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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
1. Introdução
O tema que norteou essa pesquisa PDE foi a análise discursiva dos
contos de fadas com destaque nos efeitos de sentidos, decorrentes de sujeitos
interpelados pela ideologia e atravessados pelo inconsciente, considerando as
condições sócio-históricas de discursos, enquanto práticas. E o título resultante
foi “Contos de fadas: o tradicional e o moderno na constituição de imaginários
em torno da mulher”.
A justificativa de minha pesquisa se encaixa, justa e amplamente, pelas
avaliações sistemáticas em grande escala, tais como: Enem, Saep, Saeb, as
quais apresentam resultados pouco satisfatórios devido ao baixo nível de
leitura e de interpretação de um grande contingente de sujeitos-alunos,
considerando como texto todo o evento de comunicação. Em função disso,
cabe um questionamento sobre metodologias empregadas pelos professores
das escolas públicas paranaenses para instigar ou aprimorar a qualidade de
leitura e de interpretação.
Diante de tal realidade, este artigo visa comprovar e/ou atestar que os
contos de fadas numa perspectiva discursiva contribuem para que sujeito-aluno
do sexto ano aproprie-se da leitura e da escrita, fazendo intervir a
exterioridade, dada pelo trabalho da língua na história, de modo a verificar que
o sentido ou os efeitos de sentidos sempre têm relação com sentidos que já
circularam antes em outros lugares e que sustentam a interpretação. Não se
trata de desenvolver o senso crítico, mas de praticar a interpretação “menos
ingênua do mundo”, mostrando que o dizer sempre decorre de sujeitos e que
os sujeitos, em sua prática, falam, escrevem e interpretam a partir de posições-
sujeito decorrentes de sua inscrição em formações discursivas que determinam
o que podem ou não dizer/escrever ou o contrário.
Essa faixa etária de dez a onze anos demanda do professor uma
metodologia criativa que lhes desperte a aprendizagem participativa e inscreva-
os como sujeitos, na formação social. Isso para que vejam o texto como parte
do discurso e como tal, ligado a contextos sócio-históricos, destacando que o
texto funciona, muitas vezes, de mecanismo de poder praticado pelos
aparelhos ideológicos de estado (AIE), materializados pelas instituições. Desse
modo, buscamos destacar o funcionamento da língua no social e no histórico,
sinalizando para a possibilidade de os sentidos sempre poderem ser outros,
como destaca Orlandi (2001).
O problema norteador desse questionamento foi colocado no tempo
presente, para fazer pensar em quaisquer leitores no exato momento em que o
lê: “É possível, com análises de novas abordagens e leituras de contos de
fadas, levar o sujeito-leitor do sexto ano à criticidade, atitude tão necessária na
sociedade contemporânea, que se apresenta como um desafio constante nas
salas de aula, desde as séries iniciais?”
E uma possível solução para esse problema é eleger a teoria da Análise
de discurso como ferramenta eficaz para melhorar a performance de leitura e
escrita dos alunos, visto que necessitam refletir sobre diversas questões, e,
ainda esforçar-se por atribuir mais de um sentido ao texto, coerente com o que
é solicitado e encaminhando-o, assim o seu dizer a um discurso, que depende
de sua filiação ideológica.
O objetivo geral foi colocar em suspenso a leitura dos contos de fadas,
afim de que o sujeito-aluno do 6º ano refletisse em torno das práticas sócio-
históricas em funcionamento, principalmente em relação à mulher, separando e
ao mesmo tempo relacionando a realidade e a ficção. E os objetivos
específicos foram: considerar as condições sócio-históricas de produção dos
contos de fadas e analisar o imaginário em torno das personagens femininas
nos contos tradicionais e modernos; separar o mundo fictício (mágico) do
mundo real com discussões que priorizem o social, o histórico e ideológico para
discutir sobre o imaginário em torno da mulher nos contos tradicionais e
modernos, mostrando as diferenças e as aproximações; organizar um quadro
comparativo entre os sujeitos-femininos desses contos, encaminhando as
discussões para o que continua igual e o que se alterou em relação ao
imaginário sobre o sujeito-feminino; refletir em torno do lugar social da mulher
nessas instâncias, buscando discutir as práticas em funcionamento e o que
sustenta esses imaginários.
