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Page 1: OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: UMA REVISÃO ... · Descritores em Ciências da Saúde, identificou-se como descritores: saúde mental, políticas públicas e gestão em saúde,

OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A CERCA DA AVALIAÇÃO DA POLÍTICA DE

SAÚDE MENTAL

GRAZIELA PICINI

Psicóloga, Especialista em Gestão em Saúde, Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO/Guarapuava-PR. Email:

[email protected] EVANI MARQUES PEREIRA

Professora Adjunta do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO/Guarapuava-PR.

Maria Cristina Umpierrez Professora do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro-

Oeste-UNICENTRO/Guarapuava-PR. Maria Emilia Marcondes Barbosa

Professora do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Centro-Oeste-UNICENTRO/Guarapuava-PR

Resumo: O presente artigo tem como objetivo geral realizar uma revisão bibliográfica sobre o número de produções científicas que avaliam a Política de Saúde Mental através dos CAPS, e como objetivos específicos, identificar publicações bibliográficas sobre avaliação da Política de Saúde Mental através dos CAPS, assim como, descrever as publicações que tratam da avaliação da Política de Saúde Mental através dos CAPS. Para tanto, consiste numa revisão bibliográfica quantitativa, realizada por meio de busca eletrônica das produções científicas indexadas nas bases de dados Scielo e Lilacs e produzidas entre 2001 a 2012. Os resultados evidenciaram que é insignificante o número de publicações que visam avaliar a política de saúde mental a partir dos CAPS, pois, esta pesquisa revelou que apenas uma publicação tratou do assunto, evidenciando a necessidade premente de maiores pesquisas, uma vez que, a produção científica sobre essa temática não deve permanecer restringida e prejudicada. Palavras-chave: Saúde mental. Políticas Públicas. Centro de Atenção Psicossocial

(CAPS).

Title: THE CENTERS OF PSYCHOSOCIAL CARE: A LITERATURE REVIEW ON

EVALUATION OF MENTAL HEALTH POLICY

Abstract: This study was to carry out a bibliographical revision on the number of

scientific works that evaluate the Policy of Mental Health through the CAPS, and

specific aims, identify publications on literature review of Mental Health Policy

through CAPS, as well as describe the publications that deal with the evaluation of

Mental Health Policy through the CAPS. To this end, consists of a quantitative

literature review, performed through electronic search of the scientific productions

indexed in Lilacs and Scielo databases and produced between 2001 to 2012. The

results showed that it is insignificant number of publications aimed assessing the

mental health policy from CAPS, therefore, this study revealed that only one

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publication dealt with the subject, highlighting the urgent need for research, scientific

literature on this subject should not remain restricted and impaired.

Key-words: Mental health. Public Policies. Psychosocial Care Centers (CAPS).

INTRODUÇÃO

Falar de saúde mental atualmente tornou-se um tema corriqueiro, mas que

muitas vezes é debatido através de uma percepção do senso comum e sem maior

atenção e reflexão. Reflexão esta, que traz a tona o significado de saúde e de saúde

mental, que ainda são conhecidos por muitos apenas como ausência de doença ou

ausência de perturbações mentais, respectivamente. Mas, um indivíduo não doente

não é necessariamente um indivíduo saudável, pois, este pode estar inserido em

condições de vida, como a exclusão social, mendicância, pobreza, sofrimento

psíquico etc. Assim sendo, a saúde pode ser definida como o completo bem-estar

físico, mental e social (DALGALARRONDO, 2000). Definir saúde mental por outro

lado, é segundo Brasil (2002 p.32) “um tanto complexo e abrangente”. A saúde

mental é mais que a ausência de perturbações mentais, ela compreende o “bem-

estar subjetivo, a auto eficácia percebida, a autonomia, a competência, a

dependência intergeracional e a auto realização do potencial intelectual e emocional

da pessoa”.

Historicamente o adoecimento psíquico estava vinculado aos mitos e a

religião, porém, nas últimas décadas tem-se presenciado no mundo inúmeras

transformações econômicas, históricas e sociais, que contribuíram para o

desencadeamento do sofrimento psíquico individual, familiar e social

(BRAGHRIROLLI, 1990).

