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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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TOPOFILIA E TOPOFOBIA: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO AMBIE NTAL DE

ALUNOS DO ENSINO MÉDIO EM PAIÇANDU - PR

Gerson da Silva Claudivan Sanches Lopes

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal diagnosticar a percepção ambiental de um grupo de alunos do ensino médio de um colégio estadual na cidade de Paiçandu, situada na Região Norte do Estado do Paraná. Por meio da compreensão dos conceitos relacionados à Geografia da Percepção, como por exemplo, topofilia e topofobia, procurou-se desenvolver o sentimento de pertencimento ao lugar, além da ampliação das habilidades de observação, análise e representação da paisagem. Em prévia análise, percebeu-se certa não-valorização do próprio lugar por parte de alguns alunos, no que diz respeito às características sociais e econômicas de Paiçandu, principalmente quando comparadas à cidade de Maringá, sede da região metropolitana na qual está inserida. Diante destas constatações optou-se por aprofundar o diagnóstico sobre quais as motivações que levam parte destes alunos a uma percepção afetiva em relação ao lugar, denominada pelo geógrafo Yi-Fu Tuan (2012) de topofílica, ou a uma percepção que leva à rejeição, chamada de topofóbica. Por meio de processos educativos buscou-se construir junto aos alunos percepções positivas sobre a cidade, ao mesmo tempo em que tentou-se contestar as percepções negativas socialmente produzidas a respeito de Paiçandu, principalmente aquelas que são fruto de preconceitos gerados por certa incompreensão das funções desempenhadas por esta cidade e Maringá, na dinâmica socioespacial de uma região metropolitana. Ao final de nossos estudos observou-se que ocorre, de maneira geral, certa percepção topofílica por parte dos alunos estudados, que mesmo não negando as dificuldades estruturais que o município apresenta, demonstraram ter presente o sentimento de afetividade e pertencimento em relação ao lugar onde moram.

Palavras-chave: Percepção Ambiental; Topofilia; Topofobia; Paiçandu-Pr.

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa foi produzida a partir de reflexões diversas que tiveram como

foco principal de análise a percepção ambiental e o município de Paiçandu – PR.

Buscou-se, como objetivo geral, diagnosticar a percepção ambiental de um grupo de

alunos do ensino médio sobre a cidade de Paiçandu, visando-se evidenciar o

sentimento de pertencimento ou não destes em relação a esta cidade.

Como estratégia inicial, procurou-se, através de práticas pedagógicas, levar

os alunos a compreenderem, com base nos estudos do Tuan (1983 e 2012), os

principais conceitos relativos à “Geografia da Percepção”, como por exemplo, as

noções de “topofilia”, “topofobia” e “lugar”, além de identificar áreas que poderiam

ser consideradas topofílicas ou topofóbicas na cidade de Paiçandu – PR.

Buscou-se também, paralelamente, contestar possíveis percepções

topofóbicas da população em relação à cidade, visando desenvolver nos educandos

sentimentos de pertencimento ao lugar, além de ampliar as habilidades de

observação, análise e representação da paisagem, fundamentais para o

desenvolvimento dos estudos sobre a percepção ambiental.

Neste contexto, como já indicado, a realização deste trabalho levou em

consideração os conceitos de “topofobia” e “topofilia”, este último formulado pelo

geógrafo Yi-Fu Tuan (2012) que, em seu livro intitulado “Topofilia: um estudo da

percepção, atitudes e valores do meio ambiente”, apresenta análises sobre os

sentimentos e sensações que um ser humano pode ter em um determinado lugar,

bem como os motivos que podem levá-lo a caracterizar esses sentimentos como

sendo de afetividade e/ou rejeição.

De acordo com Tuan (2012), a percepção de um indivíduo em relação ao

lugar onde vive ou a um lugar qualquer pode ser influenciada por diversos fatores,

moldados tanto pelo meio social como pelo meio físico, sendo que em qualquer uma

destas formas, essa percepção estará condicionada principalmente às experiências

e vivências anteriores que cada indivíduo traz consigo.

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Neste trabalho, evidenciou-se que esse conjunto de experiências e vivências

em muito reflete o caráter pessoal na relação ambiente-percepção, e daí pode

ocorrer o surgimento de sentimentos para com o lugar, podendo este ser de

afetividade (topofilia) ou ainda de rejeição, denominado (topofobia).

Desta forma, para realizar-se um diagnóstico sobre a percepção dos alunos

sobre a cidade de Paiçandu, optou-se por desenvolver atividades com uma turma do

segundo ano do ensino médio da rede estadual de ensino, por apresentarem, em

nossa concepção, maturidade suficiente para compreender os conceitos a serem

trabalhados e assim desenvolver as atividades propostas.

UM POUCO DA GEOGRAFIA HUMANISTA E DA PERCEPÇÃO

AMBIENTAL

De modo corrente, porém sem muito consenso, a Geografia tem buscado,

como foco de suas investigações, o estudo do espaço geográfico. Como ciência que

se ocupa em conhecer e analisar os fenômenos naturais e humanos que ocorrem

em nosso planeta, juntamente com suas inter-relações no espaço, a Geografia, por

sua complexidade, abrangência e para melhor sistematizar seus estudos, costuma

ser dividida em diferenciados ramos, ainda que estes se apresentem inter-

relacionados de um modo ou de outro.

Dentre os diversos ramos que a Geografia apresenta, pode-se separar, para o

estudo sobre a percepção ambiental, tema deste trabalho, a Geografia Humanista,

que tem como base de estudos as experiências individuais dos sujeitos, sustentados

por suas vivências. Na Geografia Humanista, as relações de conhecimento estão

voltadas à compreensão dos valores e comportamentos que os indivíduos atribuem

ou possuem em relação ao espaço vivido, ao ambiente que os cerca, ou ao lugar em

que vivem, com seus significados, suas relevâncias e suas atitudes sobre estes.

Para Corrêa (2012, p.30) a Geografia Humanista está “[...] calcada nas

filosofias do significado, especialmente na fenomenologia e no existencialismo [...]”,

e a partir dos anos de 1970 ganhou maior volume, com uma ressignificação do

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conceito de lugar, definido até então por “[...] características naturais e culturais

próprias, cuja organicidade os diferenciava uns dos outros. O conceito de lugar para

a Geografia Tradicional estava ligado a uma noção de localização absoluta e à

individualidade das parcelas do espaço” (PARANÁ, 2008 p.60).