Nossa proposta de trabalho com a leitura dos contos de fadas considera
os contos de fadas como materialidades, perguntando pelo modo como
surgiram e foram disseminados e, também, o seu estudo a partir da
psicanálise, tal como foi trabalhada por Bruno Bettelheim e pelos psicanalistas
Diana Lichtenstein e Mário Corso. No entanto, a leitura e a prática terão como
base a Análise de Discurso (doravante AD), tal como foi proposta por Michel
Pêcheux, na França, por Orlandi, no Brasil e por pesquisadores que militam
nesse campo do saber.
2. Considerações da AD
O referencial teórico utilizado para a pesquisa e para a interpretação dos
contos de fadas é a AD de linha francesa, baseando-se, principalmente, nos
trabalhos de Michel Pêcheux e de Eni Puccinelli Orlandi. O sentido das
palavras, de acordo com Pêcheux (1997, p. 160) tem relação com as posições
que os sujeitos assumem pelas filiações à formação discursiva a que eles se
vinculam. Em relação aos contos de fadas os seus sentidos são validados no
universo infantil e se perpetuam porque as falas, cenas e situações são
autorizadas em detrimento da realidade do sujeito-criança/adulto.
É muito necessário o leitor ter olhos críticos, não apenas vislumbrar as
qualidades do texto, mas também atualizar sua leitura, acrescentando sua
leitura de mundo, sua bagagem cultural, numa realização de leitura
contextualizada. E ainda é importante lembrar que Machado (2002) alerta
sobre a necessidade de entender a época de criação dos contos de fadas e
não realizar cobranças de comportamento contemporâneo, justamente por
tratar-se de manifestação cultural de outra época e sociedade. A esse
respeito, da subjetividade e historicidade, Leila da Franca Soares afirma:
Enxergar essa perspectiva é abrir brecha para a não exatidão do significado, para a não exatidão das respostas, é admitir o universo das possibilidades. É poder sair da posição de aceitar uma única resposta para enxergar as várias respostas possíveis que um sujeito é capaz de produzir na aventura do conhecer. (SOARES, p. 5, 2009)
Considerando a leitura como prática responsável por ampliar os
horizontes do conhecimento humano, em decorrência da análise dos fatos/
temas, as relações dialógicas estabelecidas explícitas ou tacitamente (como os
monólogos interiores ou ainda silêncios cheios de significados), as imagens,
enfim, toda a memória que se constituiu no sujeito, ressoará em seus
discursos, e desse modo a sua formação social, ganha outras perspectivas e
diferentes olhares para se compreender o processo de estar no mundo à
procura de humanização constante, isto é, torna-se um ser verdadeiramente
humano. “Uma experiência de vida põe em jogo muito mais coisas do que
nosso simples gosto, ela põe em jogo nossa própria existência e aquilo que
somos” (GUIGUE, apud MORIN, 2004, p. 324).
A literatura é prioritária para o desenvolvimento da cidadania na criança,
pois, como afirma Coelho (2003): “Pela imaginação, varinha de condão capaz
de revelar o homem a si mesmo, a literatura vai-lhe desvendando mundos que
enriquecem o seu viver. O objetivo último da literatura é a experiência humana,
o convívio com ela (2003, p. 118 – grifo da autora).” No século XIX, estruturam-
se os contos numa versão mais atual, moderna, apresenta algumas alterações
nos acontecimentos e símbolos com significações no âmbito da inconsciência.
Os contos de fadas tratam de temas inerentes a quaisquer sociedades:
preocupação com a justiça e sua ausência, a busca e a vontade de obter o
mais elevado prêmio, e utilizando um discurso ingênuo e linguagem simples,
sem grandes pretensões, o conto de fadas aborda e/ou abarca os objetivos
mais cristalizados na história da civilização e fornece respostas simples a
muitas questões complexas, basta uma análise desses discursos para não
realizarmos apenas uma leitura ingênua de suas linhas e entrelinhas. De
acordo com o casal Corso, (2007, p. 18) “[...] Ouvir histórias é um dos recursos
de que as crianças dispõem para desenhar o mapa imaginário que indica seu
lugar, na família e no mundo”.
Diante disso, demanda destacar que, na perspectiva discursiva, não
existe um sentido único e último, independentes de quaisquer determinações e
ausente dos processos de produção de sentido, justamente por não haver
linguagem destituída de ideologia. Então, não existe uma compreensão de
contos de fadas em “estado puro”, pois apresentam cargas ideológicas, que
atravessam todo o seu dizer, o seu discurso.