Segundo Dalgalarrondo (2000), o sofrimento psíquico possui diversas formas

de expressão e reprodução, tornando-se um problema de grande intensidade e

impacto para a vida das pessoas, afetando sua saúde mental, seu bem-estar e sua

qualidade de vida. Dessa forma, este, tem se estabelecido como um dos principais

problemas e desafios para a saúde pública no mundo, à medida que os números

mostram que o acréscimo dos casos de doenças mentais é devido ao aumento da

expectativa de vida da população, e seu agravo ocorre quando as doenças mentais

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estão associadas com condições crônicas como o câncer, doenças

cardiovasculares, diabetes, deficiência mental etc. De acordo com estimativas do

Ministério da Saúde (2007) cerca de 3% da população (5 milhões de pessoas)

necessita de cuidados contínuos (transtornos mentais severos e persistentes), e

mais 9% (20 milhões de pessoas) precisam de atendimento ocasional (transtornos

menos graves).

Corroborando, em relação ao sofrimento psíquico no mundo, de acordo com a

Organização Mundial de Saúde (2001), cerca de 540 milhões de pessoas sofrem de

transtornos mentais ou neurobiológicos, 50 milhões têm epilepsia, 70 milhões sofrem

de dependência do álcool, 24 milhões de esquizofrenia, entre outros transtornos.

Estes dados de grande magnitude demonstram que a atenção em saúde

mental apesar de ser complexa, é uma necessidade urgente, que cresce a cada dia

e não deve ser desconsiderada haja vista que, a saúde mental é tão importante

quanto à saúde física, pois, são elementos interdependentes e necessários para o

bem estar de toda a população, visto que, os transtornos mentais resultam de uma

intricada interação de fatores biopsicossociais (BRAGHIROLLI, 1990).

Diante deste contexto, torna-se imprescindível que os gestores cumpram seu

papel de desenvolver e implementar as políticas de saúde mental, e principalmente,

que realizem a avaliação das políticas de saúde mental existentes, uma vez que, é

somente através destas que o cumprimento e progresso da saúde ofertado á

população será efetivado. Sobre isso, a Organização Mundial de Saúde (2001)

ressalta que as políticas de saúde mental precisam ser periodicamente revistas para

permitir a modificação ou atualização dos programas. Ademais, é de suma

importância a preocupação e discussão a cerca das estratégias e políticas de saúde

mental para o enfrentamento das problemáticas citadas acima. E dentre estas

políticas destaca-se a criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que

segundo Brasil (2007) são centros estratégicos para a organização da rede de

atenção à saúde mental num determinado território e para a solidificação da

Reforma Psiquiátrica brasileira.

Os CAPS constituem-se em uma política de saúde mental com um papel

inovador e estratégico. São instituições dedicadas a acolher pacientes com

transtornos mentais, oferecendo-lhes atendimento profissional multidisciplinar,

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estimulando sua integração social e familiar, e apoiando suas iniciativas na busca de

autonomia. Sua característica principal é buscar integrar os usuários a um ambiente

social e cultural. E na condição de serviços de saúde mental, devem garantir acesso

integral na assistência prestada, alcançando os diferentes níveis de atenção,

primário, secundário e terciário (BRASIL, 2004).

Apesar de muitos estudos abordarem as políticas públicas e a saúde mental,

observa-se na literatura poucos estudos que avaliam as políticas públicas através

dos Centros de Atenção Psicossocial. Dessa forma, o presente estudo justifica-se,

principalmente, pela premência de identificar lacunas científicas sobre a avaliação

das políticas públicas de saúde mental através dos CAPS, já que estes assumem

um papel de suma importância na estruturação da rede de cuidado em saúde

mental. Ademais, é a avaliação dos serviços de saúde mental e das políticas

públicas que fornece subsídios para que o planejamento, acompanhamento,

reformulações e mudanças nesses serviços e políticas sejam efetivados, a fim de

que a melhoria e qualidade dos serviços e da gestão sejam alcançados (BRASIL,

2007).