Já para a Geografia Humanista o conceito de lugar tornou-se um conceito-

chave, passando a ser entendido como “[...] o espaço vivido, dotado de valor pelo

sujeito que nele vive [...], é onde a vida se realiza, é familiar, carregado de

afetividade, o que o torna subjetivo em extensão e conteúdo, bem como em forma e

significado” (PARANÁ, 2008 p.60).

Observa-se então que, nesta perspectiva, o conceito de lugar agrega a ideia

de afetividade, sentimentos, que são construídos ao longo do tempo, e no qual

atribui-se algum valor. No entanto, constata-se que o lugar é algo que também pode

ser dinâmico, movido principalmente pela ação humana, seja ela física através de

modificações diretas, ou mental, através da memória, das vivências construídas

sobre o lugar ao longo do tempo, demonstrando que a experiência de um indivíduo

adulto muito pode interferir em sua percepção em relação aos lugares que têm

fixado em sua mente.

O geógrafo Milton Santos também contribui para a compreensão da noção de

lugar, à medida que descreve que “Cada lugar é, à sua maneira, o mundo [...] mas

também, cada lugar, irrecusavelmente imerso numa comunhão com o mundo, torna-

se exponencialmente diferente dos demais [...]” (SANTOS, 2006, p.314). No entanto,

na visão da Geografia Humanista esse lugar que na concepção de Milton Santos é,

à sua maneira, o mundo, passa a assumir elementos particularmente humanos, e a

possuir valores que lhe atribuem ressignificados, pois emerge carregado de

afetividade à medida que perpassa as experiências de cada indivíduo.

Em relação ao entendimento sobre o que seriam as percepções individuais de

um sujeito sobre o lugar, Del Rio (1996, p.3) escreve que esta é “[...] um processo

mental de interação do indivíduo com o meio ambiente e que se dá através de

mecanismos propriamente ditos e, principalmente, cognitivos [...]”, na qual os

primeiros referem-se aos estímulos externos captados pelos cinco sentidos,

principalmente pela visão; já os segundos, que reportam-se às ações cognitivas,

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estão ligados, nas palavras de Del Rio (1996, p.3), diretamente à inteligência, em

“[...] que a mente exerce parte ativa na construção da realidade percebida [...]” como

resposta ao captado não apenas pelos sentidos, mas, somado a estes, outras

contribuições ativas do sujeito ao processo perceptivo, incluindo motivações,

valores, expectativas, julgamentos e outros, que podem aqui ser agrupados no

conjunto das experiências e vivências que um sujeito traz consigo.

Amorim Filho (2002, p.19) também contribui para o esclarecimento do

conceito de percepção, quando escreve que esta é uma “[...] função psicológica que

capacita o indivíduo a converter os estímulos sensoriais em experiência [...]”, sendo

que essa experiência ocorre de forma organizada e coerente. Destaca-se, portanto,

que para esse autor, a noção de percepção se dá diretamente pela interação entre

os estímulos sensoriais, que são apropriados pelo sujeito, e as suas experiências

pessoais, que juntos cooperam para organizar de forma coerente, em sua mente, a

realidade percebida.

Referindo-se ao ambiente ou lugar, a mente humana pode também

apresentar uma variedade grande de concepções e percepções, dependendo

sempre dos processos mentais que um indivíduo poderá ser capaz de realizar sobre

um referido lugar.

Analisando-se diretamente esses processos mentais que podem acontecer

sobre um lugar, observa-se que estes irão depender do modo como o indivíduo se

apropria mentalmente desse lugar e do modo como a sua vivência lhe deixa sentir e

lhe permite transparecer. Por isso os estudos sobre a percepção do ambiente

entram no campo da subjetividade humana, e esta só pode ser explicada pela

fenomenologia, que “[...] exalta a interpretação do mundo que surge

intencionalmente à nossa consciência [...]”, em forma subjetiva, e esclarece “[...]

alguns elementos culturais, como os valores, que caracterizam o mundo vivido dos

sujeitos” (TRIVIÑOS, 2012, p.48).

Em relação à percepção ambiental dos lugares, os estudos e levantamentos

realizados e publicados no livro “Percepção ambiental: a experiência brasileira” do

ano de 1996, organizados por Vicente Del Rio e Lívia de Oliveira, tem servido como

referência para os estudiosos desse tema no país. Em sua introdução, o livro nos

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permite compreender um pouco mais sobre como o indivíduo percebe o mundo à

sua volta, quando admite que “[...] nossa apreensão do mundo se dá pelos

processos perceptivos que registram e aferem significados à realidade que cada um

de nós percebe, como membros de um grupo social e como indivíduos [...]”, e ainda

reargumenta que essa realidade é um fenômeno individual, que passa por um

processo de re-construção mental a cada dia.

No entanto, em que pese ser a realidade de cada um, elemento fundante para

que o indivíduo construa sua percepção sobre os lugares, visto que esta é dotada,

como já escrito, de uma subjetividade singular, observa-se que em alguns casos

essa realidade pode referir-se a um grupo de pessoas que possuem certa

identificação coletiva com o meio, por pertencerem, por exemplo, a um mesmo grupo

social que compartilha interesses em relação ao lugar.

Nesse caso o lugar pode ser visto como objeto de percepção dos indivíduos,

mesmo que essa percepção seja coletiva e dotada de intencionalidades que

permitem estabelecer uma relação de afetividade com o espaço, devido aos

significados e valores culturalmente atribuídos a este. Holzer (2003, p.120) esclarece

bem essa questão quando escreve que “Além do espaço pessoal, existe a

experiência grupal do espaço, onde é vivida a experiência do outro. É o que os

fenomenologistas chamam de intersubjetividade [...]”.

Constata-se então que a percepção ambiental está intimamente associada ao

conceito fenomenológico de lugar, quer individual ou coletivo, pelo modo como os

sujeitos lhe atribuem significados e deixam aflorar sentimentos e valores. Para

Amorim filho (2002) através dos estudos sobre a percepção do ambiente ocorre uma

valorização da maneira de explorar os lugares e paisagens da Terra. Esse autor

esclarece que:

[...] as aspirações, decisões e ações, individuais ou coletivas, que os homens desenvolvem em relação ao ambiente em que vivem podem ser avaliadas através de uma cuidadosa análise das atitudes, preferências, valores, percepções e imagens que a mente humana tem a capacidade de elaborar [...] (AMORIM FILHO, 2002, p16).

