os benefícios da hidroterapia na lombalgia...

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__________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Graduada em Fisioterapia. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestre em Aspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde. Doutoranda em Saúde Pública. Os benefícios da Hidroterapia na lombalgia gestacional Andreza de lima Ryker 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia_ Faculdade de Faipe Resumo Na gestação acontece uma sequência de mudanças no corpo da mulher e devido a essas modificações ocorre uma lordose aumentada, fazendo com que a mesma sobrecarregue os músculos lombares e posteriores da coxa, gerando um processo doloroso, denominado de lombalgia. Muitos efeitos terapêuticos são obtidos com a imersão na água aquecida (como o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto e da agressão sobre as articulações) são associados aos efeitos possíveis de se obter com os exercícios realizados quando se exploram as diferentes propriedades físicas da água. Trata-se de uma revisão bibliográfica, tendo como bases de dados LiLacs e ScieLo, entre 2005 a 2015. Os benefícios da Hidroterapia na lombalgia gestacional encontrados foram: diminuição da dor e da frequência de lombalgia e relaxamento e melhor desempenho e sensação de conforto global. Tais benefícios de acordo com os autores são devidos às propriedades físicas da água e a imersão na água aquecida, associados aos exercícios. A hidroterapia é benéfica na lombalgia gestacional, pois diminui a dor, por meio da água aquecida que reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, promovendo relaxamento muscular geral, reduzindo a sensibilidade à dor, e consequentemente melhorando o equilíbrio e postura. Palavras-chave: Hidroterapia; Lombalgia gestacional; Benefícios. 1. Introdução Segundo Barros (2008), a coluna lombar é composta por cinco vértebras que articulam entre si com a coluna torácica e com o sacro, permitindo os movimentos de flexão, extensão, inclinação e rotação do tronco. A coluna lombar possui uma curvatura anterior fisiológica, denominada de lordose; a linha da força de gravidade cruza não só esta curvatura como também a cifose torácica e a lordose cervical, devendo manter-se equilibradas anterior e posteriormente a esta linha. O desvio de uma curvatura pode desequilibrar as demais como compensação. Segundo Novaes, Shimo e Lopes (2006); Castro et al, (2009); Costa e Assis (2010), a gestação acontece uma sequência de mudanças no corpo da mulher, seu útero está em constante crescimento, há o deslocamento de seu centro de gravidade, além da liberação de hormônios, como estrógeno e relaxina, que ocasionam um crescente afrouxamento dos ligamentos. Todas essas modificações causam uma lordose exagerada, fazendo com que ela sobrecarregue os músculos lombares e posteriores da coxa, gerando um processo doloroso, denominado de lombalgia. Este sintoma geralmente aumenta com o decorrer da gravidez, ocasionando diversas interferências nas atividades de vida diária da gestante, tais como carregar objetos, limpar a casa, sentar e caminhar, além de também poder acarretar absenteísmo e distúrbios de sono (PITANGUI e FERREIRA, 2008; MARTINS e SILVA, 2005). Segundo Cortez et al, (2012); Santos e Gallo (2010), durante o período gestacional, 50% das gestantes relatam algum tipo de dor, em sua maioria das vezes na coluna lombar.

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1 Graduada em Fisioterapia. 2 Orientadora. Graduada em Fisioterapia. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestre em Aspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde. Doutoranda em Saúde Pública.

Os benefícios da Hidroterapia na lombalgia gestacional

Andreza de lima Ryker1

[email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2

Pós-Graduação em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia_ Faculdade de Faipe

Resumo Na gestação acontece uma sequência de mudanças no corpo da mulher e devido a essas modificações ocorre uma lordose aumentada, fazendo com que a mesma sobrecarregue os músculos lombares e posteriores da coxa, gerando um processo doloroso, denominado de lombalgia. Muitos efeitos terapêuticos são obtidos com a imersão na água aquecida (como o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto e da agressão sobre as articulações) são associados aos efeitos possíveis de se obter com os exercícios realizados quando se exploram as diferentes propriedades físicas da água. Trata-se de uma revisão bibliográfica, tendo como bases de dados LiLacs e ScieLo, entre 2005 a 2015. Os benefícios da Hidroterapia na lombalgia gestacional encontrados foram: diminuição da dor e da frequência de lombalgia e relaxamento e melhor desempenho e sensação de conforto global. Tais benefícios de acordo com os autores são devidos às propriedades físicas da água e a imersão na água aquecida, associados aos exercícios. A hidroterapia é benéfica na lombalgia gestacional, pois diminui a dor, por meio da água aquecida que reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, promovendo relaxamento muscular geral, reduzindo a sensibilidade à dor, e consequentemente melhorando o equilíbrio e postura. Palavras-chave: Hidroterapia; Lombalgia gestacional; Benefícios.

