os amigos de jó

Download Os Amigos de Jó

If you can't read please download the document

Upload: tiu-kraudio

Post on 18-Dec-2015

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Um breve esboço sobre a qualidade dos amigos de Jó.

TRANSCRIPT

Exemplo de um soldado que pisa em uma mina terrestre, perde uma perna e volta correndo ao acampamento, mas choram como crianas no momento da cirurgia de da longa reabilitao.Uma coisa sofrer e experimentar uma tragdia repentina. Outra coisa sofrer a mesma dor durante dias, semanas, meses e anos.

Em 1:21, ele disse, "Nu sa do ventre de minha me e nu tornarei para l; oSENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR." Em 2:10 ele disse: "receberemos o bem de Deus, e no receberamos o mal?"

7:2-3, "Como o servo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga, Assim me deram por herana meses de vaidade; e noites de trabalho me prepararam."

Por que um sofrimento to longo? Seria normal a situao de J se alterar rapidamente, e ele no sofrer durante meses ou anos. Alguns estudiosos calculam que ele tenha sofrido por cerca de 1 ano... j ouvi comentrios que talvez tenha durado at 20 anos. Em qualquer um dos casos, no foi algo rpido. J j tinha honrado a Deus no meio do sofrimento. J havia dito que acima de tudo o nome de Deus era bendito, e ele justo por nos retribuir com o mal, uma vez que nos d de graa o bem.

Acredito que este o cerne do livro de J, e o ponto chave para entendermos o eplogo do livro. Ainda que ns foquemos no sofrimento de J, para Deus este no era o principal problema na vida de J. Havia algo que precisava ser tratado nele, e o tempo do sofrimento foi o tempo necessrio para que esse tratamento acontecesse.

Ler Jo 2:11-3:1Aparentemente os amigos de J vieram com boas intenes. Ficaram sabendo que o amigo deles estava com problemas, e resolveram prestar condolncias e demonstrar preocupao com ele. Quem quebra o silencio aps uma semana J, e o discursso dele mudou radicalmente, passando agora a amaldioar o dia do seu nascimento (3:11-12,20). Neste momento toda a serenidade de J foi abalada e ele comea a questionar Deus.

- Elifaz, o tenamitaVemos isso pela primeira vez no captulo 4:7-8: "Lembra-te agora qual o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destrudos? Segundo eu tenho visto, os que lavram iniqidade, e semeiam mal, segam o mesmo." Em outras palavras, problema vem para aqueles que pecam, mas os inocentes no perecem. O sofrimento o resultado do pecado, e a prosperidade o resultado da justia.

O maior problema da teologia de Elifaz que ele anuncia ela de uma forma insensvel e totalmente superfcial. Ele repreende J (4:5-6) por ser impaciente e por estar desanimado. "Mas agora, que se trata de ti, es impaciente; e tocando-te a ti, te desanima. Porventura no o teu temor de Deus a tua confiana, e a tua esperana a integridade dos teus caminhos?" Esta foi uma repreenso desnecessria a um homem justo em agonia. Essa a parte insensvel de aplicao Elifaz.

Em seguida, ele insinua que J no tem realmente buscado a Deus da maneira que deveria. Ele diz em 5:8, "Porm eu buscaria a Deus; e a ele entregaria a minha causa.", como se J precisasse aprender com Elifaz como fazer isso! E ele implica que J (5:18-19) seria liberto se ele se comprometesse o seu caminho para Deus. "Porque ele faz a chaga, e ele mesmo a liga; ele fere, e as suas mos curam. Em seis angstias te livrar; e na stima o mal no te tocar." Esta a parte superficial da aplicao Elifaz. muito simples de dizer, "Apenas se comprometa ao Senhor e sua sorte ser restaurada."

- Resposta de JJ sabe que o ponto que Elifaz aborda simplista demais e no traz respostas a questes mais difceis. Por que pessoas sofrem de maneira extraordinria, mesmo sem terem cometido algum pecado extraordinrio? Por que alguns prosperam de maneira extraordinria, mesmo cometendo pecados extraordinrios?O segundo ponto que J era comprometido com Deus e no via falta alguma nele mesmo. Ele diz "porque eu no tenho negado as palavras do Santo." em 6:10. E logo em seguida devolve o argumento de Elifaz dizendo: "Ensinai-me, e eu me calarei; e fazei-me entender em que errei." (6:24).