No campo da Geografia, o principal representante dos estudos sobre a

percepção ambiental é o geógrafo cino-americano Yi-Fu Tuan. De acordo com esse

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autor, existem consideráveis diferenças na maneira como as pessoas percebem o

mundo, ao ponto de considerarmos, pelas diferenças e preferências próprias de

cada indivíduo, existirem “mundos pessoais”, em que os conceitos e atitudes em

relação à vida e ao meio onde se vive podem variar, pois refletem necessariamente

percepções individuais, podendo mudar de acordo com a idade, sexo ou estrutura

social por exemplo (TUAN, 2012).

Na realidade brasileira, esse fator pode explicar, por exemplo, a relação de

afetividade daquelas populações que vivem em locais inadequados ambientalmente,

como por exemplo, nas comunidades (favelas) da cidade do Rio de Janeiro, na qual

observa-se, em diversos relatos, alguns casos de não-vontade dos moradores em

deixar estes locais, mesmo que seja para outros com melhores condições de

infraestrutura urbana, e isso devido a um latente sentimento de afetividade com o

lugar, perceptível até mesmo a visitantes e turistas.

Ocorre, neste caso, uma relação de familiaridade com o lugar, relação essa

que, de acordo com Tuan (2012) pode ocorrer também com objetos, sendo que

estes, depois de fazerem parte do nosso cotidiano, podem ser considerados por

alguns como a extensão da nossa personalidade, do nosso eu.

No caso de uma casa, por exemplo, se estiver em um ambiente urbano,

estará inserida em um bairro (ou, como no exemplo anterior, em uma favela), e este

local também passará a ser objeto de familiaridade, no qual o ser humano identificar-

se-á quer pelas relações físicas (a igreja, o mercado, a praça), quer pelas relações

sociais (amigos, vizinhos e outros), como ainda pelas relações históricas (fundação

do bairro, local de nascimento ou da primeira casa própria), ou mesmo outro fator

qualquer que possa criar um ambiente em que o sentimento de afetividade seja

perceptível. Considera-se também que quando um sujeito conhece e se apropria do

processo histórico nos quais se originaram os lugares, este pode observá-lo e

analisá-lo de modo diferenciado, podendo daí surgir percepções que até então não

existiam.

Tuan (2012) também pontua que é natural dos seres humanos terem uma

visão etnocêntrica, um egocentrismo coletivo em relação aos lugares onde vivem,

supervalorizando-os e atribuindo-lhes um valor de superioridade em relação aos

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lugares adjacentes. Essa postura, nos dizeres desse autor, talvez possa ser

explicada pela necessidade de manutenção ou auto-sustentação de sua própria

cultura ou da prosperidade do lugar, em que a necessidade de centralidade ou de

fazer-se central, coopera para se manter o sentido de orgulho (TUAN, 2012).

Diante dessas considerações, abstrai-se que a percepção de um indivíduo em

relação ao lugar onde vive pode ser influenciada por diversos fatores, que

compreendem a sua realidade individual, dos quais destacamos:

1 – O tempo em que se vive no lugar;

2 – As relações sociais e econômicas que acontecem nesse lugar;

3 – As características das paisagens naturais ou humanizadas que foram

historicamente construídas nesse lugar;

4 – E ainda quando se compara cada uma destas características com outros

lugares, quer estes sejam considerados melhores ou piores.

Portanto, a visão ou percepção de um indivíduo em relação a um determinado

local, principalmente o local onde vive, é condicionada por elementos do ambiente

social e do ambiente físico, sendo também fortemente influenciada pelas

experiências anteriores que cada indivíduo traz consigo (TUAN, 2012).

Desta forma, verifica-se que a percepção aparece associada à atitude, que

nada mais é do que a postura ou posição que se toma frente ao mundo, ou frente a

situações ou ainda frente às paisagens. A atitude é formada acima de tudo pelo

conjunto de experiências e de vivências que temos, e essa experiência além de

possuir um caráter pessoal, reflete muitíssimo o ambiente social em que o indivíduo

foi concebido e desenvolveu-se. Nesse sentido Tuan (2012, p.18) esclarece que:

[...] a percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos como a atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados [...].

Diante dessas atitudes, que podemos aqui caracterizar como o “conjunto de

experiências” que cada indivíduo traz consigo, tem-se o surgimento da topofilia,

conceito criado por Tuan, que indica “O elo afetivo entre a pessoa e o lugar ou

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ambiente físico” (TUAN, 2012, p.19), e também, em contraposição, a topofobia, que

seria o sentimento de rejeição ou medo em relação ao lugar.

Portanto, constata-se que, com já escrito, a percepção do ambiente (quer

afetiva ou de rejeição) é pessoal, e dependente do conjunto de experiências que

uma pessoa traz consigo, haja vista que, em um mesmo ambiente físico ou social,

dois seres humanos, porém com históricos de vida diferentes - portanto com

experiências e atitudes diferentes -, percebem o ambiente de distintas formas,

baseados sobretudo em suas vivências.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS E CONSIDERAÇÕES

METODOLÓGICAS

O Município de Paiçandu (FIGURA 1) situa-se no noroeste do Estado do

Paraná, a aproximadamente 439 km da capital Curitiba e a 16 km de Maringá. De

acordo com dados do IBGE (2015), conta com 39.291 habitantes, apresenta IDH

médio de 0,716 em 2010, e sua economia está baseada sobretudo na prestação de

serviços, de onde estima-se que venha mais de 70% de seu produto interno bruto.

Desde o ano de 1998, com a Lei Complementar Estadual 83/98 constitui, com mais

26 municípios, a Região Metropolitana de Maringá, com uma população aproximada

de 800.000 habitantes.

Criada inicialmente com o nome de Gleba Paiçandu, em 1948, pela

Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, foi desmembrada da cidade de

Maringá em 25 de julho de 1960, tornando-se nesta data município autônomo,

porém mantendo estreitas relações econômicas, sociais e políticas com Maringá

(IDH 0,808) e outras cidades vizinhas (IBGE, 2015).