Orlandi (2005) traz as concepções de linguagem e de discurso tendo
como pressuposto as perspectivas de Pêcheux. A autora considera a
linguagem como não transparente e nem totalmente autônoma, resultado da
interação entre o homem e as realidades natural e social, ou seja, constitui-se
como produção social em mediação com o outro. E a função da análise de
discurso é desfazer a ideia errônea de que o texto é claro e quer dizer algo
especificamente e, desse modo orientar para o entendimento dos múltiplos
sentidos possíveis no ato de leitura.
Como lembra Pachi-Filho (2009, p.54), “o interdiscurso e o inconsciente
são irrepresentáveis” isso transparece que o dito não tem transparência, mas
opacidade e vai além da intencionalidade do sujeito. Desse modo o sujeito não
é autêntico em seus discursos, em seus dizeres, pode se iludir apenas, pois ele
“nada mais é do que o suporte e o efeito” (AUTHIER-REVUZ, 1990, p.27),
reitera-se a existência do interdiscurso.
As entrelinhas são muito importantes de serem verificadas na análise do
discurso, justamente por serem os não-ditos e abarcarem o inconsciente e a
ideologia que perpassa a historicidade do autor e influencia/atinge o leitor. Por
isso, os textos analisados devem ser completos, incluindo as condições de
produção de sua formulação, os objetivos para os quais se prestaram e como
ocorreu suas recepções pelos sujeitos-leitores.
Vale sublinhar que, na perspectiva discursiva, não se busca o conteúdo,
nem a apreensão dos significados implícitos dos contos de fadas e de outras
materialidades, mas o modo de funcionamento da língua e o modo como as
palavras possuem sentido antes em outros lugares e tempos, fazendo sentido
nos textos que encaminham para discursos. Orlandi (2004) trata do fenômeno
da interpretação de quaisquer modalidades de discurso a partir de seus
lugares, da forma, da natureza e funcionamento da língua na história em
práticas sócio-históricas, afirmando que não existe sentido sem interpretação.
Para ela “[...] o espaço da interpretação é o espaço do possível, da falha, do
efeito metafórico, do equívoco, em suma: do trabalho da história e do
significante, em outras palavras, do trabalho do sujeito” (ORLANDI, 2004, p.
22).
A subjetividade presente na AD tem relação com o materialismo e
funciona na leitura como prática pela ideologia, que funciona pela língua. Não
se trata, portanto, da subjetividade como sentimento advindo de um sujeito
empírico, mas de um sujeito ideológico que está condenado a interpretar.
Nesse sentido, Orlandi (2004) define a interpretação como a extensão e/ou
território da metáfora, da falha, da dúvida, da contribuição do sujeito leitor, num
esforço de colocar a sua essência na passagem do linguístico para o
discursivo.
3. Abordagens de contos de fadas
Um ponto importante da leitura do mundo do faz de conta é, dentre
outros, desencadear na criança a capacidade de associação ou de
distanciamento dos acontecimentos narrados em relação à sua vida real,
favorecendo a construção de conceitos sobre as práticas que se desenvolvem
na formação social e, além disso, possibilitando a formação de opiniões
próprias, construídas de acordo com seus posicionamentos. O jogo do faz de
conta do universo literário, por seu caráter inventivo e fictício, “compele o
imaginário a assumir forma, ao mesmo tempo em que serve como meio para
manifestação deste” (ISER, 1999, p. 70).
O trabalho com contos de fadas atende aos aspectos relacionados à
criatividade via o poder do maravilhoso; fortalece a autoestima positiva e sua
capacidade de conquistar o que aparentemente é muito superior, como a vitória
contra o mal, figurado em muitos personagens antagonistas, por exemplo: as
bruxas e seus encantamentos, os animais selvagens e os perigos que causam,
os comportamentos antiéticos dos sujeitos: ambição exagerada, mentiras,
deslealdade, orgulho, vaidade, mau-caratismo.
Não se trata de moralização acirrada via Análise discursiva da obra
literária, nem tampouco instrumento de alienação do sujeito aluno, visto que
serão discutidas as ações das personagens e concomitantemente seus perfis
psicológicos e físicos, a fim de se analisar o discurso dos mesmos. Bruno
Bettelheim (2009) afirma que o contato com contos de fadas é uma experiência
de educação moral, e que “Não é o fato de a virtude vencer no final que
promove a moralidade, mas sim o fato de o herói ser extremamente atraente
para a criança, que se identifica com ele em todas as suas lutas”.