1. Introdução

Segundo Barros (2008), a coluna lombar é composta por cinco vértebras que articulam entre si com a coluna torácica e com o sacro, permitindo os movimentos de flexão, extensão, inclinação e rotação do tronco. A coluna lombar possui uma curvatura anterior fisiológica, denominada de lordose; a linha da força de gravidade cruza não só esta curvatura como também a cifose torácica e a lordose cervical, devendo manter-se equilibradas anterior e posteriormente a esta linha. O desvio de uma curvatura pode desequilibrar as demais como compensação. Segundo Novaes, Shimo e Lopes (2006); Castro et al, (2009); Costa e Assis (2010), a gestação acontece uma sequência de mudanças no corpo da mulher, seu útero está em constante crescimento, há o deslocamento de seu centro de gravidade, além da liberação de hormônios, como estrógeno e relaxina, que ocasionam um crescente afrouxamento dos ligamentos. Todas essas modificações causam uma lordose exagerada, fazendo com que ela sobrecarregue os músculos lombares e posteriores da coxa, gerando um processo doloroso, denominado de lombalgia. Este sintoma geralmente aumenta com o decorrer da gravidez, ocasionando diversas interferências nas atividades de vida diária da gestante, tais como carregar objetos, limpar a casa, sentar e caminhar, além de também poder acarretar absenteísmo e distúrbios de sono (PITANGUI e FERREIRA, 2008; MARTINS e SILVA, 2005). Segundo Cortez et al, (2012); Santos e Gallo (2010), durante o período gestacional, 50% das gestantes relatam algum tipo de dor, em sua maioria das vezes na coluna lombar.

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A lombalgia tem como principais fatores predisponentes a mudança no centro de gravidade, que tende a deslocar-se para frente devido ao crescimento uterino abdominal e aumento significativo das mamas, anteversão pélvica, aumento da lordose lombar e aumento da elasticidade ligamentar (DALVI, et al, 2010). Segundo Souza et al, (2011); Barros, Angelo e Uchôa (2011), a fisioterapia dispõe de recursos que auxiliam no controle álgico e na reeducação funcional da lombalgia gestacional. Em virtude das várias adaptações sofridas pelo organismo materno, o tratamento fisioterapêutico visa à monitorização das alterações físicas, enfocando a manutenção do bem-estar. Segundo Resende, Rassi e Viana (2008), desde os tempos remotos, a hidroterapia tem sido utilizada como recurso para tratar doenças reumáticas, ortopédicas e neurológicas; entretanto, só recentemente é que essa tem se tornado alvo de estudos científicos. As propriedades físicas da água, somadas aos exercícios, podem cumprir com a maioria dos objetivos físicos propostos num programa de reabilitação. Muitos efeitos são obtidos com a imersão na água aquecida que associados com os exercícios e as diferentes propriedades físicas da água, proporciona a gestante relaxamento, analgesia, redução do impacto e da agressão sobre as articulações (BIASOLI e MACHADO, 2006; ALVES, 2012). A água é um bom meio condutor de calor, e essa propriedade de condução térmica, em combinação com o seu alto calor específico, fazem da água um meio versátil para reabilitação, porque ela retém calor ou frio, enquanto os libera com facilidade para a parte imersa do corpo COLE (2000 apud ALLEGRETTI, 2008). As gestantes são bastante beneficiadas por esta propriedade, pois é devido em grande parte a ela que ocorrem os efeitos terapêuticos da água aquecida, principalmente redução na dor e relaxamento muscular (ALLEGRETTI, 2008). Diante do exposto acima, o objetivo deste trabalho foi verificar os benefícios da Hidroterapia na lombalgia gestacional. 2. Fundamentação Teórica 2.1 Anatomia da coluna lombar A coluna lombar é articulada por unidades hidráulicas superpostas interdependentes, carregada excentricamente e capaz de suportar grandes pesos [...]