Devido a esta forte relação entre os municípios da região metropolitana e a

cidade de Maringá, que possui de acordo com o IBGE (2015), 397.437 habitantes,

observou-se nessa pesquisa uma inerente comparação entre a qualidade de vida

existente em Maringá, e as outras cidades que compõem sua região metropolitana,

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como por exemplo, Paiçandu, o que contribui para um olhar diferenciado de seus

habitantes em relação ao seu próprio lugar.

FIGURA 1

LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PAIÇANDU

Na tentativa, portanto, de se diagnosticar a percepção de parte dessa

população, em especial de alunos do ensino médio da rede pública estadual da

cidade de Paiçandu, apresenta-se, neste trabalho, o resultado de um processo

pedagógico que teve como objetivo diagnosticar as percepções que uma parte dos

alunos do ensino médio tem sobre sua cidade, por meio de uma série de atividades

didáticas que, dentre outros, apresentou os principais conceitos referentes à

Geografia da Percepção, como por exemplo, a noção de lugar, na perspectiva da

Geografia Humanista.

Para viabilizar esta pesquisa, em um primeiro momento optou-se por trabalhar

com um grupo de alunos do 2º ano do ensino médio, por acreditar-se que estes já

possuam maturidade para desenvolver as atividades propostas neste estudo, que

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correspondiam a aulas expositivas sobre os principais conceitos relativos à

Geografia da Percepção, aulas no laboratório de informática para aferir os noticiários

referentes à cidade de Paiçandu, e visitas técnicas pelos arredores do colégio e

também pelos principais bairros e pontos específicos da cidade, buscando-se obter

subsídios que pudessem demonstrar, pelo menos em parte, a realidade da

população residente no município.

Importante destacar que em uma destas visitas técnicas percorremos vários

bairros da cidade e áreas rurais, privilegiando principalmente aqueles locais

considerados topofóbicos pelos próprios alunos, quer pela falta de infraestrutura,

pela violência urbana em suas variadas formas, ou outro fator qualquer. Durante o

trajeto chamou-se a atenção dos educandos para a necessidade de exercitarem um

olhar diferenciado em relação a cada um dos fatores que compunham

historicamente aqueles locais, no sentido de considerarem questões, sociais,

econômicas e políticas ali envolvidas, em uma tentativa de que estes ampliassem

suas capacidades de observação e análise pautados por diferentes perspectivas.

Desta forma, ao final desta visita técnica, e em posterior diagnóstico realizado

junto aos alunos, observou-se a ampliação e/ou desenvolvimento do sentimento de

pertencimento em relação à cidade em que moram (descrito de forma sistemática e

com gráficos nos próximos tópicos), com relatos dos educandos sobre a

desconstrução de algumas percepções topofóbicas em relação aos locais visitados,

principalmente aquelas que eram resultado do desconhecimento de fatores que

historicamente compunham aquele lugar.

Acredita-se que, conforme já citado no referencial teórico deste trabalho,

quando um indivíduo, qualquer que seja, toma conhecimento e se apropria dos

processos históricos que deram origem aos lugares, este passa a analisá-lo e

observá-lo com outro olhar, que muitas vezes pode direcioná-lo para sentimentos de

afetividade ou de rejeição, que até então não existiam.

Ainda na tentativa de se ampliar as habilidades de observação, analise e

representação da paisagem, desenvolveu-se junto aos alunos uma atividade em que

estes foram divididos em equipes e orientados a retornar aos bairros visitados, bem

como outros, para que realizassem um mapeamento em toda a cidade referente aos

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locais que pudessem ser caracterizados como topofílicos ou topofóbicos,

registrando-os em fotografias e produzindo as respectivas análises dos porquês de

suas percepções, amparados pelos conhecimentos adquiridos em sala de aula.

Assim, através destas atividades propostas e seus desdobramentos, os

alunos tiveram a oportunidade de contestar, ou não, suas percepções sobre

determinados lugares, visto que passaram a analisá-los de forma mais ampla,

contextualizando-os junto a fatores históricos, sociais, políticos e outros. Após esta

análise mais aprofundada, e relatos dos alunos, constatou-se que em muitos casos

houve o desenvolvimento ou ampliação, como já escrito, de sentimentos de

pertencimento ao lugar, principalmente daqueles que moravam em bairros

considerados topofóbicos devido à falta de infraestrutura, como pavimentação

asfáltica, por exemplo, e ainda por aqueles que, embora não conhecendo estes

locais, os tinham como lugares de rejeição pelo senso comum de que eram

considerados “locais-problema”, sem se aprofundar em sua realidade concreta e

histórica.

Deste modo, constata-se a importância, também pedagógica, dos estudos

referentes à percepção ambiental, como ferramenta para auxiliar na construção da

autoestima de nossos alunos, pois pensa-se que um aluno que possui desenvolvido

em si um sentimento de afetividade em relação aos locais de seu convívio, como

escola, casa, bairro ou outro, apresenta melhores condições, de acordo com nossa

visão, de construir perspectivas positivas em relação a seu futuro, visto que este

passa a sentir-se motivado a inserir-se de modo significativo na sociedade a qual

pertence.

Durante os trabalhos com os alunos, no decorrer das atividades, tornou-se

notório a mudança de interpretação em relação às suas percepções sobre o

município de Paiçandu, pois observou-se maior interesse destes pela sua cidade,

sua história e seus lugares, evidenciados principalmente pelas conversas de

corredor destes com outros alunos que não participavam desta pesquisa, abrindo a

possibilidade de ampliar os estudos deste tema para próximos anos letivos.

Destaca-se, desta forma, a importância de trabalhos pedagógicos que tenham

como tema a Geografia da Percepção, principalmente aqueles que visam tornar os

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alunos seres críticos em relação à realidade em que vivem, buscando seus porquês

e saindo do senso comum de conformar-se com situações das quais pouco sabem

as causas ou motivos.

A Geografia da Percepção ao ser trabalhada em sala de aula pode permitir,

de forma direta, preencher a lacuna que existe entre o senso comum, muito presente

em nossos alunos, e a realidade concreta, pautada em análises mais aprofundadas

sobre os diferentes fatores que constituem o contexto de cada ambiente vivido, de

modo a permitir fazer a ligação entre os elementos sociais, econômicos e políticos

que compõem historicamente os lugares.