O livro A psicanálise dos contos de fada (2009), de Bruno Bettelheim,
trata da relevância dos contos de fadas ditos tradicionais, são exatamente os
que vieram do folclore popular de diferentes países europeus, para a afirmação
da psique infantil. Para o autor:
A cultura dominante deseja fingir, particularmente no que se refere às crianças, que o lado escuro do homem não existe, e professa a crença num aprimoramento otimista. A própria psicanálise é encarada como tendo o propósito de tornar a vida fácil. Mas não é o que seu fundador pretendeu. A psicanálise foi criada para capacitar o homem
a aceitar a natureza problemática da vida sem ser derrotado por ela, ou levado ao escapismo. A prescrição de Freud é de que só lutando corajosamente contra o que parecem probabilidades sobrepujantes o homem pode ter sucesso em extrair um sentido da sua existência. As figuras nos contos de fadas não são ambivalentes - não são boas e más ao mesmo tempo, como somos todos na realidade. Mas dado que a polarização domina a mente da criança, também domina os contos de fadas. Uma pessoa é ou boa ou má, sem meio-termo. Um irmão é tolo, o outro esperto. Uma irmã é virtuosa e trabalhadora, as outras são vis e preguiçosas. Uma é linda, as outras são feias. Um dos pais é todo bondade, o outro é malvado. As ambiguidades devem esperar até que esteja estabelecida uma personalidade relativamente firme na base das identificações positivas. Então a criança tem uma base para compreender que há grandes diferenças entre as pessoas e que, por conseguinte, uma pessoa tem que fazer opções sobre quem quer ser. Esta decisão básica sobre a qual todo o desenvolvimento ulterior da personalidade se construirá, é facilitada pelas polarizações do conto de fada (BETTELHEIM, 2009, p. 17).
E os sujeitos alunos ampliarão os efeitos de sentido que os contos de
fadas apresentam e seu conhecimento de mundo será enriquecido, via
apreciação da leitura e sua análise subjacente. Segundo Corso (2007, p. 306),
“não se deve esquecer de que as histórias somente mobilizam algo que as
crianças já têm em seu interior, e a constituição de sua personalidade se dá a
partir do que a família lhes transmite, consciente ou inconscientemente”
A maioria dos contos de fadas conhecidos, dentre eles, Branca de Neve,
Bela Adormecida, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela ou Gata Borralheira, foi
registrada por escrito pelos irmãos Jacob Ludwig Karl Grimm (1785-1863),
Wilhelm Karl Grimm (1786-1859), a partir de 1806, resultando numa
compilação do início do século XIX, época marcada pela reunião da família
junto ao fogo para contar os contos de fadas. Esses contos eram repassados
de pais para filhos, há muitas gerações. Também nessa época saber ler e
escrever era privilégio de minorias, por isso a palavra falada e ouvida era o
meio de disseminação de cultura e conhecimento mais recorrente entre as
populações.
É importante ressaltar que os contos de fadas não são narrativas
inocentes e o mundo maravilhoso em que se passam, não é tão colorido ou
cor-de-rosa assim como muitos pensam ou julgam, justamente porque na
realidade não prevalecem as vontades das pobres Cinderelas e outras
protagonistas da sociedade, nem há elementos mágicos, como fadas-madrinha
para carinhosamente atender suas necessidades, nem as mais urgentes, dirá
as mais supérfluas, como arrumar-se primorosamente para ir ao baile, como a
mais bela de todas, nas palavras do conto, como uma princesa. E é evidente
que nem sempre os casamentos com os “príncipes” surgidos nas vidas das
heroínas reais, não raras vezes deixa de ser feliz para sempre.
Nessas narrativas, são bem comuns cenas tétricas e uma maneira de
entendê-las é pela perspectiva econômica da época em que foram criadas. O
historiador Robert Darnton (1986) explica que a vida dos camponeses era
permeada de muita miséria e sofrimentos extremos: escassez de alimentos,
trabalhos árduos, elevada mortalidade de mulheres após os partos. O
sofrimento e a vida dura funcionam como justificativas na reincidência de
madrastas e no tratamento diferenciado e impiedoso dispensado aos seus
enteados. Esta era apenas uma estratégia de sobrevivência de seus próprios
filhos, visto que o destino dos contos não era especificamente o público infantil,
conforme Darnton, (1986, p. 29) “Longe de ocultar sua mensagem com
símbolos, os contadores de histórias do século XVIII, na França, retratavam um
mundo de brutalidade nua e crua”.