[...] Cada unidade funcional é composta por dois segmentos: o anterior, que contém dois corpos vertebrais sobrepostos um ao outro, separados por um "disco" e o segmento posterior, composto por duas articulações. O segmento anterior é uma estrutura de sustentação, suporte de peso e amortecedora de choques, enquanto o segmento posterior é apenas uma guia direcional que não suporta peso (PEREIRA, 2005).

De acordo com Mioranza (2007), as vértebras se articulam-se umas com as outras de modo a conferir a rigidez, mas também a flexibilidade à coluna, qualidades necessárias para o suporte de peso, movimentação do tronco, e ajuste de posição indispensável para o equilíbrio e a postura [...]

[...] As articulações entre as vértebras fazem-se ao nível dos processos articulares dos arcos vertebrais e ao nível dos corpos vertebrais, através do disco intervertebral que promove união, alinhamento e certa mobilidade de vértebras vizinhas. O disco constituem em coxins compressivos de fibrocartilagem que absorvem as forças de tração muscular, gravidade e carga que, de outro modo tenderiam a esmagar uma vértebra, contra a outra. Cada

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disco apresenta três partes: o anel fibroso, o núcleo pulposo e as placas terminais cartilaginosas.

Fonte: http://laclinfisioterapia.blogspot.com.br/2012/08/anatomia-da-coluna.html Figura 1: Coluna lombar

A resistência da coluna vertebral ao esforço é aumentada ainda pelos ligamentos vertebrais que correm longitudinalmente ao longo da coluna vertebral e por suas fixações, [...]

[...] restringem a movimentação excessiva da unidade em qualquer direção além de evitar qualquer deslizamento significativo. Em sua posição, os ligamentos encapsulam o disco e reforçam o anel, sem perda de sua elasticidade fisiológica. Todo o disco está encapsulado anteriormente pelo ligamento longitudinal anterior e posteriormente pelo ligamento longitudinal posterior. O invólucro do disco é completado póstero-Iateralmente pelos pedículos do arco vertebral (MIORANZA, 2007).

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/artrologia/coluna.htm Figura 2: Ligamentos da Coluna lombar

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De acordo com Gouveia e Gouveia (2008), os músculos do tronco são divididos em dois grupos: os músculos profundos, que são os oblíquos internos, o transverso abdominal e os multífidos; e os músculos superficiais, que são os oblíquos externos, os eretores espinhais e o reto abdominal.

[...] o músculo reto abdominal é o principal flexor do tronco; os músculos oblíquos internos e externos, além de participarem da flexão, têm funções, de acordo com a orientação de suas fibras, de rotação, inclinação lateral e estabilidade durante o exercício abdominal. O músculo transverso do abdome é circunferencial, localizado profundamente e possui inserções na fáscia tóraco-lombar, na bainha do reto do abdome, no diafragma, na crista ilíaca e nas seis superfícies costais inferiores. Por conta das suas características anatômicas, como a distribuição de seus tipos de fibras, sua relação com os sistemas fasciais, sua localização profunda e sua possível atividade contra as forças gravitacionais durante a postura estática e a marcha, possui uma pequena participação nos movimentos, sendo um músculo preferencialmente estabilizador da coluna lombar.

Fonte: http://www.patologiadacoluna.com.br/patologia/degener acao-discal/ Figura 3: Musculatura da coluna lombar

2.2 Lombalgia De acordo com Freitas (2006); Santos et al (2010); Souza(2011), a lombalgia é usada para definir a dor nas costas. Esta dor é localizada na parte inferior das costas, podendo ou não irradiar-se para a parte superior, pescoço, coxas, ou até para o abdómen. A dor é uma resposta resultante da integração central de impulsos dos nervos periféricos, activados por estímulos locais [...]

[...] A região lombar da coluna vertebral é de grande interesse para médicos e pesquisadores porque, a dor nesta região é um grande problema

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socioeconômico dos tempos modernos. Uma vez que, a sobrecarga compressiva nesta região é alterada por mudanças na curvatura lombar ou pelas alterações na posição dos segmentos do corpo que mudam o local do centro de gravidade e consequentemente, mudam as forças importantes na coluna lombar.