Assim, delimitado nosso objeto de estudos, e finalizadas as atividades

propostas a ser desenvolvidas junto aos alunos, partiu-se para um segundo

momento da nossa pesquisa, em que aplicou-se um questionário aos 39 estudantes

de uma turma de 2º ano do ensino médio, com o objetivo de se diagnosticar suas

percepções sobre a cidade de Paiçandu. Destes, 34 responderam ao questionário

no dia escolhido para sua aplicação, o que nos garante certa confiabilidade nos

resultados obtidos em relação ao total de amostras que poderiam ser coletadas. Os

dados foram tabulados e serão a seguir apresentados em forma de gráficos para

melhor análise e compreensão.

A PERCEPÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A CIDAD E DE

PAIÇANDU

Para melhor aferir a percepção dos alunos alvo de nossa pesquisa, após

realizadas as intervenções em sala de aula sobre os principais conceitos relativos a

percepção ambiental, aplicou-se um questionário contendo 31 questões objetivas e

subjetivas, de modo a deixar o educando livre em relação ao tempo para respondê-

las, e ainda realizar as reflexões que julgasse necessárias sobre a cidade de

Paiçandu. Das questões apresentadas, parte serviu para familiarizar os alunos em

relação ao tema proposto, e parte nos permitiu verificar a percepção destes em

relação ao lugar onde vivem.

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Em um breve diagnóstico

53% dos alunos pesquisados

ser considerada como ótima ou boa

Estes índices apontam, em uma

alunos sobre sua cidade

ruim para se morar.

Neste momento é importante apontar que, embora Paiçandu apresente

diversos problemas relacionados à falta de infraestrutura física e social, os

moradores da cidade desenvolveram certa percepção topofílica sobre o lugar em

que moram, mesmo que este notadame

outras cidades próximas, como Maringá, por exemplo.

Embora possa existir a comparação entre estes dois municípios, e que se

observe que Maringá tenha um IDH maior do que Paiçandu, a relação de afetividade

se faz presente principalmente quando se leva em consideração

moradores vivem no lugar

relações sociais e econômicas que

aproximar as pessoas pelo

familiar uns com os outros

Ao serem questionados sobre o que mais contribui negativamente para a

qualidade de vida em Paiçandu, os

VOCÊ CONSIDERA A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE DE

Fonte: o autor.

diagnóstico dos resultados apurados, constatou

alunos pesquisados (GRÁFICO 1) a qualidade de vida em Paiçandu

como ótima ou boa, e ainda que 44% a consideram como regular.

Estes índices apontam, em uma abreviada análise, uma percepção positiva destes

alunos sobre sua cidade, à medida que apenas 3% a consideram como um local

GRÁFICO 1

Neste momento é importante apontar que, embora Paiçandu apresente

diversos problemas relacionados à falta de infraestrutura física e social, os

moradores da cidade desenvolveram certa percepção topofílica sobre o lugar em

que moram, mesmo que este notadamente tenha um padrão de vida menor do que

outras cidades próximas, como Maringá, por exemplo.

Embora possa existir a comparação entre estes dois municípios, e que se

observe que Maringá tenha um IDH maior do que Paiçandu, a relação de afetividade

esente principalmente quando se leva em consideração

no lugar, os eventos que ali aconteceram e acontecem

relações sociais e econômicas que se concretizam nesse lugar

aproximar as pessoas pelo convívio histórico, construindo uma proximidade afetiva

familiar uns com os outros.

Ao serem questionados sobre o que mais contribui negativamente para a

qualidade de vida em Paiçandu, os alunos sugerem que a sujeira presente nas vias

9%

44%

44%

3%

VOCÊ CONSIDERA A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE DE PAIÇANDU COMO:

dos resultados apurados, constatou-se que para

a qualidade de vida em Paiçandu pode

44% a consideram como regular.

análise, uma percepção positiva destes

à medida que apenas 3% a consideram como um local

Neste momento é importante apontar que, embora Paiçandu apresente

diversos problemas relacionados à falta de infraestrutura física e social, os

moradores da cidade desenvolveram certa percepção topofílica sobre o lugar em

nte tenha um padrão de vida menor do que

Embora possa existir a comparação entre estes dois municípios, e que se

observe que Maringá tenha um IDH maior do que Paiçandu, a relação de afetividade

esente principalmente quando se leva em consideração o tempo que os

e acontecem, e ainda as

nesse lugar, que tendem a

convívio histórico, construindo uma proximidade afetiva

Ao serem questionados sobre o que mais contribui negativamente para a

que a sujeira presente nas vias

VOCÊ CONSIDERA A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE DE

ÓTIMA

BOA

REGULAR

RUIM

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públicas seja o principal problema, com 27%, associado à falta de segurança com

23% (GRÁFICO 2). Destaque especial pode ser dado à

já citado, e observada na cidade de modo geral

resultado do descaso do poder público p

fator é diagnosticado quando aponta

pavimentação asfáltica, à área da saúde, à educação e

somam, juntos, 50% dos problemas diagnosticados pelos alunos como o que

contribui negativamente para a qualidade de vida na cidade.

O lixo presente nas vias públicas e a falta de pavimentação asfáltica também

são apontados como

questionados, 66% destes assinalam estes dois itens como os principais em relação

à percepção negativa

insegurança, com 13% cada (GRÁFICO 3).

Importante destacar

presentes nas vias públicas e terrenos baldios

certo podem ser significativos p

(topofobia) destes para com

esta situação é produzida pelo

onde moram, somados à falta de organização do poder público municipal em

equacionar este problema, quer com campanhas de conscientização,

16%

EM SUA OPINIÃO, O QUE CONTRIBUI NEGATIVAMENTE PARA A

ipal problema, com 27%, associado à falta de segurança com

23% (GRÁFICO 2). Destaque especial pode ser dado à falta de infraestrutura

vada na cidade de modo geral, vista em muitos casos

resultado do descaso do poder público para com a população como um todo

ator é diagnosticado quando aponta-se que problemas

pavimentação asfáltica, à área da saúde, à educação e à falta de opções de lazer

somam, juntos, 50% dos problemas diagnosticados pelos alunos como o que

contribui negativamente para a qualidade de vida na cidade.

GRÁFICO 2

O lixo presente nas vias públicas e a falta de pavimentação asfáltica também

são apontados como fatores que geram incômodo nos alunos.