É interessante observar que os personagens protagonistas desse
gênero não são necessariamente cheios de bondade e virtudes e atos violentos
e desonestidade são praticados também pelos heróis e heroínas, isso força a
análise da moral presente nos contos de fadas. Alguns exemplos são citados
por Andé Jolles (1976, p. 198-200), os quais não realizaram nada digno de
merecerem o tão famigerado final feliz: a Bela Adormecida, a Chapeuzinho
Vermelho, o Gato de Botas (Perrault), o qual mente e usa botas sete léguas
para apropriar-se da riqueza alheia.
Os contos de fadas não devem ser compreendidos pela perspectiva
moralizante, visto que os leitores são instigados a esperar e desejar o sucesso
de personagens com pouquíssima ou nenhuma virtude. E Jolles (1976) explica
esse fenômeno pelo fato desses personagens no início da narrativa sofrerem
maus-tratos, injustiças e perseguições. Assim, na percepção do leitor, estão
representando os mais frágeis e infelizes na sociedade, vítimas do sistema
social excludente, e justamente por isso, merecedoras de estabelecer em suas
vidas uma situação de equilíbrio e se sobreponham ao jugo imposto pelos
detentores do poder.
E ao final da narrativa, o protagonista tem a vitória e todas as
expectativas do leitor são atingidas, dando-lhe a certeza de que se realizou a
justiça aos oprimidos. Dessa forma, o pesquisador Jolles (1976) destaca que
não tem importância o perfil moral dos heróis, mas sua habilidade em vencer
desafios e derrotar o inimigo.
Pode-se definir o herói do conto de fadas como o personagem dotado de
sorte desde o início da narrativa, tão somente, pois independente de quem
seja, desde o pastor aos nobres, sempre são contemplados por felizes
coincidências, e ganham previamente algum objeto que facilitará seu futuro e
sempre realizam opções que são determinantes para a solução dos problemas,
embora não raras vezes sejam condenáveis, como: desobediência, preguiça,
gula. Caso Branca de Neve obedecesse às palavras dos anões e não abrisse a
porta, teria evitado morder a maçã envenenada, porém o Príncipe não a
encontraria e nem se casariam.
Então os heróis não vencem no final por mérito e a felicidade completa
que recebem é apenas porque são predestinados, escolhidos para receber
esse prêmio. Por exemplo, a Bela Adormecida casa-se com o príncipe apenas
por ser a heroína da história e nada fez para merecer essa recompensa. Sobre
os antagonistas, comenta que se voltam contra si próprios, sendo suas atitudes
verdadeiras condenações. E um exemplo são as filhas da madrasta da
Cinderela que, para forçar seus pés a entrar no sapatinho, cortam o calcanhar
e seus dedos do pé, isso é automutilação, uma prática abominável, mas é
justificada na história, pela possibilidade e ambição de tornar-se futura rainha.
O seu próprio sangue derramado pelo sapato é o alerta ao príncipe de que
nenhuma era a noiva que procurava. E ainda tiveram seus olhos arrancados
por aves no final da história.
Não é possível evoluir na análise de discurso de contos de fadas se o
sujeito se mantiver preso ao conforto da leitura fácil, do sentido literal, ou
mesmo enfeitado e colorido dos contos de fadas. Para a efetivação da análise
é necessária uma postura de livre pensador, que se abre para novas
perspectivas e possibilidades de leituras. Assim suas ideias são naturalmente
ampliadas, libertas e o mundo de infinitas compreensões apresenta-se à sua
frente, possibilitando que o sujeito se surpreenda com sua primeira leitura
simplista e ingênua.
A AD desfaz, e, portanto, questiona a definição de texto como unidade
fechada, sinalizando para o seu encaminhamento para discurso, no qual o
sentido não é único e nem literal. Segundo Pêcheux (2009, p.147):
O sentido de uma palavra, de uma expressão, de uma proposição, etc., não existe em si mesmo (isto é, em sua relação transparente com a literalidade do significante), mas, ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico no qual as palavras, expressões são produzidas (isto é, reproduzidas). (Pêcheux, 2009, p.147).
4. Descrição das atividades desenvolvidas nos quatro módulos ou
Relatando Implementação Pedagógica - período de 30/03/2015 à
16/06/2015
O primeiro passo realizado com os alunos foi a definição de conto e, em
seguida, lancei a pergunta “Será que príncipe encantado existe?” (Blog -
Escola é vida! 2012). As respostas foram diversas, li o texto que leva esse título
e assim puderam refletir sobre a idealização das figuras feminina e masculina.