2.2.1 Lombalgia gestacional As mudanças imprescindíveis que ocorrem no organismo materno para o crescimento e desenvolvimento fetal estão relacionadas aos ajustes fisiológicos e anatômicos [...]

[...] Essas mudanças ocorrem desde o início da gestação e afetam o funcionamento de vários sistemas no corpo humano, por exemplo: sistema circulatório, respiratório, digestivo, urinário, musculoesquelético, entre outros, sendo esse um processo de transformações e adaptações que em algumas mulheres trazem consequências que podem resultar em dor e limitações em suas atividades diárias. Em decorrência da expansão uterina, as curvaturas ósseas durante a gestação apresentam um aumento, gerando, como consequência, a acentuação da lordose e da cifose. Devido a posturas incorretas adotadas durante o período gestacional, a coluna vertebral e as articulações sofrem um esforço desnecessário (CORTES et al, 2012).

Fonte: http://www.metodogerar.com.br Figura 4: Lombalgia

O autor supracitado relata ainda que as alterações musculoesqueléticas são as que mais geram dor na gestante, como, por exemplo, a cervicalgia, a dorsalgia, a lombalgia e a dor sacroilíaca. Durante o período gestacional, a porcentagem de gestantes que experimenta algum tipo de dor, na maioria das vezes na coluna lombar, chega a, aproximadamente, 50%, e a porcentagem de gestantes que relatam sentir dor na coluna vertebral, como um todo, chega a 80%. A região lombar e a sacroilíaca são os locais de maior incidência de dor. Do ponto de vista biomecânico, ocorre um deslocamento do centro de gravidade para frente, devido ao aumento do abdome e das mamas, o que leva a alterações de postura, como diminuição do arco plantar, hiperextensão dos joelhos e anteversão pélvica [...]

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[...] Esses ajustes geram uma acentuação da lordose lombar e consequente tensão da musculatura paravertebra. A partir do segundo trimestre gestacional, a sobrecarga nos músculos e ligamentos da coluna vertebral é ainda mais intensa, devido à ação de hormônios como o estrogênio e a relaxina sobre os grandes ligamentos das articulações pélvicas (SANTOS e GALLO, 2010).

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Fonte: http://www.herniadedisco.com.br/espaco-dr-coluna/artigos/dor-nas-costas-em-gestantes/ Figura 5: Deslocamento do centro de gravidade

2.3 Hidroterapia A hidroterapia vem sendo indicada e utilizada por médicos e fisioterapeutas em programas multidisciplinares de reabilitação para pacientes nas mais diversas áreas. Com o seu ressurgimento na década passada, houve um grande desenvolvimento científico das técnicas e tratamentos aquáticos, permitindo uma ampla abordagem e atuação com os pacientes neste meio (BIASOLI e MACHADO, 2006).

Fonte: http://www.elase.com.br/novo/index.php?sessao=public&id=1493 Figura 6: Hidroterapia

A hidroterapia é tão antiga quanto a história da humanidade. Os mulçumanos, egípcios e assírios faziam uso de banhos em piscinas, devido às suas propriedades curativas e sedativas [...]

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[...] Na Índia, na China, na Grécia e em Roma os banhos tinham papel social e espiritual. Os povos respeitavam ou cultuavam as águas correntes. Os hindus, em 1500 a. C., usavam-nas para o combate da febre e os orientais eram adeptos dos longos banhosde imersão. Para as civilizações antigas, eram utilizadas para limpar o corpo terreno de doenças e o corpo espiritual dos pecados. Atualmente, a hidroterapia ganha popularidade em virtude das pesquisas que evidenciam as propriedades físicas da água e os ganhos fisiológicos dos exercícios aquáticos. O reconhecimento dos benefícios da hidroterapiasobre as mais diversas patologias leva à sua incorporação nos programas de reabilitação da fisioterapia (FONSÊCA et al, 2010).