Essa necessidade de maiores pesquisas e estudos sobre saúde mental

também é destacada na III Conferência Nacional de Saúde Mental, onde se ressalta

a urgência em “estimular a articulação entre entidades de financiamento à pesquisa,

entidades formadoras e o Ministério da Saúde para o fomento à pesquisa e

priorização de temas da assistência em Saúde Mental e Reforma Psiquiátrica”

(BRASIL, 2002 p.75).

Por assim ser, este artigo tem como objetivo geral realizar uma revisão

bibliográfica sobre o número de produções científicas que avaliam a Política de

Saúde Mental através dos Centros de Atenção Psicossocial. Como objetivos

específicos visa identificar publicações bibliográficas sobre avaliação da Política de

Saúde Mental através dos Centros de Atenção Psicossocial, assim como, descrever

as publicações que tratam da avaliação da Política de Saúde Mental através dos

Centros de Atenção Psicossocial.

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3. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica quantitativa através

de um levantamento de produções científicas relacionadas a avaliação da Política de

Saúde Mental nos Centros de Atenção Psicossocial publicadas em bancos de

dados.

A pesquisa bibliográfica segundo Koche (1997) se baseia no conhecimento

disponível em fontes bibliográficas, principalmente artigos científicos e livros e tem a

finalidade de ampliar e dominar o conhecimento para depois utilizá-lo como modelo

teórico e para sistematizar e descrever o tema estudado. Ainda segundo o autor, a

pesquisa bibliográfica se restringe ao campo de atuação no levantamento e na

discussão da produção bibliográfica existente sobre o tema.

A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de busca eletrônica das

produções científicas, teses, dissertações e artigos indexados nas bases de dados

Lilacs - Literatura Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da

Saúde - (http://lilacs.bvsalud.org/) e Scielo - Scientific Electronic Library OnLine -

(http://www.scielo.org/php/index.php). A escolha foi pautada pela importância que

essas bases possuem como fonte de conhecimento e informação científica e para

podermos aprofundar nosso conhecimento, dar maior visibilidade ao que já foi

produzido e apontar lacunas existentes na produção a respeito do tema em estudo.

Para tanto, foi acessado o site http://decs.bvs.br/, e após consulta aos

Descritores em Ciências da Saúde, identificou-se como descritores: saúde mental,

políticas públicas e gestão em saúde, na busca dos descritores CAPS e Centro de

Atenção Psicossocial os mesmos não foram identificados como indexadores,

portanto, não foi possível o uso nesta pesquisa. Como critérios para refinar as

buscas foram incluídos os trabalhos publicados na íntegra, na língua portuguesa, e

os quais possuíam os descritores pesquisados no título ou resumo e trabalhos que

tinham como foco a avaliação das políticas de saúde mental através dos CAPS. Já,

como critério de exclusão não foram analisados os artigos que não

correspondessem aos critérios de inclusão.

As consultas tiveram como marco referencial os trabalhos publicados no

período de 2001, ou seja, ano da III Conferência Nacional de Saúde Mental que

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impulsionou as políticas de saúde mental no Brasil a 2012. O levantamento dos

dados aconteceu entre os meses de janeiro a março de 2012.

Os dados foram analisados de maneira quantitativa, por meio de tabelas de

frequência absoluta simples. A pesquisa quantitativa segundo Zanella (2009) se

fundamenta em análises quantitativas, caracterizando-se, em princípio, pela

utilização de instrumental estatístico tanto na coleta como na análise dos dados.

Esse tipo de pesquisa tem como finalidade medir relações entre variáveis

preocupando-se com a representatividade numérica, ou seja, com a medição e

quantificação dos resultados.