66% destes assinalam estes dois itens como os principais em relação

à percepção negativa para com a cidade, seguidos da falta de hospitais e

insegurança, com 13% cada (GRÁFICO 3).

Importante destacar que o notável incômodo em relação ao lixo e à sujeira

presentes nas vias públicas e terrenos baldios de Paiçandu, s

podem ser significativos para o desenvolvimento de um sentimento de rejeição

(topofobia) destes para com essa cidade. Observa-se, contudo, que quase sempre

esta situação é produzida pelo desleixo da própria população em relação ao local

somados à falta de organização do poder público municipal em

equacionar este problema, quer com campanhas de conscientização,

27%

23%16%

16%

10%8%

EM SUA OPINIÃO, O QUE CONTRIBUI NEGATIVAMENTE PARA A QUALIDADE DE VIDA EM PAIÇANDU?

LIXO NAS RUAS

FALTA DE SEGURANÇA

FALTA DE ASFALTO

PROBLEMAS NA SAÚDE

PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO

FALTA OPÇÕES DE LAZER

ipal problema, com 27%, associado à falta de segurança com

falta de infraestrutura, como

vista em muitos casos como o

ara com a população como um todo. Este

se que problemas relacionados à

falta de opções de lazer

somam, juntos, 50% dos problemas diagnosticados pelos alunos como o que

O lixo presente nas vias públicas e a falta de pavimentação asfáltica também

incômodo nos alunos. Ao serem

66% destes assinalam estes dois itens como os principais em relação

cidade, seguidos da falta de hospitais e

notável incômodo em relação ao lixo e à sujeira

são fatores que por

um sentimento de rejeição

se, contudo, que quase sempre

desleixo da própria população em relação ao local

somados à falta de organização do poder público municipal em

equacionar este problema, quer com campanhas de conscientização, multas, ou

EM SUA OPINIÃO, O QUE CONTRIBUI NEGATIVAMENTE PARA A

LIXO NAS RUAS

FALTA DE SEGURANÇA

FALTA DE ASFALTO

PROBLEMAS NA SAÚDE

PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO

FALTA OPÇÕES DE LAZER

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outro, como destinar locais específicos para a população depositar entulhos e restos

de obra, por exemplo.

Outro ponto significativo

cidade por parte dos alunos

meios de comunicação correntes na região. Para

reportam a fatos que

principalmente ao tráfico de drogas e violências e

contribui para se ter uma

viver, colaborando, desta forma,

população (GRÁFICO 4).

13%

13%

O QUE MAIS O INCOMODA NA CIDADE DE PAIÇANDU?

EM SUA OPINIÃO, A MAIORIA DAS NOTÍCIAS SOBRE A CIDADE DE PAIÇANDU SE REFERE A FATOS NEGATIVOS OU POSITIVOS?

como destinar locais específicos para a população depositar entulhos e restos

GRÁFICO 3

ponto significativo que pode cooperar para uma percepção

alunos, refere-se ao teor dos noticiários apresentados pelos

comunicação correntes na região. Para 91% destes, estes noticiários

em sua maioria denigrem a imagem da cidade

ao tráfico de drogas e violências em suas variadas formas,

para se ter uma impressão de se estar em um local insalubre para o bem

, desta forma, para uma percepção negativa (topofóbica) da

).

GRÁFICO 4

33%

33%

13%

4%

4%

O QUE MAIS O INCOMODA NA CIDADE DE PAIÇANDU?

FALTA DE ASFALTO

LIXO

FALTA HOSPITAL

INSEGURANÇA

FALTA ESPAÇO DE LAZER

FALTA DE PLANEJAMENTO

91%

9%

EM SUA OPINIÃO, A MAIORIA DAS NOTÍCIAS SOBRE A CIDADE DE PAIÇANDU SE REFERE A FATOS NEGATIVOS OU POSITIVOS?

como destinar locais específicos para a população depositar entulhos e restos

a percepção negativa da

se ao teor dos noticiários apresentados pelos

destes, estes noticiários se

denigrem a imagem da cidade, ligados

m suas variadas formas, o que

impressão de se estar em um local insalubre para o bem-

para uma percepção negativa (topofóbica) da

O QUE MAIS O INCOMODA NA CIDADE DE PAIÇANDU?

FALTA DE ASFALTO

LIXO

FALTA HOSPITAL

INSEGURANÇA

FALTA ESPAÇO DE LAZER

FALTA DE PLANEJAMENTO

EM SUA OPINIÃO, A MAIORIA DAS NOTÍCIAS SOBRE A CIDADE DE PAIÇANDU SE REFERE A FATOS NEGATIVOS OU POSITIVOS?

NEGATIVOS

POSITIVOS

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No entanto, outro fator importante foi diagnosticado por esta pesquisa, pois

mesmo considerando-se o fato dos transtornos causados pela falta de pavimentação

asfáltica, o incômodo gerado pela presença de lixo nas vias públicas, e

noticiários negativos em relação à segurança da cidade, os alunos apontaram que

se tivessem a oportunidade de mudar a realidade de seu município, investiriam seus

recursos prioritariamente em um sistema de saúde mais adequado às necess

da população (GRÁFICO 5).

Este fato pode ser explicado devido ao

apresentado, nos últimos anos,

saúde, com o fechamento do único hospital

noticiários sobre pessoas que padecem pela falta de um atendimento adequado,

tornando-se este assunto recorrente nas conversas de alunos com seus familiares e

amigos. Desta forma, evidencia

educandos em preservar

naquilo em que mais sentem necessidade, se sobrepondo até mesmo ao interesse

em se ter uma cidade com uma paisagem mais bela e que agrade aos sentidos.

Um aspecto relevante a se destacar é

à prefeitura da cidade,

responsabilidade pela atual qualidade de vida d

caracteriza, na opinião da maioria de

demonstrado no gráfico 1. No entanto os alunos

18%

SE VOCÊ FOSSE O PREFEITO DA CIDADE, INVESTIRIA OS RECURSOS

No entanto, outro fator importante foi diagnosticado por esta pesquisa, pois

se o fato dos transtornos causados pela falta de pavimentação

asfáltica, o incômodo gerado pela presença de lixo nas vias públicas, e

ivos em relação à segurança da cidade, os alunos apontaram que

se tivessem a oportunidade de mudar a realidade de seu município, investiriam seus

recursos prioritariamente em um sistema de saúde mais adequado às necess

da população (GRÁFICO 5).