Segundo Biasoli e Machado (2006), muitos efeitos terapêuticos benéficos obtidos com a imersão na água aquecida (como o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto e da agressão sobre as articulações) são associados aos efeitos possíveis de se obter com os exercícios realizados quando se exploram as diferentes propriedades físicas da água, como:

- Densidade relativa - determina a capacidade de flutuar de um objeto ou corpo. A densidade da água é igual a 1, já a de um corpo humano é de 0,93, por isso ele flutua. - Força de empuxo ou de flutuação – é a força de sentido oposto ao da gravidade. Ou seja, ao inspirar, o indivíduo bóia e ao expirar ele afunda, pois com 5% da estrutura corporal acima da água, o corpo humano flutua. - Tensão superficial - atua como resistência ao movimento. Possui valor apenas quando o músculo é pequeno ou Fraco. - Pressão hidrostática – a água, como qualquer líquido, exerce pressão no objeto nela imerso. Se o objeto estiver em repouso (relaxamento), a pressão exercida em todos os planos será igual. - Impacto - ao contrário dos exercícios no solo, os aquáticos são executados em baixa velocidade, diminuindo o impacto, o que faz diminuir também os problemas advindos de tal formação, quando em solo.

Atualmente existe uma busca por recursos fisioterapêuticos, que aliviam o sintoma de dor lombar sem colocar em risco o bem estar materno e fetal. A hidroterapia aparece como uma alternativa de tratamento para as gestantes (FARIA et ai, 2012).

Fonte: http://www.elase.com.br/novo/index.php?sessao=public&id=1493 Figura 7: Hidroterapia/Relaxamento

O autor citado acima relata ainda que além de ser prazerosa e eficaz, utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aquecida como recurso auxiliar da reabilitação ou prevenção de alterações. A água possui propriedades físicas

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peculiares que a transforma em um meio terapêutico muito eficiente e seguro para a realização de exercícios.

Fonte: http://www.elase.com.br/novo/index.php?sessao=public&id=1493 Figura 8: Hidroterapia/Exercícios

3. Metodologia

Trata-se de uma revisão bibliográfica, tendo como bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LiLacs) e Scientific Eletronic Library Online (ScieLo). A pesquisa aconteceu no período de agosto de 2012 a fevereiro de 2013. Foi realizado um levantamento bibliográfico onde foram incluídos artigos científicos e monografias, no idioma Português, utilizando como descritores “Hidroterapia” e “Lombalgia Gestacional”. Como critérios de inclusão as referências deveriam abordar os benefícios da hidroterapia na lombalgia gestacional ou que contribuíssem para o objetivo do estudo, publicadas entre 2004 a 2015. Foram excluídos referências publicadas antes de 2004, ou que não abordavam o tema estudado. 4. Resultados e Discussão Depois da análise dos dados, pode-se observar os benefícios da hidroterapia na lombalgia gestacional. Tfardowski (2004), em seu estudo demonstrou os benefícios da Hidroterapia, com 7 gestantes, onde o protocolo de tratamento aplicado por 10 sessões, com duração de 50 minutos cada, compreenderam em cinco fases: aquecimento, fortalecimento, atividade aeróbica, alongamento e relaxamento com exercícios respiratórios em piscina aquecida com a temperatura entre 29ºC e 33ºC. Para a comparação destas variáveis aplicou-se questionamento direto (por meio de uma ficha de avaliação) em dois momentos, no início e ao final do tratamento. No início do programa de reabilitação aquática, 100% das gestantes apresentavam algum tipo de queixa dolorosa. Os sintomas localizavam- se, predominantemente na região lombar e em membros inferiores, caracterizados por dor. O autor supracitado relata que o programa de hidroterapia favoreceu a diminuição da ocorrência e características da dor e a melhor evolução dos desconfortos músculo- esqueléticos na gestação, pois a água aquecida reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, proporcionando a diminuição da dor, e que a partir do aquecimento muscular, ocorre à diminuição da tensão muscular, favorecendo o relaxamento.

