz que era loiro e que queria ser japonês.¨

Aproveitei e perguntei para ela porque será que ele fez isso, ela disse: ¨ Eu

acho que ele não gostava de ser loiro e achava que ser japonês era mais bonito.¨

As outras atividades foram realizadas com êxito, porém na última eu

precisava das fotos dos alunos para colocar no blog, mas apenas uma aluna me

enviou. Eu perguntei para eles porque não haviam me enviado as fotos, ao que

prontamente um aluno me respondeu: ¨Professora, no Facebook é melhor, porque

caso eu queira excluir a minha foto, eu posso, agora no blog não dá pra excluir, eu

prefiro Facebook.

Ao perceber a resistência deles em postar suas fotos, provoquei uma reflexão

indagando:¨Será que vocês tem a autoestima baixa?¨- Eles ficaram quietos, mas um

aluno teve coragem e me respondeu: ¨Professora, eu não me acho bonito e acho

que a maioria aqui também não se acha.¨

Na atividade do álbum que eles realizaram, todos podiam mostrar para quem

eles quisessem, agora colocado na internet, eles só se sentiam seguros se fosse

pelo Facebook. Isso me chamou a atenção, pois ficou claro a vulnerabilidade deles

que, diante dos comentários alheios, se algum fosse negativo, eles poderiam

facilmente excluir a foto deles.

Para escrever sobre o assunto parecia ser mais fácil, era uma maneira de tirar

de dentro deles o que eles sentiam, um desabafo. Mas, no entanto, no momento de

expor a própria imagem, surgia um bloqueio, era algo que ainda precisava ser

trabalhado com eles.

A mídia coloca no inconsciente das pessoas imagens de belezas inatingíveis,

por isso esse projeto necessita ter uma continuidade, pois ajudará no processo de

desenvolvimento do ser humano. Há de salientar-se ainda que o projeto contribuiu

com o trabalho da orientação pedagógica da escola, pelo fato de levar a

compreender determinados comportamentos em sala de aula, o que ajudou também

a fazer uma análise melhor do perfil dos alunos.

No final deste artigo, em anexo, estão disponibilizadas amostras das

atividades desse projeto. Devido às limitações de espaço não foi possível colocar

mais do que duas, mas caso haja interesse, o leitor pode entrar em contato pelo e-

mail [email protected].

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação do projeto de pesquisa pode ser realizado com qualquer

turma e por qualquer outra disciplina que se interesse pelo assunto, apesar de ter

sido aplicado com os nonos anos, o padrão de beleza é um problema mundial.

Desenvolvi várias atividades, que podem ser adaptadas, com o objetivo principal de

discutir o padrão de beleza veiculado pela mídia através do ensino de leitura e

produção de texto.

Quero agradecer primeiro a Deus e depois ao Orientador, Professor Dr. Bruno

Bohomoletz de Abreu Dallari pela paciência, dedicação e as orientações que

enriqueceram muito meu trabalho no PDE (Programa de Desenvolvimento

Educacional).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DALLARI, Bruno B.A. (2010). Mídia, cidadania e as novas práticas de letramento.

FIORIN, José Luiz, Introdução ao Pensamento de Bakhtin. Editora Ática, São Paulo, 2011.

CURY, Augusto, A ditadura da beleza e a revolução das mulheres, Editora:

Arqueiro, São Paulo, 2005.

E- REFERÊNCIAS

http://www.faculdadealfredonasser.edu.br/files/pesquisa/Influência%20da%20mídia%20na%20estética.pdf Acesso no dia 12.12.2015. www.diaadia.pr.gov.br/ Acesso no dia 11.12.2015 http://beleza.terra.com.br/conhecida-como-a-mais-feia-do-mundo-lizzie-velasquez-luta-contra-o-bullying,05b8c019e5193410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html Acesso no dia 10.12.2015.

http://blogueirasnegras.org/2014/04/10/o-padrao-de-beleza-negra-ideal/ Acesso no dia 10.12.2015.

ANEXOS