Trabalhei os contos A Bela Adormecida, Cinderela e A Bela e a Fera em
várias versões, favorecendo aos alunos maior posição crítica e assim
ampliaram a visão sobre as temáticas abordadas. Usei a TV multimídia e o
Datashow para apresentar textos complementares no formato de vídeos, o que
ampliou maior posição crítica, tais como um teatro A Bela que despertou e uma
animação Conto de fadas do século XXI (adaptações de Luís Fernando
Veríssimo), trailer Deu a louca na Cinderela, O vídeo Você acredita em contos
de fada??? (TV Cultura) - Parte II, foi exibido em 19/03/2009, no programa Pé
na Rua. E o vídeo Deu a Louca Nos Contos de Fadas, da Rede Telecine, é
uma compilação de algumas animações que satirizam os contos de fada e a
música infantil A linda rosa juvenil.
As músicas do desenho A Bela e a Fera da Disney foram: Minha aldeia,
Sentimentos, À vontade, Alguma coisa aconteceu, as quais trataram de
temáticas presentes na vida de quaisquer pessoas e evidenciaram o valor
exato dos contos: a essência acima da aparência e o amor superando
quaisquer obstáculos impostos pela sociedade. As análises em torno de
Cinderela enriqueceram muito as discussões sobre as temáticas abordadas na
obra.
O ápice do trabalho foi a Análise do Discurso de três desenhos dos
Contos de Fadas Furados: A Bela Adormecida, A Bela e a Besta e O retorno da
Cinderela, disponíveis no You Tube, que satirizaram os contos de fadas
tradicionais e justamente por isso favoreceram vários questionamentos, com
imenso envolvimento dos alunos e participação satisfatória. E ainda esses
desenhos foram muito apreciados pelos alunos, aumentando sua criatividade,
foram surpreendentes nas respostas aos questionamentos presentes no
Material Didático.
As personagens femininas dos contos de fadas furados são a legítima
subversão das princesas, modelos de beleza, boa educação e bondade. E
segundo Tereza Colomber (2003), no ano de 1971 o feminismo ocupou o foco
de muitos pesquisadores e na Universidade de Princeton foram inaugurados os
estudos sobre a imagem da mulher na literatura infantil. E desse modo são
repensados conceitos cristalizados e novas definições ocorrem a partir de
situações bastante desestabilizadoras.
Há uma cena muito peculiar no vídeo de conto de fadas furado A Bela e
a Besta, em que a heroína e o herói andam a cavalo, externando que os
hábitos dos personagens não definem necessariamente a feminilidade ou
masculinidade, aqui se propõe claramente o direito de ser diferente dos
convencionalismos sociais, ditos normais, sendo essa liberdade a essência da
subjetividade.
E no conto de fadas furado O retorno da Cinderela há fuga dos padrões
estéticos de beleza, de comportamento apropriado, como atitudes delicadas à
frágil mocinha, e até uma ruptura com o final tradicional, em que o príncipe fica
com a bruxa da história, bem mais esperta ou virtuosa que a princesa. Enfim,
esses desenhos apresentaram uma subversão positiva dos idealismos
presentes no imaginário popular, instigando opiniões mais críticas e menos
ingênuas sobre temáticas que se apresentam nos contos maravilhosos.
Realizamos a Análise do Discurso dos contos de Marina Colasanti,
escritora que trata da temática feminina com maestria: Uma ideia toda azul
(2006), que faz analogia com o conto A Bela Adormecida e A moça tecelã
(2004) que apresenta analogias com Cinderela. Os questionamentos realizados
proporcionaram aos alunos uma leitura mais atenta, levando-os entre outras
análises, a perceberem a necessidade de desvendar a ideologia presente,
refletindo criticamente sobre ela. Os contos de Marina Colasanti propiciaram
um repensar dos conceitos passados nos contos tradicionais, instigaram
possíveis e inusitadas ações e em especial, A moça tecelã trata da projeção da
felicidade na vida da mulher a partir do homem e os entraves do materialismo
ou capitalismo selvagem nos relacionamentos que deveriam ser afetuosos em
primeiro lugar, foi uma oportunidade a mais de abranger a questão de gênero.
A música „Conto de fadas‟, de Manu Gavassi, disponível no You Tube,
abordou essencialmente a idealização da pessoa amada, trazendo um
posicionamento mais real e crítico em que o eu lírico traz a reflexão da sua
humanidade transitória e imperfeita. Lancei várias perguntas sobre os contos e
observei que os alunos em geral, à medida que realizavam as atividades de
interpretação, ficavam mais atentos e com o senso crítico mais aguçado, assim
passaram a pensar melhor sobre os fatos do cotidiano.