Para a análise dos dados, inicialmente foram levantados todos os trabalhos

indexados nas bases de dados pesquisadas, no segundo momento foram cruzados

os indexadores Saúde mental/Políticas públicas; Saúde mental/Gestão em saúde;

Políticas públicas/Gestão em saúde, e os três indexadores Saúde mental/Políticas

públicas/Gestão em saúde. Num terceiro momento excluíram-se as publicações que

não contemplavam os critérios de inclusão, desconsiderando-se para a análise os

artigos que se repetiram nas duas bases de dados pesquisadas, e num quarto

momento buscou-se e descreveu-se os artigos que tinham como foco a avalição das

políticas de saúde mental a partir dos Centros de Atenção Psicossocial. Para

organizar as informações dos artigos elaborou-se tabelas contendo os tópicos: base

de dados, indexador, número de publicações e porcentagem, por fim, organizou-se

um quadro com o objetivo de informar as características principais da produção

científica encontrada.

Fizeram parte deste estudo 93 publicações, sendo destas, 47 artigos, 29

teses e 17 dissertações.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na primeira etapa da coleta de dados pesquisou-se o número de artigos

existentes sobre cada indexador separadamente na base de dados Scielo e Lilacs,

visando identificar o número total de artigos sem obedecer aos critérios de inclusão

e exclusão conforme a tabela abaixo.

Na base de dados Scielo o indexador Saúde mental apresentou o maior

número de publicações, 643 publicações, seguido do indexador Políticas públicas

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com 463 publicações e o indexador Gestão em saúde com 101 publicações,

totalizando 1.207 publicações.

A pesquisa na base de dados Lilacs mostrou que o maior número de

publicações, 4.317 publicações dizem respeito ao indexador Saúde mental. O

indexador Políticas públicas aparece em segundo lugar com 2.400 publicações e

Gestão em saúde com 2.553 publicações, somando um total de 9.270 publicações.

Analisando-se as tabelas 01 e 02, observa-se nas duas bases de dados

somando o número de publicações encontradas sobre cada indexador, que o maior

número de publicações diz respeito ao indexador pesquisado Saúde mental com

4.960 publicações, seguido do indexador Políticas públicas que teve 2.863

publicações, já o indexador Gestão em saúde teve o menor número de publicações,

2.654 publicações, totalizando nas duas bases de dados 10.477 publicações a cerca

dos indexadores em questão. Observou-se também que a base de dados Scielo

apresentou um número muito inferior de publicações sobre os indexadores

pesquisados, se comparada a base de dados Lilacs.

Na segunda etapa da pesquisa houve o cruzamento dos descritores Saúde

mental/Políticas públicas. Na base de dados Scielo ao cruzar os indexadores em

questão, encontrou-se 08 publicações, e ao cruzar os mesmos indexadores na base

de dados Lilacs obteve-se o total de 146 publicações. Após a leitura do resumo e

análise das publicações, 107 publicações da base de dados Lilacs foram excluídas,

pois não obedeciam aos critérios de inclusão predeterminados, isto é, os artigos não

foram publicados na íntegra e os descritores pesquisados não constavam no título

ou resumo. Por outro lado, as 08 publicações encontradas na base de dados Scielo

foram consideradas por contemplarem os critérios de inclusão.

Do total de 47 publicações encontradas sobre os referidos indexadores 05

publicações repetiram-se nas duas bases de dados, desta forma, apenas 42

publicações foram consideradas para análise neste estudo.

Na base de dados Scielo o número de publicações é muito pequeno

comparada ao número de publicações encontradas sobre os indexadores Saúde

mental/Políticas públicas na base de dados Lilacs.

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No cruzamento dos indexadores Saúde mental/Gestão em saúde na base de

dados Scielo encontrou-se 01 publicação e na base de dados Lilacs localizou-se 106

publicações. Após a leitura do resumo e análise das publicações, 95 publicações da

base de dados Lilacs não foram consideradas para este estudo por não se

enquadrarem nos critérios de inclusão, já a publicação encontrada na base de dados

Scielo foi considerada, ao todo foram identificadas 12 publicações, porém, 01

publicação foi encontrada nas duas bases de dados, diante disto, 11 publicações

foram consideradas para análise nesta pesquisa.

O número de publicações sobre os indexadores pesquisados são poucos nas

duas bases de dados.