GRÁFICO 5

Este fato pode ser explicado devido ao município de Paiçandu te

, nos últimos anos, problemas crônicos em relação ao sistema de

saúde, com o fechamento do único hospital da cidade no ano de 2011

noticiários sobre pessoas que padecem pela falta de um atendimento adequado,

se este assunto recorrente nas conversas de alunos com seus familiares e

amigos. Desta forma, evidencia-se nesta pesquisa a preocupação e o interesse dos

dos em preservar com qualidade a vida humana de forma mais direta,

naquilo em que mais sentem necessidade, se sobrepondo até mesmo ao interesse

em se ter uma cidade com uma paisagem mais bela e que agrade aos sentidos.

aspecto relevante a se destacar é que grande parte dos alunos atribuem

à sociedade em geral e aos políticos atuais a

responsabilidade pela atual qualidade de vida de Paiçandu (GRÁFICO 6

na opinião da maioria destes, como boa e regula

co 1. No entanto os alunos também classificam

68%

18%

7%

3% 4%

SE VOCÊ FOSSE O PREFEITO DA CIDADE, INVESTIRIA OS RECURSOS PRIORITARIAMENTE EM QUAL ÁREA ?

No entanto, outro fator importante foi diagnosticado por esta pesquisa, pois

se o fato dos transtornos causados pela falta de pavimentação

asfáltica, o incômodo gerado pela presença de lixo nas vias públicas, e ainda os

ivos em relação à segurança da cidade, os alunos apontaram que

se tivessem a oportunidade de mudar a realidade de seu município, investiriam seus

recursos prioritariamente em um sistema de saúde mais adequado às necessidades

município de Paiçandu ter

problemas crônicos em relação ao sistema de

no ano de 2011 e vários

noticiários sobre pessoas que padecem pela falta de um atendimento adequado,

se este assunto recorrente nas conversas de alunos com seus familiares e

se nesta pesquisa a preocupação e o interesse dos

qualidade a vida humana de forma mais direta,

naquilo em que mais sentem necessidade, se sobrepondo até mesmo ao interesse

em se ter uma cidade com uma paisagem mais bela e que agrade aos sentidos.

que grande parte dos alunos atribuem

e aos políticos atuais a principal

e Paiçandu (GRÁFICO 6), que se

como boa e regular, conforme

classificam estes mesmos

SE VOCÊ FOSSE O PREFEITO DA CIDADE, INVESTIRIA OS RECURSOS

SAÚDE

SEGURANÇA

ASFALTAMENTO

LIMPEZA

EDUCAÇÃO

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atores como os mais envolvidos em melhorar a qualidade de vida dessa cidade

(GRÁFICO 7), revelando, em nossa perspectiva, um

educandos de que a aparência e infra

constitui no resultado de um processo histórico e

conjugadas entre os poderes executivo, legislativo e a sociedade,

ocorre o compartilhamento das responsabilidades em se ter um lugar agradável para

se morar.

Desta forma, diante do

aos alunos, observa-se que mesmo em face aos problemas existentes na cidade,

12%

QUAL SEGMENTO VOCÊ CLASSIFICARIA COMO O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA ATUAL QUALIDADE DE VIDA EM PAIÇANDU?

23%

QUAL SEGMENTO VOCÊ CLASSIFICARIA COMO O MAIS ENVOLVIDO EM MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA EM

como os mais envolvidos em melhorar a qualidade de vida dessa cidade

(GRÁFICO 7), revelando, em nossa perspectiva, um entendimento por parte dos

que a aparência e infraestrutura existentes no lugar e

de um processo histórico e de um somatório de forças e ações

conjugadas entre os poderes executivo, legislativo e a sociedade,

ento das responsabilidades em se ter um lugar agradável para

GRÁFICO 6

GRÁFICO 7

, diante dos dados apresentados pelo questionário aplicado junto

se que mesmo em face aos problemas existentes na cidade,

27%

25%16%

12%

8%7% 5%

QUAL SEGMENTO VOCÊ CLASSIFICARIA COMO O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA ATUAL QUALIDADE DE VIDA EM PAIÇANDU?

A PREFEITURA DA CIDADE

A SOCIEDADE EM GERAL

OS POLÍTICOS ATUAIS

OS COMERCIANTES

O GOVERNO DO ESTADO

O SETOR INDUSTRIAL

OS POLÍTICOS DO PASSADO

31%

28%

23%

18%

QUAL SEGMENTO VOCÊ CLASSIFICARIA COMO O MAIS ENVOLVIDO EM MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA EM

PAIÇANDU?

A PREFEITURA DA CIDADE

A SOCIEDADE EM GERAL

OS POLÍTICOS ATUAIS

OUTROS

como os mais envolvidos em melhorar a qualidade de vida dessa cidade

entendimento por parte dos

o lugar em que vivem se

um somatório de forças e ações

conjugadas entre os poderes executivo, legislativo e a sociedade, à medida em que

ento das responsabilidades em se ter um lugar agradável para

dados apresentados pelo questionário aplicado junto

se que mesmo em face aos problemas existentes na cidade,

QUAL SEGMENTO VOCÊ CLASSIFICARIA COMO O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA ATUAL QUALIDADE DE VIDA EM PAIÇANDU?

A PREFEITURA DA CIDADE

A SOCIEDADE EM GERAL

OS POLÍTICOS ATUAIS

OS COMERCIANTES

O GOVERNO DO ESTADO

O SETOR INDUSTRIAL

OS POLÍTICOS DO PASSADO

QUAL SEGMENTO VOCÊ CLASSIFICARIA COMO O MAIS ENVOLVIDO EM MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA EM

A PREFEITURA DA CIDADE

A SOCIEDADE EM GERAL

OS POLÍTICOS ATUAIS

OUTROS

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principalmente os ligados à falta de infraestrutura física e social, nota-se certa

percepção topofílica em relação à cidade de Paiçandu.