Para finalizar foi lido o livro O fantástico mistério de Feiurinha (1986), de
Pedro Bandeira, para que os sujeitos alunos entendessem a estrutura do texto
dramático e percebessem a intertextualidade com outros contos. Após houve
divisão da turma em três grupos, cada um produziu coletivamente o texto
dramático de um dos contos trabalhados, considerando todos os
sujeitos/alunos como personagens, a fim de que participassem ativamente da
dramatização na sequência. E o ensaio propiciou a cada grupo o diferencial
para o resultado positivo, visto que os alunos ficaram mais seguros para suas
atuações, além de ampliarem suas capacidades críticas.
E a apresentação do teatro ocorreu conforme os graus de envolvimento
dos componentes e o brilhantismo das suas ações dependeram da qualidade
das falas que criaram em grupo e da exposição das mesmas. Foram
desenvolvidas a criatividade e a sensibilidade por meio de outras possíveis
linguagens utilizadas: música, indumentárias, cenário, maquiagem, fantoches e
máscaras. E também essa atividade envolveu os sujeitos/alunos com as
temáticas abordadas e foi possível acrescentar todas as análises dos discursos
dos contos de fadas previamente trabalhadas.
É importante destacar que no texto dramático, produzido pelos grupos,
foram feitas relações entre acontecimentos reais e ficcionais, justamente por
isso segundo o casal psicanalista Corso, (2007, p. 19) “(...) A criança é
garimpeira, sempre procurando pepitas no meio do cascalho numeroso que lhe
é servido pela vida”, o que reitera a capacidade das crianças entenderem os
contos ao seu modo e conforme suas necessidades, portanto é vasto o campo
de possibilidades de analisá-los. E a esse respeito, Soares afirma:
Essas vivências com os contos vão lhes dando a possibilidade de responderem a questões relativas à sua origem, formulando hipóteses sobre: De onde eu vim? Como nasci? (que levam à construção de teorias sexuais); Quem sou eu? Como me reconheço? (que se referem à filiação e à identificação); O que é ser menino (a)? , O que o menino tem que a menina não tem? (que dizem respeito à diferença sexual). [...] Tais questões dizem sobre o saber do sujeito, ao que é próprio de cada um, e ainda arriscaríamos dizer também ao que se busca nas entrelinhas, por exemplo, de um texto. (SOARES, 2009, p. 9 e 10)
Os sujeitos alunos demonstraram crescimento como leitores e não
realizaram leituras ingênuas de todos os textos analisados, levando-os à
construção de várias possiblidades de leitura no decorrer de todas as ações
previstas.
5. Abordagens de contos contemporâneos/modernos
Os psicólogos Mario e Diana Corso publicaram, em 2007, Fadas no
divã: Psicanálise nas Histórias Infantis e alargaram as concepções de
Bettelheim, realizando análises de alguns contos infantis tradicionais e até de
atuais histórias dirigidas ao público infanto-juvenil, como a saga de Harry Potter
ou os quadrinhos encenados pela turma da Mônica, de Maurício de Souza.
A paródia é um recurso frequentemente utilizado pelos autores atuais,
que se dirigem ao público infanto-juvenil, por exemplos: narrar um conto de
fadas tradicional sob um ponto de vista diferente, como dos personagens
secundários, modificando até quem é protagonista. E ainda o humor e a ironia
são comuns em paródias, como vemos em História meio ao contrário, de Ana
Maria Machado, (1977) e em Procurando Firme, de Ruth Rocha, (1984).