Ao cruzar os indexadores Políticas públicas/ Gestão em saúde localizou-se na

base de dados Scielo 01 publicação e na base de dados Lilacs 258 publicações.

Após a leitura do resumo e análise das publicações, a publicação localizada no

Scielo foi considerada para análise, por outro lado, 225 publicações da base de

dados Lilacs não foram consideradas, pois não obedeciam aos critérios de inclusão

predeterminados obtendo-se os resultados conforme a tabela 05.

O número de publicações sobre os indexadores Políticas públicas/Gestão em

saúde encontrado na base de dados Scielo é muito pequeno, já a base de dados

Lilacs apresentou um número razoável se comparada ao Scielo. Cabe lembrar que

das 34 publicações encontradas nenhuma se repetiu nas bases de dados

pesquisadas, sendo assim, todas foram consideradas para análise.

Somando o número de publicações encontradas nas bases de dados Scielo e

Lilacs de acordo com o cruzamento dos indexadores Saúde mental/Políticas

Públicas; Saúde mental/Gestão em saúde e Políticas públicas/Gestão em saúde

obteve-se o total de 93 publicações, sendo destas, 10 (10,75%) publicações

encontradas na base de dados Scielo e 83 (89,24%) publicações encontradas na

base de dados Lilacs, ademais, cabe salientar que 06 publicações se repetiram nas

duas bases de dados, sendo desta forma, desconsideradas para este estudo. Diante

disto, considera-se que o total de publicações encontradas para análise foram 87

publicações.

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Esses dados nos mostram quão escassas são as publicações encontradas na

base de dados Scielo sobre os indexadores em questão, fazendo com que muitas

vezes a pesquisa torne-se restrita e insuficiente. Observou-se também que

comparando o cruzamento dos indexadores em questão, o cruzamento dos

indexadores Saúde mental/Gestão em saúde e Políticas públicas/Gestão em saúde

foram os indexadores que apresentaram o menor número de publicações nas duas

bases de dados totalizando, respectivamente, 11 e 34 publicações.

No cruzamento dos três indexadores Saúde mental/Políticas públicas/Gestão

em a busca resultou num total de 05 publicações, sendo que, todas se enquadraram

nos critérios de inclusão. Estas foram publicações encontradas unicamente na base

de dados Lilacs, visto que, na base de dados Scielo não encontrou-se nenhuma

publicação aos cruzar os três indexadores em questão.

Por fim, buscaram-se os artigos que tinham como foco a avaliação das

políticas de saúde mental a partir dos CAPS. Os resultados encontrados na base de

dados Scielo foi o total de 10 publicações encontradas no cruzamento dos

indexadores Saúde mental/Políticas públicas; Saúde mental/Gestão em saúde;

Políticas públicas/Gestão em saúde, apenas um número muito reduzido, isto é, 01

publicação, foi encontrada tendo como foco a avaliação das políticas de saúde

mental a partir dos CAPS. Encontrou-se ainda uma pesquisa que visou à avaliação,

porém, da gestão do serviço de saúde mental a partir da percepção de usuários,

familiares e profissionais vinculados ao Centro de Atenção Psicossocial, sendo desta

forma, desconsiderada para análise, pois, não se enquadrava nos critérios de

inclusão.

Na base de dados Lilacs encontrou-se o total de 83 publicações encontradas

na base de dados Lilacs sobre os indexadores em questão, apenas 01 publicação

tinha como foco a avaliação das políticas de saúde mental a partir do CAPS.

Evidenciou-se ainda, 04 publicações que tratavam da avaliação dos Centros de

Atenção Psicossocial, entretanto, uma das pesquisas tratava de uma discussão

preliminar sobre possível instrumental metodológico para pesquisa avaliativa da rede

de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do SUS e as demais avaliavam os

Centros de Atenção Psicossocial sob várias perspectivas (de familiares, usuários do

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serviço e profissionais), porém, não avaliam o CAPS propriamente como política de

saúde mental.