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Lamezon e Patriota (2005), complementam o que Tfardowski (2004) relatou, afirmando que a Hidroterapia é tida como a atividade ideal para a gestante, pois os benefícios da atividade física em imersão a água aquecida possibilitam a prevenção e melhora dos desconfortos músculo-esqueléticos. Em adição às modificações fisiológicas que ocorrem durante a imersão em água aquecida, o autor mencionado acima relata ainda que as propriedades físicas da água oferecem muitos benefícios dentre eles: promoção do relaxamento muscular geral, redução da dor e dos espasmos musculares. As causas mais discutidas decorrentes da lombalgia são de alterações hormonais e posturais da gestante, afirmam Gimenez, Toledo e Cancin (2008), em sua revisão de literatura e como consequência destas alterações ocorre a lombalgia que resulta em limitação de atividades de vida diária, insônia e diminuição de qualidade de vida. Quanto ao tratamento fisioterapêutico o autor cita várias técnicas para o alívio da dor lombar, dentre elas a hidroterapia. Tais benefícios como o alívio da dor lombar também mencionado pelo autor acima, assim como outros são devidos às propriedades físicas da água e a imersão na água aquecida, relata Costa e Assis (2010), por meio de uma pesquisa de revisão de literatura com 37 referências. O autor supracitado relata ainda os benefícios da Hidroterapia na gestante, como: calor da água induz a alívio das dores lombares, devido ao relaxamento que a mesma proporciona; o empuxo e a força da gravidade diminui o estresse articular, promovendo assim exercícios amplos e sem dor, com isso fortalecendo grupos musculares debilitados, alongando a musculatura encurtada e consequentemente melhorando o equilíbrio e postura da gestante. A Hidroterapia promove diversos benefícios, onde Granath, Hellgren e Gunnarsson (2006 apud Fabrin, Croda e Oliveira, 2010), realizou um estudo com 390 gestantes que teve como intervenção o programa de aeróbica em solo x hidroterapia, uma vez por semana durante a gravidez e obteve como resultado a diminuição da dor lombar. Segundo o autor a temperatura elevada favorece o relaxamento muscular, melhor desempenho e sensação de conforto global. Com o objetivo de verificar influência do tratamento hidroterapêutico na lombalgia em gestantes que se encontravam entre a 12 e 36 semanas gestacional, Sebben et al, ( 2011), realizou um estudo de caso, onde a amostra foi composta por duas gestantes (G1 e G2). O tratamento de exercícios foi realizado em um período de dois meses, totalizando dez sessões com duração de 50 minutos cada. O protocolo de tratamento foi dividido em três fases: inicial (exercícios de aquecimento: marcha, circundação e flexão de quadril), intermediaria (exercícios de alongamento da cervical, isquiotibiais, adutores de coxa) e final (exercícios de relaxamento massagem na barriga, nos ombros e umas na outras). Ao analisar o estudo, o autor observou que as manifestações individuais de dor das gestantes, apresentaram diminuição, sendo que ambas apresentavam um grau de dor considerado acima da média, G1 grau 6 e G2 grau 8 segundo a Escala Analógica Visual da Dor (EVA) e, ao término da intervenção hidroterapêutica, ambas apresentaram grau zero de dor. Faria, Alves e Leite (2012), corrobora com o estudo de Sebben et al, (2011), ao realizar um estudo com 15 gestantes com idade gestacional entre 10 e 30 semanas e com idade entre 18 e 40 anos. Todas com lombalgia. As gestantes foram submetidas a 20 sessões de hidroterapia em grupo, com duração de 45 minutos. As sessões envolviam exercícios de aquecimento, alongamento, exercícios aeróbicos, e relaxamento. Os resultados do presente estudo demonstraram que a Hidroterapia melhorou os sintomas da dor lombar em todas as quinze gestantes atendidas. Por meio da EVA, foi constatado que a média de dor encontrada antes do tratamento foi de 6,5 e após o tratamento 1,0. 5. Conclusão De acordo com os autores da pesquisa durante a gestação acontece uma sequência de mudanças no corpo da mulher, e devido a essas mudanças podem ocorrer algumas

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complicações e uma delas é a lombalgia. Pode-se concluir que a hidroterapia é benéfica na lombalgia gestacional, pois diminui a dor, por meio da água aquecida que reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, promovendo um relaxamento muscular geral, reduzindo a sensibilidade à dor, reduzindo espasmos musculares e consequentemente melhorando o equilíbrio e postura. Este estudo pode ser utilizado como fonte de dados para futuras pesquisas, assim como servir de referência para intervenção hidroterapêutica na lombalgia gestacional. Entretanto, sugerem-se mais pesquisas sobre o tema abordado, a fim de ampliar as investigações aqui propostas. 6. Referências

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