- Bildade, o suta

Este consegue ser pior e mais duro que Elifaz. Ele aumenta o volume das palavras de Elifaz e lana as mesmas at mesmo sobre os filhos de J, dizendo: "Porventura perverteria Deus o direito? E perverteria o Todo-Poderoso a justia? Se teus filhos pecaram contra ele, tambm ele os lanou na mo da sua transgresso." (8:3-4). Basicamente, ele estava dizendo que os filhos de J foram destrudos porque eles tinham algum pecado ou alguma transgresso.

E mais uma vez a culpa lanada sobre as costas de J, onde Bildade afirma que J no est puro e no tem clamado a Deus como deveria: "Se fores puro e reto, certamente logo despertar por ti, e restaurar a morada da tua justia. O teu princpio, na verdade, ter sido pequeno, porm o teu ltimo estado crescer em extremo." (8:6-7)

- J no se rende

J considera que esta linha de pensamento est totalmente fora de sincronia com a maneira queas coisas realmente so. Em 9:22-24, diz ele, " A coisa esta; por isso eu digo que ele consome ao perfeito e ao mpio. Quando o aoite mata de repente, ento ele zomba da prova dos inocentes. A terra entregue nas mos do mpio; ele cobre o rosto dos juzes; se no ele, quem , logo? J no abre mo da sua crena na soberania de Deus, mas ele sabe que muito simples dizer que as coisas vo melhor nesta terra para todos os justos.

J insiste que no culpado. Ele justo. Ele ora em 10:6-7: "Para te informares da minhainiqidade, e averiguares o meu pecado? Bem sabes tu que eu no sou inquo; todavia ningum h que me livre da tua mo".

- Zofar, o naamatita

Zofar repete a linha de pensamento com mais rigor ainda (captulo 11). Ele repreende J porafirmar ser inocente (v. 4-6) e lhe diz para abandonar o seu pecado para que Deus possa restaur-lo (11:14-15): "Se h iniqidade na tua mo, lana-a para lo nge de ti e no deixes habitar a injustia nas tuas tendas. Porque ento o teu rosto levantars sem mcula; e estars firme, e no temers." Assim, de acordo com os seus amigos, J est sofrendo, porque ele se recusa a abandonar a iniqidade.

- J responde com sarcasmo s acusaes

J responde com sarcasmo nos captulos 12 a 14. Tambm eu tenho entendimento como vs, e no vos sou inferior; e quem no sabe tais coisas como essas? (12:3).

As vossas memrias so como provrbios de cinza; as vossas defesas como defesas de lodo. (13:12)

Vs, porm, sois in ventores de mentiras, e vs todos mdicos que no valem nada. (13:4).

Ele deseja defender o seu caso com Deus, porque ele sabe que Deus justo e est convencido de que inocente. "Mas eu falarei ao Todo-Poderoso, e quero defender-me perante Deus." (13:3).

- Os prximos ciclos

O captulo 14 encerra o primeiro ciclo de discusses do livro de J. Os prximos dois ciclos no revelam mais nenhum argumento novo. Ao contrrio, o que podemos observar que os amigos de J continuam com a mesma idia de que o sofrimento de J resultado de alguma transgresso, maldade e impiedade que J tenha cometido. O que acontece que os argumentos ficam cada vez mais rspidos e duros contra a vida de J. Exemplos:

Elifaz diz: o mpio que se contorce de dor (15:20).

Bildade: Na verdade, a luz dos mpios se apagar, e a chama do seu fogo no resplandecer. (18:5).

Zofar: O jbilo dos mpios breve, e a alegria dos hipcritas momentnea (20:5).