As publicações encontradas se repetiram nas duas bases de dados, dessa

forma, será analisada e descrita nesta pesquisa apenas 01 publicação por se

enquadrar em todos os critérios de inclusão.

Esses dados evidenciaram como é insuficiente o número de publicações

referentes a avaliação das políticas de saúde mental. Esse achado, decorre do

pouco interesse científico sobre essa temática e em parte, pode ser fruto da

metodologia adotada para a coleta de informações nas bases de dados, que

restringiu-se apenas as publicações relacionadas aos descritores saúde mental,

políticas públicas e gestão em saúde, já que CAPS e Centro de Atenção

Psicossocial não pôde ser considerado como indexador.

No quadro 01 estão descritos as características principais do artigo localizado

nas duas bases de dados.

QUADRO 01. Descrição do artigo que tinha como foco a avaliação das políticas de saúde mental a partir dos CAPS encontrado nas duas bases de dados.

Título do artigo:

Base de dados:

Ano: Metodologia: Conclusão: Indexadores:

Avaliação da política de saúde mental a partir dos projetos terapêuticos de Centros de Atenção Psicossocial.

Scielo 2009 Pesquisa qualitativa, realizada em 2006 a partir de documentos fundamentais no processo de planejamento e gestão da política de saúde mental, a saber 21 projetos terapêuticos de Centros de Atenção Psicossocial da região Sul do Brasil que sofreram uma análise documental qualitativa por temas.

Apontando no conjunto de documentos analisados, propostas marcadamente alinhadas aos pressupostos da reforma psiquiátrica e outros que, para além das contradições típicas de um processo em construção, apresentam um discurso autoritário, disciplinador e em sentido contrário aos pressupostos, inclusive do aparato normativo do modo de atenção psicossocial.

Avaliação; Saúde mental; Políticas públicas

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Analisando-se o quadro, a publicação encontrada é do ano de 2009 e visou

avaliar a política de saúde mental em sua concretização através da análise dos

projetos terapêuticos de Centros de Atenção Psicossocial. É uma pesquisa

qualitativa a partir de documentos que analisou 21 projetos terapêuticos de Centros

de Atenção Psicossocial, apontando ao final da análise dos documentos, que

algumas propostas estão alinhadas aos pressupostos da reforma psiquiátrica e

outras que apresentam um discurso mais autoritário, disciplinador e contrários ao

modo de atenção psicossocial. O artigo analisado tem como indexadores avaliação,

saúde mental e políticas públicas, e cabe lembrar, que como o presente artigo, o

artigo analisado faz uma avalição da política de saúde mental a partir dos CAPS e

também não tem CAPS ou Centro de Atenção Psicossocial como indexador, pois, os

mesmos não são indexadores segundo os Descritores em Ciências da Saúde.

Ao final da pesquisa evidenciou-se ainda, que nenhuma pesquisa foi

encontrada além da analisada, isso nos remete a interpretar que depois de 2009

nenhuma produção científica sobre a avaliação da política de saúde mental através

dos Centros de Atenção Psicossocial foi publicada.

Os resultados desde estudo, vieram de encontro com as propostas trazidas

pelo Relatório Final da III Conferência Nacional de Saúde Mental onde menciona

que a não existência de avaliações sistemáticas das políticas públicas de saúde

mental geram deficiências no planejamento das ações de saúde mental. Dessa

forma, é fundamental realizar discussões teóricas que fundamentem a necessidade

de maiores pesquisas sobre o tema, com vistas a perceber o CAPS como serviço

substitutivo ao modelo de atendimento manicomial (BRASIL, 2002). Ademais, é

necessário a criação de indicadores e de um sistema de avaliação da política e dos

serviços de saúde mental com a finalidade de “acompanhamento, intervenção e

redirecionamento das práticas de saúde, visando a consolidação dos princípios do

SUS e da Reforma Psiquiátrica” (BRASIL, 2002 p.33).