Destaca-se que o tempo em que a pessoa vive em um lugar e os eventos que

ali acontecem a partir de sua chegada, como proximidade com vizinhos, por

exemplo, pode influenciar de forma positiva sua percepção, passando de topofóbica

a topofílica. Assim, essa percepção afetiva dos alunos pode ser explicada, dentre

outros fatores, pelas relações históricas estabelecidas pelos os moradores entre si e

também em relação ao local onde moram, permitindo que desenvolvam o

sentimento de afetividade devido à identificação que ocorre entre os sujeitos, e

destes com o ambiente em que vivem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em uma breve análise dos dados proporcionados por esta pesquisa, a título

de considerações finais para esta investigação, observa-se que, mesmo

considerando os problemas apresentados em relação à cidade de Paiçandu, ocorre

certa avaliação positiva sobre a cidade por parte dos alunos que serviram como

objeto para nosso de estudos.

Nota-se uma afeição em relação ao lugar onde moram, embora reconheçam

as dificuldades já mencionadas, relacionadas principalmente à falta de infraestrutura,

lixo presente em vias públicas e terrenos baldios, tráfico de drogas e violência em

suas variadas formas. Essa constatação se embasa no fato de 88% destes

indicarem esta cidade para um familiar morar (GRÁFICO 8), demonstrando que para

estes alunos a cidade tem condições de vida satisfatórias para abrigar seus entes

com qualidade.

Essa percepção topofílica pode ser em parte explicada pelo estreitamento das

relações sociais entre os moradores, que foram historicamente constituídas na

cidade de Paiçandu, fazendo com que se minimizem as características da paisagem

humanizada desta localidade, que embora marcada por carências, não são

suficientes para romper com os elos afetivos e apegos em relação ao lugar por parte

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da população, mesmo estando próximos a um centro urbano que apresenta melhor

qualidade de vida.

A afeição dos alunos

na cidade onde sempre gostam de ir,

(GRÁFICO 9), demonstrando que

alunos encontra opções de lazer que não sejam ir à cidade de Maringá

parques e shoppings que esta

sendo uma atitude de afetividade e

dos alunos, consumindo equipamentos públicos e privados de lazer, como praças,

complexos esportivos, bares, restaurantes e outros.

VOCÊ INDICARIA A CIDADE DE PAIÇANDU PARA UM FAMILIAR SEU

HÁ LUGARES EM PAIÇANDU QUE VOCÊ SEMPRE GOSTA DE IR?

da população, mesmo estando próximos a um centro urbano que apresenta melhor

GRÁFICO 8

alunos ainda é evidenciada quando questionados se há lugar

sempre gostam de ir, em que 62% responderam positivamente

demonstrando que mesmo em meio às dificuldades, a

encontra opções de lazer que não sejam ir à cidade de Maringá

parques e shoppings que esta proporciona. Este fato pode ser analisado como

afetividade e sentimento de pertencimento ao lugar,

, consumindo equipamentos públicos e privados de lazer, como praças,

complexos esportivos, bares, restaurantes e outros.

GRÁFICO 9

88%

12%

VOCÊ INDICARIA A CIDADE DE PAIÇANDU PARA UM FAMILIAR SEU MORAR?

62%

38%

HÁ LUGARES EM PAIÇANDU QUE VOCÊ SEMPRE GOSTA DE IR?

da população, mesmo estando próximos a um centro urbano que apresenta melhor

quando questionados se há lugares

% responderam positivamente

às dificuldades, a maioria dos

encontra opções de lazer que não sejam ir à cidade de Maringá, consumir os

pode ser analisado como

mento de pertencimento ao lugar, por parte

, consumindo equipamentos públicos e privados de lazer, como praças,

VOCÊ INDICARIA A CIDADE DE PAIÇANDU PARA UM FAMILIAR SEU

SIM

NÃO

HÁ LUGARES EM PAIÇANDU QUE VOCÊ SEMPRE GOSTA DE IR?

SIM

NÃO

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Um fato que deve ser considerado é que, por sua própria relação histórica

com a cidade de Maringá, Paiçandu tem se constituído em cidade dormitório, em

que os movimentos pendulares de seus habitantes comprovam a importância da

economia maringaense para a absorção da mão de obra dessa cidade, visto o

intenso fluxo de veículos nos horários de pico nas vias que interligam os dois

municípios. Muitos também são os profissionais de diferentes áreas que vêm a

Paiçandu consumir serviços de mão de obra especializada ou para trabalhar, com

destaque para diversos professores, que fazem o trajeto de ida e volta diariamente,

por vários anos e sem avistar mudanças nesse hábito, o que pode evidenciar certo

apego ao local em que trabalham ou às pessoas ali envolvidas.

Outro destaque importante a ser evidenciado em relação à cidade de

Paiçandu é o evidente descaso de administrações públicas com o planejamento e

recursos do município, visto os escândalos em relação ao dinheiro público e

cassações de mandatos de prefeitos e vereadores nos últimos tempos1, o que tem

contribuído, de determinado ponto de vista, para o surgimento de um sentimento de

desprestígio dos moradores em relação ao local onde moram, também por estes

geralmente apresentarem-se, como já escrito neste trabalho, sem as infraestruturas

adequadas para o bom atendimento a algumas de suas necessidades básicas,

como asfaltamento de vias, postos de saúde, creches, equipamentos de lazer e

outros.

Desta forma, este trabalho considera que, em que pese à realidade dos fatos

revelados sobre a cidade de Paiçandu, e ainda de alguns outros como a sensação

de insegurança gerada pela violência urbana em suas variadas formas, observa-se,

da perspectiva aqui adotada, que ocorre de fato um sentimento de pertencimento ao

lugar por parte dos moradores dessa cidade, em especial os alunos do ensino médio

pesquisados, que mesmo não negando as dificuldades estruturais e políticas

enfrentadas pelo município, apontam que as mudanças apenas acontecerão com o

1 Desde o ano de 2002 houve a cassação de oito vereadores e dois prefeitos na cidade de Paiçandu, e

o prefeito atual (gestão 2012-2016) já foi alvo de duas Comissões Processantes que tiveram como

motivo seu impedimento.

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envolvimento de toda a sociedade no enfrentamento aos problemas mais urgentes,

quer políticos ou sociais.

Finaliza-se transcrevendo as palavras de um dos pesquisados, que ao ser

questionado sobre o que mais lhe incomoda na cidade, revela que muito precisa ser

feito, pois muitos são os problemas, e ainda que “saibamos que nem tudo são flores,

temos que nos envolver para que as mudanças aconteçam”.

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