No ltimo ciclo, para sustentar a teologia deles, Elifaz chega a atacar J com brutalidade, claramente mentindo sobre a vida de J no captulo 22:5-11 : "Porventura no grande a tua malcia, e sem termo as tuas iniqidades? Porque sem causa penhoraste a teus irmos, e aos nus despojaste as vestes. No deste ao cansado gua a beber, e ao faminto retiveste o po. Mas para o poderoso era a terra, e o homem tido em respeito habitava nela. As vivas despediste vazias, e os braos dos rfos foram quebrados"

Os argumentos comeam a se tornar cada vez mais ridculos, que parece at ser proposital que no ltimo ciclo de dialogos, Bildade, no captulo 25, fala apenas 6 versculos, enquanto Zofar nem se atreve mais a abrir a boca. Eles simplesmente no conseguiram sustentar esta teologia furada por muito tempo. J era um homem justo, era bvio que no tinha cometido faltas graves e se basear em suas aes era um pssimo argumento para justificar o extremo sofrimento dele. Ele sofre muito mais do que muitas pessoas ms e mpias que existem, e muitas pessoas ms conquistam muito mais coisas que pessoas justas.

- Uma mudana em J

Aps a longa sesso de conversas e discusses com seus trs amigos, possvel notarmos que algo j havia mudado no corao de J. Aquela f que vimos no comeo do livro de J (Em 1:21, ele disse, "Nu sa do ventre de minha me e nu tornarei para l; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR." Em 2:10 ele disse: "receberemos o bem de Deus, e no receberamos o mal?") e, como ns vimos a partir do captulo 3, quase se apagou, ganhou uma fora nova.

Em vrios momentos ns vemos J dizendo que queria morrer, e que a morte seria a soluo para tudo. Ele realmente desejava isso, desejava a morte:

7:9-10: "Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce sepultura nunca tornar a subir. Nunca mais tornar sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecer."

No captulo 10 ele ainda se mostra desesperado com relao a morte:

10:20-22: "Porventura no so poucos os meus dias? Cessa, pois, e deixa-me, para que por um pouco eu tome alento. Antes que eu v para o lugar de que no voltarei, terra da escurido e da sombra da morte; Terra escurssima, como a prpria escurido, terra da sombra da morte e sem ordem alguma, e onde a luz como a escurido."

No captulo 14:11-13, ele volta a comentar sobre a morte, falando que ainda existe esperana para as rvores, pois mesmo cortadas ainda podero se renovar, e se a raiz envelhecer na terra, ao cheiro das guas brotaria de novo. Contudo, no verso 14 ele faz a seguinte pergunta: "Morrendo o homem, porventura tornar a viver?"

O tom j mudou um pouco. Agora ele no afirma a morte, mas lana um questionamento sobre ela. Ser que o homem tornar a viver? Ser que a morte no seria o fim de tudo? Questionamentos semelhantes acontecem tambm no captulo 17:11-16, onde a morte j no mais um clamor de desespero.

At que finalmente o pensamento dele sobre a morte totalmente diferente quando ele faz uma das mais belas citaes bblicas, no captulo 19:

Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantar sobre a terra.E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus,V-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e no outros o contemplaro; e por isso os meu corao se consome no meu interior. J 19:25-27

Ele agora sabe que existe vida e luz aps a morte, e no apenas trevas. Mais do que isso, ele tem f de que ser resgatado de todo o seu sofrimento e misria.

Isso no responde os questionamentos de J, muito menos resolve todos os problemas que existem nele. Mas j possvel notarmos que Deus esta tratando o carater dele e que toda esta discusso no em vo.

Ele ainda continuava angustiado, mas a confiana dele na vida aps a morte fortalecia as bases que J tinha no corao dele: que Deus soberano em poder, que Deus bondoso e justo e que ainda existia fidelidade no corao dele.

Com isso em mente, J esta convicto que o argumento dos seus amigos fraco e simplista, e do captulo 26 at o captulo 31 o que ns temos um monlogo, onde vemos J exaltando o poder e a sabedoria de Deus, e ainda afirmando a integridade dele mesmo diante do Senhor.

- Cinco Lies

1. Declaraes teolgicas verdadeiras podem ser falsas2. O sofrimento e a prosperidade no so distribudos no mundo em proporo ao mal ou ao bem que uma pessoa faz.3. No entanto, Deus ainda reina sobre todos os assuntos dos homens, desde o maior ao menor (12:13-16).4. Existe sabedoria por trs da aparente arbitrariedade do mundo, mas ela est escondido do homem.5. Portanto, nos apeguemos firmemente a Deus.