Segundo Cunha (2006), nas últimas décadas a avaliação de políticas públicas

assumiu grande importância e relevância com a finalidade de planejamento e gestão

governamental, porém, o interesse pela avaliação ainda não tomou grande impulso

mesmo com a modernização da Administração Pública. Isso se deve em parte, pelos

poucos dados científicos sobre o número de estudos sobre as políticas públicas de

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saúde mental, tal como, pela pouca conscientização que a sociedade e

pesquisadores possuem sobre a necessidade da avaliação das políticas públicas a

fim de subsidiar “O planejamento e formulação das intervenções governamentais, o

acompanhamento de sua implementação, suas reformulações e ajustes, assim como as decisões

sobre a manutenção ou interrupção das ações.” (CUNHA, 2006, p.1).

Assim, torna-se cada vez mais importante a necessidade de avaliar as políticas

públicas de saúde mental, tendo como perspectiva oferecer estudos que subsidiem a melhoria

da gestão e da operacionalização das ações em saúde mental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os Centros de Atenção Psicossocial desde sua implantação merecem

destaque como uma política de saúde mental com um papel inovador e estratégico,

porém, para que estes realmente cumpram seu papel e objetivos dentro das

políticas de saúde mental é preciso que haja maiores avaliações, pois, só assim

mudanças, reformulações e avanços nas políticas públicas vigentes serão

concretizadas.

O presente artigo teve como propósito realizar uma revisão bibliográfica sobre

o número de produções científicas que avaliam a política de saúde mental através

dos Centros de Atenção Psicossocial. Ao desenvolvê-lo pode-se perceber que

diante de um número significativo de publicações, cerca de 10.477 publicações, que

abordam os indexadores Saúde mental/Políticas públicas/Gestão em saúde nas

bases de dados Scielo e Lilacs, é quase insignificante o número de publicações que

avaliam a política de saúde mental a partir dos Centros de Atenção Psicossocial,

pois, esta pesquisa revelou que apenas 01 publicação tratou do assunto, cabendo

lembrar que a publicação analisada é do ano de 2009 e de lá pra cá, isto é, de 2009

até 2012, são 3 anos e não houve pesquisas publicadas nas duas bases de dados

pesquisadas sobre o tema. Também devemos levar em conta que a Reforma

Psiquiátrica foi na década de 70 e desde então até o ano de 2009 nenhuma

publicação foi encontrada, o que, portanto, nos leva a evidenciar que há pouco

interesse científico sobre uma temática tão significativa e importante que é avalição

das políticas de saúde mental.

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Assim sendo, a elaboração deste artigo proporcionou aprofundamentos e

maiores descobertas sobre os Centros de Atenção Psicossocial como política de

saúde mental, bem como um crescimento pessoal no sentido de realizar um estudo

a partir de um referencial teórico tão complexo, porém, fundamental dentro da saúde

pública brasileira. Ademais, espera-se que este artigo possa contribuir e ser estímulo

de alguma forma para que futuros trabalhos acerca da gestão e a avaliação das

políticas de saúde mental sejam conduzidos, já que, os resultados mostraram que

esta área necessita de constantes e urgentes pesquisas, uma vez que, a produção

científica sobre esta temática não deve permanecer restringida e prejudicada.

REFERÊNCIAS

AMARANTE P. Loucos pela vida: trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. Rio de Janeiro: SDE/ENS; 1995. BRAGHIROLLI, E. M. et. al. Psicologia geral. 9.ed. Porto Alegre: Vozes, 1990. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: <http://www.ccs.saude.gov.br/saude_mental/pdf/SM_Sus.pdf. >. Acesso em: 20 mai. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Reorientação do Modelo Assistencial em Saúde Mental – Relatório Final, 1994. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança no modelo de atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Ministério da Saúde: Brasília, janeiro de 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_gestao_saude_mental_2003-2006.pdf>. Acesso em: 21 mai. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/relatorio_15_anos_caracas.pdf. >. Acesso em: 20 mai. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde: Conselho nacional de Saúde. Comissão Organizadora da III CNSM. Relatório final da III Conferência Nacional de Saúde Mental. Brasília, 11 a 15 de dezembro de 2001. Brasília: Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde, 2002. Disponível em:

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