O livro História meio ao contrário, destinado à faixa etária de 08 a 11
anos, lançado em 1978, época em que não havia encerrado a ditadura no
Brasil. Neste livro, que é contado do final para o começo, pois a frase inicial é
“e viveram felizes para sempre”, o príncipe se casa com a camponesa e não
com a princesa, que também não o aceita e vai cuidar da vida. O rei é
totalmente alheio ao que se passa no seu reino. A sinopse do livro foi retirada
do site da livraria Saraiva:
"... E então eles se casaram, tiveram uma filha linda como um raio de sol e viveram felizes para sempre”. É o fim da história? Não, é o começo. Mas não é por isso que a história é meio ao contrário, quer dizer, não é só por isso. Entre muitas risadas, você vai descobrir que "ser feliz para sempre" não é tão fácil assim e pode ser até meio chato. E que de nada adianta o poder do rei, a beleza da princesa, a coragem do príncipe... se não puderem fazer sua própria história. E por falar em história, esta já virou um clássico e uma das mais premiadas da literatura infanto-juvenil. http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/3073346
E não é suficiente ao príncipe e à princesa serem felizes para sempre,
esse é exatamente o motivo de sua decisão em construírem suas próprias
histórias e as consequências são diversas surpresas. Uma explicação mais
detalhada da obra foi retirada do Blog Era uma vez Universidade Estadual de
Maringá, publicado em 08 de outubro de 2011:
Essa história é meio ao contrário pois começa com: "E então eles se casaram, tiveram uma filha linda como um raio de sol e viveram felizes para sempre" ou seja, com o mais tradicional desfecho dos contos infantis. O clássico “Era uma vez...” foi colocado ao final da narrativa com objetivo de surpreender os leitores através de um desfecho totalmente imprevisível e soluções contrárias às encontradas na maioria dos contos de fadas. A autora escreve sobre um reino comandado por uma família real ingênua na qual o rei se espanta ao perceber que o dia havia sido roubado. Dessa forma, as personagens da trama agem de modo diferente dos padrões de comportamento encontrados na maioria dos contos de fadas, e ainda contam com a ajuda de um gigante adormecido, um príncipe encantado e um Dragão Negro. A leitura dessa obra é interessante pois sua originalidade provoca a inteligência e o senso crítico da criança através da intertextualidade com outros contos de fadas. Boa leitura! http://eraumavezuem.blogspot.com.br/2011/10/historia-meio-ao-contrario-uma-obra.html
É necessário destacar que a insistência da sociedade, incluindo a
família, na manutenção de um modelo de beleza hegemônico contribui
unicamente para diminuir a autoestima das meninas. E o processo de
identificação ocorre apenas no nível simbólico e é muito positivo não moldar as
histórias tradicionais ao “politicamente correto”. E seria excelente o surgimento
de personagens que fogem dos estereótipos trabalhados à exaustão.
Outros livros em que fadas, bruxas, princesas e príncipes surgem com
novas performances e propostas para ser possível discussão de temáticas
atuais/contemporâneas, esses elementos dos contos de fadas são subvertidos,
com uma pretensão muito evidente, de que o público infantil reveja seus
conceitos, aprendidos como verdades incontestáveis, e assim questionem
essas posturas absolutistas, alguns exemplos que merecem realização de AD:
A Fada que Tinha Ideias, Fernanda Lopes de Almeida – 1971;
A Fada Desencantada – Eliane Ganem – 1975;
O Rei de Quase Tudo – Eliardo França – 1974;
O Reizinho Mandão – Ruth Rocha – 1978;
Uxa, ora fada, ora bruxa – Sylvia Orthof – 1985;
Onde tem bruxa, tem fada – Bartolomeu Campos Queirós.
6. Conclusão ou discussões e resultados
A distinção entre educar e ensinar, é realizada de maneira exímia pela
autora Ramos, conclui que toda manifestação artística é dirigida à educação,
ao conhecimento humano, e isso se estabelece num nível muito superior da
retenção de lições, de informações:
[...] educar contém o prefixo latino e, variante de ex – ‘para fora‟ – seguido do verbo ducere – „conduzir‟. Significa, portanto, „conduzir para fora, „trazer para fora‟. Ao passo que ensinar é in („dentro‟) seguido de signare („colocar marca‟ – signum é sinal, marca. Sig-nifica, por conseguinte, calcar de fora para dentro a mente do aluno, colocando nela informações. (RAMOS, 2006, p. 207).
Os psicólogos Mário e Diana Corso, em site próprio: “contos de fadas
não precisam ter fadas, mas devem conter algum elemento extraordinário,
surpreendente, encantador. Maravilhoso provém do latim mirabilis, que significa
admirável, espantoso, extraordinário, singular”.
E assim o caráter maravilhoso garante que o que é tratado e dito nas
narrativas, mesmo nas contemporâneas, pertence ao mundo do faz de conta,
em que tudo tem outra dimensão e o que ali é possível e lógico são muito
diferentes do mundo real. Afirmam no seu site: “Assim fazendo, os argumentos
da razão e da coerência já são barrados na porta, e a festa pode começar sem
suas incômodas presenças, bastando pronunciar as palavras mágicas Era uma
vez... como uma senha de entrada”.
Portanto a AD dessas materialidades é uma rica seara a ser conquistada
pelos docentes como possibilidade de melhorar a performance discente no que
tange à leitura, interpretação, compreensão, oralidade e escrita, em duas
palavras: autonomia intelectual, e em apenas uma expressão: proficiência.
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