- J ganhou na argumentao, mas a pergunta continua

Ainda que ele tenha mostrado que o sofrimento no tem uma resposta to simples com a dos amigos dele, ainda assim ele no tem uma resposta sobre o porque o sofrimento estar acontecendo com ele.

Poderiamos viver com o pensamento: "Sim, eu acredito em Deus. Ele sbio, soberano e tudo acontece por vontade dEle. Por mais que as coisas paream sem sentido nesta vida, na prxima tudo far sentido. Jesus a minha salvao e a salvao para o mundo, ento quando eu morrer todos os erros e problemas sero corrigidos. Vou confiar em Deus, ainda que suas decises paream estranhas e eu no possa compreend-las".

No de todo errado pensarmos assim, mas o escritor de J quer algo mais. Ele sabe que nem tudo o que acontece mistrio e no pode ser revelado agora. Nem todos os caminhos de Deus esto escondidos, e ele realmente quer ir at Deus para encontrar propsito no sofrimento.

- A chegada de Eli, o buzita

Ler J 32:1-3

Eli quer dizer "Ele o meu Deus"

ele quem vai direto no centro do problema: J se auto justificava, mas no justificava a Deus. E os amigos o condenavam, mas no o levavam a fazer um verdadeiro julgamento de si mesmo.

Ler J 29

intil tentarmos encontrar neste captulo ou em qualquer parte do livro antes desta conversa qualquer sinal de esprito quebrantado e corao contrito. No h qualquer meno por parte de J tipo "eu sei que nada de bom habita em mim". Enquanto vemos na pessoa de Jesus, na pessoa de Paulo, o eu cada vez menor, fraco, miservel, no caso de J, o eu era forte, influente, importante.

O maior problema de J era justamente o orgulho dele. Existia um orgulho dentro do corao dele que nem mesmo ele era capaz de ver sozinho! Foi necessria uma destruio incrvel do eu dele. Basta compararmos a descrio de J no passado, no captulo 29, com o J do presente, no captulo 30.

Eli vai no centro do problema de J. Ele realmente coloca o dedo inteiro na ferida dele: 33:8-12.

J estava errado em afirmar a sua inocncia. O fato dele ser um homem justo no fazia dele um homem perfeito e sem pecado. Ele era justo aos olhos daquele que nos justifica, mas se achava justo aos prprios olhos. Isso graa!

33:15-18: O propsito no punio, mas salvar das ms obras, do orgulho e, consequentemente, da morte.

Eli apresenta Deus no como um Juiz executando uma pena, mas sim como um mdico, causando a dor de uma cirurgia para remover o que h de ruim em J.

36:7-10

Uma nova perspectiva de sofrimento apresentada: o sofrimento que refina o justo. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.

36:15

O principal e grande objetivo de Deus causar contrio e verdadeira humilhao do nosso eu. Apartar de ns toda a falsa injustia, fazer com que deixemos de confiar em ns mesmos, apontar a Cristo como o nico e verdadeiro amparo para as nossas almas.

Deus quer vasos vazios. A maior sabedoria nossa condenarmos a ns mesmos, pois assim Deus se torna o nico Justificador.

Em que terreno nos encontramos? Ser que realmente temos nos inclinado a Deus em verdadeiro arrependimento? Temos medido o nosso ser de acordo com a Sua santa presena? Ou ainda estamos caminhando na nossa prpria justia, na justificao pessoal?

Uma vez que no existe o eu, no existe justificao pessoal. No sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim.

- Lies finais

1. Ns somos filhos de Deus, purificados pelo sangue de Cristo, e por meio deste sangue nos tornamos justos para Deus. Mas isso no nos impede e no nos livra do sofrimento.

2. O sofrimento no justo no castigo pelo pecado. O nosso castigo foi levado por Cristo na cruz, foi Ele quem sofreu o nosso castigo.

3. Quando somos castigados, estamos sendo moldados e refinados por Deus e ele no dado em vo.

4. A santificao vale qualquer dor na terra e se isso no bvio para ns provavelmente porque no abominamos o pecado como deveriamos, nem apreciamos a santidade como deveriamos. Sem santidade ningum ver a Deus. melhor sofremos a dor insuportvel de um olho arrancado, do que sermos consumidos pelo pecado em nosso corao.